Conceito PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS Engenharia Ambiental - Noturno Do ponto-de-vista físico, o SOLO é um sistema constituído por CONSERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DOS SOLOS partículas orgânicas e minerais de diferentes tamanhos e composições, distribuídas umas em relação às outras em uma estrutura que confere ao solo porosidade. Características Básicas do Solo e Contaminante Campinas 03 e 08 de agosto de 2005 1 2 Funções Essenciais do Solo Funções Essenciais do Solo O que o solo faz? Regular a água Solo saudável nos fornece ar limpo e água, campos e florestas, área produtiva e diversos meios de vida, e maravilhosos cenários. O solo ajuda a controlar o percurso da água proveniente de chuva, derretimento de gelo e irrigação. O solo faz isso tudo através da realização de cinco funções essenciais: 1. Regular água 2. Dar sustento a plantas e animais A água e os compostos dissolvidos fluem sobre a terra ou percolam através do solo. 3. Filtrar poluentes potenciais 4. Auxiliar o ciclo de nutrientes 5. Sustentar estruturas 3 4 Funções Essenciais do Solo Funções Essenciais do Solo Dar sustento a plantas e animais Filtrar poluentes potenciais Os minerais e micróbios no solo são responsáveis por: A diversidade e produtividade dos organismos vivos dependem do solo. • filtrar • degradar • imobilizar • desintoxicar materiais orgânicos e inorgânicos, incluindo produtos residuais provenientes de atividades municipais e de empresas. Quão mais produtivo o solo, maior a diversidade da comunidade de plantas e animais. 5 6 1 Funções Essenciais do Solo Funções Essenciais do Solo Auxiliar o ciclo de nutrientes Sustentar estruturas Carbono, nitrogênio, fósforo e muitos outros nutrientes são armazenados, transformados e reciclados através do solo. Isto é importante para mantê-los longe do nosso sistema aquático. 7 8 Funções Essenciais do Solo Funções Essenciais do Solo 9 10 Caracterização do Solo Caracterização do Solo A matriz do solo está formada por cinco componentes principais Minerais (50%) Aproximadamente 15% da matéria orgânica consiste Ar e Água (25 – 50%) em resíduo fresco proveniente da vegetação local. Matéria Orgânica (3 - 6%) Organismos Vivos (1%) 11 12 2 Caracterização do Solo Caracterização do Solo A microflora do solo é Os compostos orgânicos dos responsável por 90% da resíduos vegetais são decomposição da matéria transformados pelos orgânica presente. organismos presentes no solo. 10-30% da matéria orgânica (fração ativa) é responsável Os organismos criam pela manutenção dos subprodutos, ´resíduos e microorganismos do solo. parede celular. 13 14 Caracterização do Solo Caracterização do Solo - Cadeia alimentar no solo A matriz do solo define o tipo de solo, que, juntamente com as condições particulares do local, frequentemente limitam a seleção de um processo particular de tratamento. 15 16 Caracterização do Solo Caracterização do Solo Alguns dados do solo que podem ser obtidos com relativa facilidade e que 2. Heterogeneidade controlam a eficiência de uma tecnologia de remediação são: Um solo demasiadamente heterogêneo pode impedir o uso de tecnologias 1. Tamanho da partícula in situ que dependem do fluxo de um fluido. Argilas (<0,002mm), Sedimentos (0,002 – 0,05 mm) e Areia (0,05 – 2,0 mm) Canais indesejados de fluidos podem ser criados nos solos arenosos e argilosos, resultando em tratamentos inconsistentes. área/volume dos diferentes tipos de partícula propriedades físicas, químicas e biológicas do solo tecnologias de remediação 17 18 3 Caracterização do Solo Caracterização do Solo 3. Densidade aparente 4. Permeabilidade Peso do solo por unidade de volume, incluindo água e espaços (depende Facilidade ou dificuldade com que um líquido pode fluir através de um meio de sua umidade). permeável. Controla as tecnologias de remediação in situ. Permeabilidade ↓ → eficiência de remoção ↓ 19 20 Caracterização do Solo Caracterização do Solo 5. pH Chuva ácida SO2 +OH → H2SO4 → SO4- + 2 H+ NO2 + OH → HNO3 → NO3- + H+ Determina o grau de adsorção de íons pelas partículas do solo, afetando sua solubilidade, mobilidade, disponibilidade e formas iônicas de um contaminante e outros constituintes do solo. pH↑ → mobilidade ↓ Lembrete: pH = - log [H+] 10x > pH = 6 pH = 7 → 100x > pH = 5 pH = 7 → 21 área atingida por chuva ácida Caracterização do Solo 22 Caracterização do Solo Efeitos de chuva ácida em uma escultura de pedra 6. Umidade Uma alta umidade pode impedir o movimento do ar através do solo, o que afeta os processos de biorremediação, assim como provoca problemas durante a escavação e transporte, podendo ainda aumentar o custo durante o uso de métodos térmicos de remediação. 1908 1968 23 24 4 Caracterização do Solo Caracterização do Contaminante 7. Matéria orgânica Antes de selecionar uma tecnologia de remediação, é essencial obter Constituída de dejetos vegetais e animais (humos). informações a cerca do tipo de contaminante (orgânico ou inorgânico), Teor de humos sua concentração e toxicidade, sua distribuição através da área contaminante e o meio em que ele se encontra Mobilidade dos compostos orgânicos (água ou partícula do solo), entre outras. Eficiência e certas tecnologias (extração de vapores, lavagem do solo) 25 Caracterização do Contaminante 26 Caracterização do Contaminante Dentre as classes químicas de poluentes, os organoclorados propagaram-se pelo globo, por meio do ar e das correntes dos corpos de água, atingindo até as regiões polares. Os compostos químicos podem ser classificados em orgânicos e inorgânicos. Orgânicos : são compostos basicamente de átomos de carbono e podem ter origem antropógena ou natural e podem ser divididos em: (i) compostos orgânicos voláteis (COV) não halogenados (ii) COV halogenados (iii) compostos orgânicos semivoláteis (COS) não halogenados (iv) COS halogenados (v) combustíveis (vi) explosivos Inorgânicos: não contêm átomos de carbono e incluem os metais. 27 Caracterização do Contaminante Locais onde foram encontrados resíduos de organoclorados e pesticidas de outras classes (Tardivo, 2004). 28 Caracterização do Contaminante Algumas características físico-químicas importantes para serem 2. Concentração determinadas em um contaminante são: Fator de grande importância para definir se a área pode ser 1. Estrutura do contaminante descontaminada com o uso de tecnologias biológicas, ou se é necessário utilizar tecnologias físico-químicas ou térmicas Determina sua polaridade, solubilidade, volatilidade e capacidade para (concentração de contaminantes versus tolerância dos reagir com outras substâncias. microorganismos). Alguns compostos são resistentes à transformação, enquanto outros são completamente reativos química ou biologicamente. 29 30 5 Caracterização do Contaminante Caracterização do Contaminante 4. Solubilidade 3. Toxicididade Em geral a solubilidade diminui ao aumentar o tamanho da molécula e os compostos polares são mais solúveis que os não polares. Os contaminantes podem ser tóxicos, ou inibidores para certos microorganismos, retardando ou impedindo a biodegradação dos Para que a transformação biológica de um composto seja realizada, é mesmos. necessário que este esteja em solução. 31 32 Caracterização do Contaminante Caracterização do Contaminante 5. Coeficiente de partição octanol/água (Kow) 6. Polaridade e carga iônica É uma medida da tendência de um composto separar-se entre uma fase Compostos polares tendem a ser hidrofóbicos e se concentram orgânica e uma aquosa (hidrofobia). É um parâmetro chave para preferencialmente na matéria orgânica do solo. determinar o destino do mesmo no meio. Compostos não polares têm geralmente uma menor mobilidade no solo. Compostos relativamente hidrofílicos: Kow < 10 Compostos hidrofóbicos: Kow > 104 (tendem a acumular-se em A carga iônica determina a capacidade de um composto ser adsorvido superfícies orgânicas como solos com alto teor de matéria orgânica) em um sólido. 33 34 Caracterização do Contaminante Caracterização do Contaminante 7. Difusão 8. Sorção Relacionada à velocidade que um contaminante se movimenta através Inclui os processos de adsorção e a absorção. do solo. A adsorção afeta a volatilização e difusão do contaminante (transporte e Depende da concentração do contaminante, das características do solo destino), assim como sua disponibilidade para os microorganismos. e dos microorganismos presentes 35 36 6 Caracterização do Contaminante Caracterização do Contaminante 9. Volatilização 10. Densidade Fase líquida → Fase sólida A migração de um composto imiscível depende da sua densidade e viscosidade. Velocidade de volatilização f (concentração, pressão de valor, solubilidade do contaminante) A densidade determina a tendência da fase imiscível a flotar ou e depende da umidade, temperatura, porosidade do solo, etc. submergir na superfície do solo, e consequentemente, o lugar onde o contaminante se concentrará 37 Caracterização do Contaminante 38 Caracterização do Contaminante 11. Biodegrabilidade 12. Reações de oxidação-redução Susceptibilidade de um composto em ser transformado através de Estes tipos de reações podem degradar compostos orgânicos, ou ainda, mecanismos biológicos. converter compostos metálicos em formas que são mais ou menos solúveis que a forma original do contaminante. Os compostos orgânicos metabolizáveis e não tóxicos são normalmente oxidados muito rapidamente por microorganismos do solo. 39 Em resumo... 40 Caracterização do Contaminante Algumas informações necessárias para tratar um solo contaminado incluem: 1. Tipo de material contaminante, orgânico ou inorgânico, biodegradável, perigoso à saúde humana; 2. Quanto material foi adicionado ao solo, ele causará uma sobrecarga aos organismos no solo; Para qualquer ação de remediação, seja em fase de investigação ou de limpeza, é importante definir os perfis horizontal e vertical dos 3. Razão C:N de material são necessários nutrientes adicionais (N & P); contaminantes, tanto quanto seja possível. A informação a cerca da 4. Tipo de solo, o solo será capaz de conter ou degradar o material antes dele atingir as águas subterrâneas; amplitude e diversidade da contaminação em toda a área também é 5. As condições de crescimento dos organismos do solo, incluindo temperatura e umidade; crítica para a seleção de uma tecnologia de tratamento 6. Quanto tempo o material foi despejado no solo, existe alguma evidência de problema ambiental, ele esta sendo decomposto; 7. Perigos imediatos para as pessoas, existe urgência para a situação. 41 42 7 Investigação Geoambiental Investigação Geoambiental Técnicas não invasivas Diagnóstico Ambiental Raio X histórico de disposição dos resíduos no local, características dos Método Eletromagnético resíduos dispostos, determinação de litologia, determinação da profundidade, direção e velocidade do aquífero, determinação da conformação espacial da pluma de contaminantes, etc. bobina bobina fio Técnicas não invasivas solo Investigação Geoambiental Técnicas invasivas Campo magnético secundário 43 Investigação Geoambiental 44 Investigação Geoambiental Pluma de contaminação de poluentes pouco solúveis mais densos que a água. Técnicas invasivas Amostradores de água subterrânea (Bailers) Poço de Monitoramento 45 46 Investigação Geoambiental Investigação Geoambiental Pluma de contaminação de poluentes solúveis na água. Pluma de contaminação de poluentes poucos solúveis e menos densos que a água. 47 48 8 Técnicas de Remediação Características Básicas do Solo e Contaminante EXERCÍCIOS 2 Biorremediação Em fase lama Em fase sólida 1. Que fatores (características do solo e contaminante) você considera mais importantes para (a) avaliar a gravidade de uma contaminação do solo e (b) indicar uma técnica mais apropriada para remediação? Justifique sua resposta. Que informações adicionais seriam necessários além daquelas relacionadas com as características do solo e contaminante. Landfarming Biopilha Compostagem Atenuação natural Extração de vapor do solo / air sparging 2. Descreva pelo menos três técnicas invasivas e três não invasivas utilizadas no processo de investigação geoambiental de um solo contaminado. Indique as vantagens e desvantagens de cada técnica. Lavagem do solo Extração com solvente Barreira de tratamento Soil fluxing Fitorremediação Sorção Precipitação Degradação Filtração Estabilização Degradação 49 50 Bibliografia 1. Sepúlveda T. V. e Trejo J. A. V. “Tecnologías de remediación para suelos contaminados”, Institulo Nacional de Ecologia, Mexico (2002). 2. Tardivo T. “Determinação de compostos organoclorados em espécies de insetos aquáticos e peixes dos rios da Bacia do Betari - Vale do Ribeira/SP”. Dissertação de Mestrado em Química Analítica, USP (2004). 3. http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/solo_geral.asp 4. Bibliografia básica do curso. 51 9