CEFAC CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA MOTRICIDADE ORAL ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA DENTRO DA EQUIPE INTERDISCIPLINAR DE ATENDIMENTO A PACIENTES PORTADORES DE DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES Qual o papel do Fonoaudiólogo dentro da equipe de atendimento a pacientes portadores de Desordens Temporomandibulares no Serviço de Articulação Temporomandibular da Universidade Federal de Juiz de Fora na Faculdade de Odontologia RAQUEL APARECIDA TAUCCI BELO HORIZONTE 1999 CEFAC CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA MOTRICIDADE ORAL ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA DENTRO DA EQUIPE INTERDISCIPLINAR DE ATENDIMENTO A PACIENTES PORTADORES DE DESORDENS TEMPOROMANDIBULAR Qual o papel do Fonoaudiólogo dentro da equipe interdisciplinar de atendimento a pacientes portadores de Desordens Temporomandibulares no Serviço de Articulação Temporomandibular da Universidade Federal de Juiz de Fora na Faculdade de Odontologia por RAQUEL APARECIDA TAUCCI MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MOTRICIDADE ORAL PROFESSORA MÍRIAN GOLDENBERG BELO HORIZONTE 1999 RESUMO O presente estudo teve como finalidade mostrar a atuação Fonoaudiológica que tenho vivenciado em um ano dentro de uma equipe interdisciplinar de atendimento a pacientes portadores de Desordens Temporomandibulares da Universidade Federal de Juiz de Fora da faculdade de Odontologia. O estudo confirmou a importância da nossa ciência dentro desta equipe e reafirmou que a Fonoaudiologia ainda tem muito para crescer e desenvolver dentro do vasto campo da Articulação Temporomandibular. AGRADECIMENTOS Chegar ao fim deste curso significa vencer mais uma etapa na minha vida profissional e pessoal, é também o término de uma jornada de viagens, cansaço desgaste físico e mental, mas valeu a pena. Agradeço à minha mãe, minha irmã Mônica, meu irmão Cláudio , meu tio Pedro Paulo pelo empenho e proteção durante estes 2 anos em Belo Horizonte ,meu namorado Nassir pela paciência e incentivo e à coordenadora do CEFAC Belo Horizonte Teresa Cristina por compreender minhas dificuldades e ter me ajudado tanto quando mais precisei. Dedico este estudo a toda equipe do Serviço de ATM da U.F.J.F faculdade de Odontologia pelo apoio e reconhecimento do meu trabalho e principalmente aos pacientes que sempre serão a mola mestra para estudo e novas pesquisas. ¨....saiba que muitas vezes, quando você passa a conhecer seus pacientes, o diagnóstico deles desaparece. ¨ Elvin Semrad, Semrad: The Heard of a Therapist ÍNDICE INTRODUÇÃO.................................................................................pág.01 CAPÍTULO 1 ANATOMIA DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR.......................................................…. pág.04 CAPÍTULO 2- DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES...........pág.16 CAPÍTULO 3 - SERVIÇO DE DIAGNÓSTICO E ORIENTAÇÕES A PACIENTES COM DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES.……………………………………… pág.24 CAPÍTULO 4- ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA DENTRO DA EQUIPE INTERDISCIPLINAR DE ATENDIMENTO AO PACIENTE PORTADOR DE DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES DA U.F.J.F. NA FACULDADE DE ODONTOLOGIA...........................……...........................................pág. 28 CONCLUSÕES..............................................................................pág. 37 1 INTRODUÇÃO A surpresa ao receber o convite para integrar a Equipe de ATM (Articulação temporomandibular) foi muito gratificante e ao aceitar me dispus não só ao atendimento dos pacientes, mas também a responsabilidade de fazer parte de uma equipe estruturada, organizada, científica e com uma perfeita integração entre seus membros, acadêmicos e pacientes. O desafio só havia começado, pois o assunto para mim era novo e tive grandes dificuldades na busca de bibliografias e cursos específicos com enfoque Fonoaudiológico, mas resolvi fazer esta oportunidade se tornar uma fonte de conhecimento científico, estudo, troca e pesquisa. Fiquei um pouco decepcionada ao verificar como perdemos campo nas Desordens Temporomandibulares para outros profissionais por falta de conhecimento, estudo e de mostrar a outros profissionais o que realmente é a nossa ciência e qual a nossa atuação. Por isso resolvi discorrer um pouco da minha experiência neste intrigante assunto e despertar a curiosidade e a vontade dos Fonoaudiólogos em tornar nossa Ciência importante e com grande atuação nas Desordens Temporomandibulares. Auxiliada pela literatura, um pouco da minha experiência e pelas trocas com outros profissionais e pacientes, pretendo dissertar neste trabalho alguns conceitos e conhecimentos básicos que são importantes para entender o que vem a ser articulação temporomandibular e suas desordens, apresentar o trabalho que é feito dentro da universidade e poder discorrer sobre a atuação fonoaudiológica dentro da equipe interdisciplinar. Mas, o que vem a ser Desordem Temporomandibular? Prentiss, estudou as disfunções da Articulação temporomandibular, porém Costen quem descreveu o quadro de sinais e sintomas, surgindo, o termo ¨ síndrome de Costen¨. 1 2 Considerando a musculatura mastigatória como a primeira afetada , Laskin chamou o problema de síndrome da disfunção miofascial (MPD).Weinberg escreveu que tem sido usado o termo dor-disfunçao miofascial para a dor de origem puramente muscular, e dor disfunção da articulação temporomandibular quando há envolvimento da articulação. A American Dental Association escolheu a denominação de Desordens temporomandibulares para se referir a desordens caracterizadas por dor na área pré-auricular, na articulação temporomandibular ou músculos da mastigação, limitações e desvios nos movimentos mandibulares de extensão, ruídos na ATM durante função mandibular, incluindo dor eliciada pela função de palpação, além de relação oclusal estática e dinâmica anormal. A Desordem das Articulações Temporomandibulares ( DTMs) admite uma sintomatologia complexa e bastante variada: cefaléia (dor de cabeça), otalgia (dor de ouvido), dor no rosto, dificuldade de abrir a boca e na mastigação, estalidos na articulação próxima ao ouvido, luxação mandibular ( quando a mandíbula cai), bruxismo (ranger os dentes à noite), entre tantos outros, na maioria das vezes potencializada pelo estresse e fatores emocionais do paciente. A clínica mostra cerca de 25 a 30 sinais e sintomas diferentes. As DTMs são mais comuns em indivíduos do sexo feminino na proporção de 7:1, principalmente, acima dos 30 anos de idade. Assim considerando, o diagnóstico e tratamento tornam-se complexos e de condução bastante especializada. Na maioria das vezes o paciente solicita tratamento de Otorrinolaringologistas, Dentistas, Oftalmologistas, Ortopedistas, Neurologistas, dentre outras especialidades, pelo fato dos pacientes fazerem associação entre o principal sintoma percebido e a especialidade médica que devem procurar, ficando evidente a necessidade da intervenção interdisciplinar na condução destes casos. Neste sentido a Faculdade de Odontologia da U.F.J.F, com o apoio da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Extensão (PROACE) e Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão (FADEPE), mantém a clínica do Serviço-ATM que é composta por profissionais das várias especialidades afins: Ortodontista, Cirurgião Bucomaxilofacial, 2 Estomatologista, Reabilitador Oral, 3 Protesista, Fonoaudiólogo, Fisioterapeuta, Psicólogos, e Médico especialista em dor. Com tantas especialidades reunidas no Serviço-ATM , o trabalho tornou-se rico não só nos diagnósticos e terapêuticas, mas também no ganho de conhecimento científico de todos os membros que compõe nossa equipe e do paciente que tem o tratamento globalizado. Analisando os sinais e sintomas das DTMs e relacionando com a atuação Fonoaudiológica em Motricidade Oral, onde trabalhamos baseados na Teoria das Matrizes Funcionais de Moss que diz que grande parte do crescimento e desenvolvimento craniofacial se deve as funções clássicas do sistema estomatognático ( sucção, respiração, mastigação, deglutição, fonoarticulação e condição postural ) , acredito que o Fonoaudiólogo seja de grande importância no tratamento e diagnóstico de pacientes com Desordem Temporomandibular e membro de grande atuação dentro da equipe interdisciplinar. Este estudo é importante não só para mostrar o trabalho interdisciplinar , mas também para incentivar outros profissionais a entender um pouco mais sobre Desordem Temporomandibular , e aumentar o nosso campo de atuação. Para entender o que é Desordem Temporomandibular antes é necessário saber os seus componentes e como a ATM funciona para então entender o que é a desordem propriamente dita e poder partir para uma avaliação específica e elaborar o plano de tratamento adequado para cada 3 4 CAPÍTULO 1 ANATOMIA DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR A articulação temporomandibular (ATM) está localizada entre a região distal e superior terminal da mandíbula e a região inferior e lateral do osso temporal, sendo limitada posteriormente pela espinha pós-glenóide, a região escamosa do osso temporal, o conduto auditivo externo e a região posterior da fossa mandibular, anteriormente pelo tubérculo articular, medialmente pela espinha do esfenóide , lateralmente pela parede lateral externa da fossa mandibular e o músculo masséter, superiormente pelo osso temporal e arco zigomático . É importante enfatizar que a oclusão dentária influencia notavelmente a posição e movimentos das estruturas internas da cápsula articular, o disco interarticular é ajustado entre as superfícies articulares e serve para compensar as irregularidades destas superfícies articulares, adaptando-se perfeitamente sobre as superfícies recíprocas contrárias. COMPONENTES ARTICULARES: A ATM é um elemento do aparelho estomatognático, constituindo um sistema dinâmico. As características anatômicas e funcionais serão analisadas em conjunto com as morfológicas, que as classificam como articulação ou diartrose, sendo seu mecanismo funcional baseado nos princípios de uma articulação côncavo-convexa, na qual, em cada articulação , existem duas articulações, o compartimento superior e inferior, o disco que a divide entre o osso temporal e o côndilo mandibular. A articulação superior está localizada entre a fossa mandibular do temporal e a eminência articular e o disco, a mesma apresenta um movimento de 4 5 deslocamento, onde se tem a translação; a articulação inferior, por ser uma articulação giratória, funciona com movimento de rotação. A ATM diferencia-se das outras articulações por não estar revestida por cartilagem hialina, mas por uma camada de tecido fibroso avascular, sendo estes tecidos resistentes à compressão. Todas as superfícies articulares e o disco estão cobertos por fibrocartilagem não possuindo sistema vasculonervoso nas áreas que suportam pressão, como o disco, especialmente , em sua porção central fibrosa e densa. O teto da fossa mandibular do osso temporal é bastante fino, o que indica que é uma área que suporta pressão, pois o côndilo não se articula neste lugar. CÔNDILO MANDIBULAR: O côndilo da mandíbula é composto pela cabeça e pescoço; a cabeça de forma ovóide, convexa muito mais no sentido ântero-posterior e menos no sentido mediolateral e com convexidade aumentando ao redor do pólo medial; a parte superior do côndilo é a superfície que articula junto à ATM, apresentando o eixo perpendicular ao ramo da mandíbula. Numa vista lateral, o côndilo parece inclinado anteriormente com sua superfície articular na sua face ântero-posterior. O tamanho no adulto é de aproximadamente 15 a 20 mm de largura (BLAUSTEIN & HEFFEZ, 1990), e sua margem lateral externa está a 1 mm abaixo da pele, o que facilita a palpação durante o movimento mandíbula. Anteriormente, o côndilo apresenta uma zona rugosa que se une com o colo do côndilo, chamada fossa pterigóidea, na qual se insere o feixe inferior do músculo pterigóideo lateral. O pólo lateral do côndilo é, as vezes pontiagudo, projeta-se discretamente para o plano dos ramos e apresenta área rugosa, onde se une ao disco articular e ao ligamento temporomandibular ou lateral; o pólo medial é frequentemente arredondado e estende-se para dentro do plano dos ramos da mandíbula. FOSSA MANDIBULAR: É composta inteiramente pela porção escamosa do osso temporal, localizada na face inferior do osso temporal, anterior aos elementos do tímpano do 5 6 complexo temporal, sendo, na parte posterior, côncava tanto no sentido lateral quanto ântero-posterior. Sua parte anterior apresenta uma eminência articular convexa. Do ponto de vista funcional, a parte côncava da fossa mandibular não constitui um componente funcional da mesma, servindo apenas com receptor para o côndilo, quando se aproxima a mandíbula da maxila; a parte superior está constituída pela superfície côncava superior do disco e o côndilo da mandíbula. Ao relacionar as superfícies articulares tanto da eminência articular quanto do côndilo mandibular, estas apresentam as superfícies articulares convexas e, portanto, há relação incongruente que torna necessária a existência do disco que passa a ser a compensação funcional desta incongruência. A fossa mandibular encontra-se localizada abaixo e na frente do meato acústico externo, é limitada, no meio, pela fissura escamotimpânica e atrás pelo tubérculo pós-glenóide do osso temporal que forma o limite posterior da fossa mandibular. A porção timpânica do osso temporal encontra-se atrás da ATM, e com tubérculo pós-glenóide evita-se um deslocamento posterior que traumatiza esta área. EMINÊNCIA ARTICULAR: A eminência articular é o côndilo do osso temporal que forma o limite anterior da fossa mandibular, convexa no sentido ântero-posterior; sua superfície anterior apresenta uma inclinação suave que tem continuidade com a raiz média do arco zigomático; sendo o côndilo e o disco articular movimentados para frente da eminência articular, quando se realiza a abertura bucal normal, esta posição é considerada fisiológica. DISCO ARTICULAR: O disco articular é uma placa de forma ovalada, com perfil em S itálico nos cortes sagitais. O disco separa a ATM em dois compartimentos, que além de dividir em duas cavidades por intermédios das superfícies bicôncavas, estas são recíprocas e congruentes nos dois compartimentos, de tal modo que, funcionalmente, tanto o côndilo como a eminência articular do osso temporal 6 7 encontram-se em contato, não entre si, mas contra a superfície oposta do disco. A porção central é mais delgada do que as margens, onde o tecido fibroso é mais denso; a porção central do disco tem 1 a 2 mm de espessura e está localizada nas superfícies articulares que suportam pressão; esta porção do disco é avascular e não está inervada. Pela parte medial e lateral, o disco se insere dentro das margens laterais rugosas do côndilo. Nesse sentido, o disco e a cápsula estão separadamente unidos medial e lateralmente em inserções independentes da cápsula, o que permite que o disco se movimente com o côndilo (RAYNE, 1987; OKENSON, 1991). Na parte posterior, o disco está conectado à cápsula por um coxim esponjoso retrodiscal que se curva abaixo e ao lado do côndilo, apresentando uma área de tecido frouxo ricamente vascularizado denominado "zona retrodiscal¨. Nesta área, o disco se une à cápsula fibrosa que envolve a articulação. Ele está formado por uma camada inferior e superior de feixes alargados de tecido conjuntivo, denominada "zona bilaminar¨; as camadas emergem e divergem do disco para o fuso com a cápsula articular acima e abaixo. O estrato superior ou lâmina superior liga-se ao processo pós-glenóide e sua borda medial é o verdadeiro limite posterior da articulação. Esta lâmina está fixada por fibras elásticas que exercem um efeito retrátil do disco, sob certas condições; a lâmina inferior curva-se inferiormente ao lado do côndilo, unindo-se à cápsula no limite inferior do espaço articular, no colo condilar. Pela frente, o disco encontra-se em conexão com a cápsula, onde o feixe superior do músculo pterigóide lateral se insere, através da cápsula na parte média do bordo anterior do disco (WILKINSON, 1988; CARPENTIER E cols.1988; WILKINSON & CHANG, 1989; DEO E cols.., 1988); outros autores não compartilham desta opinião, e acreditam que só em alguns pode-se encontrar uma verdadeira inserção ( YUNG E cols.., 1990; LOUGHNER E cols., 1996). O disco é estabilizado pelos ligamentos ao côndilo, de tal forma que este fique fixo em posição, evitando que se movimente para trás e para cima, quando a mandíbula exerce uma grande pressão. 7 8 CÁPSULA ARTICULAR: É uma membrana fibrosa e fina que envolve a ATM; insere-se no osso temporal nos limites médio e lateral da fossa mandibular e na frente, até a eminência articular, e atrás, aparece na superfície anterior da apófise pós-glenóide, inserindose no colo do côndilo mandibular. A cápsula é frouxa nas regiões média e posterior, e lateralmente e encontra-se reforçada pelo ligamento lateral ou temporomandibular, onde é mais densa. LIGAMENTOS: LIGAMENTO TEMPOROMANDIBULAR: é um ligamento denominado colateral e apresenta suas fibras orientadas de tal maneira, que nos movimentos de articulação estas fibras não são distendidas ou relaxadas o que indica que os ligamentos da ATM não restringem o movimento normal da mandíbula e, por isso, não são necessários para o funcionamento da articulação. Embora acredita-se que este ligamento limite os movimentos retrusivos da mandíbula, protegendo os tecidos da região posterior da ATM. LIGAMENTO ESFENOMANDIBULAR: é um resquício da cartilagem de Meckel; eleva-se a partir da espinha angular do osso esfenóide e da fissura petrotimpânica e depois corre em direção posterior e externamente até inserir-se na língua da mandíbula; este ligamento é passivo durante os movimentos da mandíbula, mantendo relativamente a mesma intensidade e tensão durante a abertura e fechamento da boca. LIGAMENTO ESTILOMANDIBULAR: é uma densa concentração localizada na fáscia cervical; estendendo-se a partir do processo estilóide para o ângulo mandibular, cobrindo a superfície externa do processo e do ligamento estilóide e ligando-se ao osso na parte posterior do ângulo mandibular, difundindo-se anteriormente como ampla lâmina fascial cobrindo a superfície interna do músculo pterigóide medial; o ligamento estilomandibular está frouxo quando a mandíbula está em repouso e relaxa-se notoriamente quando a boca está aberta, porque o ângulo 8 9 da mandíbula oscila para cima e para trás e ao mesmo tempo o côndilo desliza para baixo e para frente. MEMBRANA SINOVIAL: A membrana sinovial é uma fina camada muito vascularizada de tecido conjuntivo, que reveste as superfícies da ATM, não suporta pressão e não é funcionante; esta membrana é especialmente abundante nos setores mais vascularizados e inervados das superfícies superior e inferior da zona retrodiscal, sempre as apresentando nas regiões periféricas à área funcional. Estes tecidos produzem o líquido sinovial, que é dialisado dos vasos sanguíneos: é formado principalmente de uma proteoglicana que contém ácido hialurônico e um complexo de mucopolissacarídeos que reforçam as proteoglicanas dentro de um dialisado plasmático, dando as características de lubrificante e deslizante ao líquido sinovial. A quantidade de líquido sinovial aumenta quando a articulação encontra-se sob maior pressão e o número de movimentos mandibulares também é aumentado, promovendo lubrificação e nutrição a todas as superfícies da ATM. VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR: A ATM é vascularizada através da circulação colateral de todos os vasos sanguíneos na área da articulação; a artéria carótida externa irriga por meio de ramos articulares que se originam na artéria maxilar, a porção anterior da ATM obtém sua irrigação das artérias profundas, temporal posterior e massetérica, ramos da artéria maxilar, artérias timpânicas anterior, auricular profunda e meníngea média irrigam as faces posterior e média da ATM; as faces posterior e lateral da articulação são irrigadas por ramos da artéria temporal superficial. As veias que drenam a ATM correspondem às artérias que irrigam; essas veias desembocam no plexo pterigóideo, temporal, superficial e maxilar. Estas mesmas áreas também se encontram inervadas, inclusive a cápsula articular, o tecido subsinovial e a periferia do disco articular, porém, as áreas de pressão que são: a porção central do disco articular, as superfícies articulares do côndilo e do osso temporal parecem não ter inervação. 9 10 O nervo trigêmio, com seu ramo do nervo mandibular, deriva ramos articulares de suas divisões anterior e posterior para a ATM; estes são ramos do mesmo tronco nervoso que inervam os músculos mastigatórios. A porção anterior da ATM está inervada pelos ramos do nervo massetérico e ramo anterior do nervo mandibular (ramo do trigêmio), a porção posterior da ATM está inervada pelos nervos aurículo-temporal da divisão posterior do ramo mandibular do nervo trigêmio. JOHANSSON E cols. (1990), ao realizarem em estudo radiográfico e histológico, revelam que existem, topograficamente, influências mecânicas sobre os ramos conhecidos que passam na região da ATM. O nervo aurículo-temporal, nervo massetérico e ramos do temporal profundo posterior explicariam as dores que simulam neuralgia em alguns dos pacientes com disfunção de ATM. A ATM como outras articulações, possui terminações de Ruffini, órgãos tendinosos de Golgi, terminações de Paccini e terminações livres, sendo estas últimas as mais numerosas, seguidas, em ordem decrescente, pelas terminações de Ruffini. Os receptores de Gogi e Paccini estão escassamente distribuídos nesta articulação. ANATOMIA E FUNÇÃO DO MÚSCULOS MASTIGATÓRIOS: Uma distinção geralmente é feita entre os músculos elevadores e depressores da mandíbula. Além disso o músculo pterigóideo lateral é ativo tanto durante a abertura da boca quanto nos movimentos de fechamento. Os elevadores são os músculos masséter, temporal e pterigóideo medial. O masséter e o pterigóideo medial correm praticamente para baixo e para trás, paralelos um em relação ao outro. O masséter corre do arco zigomático para a superfície lateral do ângulo e do corpo da mandíbula. O músculo pterigóideo medial corre da fossa pterigóidea e do aspecto mesial do ângulo mandibular. O músculo temporal inserese na linha temporal do crânio, a nível da linha temporal e no processo coronóideo da mandíbula; ele tem um ramo anterior com direção vertical, um ramo médio e outro posterior, que correm para baixo e para frente. Enquanto o masséter e o pterigóideo medial são simples músculos elevadores, os ramos médio e posterior do músculo temporal são responsáveis pelos componentes retrusivo dos movimentos 10 11 mandibulares. A ativação do ramo posterior leva apenas um movimentos retrusivo simples da mandíbula. Os músculos depressores da mandíbula são milo-hióideo, gêniohióideo e digástrico. O músculo milo-hióideo que corre da linha milo-hióidea da mandíbula para baixo e mesialmente na rafe mediana, enquanto o ramo mais posterior insere-se na superfície anterior do corpo do osso hióide. O músculo gêniohióideo repousa na superfície superior do milo-hióido e corre da espinha mental para a superfície anterior do osso hióide. O músculo digástrico tem dois ventres, anterior e posterior, com um tendão Intermédio localizado dentro de uma alça fibrosa inserida no osso hióide. O ventre anterior corre do tendão intermédio para a fosseta digástrica da mandíbula, enquanto o ventre posterior corre para trás e para cima do tendão intermédio para a incisura mastóidea do osso temporal. Esses três músculos abaixam a mandíbula quando o osso hióide não se move e eleva o osso hióide quando a mandíbula não se movimenta. O músculo pterigóideo lateral tem dois ventres, superior e inferior. Eles correm do processo pterigóide do osso esfenóide para o pescoço do côndilo mandibular. Algumas fibras do ventre superior inserem-se, através da parede anterior da cápsula articular, na margem anterior do disco articular. O ventre inferior participa da abertura da boca, durante a qual o ventre superior não está ativado. Ao contrário, durante o fechamento, o ventre superior está ativado e o inferior não está. A contração unilateral do músculo pterigóideo lateral movimenta a mandíbula para o lado oposto, enquanto a contração bilateral a move para a frente. ANATOMIA E FUNÇÃO DOS MÚSCULOS CRANIOCERVICAIS: O crânio está conectado à coluna cervical através da articulação atlantoocciptal. Sua posição é assegurada por vários músculos localizados à frente e atrás da coluna cervical. Alguns músculos anteriores do pescoço fornecem conexão indireta para a mandíbula com o externo através do osso hióide: são eles os supra e infra hióideos. Os músculos supra-hióideos são: milo-hióideo, gêniohióideo e digástrico. O músculo estilo-hióide também considerado supra-hióideo corre do processo estilóide para o osso hióide: quando ele se contrai, eleva o osso 11 12 hióide para cima. Ao contrário, os músculos infra-hióideos , tireo-hióideo, homohióideo e esterno-hióideo abaixam o osso hóide. O músculo esternocleidomastóideo tem uma posição ântero lateral com relação à coluna cervical. Ele corre do processo mastóideo para baixo para frente e insere-se, com dois ramos separados, no esterno e na terminação esterna da clavícula. Ele gira a cabeça para o lado oposto e direciona a face para cima. Músculos propriamente cervicais são o escaleno e o elevador da escápula. O músculo platisma repousa mais superficialmente: é um músculo subcutâneo que se insere na parte inferior da superfície clavícula e estende-se por todo pescoço. Pela sua contração ele eleva a pele cervical dos tecidos subjacentes e puxa a comissura labial para baixo. Atrás da coluna cervical vários músculos se conectam ao crânio às primeiras vértebras cervicais e estas uma as outras. Os músculos grande reto posterior e oblíquo inferior correm no processo espinhoso e epistrófeo. O primeiro músculo insere-se no osso occiptal e leva a rotação e extensão da cabeça; o último músculo insere-se no processo transverso do atlas e faz a rotação da cabeça. O reto posterior menor corre do tuber posterior do atlas para o osso occiptal e permite a rotação ipsilatral da cabeça. O músculo oblíquo superior corre do processo transverso do atlas para o lado oposto. Mais superficialmente encontramos o espleno, o semi-espinal da cabeça e o longuíssimo da cabeça e do pescoço. Mais superficialmente repousa o músculo trapézio. Ele é um músculo muito extenso originando-se da borda superior da nuca, da protuberância occipital externa do crânio e dos ligamentos supra- espinhais das 12 vértebras torácicas e insere-se na extremidade acrômica escapular da espinha. Esse músculo realiza várias tarefas: os feixes superiores elevam a escápula enquanto os feixes inferiores trazem-na para baixo; quando se contraem juntamente, trazem a escápula mais próxima da coluna vertebral. Se o ombro não se move, a contração unilateral do músculo trapézio leva a uma inclinação dorsal da cabeça e sua rotação para o lado oposto; a contração bilateral dos feixes superiores leva a uma extensão da cabeça. O baricentro do crânio está localizado aproximadamente na sela túrcica e dessa forma à frente do fulcro cranio vertebral, isto é, dos côndilos occipitais 12 13 (ROCABADO, 1993). Dessa forma, a força da gravidade que tenderia a inclinar a cabeça para frente deve ser contrabalançada pela ação dos músculos posteriores do pescoço os quais são realmente mais fortes do que os anteriores. BIOMECÂNICA NORMAL DA ATM: A ATM representa a articulação da mandíbula ao osso temporal do crânio, os componentes ósseos da articulação estão separados por uma estrutura composta de tecido conjuntivo fibroso denso que é o disco articular, e a limitação e integridade mantidas pelos ligamentos, que são compostos de fibras colágenas que têm comprimento específico. Porém estes ligamentos não participam ativamente na função da articulação já que só atuam como guias para restringir certos movimentos (movimentos bordejantes), permitindo outros movimentos (movimentos funcionais); caso os movimentos das articulações forcem constantemente os ligamentos, o comprimento destes pode ser alterado porque tem pouca habilidade para esticar-se e , portanto, quando isto ocorre frequentemente se alongam, criando mudanças na biomecânica da ATM que podem levar a mudanças patológicas. A ATM é capaz de movimentos em ¨dobradiça¨ e de ¨deslocamento¨ e, portanto, ser conhecida como articulação ginglemoartroidal e para simplificar o mecanismo desta articulação complexa, será separada em duas distintas articulações. A articulação inferior é constituída pelo côndilo e pelo disco articular inserido por ligamentos; formando o complexo côndilo-disco, estrutura esta em que ocorre o movimento de rotação; a articulação superior formada pelo complexo côndilo-disco que se articula com a fossa mandibular, ocorrendo nela o movimento de translação. O complexo côndilo-disco movimenta-se para fora da fossa durante o movimento de abertura bucal (OKENSON, 1991). O disco é inserido ao côndilo medial e lateralmente pelos ligamentos colaterais do disco. Estes ligamentos permitem rotação do disco através da superfície articular do côndilo em direção anterior e posterior e restrição dos movimentos mediais e laterais. A quantidade do movimento de rotação anterior e posterior do disco também é limitada por ligamentos, a lâmina retrodiscal inferior 13 14 limita a rotação anterior do disco sobre o côndilo e o ligamento capsular anterior limita a rotação posterior do disco. A morfologia do disco é extremamente importante, apresentando-se muito delgado na zona intermediária, espesso no bordo anterior e mais grosso no bordo posterior. O côndilo articula-se na zona intermediária do disco e é mantido nesta posição pela pressão interarticular constante dada pelos músculos elevadores da mandíbula ( masséter, temporal e pterigóideo medial) e ligamentos articulares (OSBORN, 1989). Apesar da pressão entre o côndilo, disco e fossa mandibular estar de acordo com a atividade dos músculos elevadores, sempre alguma pressão é mantida para prevenir a separação das superfícies articulares, pois se o contato entre elas for perdido, a possibilidade de deslocamento existirá. Na região posterior ao disco encontram-se os tecidos retrodiscais, altamente vascularizados e bem inervados; anterior ao complexo côndilo-disco está o músculo pterigóideo lateral com seus feixes superior e inferior. O feixe inferior insere-se no colo do côndilo, enquanto o feixe superior insere-se no colo do côndilo e no disco articular (OKENSON, 1991). Acredita-se que o feixe inferior do pterigóideo seja ativado juntamente com os músculos depressores da mandíbula (abertura bucal). Já o feixe superior é ativado juntamente com os músculos elevadores da mandíbula(fechamento bucal). O feixe superior do músculo pterigóide parece ser um músculo estabilizador para o complexo côndilo-disco, especialmente durante a mastigação unilateral. Quando o complexo côndilo-disco translada para baixo da eminência articular (abertura bucal), o disco roda posteriormente ao côndilo. A superfície superior do tecido retrodiscal é diferente de qualquer outro tecido da articulação. A lâmina retrodiscal superior é composta de tecido conjuntivo frouxo e fibras de elastina, que permitem o complexo côndilo-disco a translação â frente sem produzir danos aos tecidos retrodiscais . É notório que durante a máxima abertura de boca a lâmina retrodiscal superior é fortemente esticada e produz uma força de retração posterior no disco; sendo assim é a única estrutura da ATM capaz de produzir este tipo de força. 14 15 Durante a abertura e fechamento da mandíbula, o disco e o côndilo movimentam-se juntos não pela inserção dos ligamentos mas por duas razões fundamentais: A morfologia do disco e pressão interarticular sempre presentes garantem a manutenção do côndilo na zona intermediária mais fina do disco. As margens anterior e posterior do disco forçam-no a movimentar-se junto ao côndilo, durante a abertura e fechamento bucal. Portanto, a morfologia do disco é muito importante para o movimento do côndilo. Se existe alguma alteração na pressão interarticular ou uma mudança na morfologia do disco, o movimento côndilo-disco pode ser alterado e isto, de fato, é o começo de uma desordem de interferência do disco. 15 16 CAPÍTULO 2 DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES: As Desordens temporomandibulares (DTMs) são caracterizadas como doenças que envolvem vários problemas clínicos, comprometendo os músculos da mastigação; a ATM e estruturas orofaciais associadas são as principais causas da dor de origem não dental na região orofacial. Classificarei as Desordens segundo Okenson, 1993, por ser a classificação mais usada pelos profissionais do serviço de ATM da Universidade. 1 - DESORDEM DOS MÚSCULOS MASTIGATÓRIOS: Certamente a mais frequente queixa relatada pelo paciente com distúrbios no sistema mastigatório. Os pacientes relatam dor associada com atividades funcionais que é agravada por palpação normal ou manipulação funcional dos músculos. Movimentos mandibulares restritos são um achado comum. 1.1 - CONTRATURA PROTETORA: Uma contração muscular é um estado hipertônico, induzido involuntariamente pelo sistema nervoso central, de um músculo, que ocorre com resultado de alterações no impulso sensorial ou proprioceptivo do sistema nervoso central. Uma queixa de fraqueza muscular é a queixa mais comum, mas a contratura se caracteriza por dor durante a função e ausência ou pouca dor em repouso. Pode haver limitação ou não da abertura bucal. 1.2 - MIO-ESPASMO: São contrações involuntárias induzidas pelo sistema nervoso central de um músculo que geralmente aparece numa destas formas: contratura muscular não 16 17 resolvida , aumento do nível de estresse emocional levando a uma hiperatividade muscular; qualquer forma de dor constante e profunda que através dos efeitos excitatórios centrais causam um espasmo nos músculos faciais e do pescoço. Neste caso a dor profunda pode na realidade se originar no músculo que está com espasmo, assim criando um efeito cíclico. O mio-espasmo é caracterizado pelo aumento da dor em função. E a dor frequentemente é diminuída ou até eliminada quando o músculo está em repouso. a abertura bucal é marcadamente limitada. 1.3 - MIOSITES: É uma condição clínica caracterizada por uma inflamação local dos tecidos musculares que pode ser resultado de um mio-espasmo prolongado ou uma infecção disseminada. Os pacientes com miosite queixam-se de dor muscular constante e presentes por várias semanas ou mais. Eles também podem relatar uma história de infecção em estruturas adjacentes. A miosite leva a dor facial até mesmo quando a mandíbula está em repouso. Normalmente o uso da mandíbula acentua a dor. 1.4 - DOR MIO-FACIAL DE PONTOS ÁLGICOS: È proveniente de áreas hipersensitivas nos tecidos musculares , as quais tendem a refletir dor e o espasmo à distância através de efeitos excitatórios centrais. A causa não é completamente entendida, mas quatro condições são prováveis: dor profunda constante, estresse emocional, sobrecarga muscular e infecção do trato respiratório superior. A queixa principal irá frequentemente estar associada com sintomas associados relacionados a efeitos excitatórios centrais e não com a origem da dor. Uma palpação muscular revela a localização dos pontos álgicos. 1.5 - DESORDENS DE INTERFERÊNCIA DO DISCO: As desordens de interferência do disco têm seus sintomas principais em disfunções associadas com uma função alterada do complexo côndilo-disco. 17 18 Uma artralgia é frequentemente relatada, mas a disfunção é o achado mais comum. Os sintomas da disfunção são associados com o movimento condilar e uma sensação de estalido e travamento da articulação. Eles são usualmente constantes, repetitivos e algumas vezes progressivos. A presença de dor não é um sintoma definitivo. As desordens de interferência de disco podem ser subdivididas em quatro categorias: uma incoordenação do complexo côndilo-disco, incompatibilidade estrutural das superfícies articulares, subluxação e deslocamento espontâneo. 2.1- INCOORDENAÇÃO DO COMPLEXO CÔNDILO-DISCO: Incoordenação do complexo côndilo-disco aparece após um colapso da função rotacional normal do disco no côndilo. Esta perda do movimento normal do disco pode ocorrer se houver alongamento dos ligamentos colaterais do disco e da lâmina retrodiscal inferior. O afinamento da borda posterior do disco também predispõe a este tipo de desordem. O fator etiológico mais comum associado com o colapso do complexo côndilo-disco é o trauma. Este pode ser um macrotrauma ou microtrauma. Há três tipos de desarranjo do complexo côndilo-disco: desalojamento do disco, deslocamento do disco com redução e deslocamento do disco sem redução. 2.1.1 - DESALOJAMENTO DO DISCO: Se a lâmina retrodiscal inferior e o ligamento colateral do disco estiverem alongados, o disco pode ser posicionado mais anteriormente pelo músculo pterigóideo lateral superior. É comum uma história de trauma estar associada com o início do barulho articular. Pode haver ou não qualquer acompanhamento de dor. Se a dor está presente , ela é intra-capsular e concomitante com a disfunção (estalido). Os dados do exame revela barulho articular na abertura e fechamento. 18 19 2.1.2- DESLOCAMENTO DO DISCO COM REDUÇÃO: Se a lâmina retrodiscal inferior e os ligamentos colaterais do disco se tornam mais alongados e a borda posterior do disco suficientemente fina, ele pode ser puxado completamente através do espaço do disco. Normalmente há longa história de estalido na articulação e mais recente uma sensação de travamento. A menos que a mandíbula seja desviada para o ponto de redução do disco, o paciente se apresenta com grau limitado de abertura. Quando a abertura reduz o disco, há um desvio notável na trajetória de abertura. Em algumas situações um estalido súbito será ouvido durante a recaptura do disco. 2.1.3- DESLOCAMENTO DO DISCO SEM REDUÇÃO: Como a elasticidade da lâmina retrodiscal superior está danificada, a recapturação do disco se torna difícil. Quando o disco não é reduzido, a translação para a frente do côndilo meramente força o disco em frente ao côndilo. A maioria dos pacientes com história de deslocamento do disco sem redução sabem precisamente quando o deslocamento ocorreu. Há relatos que a mandíbula está travada de forma que a abertura normal não é conseguida. A dor é comumente associada , mas nem, sempre existe. Dados do exame denota limite de abertura mandibular e desvio da mandíbula para a articulação envolvida. 3 - INCOMPATIBILIDADES ESTRUTURAIS DAS SUPERFÍCIES ARTICULARES: Incompatibilidades estruturais das superfícies articulares podem causar vários tipos de desordens de interferência de disco. Elas aparecem quando as superfícies de trajeto normalmente deslizantes são de tal forma alteradas que a fricção e aderência inibem a função articular. O fator etiológico mais comum é o macrotrauma. Há dois tipos de incompatibilidade estrutural nas superfícies articulares: aderência e alterações na forma: 19 20 3.1- ADERÊNCIA: Representa um colamento das superfícies articulares e pode ocorrer entre o côndilo e o disco ou entre o disco e a fossa. O paciente relata um longo período que a mandíbula era sobrecarregada estaticamente como no bruxismo ou apertamento durante o sono. Depois deste período houve uma sensação de abertura limitada. Na medida em que o paciente tentou abrir, um estalido único foi sentido e após isto o grau de abertura voltou ao normal. 3.2 - ALTERAÇÃO NA FORMA: Esta incompatibilidade estrutural é causada por mudanças recentes na forma das superfícies articulares. Elas podem ocorrer no côndilo, na fossa ou no disco. A história associada às alterações na forma é usualmente ligada a uma disfunção de longa duração que pode ter apresentado uma condição dolorosa. 4 - SUBLUXAÇÃO: Representa um movimento anterior repentino do côndilo durante o último estágio da abertura. Ela ocorre na ausência de qualquer condição patológica. O paciente com subluxação relata que a mandíbula desloca toda vez que abre bastante a boca. 5- DESLOCAMENTO ESPONTÂNEO: Representa uma hipertensão da ATM levando a um deslocamento anterior do disco. A condição resultante fixa a articulação na posição de abertura impedindo qualquer translação. É frequentemente associado com procedimentos que promovem uma abertura exagerada da boca tais como uma consulta odontológica demorada. O paciente relata que não pode fechar a sua boca. A dor está associada com o deslocamento, e isto usualmente causa grande sofrimento. 20 21 6- DESORDENS INFLAMATÓRIAS: As desordens inflamatórias da ATM são caracterizadas por dor contínua e profunda, normalmente acentuada pela função. São classificadas de acordo com as estruturas envolvidas. 6.1 - SINOVITES E CAPSULITES: Uma inflamação dos tecidos sinoviais (sinovites) e do ligamento capsular(capsulite) é apresentada clinicamente como uma desordem. A história do paciente frequentemente inclui um incidente, trauma ou injúria. A dor contínua normalmente aparece na área articular, qualquer movimento alonga o ligamento capsular vai aumentá-la. 6.2- RETRODISCITES: Uma inflamação dos tecidos retrodiscais normalmente é o resultado de uma pancada no queixo. A história do paciente revela um incidente traumático à mandíbula ou uma desordem progressiva com interferência de disco é um achado usual. A dor é constante, originando na área articular e aumentando-se com o movimento mandibular. 6.3- DOENÇA ARTICULAR DEGENERATIVA: Embora devido as suas características clínicas a doença articular degenerativa melhor se enquadre na categoria de desordens articulares inflamatórias, ela não é uma condição inflamação verdadeira. Ao contrário é uma condição não inflamatória na qual as superfícies articulares e sua superfícies ósseas subjacentes se deterioram. A causa precisa é desconhecida, mas pensa-se que seja devido a uma sobrecarga mecânica na articulação. O paciente com doença articular degenerativa normalmente relata dor na articulação unilateral que é agravada com o movimento mandibular. 21 22 6.4- ARTRITE INFLAMATÓRIA: Representa um grupo de desordens no qual a as superfícies articulares da articulação tornam-se inflamadas. Cada artrite é identificada de acordo com seu fator etiológico. 6.1 - ARTRITE TRAUMÁTICA- é causada por macrotrauma, o paciente relata constantes artralgias acentuadas com o movimento. 6.2 - ARTRITE INFECCIOSA- é uma reação inflamatória não estéril das superfícies articulares pode estar associada com uma doença sistêmica, invasão bacteriana, ou resposta imunológica, a dor é presente e acentuada com o movimento. 6.3 - ARTRITE REUMATÓIDE - é uma inflamação das membranas sinoviais que se estende para os tecidos vizinhos e superfícies articulares, as quais então se tornam espessas e doloridas. 7- HIPOMOBILIDADE MANDIBULAR CRÔNICA: É uma restrição indolor de longa duração. A dor pode aparecer somente quando uma força é usada na tentativa de abrir a boca além das suas limitações. A condição pode ser classificada de acordo com a etiologia. 7.1 - CONTRATURA MUSCULAR- se refere ao procedimento clínico para reduzir o comprimento de um músculo em repouso e interferir na sua habilidade de contrair novamente. 7.2 - CONTRATURA MIOSTÁTICA - resulta quando um músculo é mantido num relaxamento completo por um período prolongado, a restrição causa dor numa estrutura associada. 7.3 - CONTRATURA MIOFIBRÓTICA - Ocorre como resultado de uma excessiva aderência tecidual dentro do músculo ou do revestimento. Não há sintomatologia dolorosa e não há maloclusão repentina. 22 23 7.4 - FIBROSE CAPSULAR - O movimento mandibular pode estar restrito se o ligamento capsular se tornar fibrótico, o que é comum após inflamação ou trauma. O paciente relata uma injúria prévia ou capsulite. 7.5 - IMPEDIMENTO CORONÓIDE - Se o processo coronóide é extremamente longo ou se houve fibrose na área, seu movimento será inibido e consequentemente resultará numa hipomobilidade da mandíbula. Há restrição indolor de abertura. 7.6 - ANQUILOSE - Algumas vezes as superfícies intracapsulares desenvolvem aderências normais, isto é chamado anquilose, o paciente usualmente apresenta uma história de trauma e infecção articular. 8 - DESORDENS DO CRESCIMENTO: As desordens de crescimento podem ser devido a uma variedade de etiologias: hipoplasia, hiperplasia ou neoplasia. As deficiências ou alterações de crescimento tipicamente resultam de trauma e podem induzir grandes maloclusões 23 24 CAPÍTULO 3 SERVIÇO DE DIAGNÓSTICO E ORIENTAÇÕES A PACIENTES COM DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES (DTMs) Alguns especialistas acreditam que cerca de 50 a 60% da população desenvolvem distúrbios mastigatórios, muitas destas pessoas convivem com o problema sem procurar um especialista, no entanto quando isto passa a intervir negativamente na qualidade de vida causando dor, travamento ou estalido há procura por tratamento. Estes distúrbios podem estar relacionados a desordens da articulação temporomandibular. O estudo da articulação temporomandibular (ATM)e suas disfunções motivou a Faculdade de Odontologia da U.F.J.F. a criar um projeto científico específico para aprofundar os conhecimentos nesta área, o Serviço de diagnóstico e orientação a pacientes com Desordens Temporomandibulares (DTMs). Este serviço de ATM foi desenvolvido com o objetivo de estudar as desordens do Sistema Estomatognático mais especificamente as DTMs. A universidade investiu numa equipe interdisciplinar uma vez que a sintomatologia que acomete o disfuncionado é de uma variação bastante complexa, e assim sendo pode-se passar para o paciente uma visão mais humanística e científica do trabalho e da mesma forma os alunos podem levar isto futuramente em suas profissões. Este serviço funciona a 4 anos e meio e tem uma casuística de 1000 pacientes que têm como queixa principal a dor. As mulheres constituem 80% dos pacientes que procuram o serviço e quanto a idade 50% estão entre 30 e 50 anos. Como se trata de um projeto de extensão com jornada de 12 horas semanais, o tempo de espera pode chegar a 2 meses. O serviço atende ainda 15 pacientes em caráter de urgência a cada semana. 24 25 Este projeto tem sido de grande relevância para a comunidade, porque grande número de pessoas do setor carente da população tem acesso a um serviço especializado e de qualidade, e para a universidade porque alunos e professores dentro de uma equipe interdisciplinar tem trazido novos dados e estudos para subsidiar as suas pesquisas e trabalhos. Na introdução do paciente no serviço é feita uma reunião onde são informados pelos membros da equipe o que são as DTMs, os sinais e sintomas envolvidos na desordem, sobre a importância do atendimento interdisciplinar e também a respeito da dinâmica de atendimento do serviço. Após o 1º contato os pacientes são encaminhados individualmente para os cirurgiões-dentistas , avalia-se a história e principais queixas de cada paciente e é feito o exame clínico. Por se tratar de uma patologia muito complexa foi formada a equipe interdisciplinar que conta: com 1 otorrinolaringologista, 1 fisioterapêuta, 1 clínico da dor, 1 ortodontista, 1 protético, 1 estomatologista, 2 psicólogos, 1 cirurgião buco-maxilo-facial,1 fonoaudiólogo, 4 cirurgiões –dentistas. O trabalho dos cirurgiões-dentistas é confirmar o diagnóstico e direcionar a terapêutica, os psicólogos são importantes na medida que a dor atinge o paciente de forma particular o que é associado a aspectos da sua vida e visa ainda esclarecer e alertar sobre o hábito do bruxismo que pode ser causado por estresse emocional que é uma das causas da desordem do Sistema Estomatognático. O otorrinolaringologista avalia todas as possibilidades de haver problemas nos ouvidos, nariz, garganta e laringe, já que muitos sintomas de DTMs são semelhantes a sintomas desta especialidade. A Fonoaudiologia faz a avaliação, orientação, diagnóstico, acompanhamento e tratamento dos distúrbios oromiofuncionais presentes nos pacientes com DTMs . O fisioterapêuta desenvolve o trabalho de alívio da dor através da auriculoacunpultura afim de diminuir o uso de analgésicos e procura ainda dar orientações sobre as atividades de vida diária do paciente passando exercícios visando a correção da postura. O médico especialista da dor desenvolve a terapia de bloqueio anestésico através do rastreamento de pontos de gatilho ou trigger- points quando o caso exigir adota-se uma terapia medicamentosa. Médico e fisioterapêuta desenvolvem ainda o trabalho de atendimento de urgência. 25 26 O serviço conta ainda com bolsistas que trabalham no atendimento e desenvolvem projetos científicos. Após as avaliações dos profissionais a equipe se reúne para discutir os casos cínicos e confirmada a necessidade de intervenção clínica o paciente é encaminhado ao Serviço. O paciente então é encaminhado a um dos alunos bolsistas que iniciará a abertura do seu prontuário e conduzirá a terapêutica orientado pelos profissionais da equipe. É feito a anamnese e exames clínicos direcionados a sua queixa principal e aos sintomas característicos das DTMs. Avalia-se ainda a história e evolução da queixa, história médica e odontológica, hábitos parafuncionais, história social e experiências na tentativa de solucionar os problemas. No exame clínico extrabucal avalia-se as condições da musculatura da cabeça e pescoço dando ênfase a musculatura mastigatória, o funcionamento da ATM no que diz respeito a presença de sons, travamento, luxação, subluxação, dor dentre outros e finalmente a abertura bucal considerando a assimetria dos movimentos, distância interincisal, movimentos de lateralidade, sempre tendo como métodos a palpação e a visualização. No exame intrabucal é feita toda semiótica necessária a um bom exame odontológico , dando ênfase ao que se refere aos movimentos funcionais da oclusão: oclusão cêntrica, protrusiva, lado de trabalho, lado de não trabalho, relação cêntrica e padrões oclusais vertical e transverso, são solicitados também exames complementares com: radiografia transcraniana da ATM, modelos ortodônticos, fotografias e slides intra e extra bucais e quando o caso exige e o paciente tem condições é solicitado as imagens de ressonância magnética e tomografia computadorizada. Após todos os exames inicia-se a conduta terapêutica que pode ser reversível ou irreversível. A terapia reversível é baseada na colocação da placa acrílica interoclusal também chamada de férula neuromiorelaxante que tem como função simular os movimentos funcionais da oclusão assim como confirmar o diagnóstico da disfunção na ATM ou disfunção muscular. A confecção da placa passa por estágios de moldagem, montagem em modelos semi-ajustáveis, enceramento da placa em articulador que é feito pelo protético do serviço, enceramento da placa na boca, acrilização em laboratório e 26 27 adaptação da placa na boca. O tempo de uso da placa pode variar de 4 a 6 meses, no início a utilização da férula se dá em período integral que vai diminuindo gradativamente até a eliminação ou diminuição dos sintomas. Já a terapia irreversível consta de desgaste seletivo que tem como objetivo reduzir e eliminar contatos oclusais que obstruem ou dificultam os movimentos funcionais da oclusão. O procedimento é baseado na moldagem, montagem de modelos em articuladores semi-ajustáveis e avaliação dos contatos obstrutivos da oclusão. É importante considerar que quando os contatos obstrutivos não estão em evidência coloca-se primeiro a placa acrílica e posteriormente é indicado e feito o desgaste seletivo. Quando os contatos estão em evidência parte diretamente para o desgaste seletivo. Tanto na terapia reversível quanto na irreversível é comum a utilização da placa acrílica já que é uma terapia reversível e conservadora. Ambos os casos são formas intermediárias de terapêutica, o paciente é posteriormente encaminhados as demais clínicas da universidade de odontologia. As atividades dos alunos não se restringem ao atendimento dos pacientes, mas também a apresentação de seminários científicos, seminários de artigos clínicos e desenvolvimento de monografias relacionadas as DTMs e apresentação a uma banca examinadora, da mesma forma o profissional além do desenvolvimento e atendimento clínico, é responsável pela orientação dos alunos nos seminários além de trabalhar em um projeto de pesquisa particular. O fruto deste desenvolvimento científico é apresentado em cursos, palestras, congressos e etc. 27 28 CAPÍTULO 4 ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA DENTRO DA EQUIPE INTERDISCIPLINAR DE ATENDIMENTO AO PACIENTE PORTADOR DE DESORDENS TEMPOROMANDIBULAR DA U.F.J.F NA FACULDADE DE ODONTOLOGIA A princípio meu primeiro contato com o paciente no serviço de ATM era para entrevistar e avaliar, em uma sala bem longe de todos os profissionais. Eu recebia 12 pacientes a cada Sexta-feira e contava com apenas 3 horas para fazer todo meu trabalho de anamnese, avaliação e orientação. O meu primeiro dia de trabalho foi um grande desastre, pois meus protocolos de entrevista e avaliação eram enormes e minhas orientações dadas verbalmente e depois escritas para o paciente não esquecer. Neste dia enquanto todos já haviam terminado seu trabalho eu ainda estava na metade. Percebi a necessidade de diminuir meus protocolos, mas ao mesmo tempo sentia que o trabalho não iria alcançar os objetivos propostos. Pensei então não atender os pacientes em minha sala e ir direto para a clínica observar como os outros profissionais trabalhavam para dar conta do trabalho e não se enrolar, o meu objetivo naquele instante era como adaptar a fonoaudiologia ao serviço e não adaptar o serviço a fonoaudiologia. O resultado da experiência teve um saldo positivo para mim e para todos os profissionais da clínica, pois pude verificar que a maioria das minhas perguntas e itens da avaliação eram iguais aos da clínica odontológica e fazendo entrevista e avaliações longe da clínica ninguém estava aplicando a interdisciplinariedade proposta. A minha presença na clínica causou um certo reboliço entre os acadêmicos e professores, pois eles só 28 contavam com a minha presença nos 29 estudos de caso e não haviam tido muito contato com minha profissão. Foi extremamente prazeroso o grande arsenal de perguntas que fizeram e o quanto alunos e profissionais desconheciam da fonoaudiologia . Ao retornar a clínica, pedi ao coordenador para me retirar da sala e deixar que eu fizesse meu trabalho na clínica odontológica e que me cedesse um espaço nos seminários para expor o trabalho da fonoaudiologia na área de Motricidade Oral. Foi um grande passo em direção ao respeito pessoal e profissional, tanto que atualmente nenhum paciente entra ou tem alta do serviço sem ser avaliado e orientado pelo fonoaudiólogo, minhas palestras e aulas são sempre incluídas em quaisquer atividade científica do serviço e muitos alunos da odontologia escolheram fazer suas monografias de DTMs com enfoque em fonoaudiologia. Descreverei neste capítulo a avaliação que faço no serviço junto à clínica odontológica, é importante também salientar que os pacientes possuem seus prontuários com toda documentação, avaliação e conduta de todos os profissionais além de toda documentação ortodôntica pedida pelo serviço, o que facilita fazer uma abordagem mais completa sem estender muito minha avaliação e não tornar a avaliação repetitiva para o paciente. O protocolo que elaborei junto a odontologia me ajudou a entender toda terapêutica analisada e aprender a juntar os dois enfoques. Colocarei em azul os itens que acrescentei ao protocolo da odontologia e o que está de preto faço junto com o acadêmico de odontologia CURSO DE EXTENSÃO PROACE CIS FAC. DE ODONTOLOGIA COORDENADOR : Dr. JOSEMAR PARREIRA GUIMARÃES ¨SERVIÇO DE DIAGNÓSTICO E ORIENTAÇÃO A PACIENTES COM DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES¨ PARTE 1 ANAMNESE 29 30 1 - IDENTIFICAÇÃO: NOME: NÚMERO DA FICHA: ENDEREÇO: SEXO: TEL.: RAÇA: IDADE: ALTURA: PESO: NATURAL DE NACIONALIDADE: PROFISSÃO: INDICAÇÃO: 2- Queixa principal: 3- Início e evolução da moléstia: 4- História médica e tipo psicológico: 5- Avaliação dos sistemas: ocular, auditivo e nervoso. 6 - Alimentação atual: 7- Evita comer algum tipo de alimento porque dói ou cansa mastigar ? 8- Toma muito líquido durante as refeições? 30 : 31 9 - Sua mastigação é eficiente e suficiente para triturar o alimento? 10- Alguma cirurgia em cabeça e pescoço? 11- Toma algum medicamento controlado? 12 - Qual a postura que costuma adotar para suas atividades? 13- Tem algum problema respiratório? Qual? 2- Exame Dental +++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ 8 7 6 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6 7 8 +++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ overjet:______mm sobremordida: ( ) normal ( ) moderada ( ) acentuada l. média: sup.: inf.: Padrão de Fechamento: rc_____ Classificação de Angle: 31 oc____ 32 Curva de spee: ( ) normal ( ) moderada ( )acentuada ( ) invertida Arcos: ( ) parabólicos ( ) quadrado ( ) superior atrésico ( ) em ¨v¨ legenda: iv-infra-versão gv-giro-versão mv-mésio-versão a-ausente c-cárie md-mobilidade dentária pcp-ponto de contato prematuro d-desgaste sv-supra-versão dv-disto-versão mc-mordida cruzada p-presente r-restauração metálica pf-ponte fixa obs.: lll-Atm 1- Atm (dor,movimentos limitados ou excessivos, ruídos, deslocamento, travamentos, saltos, estalos, rangimento, movimentos involuntários, aumento de volume): 2- Máxima abertura de boca (distância interincisal): a- sem desconforto:____mm 32 33 b- com desconforto:____mm 3- Movimentos( normal, excessivo, interferência oclusal): A- protrusão: B- retrusão: C- lateralidade direita: D- lateralidade esquerda: 4- desvio mandibular na abertura: 5- Sensibilidade articular: a-palpação intraconduto: b-palpação lateral: 6- Movimentos mandibulares em fonoarticulação: 7- Movimentos mandibulares na mastigação: 8- Posição habitual da mandíbula em repouso: lV- Musculatura 1- Musculatura ( especificar o lado, sítios de sensibilidade, rigidez e aumento de volume) a-masséter: b-temporal: c-pterigóideo lateral: d-pterigóideo medial: e-outros 2hipofunção, não Musculatura facial (especificar ao lado, assimetria, hiperfunção, consegue fazer o compensações e ponto de dor) 33 movimento, movimentos associados, 34 a-frontal b-superciliar c-orbicular dos olhos d-procero e-zigomático maior f-zigomático menor g-bucinador h-elevador do lábio superior i-depressor do ângulo da boca j-mentalis l-orbicular dos lábios 3- Aspectos morfológicos dos lábios, língua, bochechas,palato mole e palato duro (descrever posição habitual, tônus, praxia, aspectos morfológicos, assimetria em movimento e não movimento) a-lábios: b-língua: c-bochechas: d-palato mole: e-palato duro: V- Topografia facial Neste espaço entram as fotografias da face de frente e perfil Vl- Planejamento clínico 34 35 1- Análise radiográficas da atm: 2- Diagnóstico: 3- Plano de tratamento: 4-Prognóstico: 3- Avaliação das funções de respiração, deglutição, mastigação, fonoarticulação e condição postural: 4- Diagnóstico fonoaudiológico: 5- Conduta fonoaudiológica e orientações ao paciente: A terapêutica Fonoaudiológica assim com o tratamento odontológico é muito particular e individual para cada desordem, isto porque cada patologia tem toda uma sintomatologia específica e etiologias multifatoriais e os pacientes carregam histórias muito particulares de dor o que requer um cuidado especial para abordagem terapêutica. Para finalizar a fonoaudiologia está no serviço de ATM se desenvolvendo no sentido de avaliar, orientar e acompanhar o paciente com desordem e abrindo espaços para pesquisa com a finalidade de elaborar uma 35 36 fonoterapia adequada para cada caso, pois acredito que irão surgir grandes diferenciações terapêuticas. 36 37 CONCLUSÕES Este estudo só veio confirmar a importância da Fonoaudiologia dentro da equipe de atendimento a pacientes portadores de DTMs , pois com já descrevi anteriormente deste as Desordens até a atuação fonoaudiológica os distúrbios oromiofuncionais estão sempre presentes e como o fonoaudiólogo atua sobre o sistema sensório-motor oral a atuação é justificada. Ao aceitar trabalhar com esta equipe cheguei a creditar que eu estaria presente apenas para fazer número. Achei importante saber e investir em estudos sobre áreas diversas, pois me fez enxergar o paciente como um todo e não apenas uma boca. Quero reforçar a importância do estudo de anatomia e fisiologia não só para as DTMs, mas para qualquer patologia da comunicação humana, pois se não conseguirmos entender o que é normal como teremos referências para avaliar o que é patológico. Espero que este estudo possa incentivar outros fonoaudiólogos a trabalharem com pacientes portadores de DTMs e mostrar a importância de nossa ciência para outros profissionais. Atualmente estou desenvolvendo um trabalho para direcionar a terapêutica fonoaudiológica nas DTMs , ou seja, como podemos ajudar no alívio da sintomatologia com nossas técnicas e ampliar a atuação da nossa ciência dentro do horizonte vasto que é a ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR. Creio que ainda há muito o que pesquisar sobre DTMs e a Fonoaudiologia irá crescer junto com outras ciências nestes novos estudos. 37 38 BIBLIOGRAFIA 1- FELÍCIO, C.M. – Fonoaudiologia nos distúrbios temporomandibulares. São Paulo, Pancast editora, 1994 2- FIGUEIREDO, E.S. e cols- Hábitos Parafuncionais em Pacientes portadores de Disfunção Dolorosa da ATM in : Marchesan et al (orgs.) Tópicos em Fonoaudiologia 1997/1998 vol. IV São Paulo, editora Lovisi, 1998. 3- MOLINA, O . F- Disfunção da ATM in fisiopatologia craniomandibular. São Paulo, Pancast editora,1989. 4- MARCHESAN,I.M- Fundamentos de Fonoaudiologia. Rio de Janeiro, editora Guanabara Koogan S.A. 1998. 5- MARCHESAN, I.Q. Motricidade Oral: Visão Clínica do Trabalho Fonoaudiológico Integrada com outras especialidades. São Paulo, Pancast, 1993. 70p. 6- MONGINI. F.- ATM e Músculos craniocervicais, Fisiologia e tratamento. São Paulo, Livraria e Editora Santos, 1998 7- OKESON, Jeffrey P-. Fundamentos de oclusão e Temporomandibulares. 2ed., São Paulo, Artes Médicas, 1992. 38 Desordens 39 AUXÍLIO NA MONOGRAFIA Marcelo Fraga (ortodontista) Josemar Parreira Guimarães (coordenador da equipe ATM) Pedro Paulo Taucci (jornalista) Sandra Ferreira de Almeida (fonoaudióloga) 39