9.3. Plano de Contingência de Combate à Doença Dengue

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PLANO DE CONTINGÊNCIA
DE COMBATE À DOENÇA DENGUE
Maio 2014
Plano de Contingência de Combate à Doença Dengue – ARS Algarve, IP
PLANO DE CONTINGÊNCIA
DE COMBATE À DOENÇA DENGUE
Elaborado por:
Ana Cristina Fonseca, Delegada de Saúde do ACeS Barlavento
Nélia Guerreiro, Técnica Superior do Departamento de Saúde Pública e Planeamento
Sofia Nunes, Engenheira do Ambiente do Departamento de Saúde Pública e Planeamento
Sofia Duarte, Técnica de Saúde Ambiental do ACeS Sotavento
Revisto por:
Ana Cristina Guerreiro, Diretora do Departamento de Saúde Pública e Planeamento
Maio de 2014
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Plano de Contingência de Combate à Doença Dengue – ARS Algarve, IP
Índice
1. Objectivo ................................................................................................................................... 1
2. Enquadramento/Justificação .................................................................................................... 1
3. Gestão Integrada do Vetor ........................................................................................................ 6
4. Vigilância, Níveis de Risco e Medidas de Contingência ........................................................... 11
5. Organização e Coordenação do Plano .................................................................................... 15
5.1 Avaliação e Definição de Nível de Risco ............................................................................ 15
6. Estratégias de Comunicação ................................................................................................... 17
7. Abordagem Clínica de Casos de Dengue ................................................................................. 19
8. Ações a Implementar por Outras Entidades ........................................................................... 21
9. Avaliação do Plano .................................................................................................................. 22
10. Documentação e Bibliografia ................................................................................................ 23
Índice de Quadros
 Quadro 1 – Medidas de Controlo de Estágios Larvares de Aedes aegypti.............................10
 Quadro 2 – Níveis de risco para a infeção por dengue e respectivas condições verificadas e
critérios de avaliação.…………………………………………………………………………………….....………………12
 Quadro 3 - Medidas a implementar em função do nível de risco….......................................13
 Quadro 4. Cadeia de comando e controlo do sector da saúde…...........................................15
 Quadro 5 – Ações a implementar pelas diversas Entidades na Região…...............................21
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Abreviaturas e Siglas
ACeS – Agrupamento de Centros de Saúde
AMAL – Associação de Municípios do Algarve
APA – Agência Portuguesa do Ambiente
ARS – Administração Regional de Saúde
CEVDI – Centro de Estudos de Vetores de Doenças Infeciosas
DGS – Direção-Geral da Saúde
ECDC – European Centre for Disease Prevention and Control
ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuais
GIV- Gestão Integrada do Vetor
IgG – Imunoglobulina G
IgM – Imunoglobulina M
INSA – Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge
IPSS – Instituição Particular de Solidariedade Social
LCR – Líquido Cefalorraquidiano
N.º - Número
OMS – Organização Mundial de Saúde
RAM – Região Autónoma da Madeira
REVIVE – Rede de Vigilância de Vetores
RT_PCR – Reverse Transcription Polymerase Chain Reaction
SIG – Sistema de Informação Geográfica
SMS – Short Message Service (mensagem por telemóvel)
VNO – Vírus do Nilo Ocidental
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1. OBJECTIVO
Definição de medidas conducentes à minimização do risco de circulação de vírus Dengue e do
impacto da doença na população residente e flutuante na região do Algarve.
2. ENQUADRAMENTO/JUSTIFICAÇÃO
No âmbito do Programa de Prevenção de Doenças Transmitidas por Artrópodes - Mosquitos,
prevê-se a ativação do presente Plano de Contingência no caso de alteração significativa do
contexto atual ou de ocorrência de eventos relevantes, como identificação da presença de
espécie(s) invasora(s) de vetores (Aedes aegypti, Aedes albopictus), detecção de infeciosidade
nos vetores pelo arbovírus Dengue ou identificação de casos humanos de doença por
transmissão autóctone.
Em Portugal continental não se verifica a presença de vetores do Dengue, que correspondem
aos mosquitos das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus, sendo o primeiro mais
competente. Contudo, a presença do Aedes aegypti na ilha da Madeira desde 2005 e a
presença de Aedes albopictus na região de Alicante – Espanha, constituem ameaças reais ao
seu (re)surgimento em Portugal continental, dada a proximidade e o transporte regular de
pessoas e mercadorias. Neste sentido, justifica-se a vigilância da entomofauna presente de
forma continuada e perseverante (Figura 1).
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Figura 1 – Distribuição de Aedes aegypti e Aedes albopictus na Europa, em Março de 2013 (ECDC, 2013).
O ciclo de transmissão do vírus do Dengue compreende a transmissão pelos vetores acima
referidos e tendo como reservatório o Homem. Quer isto dizer que, na presença de um vetor
competente para a sua transmissão, a presença de pessoas infectadas poderá constituir o
contexto necessário para que se inicie o ciclo de transmissão desta doença, ao contrário do
que acontece por exemplo com o VNO, em que os reservatórios são aves.
Na Ilha da Madeira a partir de 3 de Outubro de 2012 foram identificados os primeiros casos
autóctones da febre do Dengue, sendo que, de acordo com informação da Direção-Geral da
Saúde, até 1 de Setembro de 2013 foram notificados 2187 casos de infecção por Dengue na
Ilha da Madeira, sendo 1084 foram confirmados laboratorialmente. Desde 3 de Março de
2013, data em que se considerou o surto controlado, não foram identificados novos casos
autóctones. Houve assim um hiato temporal de 7 anos entre a detecção da presença do vetor
e a surgimento de casos autóctones da doença. Durante os meses de Inverno, tendo em conta
que nesta ilha as temperaturas se mantém acima dos 10ºC, as condições manter-se-ão
favoráveis à presença do vetor, embora com menor atividade. A transmissão vertical do vírus
do Dengue em mosquitos já foi documentada. Este evento, embora limitado e pouco
frequente, pode contribuir para a renovação da transmissão na Primavera do próximo ano,
com o aumento da atividade do vetor.
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Na figura 2 estão representados os países considerados em risco de infecção pelo vírus do
Dengue, bem como a zona em que o principal vetor Aedes aegypti encontra condições
favoráveis ao seu desenvolvimento durante todo o ano, onde se inclui Portugal.
Figura 2 – Representação geográfica dos países onde o Dengue já foi reportado; as áreas
compreendidas entre as isotérmicas de Janeiro e de Julho são as regiões onde o vetor Aedes
aegypti encontra condições para sobreviver durante todo o ano (OMS, 2012).
Segundo o European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC), atualmente não há
informação sobre o estabelecimento de populações de Aedes aegypti na Europa continental.
Contudo, o risco da sua disseminação pelas ilhas vizinhas à Ilha da Madeira e pela bacia do
Mediterrâneo não pode ser excluída. Por outro lado, com o estabelecimento/enraizamento da
transmissão de dengue na ilha da Madeira, o risco da sua disseminação no resto da Europa
deverá ser avaliado com especial atenção, sendo que as condições climatéricas do Sul da
Europa assumem-se como favoráveis para mosquitos fêmea importados e criação de novas
populações (ECDC, 2013).
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Na região do Algarve, e no âmbito do Programa de Prevenção de Doenças Transmitidas por
Artrópodes – Mosquitos, são desenvolvidas diversas atividades, umas na vertente da
identificação e avaliação do risco, outras na vertente da prevenção e minimização de risco. A
primeira vertente corresponde ao Programa REVIVE, o qual contempla a colheita de espécimes
adultos e imaturos de mosquitos, no sentido de identificar a entomofauna presente na região
e de avaliar o grau de infeciosidade dos mosquitos por possíveis arbovírus. Na outra vertente
procede-se ao levantamento das condições propícias à criação de mosquitos em toda a região,
em duas campanhas, uma em Abril/Maio, outra em Setembro/Outubro, contando com a
colaboração das Autarquias, APA e entidades gestoras de ETAR, nomeadamente a empresa
Águas do Algarve.
Na região do Algarve, e no âmbito do Programa de Prevenção de Doenças Transmitidas por
Artrópodes – Mosquitos, são desenvolvidas diversas atividades, umas na vertente da
prevenção e minimização de risco, outras na vertente da identificação e avaliação do risco. Na
primeira vertente, procede-se ao levantamento das condições propícias à criação de
mosquitos em toda a região, em duas campanhas, uma em Abril/Maio, outra em
Setembro/Outubro, contando com a colaboração das Autarquias, APA e entidades gestoras de
ETAR, nomeadamente a empresa Águas do Algarve. A outra vertente corresponde ao
Programa REVIVE, o qual contempla a colheita de espécimenes adultos e imaturos de
mosquitos, no sentido de identificar a entomofauna presente na região e de avaliar o grau de
infeciosidade dos mosquitos por possíveis arbovírus.
A prospecção de locais criadouros de mosquitos realizada atualmente direciona-se
principalmente para os vetores de VNO, que correspondem aos mosquitos do género Culex, e
cujos criadouros compreendem principalmente locais de água estagnada com alguma
poluição. Este arbovírus já esteve em circulação na região entre 2004 e 2006, de acordo com
dados laboratoriais, sendo que a forma eficaz de minimizar o risco de infecção é a diminuição
da população de vetores através da eliminação/controlo de criadouros.
No entanto, e no contexto do presente Plano de Contingência, cuja ativação se prevê com o
aumento de risco de infecção pelo arbovírus Dengue, teriam que ser contemplados, também,
outros ecossistemas na identificação de criadouros, nomeadamente pequenas coleções de
água estagnada limpa, uma vez que os vetores não são os mesmos. A identificação e
eliminação deste tipo de criadouros revela-se muito mais complexa, dado que qualquer
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recipiente com água pouco ou não poluída pode constituir um criadouro viável (baldes, vasos,
bebedouros, recipientes abandonados, pneus, buracos nas árvores, receptáculos de
plantas,…). O envolvimento da população em geral tem um papel fundamental no sucesso de
tal luta anti-vetorial e, como tal, é indispensável implementar uma boa estratégia de
comunicação.
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3. GESTÃO INTEGRADA DO VETOR
A prevenção ou redução da transmissão do vírus do dengue depende inteiramente do controlo
dos mosquitos vetores e na interrupção do contacto Humano-Vetor, dada a ausência de
tratamento profilático.
As atividades de controlo de transmissão devem centrar-se nos habitats dos estadios imaturos
e adultos dos principais vetores (Aedes aegypti e Ae. albopictus), com especial atenção às
habitações e imediações e outros locais onde ocorra o contacto humano-vetor (ex. escolas,
unidades de saúde e locais de trabalho). Se ambas espécies coexistirem, então deverá ser dada
primazia ao controlo do Ae. aegypti, visto tratar-se do vetor mais competente em larga escala
(OMS, 2009).
Estas espécies de mosquitos proliferam em diversos recipientes e depósitos das habitações
(contentores, depósitos de água, baldes, vasos e pratos de plantas) e outros objetos que
contém água pluvial (pneus, recipientes de comida e bebida, caleiras e sumidouros entupidos,
edifícios em construção, piscinas abandonadas, buracos nas árvores, folhas, cascas de fruta). O
ciclo de vida destes mosquitos pode variar entre 10 a 21 dias, consoante a temperatura e
outras condições ambientais. Elevada humidade relativa, como no caso dos trópicos e subtrópicos, favorece a sobrevivência do mosquito adulto. Os ovos são resistentes à dessecação
por diversos meses.
Tipicamente, estes mosquitos não voam grandes distâncias, a maioria permanece num raio de
100 metros do local de onde emergiram, são peridomésticos e antropofílicos, pelo que o
controlo anti-vetorial deverá ser um controlo de proximidade ao local de onde proliferam e de
habitações. Eles alimentam-se totalmente em humanos, principalmente durante o dia (de
manhã e ao fim da tarde), embora também ocorram picadas à noite, quer no interior quer no
exterior.
A Gestão Integrada do Vetor (GIV) é a abordagem estratégica preconizada pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) e é definida como o processo de decisão racional, no sentido da
optimização de recursos no controlo vetorial. Na GIV são consideradas cinco elementos-chave,
nomeadamente:
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- Legislação, normativas/orientações e empowerment social – promover estes princípios no
desenvolvimento de políticas dirigidas à população, entidades e organizações; estabelecer ou
fortalecer a legislação e normativas de saúde pública; capacitar as populações através da
informação atempada, sobre as principais medidas de proteção colectiva e individual e de
condutas em caso de infecção;
- Colaboração entre o sector da saúde e outros sectores – considerar de todas as opções de
colaboração e comprometimento por parte de entidades públicas e privadas (entidades
administrativas, dos sectores ambiental, escolar, turismo, associações de hoteleiros, entre
outros); planear e atribuir funções até ao nível mais baixo da hierarquia da organização; criar e
atualizar canais de comunicação entre decisores, coordenadores de programas de controlo de
doenças veiculadas por vetores e outros elementos-chave;
- Abordagem integrada do controlo da doença – assegurar o uso racional de meios disponíveis
na controlo de várias doenças transmitidas por mosquitos; integrar métodos não-químicos e
químicos no controlo vetorial;
- Decisão baseada na evidência – adaptar estratégias e intervenções à ecologia local do vetor,
epidemiologia e recursos, suportadas pelos resultados da monitorização e ajustados à
evolução da situação;
- Capacitação – desenvolver infraestruturas essenciais, recursos financeiros e humanos à
escala nacional, regional e local, para a implementação de programas de GIV, baseados na
evidência.
Na prática, o controlo do Ae. aegypti é principalmente alcançado pela eliminação de habitats e
condições favoráveis à ovoposição e ao desenvolvimento larvar (criadouros). Estes objectivos
podem ser alcançados pelo impedimento de acesso dos mosquitos adultos a esses habitats
(por exemplo pela cobertura eficaz de depósitos de água), pela drenagem completa e limpeza
de recipientes e outros criadouros, pela remoção de estadios larvares (aplicação de larvicidas)
ou recurso a predadores naturais (peixes). Poderá contemplar-se o recurso a adulticidas
(peritróides), em situações excepcionais de maior emergência, tais como surtos e proliferação
descontrolada do vetor.
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O mosquito Ae. aegypti recorre a uma grande variedade de habitats para proliferação, quer
naturais quer artificiais. Contudo, poderá não ser exequível ou viável financeiramente o
controlo de estadios imaturos em todos os possíveis habitats na comunidade. Desta forma, os
esforços de controlo deverão centrar-se nos habitats mais produtivos e epidemiologicamente
mais importantes, em detrimento de todos criadouros possíveis. Esta estratégia requer a
verificação da ecologia local do vetor e os procedimentos/hábitos da população onde os
criadouros estejam inseridos.
A optimização de recursos limitados e a triagem das áreas prioritárias de intervenção (com
diferentes graus de risco) é possível através da integração de diferentes tipos de informação,
tal como a densidade populacional e a densidade de criação de mosquitos, à escala das
freguesias por exemplo. A OMS e o ECDC preconizam o recurso a ferramentas de sistemas de
informação geográfica (SIG), que permitem simultaneamente a integração desta informação e
o seu mapeamento, para posterior intervenção no terreno (ferramenta utilizada na ilha da
Madeira).
A Gestão Ambiental tem como objectivo alterar condições ambientais, no sentido de
minimizar a propagação do vetor e o contacto vetor-humano, através da destruição, alteração,
remoção ou reciclagem de recipientes não essenciais que constituem criadouros. Existem três
tipos de gestão ambiental nesta área:
- Modificação ambiental – transformações físicas a longo termo para redução de criadouros,
tal como a instalação de redes de distribuição de água (evitando depósitos de água caseiros);
- Manipulação ambiental – alterações temporárias nos criadouros, que envolvam a gestão de
recipientes “essenciais”, tais como o esvaziamento e limpeza de depósitos de água, vasos e
pratos, sistemas de refrigeração, limpeza de sumidouros, cobertura de pneus armazenados,
controlo ou remoção de plantas das zonas periféricas das habitações, tais como bromélias, as
quais colectam água junto ao caule;
- Alterações nas habitações e comportamentos – ações que visem a redução do contacto
humano-vetor, tais como instalação de redes mosquiteiras nas portas e janelas e/ou nas
camas.
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No quadro 1 apresentam-se algumas propostas de medidas eficazes ao controlo larvar de
mosquitos, nalguns prováveis criadouros.
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MEDIDAS
HABITAT LARVAR
Reservatórios de
água e cisternas
Bidões
(150-200 L)
Vasos/Jarras de
flores com água
Vasos de plantas
com prato
Caleiras dos
telhados
Bebedouros de
animais
Embalagens vazias
de bebida e comida
e outras
Postes/tubos de
vedações ocos
Pneus usados
Esvaziar, limpar e
esfregar
semanalmente

Quadro 1 - Medidas de Controlo de Estágios Larvares de Aedes aegypti.
Cobertura eficaz
Armazenar
Modificar o
Encher (com
debaixo de
design e/ou
areia, pedras,
cobertura/telhado
reparar e limpar
terra ou cimento)





Colectar, reciclar
e/ eliminar
Furar e drenar









Equipamentos,
aparelhos,
abandonados
Baldes e outros
recipientes
abandonados
Buracos nas árvores





Buracos nas rochas

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
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4. VIGILÂNCIA, NÍVEIS DE RISCO E MEDIDAS DE CONTINGÊNCIA
A possibilidade de organizar uma resposta racional a uma surto e epidemia de dengue baseia-se na sensibilidade, robustez e celeridade dos sistemas de vigilância e de outros dispositivos
geradores de informação relevante.
Os sistemas de vigilância do dengue deverão acompanhar a evolução da doença e o seu
impacte.
Esse sistema de vigilância deve contemplar as seguintes vertentes:
1. Entomológica, que permite identificar a presença do(s) vetor(es) e avaliar a sua dispersão
geográfica e grau de infeciosidade, através de colaboração com o CEVDI/INSA;
2. Epidemiológica, que permite descrever a ocorrência da doença na população (frequência,
distribuição etária, padrão temporal, distribuição geográfica) e as suas características clínicas,
gravidade e mortalidade;
3. Laboratorial, que permite a identificação precoce do vírus do dengue circulante, estabelecer
as suas características antigénicas e genéticas e avaliar a sensibilidade do diagnóstico clínico da
infecção por Dengue. As técnicas laboratoriais permitem, ainda, avaliar a sensibilidade e a
resistência aos antivirais e identificar os agentes específicos das sobreinfeções bacterianas e a
sua sensibilidade aos antibióticos
4. Impacte institucional e social da doença, que é possível determinar através de indicadores
mensuráveis sobre a atividade dos serviços de saúde (número de atendimentos urgentes, de
consultas, de internamentos, entre outros) e o absentismo (nos serviços de saúde, nas escolas
e em outros serviços essenciais)
A definição do nível de risco resulta da necessidade de tomada de medidas específicas,
coordenadas e céleres, quer no controlo do vetor, quer na proteção da população, de acordo
com o nível de risco verificado.
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No Quadro 2 propõem-se 6 níveis de risco para a infecção por dengue e no Quadro 3 apresentam-se as medidas a implementar em função do nível de risco
determinado.
Quadro 2 – Níveis de risco para a infeção por dengue e respectivas condições verificadas e critérios de avaliação.
Níveis de Risco
0
Condições Verificadas
a. Ausência dos vetores Aedes aegypti ou Aedes albopictus
b. Presença controlada do vetor (introdução do vetor, seguida de controlo vetorial e consequente eliminação ou não proliferação; observação dos
ovos/larvas numa armadilha ou criador espontâneo, após um período de vigilância em contínuo)
1
Aedes estabelecido e ativo (Observação de ovos/larvas em diversas armadilhas ou criadores espontâneos várias vezes (observações positivas pelo
menos 3 vezes), bem como identificação da presença de espécimenes em fase adulta nas imediações das armadilhas/criadores)
2
Aedes estabelecido e ativo e presença de um caso humano autóctone confirmado de transmissão de dengue
3
Aedes estabelecido e ativo e presença de um surto autóctone (2 ou mais casos no mesmo clusters)
4
Aedes estabelecido e ativo e presença de diversos surtos autóctones
5
a. Distribuição difusa de casos humanos autóctones sem clusters individualizados
b. Epidemia numa extensa área com uma taxa de ataque elevada
NOTA: Níveis 2 a 5 definidos a partir de critérios de vigilância humana, a partir do momento em que o vetor está estabelecido e ativo.
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Quadro 3 - Medidas a implementar em função do nível de risco.
NÍVEL DE RISCO
0 a.
2
3
4



















0 b.
MEDIDAS
Vigilância de casos
Reforço
da
vigilância
de
mosquitos adultos (época de
campanha de colheita e maior
dispersão
geográfica
de
armadilhas)
Medidas de controlo sanitário
fronteiriço; desinsectização dos
meios de transporte provenientes
de zonas de risco
Reforço do controlo vetorial
5 a.
1
5 b.


Tratamento imediato
de todos os
criadouros
identificados e
contemplação de
novos habitats
Sinalização e validação de casos
(2)

suspeitos
Inquérito epidemiológico de casos
(2)

importados e autóctones
(1) Envolver as entidades territoriais competentes;
Definição das medidas preventivas e mitigadoras adequadas e
(1)
o perímetro de intervenção perifocal










(2) Notificação da Autoridade de Saúde Regional sobre os casos na região, através de cópia do formulário da Orientação n.º 014/2013 da DGS, proveniente dos Hospitais e
do Laboratório de Referência.
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Quadro 3 (cont.) - Medidas a implementar em função do nível de risco.
NÍVEL DE RISCO
MEDIDAS
Comunicação aos profissionais de
saúde
Comunicação à população e a
turistas (medidas preventivas de
picadas e de controlo vetorial em
residências)
Comunicação a outras entidades
territoriais intervenientes
Monitorização
identificados
de
0 a.
2
3
4





































Não, mas poderá ser
criada consoante
situação local
Preparação de
alerta/contingência
Ativada
Ativada
Ativada
Ativada
0 b.
casos
Toxicovigilância (de casos de
intoxicação resultantes da luta
anti-vetorial)
Programa de luta anti-vetorial nas
imediações de portos e aeroportos
e fronteiras
Equipa de gestão da contingência

(para casos
autóctones)
.
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5 a.
1
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5 b.
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5. ORGANIZAÇÃO E COORDENAÇÃO DO PLANO
O desenvolvimento e a operacionalização de um Plano de Contingência obrigam à definição clara de
uma estrutura de liderança e coordenação, bem como à identificação das entidades com
responsabilidades no planeamento, na execução e na avaliação das intervenções preconizadas.
Quadro 4. Cadeia de comando e controlo do sector da saúde
Nível
Linha Institucional
Linha da Autoridade de Saúde
Nacional
Ministério da Saúde
Autoridade de Saúde Nacional
(Ministro da Saúde)
Direcção-Geral da Saúde
(Diretor-Geral da Saúde)
Regional
Administrações Regionais de Saúde
Autoridade de Saúde Regional
(Presidente do Conselho de Administração)
Local
ACeS, hospitais
Autoridade de Saúde Local
(Dirigente máximo das instituições)
Por indicação do Diretor-Geral de Saúde foi criado uma equipa de ponto focal para com o
objectivo de acompanhar o assunto do Dengue, elaborar o Plano de Contingência e
monitoriza-lo. O trabalho a desenvolver pela equipa de ponto focal enquadra-se no trabalho
que tem vindo a ser desenvolvido no âmbito do Programa de Prevenção de Doenças
Transmitidas por Artrópodes- Mosquitos.
5.1 Avaliação e Definição de Nível de Risco
O nível de risco é determinado pela Autoridade de Saúde Nacional, com base na informação
reportada pela Autoridade de Saúde Regional sobre a realidade local.
A 24 de Dezembro de 2012 foi criada a Plataforma de Especialistas em Entomologia Médica e
Saúde Pública, com a publicação do Despacho n.º 16352/2012. A esta Plataforma compete
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coordenar a promoção de atividades de investigação e formular propostas que visem a
prevenção e controlo de doenças humanas de transmissão vetorial. A Plataforma, coordenada
pelo Diretor-Geral da Saúde, é constituída por especialistas designados pelo Diretor-Geral da
Saúde, pelo Presidente do Conselho Diretivo do INSA e pelo Diretor do Instituto de Higiene e
Medicina Tropical. Os objectivos da Plataforma são os seguintes:
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Plano de Contingência de Combate à Doença Dengue
6. ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO
Um plano de comunicação deverá comportar 3 vertentes, estratégias e públicos-alvo distintos:
- Diagnóstico da situação: informação permanentemente atualizada sobre a situação da
doença (dispersão geográfica do vetor e de casos de doença, n.º de casos suspeitos e
confirmados, entre outros);
- Inter-institucional: informação inter-sectorial entre entidades intervenientes na minimização
do risco e gestão da contingência.
- Promoção da saúde: informação sobre medidas de proteção individual e colectivas, dirigidas
à população e turistas, que previnam a picada de mosquito e que incluam medidas de luta
anti-vetorial (sob forma de folhetos, cartazes, spots informativos, projetos de saúde escolar).
A Informação veiculada deverá suportar-se na evidência, isto é, em dados aferidos e
posteriormente tratados (gráficos, tabelas, mapas). Uma das formas possíveis de disseminação
da informação poderá ser sob forma de boletins semanais /mensais (conforme o nível de risco
e progressão da doença). Neste sentido, à semelhança do que ocorreu na Região Autónoma da
Madeira (RAM), é indispensável assegurar a implementação de ferramentas informáticas que
permitam o registo, tratamento e divulgação de dados.
No sentido de facilitar a comunicação, difundir procedimentos, reforçar a prestação de
cuidados e mobilizar recursos, é indispensável assegurar o cumprimento das tarefas a seguir
enunciadas, em função do nível de risco:

Compilação e atualização de lista contactos (morada, fax, telefone e e-mail) de todas as
entidades intervenientes no Plano dos diversos sectores/instituições, nomeadamente
AMAL, Autarquias, Ambiente, Turismo, Educação, Juntas de Freguesia, IPSS;

Atualização permanente do microsite da ARS Algarve dedicado às doenças transmitidas
por Artrópodes;

Difusão em tempo útil, de preferência via e-mail ou SMS, de alertas ou atualização de
procedimentos ou ordens técnicas;
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
Disponibilização de informação pertinente e promoção do envolvimento de outras
entidades intervenientes no Plano (AMAL, Autarquias, Ambiente, Turismo, Educação,
Juntas de Freguesia, IPSS, associações de moradores e outros);

Divulgação de informação sobre a temática com recurso a diversas vias de comunicação:
internet, comunicação social (rádio, televisão, jornais), cartazes, folhetos, ações de
educação ambiental e educação para a saúde (escolas, eventos, associações,…).
Esta informação encontra-se detalhada nos anexos deste documento.
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7. ABORDAGEM CLÍNICA DE CASOS DE DENGUE
Em Portugal Continental não foram até à data, detectados mosquitos do género Ae. aegypti e
albopictus, pelo que não existe o risco de emergência de casos autóctones. Têm ocorrido,
esporadicamente, alguns casos importados.
A abordagem de casos de dengue está definida na Orientação n.º 014/2012, de 03/10/2012 da
Direção-Geral da Saúde (em anexo). A definição de caso provável exige a conjugação de
critérios clínicos e, obrigatoriamente, o critério epidemiológico:
Critérios clínicos
Critérios epidemiológico
Doente com quadro febril agudo com 2
ou mais das seguintes manifestações:
 cefaleia
E
Residência ou estada em região
afectada nos 21 dias anteriores ao
início dos sintomas
 dor retro orbitária
 mialgia
 artralgia
 exantema
 manifestações hemorrágicas
 leucopenia
O caso confirmado é definido com um caso provável com confirmação laboratorial cumprindo,
pelo menos, um dos seguintes critérios:
a) Resposta de anticorpos (IgM) específica para o vírus dengue, no sangue ou no líquido
cefalorraquidiano (LCR), se existirem manifestações neurológicas;
b) Seroconversão IgG para vírus dengue;
c) Isolamento ou detecção de ácidos nucleicos (RT_PCR) do vírus dengue no sangue ou no LCR.
Havendo suspeita da existência de casos deverá ser cumprida a Orientação n.º 014/2012, de
03/10/2012, da Direcção-Geral da Saúde.
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7.1. Diagnóstico laboratorial e procedimentos
Todas as amostras positivas em laboratórios públicos e privados devem ser enviadas ao
Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), para estudo epidemiológico e virológico.
Os produtos devem ser transportados refrigerados, entregues no INSA, no próprio dia,
acompanhados pelo formulário de notificação (Anexo 1. da Orientação n.º 014/2012 da DGS).
Todos os casos confirmados devem ser notificados à Direcção-Geral da Saúde através do email [email protected], não obstante de ser definida recentemente como uma Doença
Transmissível de Notificação Obrigatória, de acordo com o Despacho 5681-A/2014 do
Ministério da Saúde, de 29 de Abril.
7.2. Abordagem clínica e seguimento dos doentes
Para fins de avaliação clínica, os casos devem ser categorizados em: Caso de Dengue Grave e
Caso de Dengue Não Grave, de acordo com a classificação referida no Anexo 2. da Orientação
n.º 014/2012 da DGS.
Na avaliação dos doentes com dengue recomenda-se uma abordagem por etapas:
Etapa I - Avaliação global
Etapa II - Diagnóstico e avaliação do estado e gravidade da doença
Etapa III - De acordo com a avaliação efectuada, o doente pode ser enviado para o domicílio,
ser internado ou ter indicação para tratamento de emergência
Etapa IV – Critérios de alta
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8. AÇÕES A IMPLEMENTAR POR OUTRAS ENTIDADES
O sucesso do presente Plano requer o envolvimento e a estreita colaboração de diversas
entidades, através da implementação de diversas medidas, conforme quadro seguinte:
Quadro 5 – Ações a implementar pelas diversas Entidades na Região.
Entidade
Ações
AMAL, Autarquias e Juntas
- Difusão de informação junto da população, com vista à implementação
de medidas de luta anti-vetorial em propriedade privada e de proteção
individual;
de Freguesia
- Identificação e controlo de locais criadores de vetores, nomeadamente
lagos artificiais, sarjetas, caleiras, jardins públicos, cemitérios, estaleiros
municipais e todos os locais e recipientes que acumulem água.
Ambiente
Identificação de locais criadores de mosquitos e implementação de
medidas conducentes ao seu controlo/eliminação;
- Emissão de licenças que contemplem medidas preventivas de criação
de mosquitos.
Turismo
Difusão de informação junto de cadeias hoteleiras, no sentido da
implementação de medidas de luta anti-vetorial nestes
estabelecimentos e de medidas de proteção individual;
Educação
- Difusão de informação junto das escolas, no sentido da implementação
de medidas de luta anti-vetorial nestes estabelecimentos e de proteção
individual;
- Envolvimento dos alunos em projetos escolares nos quais seja
abordada esta temática.
Entidades gestoras de
- Identificação de locais criadores de mosquitos e implementação de
medidas conducentes ao seu controlo/eliminação;
resíduos e águas
- Cobertura de reservatórios, órgãos de tratamento com águas paradas
e de depósitos de resíduos que possam constituir criadores (pneus,
recipientes, …).
Associações de moradores
- Difusão de informação junto da população, com vista à implementação
de medidas de luta anti-vetorial em propriedade privada.
Em anexo apresenta-se uma listagem das entidades intervenientes no Plano e respectivas
personalidades.
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9. AVALIAÇÃO DO PLANO
Indicadores:
- Número (N.º) de criadouros de Aedes identificados (até nível de risco 3);
- N.º de espécimenes de mosquito Aedes capturados nas colheitas (até nível de risco 3);
- Taxa de infeciosidade de mosquitos por dengue (até nível de risco 3);
- N.º de casos de infecção por dengue (suspeitos e confirmados);
- N.º de atendimentos nas urgências por infecção de dengue;
- N.º de internamentos por infecção de dengue.
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10. DOCUMENTAÇÃO E BIBLIOGRAFIA
- European Centre for Disease Prevention and Control (2013); Dengue outbreak in Madeira,
Portugal, October – November 2012; Mission Report; Stockholm;
- Orientação da Direcção-Geral da Saúde n.º 014/2012, de 03/10/2012 - Abordagem de casos
de dengue;
- Orientação da Direcção-Geral da Saúde n.º 018/2012 de 31/10/2012 – Luta anti vetorial
contra Aedes aegypti;
- Site do Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Saúde:
http://www.insa.pt/sites/INSA/Portugues/AreasCientificas/DoencasInfecciosas/AreasTrabalho
/EstVectDoencasInfecciosas/Paginas/inicial.aspx
- Site da Direção-Geral da Saúde: www.dgs.pt
- Site do European Centre for Disease Prevention and Control: www.ecdc.europa.eu;
- Site do Instituto de Administração Saúde e Assuntos Sociais, IP – Região Autónoma da
Madeira: http://iasaude.sras.gov-madeira.pt;
- Site da Organização Mundial de Saúde: www.who.int.
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