FGV-RJ / EPGE Economia Monetária e Financeira Prof. Marcos

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FGV-RJ / EPGE
Economia Monetária e Financeira
Prof. Marcos Antonio Silveira
Nota de Aula 21: Metas Inflacionárias
Bibliografia:
• Inflation Targeting in Brazil: Lessons and Challenges. Minella A. & outros. WP. 53, Banco
Central
• Inflation Targeting in Emerging Market Economies. Fraga, A. & outros. WP. 76, Banco
Central
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Definição e Principais Características
• Metas quantitativas de médio prazo anunciadas publicamente para a taxa de inflação
• Objetivos de curto/médio prazo consistentes com objetivos de longo prazo
• Inflação como âncora nominal: objetivo como meta intermediária
• Compromisso institucional com a estabilidade de preços
• Metas de inflação não elimina preocupação com outros objetivos: velocidade de convergência
das metas em direção a taxa de inflação ótima de longo prazo reflete as preferências do
policymaker em relação ao trade-ff entre a volatilidade da inflação e a volatilidade de outros
agregados, como o hiato do produto
• Independência operacional do Bacen com o objetivo único de cumprir as metas
• Maior flexibilidade na escolha dos instrumentos para cumprimento das metas
• Credibilidade da política monetária: coordenação e orientação das expectativas do mercado
• Compreensão pelo Bacen dos mecanismos de transmissão de política monetária: modelagem
da estrutura econômica, ferramentas de previsão, indicadores antecedentes, coleta de informação sobre expectativas do mercado,...
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Motivação
• Coordenação e orientação das expectativas =⇒ maior previsibilidade dos efeitos da política
monetária
— economias sujeitas a fortes choques externos e de oferta
— autoridades monetárias com pouca credibilidade
• Credibilidade da política monetária
• Flexibilidade na escolha dos instrumentos
• Flexibilidade para tratar com o "risco dos modelos"
• Comaparação com outras metas
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Condições
• Independência operacional do Bacen
• Transparência e comunicação com o público
• Regime câmbio flutuante
• Ausência de dominância fiscal, financeira e cambial: obstáculos para a implementação do
regime MI em economias emergentes
3.1
Independência operacional do Bacen
• Independência de objetivos X Independência de instrumentos (independência operacional)
• Quem determina os objetivos (metas inflacionárias)? No Brasil, pelo CMN, chefiado pelo
Ministro da Fazenda
• Independência operacional: autonomia plena do Bacen para usar os instrumentos de política
monetária com o objetivo exclusivo de alcançar as metas
• Motivação: blindar o Bacen contra pressões políticas de curto prazo
• Falta de autonomia operacional do Bacen =⇒ Perda de credibilidade =⇒ Aumento da expectativa de inflação =⇒ Aumento da taxa de juros, da volatilidade dos agregados macroeconômicos e do custo recessivo da desinflação
• Importância da independência estatutária do Bacen
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3.2
Transparência e comunicação com o público
• Cumprimento das metas pode ser excessivamente custos, devido a:
— choques de oferta inesperados de grande magnitude
— defasagem do efeito dos instrumentos sobre os objetivos
• Neste caso, afastamento das metas pode ser decisão ótima
• Bacen precisa explicar para o público que esta decisão não reflete leniência com a política
monetária
• Instrumentos: Atas das Reuniões do COPOM, Relatórios de Inflação, GERIN
3.3
Regime de câmbio flutuante
• Meta cambial: taxa de juros endogenamente determinada para garantir o equilíbrio externo
• Meta cambial limita o uso dos instrumentos de política monetária pelo Bacen para perseguir
as metas de inflação
• Regime de câmbio flutuante: taxa de câmbio endogenamente determinada para garantir o
equilíbrio externo
3.4
Ausência de dominância fiscal
• Solvência do setor público: condição necessária para o funcionamento adequado do regime
MI
• Dominância fiscal: setor público insolvente
• Elevação da taxa de juros diante de choques inflacionários =⇒ Aumento do serviço da
dívida pública e da razão dívida/PIB =⇒ Aumento da probabilidade de default sobre a
dívida pública =⇒ Spread mais elevado =⇒ Desvalorização cambial =⇒ Inflação
• Dominância fiscal =⇒ Aumento das expectativas de inflação
• Dominância fiscal =⇒ Taxa de juros mais alta para a mesma de inflação =⇒ Maior custo
recessivo
• Outras consequências: excessiva volatilidade da taxa de juros, perda de credibilidade
• Problema agravado pela indexação de parte da dívida pública à taxa de câmbio e a SELIC
• Solução: regime fiscal sólido
— Superávits fiscais =⇒ Redução da Dívida/PIB
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— Reformas institucionais
— Desindexação e alongamento do prazo da dívida pública
3.5
Ausência de dominância financeira
• Alavancagem excessiva e fragilidade do setor financeiro =⇒ Relutância do Bacen em aumentar a taxa ade juros diante de choques inflacionários =⇒ perda de credibilidade =⇒
Aumento da expectativa de inflação
• Mercados financeiros pouco desenvolvidos e concentrados no curto prazo =⇒ Enfraquecimento dos mecanismos de transmissão monetárias (taxa de juros de curto prazo mais alta
para alcançar a meta =⇒ maior volatilidade da taxa de juros de curto prazo; maior desequilíbrio fiscal
• Problema agravado pela presença siginificativa de bancos públicos
• Solução: regulação e supervisão
3.6
Ausência de dominância cambial
• Economias abertas e pequenas: vulnerabilidade a choques externos (termos de troca)
• Economias emergentes: paradas súbitas no fluxo externo de capital (suden stops)
— deterioração dos fundamentos domésticos
— efeito-contágio
• Fragilidade do setor externo =⇒ Vulnerabilidade externa =⇒ Maior dificuldade no cumprimento das metas
— Volatilidade da taxa de câmbio e da taxa de juros
— Piora no trade-off entre inflação e produto
— Aumento das expectativas de inflação
— Desestímulo às exportações
— Piora das contas públicas: parte da dívida pública atrelada ao câmbio e a SELIC
— Aumento do encargo da dívida externa =⇒ falências =⇒ recessão
— Perda de credibilidade
• Fear of floating: intervenções do Bacen no mercado de câmbio =⇒ perda de credibilidade
no sistema de metas
• Soluções:
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— Melhoria nos fundamentos domésticos
— Maior integração econômica e financeira
— Diversificação das exportações
— Acúmulo de reservas internacionais
— Intervenções estabilizadoras ("dirty floating"):
∗ taxa de câmbio alinhada ao seu valor fundamental
∗ redução da volatilidade excessiva do câmbio
∗ importância da comunicação com o mercado
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Desenho Institucional
• Como implementar na prática do sistema?
• Principais preocupações:
— choques inespaerados
— defasagem do efeito dos intrumentos sobre os objetivos
— risco dos modelos
4.1
Núcleo ou Inflação Cheia
• Núcleo da inflação menos volátil que a taxa cheia
• Núcleo exclui preços administrados e ítens muito voláteis
• Menor representatividade do núcleo da inflação
• Histórico de manipulação de índices no Brasil
4.2
Escape clauses
• Circunstâncias excepcionais que justificam o não cumprimento das metas: choques nos termos de trioca, sudden stops, desastres naturais, impostos indiretos, preços regulados,...
• Vantagem: maior flexibilidade
• Desvantagem: perda de credibilidade
• Brasil não adota este instrumento
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4.3
Bandas
• Trade-off entre flexibilidade e credibilidade
• Bandas muito curtas: pouca flexibilidade
• Bandas muito largas: leniência do Bacen
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Metas de Inflação no BrasiI
• Crise cambial e flexibilização do câmbio (Janeiro de 1999): fim da âncora cambial que
disciplinava preços e salários
• Necessiade de uma nova âncora nominal: instituição do regime de metas de inflação em julho
de 1999
• Metas estabelecidas pelo CMN, presidido pelo Ministro da Fazenda
• Índice de inflação: IPCA cheio, divulgado pelo IBGE
• Cumprimento das metas delegado ao Banco Central
• Carta aberta do Presidente do Bacen ao Ministro da Fazenda em caso de descumprimento
• Política fiscal sólida, supervisão e regilação bancária, instituição do COPOM
• Superávit primário fiscal/PIB: 0.01% (1998) para 3,23% (1999)
• Avaliação: inflação em nível baixo mesmo com taxa de câmbio flutuante e choques inflacionários, redução da volatilidade dos agregados macroeconômicos
• Experiência de outros países
• Principais desafios:
— preços adminstrados
— volatilidade cambial
— construção de credibilidade
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5.1
Preços administrados
• Regime de metas adotado após conjuntura de inflação elevada (Plano Real 1994): existência
de mecanismos de indexação
• Preços livres X preços administrados
• Preços livres determinados por expectativas de inflação, indexação de preços, repasse cambial, hiato do produto
• Preços administrados: reajustes periódicos; indexação à inflação passada e/ou desvalorização
cambial
• Setores com preços administrados: eletricidade, gasolina, telefoen fixo, transporte urbano,
planos de saúde, gás, água,...
• Participação do IPCA (2004): livres (61,3%); administrados (38,7%)
• Efeito da política monetária mais fraco e defasado sobre preços administrados
• Maior participação dos preços administrados =⇒ Maior grau de persistência da inflação =⇒
Menor eficácia dos instrumentos de PM =⇒ Maior dificuldade do regime de MI (maior custo
recessivo, volatilidade dos agregados, etc)
• Problema agravado pela...
— forte exposição a choques externos e de oferta e....
— pela rigidez de preços para baixo: efeito inflacionário das mudanças de preços relativos
provocadas por choques
• Choques externos em 2001 e 2002: crise de energia, desaceleração da economia mundial, 11
setembro, crise argentina, efeito-Lula, desregulação do setor de derivados do petróleo,...
• Reorientação do regime de metas a partir de 2002 para dar maior flexibilidade à política
monetária, sem perda de credibilidade
— política monetária acomoda totalmente apenas os efeitos de primeira ordem dos choques
sobre preços administrados
— política monetária acomoda parte dos efeitos de segunda ordem dos choques, os quais
decorrem da inércia inflacionária
— meta ajustada=meta original + efeitos de primeira ordem dos choques no preços administrados + efeito de segunda ordem de choques anteriores acomodados
— comunicação com mercado fundamental para garantir credibilidade
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5.2
Construção de credibilidade
• Comportamento das expectativas de inflação
— expectativas não se afastaram significativamente do target mesmo na presença de chqoes
inflacionários
— metas parecem comandar formação de expectativas
— evidência empírica que sustenta avaliação positiva do regime no caso barasileiro
• Mudança na dinâmica da inflação: processo de ajustamento de preços menos backwardlooking
• Forte reação do Bacen aos desvios da inflação esperada da meta: condução forward-looking
da política monetária
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