22 - Kit Descartável para Neurólise Lombar, Torácica e Cervical por

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Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do
Sistema Unimed
Kit Descartável para Neurólise Lombar,
Torácica e Cervical por Radiofrequência
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Sistema Unimed
I - Data: 06/2009
II - Responsáveis Técnicos: Dra. Cristina Said Saleme**, Dra. Christiane
Guilherme Bretas**, Dra. Izabel Cristina Alves Mendonça*, Dra. Lélia Maria de
Almeida Carvalho**, Dra. Silvana Márcia Bruschi Kelles*, Bibliotecária: Isabel
Cristina Buccini**, Dr. Alexandre Pagnoncelli*, Dr Carlos Augusto Cardim de
Oliveira*, Dra Claudia Regina de O. Cantanheda*, Dr. Jurimar Alonso*, Dr Luiz
Henrique P. Furlan*, Dr. Valfredo de Mota Menezes*.
E-mail para contato: [email protected]
Declaração de potenciais de conflitos de Interesses
Os membros da Câmara Nacional de Medicina Baseada em Evidências
declaram que não mantêm nenhum vínculo empregatício, comercial ou
empresarial, ou ainda qualquer outro interesse financeiro com a indústria
farmacêutica ou de insumos para área médica. Todos os membros da Câmara
Nacional de Medicina Baseada em Evidências trabalham para o Sistema
Unimed.
*Membro da CTNMBE
** Membro da Câmara Estadual de MBE
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Sumário
Resumo .............................................................................................................. 4
1. Questão Clínica ...................................................................................... 5
2. Introdução ............................................................................................... 5
2.1.
Aspectos epidemiológicos.................................................................. 5
2.1.1. Neurotomia por radiofreqüência .................................................. 5
2.1.2. Dor lombar crônica ...................................................................... 6
2.1.3. Dor Cervical ................................................................................. 7
2.2. Descrição do produto e alternativas terapêuticas .............................. 8
3.
Metodologia .......................................................................................... 9
3.1.
4.
5.
Bases de dados e estratégia de busca: ............................................. 9
Resultados ......................................................................................... 11
4.1.
Estudos selecionados: ..................................................................... 11
4.2.
Discussão ........................................................................................ 13
Conclusão e recomendações ........................................................... 15
5.1. Recomendação da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada
em Evidências (CTNMBE): ........................................................................ 15
6.
Anexos ................................................................................................ 15
7.
Referências Bibliográficas:............................................................... 16
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Resumo
A rizotomia percutânea é um procedimento cirúrgico considerado
minimamente invasivo, indicado para tratamento da dor crônica da coluna, de
origem facetária. A rizotomia por radiofreqüência (RF) é realizada com
introdução de um eletrodo com a ponta radiopaca na área espinhal que
corresponde à raiz nervosa, guiada por fluoroscopia. O eletrodo é posicionado
paralelamente ao nervo alvo na articulação dolorosa. Uma vez confirmada essa
localização, passa-se a corrente de alta freqüência através do eletrodo
causando a destruição, a quente, do nervo alvo e dos tecidos adjacentes,
provocando a interrupção da via sensitiva dolorosa.
O objetivo deste parecer foi estudar se a cirurgia neurotomia por
radiofreqüência é eficaz no alívio da dor facetaria das articulações da coluna
cervical, torácica e lombar em pessoas que apresentem esta condição em
estágio crônico.
Foram selecionadas, para o estudo, duas revisões sistemáticas, uma
revisão comentada e dois ensaios clínicos randomizados disponíveis na
literatura no período de 1995 até 2009.
A neurotomia por radiofreqüência utilizada nas cirurgias para dor
facetária lombar crônica e cervicalgia apresenta sustentação na literatura. Os
estudos encontrados no período de 1995 a 2009 são revisões sistemáticas e
ensaios clínicos randomizados que conferem uma evidência científica
moderada (Grau III) para o alívio da dor facetaria lombar e cervical em curto
prazo (< 3 meses) e também moderada (Grau III) para o alívio da dor em longo
prazo (> 3meses). Não foi possível estabelecer o nível de evidência científica
ou recomendação para neurotomia por radiofreqüência na coluna torácica.
Do ponto de vista gerencial, atualmente, a rizotomia percutânea por
radiofreqüência não tem cobertura obrigatória segundo a RN 167 da ANS.
Recomendação – A utilização da Neurotomia por radiofreqüência para tratamento
da dor crônica facetaria cervical e lombar apresenta moderada evidência na
literatura (Nível III, ver Tabela 1) que comprove seu benefício em curto prazo (< 3
meses) e em longo prazo (> 3 meses). Não há evidência de benefício para a
utilização da radiofreqüência para neurotomia torácica.
Observação: o procedimento não apresenta cobertura no Rol da ANS-RN 167.
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1. Questão Clínica
A cirurgia neurotomia por radiofreqüência é eficaz no alívio da dor
facetaria das articulações da coluna cervical, torácica e lombar em pessoas
que apresentem esta condição em estágio crônico?
2. Introdução
2.1. Aspectos epidemiológicos
2.1.1. Neurotomia por radiofreqüência
Trata-se de procedimento cirúrgico considerado minimamente invasivo,
indicado para tratamento da dor crônica da coluna, de origem facetária. As
facetas ou articulações zigoapofisárias são estruturas bilaterais que unem uma
vértebra à outra. As articulações facetárias recebem a inervação específica do
segmento medial do ramo posterior para a própria vértebra e para um nível
acima de cada nervo espinhal.
A rizotomia percutânea ou denervação facetária por radiofreqüência (RF)
é realizada com introdução de um eletrodo com a ponta radiopaca na área
espinhal que corresponde à raiz nervosa, guiada por fluoroscopia. O eletrodo é
posicionado paralelamente ao nervo alvo na articulação dolorosa. Uma vez
confirmada essa localização, passa-se a corrente de alta freqüência através do
eletrodo causando a destruição, a quente, do nervo alvo e dos tecidos
adjacentes, provocando a interrupção da via sensitiva dolorosa. Como as
facetas articulares recebem a inervação originária de dois níveis, a rizotomia
por RF do segmento medial do ramo posterior deve ser realizada em vários
níveis, unilateralmente ou bilateralmente.
Sinonímia:
• Denervação facetária percutânea por radiofreqüência;
• Neurotomia percutânea por radiofreqüência;
• Coagulação facetária percutânea;
• Rizotomia facetária percutânea por radiofreqüência;
• Rizólise articular por radiofreqüência.
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Canal
espinhal
Faceta
articular
Raiz
nervosa
Ramo posterior
Disco
Vértebra normal (corte transversal)
Figura 1:Esquema das raízes nervosas
Fonte: Radiofrequency neurotomy for lumbar pain. www.cadth.ca 12
2.1.2. Dor lombar crônica
A dor lombar baixa corresponde à dor, à tensão muscular ou à rigidez
localizada abaixo da margem costal e acima das pregas glúteas inferiores, com
ou sem dor irradiando para o membro inferior.
A dor lombar é considerada crônica quando persiste por 12 semanas ou
mais. A dor é inespecífica em cerca de 85% das pessoas. Considera-se dor
inespecífica quando não é atribuída a uma doença reconhecível como infecção,
tumor, osteoporose, artrite reumatóide, fratura ou inflamação. Cerca de 4% de
portadores de dor lombar baixa tem fraturas de compressão e 1% tem tumor. A
prevalência do prolapso de disco intervertebral é de aproximadamente 1 a 3%.
Os fatores de risco para se desenvolver a dor lombar incluem: realizar
trabalho físico pesado inclinar-se freqüentemente, erguer peso e assumir
posturas estáticas prolongadas. Os fatores de risco psicossociais incluem
ansiedade, depressão e estresse mental no trabalho1.
Geralmente, o curso clínico de um episódio de dor lombar parece ser
favorável, com resolução em duas semanas.
A maioria dos pacientes com dor lombar já sofreu um episódio prévio e
os ataques agudos, geralmente, ocorrem como exacerbação da dor lombar
crônica.
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As possibilidades de abordagem clínica da dor incluem ações que têm
benefício comprovado, benefício provável, efetividade desconhecida, e ainda
um grupo que, provavelmente, causa dano ao paciente.
No primeiro grupo de ações, as revisões sistemáticas mostram o
benefício de exercícios e de programas de tratamento multidisciplinar intensivo
como reabilitação biopsicossocial.
Como benefício provável está o uso de analgésicos, exercícios em
ambiente de trabalho, terapia comportamental, massagens, antiinflamatórios
não esteróides e injeções de esteróides no ponto de gatilho e nos ligamentos.
Entre aqueles com efetividade desconhecida, encontra-se a acupuntura,
o uso de antidepressivos, biofeedback eletromiográfico, injeção de esteróide
epidural,
apoios
lombares,
relaxantes
musculares,
programas
de
condicionamento físico, manipulação espinhal e estimulação nervosa elétrica
transcutânea. Os procedimentos e intervenções que, provavelmente, não são
efetivos são injeções em facetas articulares e a tração.
2.1.3. Dor Cervical
A dor cervical crônica, assim definida, tem duração de 12 semanas ou
2
mais . Freqüentemente ocorre em combinação com movimento limitado e com
sintomas neurológicos mal definidos, que afetam os membros superiores. A dor
pode ser intensa e pode ocorrer com radiculopatia ou com mielopatia. A
maioria dos casos de dor cervical não complicada está associada à má
postura, à ansiedade, à depressão, à tensão cervical, às lesões ocupacionais
ou traumas esportivos. Na dor crônica, fatores mecânicos e degenerativos
(freqüentemente referidos como espondilose cervical) são mais prováveis.
Raramente, o prolapso discal e as doenças inflamatórias, infecciosas ou
malignas, afetam a coluna cervical e se apresentam com dor cervical. A dor
cervical usualmente melhora dentro de dias ou semanas, mas pode recidivar
ou se tornar crônica. A percentagem de pessoas nas quais a dor cervical tornase crônica depende da causa, mas acredita-se que seja cerca de 10%, similar
à dor lombar baixa.
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2.2. Descrição do produto e alternativas terapêuticas
As Informações foram retiradas do site:
http://www.micromar.com/GeradorRadiofrequencia.php.
A alternativa terapêutica para o tratamento da dor facetaria em
diferentes segmentos da coluna vertebral seriam: Bloqueio intra-articular e
Bloqueio de ramos mediais.
Figura 2: Gerador de Radiofreqüência MRFG-01B
Fonte: http://www.micromar.com/GeradorRadiofrequencia.php
O Gerador de Radiofreqüência MICROMAR® MRFG-01B foi desenhado
para que o neurocirurgião possa realizar vários procedimentos tais como
termo-coagulação estereotáxica cerebral, trigêmeo, rizotomia de faceta,
mielotomia, DREZ e outras com total segurança e alto grau de confiabilidade.
Com potência eficaz de 50W, permite também realizar medição de
impedância e estimulação com indicação sonora, teste de funcionamento de
RF, lesão com controle de tempo, monitoração contínua da temperatura e
indicação de voltagem e corrente de RF. Possui ainda um conjunto de
eletrodos adequados a cada procedimento.
O MRFG-01B atende os requisitos e normas internacionais de
segurança elétrica IEC 601-1, IEC 601-2-2, diretivas 93/42 – CEE "Medical
Devices" e 89/336 – CEE "Compatibilidade eletromagnética".
O MRFG-01B foi projetado para modo de operação de curta duração. As
partes aplicadas ao paciente são isoladas da linha de aterramento e proteção.
Propriedades Técnicas do aparelho
Entradas
110/ 220 V (50/60 Hz)
Monitor de impedância
Escala 0 à 2 k ohms, 50 kHz
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Indicador visual e sonoro
Estimulação
Freqüência: one shot,
5,10,15,30,50,75,100 Hz,
Duração dos pulsos: 0,5, 1,2 ms,
Amplitude: 0 a 10 V, Ajustes contínuos
Gerador de lesão de RF Freqüência: 500 kHz
Potência de saída: 0-50 W
Pré-ajuste de tempo: 0-999s
Indicador de voltagem: 0-50 V
Indicador de corrente: 0 450 mA
Ajuste de temperatura: 20-100 ºC
Eletrodo
Termopar
Anexo 1: Registro na Anvisa
Anexo 2: Resumo do Processo de Solicitação
Anexo 3: Análise do impacto financeiro
3. Metodologia
3.1. Bases de dados e estratégia de busca:
Inicialmente foi conduzida busca no Medline, via PubMed, Bireme,
Biblioteca Cochrane no período de 1995 a 2009.
O quadro a seguir mostra o resultado das buscas.
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Bases
BIREME
http://www.bireme.br/
LILACS
Termos
Resultados
dor lombar/low back pain,
cervicalgia/neck pain, articulação
zigapofisária/zygapophyseal joint,
radiofreqüência, neurotomia,
torácica, thoracic pain.
1
0
1
0
103
5
Biblioteca Cochrane
MEDLINE (via PubMed)
www.ncbi.nlm.nih.gov
dor lombar/low back pain,
cervicalgia/
neck
pain,
articulação
zigapofisária/zygapophyseal
joint,
radiofreqüência,
neurotomia, torácica, thoracic
pain.
Estudos
Selecionados
Tabela 1: Níveis de evidência científica3
Nível I Conclusiva Dados obtidos a partir de múltiplos estudos randomizados
de bom porte, concordantes e/ou de metanálise robusta de estudos clínicos
randomizados.
Nível II Forte: Dados obtidos a partir de metanálise menos robusta, a partir de
um
único
estudo
randomizado
controlado,
ou
por
estudos
desenhados
adequadamente, com tamanho de amostra menor ou por estudos observacionais.
Nível III Moderada:
a)
Evidencia
obtida
de
ensaios
clínicos
pseudo-randomizados
bem
desenhados (alocação alternativa ou outro método)
b) Evidencia obtida de coorte, estudo caso controle, ou estudo de séries com
grupo controle.
c) Evidencia obtida de estudos comparativos com estudos de controle
histórico, 2 ou mais estudos de um braço, estudo de séries sem um grupo controle
paralelo.
Nível IV Limitada: Evidencia de desenhos adequados não experimentais de
mais de um centro de pesquisa.
Nível V Indeterminado: Opiniões de autoridades respeitadas, baseada em
evidências clínicas, estudos descritivos, ou cartas de experts.
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4. Resultados
4.1. Estudos selecionados:
Nath et al.,
14
2008
Tipo de estudo e
população
Ensaio clínico
randomizado
Desfechos
seguimento
Desfechos primários:
Percepção global de
melhora subjetiva do
próprio paciente
(Escala de 6 pontos),
redução da dor
generalizada, dor no
membro inferior
(EVA) Desfechos
secundários:
Amplitude de
movimento da coluna
e do quadril
mensurada pelo
goniômetro,
qualidade de vida
pela escala subjetiva
de satisfação
(Escala de 6 pontos)
Kroll et al.,
15
2008
Ensaio clínico
randomizado
Desfechos primários:
Questionário de
Oswestry e dor
lombar baixa, dor:
Escala Visual
Análoga de dor
(EVA)
Estudo
Resultado
Pacientes no grupo tratamento
apresentaram mais dor
generalizada, dor em membro
40 pacientes com
inferior e dor lombar que o
grupo placebo. A
dor lombar há, no
mínimo, 2 anos.
movimentação da coluna foi
Grupo tratamento:
inferior no grupo tratamento.
6 homens, 14
Em termos da percepção
mulheres, média de
global de melhora o grupo
idade 56 anos
tratamento apresentou
Grupo placebo: 9
melhora significativa de antes
para após tratamento
homens e 11
mulheres, média de
(p<0,001) e o grupo placebo
idade 53 anos
não apresentou melhora
estatística (p=0,055). Para a
dor generalizada a diferença
na redução entre os grupos foi
1,55 (p=0,002). Para a dor na
lombar a diferença na redução
entre os grupos foi 1,55
(p=0,004).
Comentários do revisor: O objetivo principal do estudo foi comparar os desfechos da
neurotomia por radiofreqüência versus tratamento placebo. Os desfechos demonstram que
os resultados positivos acontecem em virtude da intervenção e não do acaso e a reposta é
para um curto período de tempo (máximo 6 meses). Os autores acreditam que se a dor
recidivar, o procedimento pode ser realizado novamente sem comprometimento para o
paciente. A técnica deve ser realizada por um médico habilidoso. O estudo contou com uma
amostra considerável, porém devido aos critérios de inclusão, esta diminui acentuadamente,
e então há limites na validade externa dos resultados. Utilizou-se de desfechos adaptados e
não consagrados na literatura.
Os grupos de radiofreqüência
pulsada e radiofreqüência
contínua foram semelhantes
nos desfechos de dor pela
EVA (p=0,46), e Questionário
de dor lombar baixa Oswestry
(p=0,35). O grupo RC
apresentou melhora
significativa de antes da
cirurgia para após 3 meses de
cirurgia nos dois desfechos
respectivamente
(p=0,02 e p=0,03), mas o
grupo RP não apresentou.
26 pacientes com
dor lombar há, no
mínimo, 1 mês.
Grupo
Radiofreqüência
contínua: 5
homens, 8
mulheres, média de
idade 57 anos
Grupo
Radiofreqüência
pulsada: 7 homens
e 6 mulheres,
média de idade
59,5 anos
Comentários do revisor: O objetivo principal do estudo foi comparar os desfechos da
11
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neurotomia por radiofreqüência (NR) contínua versus neurotomia por radiofreqüência
pulsada em centros Nível I de traumatologia. Os desfechos demonstram que os resultados
foram semelhantes com a aplicação das duas técnicas em curto prazo (< 3 meses) e que a
RC é melhor em longo prazo (>3meses). Um dos limites deste estudo foi a alta taxa de
perda de pacientes. Os autores acreditam que é necessário um estudo com amostra maior.
O fato de selecionar pacientes com apenas 1 mês de dor para a cirurgia, vai contra as
diretrizes dos Guidlines que preconizam que tratamentos conservadores devam ser a
primeira linha de escolha da intervenção.
Van Boxem
Não menciona
revisão comentada
Não menciona
16
et al., 2008
Comentários do revisor: A revisão comentada apresenta os artigos sobre o uso da RF
contínua ou pulsada em cada parte da coluna vertebral, e discute o nível de evidência de
cada um dos artigos. A revisão apresenta os 13 artigos avaliados em um quadro, onde são
mencionados indicações, tratamento, follow-up, desfechos e marcos. A intervenção por
radiofreqüência na coluna lombar e cervical é a que apresenta uma evidência mais sólida.
As diferenças encontradas para a região lombar são decorrentes da variedade da seleção
de pacientes. Não há evidência suficiente para suportar o uso da RF na denervação
facetaria para o tratamento da dor de cabeça cervicogência. Os estudos no tratamento da
dor radicular cervical sugerem resultados comparáveis e eficientes com o uso da RF
contínua e pulsada.
Atluri et al.,
17
2008
Revisão
sistemática
Boswell et
18
al., 2007
Revisão
sistemática
Desfechos primários: Os dois estudos que abordam
Alívio da dor em a NR na região torácica não
vários períodos de apresentaram qualificação
tempo ao longo de 6 para serem incluídos na
revisão sistemática.
meses.
Desfechos
secundários:
Melhora do status
funcional, melhora
do status
psicológico, retorno
ao trabalho,
complicações
Comentários do revisor: Não foi possível estabelecer um nível de evidência científica ou
recomendação para a neurotomia por radiofreqüência (NR) na coluna torácica por meio
desta revisão sistemática. A literatura levantou 34 estudos sobre neurotomia por
radiofreqüência. Destes, apenas 2 apresentaram o tratamento na região torácica. Entretanto,
ambos os estudos falharam em cumprir os critérios de inclusão estabelecidos pela “Agency
of healthcare Research and Quality” dos Estados Unidos da América que foram utilizados na
presente revisão sistemática.
Desfechos primários:
Alívio da dor em
vários períodos de
tempo.
Desfechos
secundários:
Melhora do status
funcional, melhora
do status
psicológico, retorno
ao trabalho,
complicações.
Dos 8 ensaios clínicos
randomizados, foram elegíveis
somente dois. Destes dois
estudos um apresentou
melhora da dor por 263 dias
no grupo com a intervenção
por radiofreqüência, e o outro
apresentou melhora por 35
semanas no grupo de
radiofreqüência.
Os 15 estudos observacionais
selecionados apresentam
desfecho positivo para
12
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do
Sistema Unimed
diminuição da dor em curto
prazo e em alguns casos por
longo prazo.
Comentários do revisor: Os critérios de inclusão para esta revisão sistemática foram os
estabelecidos pela “Agency of healthcare Research and Quality“. Dos oito ensaios clínicos
randomizados, somente dois apresentaram qualidade metodológica para serem inseridos
nesta revisão sistemática. Porém, estes ensaios clínicos randomizados não podem ser
reunidos em uma síntese de evidências, pois um utilizou a denervação facetaria por
radiofreqüência no tratamento da cervicalgia e o segundo no tratamento da dor lombar
baixa. Foram identificados também 18 estudos observacionais, dos quais 15 com qualidade
metodológica para serem inseridos na síntese de evidências. Dos 15 estudos incluídos, 5
avaliaram a radiofreqüência facetaria cervical, 11 avaliaram a dor lombar e 2 avaliaram a dor
facetaria torácica. Não foi possível estabelecer um nível de evidência científica ou
recomendação para neurotomia por radiofreqüência na coluna torácica. As evidências de
eficácia da intervenção terapêutica para cervicalgia e dor lombar baixa de origem nas
facetas articulares, utilizando as técnicas de neurotomia por radiofreqüência, são fortes para
o alívio da dor em curto prazo (< 3 meses) e moderadas para o alívio da dor em longo prazo
(> 3 meses).
4.2. Discussão
Para o diagnóstico dor facetaria lombar e cervical, a intervenção
terapêutica de bloqueio neural apresenta evidência forte, e para a dor torácica
apresenta evidência moderada. Portanto, de acordo com o Guidline prático de
dor espinhal crônica18 o diagnóstico adequado da dor crônica facetaria deve
ser realizado por meio do bloqueio neural.
As intervenções terapêuticas sobre as articulações facetarias podem ser:
1.
Bloqueio intra-articular;
2.
Bloqueio de ramos mediais;
3.
Neurotomia por radiofreqüência.
- O Bloqueio intra-articular faz-se por meio de injeção intra-articular
facetaria de anestésicos ou esteróides nas regiões da coluna vertebral. A
utilização do bloqueio intra-articular lombar apresenta evidência terapêutica
moderada (Grau III) para curto (< 3 meses) e longo prazo (> 3meses). Já para
o alívio da dor facetaria na região cervical, a utilização do bloqueio intraarticular apresenta evidência limitada (Grau IV)19
- O Bloqueio de ramos mediais lombares, torácicos e cervicais para o
controle da dor facetaria nestes segmentos da coluna vertebral apresenta
evidência moderada (Grau III) em curto (<3 meses) e longo prazo (>3 meses)19.
13
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- As neurotomias por radiofreqüência utilizadas nas cirurgias para dores
facetárias lombares crônicas e cervicalgias apresentam sustentação na
literatura. Os estudos encontrados no período de 1995 a 2009 são revisões
sistemáticas e ensaios clínicos randomizados que conferem uma evidência
científica moderada18 (Grau III) para o alívio da dor facetária lombar e cervical
em curto prazo (< 3 meses) e também moderada (Grau III) para o alívio da dor
em longo prazo (> 3meses). Não foi possível estabelecer um nível de evidência
científica ou recomendação para neurotomia por radiofreqüência para a coluna
torácica.
É preciso que mais ensaios clínicos com boa qualidade metodológica
sejam realizados para comparar desfechos entre tratamentos; não só com o
tratamento “placebo” da cirurgia de radiofreqüência (o sham tratamento), como
tratamento medicamentoso e mesmo o bloqueio para que se tenha segurança
para definir qual a melhor abordagem terapêutica para a dor facetaria torácica.
Considerando que existem inúmeras alternativas para o tratamento da
dor facetaria crônica em diferentes segmentos da coluna com o mesmo nível
de evidência da neurotomia percutânea por radiofreqüência, é necessária uma
avaliação de custo-efetividade para avaliar qual a melhor abordagem
terapêutica para esses pacientes.
Observação: A RIZOTOMIA PERCUTÂNEA e a DENERVAÇÃO
PERCUTÃNEA DE FACETA ARTICULAR não tem cobertura pela técnica de
radiofreqüência no ROL da ANS- RN 167.
14
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do
Sistema Unimed
5. Conclusão e recomendações
5.1. Recomendação da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em
Evidências (CTNMBE):
A utilização da neurotomia por radiofreqüência para tratamento da dor
crônica facetaria cervical e lombar apresenta evidência moderada na literatura
(Nível III, Tabela 1) que comprova seu benefício em curto prazo (< 3 meses) e
em longo prazo (> 3 meses).
Não há evidencia de benefício para a utilização da radiofreqüência para
neurotomia torácica.
Observação: O procedimento por radiofreqüência descrito não tem
cobertura no Rol da ANS-RN 167.
6. Anexos
Anexo 1 – Registro na Anvisa
Nome da Empresa:
CNPJ:
Produto:
Modelo Produto
Médico:
Registro:
Processo:
Origem do Produto
Vencimento do
Registro:
MICROMAR INDÚSTRIA E COMERCIO LTDA
53.168.142/0001-29
Autorização:
8005125
SISTEMA DE RADIOCIRURGIA MRS-01B MICROMAR
Nenhum Modelo Encontrado!
80051250002
25351.008020/01-24
FABRICANTE : MICROMAR INDUSTRIA E COMERCIO
LTDA - BRASIL
DISTRIBUIDOR : MICROMAR INDUSTRIA E COMERCIO
LTDA - BRASIL
7/11/2011
15
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7. Referências Bibliográficas:
1. Van Tulder M, Koes B. Dor lombar baixa e ciática crônica. In: British Medical
Journal, organizador. Evidência clínica: conciso. 11a ed. Porto Alegre: Artmed;
2005. p.234-7.
2. Binder A. Dor cervical. In: British Medical Journal, organizador. Evidência clínica:
conciso. 11a ed. Porto Alegre: Artmed; 2005. p.228-9.
3. West S, King V, Carey TS, Lohr KN, McKoy N, Sutton SF, Lux L. Systems to rate the
strength of scientific evidence. Evidence Report/Technology Assessment No. 47
University of North Carolina: Agency for Healthcare Research and Quality. AHRQ
Publication No. 02-E016; April 2002
4. Niemisto L, Kalso E, Malmivaara A, Seitsalo S, Hurri H. Denervación por
radiofrecuencia para el dolor de cuello y lumbar. Cochrane Database Syst Rev
2003; (1):CD004058.
5. Gallagher J, Petriccione di Vadi PL, Wedley JR. Radiofrequency facet joint
denervation in the treatment of low back pain: a prospective controlled double-blind
study to assess its efficacy. Pain Clin 1994; 7:193-8.
6. Leclaire R, Fortin L, Lambert R, Bergeron YM, Rossignol M. Radiofrequency facet
joint denervation in the treatment of low back pain: a placebo-controlled clinical trial
to assess efficacy. Spine 2001; 26:1411-7.
7. Van Kleef M, Barendse GA, Kessels A, Voets HM, Weber WE, Lange S.
Randomized trial of radiofrequency lumbar facet denervation for chronic low back
pain. Spine 1999; 24:1937-42.
8. Barendse GA, van Den Berg SG, Kessels AH, Weber WE, van Kleef M. Randomized
controlled trial of percutaneous intradiscal radiofrequency thermocoagulation for
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