1 LAVAGEM DAS MÃOS: UMA ANÁLISE PERCEPTIVA DA SUA IMPORTÂNCIA NO CONTROLE DAS INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE SOB O OLHAR DA EQUIPE DE ENFERMAGEM Mariângela Gobatto 1 Silvana Aparecida Turatto Longhi 2 O ato de lavar as mãos, é uma medida bastante antiga no controle de infecção, atualmente é uma atitude que nem sempre vem sendo cumprida da maneira correta e para os fins corretos. A partir do século XIX, estudiosos perceberam o quão importante era a utilização desta medida quando em contato com vários pacientes. Desde então, Holmes introduziu a lavagem das mãos como medida de prevenção na transmissão da “febre puerperal”, onde se mantinha o contato com puérperas infectadas e puérperas sadias; e Ignaz Semmelweis que instituiu o ato de lavar as mãos como forte aliada, ou seja, a melhor medida para o controle de infecção hospitalar. (RODRIGUES et al., 1997). Os profissionais que trabalham nas instituições de saúde necessitam ter conhecimento sobre a verdadeira importância da lavagem das mãos e a correta higienização das mesmas, sendo que esta medida está relacionada com as boas práticas de higiene do ambiente que possibilitam ao paciente proteção contra infecções durante todo o período de internação. A maior parte dos profissionais, entre auxiliares, técnicos e enfermeiros, lavam suas mãos de uma maneira corriqueira, como a desenvolvem no dia-a-dia em suas residências, ou seja, como se não estivessem em âmbito hospitalar, dando então menor ênfase a esta medida tão necessária. Com enfoque nisto, tivemos como objetivo geral averiguar o conhecimento da equipe de enfermagem acerca da correta lavagem das mãos no controle das infecções relacionadas à assistência à saúde, através dos seguintes objetivos específicos: conhecer a percepção da equipe de enfermagem sobre a importância da lavagem das mãos no controle das infecções relacionadas à assistência à saúde; identificar em que situações a equipe utiliza a lavagem das mãos; e identificar a técnica utilizada pela equipe. O estudo foi realizado em uma unidade de internamento para pacientes em tratamento clínico, pré e pós-cirúrgico localizado em um hospital geral da cidade de Pato Branco – PR. A população pesquisada foram cinco funcionários da equipe de enfermagem da unidade, composta por: um (a) enfermeiro (a) e quatro funcionários de enfermagem entre técnicos e auxiliares. Utilizou-se a entrevista semi-estruturada e a observação não- 2 participante, sendo realizadas em âmbito hospitalar cinco entrevistas no período de 22 a 24 de agosto de 2006 com gravação em áudio e quatro observações nãoparticipantes realizadas entre os dias 13 a 15 de setembro de 2006. No turno matutino foi observada a técnica da lavagem das mãos durante a realização do banho no leito, no turno vespertino durante a troca de curativos, na noite par durante o preparo e administração das medicações e na noite ímpar durante a verificação dos sinais vitais. Observando os princípios da ética e do sigilo de acordo com a Resolução nº 196/96, todos os participantes da pesquisa tiveram suas assinaturas recolhidas no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do Participante. A percepção da equipe de enfermagem frente à importância para com a técnica de lavagem das mãos foi abordada pelos profissionais como a prevenção para o controle das infecções, prevenção das infecções cruzadas, diminuição do risco de infecção e também como proteção para si. Frente à técnica de lavagem das mãos, os profissionais apresentaram conhecimento teórico a respeito da utilização da técnica, pois citaram o seu uso em várias situações, como antes de alimentar-se, após ir ao banheiro, antes e depois de um procedimento, antes e após preparar um medicamento e administrá-lo e a cada manipulação com o paciente, mas não relacionaram a teoria à prática no período em que foram observados e também não seguiram as etapas preconizadas pela CCIH – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. Durante as observações realizadas no âmbito hospitalar, as quais possibilitaram estabelecer uma relação entre os relatos e a prática, percebeu-se que a técnica de lavagem das mãos vem sendo banalizada e negligenciada pelos profissionais, ocorrendo então certo descomprometimento uma vez que é uma medida eficaz no controle das infecções, visto sua comprovação desde o século XIX por Holmes e Semmelweis. Outros procedimentos que foram realizados como: banho no leito, preparação e administração de medicações, troca de curativos e verificação de sinais vitais também não visaram a correta técnica em seu andamento, propiciando possivelmente a disseminação de microorganismos entre um paciente e outro. Enfatiza-se que a técnica de lavagem das mãos que fora observada durante o turno de cada profissional não seguiu todos os passos preconizados, pois ocorreram pequenos deslizes durante o procedimento, como a falta de rigor na seqüência das etapas. Diante de todas as observações e relatos, se faz necessária maior intervenção na prática, ou seja, a técnica de lavagem das mãos é precária e necessita de aprimoramento e educação para que seja desempenhada 3 da maneira correta por todos os funcionários, podendo esta contribuir significativamente para o controle de infecção. Referente a baixa adesão que toda a equipe demonstrou para com a técnica de lavagem das mãos, foram sugeridas algumas estratégias que poderão ser implementadas como forma de incentivar a técnica de lavagem das mãos, a fim de fortalecer esta prática em todo o ambiente hospitalar como importante medida no controle de infecção. A educação continuada referente à técnica de lavagem das mãos está um pouco distante da rotina dos profissionais de saúde, por este motivo faz-se necessário um olhar mais atento do enfermeiro como líder da equipe, pois assim todos os funcionários sentem-se seguros e amparados por alguém que não esteja envolvido apenas com a administração da unidade, mas que esteja envolvido também com o trabalho que cada funcionário realiza, permeando uma condição de confiança, respeito e amizade, para que possam crescer juntos em prol de um trabalho prazeroso e um atendimento de qualidade. Os problemas referentes à técnica foram logo percebidos, quando relacionamos teoria e prática constatamos que a técnica de lavagem das mãos enquanto teoria é conhecida por todos, mas na prática percebemos que se torna uma medida insuficientemente desenvolvida pela equipe. Percebemos que cada funcionário desenvolve técnica própria de lavagem das mãos, podendo esta seguir ou não os passos preconizados pela CCIH, ocasionando assim um descomprometimento e um descaso para com as infecções. É necessário que haja por parte dos profissionais responsabilidade e conscientização para que estes vejam a importância desta medida e alterem sua atitude. Acredita-se que a educação continuada possa vir a contribuir para o crescimento de cada profissional, sendo que esta deve ser desenvolvida pelo enfermeiro, membro atuante da equipe que tem subsídios para exigir e fortalecer uma correta técnica de lavagem das mãos, desde que bem discutida e definida como uma medida de importância significativa para a qualidade do atendimento e assistência prestada. Portanto, como forma de conscientizar o profissional de sua responsabilidade sobre o controle das infecções relacionadas à assistência à saúde, algumas estratégias podem ser implementadas no trabalho diário do funcionário, pois além de despertar o interesse dos funcionários resgatarão a prática de boas medidas preventivas e interromperão com possíveis falhas no serviço. Palavras-chave: Lavagem das mãos. Controle de infecção. Educação continuada. 4 1 Enfermeira especialista em Enfermagem do Trabalho. Orientadora. Docente do Curso de Enfermagem da Faculdade de Pato Branco – FADEP, Pato Branco – PR. 2 Enfermeira especialista em Enfermagem de Emergência. Relatora. Endereço: Rua Pedro Ramires de Melo, 21. Ap. 701. Centro. Pato Branco – PR CEP 85501-250 Pato Branco – PR. Telefone: (46) 3225-8002 / Fax: (46) 3224-3170. Endereço eletrônico: [email protected]