NOTA TÉCNICA COINCOINFECÇÃO TB/HIV 22 de setembro de 2016 | Página 1/3 DEFINIÇÃO DE TUBERCULOSE A Tuberculose (TB) é uma doença infecciosa e contagiosa, causada por um microorganismo denominado Mycobacterium tuberculosis, também denominado de bacilo de Koch (BK), que se propaga através do ar, por meio de gotículas contendo os bacilos expelidos por um doente com TB pulmonar ao tossir, espirrar ou falar em voz alta. Quando estas gotículas são inaladas por pessoas sadias, provocam a infecção tuberculosa e o risco de desenvolver a doença. DEFINIÇÃO DE HIV/aids HIV: Vírus da Aids, Vírus da Imunodeficiência Humana Aids: Doença causada pelo HIV, Síndrome da Imunodeficiência Os indivíduos infectados pelo HIV, sem tratamento evoluem para uma grave disfunção do sistema imunológico, à medida que vão sendo destruídos os linfócitos T CD4+, uma das principais células alvo do vírus. Ter o HIV não é a mesma coisa que ter a aids. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. A transmissão pode ocorrer mediante: Relação sexual desprotegida; Utilização de sangue ou seus derivados não testados ou não tratados adequadamente; Recepção de órgãos ou sêmen de doadores não testados, Reutilização e compartilhamento de seringas e agulhas, acidente ocupacional durante a manipulação de instrumentos perfuro cortantes contaminados com sangue e secreções de pacientes. A Coordenação de Promoção e Proteção a Saúde do Ceará – COPROM/SESA-CE, por meio do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, vem ORIENTAR os profissionais de saúde do Estado quanto à VIGILÂNCIA E CONTROLE da coinfecção TB/HIV. Entre as intervenções preconizadas pelo Ministério da Saúde para o controle da coinfecção TB/HIV, destaca-se a testagem oportuna do HIV para todos os portadores de TB, por meio do teste rápido. Recomenda-se também o diagnóstico precoce da TB, o tratamento da TB ativa e da infecção latente. Além disso, recomenda-se a organização da rede de atenção à saúde de forma a garantir atenção integral aos infectados, estabelecendo os Serviços de Atenção Especializada (SAE) às pessoas que vivem com HIV/Aids (PVHA) como local preferencial para manejo desses indivíduos coinfectados. 1. O Sintomático Respiratório no Serviço de Atenção Especializado – SAE A definição de Sintomático Respiratório (SR) adotada nacionalmente é: pessoa com tosse por tempo igual ou superior a três semanas. No entanto, considerando-se as especificidades da Pessoa Vivendo com HIV/aids – PVHA, recomenda-se o período de duas semanas para definição de SR. A busca ativa de SR é uma atividade de saúde pública que deve ser realizada permanentemente por todos os serviços de saúde, uma vez que tem grande impacto na interrupção precoce da cadeia de transmissão da TB. Os SAE precisam viabilizar todas as etapas da estratégia operacional de busca ativa, descritas a seguir: Interrogar sobre a presença e duração da tosse, independente do motivo da procura de atendimento na unidade; Orientar os SR na coleta do escarro para a realização da baciloscopia, cultura e teste de sensibilidade; Registrar os dados no livro de SR; Estabelecer fluxo para conduta nos casos positivos e negativos; Avaliar rotineiramente a atividade da busca por meio dos indicadores: proporção de SR examinados, proporção de baciloscopias positivas e proporção da meta alcançada. 2. Diagnóstico O diagnóstico de TB nos indivíduos infectados pelo HIV é semelhante ao diagnóstico na população em geral e deverá ser realizado em menor tempo possível, para evitar a disseminação da doença, sua evolução à forma clínica mais grave, e conseqüentemente o óbito. A apresentação clínica da TB em pessoas infectadas pelo HIV se distingue devido à maior freqüência de forma extra-pulmonar e disseminada. Sendo assim, o diagnóstico precoce é essencial para impedir o aumento da incidência de ambas às infecções. NOTA TÉCNICA COINCOINFECÇÃO TB/HIV 22 de setembro de 2016 | Página 2/3 VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA A tuberculose permanece como a doença infecciosa que mais mata no mundo neste milênio. A convergência das epidemias de Tuberculose e HIV é um dos maiores desafios para a saúde pública no mundo. A coinfecção TB e HIV são uma das principais responsáveis pelo acréscimo da morbi mortalidade em pacientes com imunodeficiência, pois se por um lado a infecção pelo HIV aumenta a ocorrência de TB, por outro lado a TB interfere diretamente na sobrevida de pessoas com HIV. O SAE deve notificar o caso de TB no SINAN e alimentar os boletins de acompanhamento até o encerramento do caso. Pacientes de TB referidos de outras unidades de saúde devem ser notificados novamente no Sinan ao iniciar tratamento no SAE. O livro de sintomático respiratório e o livro de registro e acompanhamento devem ser implantados no SAE. Dessa forma o Ministério da Saúde, preconiza que se trabalhe a TB no nível primário (postos de saúde e SAE), devido à importância na detecção do diagnóstico precoce. Em pacientes HIV+, deve-se realizar o teste tuberculínico para diagnóstico de TB latente, (conforme Nota Técnica da Secretaria de Saúde do Estado de 14/06/2016) e caso seja descartada a doença em atividade (TB ativa), deve-se iniciar a quimioprofilaxia. 3. Ações Prioritárias para Manejo da Coinfecção TB/HIV em SAE e Unidades da Atenção Primária a. Investigação de TB em todas as consultas no SAE A TB deve ser investigada em todas as consultas de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS (PVHA), mediante o questionamento sobre a existência de um dos sintomas: febre, tosse, sudorese noturna e emagrecimento. A presença de qualquer um dos sintomas indica a possibilidade de TB ativa e a necessidade de investigação do caso. b. Investigação do HIV/Aids em todas as consultas da Atenção Básica A pronta solicitação do teste anti HIV e a agilidade de seu resultado em pacientes com tuberculose é fundamental para o correto manuseio do tratamento da coinfecção TB/HIV c. Disponibilização dos Medicamentos para TB nos SAE Os SAE são co-responsáveis no tratamento da coinfecção TB e AIDS e por isso devem se organizar para garantir a oferta dos medicamentos. O tratamento da TB em pessoas infectadas pelo HIV segue as mesmas recomendações para os não infectados, tanto nos esquemas quanto na duração do tratamento. A integração entre os Programas de Controle da Tuberculose e o Programa de DST/aids é fundamental para o sucesso terapêutico do paciente. 4. Atendimento Clínico O SAE deve trabalhar em parceria com a Atenção Primária/AP para garantir a avaliação dos contatos. A avaliação de contatos pelas unidades de saúde da AP deve garantir a confidencialidade do diagnóstico do HIV. Quanto menor a proporção de pacientes de TB testados para o HIV, maior a incerteza sobre a real magnitude da prevalência de coinfectados. Todos os pacientes deverão ser atendidos imediatamente por um profissional de saúde do SAE ou da Atenção Básica. É freqüente a descoberta da soropositividade para o HIV durante o diagnóstico de TB. Paciente com TB oriundo de outro serviço e com tratamento já iniciado: deverá ter acesso á consulta médica em no máximo sete dias, considerando a gravidade; Paciente com TB oriundo de outro serviço e sem tratamento iniciado: deverá ter acesso á consulta médica imediatamente e iniciar o tratamento da TB no mesmo local; Paciente com TB oriundo da rede privada: deverá ter garantida a dispensação dos medicamentos para TB, mediante apresentação de receita médica; PVHA em acompanhamento no SAE com diagnóstico de TB: deverá ter acesso ao tratamento da TB e manejo da coinfecção no mesmo serviço. NOTA TÉCNICA COINCOINFECÇÃO TB/HIV 22 de setembro de 2016 | Página 3/3 5. Estratégias de Adesão ao Tratamento Etapas para Prevenção da Transmissão de TB em Unidades de Saúde e SAE Rastrear: Reconhecer o SR ou paciente com TB pulmonar ativa é o primeiro passo, seja na unidade de saúde ou na comunidade; Educar: Oferecer ao SR máscara cirúrgica para uso durante a sua permanência na unidade; Resguardar: O SR ou paciente de TB devem aguardar o atendimento em área ventiladas; Priorizar: Priorizar o atendimento do SR ou paciente de TB, independente do motivo da procura; Investigar: Proceder à investigação necessária para afastar ou confirmar o diagnóstico de TB nos SR. Considerando a maior proporção de abandono, falha no tratamento e ocorrência de eventos adversos em pessoas com coinfecção TB/HIV, a intensificação de estratégias de adesão ao tratamento de ambos os agravos é uma prioridade. A adesão ao tratamento pode ser entendida de várias maneiras: adesão dos profissionais as normas e diretrizes estabelecidas para o atendimento e adesão do paciente quanto a aceitação da sua patologia, (o quanto conhece dela e na forma como irá conduzir o seu tratamento). A adesão é um conceito que vai além da questão dos medicamentos e prescrições médicas e dessa forma o profissional de saúde precisa estar atento para essas diversas maneiras que podem significar a falta de adesão, e a partir desta constatação procurar ajudar e orientar o paciente. O Tratamento Diretamente Observado (TDO) deve ser indicado a todos os pacientes com TB, devendo ser articulado esse acompanhamento entre o SAE e a Atenção Básica (TDO compartilhado). Caso o TDO não seja possível, recomenda-se que o paciente receba supervisão periódica na autoadministração das doses, intensificando as medidas profiláticas e preventivas, o vínculo com o serviço de saúde, o entendimento do tratamento e dos efeitos colaterais possíveis para que a adesão terapêutica ocorra sem episódio de abandono. A dispensação da medicação para a TB deverá ter a periodicidade máxima de 30 dias, pois esses pacientes necessitam de avaliação constante. 6. Tratamento da TB em PVHA O tratamento da TB nos pacientes com a coinfecção TB/HIV é o mesmo que na população geral, tanto no que se refere aos esquemas quanto à duração do tratamento. 7. Controle da Coinfecção Para o controle da coinfecção TB/HIV, o Ministério da Saúde recomenda: Organização da rede de atenção para facilitar o acesso da população para diagnostico; Implantação do teste rápido para diagnóstico da infecção pelo HIV nas unidades da Atenção Primária; Oferta do teste rápido para diagnóstico da infecção pelo HIV para todas as pessoas em tratamento de TB.