Boletim Regional do Banco Central do Brasil – Abril 2011

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Desempenho Recente e Perspectivas para a Economia de
Pernambuco
A economia pernambucana vem registrando
dinamismo mais acentuado que o observado na maior parte
dos demais estados brasileiros. Nesse cenário, o objetivo
deste boxe consiste em identificar possíveis determinantes
da distinção mencionada; avaliar o desempenho recente
da economia do estado; analisar o impacto desta evolução
sobre indicadores de renda e pobreza; e discutir as
perspectivas relacionadas ao desempenho econômico do
estado nos próximos anos.
Gráfico 1 – Distribuição dos rendimentos do trabalho dos
empregados (%)
24,9
26,5
46,1
55,9
59,5
45,9
19,2
8,1
BRASIL
14,0
NORDESTE (excl.PE)
Até 0,5 SM
De 0,5 SM a 1,5 SM
PERNAMBUCO
Maior que 1,5 SM
Fonte: PNAD 2009 / IBGE.
Gráfico 2 – Rendimento real médio do trabalho dos
empregados (2003=100)
140
130
120
O fortalecimento da demanda interna constituiu
fator chave para a sustentação do crescimento econômico
do estado e reflete, em especial, os impactos dos aumentos
reais do salário mínimo, das transferências assistenciais
do setor público, e da expansão dos financiamentos para
projetos de investimento.
Em cenário de aumentos reais do salário mínimo
em patamar superior ao dos níveis salariais mais elevados1,
a massa de rendimentos do fator trabalho tende a registrar
elevação relativamente maior onde predominam níveis
salariais mais reduzidos, padrão observado em Pernambuco.
De fato, a participação no total dos rendimentos do trabalho
dos empregados de salários entre meio a um e meio salário
mínimo atingiu 59,5% no estado, 55,9% no Nordeste, e
45,9% no Brasil, em 2009, conforme dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios/ Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (PNAD/IBGE) (Gráfico 1).
110
100
90
2003
2004
2005
2006
2007
Brasil
Nordeste (excl.PE)
Fonte: PNAD 2003-2009 / IBGE
2008
2009
Pernambuco
A estrutura mencionada se refletiu na evolução
recente do rendimento médio real do trabalho no estado
e na região, que, conforme o Gráfico 2, atingiu 5,6% e
5,2%, respectivamente, de 2003 a 2009, ante expansão
média de 3,4% no Brasil.
1/ De 2003 a 2009, o salário mínimo registrou aumento anual médio real de 6,3%, enquanto o valor real médio dos salários superiores a 1,5 salário
mínimo - considerados dados da PNAD relativos a setembro de 2003 e de 2009, deflacionados pelo INPC - apresentou estabilidade.
Abril 2011
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Gráfico 3 – Participação das transferências assistenciais
no PIB (%)1/
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
2006
2007
2008
2009
2010
Brasil
Nordeste (excl.PE)
Pernambuco
Fontes: Contas Regionais e Contas Nacionais Trimestrais / IBGE (NE e PE,
estimativas Banco do Nordeste (BNB) e BCB para 2009 e 2010) e
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS)
1/ Programa Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada e Renda Mensal
Vitalícia.
As transferências assistenciais2 do setor público
para Pernambuco e o Nordeste vêm se mostrando
relativamente mais expressivas do que as destinadas, em
média, ao país. A proporção entre estas transferências e o
PIB registrou, de 2005 a 2010, aumento mais acentuado
em âmbito estadual e regional do que na esfera nacional,
conforme o Gráfico 3.
2005
Gráfico 4 – Desembolsos do BNDES em relação ao
PIB (%)1/
18
15
12
9
6
3
0
2004
2005
2006
BRASIL
2007
2008
2009
Nordeste (excl.PE)
2010
Pernambuco
Fontes: Contas Regionais e Contas Nacionais Trimestrais / IBGE (NE e PE,
estimativas Banco do Nordeste (BNB) e BCB para 2009 e 2010) e
BNDES
1/ Dos 17% do PIB de Pernambuco em desembolsos do BNDES em 2009, 13
p.p. correspondem a financiamento em utilização na RAL.
Gráfico 5 – Variação do volume do VAB da construção
civil (% a.a.)
16,7
11,2
5,3
4,1
3,8
3,0
Brasil
Nordeste (excl.PE)
2005/2007
Pernambuco
2008/2010
Fontes: Contas Regionais e Contas Nacionais Trimestrais / IBGE. NE e PE,
estimativas BCB para 2009 e 2010.
Gráfico 6 – Variação do PIB real (% a.a.)
5,4
4,9
4,7
4,4
4,0
3,9
Brasil
Nordeste (excl.PE)
2005-2007
Pernambuco
2008-2010
Fontes: Contas Regionais e Contas Nacionais Trimestrais / IBGE. NE e PE,
estimativas Banco do Nordeste (BNB) e BCB para 2009 e 2010.
A expansão da demanda por financiamento de
projetos de investimentos vem favorecendo o desempenho
diferenciado do estado. De acordo com o Gráfico 4, os
desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) destinados a Pernambuco,
como proporção do PIB, após se manterem, até 2008,
em patamar inferior aos concedidos para o restante do
Nordeste e o país, registraram impulso acentuado no biênio
seguinte. Essa evolução torna-se mais relevante na medida
em que, mesmo desconsiderado o desembolso de R$10
bilhões para ser utilizado na implantação da Refinaria
Abreu e Lima (RAL), a razão entre os financiamentos do
BNDES para projetos de investimentos e o PIB atingiu
4,8% em Pernambuco, em 2010, ante 3,3% no Nordeste
e 4,6% no país.
A implantação dos projetos de investimento,
vários de grande porte, vem estimulando a construção civil,
importante geradora de empregos. O valor adicionado pela
construção civil no estado, após registrar expansão inferior
às assinaladas no país e no restante da região no triênio
encerrado em 2007, registrou taxa anual de crescimento
médio de 16,7% no triênio finalizado em 2010, ante
aumento médio anual de 4,1% no país (Gráfico 5).
O maior dinamismo da economia pernambucana
em anos recentes está evidenciado na trajetória do PIB
(Gráfico 6). Nesse sentido, a distinção entre o crescimento
médio anual do PIB do estado e dos PIB's do restante
da região e do país, após atingir 0,2 p.p. e 0,5 p.p.,
respectivamente, no triênio encerrado em 2007, totalizou,
na ordem, 1,4 p.p. e 1,5 p.p., no triênio finalizado em
2010.
A taxa de crescimento médio anual do valor
adicionado do comércio no estado (Gráfico 7), embora
recuasse no triênio encerrado em 2010, em relação ao
finalizado em 2007, apresentou arrefecimento menos
acentuado do que os observados no restante da região e
no país.
2/ Considerados os programas Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada e Renda Mensal Vitalícia.
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Abril 2011
Gráfico 7 – Variação do volume do VAB do comércio (%
a.a.)
7,9
7,1
5,9
6,6
5,6
4,9
Brasil
Nordeste (excl.PE)
2005/2007
2008/2010
Pernambuco
Fontes: Contas Regionais e Contas Nacionais Trimestrais / IBGE. NE e PE,
estimativas BCB para 2009 e 2010
Gráfico 8 – Variação do volume do VAB da indústria de
transformação (% a.a.)
4,7
3,5
2,6
2,6
2,0
1,2
Brasil
Nordeste (excl.PE)
Pernambuco
2005/2007
2008/2010
Fontes: Contas Regionais e Contas Nacionais Trimestrais / IBGE. NE e PE,
estimativas BCB para 2009 e 2010
Gráfico 9 – Volume do VAB da indústria de
transformação (1985=100)
200
Além da redução geral do ritmo de crescimento
entre os dois triênios, a exemplo do observado no comércio,
o Gráfico 8 evidencia que ainda assim o valor adicionado
pela indústria de transformação registrou expansão mais
acentuada no estado do que no restante do Nordeste e no
país, nos dois triênios considerados.
É importante ressaltar, no entanto, que considerando
horizonte temporal mais extenso (Gráfico 9), esse
desempenho reflete uma base de comparação deprimida,
podendo representar um processo de recuperação, após
forte retração da atividade no final do século passado.
De fato, de acordo com estatísticas do IBGE, o valor
adicionado pela indústria de transformação no estado
retraiu-se 31% de 1987 a 1999, movimento, em parte,
associado à perda de mercado de setores importantes, após
a abertura da economia brasileira, à dificuldades financeiras
na agroindústria sucroalcooleira e à desconcentração
regional dos investimentos.
O mercado de trabalho do estado registrou criação
acentuada de empregos formais no período 2004/2010,
quando o numero de vagas aumentou, em média, 6,9% a.a,
ante 5,9% no Brasil (Gráfico 10). Esse resultado torna-se
mais relevante se considerado que, de 1995 a 2003, a taxa
de crescimento médio anual dos postos de trabalho no
estado atingiu 1,9%, ante 2,8% no país.
180
160
140
120
100
80
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
60
Brasil
Nordeste (excl.PE)
Pernambuco
Fontes: Contas Regionais e Contas Nacionais Trimestrais / IBGE. NE e PE,
estimativas BCB para 2009 e 2010
Gráfico 10 – Variação do nível de emprego formal (% a.a.)
6,9
6,6
5,9
4,0
2,8
Esse cenário econômico favorável se traduziu
em melhoras representativas nos indicadores sociais de
Pernambuco. A taxa de pobreza do estado, conforme
o Gráfico 11, recuou 20 p.p. de 2003 a 2009, evolução
semelhante à registrada no restante do Nordeste, 21 p.p. e
superior à assinalada no Brasil, 15 p.p. No mesmo sentido,
a desigualdade de renda no estado, medida pelo coeficiente
de Gini, registrou, no período, retração significativamente
maior do que na região e no país.
Os principais projetos de investimento em
implantação e recentemente concluídos no estado estão
relacionados na Tabela 1. Vale enfatizar o potencial das
cadeias produtivas dos projetos relativos a uma refinaria
e a uma montadora de veículos.
1,9
Brasil
Nordeste (excl.PE)
1995/2003
2004/2010
Fontes: RAIS / Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE)
Pernambuco
As perspectivas para a economia do estado
envolvem aspectos relacionados à continuidade do
fortalecimento do mercado interno do estado e aos projetos
de investimentos em curso e previstos para os próximos
anos. O processo de consolidação do mercado interno
Abril 2011
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Gráfico 11 – Taxa de pobreza (%)1/
62
60
42
39
36
35
62
59
21
Brasil
Nordeste (excl.PE)
1995
2003
Pernambuco
2009
deverá manter-se impulsionado pela expansão do nível
de emprego e rendimentos e pela continuidade da política
de transferência de renda do governo federal, podendo,
inclusive, exercer efeito-escala relevante para a instalação
de novos empreendimentos no estado, a exemplo do
observado nos últimos anos. Ressalte-se que as decisões
de investimentos no estado consideram, adicionalmente,
sua localização, em relação ao mercado nordestino e a
importantes mercados externos, e a infra-estrutura do
Complexo Industrial Portuário de Suape.
Fonte: Ipeadata
1/ Percentual de pessoas na população total com renda domiciliar per capita
inferior à linha de pobreza. Estimativas utilizando dados da PNAD/IBGE.
Gráfico 12 – Desigualdade de renda – Coeficiente de
Gini
0,56
0,57
0,52
Brasil
Fonte: IBGE
2004
0,59
0,53
0,52
Nordeste
2009
Pernambuco
Tabela 1 – Principais investimentos recentes em Pernambuco
Investidor
Atividade
Situação
Valor
(US$milhões)
Petrobras
Refinaria de petróleo
Implantação
FIAT Automóveis
Montadora
Anunciado
12 290
3 000
Governo Federal
Ferrovia (Transnordestina) - PE PI AL CE
Implantação
2 036
Petroquímica Suape
Fábricas de PTA, POY e PET
Implantação
1 708
Companhia Siderúrgica Suape
Siderúrgica de laminados
Anunciado
900
Governo Federal
Integração do Rio São Franscisco - PE CE PB RN
Implantação
812
Estaleiro Atlântico Sul
Estaleiro
Concluído
780
Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco e Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – Balanço 4 anos 2007-2010 – Pernambuco
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