SABER E PREVENIR: CONHECIMENTO, ATITUDE E PRÁTICA DO AUTO EXAME DA MAMA DA SILVA, Francieli Carolina Novaski1;THUM,Cristina2 INTRODUÇÃO Na década de 50, nos Estados Unidos, o autoexame das mamas surgiu como estratégia para diminuir o diagnóstico de tumores de mama em fase avançada. Ao final da década de 90, ensaios clínicos mostraram que o autoexame das mamas não reduzia a mortalidade pelo câncer de mama (THORNTON, PILLARISETTI, 2010). A política de alerta à saúde das mamas destaca a importância do diagnóstico precoce e significa orientar a população feminina sobre as mudanças habituais das mamas em diferentes momentos do ciclo de vida e os principais sinais do câncer de mama. A orientação é que a mulher realize a auto palpação sempre que se sentir confortável para tal, seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano, este deve ser feito mensalmente para que a mulher fique familiarizada com a aparência normal e textura das mamas (INCA, 2011) Ao realizar a técnica, deve-se atentar a existência de nódulos, abaulamentos ou retrações da pele e do complexo aréolo-mamilar ou ainda secreções mamilares existentes. Oautoexame deve ser realizado uma vez a cada mês, na semana seguinte ao término da menstruação. As mulheres que não menstruam devem fazer o autoexame no primeiro dia de cada mês. Os fatores de risco determinam um grupo de pessoas que se tornam mais expostas ao câncer de mama e que devem ser examinadas com maior cuidado e frequência.Os fatores comprovados por pesquisas científicas são:idade, históricos de doenças proliferativas, antecedentes familiares, e exposição a radiações ionizantes. No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%. Relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente. O Brasil estimula 1 Acadêmica do 8º semestre do Curso de Graduação de Enfermagem, Universidade de Cruz Alta. E-mail: [email protected] 2 Docente do Centro de Ciências Agrárias e da Saúde-CCSA da Universidade de Cruz Alta-UNICRUZ.Mestre em Enfermagem e Saúde / FURG, doutoranda em Gerontologia Biomédica PUCRS. Email: [email protected] 57.120 (2014 – INCA) no ano de 2014. Porém se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom (INCA, 2014). É salutar ressaltar que a mamografia e o exame clínico das mamas são os únicos meios efetivos de detecção precoce do câncer de mama. A técnica do autoexame é importante para que a mulher apenas conheça o próprio corpo.Tendo em vista que o câncer de Mama é uma doença passível de prevenção a partir da detecção precoce de suas lesões precursoras, o presente estudo tem como objetivo, descrever formas diagnósticas do câncer de mamas e faixa etária das mulheres que realizam o autoexame das mamas. METODOLOGIA Pesquisa qualitativa descritiva exploratória, por meio de revisão de literatura. As fontes pesquisadas foram os materiais impressos, como livros, dissertações, teses, documentos do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação, bem como a busca nas bases de dados do Scientífic Eletronic Library Online do ano de 2010 à 2014, foram encontrados 15 estudos referentes a temática autoexame das mamas porém apenas 6 vinham de encontro com o objetivo do estudo. Para tanto, foram utilizados descritores em Ciência da Saúde (DeCS) como: Câncer. Prevenção. Mamas. Mulheres. Foram selecionados os estudos pertinentes e em seguida, realizou- se a leitura dos trabalhos selecionados, sendo as informações sistematizadas e categorizadas, visando atender o objetivo da proposta. Ressalta-se que foram respeitadas integralmente as ideias dos autores, conforme preconizado na normativa referente aos direitos autorais. RESULTADOS E DISCUSSÕES Vários métodos são empregados para o diagnóstico precoce do câncer de mama, como a mamografia e ultrassonografia, que identificam tumores não palpáveis, menores que 1 cm, porém apresentam alto custo e não fornecem resultados operacionais para serem aplicados em populações. Dessa forma, o autoexame das mamas(AEM) deve inserido num processo educativo, juntamente com o exame clinico das mamas por profissional treinado, como estratégia de escolha. Por isso, tornou-se importante estudar a frequência do conhecimento e da prática do AEM. Em relação ao grau de conhecimento e a prática correta do mesmo, o estudo realizado por Freitas Júnior et al. (2011) diz que apenas um terço das mulheres que conheciam o AEM o realizavam de forma sistemática. A frequência da realização do autoexame influencia diretamente no diagnóstico do mesmo. Segundo Laganá et al. (2010), para mulheres que nunca praticaram o AEM, geralmente os nódulos cancerígenos identificados medem 3,5 cm, para as que o praticam eventualmente, os nódulos têm cerca de 2,5 cm; e, para as que o fazem mensalmente, são identificados com aproximadamente 2 cm ou menos. Aquelas que praticam o autoexame e descobrem nódulos, têm expectativa de vida de 75% e as que não o fazem reduzem suas chances para 59%. Conforme Caetano e Helene (2010),justifica-seo fato de que a maioria dos serviços que realizam atendimento em saúde da mulher apresentam propostas que não são acompanhadas de treinamento adequando para a prática do AEM. Laganá e Imanische (2010) também afirmam que o serviço de saúde e os meios de comunicação em massa são os maiores disseminadores do conhecimento e ensino da prática do AEM. Em relação à idade, as mulheres que mais realizam o exame corretamente ou com a frequência preconizada são aquelas cuja faixa etária é 35 a 49 anos, onde há maior incidência da doença, o que pode proporcionar diagnóstico precoce, importante num período em que a mulher é economicamente ativa e pode estar constituindo família. O fato é de que as mulheres idosas não realizam o exame é explicado por terem dificuldades como: diminuição do tato, da visão e da sensibilidade; aumento do pudor em se despir e se tocar, e maior incidência de osteoartrite. Além disso, mulheres nessa faixa etária são menos receptivas a novas informações e já não apresentam auto-cuidado tão pronunciado com as mamas, associando isto ao fato de terem entrado na menopausa. Notou-se, ainda, que as mulheres jovens (20 a 29 anos) também não realizam o autoexame, fato atribuído à ideia de que pela pouca idade não há necessidade de prevenção nem risco de apresentar a doença.( MONTEIRO, ARRAES, PONTES, 2013) Por este motivo quando mais cedo houver a educação sobre o autoexame mais mulheres podem se prevenir contra o câncer de mama.Apesar de o autoexame ser uma prática passível de realização por todas as mulheres, deve-se enfatizar como principais estratégias de rastreamento populacional, um exame mamográfico pelo menos a cada dois anos para mulheres de 50 a 69 anos e o exame clínico anual das mamas, para mulheres de 40 a 49 anos. O exame clínico da mama deve ser realizado em todas as mulheres que procuram o serviço de saúde, independente da faixa etária, como parte do atendimento à saúde da mulher. CONSIDERAÇÕES FINAIS A ocorrência do câncer de mama traz modificações tanto para a mulher como para todos os que convivem com ela.Os resultados aqui apresentados sugerem a necessidade de se ampliar o acesso às informações sobre o autoexame principalmente para mulheres com menos de 40anos que referem-se conhecer o autoexame, mas não praticá-lo.Para que a prática do AEM consiga alcançar seu objetivo de detecção precoce do câncer e queda da mortalidade, as campanhas sobre este assunto devem ser realizadas de modo a fornecer informações mais completas sobre atécnica e a importância do auto-cuidado. Palavras-chave: Câncer. Prevenção. Mamas. Mulheres. REFERÊNCIAS CAETANO V.C, HELENE L.M.F.H. Autoexame das mamas: um estudo das mulheres que ocupam o território da Unidade de Saúde Ambulatorial. Qualis. Anais do 7º Congresso Paulista de Saúde Pública,Santos, Brasil. São Paulo: Associação Paulista de Saúde Pública. p.120,2011. FREITAS; J. R., Soares V.F., MELO N.F., ANDRADE M.L., PHILOCREON G.R. Fatores determinantes do conhecimento e prática do autoexame de mama. Revista Brasileirade Ginecologia e Obstetricia, 18:387-91, 2011. INCA. Instituto Nacional de Câncer. Tipos de câncer. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/colo_utero>. Acesso em: 10 de março de 2014. LAGANÁ; M.T.C., GUALDA ;D.M.R., HASHIMOTO; M.R.H, IMANICHI; R.M. Auto exame de mama: identificação dos conhecimentos, atitudes, habilidades e práticas (CAHP) requeridos para elaboração de propostas educativas. Rev Esc Enfermagem USP 2010;. MONTEIRO,A. P.;ARRAES,E.;PONTES,L.;CAMPOS, et al; Autoexame das Mamas:Frequência do Conhecimento, Prática e Fatores Associados;RBGO - v. 25, nº 3, 2013. THORNTON, H.; PILLARISETTI, R.R. ‘Breast Awareness’ and ‘breast self-examination’ are not the same. What do these terms mean? Why are they confused? What can we do? European Journal of Cancer, vol.44, pag.2118-2121,2010.