AQUECIMENTO GLOBAL: REPRESENTAÇÃO E ATITUDES DE UMA COMUNIDADE ACADÊMICA E DE UMA COMUNIDADE TRADICIONAL Walquirya Borges Simi Pós graduanda em Gestão e Perícia Ambiental- Universidade de Cuiabá [email protected] Juan Maro Kersul de Carvalho Professor da Universidade de Cuiabá e SEDUC-MT [email protected] RESUMO Este trabalho é parte de um trabalho mais extenso de conclusão de curso onde o tema central trata-se de como duas comunidade distintas, uma tradicional (Passagem da Conceição) e outra acadêmica (Universidade de Cuiabá) encaram o fenômeno do aquecimento global. Com o objetivo de descobrir como as pessoas das duas comunidades cuidavam do ambiente em que elas vivem, esta pesquisa foi realizada. Com a metodologia de pesquisa fenomenológica, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com dez integrantes de cada comunidade, nos períodos de abril a julho de 2009. Dentre as respostas os entrevistados disseram que tentam sensibilizar as pessoas, conversando com elas ou dando seu próprio exemplo no dia-a-dia para os familiares e vizinhos, além de fazer economia de recursos como água e energia, colocar o lixo em local apropriado, no entanto ainda houveram pessoas que responderam que nada fazem. Com as respostas devidamente categorizadas e discutidas, obteve-se a conclusão de que apesar de viver em uma comunidade mais afastada do grande centro e da agitação, a comunidade tradicional faz mais pelo meio ambiente que aqueles que vivem nos grandes e populosos bairros próximos ao centro da cidade. Isto se deve ao fato de que os “passageanos” estão diretamente em contato com a natureza, por se tratar de uma comunidade ribeirinha as margens do rio Cuiabá, e por isso dependem de um ambiente conservado para viver em harmonia. E o fato de os integrantes da comunidade acadêmica na sua maioria reside nas áreas urbanas onde o contato com a natureza é mais escasso, observa-se uma menor preocupação com o ambiente que os cerca. O que nos leva a refletir que é hora de rever conceitos e atitudes. AQUECIMENTO GLOBAL: REPRESENTAÇÃO E ATITUDES DE UMA COMUNIDADE ACADÊMICA E DE UMA COMUNIDADE TRADICIONAL Walquirya Borges Simi Pós graduanda em Gestão e Perícia Ambiental- Universidade de Cuiabá [email protected] Juan Maro Kersul de Carvalho Professor da Universidade de Cuiabá e SEDUC-MT [email protected] Atualmente o fenômeno do aquecimento global já não é mais visto como uma previsão distante de nossos dias, mas sim um fato bem real e presente em nosso cotidiano, perceptível pelas alterações e imprevisibilidade do atual clima que vivemos e pelas conseqüências que presenciamos diariamente em todo o mundo pela mídia. Presenciamos a natureza respondendo por nossos atos de forma inesperada e aterradora e diante dos sinais que o planeta de que há algo errado devemos nos perguntar: e as nossas atitudes em relação a isto, quais são? Por quanto tempo vamos ficar parados, apenas observando, sendo meros espectadores dos problemas que nós mesmos criamos? Diante disto este trabalho se objetiva, em querer saber qual a percepção de aquecimento global e as atitudes tomadas por duas distintas comunidades, a respeito da preservação do meio ambiente, sendo uma a comunidade tradicional de passagem da Conceição, ribeirinha, situada a margens do rio Cuiabá na cidade e Várzea Grande e a outra trata-se da comunidade acadêmica da Universidade de Cuiabá. Materiais e Métodos Tendo como metodologia pesquisa fenomenológica que conforme Sato (2001), esta metodologia descreve um fenômeno de acordo com a visão de cada grupo social a ser pesquisado sendo enfocadas as experiências vividas de cada indivíduo. Foram entrevistadas, de forma semi-estruturada, dez personalidades de cada comunidade de ambos os sexos, vários níveis de escolaridades e variadas idades onde foram submetidos a sete perguntas elaboradas de forma que os deixassem livres para respostas abertas, realizada no período de abril a junho de 2009. Os dados foram categorizados conforme Carvalho (2005) a fim de agrupar o volume de informações e facilitar a análise. As categorias criadas para entender estas informações foram elaboradas de acordo com as respostas dos entrevistados, da UNIC e os moradores da comunidade de Passagem da Conceição. Área de Estudo Passagem da Conceição trata-se de um distrito do município de Várzea Grande, e está localizada as margens do rio Cuiabá, com mais de 195 anos, esta pequena comunidade acolhedora tem sua importância nos primórdios do histórico das cidades de Cuiabá e de Várzea- Grande . Passagem da Conceição possui este nome por dois motivos; em 1813 se instalou com sua família o senhor Manuel Antônia da Conceição, lavrador que, nas horas vagas costumava transportar de um lado para o outro do Rio Cuiabá, na altura do ribeirão do Pari, aqueles que solicitavam seu favor de excelente canoeiro em troca de alguns réis. E em virtude de existir no povoado uma igreja onde há uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. A balsa que fazia as travessias funcionou por um longo tempo, pois dali demandava negócios entre outras cidades. O sustento da comunidade era tirado do Rio Cuiabá com a pesca, havia pequenos armazéns onde os tropeiros se abasteciam de mantimentos, e pequenas fábricas de chinelos e produtos de couro curtido em cinzas. Hoje Passagem da Conceição ainda é um belo cartão postal onde o tempo parece passar mais vagarosamente em relação aos outros lugares sendo assim, pode-se dizer que a preservação ambiental e histórico-cultural deste lugar é uma rotina do “Passageano”. Segundo UNIC (2009) a Universidade de Cuiabá localizada na Avenida Beira Rio, foi fundada no dia 19 de Abril de 1988, sendo, na época, a primeira faculdade de iniciativa privada no Estado de Mato Grosso, hoje com mais de 20 anos vem formando cerca de 7.740 alunos em graduação nas diferentes áreas do conhecimento humano em educação, saúde humana e animal e meio ambiente. Aquecimento Global: Interpretando Imagens. Foi apresentado aos entrevistados uma imagem de termômetro da cidade de Cuiabá em que, era registrada a temperatura de 47 ºC (FIGURA 1), assim os mesmos responderam espontaneamente sobre o que pensavam ao observar a imagem com o intuito de verificar qual a relação destas as com as possíveis causas e efeitos do Aquecimento Global. As categorias criadas para entender estas informações foram elaboradas de acordo com as respostas dos entrevistados, da comunidade acadêmica da UNIC e os moradores da comunidade de Passagem da Conceição. FIGURA 1. Termômetro urbano na Avenida Beira em Cuiabá. Notar a alta temperatura registrada. Fonte:www.paulovictor.com/blog/images/termometros/cuiaba 23/07/2009 Verificou-se que na opinião que dos dez entrevistados da comunidade de Passagem da Conceição quatro responderam que o desmatamento é a primeira imagem que surge quando refletem sobre as altas temperaturas e suas possíveis causas. Já na opinião de apenas dois dos dez acadêmicos entrevistados, o desmatamento é imagem que surge à mente quando é refletido a respeito das possíveis causas do aumento da temperatura mostrada na imagem. Apenas um morador da Passagem da Conceição se lembrou do derretimento dos Pólos, enquanto que, dois acadêmicos ligaram as imagens a este fato. Grande parte dos dez integrantes da UNIC e dos “Passageanos” entrevistados, responderam ao observar as imagens que o calor é algo que não tem como separar do período atual onde estão ocorrendo às mudanças climáticas. Já os acadêmicos disseram que não sentem tanto as mudanças no clima devido ao fato de sempre terem achado que Cuiabá é uma cidade muito quente. Esta comparação pode-se dar ao fato de que todos os integrantes da comunidade acadêmica da UNIC que foram entrevistados, moram em áreas já urbanizadas com muitas construções e pavimentações que retêm mais calor, enquanto que os moradores de Passagem da Conceição estão situados em uma área ainda cercada de verde e as margens do Rio Cuiabá, onde a diferença de temperatura ambiental é nitidamente perceptível. Na opinião de maioria dos entrevistados a maior causa do Aquecimento Global é a poluição atmosférica advindas das queimadas e dos combustíveis fósseis dos veículos na opinião dos moradores e, das atividades industriais. O estresse é lembrado por apenas um morador, já para dois acadêmicos é uma conseqüência das altas temperaturas causadas pela intensificação do Efeito Estufa. Quatro moradores de Passagem da Conceição, se lembraram que, o clima atualmente já não é mais o mesmo. Alguns disseram que o tempo (clima) está imprevisível, já não se pode mais ter certeza de nada, disseram que, já não chove mais nos períodos certos como antigamente e atualmente as friagens surgem quando menos se espera e os períodos de seca tem tido uma duração maior. Enquanto que apenas um acadêmico entrevistado ligou as imagens à inconstância climática. (Figura 2) FIGURA 2. Categorias de como os entrevistados relacionam as imagens as causas e efeitos do Aquecimento Global. O termo desmatamento refere-se à total destruição da cobertura florestal, através da derrubada de árvores destinadas a vários tipos de exploração, o que leva a crer que praticamente nenhuma árvore sobrevive, e a terra é destinada a usos nãoflorestais como a criação de gado. Em alguns casos o desmatamento agride tanto a cobertura vegetal, que o ecossistema restante não volta a ser o mesmo. (MYERS, 1992). A vegetação exerce papel imprescindível no equilíbrio dos ciclos hidrológicos e no controle das chuvas, na transpiração e evaporação da água para atmosfera e, com a sua retirada demasiada, pode-se perceber nitidamente alterações na temperatura do ambiente, em grande escala obtém-se esta percepção na forma do Aquecimento Global. A grande preocupação na verdade é a velocidade com que esses fenômenos vêm ocorrendo, e isto tem assustado a comunidade científica – o que era para acontecer apenas no final deste século está aparecendo com maior antecedência. (GOLÇALVES, 2008). Essa preocupação deve-se ao fato de que se houver elevação dos níveis dos oceanos as inúmeras cidades do mundo que estão localizadas ao nível do mar sofreriam drásticas conseqüências, sendo assim, fácil concluir que elas desapareceriam. As altas temperaturas nas últimas décadas tem sido a mais forte evidência de que o Aquecimento Global está acontecendo de fato. O estresse térmico constitui-se num dos principais problemas a serem enfrentados pela população como decorrência do processo do aquecimento em todo o planeta. É sabido que os materiais utilizados para a construção de prédios e vias de acesso, podem conduzir ao calor até três vezes mais rápido e assim absorver mais calor em menos tempo e isto acontece freqüentemente nas cidades. Nos núcleos de grandes edificações e acumulação de calor produzem as chamadas ilhas de calor que, em climas tropicais podem ser persistentes, causando desconforto térmico que ultrapassa os limites de tolerância dos habitantes. (DIAS, 2004). O Aquecimento Global ainda é apontado como o principal motivo de acontecimentos meteorológicos catastróficos ocorridos nos últimos anos. Fenômenos como enchentes, furacões e períodos prolongados de seca, tem se tornado mais freqüentes que o esperado para as últimas décadas. Quando ocorrem em regiões em desenvolvimento, colocam em evidência a grande vulnerabilidade dos locais, “pegando todos de surpresa”. Identificações dos Problemas Ligados ao Aquecimento Global Quando perguntados se sabiam informar quais eram os problemas ambientais que levavam ao Aquecimento Global a maioria dos entrevistados, tanto da comunidade acadêmica quanto os moradores da Passagem da Conceição responderam o desmatamento como sendo um dos influentes ao fenômeno, em seguida as queimadas na opinião de sete dos dez acadêmicos e de cinco dos dez entrevistados. Dentre os dez entrevistados da comunidade de Passagem da Conceição seis apontaram a poluição com o acúmulo de lixo sendo um dos contribuintes que conseqüentemente agravam as atuais condições ambientais que levam ao Aquecimento Global. Enquanto apenas quatro dos dez acadêmicos entrevistados acham o mesmo sendo que estes relacionam o desmatamento e as queimadas como sendo problemas contribuintes para o Aquecimento Global (FIGURA 3). FIGURA 3: Amostragem de quais são os principais problemas ambientais que levam ao Aquecimento Global na opinião dos entrevistados. O desmatamento é de cara a mais popular e a mais grave agressão ao meio ambiente pois é sabido de todos da importância da cobertura vegetal para a retirada do CO2 da atmosfera através dos seu processos metabólicos de fotossíntese e da influencia direta nas temperaturas através da transpiração. Branco (2002) afima que uma das consequências do desmatamento é o processo de desertificação que ele acarreta pois, acontece um fenômeno chamado de laterização que formam placas impermeáveis na superfície do solo. Tomemos como exemplo o desmatamento na Amazônia. Quando a vegetação é retirada, o aquecimento do solo pelos raios solares faz com que a água evapore e consequentemente traz para superficie por capilaridade as águas das camadas mais profundas ricas em ferro e outros sais. A medida que a água vai evaporando, esses sais vão sendo acumulados na superficie terrestre formando crostas duras que tornam o solo menos permeável e mais inférteis, formando verdadeiros ladrilhos de sais férricos. Branco (2006) diz também que os vegetais tem papel de extrema importância no processo de evaporação que transporta a água do solo para a atmosfera, pois, as folhas transpiram quase continuamente sendo assim, parte da água infiltrada no solo é absorvioda pelas raizes e evapora pelas folhas num processo de transpiração vegetal. A vegetação e o solo exercem papel fundamental no controle das chuvas e equilíbrio do ciclo hidrológico pois seu mecanismo simples não deixa de ser de extrema importancia. Onde não há vegetação não há transpiração, nem evaporação, não havendo assim nuvens, impossibilitando de cair a chuva. (KLOETZEL, 1994). Nas regiões tropicais e subtropicais a destruição de áreas, em especial as que possuem alta diversidade de vegetação arbórea nativa permanente, e a queima dos restos vegetais (serrapilheira) que se acumulam no solo causam o aquecimento do solo e a irradiação de calor para a atmosfera aumentando assim a temperatura. Esse aquecimento intensifica a demanda de evapotranspiração da atmosfera. Para kloetzel (1994) o desequilíbrio do regime de chuvas é resultado de um mau manejo da terra inclusive do desmatamento. Este se torna particularmente trágico quando ocorre em áreas de nascentes, cabeçeiras ou margens de rios, e áreas de veredas já que é através das raízes dos vegetais é que grande parte da água das chuvas vai para nos corpos d’água. O fogo sempre foi tratado com uma ferramenta utilizada pelo homem para várias utilidades dentre a principal delas se dava a limpeza de suas áreas áreas florestadas para diversos fins. As queimadas contribuem para o Aquecimento Global de duas formas: a primeira é a grande quantidade de CO2 que é liberada com a queima de qualquer biomassa, pois toda matéria tem em sua composição o carbono. E a segunda é retirada de um dos maiores meios de captura de CO2 que possa existir que são as árvores e os vegetais em geral. (KELLY, 1992) No Brasil os territórios onde mais ocorrem queimadas acompanhadas de desmatamento é na região amazônica porém com mais freqüencia no estado do Mato Grosso, Sul do Pará e Rondônia que contribui ditretamente com o Aquecimento Global pela emissão de CO2 aumentada na atmosfera e pela produção de O3 (ozônio), N2O (óxido nitroso), e CH4 (metano) estes que são GEE. As queimadas no cerrado se tornam sistemáticas e ganham cada vez mais proporções a medida que a região vai sendo ocupada por agricultores e pecuaristas já que com o avanço da tecnologia o solo do cerrado pode ser corrigido se tornando ideal para o plantio em larga escala de soja. (KIRCHHOFF, 1992) Segundo Santin (2006) para evitar o agraveamento do Efeito Estufa e conseguir mantê-lo em níveis adequados, duas medidas devem ser adotadas urgentemente: reverter e racionalizar a escala de consumo de energia derivada da queima de combustíveis fósseis e evitar as queimadas. As intensas e descontroladas queimadas, que nos últimos anos assumiram proporções giganntescas, passaram a constituir uma das principais fontes de emissão de CO2 tendo o Brasil, infelizmente, um papel de destaque quanto a isso. A respeito do lixo, Branco (2002) adverte que quando certa quantidade de matéria prima ou energia é colocada em excesso em um ambiente de forma que esse ambiente não é capaz de assimilar, dizemos que esse ambiente fica sobrecarregado ou poluído. Seu equilíbrio se desfaz e se altera completamete sua constituição e estrutura. Muitas vezes esse material é simplesmente jogado em terrenos baldios ou lixões, há quem indique os aterros sanitários porém estes merecem atenção e cuidados mesmo depois de desativados, pois a terra pode emitir gases durante anos já que, o lixo nestes ambientes é enterrado em um terreno adequadamente preparado para isso, e depois de um tempo o material depositado ali, entra em decomposição e essa ação de decomposição que faz com que os Gases de Efeito Estufa subam até a atmosfera contribuindo assim com o Aquecimento Global. Tendo ainda o risco das águas das chuvas se infiltrarem e escoarem entrando em contato com o chorume, que pode escoar até bacia e corpos d’água. E as nossas Atitudes? Questionados sobre o quais são as atitudes diárias dos entrevistados para a conservação do meio ambiente, seis dos dez acadêmicos disseram que pelo menos tentam sensibilizar as pessoas dando exemplos de sua própria conduta enquanto que, apenas dois moradores de Passagem de Conceição disseram fazer o mesmo, porém eles afirmam que além de tomarem essas atitudes não apenas diariamente em suas casas, mas principalmente nos dias de comemorações já que Passagem da Conceição é uma comunidade historicamente tradicional que, mantém suas tradicionais festividades que atraem muitas pessoas. Cinco acadêmicos responderam que tratam o lixo de forma adequada pelo menos colocando em locais apropriados. Dois dos moradores entrevistados disseram o mesmo. Já três dos moradores da Passagem entrevistados afirmaram fazer economia de água ou de energia elétrica como forma de ajudar a preservação do meio ambiente. Enquanto que apenas um acadêmico disse fazer o mesmo. Ainda há entrevistados que disseram nada fazer para ajudar na preservação ambiental sendo um acadêmico e um morador da comunidade. Sensibilizar aqueles que se encontram ao nosso redor é a primeira pratica dos conceitos de Educação Ambiental. Para Reigota (1994) a educação de modo geral e principalmente a Educação Ambiental não é a solução para todos os problemas ambientais, mas sim uma forma poderosa de influenciar decisivamente, sendo que, forma cidadãos conscientes de seus direitos e deveres em relação ao meio ambiente. Tendo como objetivo a tomada de consciência ou como prefere Dias (2004), o despertar da sensibilização de indivíduos ou grupos, em relação ao meio ambiente global e de problemas associados, ou seja, a Educação Ambiental é uma forma de chamar a atenção das pessoas para os problemas que envolvem todo o planeta e que afetam a todos, sensibilizando uns aos outros. O tratamento do lixo produzido nas residências de cada indivíduo é uma forma bastante eficiente de ajudar na conservação do meio ambiente. O simples fato de colocálo em seu devido local, selecionando-o adequadamente, é uma atitude que apesar de parecer pequena, contribui grandemente para o meio ambiente evitando que o lixo pare em rios, bueiros e evitando uma série de transtornos para toda a humanidade. Sabemos que o lixo acumulado, graças ao consumo exagerado de supérfluos e até o modo de não saber como dar um destino adequado para ‘aquilo que não queremos mais’, é um sério problema que gera inúmeros transtornos para todos. Por isso as praticas de educação ambiental trabalhadas com comunidades tradicionais e outras são tão importantes. Além disso, atitudes simples como a de apagar uma lâmpada de um recinto que não esteja sendo ocupado, demorar menos nos banhos fazendo economia de recursos como a água, são maneiras acessíveis em que todos podem contribuir com o meio ambiente e com a natureza que nos cerca. Tudo isto é um necessário despertar de nossa consciência ambiental. Ter consciência ambiental não significa apenas se preocupar com espécies em extinção, não é adorar árvores e fazer greve para que não sejam derrubadas, mas sim levar as pessoas a pensarem e agirem de maneira sustentável, ou seja, de maneira que se aproveite de todos os recursos que a natureza possa oferecer de forma que agrida cada vez menos o quanto possível a natureza. É fato que todos queremos um mundo mais justo, limpo, agradável e bonito, mas deve-se meditar no que fazemos para que isto aconteça. Refletir é uma forma de despertar a consciência ambiental e ecológica que há dentro de cada um. Reigota (1994) confirma isto dizendo que o componente reflexivo da Educação Ambiental é tão importante quanto o componente ativo. Mas segundo Berna (2006), o fato de adquirirmos uma consciência ambiental não nos faz perfeitos, é preciso que deixemos de ser mais um agente passivos quanto àquilo que nos cerca e, passemos a ser mais ativos não apenas pela causas ambientais, mas por tudo que é idealizado. Dias (2004) também garante que a melhor opção para o desenvolvimento é a participação, a organização, a educação e o fortalecimento das pessoas, já que o desenvolvimento não é centrado na produção, mas sim nas pessoas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao analisar as diferentes formas de interpretação que as duas comunidades distintas tiveram do mesmo tema, pode-se perceber que não existe uma forma de julgar quem estaria agindo corretamente e quem estaria agindo erroneamente, pois as formas de interpretação de suas próprias atitudes com relação ao mesmo fenômeno nos leva à concluir que, a reflexão a respeito de seu papel e as atitudes perante a isso é que fazem toda a diferença para a formação de meio ambiente e de uma sociedade mais sensível a tudo que nos cerca. No entanto a reflexão é apenas um dos itens para a transformação proposta pela educação ambiental, sendo as atitudes o ponto de maior importância, pois não adianta apenas pensar é preciso fazer, e esse ‘fazer’ deve começar a partir de cada indivíduo de forma bem pessoal ganhando magnitude e extensão à medida que vamos nos reconhecendo e nos corrigindo como principal influência em fenômenos ambientai como o aquecimento global. A educação ambiental por si só, não resolvera os problemas que criamos a natureza, mas com toda a certeza ela é um importante instrumento para mudança de conceitos, atitudes e práticas pessoais, sem utopia, mas com ações conjuntas entre sociedade e governos. REFERÊNCIAS BERNA V. A Mudança Começa em Nós. Postado em 29 de Março de 2006. Consultado em 02/10/2009 disponível em http//:www.jornaldomeioambiente.com.br BRANCO S. M. O Meio Ambiente em Debate. 1ª edição. Editora Moderna. São Paulo, SP 2002. CARVALHO, J. M. K. O Ambiente Lúdico do Cáritas Pirinéu: um estudo de caso. Cuiabá: UFMT / IE, 2005. DIAS G. F. Educação Ambiental- Princípios e Praticas. 1ª edição. Editora Gáia. São Paulo, SP 2004. KLOETZEL K. O que é Meio Ambiente. 2ª edição. Editora Brasiliense. São Paulo, SP 1994. KIRCHHOFF, V. W. J. H; Queimadas na Amazônia e Efeito Estufa. Ed.Contexto. São José dos Campos, SP, 1992. MEYERS N. Florestas Tropicais in Jeremy Leggett. 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