Materiais Elétricos Engenharia de Controle e Automação Prof. Paulo Arce ÍNDICE 1. Materiais Condutores……………………………..3 2. Materiais Semicondutores………………………72 3. Materiais Isolantes………………………………128 4. Materiais Magnéticos………………………….169 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 2 Materiais Condutores Teoria sobre os Materiais Condutores Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 3 INTRODUÇÃO A indústria de elétrica e eletrônicos sempre teve uma grande necessidade de buscar novos materiais com melhores características e de fácil utilização. O estudo dos Materiais Elétricos permite selecionar esses materiais visando: Aumento da confiabilidade, Redução de custos de fabricação, Redução do custos de manutenção A seleção de Materiais Elétricos se dá conforme: Conhecimento do material e as condições a que estará sujeito. Propriedades consistentes com as condições de serviço. Efeito das mudanças de condições além dos limites normais. Listagem de todos os materiais possíveis Eliminação dos materiais de propriedades inadequadas, tais como fratura, corrosão, segurança, alto custo, disponibilidade, etc Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 4 INTRODUÇÃO Materiais Elétricos são divididos em: Materiais Condutores: São materiais que deixam a corrente elétrica circular livremente por seu interior. Exemplos: Alumínio, Bronze, Cobre, Estanho, etc. Materiais Dielétricos ou Isolantes: São materiais capazes de prover a separação entre diferentes elementos condutores apresentando grande oposição a passagem de corrente elétrica em seu interior. Exemplos: Borracha, Porcelana, PVC, Papel etc. Materiais Semicondutores: São materiais que possuem condutividade intermediária entre a dos condutores e isolantes. Exemplos: Germânio, Silício. Materiais Magnéticos: São materiais que interagem com campos magnéticos. Exemplos: Aço Silício, Alnico e Ferrite de Bário. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 5 1. Análise Geral dos Metais Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 6 1. Análise Geral dos Metais 1. Características h) Transformam-se em derivados metálicos: • Presença de Oxigênio → Óxidos • Presença de Sais → Ácidos • Derivados metálicos são menos condutores que os os metais originais. i) Formam Ligas Metálicas: Devido à capacidade de se ligarem entre si. Ligas Metálicas são importantes em aplicações elétricas. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 7 1. Análise Geral dos Metais Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 8 2. Obtenção • Matérias-primas para obtenção de metais são os minérios. • Minérios são ligações de metais com outros elementos: oxigênio, enxofre, sais, ácidos, etc.. • Na natureza encontra-se em estado puro os metais nobres: Ouro, Prata, Cobre, Platina. • Estudaremos a obtenção dos metais mais utilizados em aplicações elétricas. 1. Obtenção do Cobre • O cobre tem ampla utilização em aplicações elétricas • Elevada condutividade elétrica • Baixo custo comparado a outros metais de alta condutividade • Equipamentos que utilizam cobre tornam-se mais compactos • Resistência Mecânica e Durabilidade • Ex: Instalações Elétricas (fios, cabos), Cabos Subterrâneos, Condutores de Motores. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 9 2. Obtenção Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 10 2. Obtenção Cobre com baixo grau de pureza (94 – 97%) Cobre com alto grau de pureza (99,9%) Eletrólito = Solução aquosa de Sulfato de Cobre Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 11 2. Obtenção 2. Obtenção de Chumbo, Zinco e Níquel • São encontrados na forma de sulfatos (PbS e ZnS). O níquel é encontrado em minerais associados ao Ferro. • Podem ser obtidos por processos de aquecimento. • No caso do Zinco, o processo deve ser feito em fornos fechados, pois à temperatura de ustulação, o zinco se encontra no estado de vapor. • Purificação eletrolítica. • Exemplos de aplicação elétrica: Fusíveis (Chumbo), Eletrodomésticos, Terminais elétricos (ligas de zinco), Baterias (Níquel)... Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 12 2. Obtenção Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 13 2. Obtenção Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 14 3. Constituição dos Metais Puros Os metais puros apresentam a característica de possuir estrutura cristalina. Definição de Cristal: Sólidos cristalinos: Uma substância pode ser considerada cristalina quando os átomos (ou moléculas) que a constitui estão dispostos segundo uma rede tridimensional bem definida e que é repetida por milhões de vezes. (Ordem de longo alcance). Exemplos: Todos os metais. Sólidos amorfos ou não-cristalinos: Em geral, não apresentam regularidade na distribuição dos átomos e podem ser considerados como líquidos extremamente viscosos. Exemplos: Vidro, piche. Sistemas Cristalinos: Para avaliarmos o grau de repetição de um estrutura cristalina é necessário definir qual a unidade estrutural que está sendo repetida, que é chamada de célula unitária. A célula unitária apresenta a descrição completa da estrutura como um todo. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 15 3. Constituição dos Metais Puros A célula unitária é suficiente para descrever a estrutura como um todo Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 16 3. Constituição dos Metais Puros O arranjo mais estável dos átomos em um cristal é aquele que minimiza a energia livre por unidade de volume e agrupa os átomos da forma mais compacta possível. Os átomos não se encontram parados dentro da estrutura. Possuem na verdade um movimento vibratório. Este movimento se deve a forças de atração e repulsão existentes entre os átomos. Ao conjunto das forças que mantêm a estrutura cristalina, dá-se o nome de coesão. Os átomos vibram em torno da posição representada. Portanto existe uma “probabilidade” de que o átomo esteja na posição indicada. Estruturas Cristalinas Tridimensionais Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 17 3. Constituição dos Metais Puros Probabilidade de se encontrar o átomo em função da distância – W(r) Cristais: Maior probabilidade de encontrar o átomo próximo da posição representada (r=1) Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 18 3. Constituição dos Metais Puros Tipos de Sistemas Cristalinos São todas as formas de células unitárias possíveis que podem ser e preencher totalmente o espaço tridimensional. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 19 3. Constituição dos Metais Puros Tipos de Sistemas Cristalinos Os sistemas cristalinos podem apresentar um átomo central Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 20 3. Constituição dos Metais Puros Tipos de Sistemas Cristalinos Conforme se diminui a temperatura, a vibração do sistema cristalino tem sua amplitude diminuída. Conforme se aumenta a temperatura, a amplitude da vibração aumenta, até o ponto em que a coesão da estrutura é rompida, passando o metal ao estado líquido. Este constitui o ponto de fusão do metal. Nesse ponto a energia cinética da vibração supera a energia de coesão. Por este motivo os metais mais duros, que possuem maior coesão, apresentam ponto de fusão mais elevado. Ponto de Fusão Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 21 3. Constituição dos Metais Puros Ligações Metálicas Correspondem à ligação entre dois metais e entre alguns metais e não-metais. Responsável pela formação de ligas metálicas. Metais são eletropositivos (doam elétrons facilmente) Teoria do Mar de elétrons: os átomos perdem o elétron de valência (se torna um cátion), o qual fica em movimento aleatório dentro da estrutura cristalina. Assim o metal pode ser considerado como um conjunto de átomos neutros e cátions imerso em um “mar de elétrons”. A teoria do mar de elétrons explica a alta condutibilidade elétrica e térmica dos metais. Os elétrons livres, quando têm seu movimento aleatório ordenado por uma ddp, dão origem à corrente elétrica (movimento ordenado dos e-) Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 22 3. Constituição dos Metais Puros 2. Curvas de Resfriamento Durante a fusão o metal recebe uma determinada quantidade de calor até atingir um patamar. Nesse patamar, a temperatura se mantêm por um certo tempo, no qual o metal recebe energia sem variar sua temperatura. São variações isotérmicas, onde o metal está em processo de fusão. No ciclo inverso, em que o metal começa líquido e tem sua temperatura abaixada até a solidificação, dá-se o nome de resfriamento. Alguns elementos como o Ferro e o Estanho mudam sua forma cristalina conforme varia sua temperatura. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 23 3. Constituição dos Metais Puros 2. Curvas de Resfriamento Ferro α = ferromagnético Ferro γ = Não ferromagnético O ferro conforme é resfriado parra de ferro – delta, para ferro – gama e finalmente para ferro – alfa. Com estas mudanças sua estrutura cristalina passa de cúbico, para cúbico com átomo central e finalmente cúbico novamente, mas com distância maior entre os átomos. Quando o ferro – alfa atinge 768℃, ele se torna ferromagnético (temperatura de Curie). Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 24 3. Constituição dos Metais Puros 2. Curvas de Resfriamento Formação e Crescimento dos Cristais Os cristais se formam no resfriamento de um metal em fusão. Durante a fusão chega um ponto em que os átomos assumem sua distância definitiva em relação aos outros átomos. Nesse ponto se formam os gérmens cristalinos. Isto vai formando o sistema cristalino. Este processo nem sempre é perfeito, gerando defeitos que influenciam nas propriedades elétricas do metal. O processo de resfriamento influencia no processo de formação dos gérmens cristalinos. Quanto maior a velocidade de resfriamento, maior o número de gérmens formados e mais fina a estrutura cristalina. Esta é uma característica desejada do ponto de vista elétrico (condutividade) e mecânico (maleabilidade, laminação). Caso seja adequado para determinada utilização, o processo pode ser revertido por aquecimento. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 25 3. Constituição dos Metais Puros 3. Anisotropia Cristalina Um cristal é anisotrópico quando suas características elétricas e mecânicas variam de acordo com o eixo cristalino em que são medidas. Exemplo: Cobre (sistema cristalino cúbico de elemento central). Esta propriedade pode levar à necessidade de escolher o ângulo mais adequado de aplicação de esforços do metal em determinado uso elétrico ou mecânico. Valores de Resistência à Tração em função da posição cristalina para o Cobre Posição Cristalina Resistência (N/mm2) Na aresta 1,46 Na diagonal de Superfícies 2,01 Na diagonal Interna 3,50 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 26 3. Constituição dos Metais Puros 4. Processo de Solidificação de Ligas Duplas Ligas são materiais que contêm dois ou mais metais em sua composição, ou um metal e um não-metal. Mantêm as propriedades metálicas. São utilizadas para modificar alguma característica de um metal, para determinada aplicação Aumento da resistência mecânica, mudança no ponto de fusão… Mais adiante veremos aplicações de diversas ligas metálicas. 5. Principais Defeitos na solidificação Bolhas e Poros Metais em fusão absorvem grande quantidade de gás (oxigênio, nitrogênio, gás carbônico), podendo formar bolhas e poros que podem até inutilizar uma peça. Quanto maior a velocidade de resfriamento maior a possibilidade de formação de bolhas e poros. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 27 3. Constituição dos Metais Puros 5. Principais Defeitos na solidificação Fissuras Devido à presença de materiais que não se combinam com os metais, pode haver surgimento de fissuras internas ou externas. A velocidade de resfriamento também influencia no aparecimento de fissuras. Impurezas No processo de produção das ligas ou de obtenção dos metais podem sobrar impurezas (às vezes provenientes dos próprios minérios do metal – sulfetos, óxidos). As impurezas influenciam nas propriedades elétricas dos metais e ligas. Para evitá-las, deve-se processar em ambientes controlados, livre de impurezas. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 28 3. Constituição dos Metais Puros 6. Transformação a Frio e a Quente O metal pode sofrer dois tipos de deformação Elástica: o corpo reassume suas condições iniciais quando cessam os esforços de deformação Plástica: A deformação permanece depois que cessam os esforços de deformação. Coeficiente de deformação: 𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠õ𝑒𝑠 𝑖𝑛𝑐𝑖𝑎𝑖𝑠 − 𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠õ𝑒𝑠 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑖𝑠 𝛼= 𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠õ𝑒𝑠 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑖𝑠 Os metais, sob ação de forças de compressão, tração, flexão, etc podem sofrer estas deformações. Estes processos podem ser realizados a frio ou a quente, dependendo da dureza do metal, da sua oxidação a quente, do custo desejado e do resultado que se quer obter. Exemplo: cobre Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 29 3. Constituição dos Metais Puros 6. Transformação a Frio e a Quente Exemplo: cobre Tomando um lingote de cobre, aplica-se inicialmente o processo de deformação a quente para transformá-lo em um fio, pois assim ele é mais mole. A quente, o cobre oxida rapidamente, e o óxido formado é mau condutor. Portanto o óxido é removido e posteriormente segue-se com o processo a frio. Após o processo a frio, o Cobre se encontra endurecido (encruado). Então faz-se um último processo a quente de recozimento, para recristalizar o metal. Portanto dependendo do objetivo desejado, usa-se o processo a frio ou a quente. De forma geral, um ganho nas propriedades mecânicas, representa uma perda nas propriedades elétricas. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 30 4. Características dos Metais 1. Classificação Geral dos Materiais Elétricos Os materiais utilizados em eletricidade são basicamente classificados sob dois pontos de vista: Elétrico • Condutores: Bons condutores de corrente elétrica • Semicondutores: Condutividade depende da temperatura • Isolantes: Maus condutores de corrente elétrica OBS: Não existem condutores perfeitos nem isolantes perfeitos. Todo material tem suas limitações de aplicação. A classificação se dá em base a critérios relativos entre os materiais. Magnético • Ferromagnéticos: Capacidade de um metal de se constituir em ímã. • Diamagnéticos e Paramagnéticos: apresentam magnetismo mais fraco e atração ou repulsão na presença de um campo magnético forte. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 31 4. Características dos Metais 2. Materiais sob o ponto de vista elétrico Classificação Geral Baseado no valor da resistividade transversal (ρ), os materiais se classificam em: • Condutores: 10−2 a 10 Ω . 𝑚𝑚2 /𝑚 • Semicondutores: 10 a 1012 Ω . 𝑚𝑚2 /𝑚 12 • Isolantes: 10 24 a 10 Ω 𝑚𝑚2 . 𝑚 A diferença no comportamento condutor se dá principalmente pelas diferenças estruturais dos materiais (no caso dos metais, “mar de elétrons”) Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 32 4. Características dos Metais 3. A estrutura dos Materiais Condutores Circulação de corrente se dá em sólidos, líquidos e gases, em condições favoráveis. Na prática a maioria dos condutores são sólidos, destaque para os metais. Sólidos: Condutores Metálicos Líquidos: Eletrólitos Gasos: Se ionizam na presença de campos elétricos muito intensos (Ex: Arco elétrico). Classificação dos Metais Alcalinos: Lítio, Sódio, Potássio Nobres: Cobre, Prata, Ouro, Platina Bivalentes: Berílio, Estrôncio, Cáclio e Bário Transição: Ferro, Níquel, Cobalto e Tungstênio Estruturas Cristalinas: Alcalinos (Cúbica Elemento Central) Nobres (Cúbico de Face Central) Demais (Transitam entre ambas as formas) Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 33 4. Características dos Metais 3. A estrutura dos Materiais Condutores A Condutividade Metálica Pela teoria eletrônica clássica, o corpo cristalino possui uma cadeia cristalina iônica, envolvida por um “mar de elétrons”. A corrente elétrica consiste no deslocamento desses elétrons por ação de um fator externo (Ex: ddp). Nesse movimento, os elétrons se chocam com os íons, perdendo energia de deslocamento, que se faz notar pelo aquecimento do corpo. Essa transformação de energia se denomina Lei de Joule-Lenz. 𝑊 = 𝛾 . 𝐸2 Onde: 𝑊 quantidade de energia transmitida pela nuvem de elétrons por unidade de tempo; 𝛾 condutividade elétrica; E campo elétrico aplicado; Efeito Hall: ocorre quando um condutor é colocado em um campo magnético transversal,criando uma f.e.m. também transversal. A medição dessa fem permite determinar a o sinal da carga e a quantidade de portadores. Esta determinação pode ser importante para fabricação de dispositivos. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 34 4. Resumo Análise geral das características dos metais (características físicas) e classificação Obtenção dos principais metais condutores utilizados em eletricidade. Análise da composição dos metais (definição da estrutura cristalina, definição das ligações metálicas. Curvas de resfriamento e formação de cristais. Anisotropia Defeitos na solidificação Transformação a Frio e a Quente Classificação geral dos materiais elétricos Condutividade metálica e efeito Hall Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 35 Materiais Condutores CONDUÇÃO ELÉTRICA 1 – INTRODUÇÃO E OBJETIVOS Considerações sobre as propriedades elétricas dos materiais são com frequência importantes durante o projeto de um componente. As propriedades elétricas influenciam no uso que será feito de determinado material. Ex: Alguns materiais precisam ser excelentes condutores de corrente elétrica (por exemplo em fios de conexão elétrica). Neste caso é necessário que o material possua alta condutividade elétrica, como no caso dos metais (cobre, alumínio, prata, ligas metálicas, etc.) Objetivos: Explorar as propriedades elétricas dos materiais, ou seja, suas respostas à aplicação de um Campo Elétrico. Será realizado um estudo sobre a condução de corrente elétrica nos materiais. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 37 2 – CONDUÇÃO ELÉTRICA LEI DE OHM Uma das características elétricas mais importantes de um material sólido é a facilidade com a qual ele transmite uma corrente elétrica. A lei de Ohm relaciona a corrente I à tensão V aplicada: Onde V corresponde à tensão em Volts [V], I corresponde à corrente em Ampéres [A] e R corresponde à Resistência em Ohms [Ω]. O valor de R é influenciado pela configuração da amostra. A resistividade ρ é independente da geometria da amostra e se relaciona com R pela seguinte expressão: ρ depende do material Área (A) Comprimento (l) Onde ρ é a resistividade em [Ω.m], R é a resistência, A é a área da seção transversal em [m2] e l é o comprimento da amostra em [m]. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 38 2 – CONDUÇÃO ELÉTRICA CONDUTIVIDADE ELÉTRICA Algumas vezes, a condutividade elétrica σ é usada para especificar a natureza elétrica de uma material. Ela é simplesmente o inverso da resistividade, ou seja: Onde a condutividade σ é dada em [1/Ω.m]. DENSIDADE DE CORRENTE Outra forma de representar a lei de Ohm é através da densidade de corrente, ou seja, a corrente (I em ampéres) por unidade de área da amostra (em metros quadrados): Onde J é a densidade de corrente em [A/m2], σ é a condutividade elétrica do material, e E é o campo elétrico aplicado, em [V/m]. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 39 2 – CONDUÇÃO ELÉTRICA CAMPO ELÉTRICO O Campo Elétrico corresponde à diferença de potencial entre dois pontos dividida pela distância que os separa: E corresponde ao Campo Elétrico em [V/m], V corresponde à tensão em Volts [V] e l corresponde à distância entre os dois pontos em metros [m]. Os materiais chamados de condutores são aqueles que possuem elevada condutividade elétrica σ: Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 40 3 – EXERCÍCIOS Para os exercícios a seguir, utilize os dados da tabela abaixo: 1. Um fio de alumínio com 10 metros de comprimento deve sofrer uma queda de tensão de menos de 1,0 V quando uma corrente de 5 A passar através dele. Usando os dados da tabela 18.1, calcule o diâmetro mínimo que o fio deve ter. 2. Um fio em aço carbono com 3mm de diâmetro deve oferecer uma resistência de 20Ω. Usando os dados da tabela 18.1, calcule o comprimento máximo do fio. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 41 3 – EXERCÍCIOS 3. Usando os dados da tabela 18.1 calcule: a. A resistência de um fio de alumínio com 5 mm de diâmetro e 5 m de comprimento b. Qual seria o fluxo de corrente se a queda de potencial entre as extremidades do fio fosse de 0,04 V? c. Qual a densidade de corrente? d. Qual a magnitude do campo elétrico através das extremidades do fio? 4. Usando os dados da tabela 18.1 calcule: a. A resistência de um fio de cobre com 3mm de diâmetro e 2m de comprimento. b. Qual seria o fluxo de corrente se a queda de potencial entre as extremidades do fio fosse de 0,05 V? c. Qual a densidade de corrente? d. Qual a magnitude do campo elétrico através das extremidades do fio? 5. Um fio de Cobre com 100m de comprimento deve experimentar uma queda de tensão de menos de 1.5V quando uma corrente de 2.5A passa através dele. Calcule o diâmetro mínimo que esse fio deve ter. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 42 3 – EXERCÍCIOS 6. Um fio metálico cilíndrico com 2mm (0.08pol.) de diâmetro é necessário para conduzir uma corrente de 10 A, com uma queda mínima de tensão de 0,03V por pé (300mm) de fio. Quais dos metais e ligas que estão listados na tabela 18.1 são candidatos para fabricação do fio? 7. Mostrar quanto vale a relação entre os pesos dos condutores de cobre e de alumínio para as seguintes condições: - Mesmo comprimento de circuito; - Mesma corrente de carga; - Resistividade do cobre = 0.01724 Ω mm2 / m; - Resistividade do alumínio = 0.02824 Ω mm2 / m; - Peso específico do cobre = 8.89 g / cm3; - Peso específico do alumínio = 2.7 g / cm3; Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 43 4 – MOBILIDADE ELETRÔNICA Quando um Campo Elétrico é aplicado, uma força atua sobre os elétrons livres. Como consequência, todos eles sofrem uma aceleração em uma direção oposta à do campo (em virtude de suas cargas serem negativas). A condutividade (σ) dos materiais pode ser expressa em função da mobilidade eletrônica, do número de elétrons livres e da carga do elétron: Condutividade (1/Ω.m) Mobilidade eletrônica Número de elétrons livres Carga do elétron Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 44 5 – RESISTIVIDADE ELÉTRICA DOS METAIS Metais são excelentes condutores de eletricidade (alta condutividade, baixa resistividade), pois possuem grande número de elétrons livres. Existem fatores que influenciam na resistividade dos metais: Temperatura, Impurezas, Deformação Plástica. A resistividade total de um metal depende da ação das resistividades de temperatura, impurezas e deformações: Resistividade devido à Temperatura Resistividade Total Resistividade devido às Deformações Plásticas Resistividade devido às Impurezas Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 45 5 – RESISTIVIDADE ELÉTRICA DOS METAIS Metais são excelentes condutores de eletricidade (alta condutividade, baixa resistividade), pois possuem grande número de elétrons livres. Existem fatores que influenciam na resistividade dos metais: Temperatura, Impurezas, Deformação Plástica. A resistividade total de um metal depende da ação das resistividades de temperatura, impurezas e deformações: Resistividade devido às Deformações Plásticas Resistividade Total Resistividade devido à Temperatura Resistividade devido às Impurezas 5.1. Influência da Temperatura A resistividade aumenta linearmente com a temperatura. A influência da temperatura se dá devido ao aumento das vibrações da estrutura cristalina dos metais reduzindo a mobilidade eletrônica Temperatura Resistividade devido à Temperatura Constantes Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 46 5 – RESISTIVIDADE ELÉTRICA DOS METAIS 5.1. Influência das Impurezas A adição de impurezas provoca uma redução da mobilidade eletrônica e consequente aumento da resistividade elétrica Resistividade devido às Impurezas Constante Concentração das Impurezas Aumento percentual da concentração de Níquel (impureza) na liga de Cu-Ni Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 47 5 – RESISTIVIDADE ELÉTRICA DOS METAIS 5.1. Influência das Impurezas Outra expressão para resistividade devido à influência das impurezas pode ser definida em função das resisitividades dos materiais envolvidos na mistura e da fração em volume que corresponde a cada material: Onde os ρ correspondem às resistividade dos materiais da liga e os V correspondem às frações em Volume dos materiais da liga. 5.2. Influência das Deformações Plásticas A deformação plástica também aumenta a resistividade elétrica como resultado do maior número de discordâncias que causam o espalhamento dos elétrons. No entanto, sua influência na resistividade total é menor do que os fatores mencionados anteriormente. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 48 6. Efeito Hall Para calcular a resistividade específica de cada material, de acordo com a equação (6), é necessário descobrir a densidade de da nuvem de elétrons N e a mobilidade do elétron μ. Resistividade 1 𝜌= Ω. 𝑚 𝑁 .𝑒 .𝜇 (6) Para determinar estes parâmetros é feito o experimento do Efeito Hall. Aplicação de um campo magnético B. Surge uma força magnética Fm perpendicular ao campo, que desloca os elétrons, comprimindo-os sobre a face do condutor, gerando assim um campo elétrico 𝐸𝐻 . Este processo é conhecido como Efeito Hall. 𝐹𝐸𝐻 𝐹𝑚 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 49 6. Efeito Hall Em condições de equilíbrio: 𝐹𝑚 = 𝐹𝐸𝐻 Partindo-se da expressão acima, em Scmidt, W.: Materiais Elétricos tem-se a demonstração matemática completa que leva ao seguinte resultado: 1 𝐸𝐻 =− 𝑁 .𝑒 𝐽. 𝐵 Onde J é a densidade de corrente 1 Chamando − 𝑁.𝑒 = 𝑅𝐻 (coeficiente de Hall), tem-se: 𝐸𝐻 𝑅𝐻 = − 𝐽 .𝐵 Substituindo na equação (6), temos: 𝑅𝐻 𝜇=− 𝜌 Podemos escrever (16) em função da condutividade: 𝜇 = −𝑅𝐻 . 𝜎 O Campo Hall Elétrico Hall (𝐸𝐻 ) proporciona uma tensão (tensão Hall): 𝑅𝐻 . 𝐼 . 𝐵 𝑉𝐻 = 𝑑 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos (13) (14) (15) (16) (17) (18) 50 Exercicios I 1) Cite 3 características dos materiais condutores. 2) Cite suscintamente como se dá a obtenção do Cobre. 3) Descreva os materiais condutores do ponto de vista da estrutura atômica 4) Qual a relação entre a temperatura de um metal e sua vibração atômica? De que forma isto impacta na condutividade/resistividade do material? 5) Quais os principais fatores que influenciam na resistividade de um material? Descreva de que forma se dá esta influencia. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 51 Exercicios II 1) Um fio de Cobre com 100m de comprimento deve experimentar uma queda de tensão de menos de 1.5V quando uma corrente de 2.5A passa através dele. Calcule o diâmetro mínimo que esse fio deve ter 2) a) Calcule a resistência de um fio de cobre com 3mm de diâmetro e 2m de comprimento. b) Qual seria o fluxo de corrente se a queda de potencial entre as extremidades do fio fosse de 0.05V? 𝑖 c) Qual a densidade de corrente? (Densidade de corrente: 𝐽 = [𝐴 𝑚2 ]) 𝐴 d) Qual a magnitude do campo elétrico através das extremidades do fio? 3) À temperatura ambiente a condutividade elétrica e a mobilidade eletrônica para o cobre 2 são 𝜎𝐶𝑢 = 6. 107 (Ω. 𝑚)−1 e 𝜇𝐶𝑢 = 0,003 𝑚 𝑉.𝑠 respectivamente. Calcule: a) Número de elétrons livres por metro cúbico de cobre b) Número de elétrons livres por átomo de cobre Dados: 𝑑𝐶𝑢 = 8,9 𝑔 𝑐𝑚3 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑎𝑡ô𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑜 𝐶𝑜𝑏𝑟𝑒 = 63,6𝑢 1𝑢 = 1,66. 10−27 𝑘𝑔 4) A condutividade elétrica e a mobilidade eletrônica do Alumínio são 𝜎𝐴𝑙 = 3,8. 107 (Ω. 𝑚)−1 e 2 𝜇𝐴𝑙 = 0,0012 𝑚 𝑉.𝑠 respectivamente. Calcule a tensão Hall para uma amostra de alumínio com 15mm de espessura no caso da aplicação de uma corrente de 25 A e de um campo magnético de 0,6 T. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 52 Materiais Condutores LIGAS METÁLICAS Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 53 Introdução • Materiais condutores se dividem em 2 grandes grupos: • Alta Condutividade: para fins de condução de corrente, ligação de aparelhos, etc. Deve haver pouca perda de energia no transporte da corrente elétrica. (Ex: cabos de cobre) • Alta Resistividade: para fins de transformar energia elétrica em térmica pelas por efeito Joule. (Ex: Fornos elétricos, resistências) Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 54 1. Materiais Condutores com elevada Condutividade Elétrica • Os principais materiais de alta condutividade elétrica são os metais nobres e suas ligas. • Na escolha de um material para determinada aplicação elétrica, nem sempre o critério decisivo é apenas a condutividade, já que o condutor elétrico está sujeito a efeitos mecânicos também. • Assim, um bom condutor que possua propriedades mecânicas inferiores pode ser preterido em função de um material com menor condutividade mas com melhores propriedades mecânicas. • Para esta finalidade, usam-se as ligas. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 55 1. Materiais Condutores com elevada Condutividade Elétrica • Os metais de alta condutividade mais utilizados são: Cobre (Cu), Alumínio (Al), Prata (Ag), Ouro (Au), Platina (Pt), Mercúrio (Hg), Ligas destes metais. 1.1. O Cobre (Cu) e suas Ligas O Cobre possui uma série de vantagens: – Baixa Resisitividade (Alta condutividade) – Baixa oxidação (Exceto em altas temperaturas) – Fácil deformação a frio e a quente (Características mecânicas desejáveis). Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 56 1. Materiais Condutores com elevada Condutividade Elétrica 1.1. O Cobre (Cu) e suas Ligas • Cobre utilizado na indústria: Cobre Eletrolítico (99.9% de pureza). • O grau de pureza influencia muito na condutividade. Impurezas comuns: P (Fósforo), As (Arsênio), Al, Fe, Sb (Antimônio), Sn (Estanho). • O cobre apresenta a propriedade de formar a pátina, que corresponde ao depósito de uma camada de carbonato de cobre na superfície do metal, que impede a ação das condições ambientais, preservando o mesmo. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 57 1. Materiais Condutores com elevada Condutividade Elétrica 1.1. O Cobre (Cu) e suas Ligas Aplicações do Cobre Puro • Cobre Encruado ou duro: Resultante de laminação a frio. É utilizado em aplicações que necessitam de elevada dureza, resistência à tração e pequeno desgaste. (Ex: Redes Aéreas de cabo nu, Fios telefônicos, anéis coletores). • Cobre Recozido ou Mole: Para as demais aplicações usa-se o cobre recozido. (Ex: cabos isolados, enrolamentos, barramentos). • Em muitos casos as propriedades do cobre puro não satisfazem as exigências de projeto, sendo necessário o uso de ligas de cobre. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 58 1. Materiais Condutores com elevada Condutividade Elétrica 1.1. O Cobre (Cu) e suas Ligas Aplicações das Ligas de Cobre Bronze (Cu+Sn) Alpacas (Cu+Ni+Zn) Latão (Cu+Zn) Cobre Cuproníquel (Cu+Ni) Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos Cobre Alumínio (Cu+Al) 59 1. Materiais Condutores com elevada Condutividade Elétrica 1.1. O Cobre (Cu) e suas Ligas Aplicações das Ligas de Cobre • As ligas são feitas com metais escolhidos para alterar uma propriedade específica do Cobre. Vale ressaltar que ao “melhorar” uma característica, outra característica pode estar sendo prejudicada. • Exemplo: Em algumas aplicações, as características mecânicas e de oxidação do Cobre podem ser indesejáveis. Nesse caso pode-se adicionar Níquel (Ni) ao cobre, formando uma liga Cu-Ni. O Níquel melhora a oxidação e aumenta a dureza do Cu, mas diminui a condutividade do mesmo. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 60 1. Materiais Condutores com elevada Condutividade Elétrica 1.1. O Cobre (Cu) e suas Ligas Aplicações das Ligas de Cobre • A figura abaixo mostra a influência nas propriedades do cobre conforme a adição de metais na liga: 70 Resistência à Tração [kg/mm2] Al Sn 35 0 8 % de Metal Estranho Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 61 1. Materiais Condutores com elevada Condutividade Elétrica 1.2. O Alumínio (Al) e suas Ligas • É o segundo metal mais usado na eletricidade. Existe grande esforço em substituir o Cobre por Alumínio por motivos econômicos (o alumínio é mais barato). • Materiais de Alumínio são em geral mais leves que seus equivalentes em Cobre. Porém o Alumínio é mais frágil e oxida mais rápido (oxidação superficial que protege mas aumenta a resistividade). • No Brasil: Bauxita é mais abundante que os minérios de Cobre. • O Alumínio utilizado na indústria apresenta pureza de 99.5%. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 62 1. Materiais Condutores com elevada Condutividade Elétrica 1.2. O Alumínio (Al) e suas Ligas • A resistividade do cobre é aproximadamente 1.7 vezes maior que a do cobre. Isto é levado em conta no dimensionamento de condutores elétricos feitos de alumínio, efetuando uma “correção”. • As grandes vantagens das Ligas de Alumínio são: – Redução de peso do equipamento; – Excelente usinabilidade, facilidade de corte • Exemplos: – ALUMOLD (Al-Mg-Zn) – ALCAST (Al-Zn-Mg-Cu) Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 63 1. Materiais Condutores com elevada Condutividade Elétrica 1.3. A Prata (Ag) e suas Ligas • É o metal nobre de maior uso industrial. • Seu principal uso se dá em peças de contato. • É o metal com maior condutividade elétrica. • Ligas mais comuns da Prata: Prata e Cobre (Ag+Cu) 1.4. O Ouro (Au) e suas Ligas • Apresenta boa condutividade elétrica. • Seu principal uso também se dá em peças de contato. • Do ponto de vista elétrico, o uso de ligas de ouro não apresenta vantagens. • O custo do ouro é um limitante para seu uso. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 64 1. Materiais Condutores com elevada Condutividade Elétrica 1.5. A Platina (Pt) e suas Ligas • Apresenta boa deformação mecânica e fácil soldagem. • Boa resistência à oxidação e alto ponto de Fusão. • Usada como ânodo em processos de eletrólise e aplicação em peças de contato. • Usada em peças termoelétricas pois até 1000 ⁰C resistividade varia proporcional à temperatura. • Suas ligas podem apresentar ponto de fusão superior a 1500 ⁰C (Ex: Pt-Ródio, Pt-Rutênio) Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 65 2. Materiais Condutores com Reduzida Condutividade Elétrica 2.1. Chumbo (Pb) • Elevada resistência contra ação da água potável. • Usado em elos fusíveis, proteção contra raio X, acumuladores de chumbo-ácido e material de solda. • Liga mais comum: Chumbo Antimônio (Pb-Sb). 2.2. Estanho (Sn) • Alta resistividade elétrica. • Acima de 160 graus, se torna quebradiço. • Não oxida e não é atacado por água à temperatura ambiente. • Uso frequente em ligas visando revestimento. Ex: Bronze. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 66 2. Materiais Condutores com Reduzida Condutividade Elétrica 2.3. Zinco (Zn) • Apresenta o maior coeficiente de dilatação entre os metais. • Ao contrário da maioria dos metais (cúbicos), o Zn apresenta estrutura cristalina hexagonal. Assim fica mais suscetível à anisotropia. • É quebradiço à temperatura ambiente, e se torna pó acima dos 250 ⁰C. Entre 100-150 ⁰C se apresenta estável. • É usado para revestimento, pois é facilmente atacado por outros elementos. • Aplicação em pilhas. • Ligas mais comuns: Zn-Al-Cu, visando aumentar a resistência mecânica do Zinco. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 67 2. Materiais Condutores com Reduzida Condutividade Elétrica 2.4. Níquel (Ni) • Possui propriedades ferromagnéticas. • Quando usado em ligas, faz a condutividade cair rapidamente. • Por isso é usado em Resistores, e em lâmpadas incandescentes (alimentador do filamento de tungstênio). • Também é utilizado em termoelementos em substituição à platina. • Ligas comuns: Konstantan (Ni-Cu-Mn), Monel, Nicrom Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 68 3. Ligas Metálicas Resistivas • Possuem resistividade elétrica (ρ) entre 0.2 e 1.5 Ωmm₂/m. Metais puros dificilmente passam de 0.2 • Muitas vezes é necessário que a resistividade se mantenha constante em função da variação de temperatura, ou seja, 𝛼 𝑇 = 0 (aproximadamente). • As ligas resistivas são formadas para aumentar a resistividade. • Finalidades: – Fins térmicos ou de aquecimento – Fins de medição – Fins de regulação • Exemplos: Ligas de Cu, Konstantan, Niquelina, Manganin, Isabelina, Novokonstant… Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 69 4. Ligas para Peças Laminadas ou Extrudadas • Visam aumentar a resistência mecânica do alumínio para fins de laminação ou extrudação. • Ligas: – Aldrey: Al+Mg+Si+Fe • Usada em fios aéreos e enrolamentos de motores e transformadores. • Possui condutividade próxima do Al, e resistência à tração próxima do cobre encruado. – Duralumínio: Al+Cu+Mg+Mn / Al+Mg+Si • Boa estabilidade Química • Utilizado em terminais elétricos. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 70 5. Ligas para Peças Fundidas • Determinadas peças só podem ser moldadas através de processos de fundição. • Alguns metais apresentam alto grau de oxidação a altas temperaturas, levando a uma queda de qualidade no processo de fundição e consequentemente da peça fundida. • Assim, para diminuir a oxidação durante o processo de fusão, usam-se ligas específicas, onde os metais são adicionados para diminuir a oxidação do metal original. • Exemplos: Al-Si, Al-Cu-Si Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 71 Materiais Semicondutores Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 72 1. Introdução • O estudo dos materiais semicondutores é de extrema importância para a área de eletrônica. • O uso de materiais com propriedades semicondutoras permitiu a redução do tamanho de circuitos permitindo o desenvolvimento da microeletrônica. • Os semicondutores fazem parte de praticamente todos os componentes eletrônicos. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 73 1. Introdução • Em termos de Condutividade Elétrica, são intermediários entre condutores e isolantes. • No entanto, esta definição de Semicondutores não é suficiente, nem apropriada pra caracterizá-los fisicamente. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 74 1. Introdução • Para explicar a Semicondutividade é necessário analisar as características químicas e físicas dos elementos mais comuns de semicondutores: Germânio (Ge) e Silício (Si). • Em seu estado natural, estes elementos são chamados de Intrínsecos. Quando adicionadas impurezas para formar ligas semicondutoras são chamados Extrínsecos. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 75 2. Semicondutividade 1. Semicondutividade Intrínseca – Principais elementos Semicondutores são o Silício e o Germânio. – Em seu estado mais puro (99,98%) são chamados Intrínsecos. – A semicondutividade é explicada pelas Bandas Eletrônicas Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 76 2. Semicondutividade 1. Semicondutividade Intrínseca – BANDAS ELETRÔNICAS E Material Isolante E Semicondutor Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 77 2. Semicondutividade 1. Semicondutividade Intrínseca – VALÊNCIA DOS SEMICONDUTORES Silício = Tetravalente (4 e- na camada de valência) Si Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 78 2. Semicondutividade 1. Semicondutividade Intrínseca – VALÊNCIA DOS SEMICONDUTORES Silício = Tetravalente (4 e- na camada de valência) Si Si Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 79 2. Semicondutividade 1. Semicondutividade Intrínseca – VALÊNCIA DOS SEMICONDUTORES Silício = Tetravalente (4 e- na camada de valência) Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 80 2. Semicondutividade 1. Semicondutividade Intrínseca Aplicando excitação de um Campo Elétrico (E): • O Campo Elétrico excita a estrutura, liberando elétrons livres, conforme apresentado na figura. • No lugar que o elétron ocupava, cria-se um Buraco, que tem carga positiva. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 81 2. Semicondutividade 1. Semicondutividade Intrínseca Aplicando excitação de um Campo Elétrico (E): • Outros Elétrons entram no Buraco deixado. • Assim, o Buraco se move ao longo da estrutura. • Portanto, Semicondutores possuem dois portadores de carga: Elétrons e Buracos Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 82 2. Semicondutividade 1. Semicondutividade Intrínseca Em metais tínhamos: Resistividade 1 𝜌= Ω. 𝑚 𝑛 .𝑒 .𝜇 Ou de maneira análoga: Condutividade 𝜎 = 𝑛 . 𝑒 . 𝜇 Ω. 𝑚−1 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 83 2. Semicondutividade 1. Semicondutividade Intrínseca Mas, em Semicondutores, tem-se dois tipos de portadores de carga: elétrons e buracos. Portanto a Condutividade Intrínseca é definida: 𝜎 = 𝑛 𝑒 𝜇𝑒 + 𝑝 𝑒 𝜇𝑏 Onde: 𝜎 é a condutividade 𝑛 é o número de elétrons por metro cúbico 𝑝 é o número de buracos por metro cúbico 𝑒 é a carga do elétron 𝜇𝑒 e 𝜇𝑏 são as mobilidades do elétron e do buraco respectivamente Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 84 2. Semicondutividade 1. Semicondutividade Intrínseca Para semicondutores intrínsecos, cada elétron deixa para trás um buraco. Assim: 𝑛 = 𝑝 = 𝑛𝑖 Subtituindo em 𝜎 = 𝑛 𝑒 𝜇𝑒 + 𝑝 𝑒 𝜇𝑏 , temos: 𝜎 = 𝑛𝑖 𝑒 (𝜇𝑒 + 𝜇𝑏 ) Onde 𝑛𝑖 é chamado de concentração de portadores intrínsecos. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 85 2. Semicondutividade 2. Semicondutividade Extrínseca • Quase todos os semicondutores comerciais são extrínsecos. • Semicondutores Extrínsecos são obtidos por um processo conhecido como dopagem. • A dopagem consiste em inserir impurezas no semicondutor intrínseco, visando alterar seu comportamento elétrico. • A alteração no comportamento elétrico se dá pela alteração no número de elétrons ou de buracos. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 86 2. Semicondutividade 2. Semicondutividade Extrínseca • Quase todos os semicondutores comerciais são extrínsecos. • A dopagem é um processo fino. As concentrações de impurezas são diminutas. • Um único átomo de Fósforo em um conjunto de 1012 átomos de Silício torna o mesmo Extrínseco à temperatura ambiente. • Dois tipos de Semicondução Extrínseca: tipo p, e tipo n. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 87 2. Semicondutividade 2. Semicondutividade Extrínseca Tipo n • É realizada adicionando impurezas com valência 5 (pentavalentes). • Mais comuns: Fósforo (P), Arsênio (As), Antimônio (Sb). P Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 88 2. Semicondutividade 2. Semicondutividade Extrínseca Tipo n • O elétron adicional do fósforo não forma ligações, e fica preso à estrutura por uma atração eletrostática fraca. • Esse elétron é facilmente removido da estrutura (pouca energia). Assim, ele se torna um elétron livre. • À temperatura ambiente, já existe energia suficiente para excitar esses elétrons adicionais Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 89 2. Semicondutividade 2. Semicondutividade Extrínseca Tipo n • Portanto em Semicondutores Extrínsecos tipo n, o número de elétrons é muito maior que o número de buracos. • Logo os elétrons são portadores majoritários em tipo n. • Partindo da condutividade intrínseca, vamos obter a condutividade extrínseca tipo n: 𝜎 = 𝑛 𝑒 𝜇𝑒 + 𝑝 𝑒 𝜇𝑏 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 90 2. Semicondutividade 2. Semicondutividade Extrínseca Tipo n • Partindo da condutividade intrínseca, vamos obter a condutividade extrínseca tipo n: 𝜎 = 𝑛 𝑒 𝜇𝑒 + 𝑝 𝑒 𝜇𝑏 Mas 𝑛 ≫ 𝑝, tornando o lado direito da equação acima desprezível. Portanto: 𝜎 ≅ 𝑛 𝑒 𝜇𝑒 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 91 2. Semicondutividade 2. Semicondutividade Extrínseca Tipo n Em termos de Bandas de Valências, temos: Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 92 2. Semicondutividade 2. Semicondutividade Extrínseca Tipo p • É o oposto do tipo n. • A dopagem é feita com elementos trivalentes. • Ex: Alumínio (Al), Boro (B), Gálio (Ga) B Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 93 2. Semicondutividade 2. Semicondutividade Extrínseca Tipo p Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 94 2. Semicondutividade 2. Semicondutividade Extrínseca Tipo p • Como o Boro é trivalente, falta um elétron para completar a ligação com o Silício na estrutura. • Assim, forma-se um buraco. • Os elétrons adjacentes “pulam” para cobrir o buraco, deixando para trás um novo buraco. • Assim se dá a condução por lacunas ou buracos. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 95 2. Semicondutividade 2. Semicondutividade Extrínseca Tipo p • Portanto em Semicondutores Extrínsecos tipo p, o número de buracos é muito maior que o número de elétrons livres. • Logo os buracos são portadores majoritários em tipo p. • Partindo da condutividade intrínseca, vamos obter a condutividade extrínseca tipo p: 𝜎 = 𝑛 𝑒 𝜇𝑒 + 𝑝 𝑒 𝜇𝑏 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 96 2. Semicondutividade 2. Semicondutividade Extrínseca Tipo p • Partindo da condutividade intrínseca, vamos obter a condutividade extrínseca tipo p: 𝜎 = 𝑛 𝑒 𝜇𝑒 + 𝑝 𝑒 𝜇𝑏 Mas p ≫ 𝑛 , tornando o lado esquerdo da equação acima desprezível. Portanto: 𝜎 ≅ 𝑝 𝑒 𝜇𝑏 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 97 2. Semicondutividade 2. Semicondutividade Extrínseca Tipo p Em termos de Bandas de Valências, temos: Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 98 2. Semicondutividade Influência da Temperatura • Se aumentarmos a temperatura, aumenta a energia fornecida aos átomos, e aumenta a energia disponível para excitar os elétrons da camada de valência. • Portanto, conforme aumenta a temperatura, aumenta o número de portadores de carga em Semicondutores Intrínsecos Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 99 2. Semicondutividade Concentração de Portadores Intrínsecos m3(-1) Influência da Temperatura Ge Si Temperatura (K) Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 100 2. Semicondutividade Influência da Temperatura Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 101 2. Semicondutividade Influência da Temperatura Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 102 2. Semicondutividade Voltando à expressão de Condutividade: 𝜎 = 𝑛𝑖 𝑒 (𝜇𝑒 + 𝜇𝑏 ) Vamos analisar agora a mobilidade dos elétrons. Principais Influencias: • Temperatura (Reduz a mobilidade) • Concentração de Impurezas (Reduz a mobilidade) Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 103 2. Semicondutividade Principais Influencias: • Temperatura (Reduz a mobilidade) Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 104 2. Semicondutividade Principais Influencias: • Concentração de Impurezas (Reduz a mobilidade) Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 105 3. Exercícios 1. Para o arseneto de gálio intrínseco, a condutividade elétrica à temperatura ambiente é de 10−6 (Ω𝑚)−1 . As mobilidades dos elétrons e dos buracos são respectivamente de 0,85 e 0,04 𝑚2 𝑉𝑠. Calcular a concentração de portadores intrínsecos à temperatura ambiente. 2. Calcular a condutividade do Silício Intrínseco na temperatura de 150 C, ou 423K. 3. Átomos de arsênio são adicionados a silício de alta pureza na proporção de 1023 𝑚−3 . a) Esse material é tipo p ou tipo n? b) Calcular a condutividade elétrica desse material à temperatura ambiente c) Calcular a condutividade temperatura de 100 C, ou 373K Prof. Paulo Arcena - Materiais Elétricos 106 Revisão da Aula 1 de Semicondutores • O que é um Semicondutor Intrínseco? • O que são Portadores de Carga? • Em semicondutores intrínsecos quais são os portadores de carga? • Como se obtém um Semicondutor Extrínseco? • Quais são os tipos de Dopagem? • Em Semicondutores Extrínsecos tipo p, quais são os portadores de carga majoritários? • Em Semicondutores tipo n, quais são os portadores de carga majoritários? Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 107 Revisão da Aula 1 de Semicondutores • Qual a expressão matemática que descreve a condutividade (σ) dos Semicondutores Intrínsecos? 𝜎 = 𝑛𝑖 𝑒 (𝜇𝑒 + 𝜇𝑏 ) • Qual a expressão matemática que descreve a condutividade (σ) dos Semicondutores Extrínsecos tipo p e tipo n? Tipo p: 𝜎 ≅ 𝑝 𝑒 𝜇𝑏 Tipo n: 𝜎 ≅ 𝑛 𝑒 𝜇𝑒 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 108 Revisão da Aula 1 de Semicondutores OBS: Aumenta o número de portadores, aumenta a condutividade. Aumento da Temperatura, aumenta a condutividade Comportamento oposto ao dos Metais. Concentração de Portadores Intrínsecos m3(-1) • Como se comporta a concentração de portadores (𝑛𝑖 ) dos semicondutores intrínsecos em relação à temperatura? Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 109 Revisão da Aula 1 de Semicondutores • Como se comporta a concentração de portadores (𝑛 𝑜𝑢 𝑝) dos semicondutores extrínsecos em relação à temperatura? Concentração de elétrons (1021 /𝑚3 ) • Freeze-out: Região de Congelamento A energia térmica é insuficiente para excitar o elétron doador do fósforo. Assim, ele não recebe energia para passar à banda de condução. • Extrinsic: Região Extrínseca Nesta faixa de T, o semicondutor se comporta como extrínseco. Os semicons sólidos são projetados para operar nesta faixa. Fora da faixa extrínseca, o dispositivo perde a característica extrínseca e tem sua função comprometida. • Intrinsic: Região Intrínseca Quando a temperatura se torna muito elevada, o material se comporta como intrínseco, pois a contribuição de condutividade devido a elétrons livres e buracos do material não dopado supera a contribuição do estado doador ou receptor do material dopante. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 110 Revisão da Aula 1 de Semicondutores • Como se comporta a mobilidade dos portadores (𝜇𝑒 𝑜𝑢 𝜇𝑏 ) dos semicondutores extrínsecos em relação à temperatura e à concentração de impurezas ou dopante? • À medida que aumenta a temperatura, diminui a mobilidade dos portadores. • À medida que aumenta o teor de impureza ou dopante, diminui a mobilidade Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 111 Introdução • As características estudadas até aqui possuem aplicações práticas muito variadas e de grande importância. • A eletrônica é a principal área de aplicação de Semicondutores. • Os principais dispositivos Semincondutores são os Diodos e Transistores Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 112 Diodos • São os dispositivos semicondutores mais simples. • Um exemplo da aplicação dos diodos é em circuitos de retificação, devido à sua característica de ser bom condutor de corrente em apenas uma polaridade, ou seja, permite a passagem de corrente elétrica em apenas uma direção. Dessa forma consegue transformar CA em CC. • São formados por uma junção PN. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 113 Diodos Junção Retificadora p-n • Corresponde a uma peça semicondutora que é dopada de tal forma que possua dopagem tipo p em uma das extremidades e tipo n na outra extremidade. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 114 Diodos Junção Retificadora p-n • No lado p os portadores majoritários são os buracos e do lado n, os elétrons. • Na junção alguns elétrons e alguns buracos se recombinam, formando a Região de Depleção. Esta região funciona como um isolante. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 115 Diodos Junção Retificadora p-n • Para conduzir corrente, a Região de Depleção deve ser colapsada. Para isso é feita a polarização do Diodo. • A corrente segue o sentido dos portadores positivos e o sentido contrário dos portadores negativos. Polarização Direta Consiste em ligar o terminal (+) da fonte na parte p do Diodo Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 116 Diodos Junção Retificadora p-n Polarização Direta – Com o colapso da Região de Depleção, o Diodo conduz corrente elétrica. – É necessário uma tensão mínima para romper o isolamento da Região de Depleção. – Silício (Si): 0.7 V //Prof.Germânio (Ge): 0.3 V Paulo Arce - Materiais Elétricos 117 Diodos Junção Retificadora p-n Polarização Direta – Portanto, quando a tensão direta (𝑉𝐷 ) aplicada no Diodo é maior do que 0,7V (Si) ou 0,3V (Ge), ocorre a condução da corrente direta (𝐼𝐷 ). Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 118 Diodos Junção Retificadora p-n Polarização Reversa – Ocorre quando o terminal (-) da fonte é ligado ao lado p do Diodo. – Nesse caso, ocorre o alargamento da região de depleção, aumentando o isolamento proporcionado pela mesma. – Portanto, o Diodo não conduz. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 119 Diodos Junção Retificadora p-n Polarização Reversa – Uma pequena corrente continua existindo na região de depleção devido aos portadores minoritários. – Portanto, se a tensão reversa exceder um valor crítico, os portadores minoritários formam uma “avalanche” que leva os portadores minoritários a excitarem os elétrons de valência à banda de condução. Esta tensão corrensponde à tensão de ruptura reversa. Varia de 50V a 1000V dependendo do Diodo. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 120 Diodos Junção Retificadora p-n Característica (V x I) do Diodo Polarização Direta Ruptura Reversa Polarização Reversa Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 121 Transistores • Basicamente desempenha duas funções: Amplificação de sinais e Chaveamento. • O controle da amplificação e do chaveamento é feito por um controle de corrente elétrica. • Para realizar este controle, usa-se a característica semicondutora dos materiais. • Transistores são formados por dois tipos de junção: pnp ou npn. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 122 Transistores Junção pnp Figura (a): Transistor não-polarizado. Figura (b): Transistor polarizado. Junção 1: Polarização Direta Junção 2: Polarização Reversa • • • • FUNCIONAMENTO A polarização direta da junção 1 força os buracos do Emissor a ir em direção à Base. Alguns buracos se recombinam com os elétrons da Base, mas como ela é muito estreita (poucos e-), muitos buracos chegam ao Coletor. O Coletor tem a sua concentração de portadores (buracos) aumentada. Assim, um pequeno aumento na tensão de entrada (Emissor) leva a um grande aumento na tensão de saída (Coletor) = AMPLIFICAÇÃO Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 123 Transistores Junção pnp OBS: Forward-Biasing = Polarização Direta Reverse-Biasing = Polarização Reversa Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 124 Exercícios 1. Na temperatura ambiente, a condutividade elétrica do PbS é de 25 (Ω𝑚−1 ), enquanto as mobilidades dos elétrons e dos buracos 2 𝑚 são de 0,06 e de 0,02 𝑉𝑠 , respectivamente. Calcular a concentração de portadores intrínsecos para o PbS à temperatura ambiente. 2. Calcular a condutividade elétrica à temperatura ambiente para um silício que foi dopado com 1023 𝑚−3 átomos de arsênio. 3. Estimar a condutividade elétrica na temperatura de 75 graus Celsius para um Silício que foi dopado com 1022 𝑚−3 átomos de fósforo. OBS: Para os exercícios 2 e 3, usar as figuras dos próximos slides Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 125 Exercícios Para o Silício à temperatura ambiente, a dependência das mobilidades (Mobility) dos elétrons (Electrons) e Buracos (Holes) em relação à concentração de dopante ou impureza (Impurity Concentration) Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 126 Exercícios Dependência em relação à temperatura das mobilidades de elétrons e buracos, para várias Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 127 concentrações de dopante Materiais Isolantes Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 128 1. Introdução • Para diversas aplicações, é necessário o uso de materiais com elevada resistividade. • A elevada resistividade visa obter a maior oposição à passagem de corrente elétrica possível. • Os materiais que realizam este tipo de função são os Dielétricos ou Isolantes. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 129 1. Introdução • As principais aplicações dos materiais Dielétricos são em Capacitores e em equipamentos isolantes para aplicações elétricas. • Os materiais Dielétricos exibem ou são feitos para exibirem a estrutura de Dipolos Elétricos. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 130 2. Comportamento Dielétrico 2.1. CAPACITÂNCIA • Quando uma ddp é aplicada através de um capacitor, uma placa se torna positivamente carregada, e outra se torna negativamente carregada. • A Capacitância (C) está relacionada à quantidade de cargas (Q) que está armazenada em cada uma das placas através da relação: 𝑄 𝐶= 𝑉 +Q -Q C V Onde: C é a capacitância em coulomb por volt ou farad [F]; Q é a carga nas placas, em coulomb [C] Paulo Arce - Materiais Elétricos V é a tensão aplicada nasProf.placas. 131 2. Comportamento Dielétrico 2.1. CAPACITÂNCIA • É possível representar a Capacitância em função da constante dielétrica dos materiais. • Considerando um capacitor de placas paralelas de área A que possuem uma distância 𝑙 entre si e vácuo na região entre elas, tem-se: 𝐶= 𝐴 𝜖0 𝑙 Onde 𝜖0 é a permissividade do vácuo. 𝜖0 = 8,85 ∗ 10−12 𝐹/𝑚 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 132 2. Comportamento Dielétrico 2.1. CAPACITÂNCIA • Se um material dielétrico for inserido no lugar do vácuo tem-se: 𝐴 𝐶= 𝜖 𝑙 Onde 𝜖 representa a permissividade do dielétrico inserido. + + + + + Dielétrico 𝜖 𝜖0 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos - - - 133 2. Comportamento Dielétrico 2.1. CAPACITÂNCIA • A magnitude de 𝜖 será maior que a magnitude de 𝜖0 . • É possível obter uma relação entre 𝜖 e 𝜖0 : 𝜖 𝜖𝑟 = 𝜖0 • Onde 𝜖𝑟 é a permissividade relativa, mais conhecida como constante dielétrica. • A constante dielétrica indica o aumento na capacidade de armazenamento de cargas pela inserção do dielétrico entre as placas. • Exemplo: constante dielétrica do Polietileno é de 2,3. Quer dizer que inserir o Polietileno no lugar do vácuo, aumenta a capacidade de armazenamento de cargas em 2,3 vezes.134 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 2. Comportamento Dielétrico 2.2. POLARIZAÇÃO • Em condições normais, os átomos de determinado elemento se apresentam simétricos, isto é, a distribuição dos elétrons é uniforme em relação ao núcleo (figura a). • Quando ocorre um desequilíbrio nesta estrutura, surge uma separação entre a parte positiva e a parte negativa do átomo, levando à formação do Dipolo Elétrico (figura b). • O fenômeno da Capacitância é explicado pela existência de muitos dipolos no Dielétrico. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 135 2. Comportamento Dielétrico 2.2. POLARIZAÇÃO • Portanto, em cada dipolo existe uma separação entre a carga positiva e a negativa. • Associado a cada dipolo, temos um momento dipolo elétrico (p), de acordo com a relação: 𝑝 = 𝑞. 𝑑 • Os dipolos tem a tendencia de se alinharem ao campo elétrico aplicado. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 136 2. Comportamento Dielétrico 2.2. POLARIZAÇÃO • Devido aos dipolos, quando se insere um dielétrico no lugar do vácuo, o campo que atravessa o capacitor diminui. Isso torna o dielétrico um isolante. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 137 2. Comportamento Dielétrico 2.2. POLARIZAÇÃO Eo Eo E’ 𝐸 = 𝐸0 − 𝐸′ Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 138 2. Comportamento Dielétrico • Portanto para manter a tensão, as placas devem sofrer um aumento • Uma parte da carga + da placa será de cargas, que correspondem a neutralizada pela carga – líquida do (+Q’) e (-Q’). dielétrico. O mesmo ocorre com a carga - da placa. 2.2. POLARIZAÇÃO Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 139 2. Comportamento Dielétrico 2.2. POLARIZAÇÃO • Voltando ao Capacitor.. • Nas placas, a quantidade de cargas pode ser representada por uma densidade de cargas na superfície em (𝑪/𝒎𝟐 ). Esta densidade depende também do campo elétrico aplicado (E): 𝐷0 = 𝜖0 . 𝐸 • Para um material dielétrico, temos: 𝐷 = 𝜖. 𝐸 • Conforme foi analisado, a polarização leva a um aumento de cargas na superfície do dielétrico. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 140 2. Comportamento Dielétrico 2.2. POLARIZAÇÃO • A polarização (P) pode ser entendida como um aumento na densidade de carga inicial (𝐷0 ) das plcas na presença do vácuo. 𝑃 = 𝐷 − 𝜖0 . 𝐸 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 141 2. Comportamento Dielétrico 2.2. POLARIZAÇÃO 2.2.1. Tipos de Polarização a) Polarização Eletrônica: Ocorre em todos os dielétricos. Resulta do deslocamento da nuvem de elétrons em relação ao núcleo, devido à aplicação de um campo elétrico (a). b) Polarização Iônica: Ocorre apenas em materiais iônicos (b). c) Polarização de Orientação: Ocorre apenas em dielétricos que possuem dipolos permanentes. Ex: água pura (c). Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 142 2. Comportamento Dielétrico • A polarização total (P) de uma substância é igual à soma das polarizações eletrônica, iônica e de a) Polarização Eletrônica: Ocorre em orientação: todos os dielétricos. Resulta do 𝑃 = 𝑃𝑒 + 𝑃𝑖 + 𝑃𝑜 deslocamento da nuvem de elétrons em relação ao núcleo, devido à aplicação de um campo elétrico (a). b) Polarização Iônica: Ocorre apenas em materiais iônicos (b). c) Polarização de Orientação: Ocorre apenas em dielétricos que possuem dipolos permanentes. Ex: água pura (c). 2.2. POLARIZAÇÃO 2.2.1. Tipos de Polarização Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 143 2. Comportamento Dielétrico 2.2. POLARIZAÇÃO 2.2.1. Dependência da Constante Dielétrica em relação à Frequência existe uma frequência associada a um tempo mínimo necessário para o dipolo se alinhar ao campo. • Frequência de Relaxação. • Em diversas aplicações práticas, a corrente é CA. • Portanto o campo elétrico também é CA, muda de sentido com a corrente. • A orientação do dipolo tende a seguir este movimento, mas existe um tempo necessário para conseguor esse alinhamento. • Para cada tipo de polarização, Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 144 2. Comportamento Dielétrico 2.2. POLARIZAÇÃO 2.2.1. Dependência da Constante Dielétrica em relação à Frequência aplicada, os mecanismos de polarização vão deixando de funcionar. • O dipolo não consegue trocar de posição para se alinhar ao campo quando a frequência de relaxação foi excedida. • Nesse caso, ele não irá contribuir para a polarização total. • Na figura, temos um material dielétrico que possui os três tipos de polarização. • Dependendo da frequência Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 145 2. Comportamento Dielétrico 2.3. RESISTÊNCIA DIELÉTRICA • Definição: “Magnitude de um Campo Elétrico necessária para produzir uma ruptura no dielétrico” • Isto ocorre pois um Campo Elétrico muito grande fornece energia suficiente para excitar muitos elétrons à camada de condução, proporcionando corrente através do dielétrico. • Ruptura do isolamento. E e- Unidade: • Em CALLISTER, W., a unidade de Resistência Dielétrica é dada em 𝑽/𝒎𝒊𝒍, onde um mil corresponde a 0,001 pol. • Pode ser dada em outras unidades que relacionam tensão e espessura. Exemplo: kV/cm Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 146 3. Resumo • Dielétricos são isolantes elétricos. Apresentam grande espaçamento entre as bandas. • Se um campo elétrico muito grande for aplicado ao dielétrico, a resistência dielétrica ou rigidez dielétrica é rompida. • Materiais dielétricos estão sujeitos à possibilidade de sofrer polarização. • A polarização permite que ocorra um aumento no armazenamento de cargas nos capacitores por exemplo. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 147 3. Resumo • A polarização ocorre devido à orientação dos dipolos em relação a um campo elétrico aplicado. • Existem três tipos possíveis de polarização: eletrônica, iônica e de orientação. • A polarização é dependente da frequência da corrente CA aplicada. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 148 3. Resumo • Expressões Matemáticas e Unidades: CAPACITÂNCIA 𝑄 𝐶= 𝑉 𝐴 𝐶 = 𝜖0 𝑙 𝐴 𝐶=𝜖 𝑙 𝜖 𝜖𝑟 = 𝜖0 𝜖0 = 8,85 ∗ 10−12 𝐹/𝑚 POLARIZAÇÃO 𝐷0 = 𝜖0 𝐸 𝐷=𝜖𝐸 𝐷 = 𝑃 + 𝜖0 𝐸 𝑉 𝐸= 𝑙 𝑃 = 𝑃𝑒 + 𝑃𝑖 + 𝑃𝑜 Onde, 𝐶 = 𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 [𝐹] 𝜖 = 𝑝𝑒𝑟𝑚𝑖𝑠𝑠𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑑𝑖𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜 𝐹/𝑚 𝜖𝑟 = 𝑝𝑒𝑟𝑚𝑖𝑠𝑠𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑜𝑢 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑖𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑉 = 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 [𝑉] 𝐸 = 𝐶𝑎𝑚𝑝𝑜 𝐸𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜 [𝑉/𝑚] 𝐷0 = 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎𝑠 𝑛𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 [𝐶/𝑚2 ] 𝜖0 = 𝑝𝑒𝑟𝑚𝑖𝑠𝑠𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑣á𝑐𝑢𝑜 𝐹/𝑚 𝑃 = 𝑃𝑜𝑙𝑎𝑟𝑖𝑧𝑎çã𝑜 [𝐶/𝑚2 ] Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 𝑄 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 [𝐶] 149 4. Exercícios 1. Considerar um Capacitor de placas paralelas que possui uma área de 6,45 𝑥 10−4 𝑚2 e que apresenta uma separação entre as placas 2 𝑥 10−3 𝑚2 , através do qual é aplicada uma diferença de potencial de 10V. Se um material que possui uma constante dielétrica de 6,0 for posicionado dentro da região entre as placas, calcular: a) A capacitância b) A magnitude da carga armazenada em cada placa c) A densidade de cargas na superfície d) A polarização 2. Um capacitor de placas paralelas que utiliza um material dielétrico com 𝜖𝑟 de 2,5 possui um espaçamento entre placas de 1mm. Se um outro material de constante dielétrica 4,0 for usado e a capacitância tiver que permanecer a mesma, qual deverá ser Prof. Paulo as Arce -placas? Materiais Elétricos 150 o novo espaçamento entre 4. Exercícios 3. A constante dielétrica para um vidro de cal de soda medida a frequências muito altas (da ordem de 1015 𝐻𝑧 ) é de aproximadamente 2,3. Qual a fração da constante dielétrica em frequências relativamente baixas (1 Mhz) é atribuída à polarização iônica? Desprezar qualquer contribuição da polarização de orientação. Dado: a 1 Mhz, constante dielétrica deste material vale 6,9. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 151 1. Revisão Aula 1 de Isolantes • Materiais Dielétricos apresentam baixa condutividade elétrica, e capacidade de armazenar cargas. • Por esses motivos são utilizados como isolantes e meios dielétricos em capacitores. • Estas características se devem à propriedade dos materiais dielétricos de formarem dipolos elétricos quando polarizados. • Os dipolos elétricos apresentam a propriedade de se alinharem a campos elétricos externos aplicados. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 152 1. Revisão Aula 1 de Isolantes • Os dipolos elétricos podem ser permanentes ou induzidos. • Existem três formas possíveis de polarizar dielétricos: polarização iônica, eletrônica ou orientação. • O material dielétrico polarizado produz um campo elétrico contrário ao campo elétrico original, “reduzindo” o mesmo. • O Dielétrico aumenta a capacidade de armazenamento de cargas elétricas nas placas de um capacitor. Tomando-se como referência o vácuo, o aumento na capacidade de armazenamento de cargas (constante dielétrica) é dada 𝜖 por: 𝜖𝑟 = 𝜖 0 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 153 1. Revisão Aula 1 de Isolantes 𝐸0 𝐸′ 𝜖 𝜖 ; 𝜖𝑟 = 𝜖0 𝜖0 = 8,85𝑥10−12 𝐹/𝑚 𝐴 𝐶 = 𝜖0 𝑙 𝐶= 𝜖 +Q -Q C 𝐴 𝑙 V Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 𝐶= 𝑄 𝑉 154 1. Revisão Aula 1 de Isolantes • A Polarização pode ser entendida como um aumento na densidade de cargas nas placas, devido à inserção de um meio dielétrico, em comparação com o vácuo. 𝐷0 = 𝜖0 . 𝐸 𝐷 = 𝜖. 𝐸 𝑃 = 𝐷 − 𝜖0 . 𝐸 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 155 1. Revisão Aula 1 de Isolantes • Um material dielétrico pode apresentar ao mesmo tempo, mais de uma forma de polarização. • A Polarização total de um material corresponde à soma das contribuições individuais dos três tipos de polarização. 𝑃 = 𝑃𝑒 + 𝑃𝑖 + 𝑃𝑜 • A polarização e a constante dielétrica variam em função à frequência CA aplicada ao dielétrico. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 156 1. Revisão Aula 1 de Isolantes • Resistência Dielétrica (ou Rigidez Dielétrica): Corresponde à tensão máxima que pode ser aplicada ao dielétrico sem que este permita a condução de corrente. É o ponto em que o dielétrico deixa de atuar como isolante. Dado em unidades de tensão por espessura (kV/cm, kV/mm, V/mil, etc). E e- Quando a tensão aplicada (V) excede um limite (ruptura do isolante), os elétrons passam da banda de valência à banda de condução. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 157 1. Revisão Aula 1 de Isolantes Questão ENADE 2011 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 158 2. Características Específicas de Isolantes • Os materiais isolantes (assim como os condutores, semicondutores, etc.) estão em constante desenvolvimento. • Obedecem ao constante avanço tecnológico e de pesquisa. • A escolha adequada do isolante se dá em função de sua aplicação, de modo que nenhum material é superior aos outros em todos os sentidos. • Dependendo da aplicação alguns isolantes apresentam grande superioridade sobre os demais. Por outro lado podem ser totalmente inadequados para outro tipo de aplicação. • Exemplo: Porcelana. • Excelente isolante de linhas aéreas de transmissão. • Inadequado para isolamento de cabos devido à falta de flexibilidade. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 159 2. Características Específicas de Isolantes 1. Isolantes Sólidos a) Papel: Apresenta grande flexibilidade e capacidade de obtenção de pequena espessura. Também, possui boa resistência mecânica. A grande desvantagem é apresentar higroscopia. Geralmente é impregnado por óleos ou resinas. b) Fibras Sintéticas: Tem sido desenvolvidas em substituição às fibras naturais. Apresentam melhoras nas propriedades elétricas e mecânicas em relação às naturais. • Fibras de Poliamida: Inúmeras aplicações. Reforços mecânicos em cabos. Fitas Isolantes. • Fibras de Vidro: Obtida a partir do vidro isolante, apresentando uma espessura entre 5 a 10 μm. Apresenta boa estabilidade térmica (200 a 300 ⁰C). Utilizado em câmaras de extinção de arcos voltaicos. Podem receber tratamento com verniz para melhorar suas propriedades. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 160 2. Características Específicas de Isolantes 1. Isolantes Sólidos c) Cerâmicas: Obtidas a partir de quartzo, feldspato e argila, entre outros, além da adição de aditivos. Apresentam baixo custo, fabricação relativamente simples e boas características elétricas. • Porcelana de Isoladores: baixa, média e alta tensão. Redes Elétricas. • Cerâmica de Capacitores: Elevada constante dielétrica. d) Vidro: Formado a partir de óxido de silício e boro. A composição é variável, e isto influencia em suas propriedades. Apresenta boa estabilidade térmica, e boa estabilidade frente à umidade. e) Mica: É um mineral. Excelente estabilidade térmica (até 1000 ⁰C). Utilizada em aplicações de aquecimento elétrico, em isolamentos de ranhuras de máquinas elétricas, coletores de máquinas elétricas. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 161 2. Características Específicas de Isolantes 1. Isolantes Sólidos f) Amianto: Material mineral, fibroso. Apresenta boa estabilidade térmica, porém é higroscópico. Assim, seu uso está sujeito à impregnação com vernizes. Pode ser usado em forma de pó (extinção de arco voltaico em fusíveis). g) Borracha: Natural ou sintética. Aplicações elétricas empregam as sintéticas. Apresentam boa estabilidade perante agentes químicos. h) Mica: É um mineral. Excelente estabilidade térmica (até 1000 ⁰C). Utilizada em aplicações de aquecimento elétrico, em isolamentos de ranhuras de máquinas elétricas, coletores de máquinas elétricas. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 162 2. Características Específicas de Isolantes 2. Isolantes Líquidos Além do isolamento elétrico, promovem a refrigeração dos equipamentos. a) Óleo Mineral: Obtido a partir do petróleo, é uma mistura de hidrocarbonetos e outras deposições. Para uso elétrico devem ser purificados. O óleo pode perder suas propriedades isolantes ao longo do tempo, sendo necessária a manutenção regular de equipamentos a base de óleo mineral. Exemplo: Transformadores. b) Askarel: Desenvolvidos para subtituir os óleos minerais. Apresentam a vantagem de serem não-inflamáveis, além de não se degradarem ao longo do tempo. No entanto seu manuseio deve ser controlado devido à sua composição tóxica, e deve ser avaliada a reação do cloro presente no askarel com os produtos dos componentes a serem isolados. Apresentam elevado custo. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 163 2. Características Específicas de Isolantes 2. Isolantes Líquidos c) Óleo de Silicone: Cadeias de Silício e Oxigênio, juntamente com grupos metílicos e fenólicos. A viscosidade varia bem menos em comparação ao óleo mineral. Apresentam grande estabilidade química (reagem pouco com outros elementos). Utilizados como lubrificantes e em tintas e vernizes. Seu alto custo é um limitante do seu uso. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 164 2. Características Específicas de Isolantes 3. Isolantes Gasosos a) Ar: Amplamente utilizado. Por exemplo em linhas aéreas. A distância entre condutores nus se dá pela constante dielétrica do ar. Diversos fatores devem ser considerados (umidade, vento, etc.) b) Hexafluoreto de enxofre (𝑺𝑭𝟔 ) – usado em isolamentos de cabos subterrâneos e disjuntores de alta potência (subestações); Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 165 2. Características Específicas de Isolantes 4. Isolantes Pastosos a) Parafina: É obtido a partir da destilação do petróleo. É altamente anti-higroscópico (repelente à água). Utilizado como recobrimento de outros isolantes. b) Pasta de Silicone: Usualmente recebem adição de pó de grafita para melhorar suas características anti-fricção, já que seu uso se dá na maior parte das vezes em aplicações de lubrificação de peças de contato, onde se deseja baixa oxidação também. c) Resinas: Podem ser naturais ou sintéticas, sendo estas as utilizadas em aplicações elétricas. Correspondem a polímeros e podem ser classificadas em termofixas (rigidez não se altera com a temperatura – ex:baquelite) ou termoplásticas (sofre alteração na viscosidade em altas temperaturas). Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 166 2. Características Específicas de Isolantes 4. Isolantes Pastosos d) Vernizes: Obtidos a partir de Resinas com solventes. • Vernizes de Impregnação: Em papéis, tecidos, sedas, cerâmicas porosas, para preencher os espaços deixados internamente nesses materiais. • Vernizes de colagem: para fornecer consistência a alguns materiais que após a purificação perdem consistência. Ex: mica (pó) e fibra de vidro. • Vernizes de recobrimento: utilizado para recobrir materiais e proteger contra ação da umidade e elevação da resistência superficial. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 167 3. Exercícios Uma carga de 3,5𝑥10−11 𝐶 deve ser armazenada em cada placa de um capacitor de placas paralelas que possui uma área de 160 𝑚𝑚2 e uma separação entre as placas de 3,5 mm. a. Qual a tensão necessária se um material com constante dielétrica de 5,0 for posicionado entre as placas? b. Qual tensão seria necessária se fosse utilizado o vácuo? c. Quais são as capacitâncias para as partes (a) e (b)? d. Calcular o deslocamento dielétrico (densidade de cargas) para a parte (a). e. Calcular a polarização para a parte (a). Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 168 Materiais Magnéticos Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 169 1. Introdução • Magnetismo conhecido há séculos. Seus fundamentos são complexos (teoria quântica). • Aplicações muito vastas: Geradores Elétricos, Motores Elétricos, Componentes de Áudio e Vídeo, Computadores… • Principais materiais magnéticos: Ferro, Níquel e Cobalto. • Todos os materiais são influenciados em menor ou maior grau pela presença de um campo magnético. • Alguns conceitos de Materiais Magnéticos apresentam analogia com Materiais Isolantes. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 170 2. Conceitos Básicos 2.1. Dipolos Magnéticos • Análogos aos dipolos elétricos Dipolo Elétrico Dipolo Magnético • A origem dos dipolos elétricos se dá em função à separação das cargas. • A origem dos dipolos magnéticos se dá em função ao movimento orbital do elétron e ao seu spin. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 171 2. Conceitos Básicos 2.1. Dipolos Magnéticos • Movimento Orbital (a) e Spin (b) Momento Magnético Momento Magnético Linhas de Campo em um Circuito de Corrente • Elétron: Pequeno circuito de corrente, levando ao surgimento de um momento magnético devido ao movimento orbital, e um momento magnético devido ao spin. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 172 2. Conceitos Básicos 2.1. Dipolos Magnéticos • O Momento Magnético Total do átomo é a soma dos momentos magnéticos de todos os seus elétrons constituintes (grandeza vetorial). • Pares de elétrons com momentos magnéticos opostos se anulam • Elétrons com spins opostos se anulam e com movimento orbital opostos se anulam Movimentos Orbitais Opostos (momentos magnéticos opostos) Spins Opostos (momentos magnéticos opostos) Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 173 2. Conceitos Básicos 2.1. Dipolos Magnéticos • Portanto materiais com camadas eletrônicas totalmente preenchidas, não podem ser permanentemente magnetizados. Diamagnético Ferromagnético • Conforme será visto adiante, isto leva à classificação dos materiais em Diamagnéticos, Paramagnéticos e Ferromagnéticos. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 174 2. Conceitos Básicos 2.2. Vetores do Campo Magnético • Vamos supor um solenóide. Inicialmente no vácuo (a), e depois com um material sólido (b). • Grandezas Importantes: • Intensidade do Campo Magnético (H) [Ampere/metro (A/m)] • Indução Magnética ou Densidade do Fluxo Magnético (B) [Tesla (T)] • Permeabilidade (μ) [Weber/ampere*metro (Wb/Am)] • Magnetização (M) [Ampere/metro (A/m)] • Susceptibilidade Magnética (𝑿𝒎 ) [Adimensional] • Demais Parâmetros: • Corrente Elétrica (I) • Número de Voltas do solenóide (N) • Comprimento do solenóide (l) Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 175 2. Conceitos Básicos 2.2. Vetores do Campo Magnético • Intensidade do Campo Magnético (H) 𝐻= 𝑁𝐼 𝑙 • Indução Magnética ou Densidade do Fluxo Magnético (B) No vácuo: Material Sólido: 𝐵0 = 𝜇0 𝐻 𝐵=𝜇𝐻 Onde: 𝐵0 é 𝑎 𝑖𝑛𝑑𝑢çã𝑜 𝑚𝑎𝑔𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑛𝑜 𝑣á𝑐𝑢𝑜 𝜇0 é 𝑎 𝑝𝑒𝑟𝑚𝑒𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑣á𝑐𝑢𝑜 (4𝜋𝑥10−7 ) 𝐻/𝑚 𝐵 é 𝑎 𝑖𝑛𝑑𝑢çã𝑜 𝑚𝑎𝑔𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑛𝑜 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜 𝜇 é 𝑎 𝑝𝑒𝑟𝑚𝑒𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜 𝐻/𝑚 • Permeabilidade Relativa (𝝁𝒓 ) 𝜇𝑟 = 𝜇 𝜇0 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 176 2. Conceitos Básicos 2.2. Vetores do Campo Magnético • Magnetização (M) • Na presença de um Campo (H), os dipolos magnéticos tendem a se alinhar ao mesmo e a reforçá-lo. • Esse acréscimo é dado pela magnetização (M). 𝐵 = 𝜇0 𝐻 + 𝜇0 𝑀 • A magnitude da magnetização é proporcional ao Campo (H) aplicado, pela seguinte relação: 𝑀 = 𝑋𝑚 𝐻 𝑂𝑛𝑑𝑒: 𝑋𝑚 é 𝑎 𝑠𝑢𝑠𝑐𝑒𝑝𝑡𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑔𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑎 • Susceptibilidade Magnética (𝑿𝒎 ) 𝑋𝑚 = 𝜇𝑟 − 1 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 177 3. Tipos de Magnetismo 1. Diamagnetismo • Forma muito fraca de magnetismo. • Não permanente. Persiste somente na presença de campo magnético. • É encontrado em todos os materiais com maior ou menor intesnsidade. Na ausência de Campo Magnético (H = 0), não há dipolos magnéticos em materiais diamagnéticos. • 𝜇𝑟 é menor que 1 (𝜇 do material é menor que o do vácuo) • 𝑋𝑚 é negativa (da ordem de −10−5 ), ou seja, a indução (B) é menor que no vácuo. • Não apresenta importância prática. Na presença de Campo Magnético, são induzidos dipolos magnéticos que se alinham na direção oposta ao campo que os deu origem. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 178 3. Tipos de Magnetismo 2. Paramagnetismo • Presença de dipolos magnéticos devido ao cancelamento incompleto dos momentos magnéticos de spin ou orbital. • Dipolos estão livres para girar • É encontrado em alguns materiais. Na ausência de Campo Magnético (H = 0), os dipolos magnéticos estão sem orientação em materiais paramagnéticos. • Magnetização Total é nula. • 𝜇𝑟 é maior que 1 (𝜇 do material é maior que o do vácuo) • 𝑋𝑚 da ordem de 10−5 a 10−2 Na presença de Campo Magnético, os dipolos magnéticos se orientam na direção do campo Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos • Magnetização aumenta o campo. 179 3. Tipos de Magnetismo 3. Ferromagnetismo • Dipolos magnéticos permanentes. • Devido aos momentos dos spins, os quais não se cancelam. • Dipolos apresentam orientação mesmo na ausência de campo. • Exemplos: Ferro, Níquel e Cobalto. Dipolos alinhados em material Ferromagnético • 𝑋𝑚 da ordem de 106 , portanto 𝐻 ≪ 𝑀, logo: 𝐵 = 𝜇0 𝐻 + 𝜇0 𝑀 ≅ 𝜇0 𝑀 𝐵 ≅ 𝜇0 𝑀 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 180 3. Tipos de Magnetismo Ferromagnético Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 181 4. Domínios e Histerese • Materiais ferromagnéticos são compostos por regiões onde os dipolos estão alinhados entre si. • Estas regiões são os Domínios. • Entre os domínios, tem-se as Paredes de Domínios, que os separam. • Ao longo das paredes de domínios, os dipolos mudam sua orientação gradativamente. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 182 4. Domínios e Histerese • A magnetização total do material (M) é a soma vetorial das magnetizações de todos os domínios, ponderados pela sua fração volumétrica. • Em uma amostra de material ferromagnético não magnetizado, a soma vetorial deve ser zero. • Aumentando-se a magnetização (aumento de H), os domínios tendem a se alinhar na direção do H aplicado, alterando sua forma e tamanho, até se tornarem um único domínio. • Consequentemente, indução magnética magnetização (M). aumenta (B) e a a Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 183 4. Domínios e Histerese • Quando B atinge seu valor máximo, (não varia mais em função de H), tem-se a indução magnética de saturação (𝐵𝑆 ). • A magnetização correspondente a esse ponto é a magnetização de saturação (𝑀𝑆 ). • Ponto Z na figura. 𝑀𝑠 = 0,6 𝜇𝐵 𝑁 𝑂𝑛𝑑𝑒 𝜇𝐵 é 𝑜 𝑚𝑎𝑔𝑛𝑒𝑡𝑜𝑛 𝑑𝑒 𝑏𝑜ℎ𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 9,27 𝑥 10−24 𝐴𝑚2 𝑂𝑛𝑑𝑒 𝑁 é 𝑜 𝑛𝑢𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑚3 𝑁= 𝜌 𝑁𝐴 𝐴𝑁𝑖 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 184 4. Domínios e Histerese Exemplo (pág 552 PLT) Calcular: a) A magnetização de Saturação b) Indução magnética ou densidade do fluxo magnético de saturação Dados: ρ = 8,90 𝑔/𝑐𝑚3 𝐴𝑁𝑖 = 58,71 b) Densidade do fluxo de saturação 𝐵 ≅ 𝜇0 𝑀 𝐵𝑠 ≅ 𝜇0 𝑀𝑠 Solução a) Magnetização de Saturação 𝑀𝑠 = 0,6 𝜇𝐵 𝑁 *𝑁 = 8,9∗6𝑥1023 58,71 𝐵𝑠 = 4𝜋𝑥10−7 ∗ 5,1𝑥105 𝐵𝑠 = 𝟎, 𝟔𝟒 𝑻 𝜌 𝑁𝐴 𝑁= 𝐴𝑁𝑖 = 9,13𝑥1028 á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠/𝑚3 *𝑀𝑠 = 0,6 ∗ 9,27𝑥10−24 ∗ 9,13𝑥1028 = 𝟓, 𝟏𝒙𝟏𝟎𝟓 𝑨/𝒎 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 185 4. Domínios e Histerese HISTERESE • Após atingida a saturação, é possível remover o campo inicial aplicado (H), revertendo sua direção de aplicação • Neste processo, a indução magnética (B) não retorna pelo “caminho” inicial. Reversão ou Remoção do Campo Inicial Magnetização Inicial B diminui mais lentamente do que se percorresse o “caminho” inicial de magnetização. Esse defasamento corresponde ao fenômeno de Histerese. Ciclo de Histerese (Indução magnética (B)em função do campo aplicado (H) ) Paulo Arce - Materiais Elétricos Prof. 186 4. Domínios e Histerese HISTERESE • Quando o campo aplicado é 0 (H=0), ainda existe indução magnética no material ferromagnético. Remanência. Corresponde ao ponto R. • Para fazer que a indução chegue a zero, é necessário aplicar um campo 𝐻𝑐 , chamado de Coercividade. Corresponde ao C. • Revertendo novamente o campo aplicado (ponto 𝑆 ′ ), obtem-se uma curva de magnetização simétrica, completando assim o ciclo de histerese. • O ciclo de histerese não precisa ser levado até a saturação. NP, e LM são exemplos de ciclos que não chegam à saturação. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 187 4. Domínios e Histerese HISTERESE • O tamanho e a forma da curva de histerese apresenta grande importância. • Área da curva no ciclo de desmagnetização corresponde a perda energética, que se manifesta na forma de calor. • Conforme a curva de histerese os materiais magnéticos podem ser duros ou moles. • Duros: Resistência ao movimento das paredes dos domínios. Grandes perdas por histerese. Alta resistência à desmagnetização. Ímãs permanentes. • Moles: Facilidade no movimento das paredes dos domínios. Baixas perdas por histerese. Baixa resistência à desmagnetização. Núcleos de transformadores. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 188 5. Influência da Temperatura • O aumento na temperatura proporciona um aumento na vibração dos átomos. • Os dipolos magnéticos estão livres para se movimentar. • Portanto um aumento na temperatura torna aleatória a disposição dos dipolos magnéticos, levando a uma diminuição da magnetização. Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 189 5. Influência da Temperatura • Em 0K, não há vibração, portanto a magnetização é máxima. • A temperatura na qual a magnetização deixa de existir (M=0), corresponde à Temperatura de Curie (𝑻𝒄 ). • Acima da 𝑻𝒄 , ferromagnéticos paramagnéticos. os se materiais tornam Temperaturas de Curie para Ferro puro e Fe3O4 Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 190 6. Exercícios • Lista da disciplina, exs 20, 21 e 22 Referências Bibliográficas: • Fundamentos da Ciência e Engenharia de Materiais, segunda edição, William Callister Jr – PLT • Materiais Magnéticos, LabPot - UFSC Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 191 Referências Bibliográficas • • • • • • • • • • • Materiais Elétricos, Vol1, Editora Blucher – Walfredo Schmidt Estrutura Cristalina dos Metais – Marcelo F. Moreira Apostila de Materiais Elétricos – Prof. Dr. Fernando Cruz Barbieri Fundamentos da Ciência e Engenharia de Materiais: Uma abordagem Integrada, 2 edição ; William D. Callister Jr - PLT Fundamentos da Ciência e Engenharia de Materiais: Uma abordagem Integrada, 7 edição ; William D. Callister Jr Notas de Aula www.demar.eel.usp.br Materiais Elétricos , Jacobus W. Swart Materiais Elétricos, UFSC Materiais Elétricos, Unioeste Apostila de Eletrotécnica, CEFET - ES Materiais Magnéticos, LabPot - UFSC Prof. Paulo Arce - Materiais Elétricos 192