USO COMBINADO DOS ÍNDICES LSWI E NDVI PARA ANÁLISE DA INUNDAÇÃO NA BACIA DO RIO MUTUM (PANTANAL NORTE) Alves, Gustavo Medeiros¹;Loverde-Oliveira, Simoni Maria²;Oliveira, Rafael Loverde3 Resumo O objetivo deste estudo foi relacionar o NDVI e o LSWI com o processo de inundação na Bacia do Rio Mutum no Pantanal matogrossense, entre 2013 e 2014. Para delimitação da bacia e sua elevação foram utilizadas imagens SRTM-TOPODATA; e imagens MODIS para análise do NDVI e o LSWI com o propósito de aplicar estes índices na interpretação da inundação, sendo sua eficiência confirmada com checagem a campo. Na porção de maior elevação (borda leste) a variação temporal do vigor vegetacional relacionou-se com os usos agropecuários, pois neste local não há inundação. Nas áreas planas (central e oeste) ocorre a retenção da água proveniente do planalto e de chuvas, consequentemente a água sai do leito dos cursos d'agua e expande em direção aos campos e demais formações vegetais, conforme demostrado pelo LSWI, ocupando cerca de 30% da área da planície da bacia durante a cheia do Pantanal. Assim, na região plana foi detectado que o acréscimo do vigor de vegetação correlaciona-se com alta oferta hídrica proporcionada pela inundação. No planalto, os índices não foram aplicáveis visto que não se trata de uma área submetida a inundações e a disponibilidade de água é relacionada com as chuvas locais. Palavras-chave: geotecnologia; inundação; Pantanal COMBINED USE OF THE INDEXES LSWI AND NDVI TO ANALYZE FLOOD ON MUTUM RIVER'S BASIN (NORTHERN PANTANAL) Abstract This study aimed to relate the NDVI and LSWI with the flood process in Mutum River's Basin on Mato Grosso's Pantanal, between 2013 and 2014. For delimitation of the watershed and its elevation were used SRTM-TOPODATA images; and MODIS images for analysis of NDVI and LSWI with the purpose of applying these indexes in the interpretation and detection of flood, the efficiency of the indexes was confirmed by field activities. On the highest elevation portion (eastern edge) the temporal variation of vegetation vigor was related to agricultural uses, since in this area there is no flood. On the low and flat areas (central and west) occur the retention of water from the plateau and rainfall, consequently the water comes out of the bed of watercourses and expands toward meadows and other vegetation types, as demonstrated by LSWI, occupying 30% of the basin area during the rainy season of Pantanal. Thus, on the flat region was detected that places with greater vigor of vegetation correlates with high water supply provided by flood. On the plateau, the same index is not applicable because this is not an area subject to flooding and water availability is related to local rains. Keywords: geotechnology; flooding; Pantanal [1] Acadêmico do Curso de Pós-graduação em Geografia do Instituto de Ciências Humanas e Sociais/Campus Universitário de Rondonópolis/MT – [email protected] [2] Professora Dra. Departamento de Ciências Biológicas/ICEN/UFMT e PPGEO - [email protected] [3] Acadêmico do Curso de Graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental do Instituto de Ciências Agrárias e Tecnológicas/Campus Universitário de Rondonópolis/MT – [email protected] XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos INTRODUÇÃO Os padrões e processos que ocorre no Pantanal são regulados pela alternância do ciclo anual de estiagem e cheia, com períodos marcados por secas e inundações (Junk et al., 1989; Caovilla, 2011). A distribuição e a diversidade das espécies variam entre os diferentes habitats dispostos ao longo do gradiente de inundação, decorrente de sua intensidade, sazonalidade e permanência de locais alagáveis (Fernandes et al., 2010; Machado et al., 2012; Loverde-Oliveira et al., 2013). Esta dinâmica hidrológica é fundamental para a manutenção e distribuição das comunidades vegetais e animais do Pantanal, além disso, seu entendimento pode ser usado para que a sociedade possa se precaver de possíveis prejuízos econômicos, como é relatado nos estudo de Kmitta (2010), Galdino et al. (2006), Silva (2013) e Padovani et al. (2011). Apesar da importância, esse processo ainda não é bem compreendido, isso se deve, principalmente, à falta do emprego de métodos de análise e tecnologias que permitam caracterizar e monitorar de forma contínua esse ambiente, além de permitir que se façam cenários e previsões do comportamento do sistema como um todo (Padovani, 2010). Uma das possibilidades apresentadas atualmente para conhecer e quantificar as áreas submetidas a inundações sazonais é o uso de geoprocessamento e imagens orbitais de satélite, combinados a índices como o NDVI e LSWI. Neste contexto, este estudo teve como propósito avaliar a dinâmica espaço-temporal da inundação nas diferentes unidades fisiográficas da Bacia do Rio Mutum durante as épocas de seca e cheia do Pantanal. MATERIAIS E MÉTODOS A bacia hidrográfica do Rio Mutum está inserida na porção sudoeste do Estado do Mato Grosso, sendo um dos contribuintes do rio Cuiabá na região da planície do Pantanal Norte. O Rio Mutum é o principal curso d'água desta bacia sendo que no final do seu curso, já próximo à confluência com o Rio Cuiabá, ele se alarga formando a Baía de Sinhá Mariana que se caracteriza por compor um complexo de rios-lagoas-planície alagável (Figura 1). Figura 1: Bacia do rio Mutum, Pantanal de Barão de Melgaço, Mato Grosso. XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos O banco de dados geomorfometricos de Mato Grosso (imagem TOPOTADA de 30 metros) foi resgatado junto ao Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) disponível no site (http://www.dsr.inpe.br/topodata/). Estes dados geográficos foram exportadas para o programa TerraViewHidro 0.3.9, onde realizou-se o processamento, delimitação e extração das redes de drenagem e da bacia hidrográfica do rio Mutum. Posteriormente essas informações foram submetidas a teste de confiabilidade, onde foram cruzadas informações topográficas da região e, traçados perfis topográficos no software Google Earth. A carta de elevação foi obtida pelo fatiamento do Modelo Numérico de Terreno (MNT) em imagem TOPODATA em cinco compartimentos de elevação distintas, permitindo a quantificação absoluta e relativa da área ocupada por determinado intervalo de altitude. As classes foram agrupadas em intervalos gerados automaticamente pelo SIG ARGIS 10.2. Tendo como propósito interpretar e detectar o desenvolvimento da vegetação, conforme as fases do pulso de inundação do Pantanal, aplicou-se o NDVI, conforme metodologia proposta por Padovani (2010) e Silveira (2015). Para estabelecimento do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) foi adquirido no banco de dados da NASA imagens MODIS 13Q1 composição de 16 dias com resolução espacial de 250m para os dias 30 de setembro e 19 de dezembro de 2013 e 18 de fevereiro de 2014. No software ENVI 4.7, o NDVI foi calculado utilizando as bandas do infra-vermelho próximo (IV) e do vermelho (V) na seguinte fórmula: NDVI= (IV-V)/(IV+V). O NDVI varia de -1 a 1 e está diretamente relacionado com o vigor da vegetação, valores mais altos indicam vegetação mais vigorosa. Dividiram-se os resultados do índice em quatro classes, sendo; -1 a 0 classificado como água; 0 a 0,4 como baixo vigor; 0,4 a 0,7 médio vigor; e 0,7 a 1 alto vigor. Partindo da metodologia empregada por Silveira (2015) com as bandas NIR (infravermelho próximo), MIR (onda curta do infravermelho) e pixel reliability do produto MOD13Q1 foi calculado o LSWI (Land Surface Water Index) com intuito de determinar a área que inundou na bacia do Rio Mutum. Utilizou-se para tanto LSWI = (pNIR –pSWIR)/(pNIR + pSWIR). Foram usadas as mesmas imagens consideradas para calculo do NDVI. Aplicou-se a técnica de classificação de imagens, conforme Macalister & Mahaxay (2009). Pontos de checagem a campo foram utilizados como referência da qualidade da classificação e precisão do resultado. As informações geográficas e os resultados do LSWI foram cruzados com os dados de cotas de elevação inferiores a 218 metros e com a área dos cursos hídricos permanentes para determinar a área total inundada na região de planície da bacia. As imagens de satélite foram selecionadas para indicar áreas inundadas nas épocas seca e chuvosa, assim a imagem de setembro/2013 é representativa do período de seca quando a água está restrita aos canais dos rios; a imagem de dezembro/2013 corresponde a uma época chuvosa e com inicio do processo elevação do nível hidrométrico dos rios; a imagem de fevereiro/2014 coincide com uma época chuvosa e que se caracteriza pela inundação da planície. RESULTADOS E DISCUSSÃO A bacia hidrográfica do Rio Mutum tem uma área de aproximadamente 340.000 hectares, sendo que a maior parte da bacia apresentou cotas de elevação entre 115m e 218m, os quais são considerados locais intermediários baixos e planos, que em função dessas unidades de relevo são áreas sujeitas a sofrerem inundações. Já no planalto nas bordas Norte e Nordeste deste a cota de elevação foi superior a 659 metros. Nas demais regiões da bacia (entre o Nordeste e Sudeste) o relevo possui variação de 218m a 659m (Figura 2). XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos Em função dessas unidades do relevo e altimetria a sazonalidade das inundações no Pantanal é acentuada, embora algumas áreas permaneçam constantemente inundada ou seca. A inundação impulsiona a força motriz deste ecossistema, que influencia sazonalmente as características limnológicas, ecológicas e biológicas (Zarista, 2013). Mapa hipsométrico da Bacia do Rio Mutum.No No período de seca (setembro/2013) a vegetação com maior vigor é aquela próxima aos corpos d'água representando 27,83% da área da bacia, e a de vigor médio com 67,75%, já os demais valores somam 4,4%. Em dezembro/2013, com as chuvas mais intensas as áreas que não são abastecidas por rios passaram a ter maior suprimento de água e plantas com alto vigor passam a representar 56%, enquanto as com médio médi vigor são reduzidas a 43%, os demais valores somam 5%. Ainda na época das da chuvas Figura 2:: Mapa hipsométrico da Bacia do Rio (fevereiro/2014) em que há registros de inundação em partes da bacia, os valores seguem a mesma Mutum, Mato Grosso. lógica do anterior e a vegetação com maior vigor passa a representar 64,4%, enquanto nquanto as com médio reduzem a 32,8%, os demais valores somam 2,8% (Figura 3). De maneira geral, para a área total da bacia do Rio Mutum houve um aumento de aproximadamente o dobro de vegetação de alto vigor do período seco para o chuvoso. Figura 3: Mapas com as classes de NDVI para as datas de setembro/2013, dezembro/2013, e fevereiro/2014, respectivamente. Para a porção plana da bacia, a análise de inundação utilizando o LSWI demonstrou que em setembro/2013 /2013 por se tratar do período de seca do Pantanal não existe inundação no território da bacia, apenas uma pequena parcela apresenta água superficial e corresponde aos cursos hídricos permanentes, os quais totalizam 21.472 hectares. hectares Já em dezembro/2013 no início da período chuvoso e de cheia do Pantanal,, a água começa a extrapolar lateralmente a calha dos rios e acaba inundando uma área de 71.772 hectares hectares. No mês de fevereiro/2014 ainda na época chuvosa e período de maior inundação do Pantanal, registrou-se 113.491 hectares, ou seja, cerca de 30% dda área total da região da planície da bacia foi inundada neste período (Figura 4). Figura 4:: Mapas com as classes de LSWI para as datas de setembro/2013, dezembro/2013, e fevereiro/2014, respectivamente respectivamente,, na bacia do Rio Mutum Mutum. A porção de planalto apresenta níveis hipsométricos mais elevado deixando esta região fora da área de inundação, portanto é amplamente utilizada para atividades agropecuárias. Nesta região é possível associar a variação temporal do NDVI com a cultura escolhida, e o calendário agrícola, o qual condiz com o período de chuvas. No planalto, os índices considerados neste estudo não foram aplicáveis visto que não se trata de uma área submetida a inundação. De maneira geral, ass inundações que ocorrem na planície pantaneira estão relacionadas a fatores físicos, como as formações rochosas em sua superfície e a declividade da região que por ser muito pequena contribui para a alta retenção de água na superfície do solo (Abreu (Abreu et al., 2008; Oliveira, 2009; Paz, 2010). A vegetação na bacia cia do Rio Mutum é composta por formações de cerrado, cerrado agricultura e pastagens em sua maioria, e por matas no entorno dos corpos d'água permanentes. O NDVI indicou que o acréscimo no vigor desta vegetação especialmente em área plana esteve relacionada com a maior oferta de água proveniente do processo de inundação inundação, e no planalto pela maior disponibilidade de água no solo em função das chuvas locais. Conforme os dados apresentados pelo LSWI na região plana da bacia acia que é suscetivel a inundação, os maiores niveis hidrometricos foram suficientes para acarretar a expansão da água em direção aos campos e demais formações vegetais. vegetais CONSIDERAÇÕES FINAIS As variáveis fisiográficas extraídas do MDE gerado através dos dados SRTM apresentaram uma forte relação com a vegetação da área de estudo devido as características do relevo da região. Como demonstrado pelo LSWI nas as áreas baixas e planas há retenção da água garantindo assim abundancia hídrica para o desenvolvimento vegetal, portanto o vigor se eleva progressivamente. Já no planalto a variação temporal do vigor vegetacional tem maior relação com os usos agropecuários e com a época de chuvas. REFERÊNCIAS ABREU, U. G. P.; GOMES, E. G.; LOPES, P. S.; TORES, R. A.; SANTOS, H. N. (2008). Avaliação sistêmica da introdução de tecnologias na pecuária de gado de corte do Pantanal por meio de modelos de análise envoltória de dados (DEA). Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.11, p.2069-2076 CAOVILLA, F. C. (2011). Comportamento da umidade do solo em floresta de cambará e pastagem no Pantanal Mato-grossense. Cuiabá, 56f. Dissertação (Mestrado em Recursos Hídricos), Universidade Federal de Mato Grosso. FERNANDES, I. M. et al. (2010). Biodiversidade no Pantanal de Poconé. Attema Design Editorial, Centro de Pesquisa do Pantanal, Cuiabá, MT, 196 p. GALDINO, S. VIEIRA, L.M, PELLEGRIN (2006). Impactos ambientais e socioeconômicos na bacia dorio Taquari- Pantanal. 01.ed. Corumbá: Embrapa,. JUNK, W.J.; BAYLEY, P.B. & SPARKS, R.S. 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