Graus dos Adjetivos — Construções Sintéticas e

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Graus dos Adjetivos — Construções Sintéticas e Analíticas
Autora: Fabiana Cristina Baldim Lopes
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, SP
Letras, Universidade de São Paulo, São Paulo
1. Objetivos
No PB (português do Brasil) possuímos duas
possibilidades de construções ao empregarmos
o adjetivo nos graus comparativo e superlativo:
construções sintéticas e analíticas, as quais
não estão em uma espécie de “variação livre”,
uma vez que em determinadas ocasiões uma
deve ser utilizada em detrimento de outra.
Teorias lexicalistas atribuem a ocorrência de
uma forma em vez de outra a um fenômeno
denominado blocking. As teorias nãolexicalistas, mais especificamente a Morfologia
Distribuída, atribuem a ocorrência de uma
forma em detrimento de outra a processos
mecânicos baseados no movimento sintático.
Este trabalho tem como objetivo discutir os
conceitos da teoria não-lexicalista (aqui
representada pela abordagem da MD) em
contraposição aos conceitos da teoria
lexicalista, de modo a proceder a uma análise
das construções em questão e a fomentar uma
possível explicação para o suposto “bloqueio”
de uma estrutura por outra.
A partir da derivação sintática das construções
contendo adjetivos nos graus comparativo e
superlativo e da análise de seus mecanismos
internos
de
movimento,
pretendemos
corroborar o princípio da MD de que todas as
derivações de formas complexas ocorrem na
sintaxe, não havendo, assim, um léxico gerador
— princípio este contrário ao que postula a
teoria lexicalista: pelo menos algumas
derivações de objetos complexos e algumas
formações de palavras ocorrem no léxico (um
sistema gerador distinto da sintaxe).
2. Material e Métodos
O material empregado para a confecção deste
trabalho trata-se dos textos que abordam as
visões das teorias supra-relacionadas sobre a
questão que nos propusemos a pesquisar. A
metodologia empregada é o recolhimento de
dados do PB e a análise dos mesmos à luz
destas teorias.
3. Resultados e Discussão
Os adjetivos anômalos (bom, mau, grande e
pequeno), ao serem
empregados em
construções comparativas e superlativas não
apresentam as formas analíticas: mais X do
que, menos X do que, o mais X, o menos X,
apresentado formas sintéticas. No entanto, em
sentenças
comparativas
metalingüísticas
(construções em que se comparam duas
características de um mesmo ser) estes
adjetivos são empregados na forma analítica e
não na forma sintética.
Há realmente um efeito de blocking, como
pretendem os lexicalistas, no fato de as
sentenças
comparativas
e
superlativas
empregando os adjetivos irregulares resultarem
agramaticais na forma analítica e gramaticais
nesta forma quando estes adjetivos são
utilizados em
construções comparativas
metalingüísticas, ou estas construções podem
ser explicadas à luz da MD, por meio dos
processos de movimento?
4. Conclusões
Até o momento constatamos que o estudo das
construções comparativas e superlativas
(sintéticas e analíticas) do PB faz-se
necessário para que possamos esclarecer
questões quanto à natureza dos processos
combinatórios de elementos na gramática,
assim como questões quanto às condições que
governam a aplicação destes processos.
O estudo destas construções a partir do
suposto efeito de blocking é relevante para a
teoria gramatical porque o tratamento deste
fenômeno exige suposições quanto aos
mecanismos combinatórios que criam objetos
complexos e quanto à interação destes
mecanismos com outros aspectos da
gramática.
5. Referências Bibliográficas
BASÍLIO, Margarida. Estruturas lexicais do
português. Petrópolis: Vozes, 1980. p. 128.
EMBICK, David. 2006. Blocking effects and
analitic/synthetic alternations.
HARLEY, Heidi and ROLF, Noyer. 1999. Stateof-the-article: distributed morphology.
NETO, José Borges. 1991. Adjetivos:
predicados
extensionais
e
predicados
intencionais. Campinas: Editora da Unicamp,
1991. p. 11-40.
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