Arq Bras Cardiol volume 72, (nº 2), 1999 Leirner & Cestari Atualização Potencial de ação monofásico Potencial de Ação Monofásico. Novas Aplicações para uma Técnica Antiga Adolfo A. Leirner, Idágene A. Cestari São Paulo, SP Desde que no século 18 Galvani introduziu o conceito de “eletricidade animal”, potenciais elétricos foram observados e registrados em diferentes nervos e músculos, inclusive em corações e preparações isoladas de tecido cardíaco. Verificou-se que ao se medir a diferença de potencial entre uma pequena área macerada do coração e uma área íntegra, a região lesada mostrava-se negativa em relação à intacta (fig. 1-A) e o potencial, assim observado, foi chamado de potencial de lesão. A existência de um potencial celular foi inferida através da medição deste potencial de lesão. A explicação provável para a existência deste potencial é que a lesão destrói a permeabilidade seletiva da membrana celular, diminuindo sua resistência elétrica, de forma a permitir que um eletrodo colocado na região lesada efetue contato com o citoplasma da célula, através de um caminho fluido de resistência relativamente baixa 1 . Este mesmo termo foi posteriormente usado em eletrocardiografia para designar um tipo de supradesnivelamento do segmento ST, referindose, no entanto, a um fenômeno distinto. Usando o método dos potenciais de lesão descobriuse que certas células, classificadas como excitáveis, sofriam alterações bruscas e transitórias no potencial de repouso, com posterior retorno ao valor inicial (fig. 1b). Este ciclo foi chamado potencial de ação celular. Em 1883 Burdon-Sanderson e Page 2 obtiveram registros contínuos dos potenciais gerados nos batimentos cardíacos do sapo. Numa de suas observações, ao colocarem um eletrodo na superfície intacta do coração e outro numa região lesada, obtiveram o registro de um potencial transitório monofásico (uma só polaridade), em contraposição aos registros transitórios multifásicos (polaridades positivas e negativas) até então conhecidos, o que deu origem à denominação de potencial de ação monofásico (PAM), cuja forma era muito semelhante ao potencial de ação celular obtido posteriormente pela técnica de empalamento da célula por microeletrodos (PT). Em fins do século 19 já se sabia que as correntes elétri- Instituto do Coração do Hospital das Clínicas - FMUSP Correspondência: Adolfo A. Leirner - Rua Pernambuco, 15 - 4º - 01240-020 São Paulo, SP Recebido para publicação em 11/9/98 Aceito em 25/11/98 cas geradas em cada batimento cardíaco podiam ser detectadas na superfície do organismo. Esse fato, aliado à descoberta do galvanômetro de corda por Einthoven 3 , propiciou, no começo deste século, o aparecimento da eletrocardiografia. Com os potenciais cardíacos medidos na superfície do corpo, a eletrofisiologia deixou de ser praticada apenas no laboratório, passando a ter aplicações clínicas importantes. Esses registros eram geralmente multifásicos. Em 1920 Mann 4 introduziu a vetorcardiografia (VCG), estendendo ao espaço os conceitos da eletrocardiografia, que eram limitados ao plano. Paralelamente à obtenção desses potenciais multifásicos de superfície, prosseguiram as pesquisas sobre os potenciais de lesão para o estudo do ciclo completo despolarizaçãorepolarização (monofásico) da célula cardíaca. No fim da década de 30, o empalamento do axônio gigante da lula, por meio de eletrodos, deu origem a um poderoso recurso experimental com a medição de forma direta da diferença de potencial, entre o interior e o exterior de uma única célula. A técnica do empalamento celular foi aplicada à célula cardíaca em 1949 por Coraboeuf e Weidmann 5 e, em 1950, por Woodbury e cols. 6 . Muitas das teorias desenvolvidas para o axônio gigante da lula puderam ser aplicadas às células do coração, elucidando o papel do sódio 5 , do potássio 7 e do cálcio 8 . Os importantes achados teóricos promovidos pelo método do empalamento celular fizeram com que a pesquisa sobre potenciais celulares cardíacos se concentrasse nas medições transmembrana, deixando, para um segundo plano a antiga técnica do potencial monofásico de lesão. Em 1966, Korsgren e cols. 9 utilizaram trabalhos de Schutz 10 (1931) introduzindo um eletrodo de sucção, que captava potenciais monofásicos com grande simplicidade e que dispensava a produção de uma lesão miocárdica específica, pois esta já era provocada pela própria sucção. Desta forma, conseguiu registrar o PAM do ventrículo direito de um paciente demonstrando uma aplicação clínica da técnica de registro dos PAMs. Esse trabalho pioneiro foi aperfeiçoado por Olsson 11 , Olsson e cols. 12 , assim como por outros pesquisadores 13 ,14 que refinaram a técnica do eletrodo de sucção e demonstraram a utilidade do registro dos PAMs na eletrofisiologia cardíaca. No entanto, a sucção apresentava riscos de embolia gasosa e de lesão mecânica irreversível ao miocárdio 15 . Em 1986, Franz e cols. 16 , baseando-se nas ob- 231 Leirner & Cestari Potencial de ação monofásico Fig. 1 - A) Ilustração esquemática do potencial de lesão; B) ilustração esquemática do potencial de ação obtido através da técnica de lesão. servações feitas por Jochim e cols. 17 em 1934, produziram um cateter-eletrodo (fig. 2) que, ao simples contato com o miocárdio, obtinha um PAM estável e de boa qualidade, eliminando os riscos da sucção. Desta forma, a técnica dos PAMs que ficara esquecida sob o impacto das medidas transcelulares voltou a ser considerada como ferramenta útil no arsenal da eletrofisiologia cardíaca experimental e clínica. O potencial de ação monofásico comparado ao potencial transmembrana e aos eletrogramas Na segunda metade deste século, resumidamente, a eletrofisiologia cardíaca podia contar com os eletrogramas latu sensu, com as medições transmembrana in vitro realizadas em células isoladas e com aquelas efetuadas no tecido do animal vivo, utilizando os potenciais monofásicos de lesão. Os eletrogramas latu sensu (que incluem o eletrocardiograma (ECG) de superfície em todas suas variantes e os registros eletrográficos endocavitarios) são medidas que fornecem uma visão “à distância” dos fenômenos elétricos cardíacos, pois representam a somatória da atividade elétrica celular de uma maior ou menor área do coração, dependendo da técnica empregada. O que se obtém na realidade é o retrato dos potenciais de ação distorcidos por sua Fig. 2 - Cateter de PAM em ventrículo direito, acompanhado de esquema da situação dos eletrodos em relação ao miocárdio. 232 Arq Bras Cardiol volume 72, (nº 2), 1999 soma algébrica, dispersos no tempo e no espaço e modificados ainda pelas capacitâncias e resistências encontradas no trajeto 18 . Escondem fenômenos elétricos celulares durante grande parte do ciclo cardíaco, quando a ausência de gradientes elétricos no órgão cria um verdadeiro “silêncio elétrico” à distância (fig. 3). Modelos matemáticos, com dipolos e multipolos têm sido desenvolvidos 19 , no entanto, uma relação bem definida entre os potenciais de ação e os eletrogramas carece de fundamento científico. O que temos são tentativas didáticas úteis, porém pouco científicas, de relacionar potencial de ação e ECG em algumas situações 20 ,21 . No diagnóstico de alterações anatômicas, metabólicas, iônicas e hemodinâmicas, a utilização dos eletrogramas só foi possível graças a inúmeras correlações empíricas. No entanto, os eletrogramas fornecem dados muito precisos e úteis, quanto ao momento da ocorrência de eventos elétricos do ciclo cardíaco, daí sua importância fundamental no diagnóstico das arritmias. A vetor-eletrocardiografia ou simplesmente VCG toma por base o modelo do dipolo simples, representado por um vetor, criando um sistema de três eixos ortogonais, que definem três planos perpendiculares entre si, sobre os quais se desenha a projeção da trajetória da ponta desse vetor, que num ciclo cardíaco, forma uma alça 22 ,23 . Enquanto no ECG as informações importantes são o tempo e a amplitude, no VCG são a direção e o sentido de propagação. No VCG a relação entre o traçado e os potenciais de ação torna-se ainda mais distante que no ECG. Em muitas ocasiões, é importante o conhecimento detalhado de toda a extensão temporal do potencial de ação celular. Neste caso nos restam dois métodos: a medida do PT por empalamento celular e o método do PAM. Por exemplo, se desejarmos classificar ou estudar o mecanismo de ação de um agente antiarrítmico 24 ,25 é fundamental conhecermos o potencial de ação em toda sua extensão. Neste e em muitos outros casos é preciso recorrer a uma das duas alternativas citadas. Fig. 3 - Ilustração esquemática da relação temporal entre eletrocardiograma (ECG), eletrograma (EG) e o potencial de ação monofásico (PM) de átrio e ventrículo. Arq Bras Cardiol volume 72, (nº 2), 1999 Podemos considerar que a principal vantagem do PAM em relação ao PT 26 consiste em possibilitar registros endocárdicos ou epicárdicos in vivo e in situ, no coração intacto, facilitando o intercâmbio entre o laboratório de pesquisa básica e o cenário clínico. Observa fenômenos eletrofisiológicos regionais do coração sem interromper a organização intrínseca do tecido, assim como as inter-relações normais ou patológicas do coração com o organismo. Como veremos adiante, em grande número de situações é o único método existente para visualizarmos o potencial de ação em situações que sua observação deve ser feita num coração íntegro batendo in vivo ou ex vivo. Por outro lado, algumas desvantagens existem: o PAM não fornece valor absoluto dos potenciais de ação e de repouso, sendo útil apenas para caracterização morfológica e seguimento evolutivo dos potenciais; não fornece indicações exatas do tempo de subida do potencial de ação celular. A velocidade de subida do PAM é da ordem de 10 V/s, enquanto o medido pelo PT é da ordem de 200 V/s, significando que o PAM retrata fielmente a forma das fases 2, 3 e 4 do potencial de ação celular, mas não as das fases 0 e 1 27 ,28; contrariamente ao PT, o PAM é um registro multicelular, fornecendo um traçado que é a média dos potenciais de ação de várias células, cobrindo uma região de aproximadamente 5mm de diâmetro centrada sobre o eletrodo. Portanto, não é possível garantir que as medidas reflitam populações homogêneas de células. Leirner & Cestari Potencial de ação monofásico Coração da FMUSP 29 . A tabela I mostra os dados fornecidos automaticamente pelo software após a análise dos PAMs da figura 6. Fig. 4 - Esquema do eletrodo epicárdico para obtenção do PAM. Obtenção do potencial de ação monofásico O sinal do PAM é obtido por eletrodos que devem estar em contato com o miocárdio. Desta forma, podemos ter dois tipos de eletrodos: o epicárdico e o endocárdico. A aplicação do eletrodo epicárdico (fig. 4) necessita de contato direto com o epicárdio e, portanto, da exposição do coração através de um procedimento cirúrgico. Já o eletrodo endocárdico (fig. 2) pode ser fixado à extremidade de um cateter e atingir o endocárdio por via vascular, possibilitando sua utilização clínica com risco mínimo para o paciente. O sinal de potencial monofásico (PAM) captado pelo cateter eletrodo deverá ser amplificado em polígrafo compatível com sinais fisiológicos e registrado para análise posterior em sistema de armazenamento de sinais, seja este analógico ou digital (figs. 5 e 6). A descrição quantitativa do PAM pode ser feita através de grande número de parâmetros. Os mais comumente adotados são Vm, t20, t50 e t90, conforme ilustra a figura 7. Ao contrário do ECG, o PAM é um sinal cujas alterações morfológicas são freqüentemente pouco evidentes ao exame visual. Apenas em alguns casos, este exame nos fornece dados evidentes. Uma das opções é medir com régua e compasso os parâmetros acima definidos a fim de caracterizarmos o potencial medido, o que pode tornar o método pouco prático. Para facilitar sua aplicação, podemos recorrer a um software específico de modo que a analise quantitativa do PAM seja efetuada automaticamente, fornecendo os diversos tempos e amplitudes. A figura 6 ilustra uma série de PAMs após a conversão A/D efetuada pelo sistema de aquisição e processamento desenvolvido no Instituto do Fig. 5 - Registro analógico de PAM obtido em polígrafo. Fig. 6 - Ilustração do potencial monofásico após conversão analógico-digital. 233 Leirner & Cestari Potencial de ação monofásico Arq Bras Cardiol volume 72, (nº 2), 1999 tencial de ação do músculo atrial em toda sua extensão. Vários aspectos da relação entre fibrilação atrial (FA) e potencial de ação da célula atrial puderam ser estudados por Olsson e cols. 31 , que observaram um PAM encurtado no átrio dos pacientes com tendência a FAs repetidas pós cardioversão. Ainda Olsson 11 observou um PAM atrial encurtado em pacientes com hipertireoidismo. Fig. 7 - Diagrama explicativo das definições de T20, T50 e T90. A amplitude de referência é representada por Vm. Alguns exemplos de aplicações do método do potencial de ação monofásico A exposição a seguir apresenta apenas alguns trabalhos escolhidos na vasta literatura existente, para dar ao pesquisador sugestões e exemplos sobre as possibilidades do método. Faltarão seguramente várias aplicações que, no entanto, seguem os princípios básicos dos exemplos abaixo. Relação entre potencial de ação e eletrocardiograma - Podemos estudar as relações entre os potenciais de ação e os ECGs de superfície. Leirner 29 determinou experimentalmente um coeficiente de correção do intervalo QT em função do RR (dQT/dRR) usando o método do PAM e aproveitando as observações de Franz e cols. 30 que relacionaram as características da onda T do ECG com a repolarização através da medida do T90. Eletrofisiologia do músculo atrial - A onda P, que representa a contração atrial no ECG, é pobre em informações por ser de pequena amplitude e ter sua repolarização mesclada ao complexo QRS. Com o PAM, podemos examinar o po- Tabela I - Planilha gerada a partir da análise de potenciais monofásicos Arquivo: MAP P(n o) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média Desvio padrão 234 RR(ms) dV/dt(V/s) T90(ms) T50(ms) T20(ms) 283,0 305,4 307,2 289,0 297,6 303,2 320,0 287,6 273,4 305,0 297,1 13,1 5,44 5,56 5,56 5,69 5,44 5,62 5,62 5,56 5,56 5,44 5,50 0,1 167,0 164,6 164,6 164,8 165,4 163,8 165,2 165,8 163,8 165,2 165,0 0,9 132,8 132,2 130,8 132,6 131,0 131,4 130,2 131,6 129,8 131,4 131,4 0,9 94,80 89,80 92,80 95,00 89,80 90,20 91,00 95,00 86,20 91,40 91,60 2,7 Arritmias - Usando-se o PAM encontrou-se associação entre as arritmias que ocorrem nos pacientes com a síndrome do QT longo com anomalias de duração e dispersão temporal de seus PAMs bem como a presença de póspotenciais 32 . A possibilidade de pós-potenciais causarem arritmias cardíacas, bem como os mecanismos de seus aparecimento, foi estudada extensamente com auxílio dos PAMs e resumida por Zipes 33 . Drogas antiarrítmicas - A ação destas drogas está relacionada às alterações que provocam no potencial de ação da célula cardíaca e sua classificação baseia-se nelas 24,25. Inúmeros estudos valeram-se do PAM para observar estas alterações. Para citar apenas um exemplo, no estudo de drogas antiarrítmicas classe III, a amiodarona mostrou a propriedade de aumentar a duração do PAM das células atriais34 . O mesmo tipo de raciocínio poderá ser aplicado para se estudar a ação de desequilíbrios eletrolíticos e ácido-básicos sobre a fibra cardíaca e a gênese das arritmias. Isquemia - A forma do PAM é muito mais sensível que a do eletrograma na detecção da isquemia35 . Neste sentido, várias aplicações foram propostas. Em cirurgias de revascularização, Taggart e cols. 36 avaliaram a eficiência funcional de pontes usando eletrodos epicárdicos e detectando as alterações isquêmicas do PAM, quando o fluxo sangüíneo das mesmas era interrompido. Donaldson e cols. 37 mostraram a grande sensibilidade do PAM às alterações isquêmicas durante angioplastias. Interação entre mecânica cardíaca e potencial de ação - Habitualmente pensamos na atividade elétrica da célula cardíaca, deflagrando a atividade mecânica num sentido único de atuação. No entanto, existem evidências de um caminho inverso, ou seja, a atividade mecânica também poderia provocar alterações no potencial elétrico das células. Este processo recebeu o nome de realimentação contraçãoexcitação, ou realimentação mecanoelétrica 38 . A figura 8, mostra o surgimento de potenciais de ação com pós-potenciais precoces, em extra-sístoles correspondentes a batimentos cardíacos em que a curva de pressão arterial mostra não ter havido ejeção significativa 29. Podem ser considerados como contrações isovolumétricas contra uma pós-carga infinita, provocando alterações visíveis no potencial de ação. Avaliação e mecanismo de ação de fármacos - Esta tem sido uma das aplicações mais freqüentes. Por exemplo, Donaldson e cols. 39 compararam o efeito da nitroglicerina sobre a isquemia miocárdica, através de suas ações sistêmicas e lo- Arq Bras Cardiol volume 72, (nº 2), 1999 Leirner & Cestari Potencial de ação monofásico cais, mostrando a importância da primeira. Um experimento deste gênero jamais seria possível em tecido ou órgão isolado. Conclusão Fig. 8 - Alteração do potencial de ação por solicitação mecânica (realimentação mecano-elétrica). As setas indicam modificação na curva de repolarização em batimentos extra-sistólicos isovolumétricos (modificado de Leirner 29). O método do potencial monofásico representa uma ferramenta muito útil e versátil no arsenal do pesquisador em cardiologia. Sua maior qualidade reside no fato de poder estudar o potencial de ação da fibra cardíaca in vivo e portanto a relação dinâmica deste potencial com todas as variáveis do organismo. Além do mais, não é oneroso e é de aplicação simples. Os cateteres podem ser obtidos comercialmente, ou fabricados nos próprios laboratórios sem grandes dificuldades. O sistema de captação e registro não difere daqueles usados em laboratórios de eletrofisiologia. Em nosso meio, o interesse e aplicação da técnica dos PAMs apenas se inicia 29,40 ,41 podendo representar uma valiosa adição ao arsenal metodológico à disposição daqueles que se dedicam à pesquisa em cardiologia. Referências 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. Sperelakis N - Origin of the cardiac resting potential. In: Berne RM et al. Eds Handbook of Physiology, The Cardiovascular System. Bethesda, Maryland: American Physiological Society, 1979: 188, 193, 211, 257. Burdon-Sanderson J, Page FJM - On the electrical phenomena of the excitatory process in the heart of the frog and of the tortoise, as investigated photographically. J Physiol 1883; 4: 327-38. Einthoven W, Fahr G, De Waart A - On the direction and manifest size of the variations of potential in the human heart and on the influence of the position of the heart on the form of the electrocardiogram. (Translated by Hoffel HE, Sekely P. Pfluger’s Arch f d Ges Physiol 1913; 150: 275-315) Am Heart J 1950; 40: 163-211. Mann H - A method of analyzing the electrocardiogram. Arch Intern Med 1920; 25: 283-94. Coraboeuf E, Weidmann S - Potentials d’action du muscle cardiaque obtenus à l’aide de microelectrodes intracellulaires. Présence d’une inversion de potentiel. Car Soc Biol Paris 1949; 143: 1360-1. Woodbury LA, Woodbury JW, Hecht HH - Membrane resting and action potentials from single cardiac muscle fibers. Circulation 1950; 1: 264-6. Burgen ASV, Terroux KG - The membrane resting and action potentials of the cat auricle. J Physiol (Lond) 1953; 119: 139-52. Orkand RK, Niedergerk R - Heart action potential. Dependence on external calcium and sodium ions. Science 1964; 146: 1176-7. Korsgren M, Leskinen E, Sjostrand U, Varnauskas E - Intracardiac recordings of monophasic action potentials in the human heart. Scand J Clin Lab Invest 1966; 18: 561-4. Schutz E - Monophasische Aktionsströme vom in situ durchbluteten Säugetierherze. Klin Wschrm 1931; 10: 1454-7. Olsson BS - Monophasic Action Potentials of Right Heart. Goteborg: Elanders, 1971. Olsson B, Varnauskas E, Korsgren M - Further improved method for measuring monophasic action potentials of the intact human heart. J Electrocardiology 1971; 4: 19-23. Shabetai R, Surawicz B, Hammil W - Monophasic action potentials in man. Circulation 1968; 38: 341-52. Churney L, Oshima O - An improved suction electrode for recording from the dog heart in situ. J Appl Physiol 1964; 19: 793-8. Olsson B - Right ventricular monophasic action potential during regular rhythm. Acta Med Scand 1972; 191: 145-57. Franz MR, Burkhoff D, Spurgeon H, Weisfeldt ML, Lakatta EG - In vitro validation of a new cardiac catheter technique for recording monophasic action potentials. Eur Heart J 1986; 7: 34-41. Jochim K, Katz LN, Mayne W - The monophasic electrogram obtained from the mammalian heart. Am J Physiol 1934; 111: 177-86. Scher AM, Spach MS - Cardiac depolarization and repolarization and the 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. electrocardiogram. In: Berne RM, Sperelakis N, Geiger SR, eds - Handbook of Physiology. Washington: Amer Physiol Soc, 1979: 357-92. McFee R, Baule GM - Research in Electrocardiography and Magnetocardiography. Proc of the IEEE 1972; 60: 290. Kleeman K, Singh BN - Serum electrolytes and the heart. In: Maxwell MH, Kleeman CR, Narins RG, eds - Clinical Disorders of Fluid and Electrolyte Metabolism. 4th ed. New York: McGraw-Hill, 1987. Surawicz B, Saito S - Exercise testing for detection of myocardial ischemia in patients with abnormal electro-cardiograms at rest. Am J Cardiol 1978; 14: 943. Burger GCE, Klein G - Vector-Electrocardiography, Philips tech Rev 1959/ 1960; 1: 24. Frank E - An accurate clinically practical system for spatial vectorcardiography. Circulation 1956; 13: 737. Vaughan Williams EM - A classification of antiarrhythmic actions reassessed after a decade of new drugs . J Clin Pharmacol 1984; 24: 129. Harrison DC - Antiarrhythmic drug classification: New science and practice applications. Am J Cardiol 1985; 56: 185. Franz MR - Method and theory of monophasic action potential recording. Prog Cardiovasc Dis 1991; 33: 347-68. Hoffman BF, Cranefield PF, Lepeschkin E, Surawicz B, Herrlich HC - Comparison of cardiac monophasic action potentials recorded by intracellular and suction electrodes. Am J Physiol 1959; 196(6): 1297-301. Ino T, Karagueuzian HS, Hong K, Meesmann M, Mandel WJ, Peter T - Relation of monophasic action potential recorded with contact electrode to underlying transmembrane action properties in isolated tissues: a systematic microelectrode validation study. Cardiovasc Res 1988; 22: 255-64. Leirner AA - Potencial de ação monofásico do músculo cardíaco – Sistema para obtenção e avaliação experimental (Tese Doutorado). São Paulo: FMUSP, 1992: 52p. Franz MR, Bargheer K, Costard-Jackle A, Craig Miller D, Lichtlen PR - Human ventricular repolarization and T wave genesis. Prog Cardiovasc Dis 1991; 23: 369-84. Olsson SB, Cotoi S, Varnauskas E - Monophasic action potential and sinus rhythm stability after conversion of atrial fibrillation. Acta Med Scand 1971; 190: 381-7. Gavrilescu S, Luca C - Right ventricular monophasic action potentials in patients with long QT syndrome. Br Heart J 1978; 40: 1014-18. Zipes DZ - Monophasic action potentials in the diagnosis of triggered arrhythmias. Prog Cardiovasc Dis 1991; 23: 385-96. Olsson SB, Boroson L, Varnauskas E - Class 3 antiarrhythmic action in man. Observations from monophasic action potential recordings and amiodarone treatment. Br Heart J 1973; 35: 125-9. Donaldson RM, Taggart P, Swanton H, Fox K, Noble D, Rickards AF - Intracardiac electrode detection of early ischaemia in man. Br Heart J 1983; 50: 213-21. 235 Leirner & Cestari Potencial de ação monofásico 36. Taggart P, Sutton P, Runnalls M et al - Use of monophasic action potential recordings during routine coronary artery bypass surgery as an index of localized myocardial ischemia. Lancet 1986; 1462-5. 37. Donaldson RM, Taggart P, Bennet JG, Rickards AF - Study of electrophysiological ischemic events during coronary angioplasty. Texas Heart Institute Journal 1984; 11: 24-31. 38. Lab MJ - Monophasic action potentials and the detection and significance of mechanoelectric feedback in vivo. Prog Cardiovasc Dis 1991; 34: 29-35. 39. Donaldson RM, Taggart P, Swanton H, Fox K, Noble D, Rickards AF - Effect of 236 Arq Bras Cardiol volume 72, (nº 2), 1999 nitroglycerin on the electrical changes of early or subendocardial ischaemia evaluated by monophasic action potential recordings. Cardiovasc Res 1984; 18: 7-13. 40. Fiorelli AI, Stolf NAG, Gaiotto F et al - Detecção e análise do potencial de ação monofásico do miocárdio em pacientes com miocardiopatia e transplante cardíaco Rev Bras Cir Cardiovasc 1997; 12: 260-8. 41. Scalabrini Neto A - Efeitos da solução hipertônica de cloreto de sódio (2400 mOsm/L) sobre as alterações eletrofisiológicas causadas pela bupivacaina (Tese de Doutorado). São Paulo: Universidade de São Paulo, 1996: 57p.