PITÁGORAS Montes Claros AGOSTO DE 2003 • Nº 0 • ANO 1 FACULDADES 0 EXPEDIENTE ÍNDICE EDITORIAL REVISTA CIENTÍFICA DAS FACULDADES PITÁGORAS DE MONTES CLAROS Publicação semestral das Faculdades Pitágoras de Montes Claros. Montes Claros – Minas Gerais Brasil 4 5 6 ESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA Marise Fagundes Silveira PROJETO GRÁFICO E EDITORACÃO Idéias Bizarras FOTOLITO E IMPRESSÃO Gráfica e Editora Lopes É permitida a reprodução de artigos desta revista mediante autorização dos editores e desde que citada a fonte. Fundamentos do ensino nas Faculdades Pitágoras de Montes Claros Fátima TURANO UM PONTO À FRENTE 8 Perceber-se interdisciplinar Rosina Maria Turano MOTA MULTITEXTOS 9 O cuidar de feridas crônicas: como está sendo realizado? Carlene do Prado Barbosa FAGUNDES, Josiana Martins Dornelles FERRAZ, Patrícia Fernandes do PRADO, Patrícia Gonçalves CARVALHO, Raquel Guimarães MAIA 11 Catálogo dos tipos de deficiência motoras em pacientes de clínicas privadas de fisioterapia em Montes Claros (MG) Paula Maria SOARES, Antônio Igor de Castro ALVES, Carla Geanine Santos OLIVEIRA, Cláudio Tadeu SANTOS, João Warley ALVES, Leonardo Emílio de Freitas PATENTE, Paulo Afonso Ruas JÚNIOR 12 A utilização de aparelhos terapêuticos que produzem diatermia no tratamento de pacientes portadores de lesões meniscais em clínicas particulares de Montes Claros Ivanilson SOARES, Kátia Gonçalves MENDES, Liliane Lacerda SILVA, Silvana Mendes BATISTA, Tanísia Teixeira SILVA, Viviane Costa FAGUNDES 13 Conhecimento e aplicação de medidas preventivas contra acidentes domésticos. Uma experiência nas micro-áreas 1 e 2 do bairro Indenpendência na cidade de Montes Claros (MG) Daniele Aparecida Vieira ROCHA, Franciele Aparecida NEVES, Karla Beatriz Ferreira SANTOS, Lady Daiane Ribeiro da SILVA, Mariele Almeida GOMES, Monalisa Marques GONÇALVES, Renata Maria Silva SALES, Renato Souza BARBOSA, Tânia Soares da ROCHA 14 Comparação entre o atendimento fisioterápico particular e público em Montes Claros (MG) Ricardo Fernandes de PAULA, Anna Paula Cursino de MENEZES, Daniel Silveira A. MAIA, Nathália Maria Gomes FERNANDES, Rejane Grace ALENCAR, Sérgio Augusto M. BASTOS, Vicente JUNIOR 15 Rompendo as barreiras do silêncio: relações de preconceito e/ou discriminação racial: os desafios da educação inclusiva na educação infantil Claudia Denise Alkimim Lopes de LIMA, Flávia Ferreira FRANÇA, Maria da Conceição BATISTA TIRAGEM 1.500 exemplares ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA Faculdades Pitágoras de Montes Claros Rua Monte Pascoal, 284 Bairro Ibituruna CEP 39.401-347 - Montes Claros - MG Fone/Fax: 0xx38 3214-7100 E-mail: [email protected] Internet: www.fap-moc.com.br ???? Cláudio MOURA E CASTRO NOVA LEITURA 7 DIRETOR CIENTÍFICO Alfredo Maurício Batista de Paula A Revista Científica das Faculdades Pitágoras de Montes Claros Fátima TURANO PERFIL INTERATIVO Ano 1 - Nº 0 - Agosto de 2003 EDITORES RESPONSÁVEIS Rosina Turano Alfredo Maurício Batista de Paula ????? Alfredo Maurício Batista DE PAULA 3 EDITORIAL ???? Alfredo Maurício Batista DE PAULA 4 EDITORIAL A Revista Científica das Faculdades Pitágoras de Montes Claros Fátima TURANO Ensinar requer dispor e mobilizar conhecimentos para improvisar, isto é, agir em situações não previstas, atribuir valores e fazer julgamentos que fundamentam a ação da forma mais pertinente e eficaz possível. Por essas razões, a pesquisa ou investigação que se desenvolve no âmbito do trabalho refere-se a uma atitude de busca de compreensão dos processos de aprendizagem e desenvolvimento de seus alunos, e à autonomia na interpretação da realidade e dos conhecimentos que constituem seus objetos de ensino. À Instituição escola cabem a busca e seleção da informação, as tentativas e erros, e a liberdade de ir e vir na construção do conhecimento, elementos que precisam estar presentes no processo educacional. Sem essa liberdade e interatividade, não haverá mais prazer e motivação para se estudar. Eric Hobsbawn, o historiador inglês (naturalizado), acertou quando disse: é difícil escrever no momento em que se vive a transformação. Assim, como podemos transformar pessoas em seres humanos, ativos, sujeitos de sua história? Acreditamos que seremos senhores da história fazendo nossa própria história. Se a pessoa consegue compreender a realidade, mesmo que ainda não consiga controlá-la, é sinal de que um dia poderá saber o rumo da história – de sua história e da grandiosa história do mundo. E foi pensando em fazer história, em buscar novas alternativas e possibilidades que criamos a nossa revista científica. Por menor que seja a publicação, já é um grande feito, uma vez que nasceu com uma função definida, objetivos claros e tempo de vida “eterno, enquanto dure” o tempo de suas necessidades. Nossa Instituição tem como função principal a geração do conhecimento. Porém, desenvolver ou mesmo estar atualizado em novas tecnologias é uma tarefa complexa e que requer investimentos significativos. Não adianta desenvolver um ambiente de incentivo à tecnologia se não houver profissionais habilitados para trabalhar com essa tecnologia; assim como não adianta formar mão-de-obra especializada sem oferecer a tecnologia necessária para que esses profissionais exerçam suas habilidades. É necessário que procuremos meios de nos aprimorarmos, de melhorarmos naquilo que fazemos. E é isso que estamos fazendo. Queremos desempenhar nossa missão institucional com o respeito da sociedade, convictos de que buscamos sempre o melhor em se tratando de educação. Ao se falar de uma revista cientifica, estamos falando de informação; falamos de idéias, de criatividade, de técnica, de pensamento, de descobertas. Pensamos como Pierre Lévy: não são os aspectos negativos que importam e, sim, as potencialidades latentes, os caminhos possíveis para uma mudança de paradigma civilizacional – mudan- ça que, a longo prazo, venha despertar nos homens o desejo de sabedoria. É essa a visão que devemos espalhar por nossa escola. Acredito que as sementes do novo tempo estão vivendo em meio ao caos do velho. Aqui e agora nasce uma oportunidade única a todos os estudiosos, sejam alunos ou professores. Na verdade, precisamos de ferramentas que possibilitem atacar esse foco, criando em nossos alunos e professores o prazer de pesquisar, de aprender, sem perder de vista os conteúdos de aprendizagem. Aí é que mora o segredo. É preciso, mais uma vez, lembrar que o professor, enquanto gerenciador de pessoas, torna-se cada vez mais indispensável por conviver no dia-a-dia com os alunos e ter a capacidade de perceber suas atitudes e posturas. Apesar de continuar sendo o ensinoaprendizagem sua meta maior, é preciso usar de um recurso, uma ferramenta, um instrumento de trabalho, chamado persuasão, assim como se usa o giz, o quadro-negro e a voz, para que, em sintonia com a proposta pedagógica da faculdade, possa garantir nossa meta maior, que é transformarmos nossa escola num espaço de buscas e descobertas, onde alunos e professores são investigadores à procura de alternativas, de soluções para os problemas do nosso dia-a-dia. Cabe a nós, profissionais das FACULDADES PITÁGORAS, usar nossa inteligência educacional para fazer uso dessas ferramentas de forma responsável, criativa e inovadora, a fim de que, juntos, trabalhemos para o bem comum, visto que a investigação e a pesquisa significam permanência e estabilidade na busca do conhecimento. Nessa perspectiva, a FACULDADES PITAGORAS DE MONTES CLAROS constrói um novo paradigma de educação superior, em que se mesclam o ensino, a pesquisa e a extensão. Embora as distinções terminológicas sejam muitas, o princípio do projeto interdisciplinar é o mesmo: caracteriza-se pela intensidade das trocas entre os especialistas e pela integração das disciplinas num mesmo projeto de pesquisa. O projeto é uma atitude intencional, um plano de trabalho, um conjunto de ações que implicam um envolvimento individual e coletivo nas atividades empreendidas, pelo aluno e pelo grupo, sob a coordenação dos professores. Uma das possibilidades de execução do projeto interdisciplinar na universidade, segundo FAZENDA (1998)1, é a pesquisa coletiva, em que uma pesquisa nuclear catalisa as preocupações dos diferentes pesquisadores. É esse material que está sendo produzido em nosso dia-a-dia de forma científica e que ocupa esse espaço especial, formando a nossa revista científica. 1 FAZENDA, Ivani C. A. (org.). Didática e Interdisciplinaridade. Campinas: Papirus, 1998. 5 PERFIL INTERATIVO Título Cláudio MOURA E CASTRO* 6 *P NOVA LEITURA Fundamento do ensino nas Faculdades Pitágoras de Montes Claros TURANO, Fátima* INTRODUÇÃO O homem em equilíbrio consigo mesmo e com seu meio deverá ser o desafio – tarefa primordial do século incipiente. No âmbito da formação de nível superior, esse desafio aponta para a necessidade de uma reflexão/ação, em pelo menos, três vertentes: a) a expansão do acesso aos sistemas de ensino superior; b) a melhoria da gestão e o reforço dos laços com a sociedade; e c) as respostas às necessidades do desenvolvimento social. Nesta fase da história mundial, o elemento essencial é a mudança de rumo do processo civilizatório, com reflexos sobre todos os domínios e condições das atividades da vida dos homens e da sociedade, com características de constância e rapidez. Assim, as universidades, como cérebros das nações, e as demais instituições de ensino superior não podem eximir-se de participar da construção de uma nova cultura. É preciso produzir conhecimentos fundamentais para a compreensão do momento que se vive, adaptando-se aos novos tempos e, principalmente, assumindo, por meio de atividades de pesquisa, de busca e reflexão permanentes, a capacidade de antecipar e influenciar as mudanças, orientando suas ações na direção de um desenvolvimento humano durável e solidário. Se, por um lado, temos mais riqueza e tecnologia e mais compromissos em relação à comunidade mundial do que antes, a demanda atual é por profissionais cultos, dotados de conhecimentos gerais e, por isso mesmo, flexíveis, com capacidade de assumir diferentes funções e, sobretudo, enfrentar situações e problemas inéditos, como nos assegura SINGER (XXXX). Nesse contexto, é preciso que nós, como Instituições de Ensino, estejamos preparados para responder às demandas e às exigências da sociedade do conhecimento, da informação e da educação. Nessa sociedade, a Educação ganha novo e fundamental papel – ela que foi, é e continuará a ser a prioridade das prioridades-, pois permitirá continuar sustentando a vida nas cidades, nos estados, nos países e no planeta, preparando o cidadão para o mundo da vida e do trabalho. Educação como formação – calcada em princípios sólidos que habilitem o profissional a agir crítica e produtivamente em serviços e mercados, criando, construindo, descobrindo oportunidades que transformem o lugar comum no único e inesperado - precisa considerar a urgência de uma efetiva interação com o conjunto da sociedade; de um olhar prospectivo para a atualização constante dos conhecimentos, que será demandada por alunos e egressos, e que exigirá diversificação e fle- xibilidade. É preciso que o façamos com a convicção de que é possível modificar o curso do mundo e tornar a Educação o grande desafio de nosso tempo, se acreditarmos que o futuro se constrói agora. E essa construção só será sólida se estiver apoiada em uma consciência perspicaz da distância que separa o que existe do que deveria existir, em uma nítida orientação ética. Se é verdade que ciência e técnica experimentaram desenvolvimentos notáveis no século recém findo, é também verdade a profunda crise ética em que nos vimos imersos, de tal sorte que urge, ainda uma conjugação orgânica entre verdade, liberdade individual e justiça social. Uma escola que leve em consideração tais aspectos certamente deve ser estruturada de forma diferente e, principalmente, deve contar com professores que possuam a competência de interagir, de construir com esses cidadãos uma nova visão de mundo, preparando-os para serem autônomos intelectualmente e gestores de seu processo de aprendizagem ao longo de toda a sua vida – um profissional que tenha presente que, não obstante a sua formação, é preciso mudar. Mudar, inovar, imaginar e construir, com sua luta de cada dia, uma nova cultura, na qual o homem possa viver em paz consigo mesmo e com seu meio. Utopia? Não, mas a certeza de que, na sociedade do conhecimento, essa é uma tarefa que lhe cabe como ser participativo, reflexivo, em busca de realização como pessoa. Entendemos que, ao propor um processo de formação de um profissional reflexivo e pesquisador, devemos levar em consideração a importância tríplice sugerida por SCHÖN (XXXX) como constitutivo da competência: a reflexão na ação; a reflexão sobre a ação; a reflexão sobre a reflexão na ação. DISCUSSÃO A REFLEXÃO NA AÇÃO A formação crítico-reflexiva envolve, segundo NOVOA (1993), os processos de produzir a vida do profissional em formação por meio da reflexão sobre as práticas que realiza e experiências que compartilha; produzir o profissional, dotando-o de saberes específicos em constante reelaboração; produzir a escola como espaço de trabalho e formação, implicando gestão democrática e práticas curriculares participativas. A REFLEXÃO SOBRE A AÇÃO Segundo ELIAS E FELDMAN (1999), uma forma de se fugir à fragmentação do ensino é a de se pesquisar a realidade em todas as possibilidades e interconexões. Tal perspectiva remete-nos para a importância da contextualização na formação profissional. A REFLEXÃO SOBRE A REFLEXÃO NA AÇÃO O saber valorar permeia todo o processo de formação de nossos profissionais. Segundo RISTOFF (1996), avaliar tem a função de afirmar valores. Precisa ser espelho e lâmpada, não apenas espelho. Logo, a avaliação precisa não apenas refletir a realidade, mas iluminá-la, criando enfoques, perspectivas, mostrando relações, atribuindo significados. Para alcançar a formação de um profissional crítico e reflexivo, acredita-se na adoção de uma pedagogia crítica, fundamentada na realidade e na identificação de problemas reais. A pedagogia problematizadora traz em seu bojo um modelo de processo ensino – aprendizagem que se dá numa relação entre dois elementos: um sujeito que aprende e um objeto que é aprendido, tendo-se em conta os padrões culturais dos elementos envolvidos no processo. Propõe o aluno como construtor de seu conhecimento a partir da reflexão e indagação de sua prática. Traz também o professor como orientador, condutor do processo, um provocador de dúvidas, organizando sistematicamente uma série gradual de situações observadas numa realidade, através de sucessivas aproximações, desencadeando um processo de ação-reflexão. O resultado dessa escola é um ser social, ativo, reflexivo, criativo e solidário, capaz de compreender e modificar sua realidade. (BORDENAVE, 1996; SAUPE, 1998; VALENTE, 1999; CHIRELLI, 1999). BORDENAVE (2001) afirma que a educação problematizadora não tem uma metodologia única, nem adota técnicas fixas. É orientada por alguns princípios: a percepção da realidade, o protagonismo do aluno e o trabalho em grupo. Portanto, essa proposta pedagógicometodológica baseia-se na tríade ação-reflexão-ação, considerando que a aprendizagem se dá a partir de uma realidade vivenciada, que é problematizada, teorizada, refletida e transformada. A adoção dessa concepção de ensino-aprendizagem produz no aluno um espírito crítico e investigativo, transformando-o em agente ativo de sua formação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORDENAVE, JE. Estratégias de ensino e aprendizagem. Vozes. 22 ed. p. 312 p. Petropolis, 2001. CHIRELI ELIAS E FELDMAN NOVOA, A. Avaliação em educação: Novas perspectivas. Ed. Porto Alere, 1993. SAUPE, R. Ensinando e aprendendo. Revista da USP. São Paulo, 1992. SCHÖN SINGER VALENTE * Psicóloga, Coordenadora das Faculdades Pitágoras de Montes Claros. 7 UM PONTO À FRENTE Perceber-se interdisciplinar Rosina Maria Turano MOTA* INTRODUÇÃO Trabalhar pluri ou multidisciplinarmente, justapondo várias disciplinas sem pensar na síntese – esse foi o primeiro passo dado pelas Faculdades Pitágoras de Montes Claros na implantação do projeto pedagógico de seus cursos, elegendo como eixo um Projeto Multidisciplinar. Investigar interdisciplinarmente, buscando a síntese das várias disciplinas que compõem cada período de curso, com novas relações estruturais e nova linguagem descritiva – essa é fase atual, em que o saber que intencionaliza a ação pedagógica pressupõe o conhecimento como um processo interdisciplinar de construção de seus objetos. Pensar transdisciplinarmente, reconhecendo que a síntese dialética provocada pela interdisciplinaridade, quando bem sucedida, leva à transdisciplinaridade – essa é a utopia que norteia a presente proposta. Ela foge do alcance da ciência, mas pode orientar sua evolução. No cotidiano do trabalho, os conceitos acima, fundamentados em teóricos da interdisciplinaridade, como GUSDOR (XXXX) e JAPIASSU (XXXX) e, particularmente, nas publicações de FAZENDA (1993; 1998), são discutidos e permeiam o fazer pedagógico. DISCUSSÃO Cada um dos atores sente-se componente de um todo, parte de uma mesma pesquisa e uma pesquisa à parte. O projeto, antes multi, agora cada vez mais interdisciplinar, viabiliza-se nesta instituição como um processo globalizador, como uma postura pedagógica que tem um princípio ativo, integrador, e objetiva minimizar a artificialidade do ensino acadêmico tradicional, aproximando-o, o mais possível, da realidade social e das exigências do mercado de trabalho. Ultrapassa os muros da faculdade e cria elos entre os conteúdos estudados e o meio, permitindo uma melhor compreensão da historicidade de nosso tempo e a formação de profissionais conscientes de seu papel como cida- dãos e sujeitos de seu próprio conhecimento. O projeto é uma atitude intencional, um plano de trabalho, um conjunto de ações que implicam um envolvimento pessoal do aluno e do grupo nas atividades empreendidas. Vincula aspectos teóricos de cada disciplina à realidade, a partir de pontos de convergência entre as disciplinas e a problematização em cada campo específico do conhecimento. Caracterizase pelas trocas entre os especialistas e pela integração das disciplinas num mesmo projeto de pesquisa. No vai-vém das ações desencadeadas, juntam-se esforços na construção do todo. No projeto, o processo de aprendizagem centra-se na resolução de problemas. Estes geram uma série de indagações e necessidades que vão dando o eixo de estudo e de pesquisa. O problema central é real, significativo para os alunos e está inserido num contexto sociocultural. Os projetos de trabalho constituem uma produção de caráter científico. Cada fase (problematização, coleta de dados, sistematização, relatório técnico e seminário) desenvolve-se para os primeiros passos do estudante em uma faculdade, informando-o no estudo, tornando eficazes suas leituras e indicando caminhos seguros para a pesquisa e a redação de textos. Nas trilhas do saber, docentes e discentes reconhecem-se como unidade na diversidade. Nesse trabalho, é indispensável a cumplicidade e o envolvimento de cada um dos professores. Ele exige que cada um se comprometa com os objetivos do projeto, que se empenhe em chegar à comprovação de hipóteses levantadas na resolução de problemas, que persista em sua ação de orientador e supere os obstáculos. A implementação dos projetos interdisciplinares depende essencialmente da postura dos docentes. Os múltiplos pontos-de-vista tendem a gerar tensão no grupo; enri- * Pedagoga, Mestre em Geografia, Coordenadora Acadêmica das Faculdades Pitágoras de Montes Claros. 8 quecem a pesquisa e desafiam os participantes a administrarem os conflitos. Pelo fato de os docentes terem sua formação ligada a um regime de especialização, a idéia da interdisciplinaridade provoca um repensar da própria autonomia dos especialistas. O trabalho interdisciplinar convida à renovação da inteligência no encontro de pesquisas antes solitárias, agora solidárias, e provoca uma viagem interior, com reações quase sempre surpreendentes. Segundo ASHVAGHOSHA (1986), o que de mais valioso se tem apreendido dessa experiência acadêmica é a constatação de que quando a mente é perturbada, produz-se a multiplicidade das coisas; quando a mente é aquietada, a multiplicidade das coisas desaparece. Portanto, “interdisciplinar” é um termo do século XX, embora o conceito subjacente seja da filosofia antiga. No entanto, as idéias de integração, síntese e unidade persistem como valores filosóficos, sociais e educacionais. Procurando superar a crise de fragmentação do conhecimento, as Faculdades Pitágoras de Montes Claros constróem um novo paradigma de educação superior, onde se mesclam o ensino, a pesquisa e a extensão. Nessa desafiadora construção, cada um dos artífices não tem como deixar de perceber-se interdisciplinar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASHVAGHOSHA. The Awakening of Faith. p. 78, cit in CAPRA, F. O tao da física. p. 26, São Paulo: Cultrix, 1986. FAZENDA, ICA. Interdisciplinaridade: um projeto. São Paulo: Loyola, 1993. _____. (Org.) Didática e interdisciplinaridade em parceria. Campinas: Papirus, 1998. GUSDUR JAPIASSU MULTITEXTOS O CUIDAR DE FERIDAS CRÔNICAS: COMO ESTÁ SENDO REALIZADO? Carlene do Prado Barbosa FAGUNDES; Josiana Martins Dornelles FERRAZ; Patrícia Fernandes do PRADO; Patrícia Gonçalves CARVALHO; Raquel Guimarães MAIA* RESUMO Este artigo constitui-se de informações sobre determinantes que venham influenciar no tratamento e cuidado de feridas crônicas, com os objetivos de verificar como está sendo realizado o cuidado das feridas dos portadores entrevistados e proporcionar aos autores deste estudo um amplo conhecimento e capacidade para analisar características e aspectos relacionados às feridas crônicas. Toma como o referencial teórico estudos morfofuncionais da pele normal, processo de cicatrização, produtos utilizados no tratamento de lesões de pele e os tipos de feridas. Com base no método qualitativo de pesquisa os dados foram coletados através de entrevistas semi-estruturada com portadores de feridas crônicas em domicílios e hospitais da cidade de Montes Claros (MG). A partir das análises dos resultados foi possível identificar tanto fatores condicionadores positivos de uma boa evolução, quanto fatores negativos que retardariam o processo cicatricial. Palavras-chaves: Ferida crônica, cuidados no tratamento e processo de cicatrização. INTRODUÇÃO As feridas na pele são rupturas estruturais ou fisiológicas no tegumento que incitam respostas de reparação. Quando há uma lesão de qualquer tecido, inicia-se uma série completa de respostas que contribue para eliminação das células lesadas e de outros elementos não desejados, visando proteger os tecidos viáveis e reconstruir a área (MENDES ET AL., 2000; MARQUES, 2002). Feridas crônicas são aquelas onde há déficits de tecido como resultado de uma lesão duradoura ou com reincidência freqüente (DEALEY, 2001). Cuidar de feridas é um processo que está presente no dia-a-dia dos profissionais da Enfermagem, sendo necessário, portanto, que se tenham conhecimentos a respeito da fisiologia da pele, da classificação das feridas, das fases de cicatrização e dos fatores que influenciam o processo de cicatrização, para fazer uma boa avaliação e estabelecer uma conduta para o seu tratamento. Além disso, para compreender a cura das feridas é necessário conhecer o paciente como um todo, uma vez que cada indivíduo é diferente e tem suas especificidades (MENDES ET. AL., 2002). Dessa forma, surge assim o problema deste artigo: avaliar como está sendo realizado o processo do cuidado das feridas crônicas dos portadores aqui estudados. Frente ao que foi exposto, buscou-se com este trabalho, contextualizar o processo do cuidar das feridas crônicas, associado a uma avaliação da realidade cultural e social do universo estudado. Dadas essas considerações, o presente artigo tem por objetivo verificar como está sendo realizado o cuidado das feridas crônicas dos portadores entrevistados, descrever e avaliar os resultados obtidos e proporcionar um maior conhecimento aos autores deste trabalho sobre o cuidar de feridas crônicas, almejando a formação de profissionais mais críticos e capacitados a desenvolver suas habilidades de acordo com a sua realidade. REVISÃO DE LITERATURA Para embasamento teórico do presente trabalho, citam-se conceitos de alguns autores sobre temas que serão abordados, a saber: pele normal e suas características, processo de cicatrização, tipos de feridas e fatores que interferem no processo de cura da ferida. Segundo CÂNDIDO (2001), a pele é o maior órgão do nosso corpo; mede aproximadamente 2m2, pesa cerca de 2kg, com a espessura, variando, conforme a região, de 1mm a 4 mm. Sua principal função é revestir e proteger as estruturas internas, isolando-as dos fatores agressivos externos. Divide-se em três camadas com funções especificas. A epiderme, a camada mais externa da pele tem como funções básicas manter a integridade da pele e atuar como barreira física. A função da derme é oferecer resistência, suporte, sangue e oxigênio à pele (HESS, 2002). A hipoderme é rica em tecido adiposo tendo como função principal proteção mecânica e isolamento térmico (CÂNDIDO, 2001). De acordo com SANTOS (2000), as feridas são resultado da perda ou não da integridade tissular que leva a um comprometimento de sua função fisiológica. Assim, as feridas são classificadas em agudas e crônicas de acordo com o tempo de reparação tissular. Segundo esse autor, as feridas agudas são oriundas de cirurgias ou traumas, cuja reparação ocorre em tempo adequado e seqüência ordenada, sem complicações levando à restauração da integridade anatômica e funcional; as crônicas, contrariamente, são aquelas que não são reparadas em tempo esperado e apresentam complicações. As feridas pós-operatórias são feridas agudas intencionais. Podem cicatrizar por primeira intenção, caso em que as bordas da pele são mantidas próximas. Algumas feridas cirúrgicas são deixadas abertas para cicatrizarem por segunda intenção, geralmente a fim de permitir a drenagem de material infectado (DEALEY, 2001) Segundo HESS (2002), quando a integridade da pele é alterada e aparece uma ferida, inicia-se um processo de cicatrização. A primeira fase é a inflamatória (fase defensiva ou reativa), seguida pela fase proliferativa (fase fibroblástica de regeneração ou do tecido conjuntivo). A fase final é a fase da maturação ou remodelagem. Como afirma CÂNDIDO (2001), a fase inflamatória ou exsudativa dura, em média de 48 a 72 horas. É caracterizada pelo aparecimento de sinais prodrômicos da inflamação: dor, calor, rubor e edema. Os mediadores químicos provocam vasodilatação, aumentando a sua permeabilidade, o que favorecerá a quimiotaxia dos leucócitos; os neutrófilos combaterão os agentes invasores e os macrófagos realizarão a fagocitose. A segunda fase é denominada proliferativa, com duração média de 12 a 14 dias. Ocorre a neo-angiogênese, produção de colágenos jovens pelo fibroblasto, e intensa migração celular, principalmente de queratinócitos, promovendo a epitelização. A terceira etapa pode durar de meses a anos e é chamada maturação ou remodelação. Ocorre a reorganização do colá- * Acadêmicas do 4º período do curso de Enfermagem das Faculdades Pitágoras de Montes Claros. 9 MULTITEXTOS geno, que adquire maior força tênsil e empalidece. Diversos fatores podem atrasar ou impedir a cicatrização. Fatores locais são os que incidem diretamente na ferida enquanto os fatores sistêmicos ocorrem de forma disseminada pelo corpo. Os fatores locais que impedem a cicatrização de feridas incluem pressão, ambiente seco, trauma, edema, infecção, necrose e incontinência. Os fatores sistêmicos incluem idade, biótipo, doenças crônicas, condições nutricionais ineficiências vasculares imunossupressão e radioterapia (HESS, 2002). De acordo com BORGES (2001), a idade é um fator sistêmico que pode interferir negativamente no processo de cicatrização, uma vez que fisiologicamente, com o avançar dos anos, inicia-se a redução dos processos metabólicos, de multiplicação celular, da taxa de produção de colágeno e da velocidade da cicatrização. A localização de uma ferida pode ser um indício de possíveis problemas, como risco de contaminação, nas feridas na região sacra, ou problemas de mobilidade, provocados por feridas no pé. Um outro aspecto é o fato de que um curativo pode se posicionar bem em uma parte do corpo, mas não em outra (Dealey, 1996). SANTOS (2000), diz: “o processo de cuidar de pacientes com feridas agudas ou crônicas é muito mais amplo, científico e interdisciplinar do que cuidar de feridas”. O cuidado sob medida para o paciente é base para um tratamento efetivo das feridas, que tem por fim promover a cicatrização, reduzir o risco de infecção, agravamento da lesão, e manter a viabilidade cutânea. Para alcançar um desfecho positivo no tratamento, devem ser considerados, de um modo amplo, tanto o paciente quanto a ferida. De acordo com DEALEY (2001), há inúmeros produtos à disposição para tratamento de feridas e muitas opiniões conflitantes sobre a maneira de usá-los. “Os procedimentos técnicos e as substâncias empregadas no cuidado de feridas devem propiciar um micro ambiente ótimo para a restauração tissular, sem traumas ou toxicidade complementares” (SANTOS, 2000). GOMES E CARVALHO (2002) relatam que o uso indiscriminado de anti-séptico, como o PVPI, é um problema pois as substâncias são tóxicas ao microrganismo como também às células humanas. Além disso, algumas soluções anti-sépticas podem ser inativadas ou terem sua ação diminuída em presença de exsudato plasmático muito freqüente em feridas, principalmente crônicas. 10 BRUNNER & SUDDARTH (2002) descreve que o uso de água oxigenada no tratamento de feridas tem efeito oxidante, destruindo as células anaeróbicas. Os mesmos autores ainda chamam a atenção quanto ao uso de sabões, que são caracterizados como secantes e irritantes, podendo agravar problemas cutâneos. GOMES & CARVALHO (2002) ainda afirmam que o soro fisiológico a 0,9% para limpeza e desinfecção da ferida é um produto seguro, tratando-se de uma solução inócua às células humanas, não apresentando toxicidade ao organismo. Além disso, o soro fisiológico a 0,9% remove os tecidos debéis através da força hidráulica, sem traumatizar a ferida. Sabe-se ainda que existem outros produtos não convencionais utilizados no tratamento de feridas, dentre eles destacamse o açúcar e o pó de café. Segundo SANTOS (2001), desde a antiguidade havia relatos do uso de mel para o tratamento de feridas. Somente em 1933 surgiram as primeiras publicações sobre o uso do açúcar ter efeito bactericida, cuja ação eficazdemanda a troca a cada duas horas. Já o pó de café não oferece nenhum benefício para o tratamento da ferida, impedindo o processo de reparação tissular. DEALEY (2001) afirma que uma circulação deficiente reduz a perfusão nos tecidos. Isto desacelera a cicatrização e aumenta o risco de infecções. A doença vascular periférica geralmente é uma complicação do Diabetes Mellitus. Tem um efeito prejudicial sobre a cicatrização das feridas dos membros inferiores e pode até ser um fator predisponente à sua ocorrência. HOLZMAN & TURK (1986), citados por DEALEY (2001), descrevem a dor como uma experiência única de cada indivíduo. Segue-se, portanto, que somente o paciente poderá descrever sua presença e sua gravidade. MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de um estudo qualitativo e quantitativo. A abordagem quantitativa significa quantificar opiniões, dados na forma de coleta de informações, como também o emprego de recursos e técnicas estatísticas, como percentagem. O método qualitativo não emprega dados estatísticos como centro do processo de análise de um problema (OLIVEIRA, 1999). Este trabalho foi desenvolvido em domicílios e unidades de saúde da cidade de Montes Claros (MG), entre 5 e 13 de dezembro de 2002. Neste período, foram entrevistados sete portadores de feridas crônicas, com idade acima de 40 anos e de ambos os sexos. Para a coleta de dados foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas compostas por 19 perguntas, cujo roteiro foi elaborado pelos autores do presente trabalho, acadêmicos do 4º período do curso de graduação em Enfermagem das Faculdades Pitágoras de Montes Claros. As falas dos entrevistados serão reproduzidas com fidelidade e identificadas como E(1), E(2), E(3)... para mantermos em sigilo as identidades. O anonimato proporcionou uma maior abertura dos entrevistados – fundamental para a compreensão profunda do quadro e de como eles compreendem suas feridas. RESULTADOS A pesquisa de campo iniciou-se a partir da busca de indivíduos portadores de feridas crônicas em domicílios e nas unidades de saúde na cidade de Montes Claros. Com base nos relatos coletados nas sete entrevistas dos portadores de feridas, foi possível levantar algumas questões referentes à prática do cuidar. Os resultados teceram-se da seguinte forma: Resultados Descritivos Quantitativos das Entrevistas aos Portadores de Feridas Crônicas em domicílios e nas Unidades de Saúde da Cidade de Montes Claros Quando questionado sobre a idade, constatou-se que 57,14% dos entrevistados possuem faixa etária entre 40 a 50 anos e 42,86%, acima de 51 anos. Em relação à escolaridade, 57,14% dos entrevistados possuem até a 4ª série do ensino fundamental, 28,57% são analfabetos e 14,28% possuem até a 6ª série do ensino fundamental. N degas 14,28% P diab tico 14,28% Tornozelo 14,28% Pernas 57,13% 0,00% 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 % % % % % % GRÁFICO I: LOCAL DA FERIDA NOS INDIVÍDUOS PORTADORES FONTE: PESQUISA DIRETA, DEZEMBRO DE 2002. MULTITEXTOS melhorar mais, já fiz de tudo. E(2) 14,28% 28,56% O pr prio portador da ferida Insufici ncia vascular dos membros inferiores Parente do portado de ferida Diabetes Mellitus O parente e o pr prio portador da ferida Hipertens o Arterial 100% Minha ferida mesmo deu bicho, tá fedendo, não acho que esta melhorando. E(3) 100% 71,42% No início a minha ferida era mais avermelhada, e agora já esta até diminuindo de tamanho. E(4) 100% Acho que é quando a ferida tem menos secreção e quando arde menos. E(1) 28,57% 57,14% 42,85% 0,00% 50,00 100,00 150,00 % % % GRAFICO II: CUIDADOR DA FERIDA FONTE: PESQUISA DIRETA, DEZEMBRO DE 2002. 14,28% 28,57% Auxiliar de enfermagem Funcionario do PSF 14,28% Ningu m M dico 14,28% 28,57% Gerente do Posto de Sa de Produtos utilizados GRÁFICO III: ORIENTAÇÃO SOBRE O CUIDADO DAS FERIDAS CRÔNICAS AO PORTADOR/CUIDADOR DE FERIDAS CRÔNICAS. FONTE: PESQUISA DIRETA, DEZEMBRO DE 2002. Folhas 1 28,57% 14,28% 14,28% 14,28% 14,28% 42,84% 71,41% 0,00% 50,00% 100,00% gua fervida gua Oxigenada PVPI Oleo de Girassol gua e sab o GRÁFICO IV: PRODUTOS UTILIZADOS PELOS PORTADORES DE FERIDAS CRÔNICAS FONTE: PESQUISA DIRETA, DEZEMBRO DE 2002. GRÁFICO V– INDIVÍDUOS QUE APRESENTA DOENÇAS QUE PODEM COMPROMETER O TRATAMENTO DAS FERIDAS FONTE: PESQUISA DIRETA, DEZEMBRO DE 2002 Em relação à atividade diária, 28,57% dos entrevistados relataram que a ferida atrapalha as atividades diárias, 42,85% disseram que a ferida não interfere, e 28,57% dos entrevistados afirmara m que a ferida somente atrapalha quando causa dor. Resultados Descritivos Qualitativos das Entrevistas aos Portadores de Feridas Crônicas nos Domicílios e nas Unidades de Saúde da Cidade de Montes Claros Referente ao tempo de duração e surgimento da ferida, verifica-se um processo individualizado e passível de alterações, uma vez que características, manejos e hábitos pessoais determinam o tempo de permanência da ferida. Sendo relatado: Fiquei paraplégico por causa de um tiro e há 10 meses estou com esta ferida por ficar em uma mesma posição. A gente não tem conhecimento pra cuidar, então a ferida foi só aumentando e a única posição que eu fico é de bruço. E(1) Tinha um feridinha de varizes na perna que, desde junho desse ano, inchou, deu bicho, febre. Foi quando eu internei pra fazer uma cirurgia na perna. E(4) Desde os 12 anos tenho essas feridas e há 68 anos convivo com elas. E(6) Quando perguntamos sobre o conhecimento do portador de feridas em relação à evolução e o processo de melhora da lesão, obtivemos as seguintes respostas: Ah, acho que essa ferida minha não vai No que diz respeito ao processo de dor os entrevistados relataram: Sinto muita dor na ferida, e já cheguei a tomar 15 Voltarem no mesmo dia. E(5) Já senti dores horríveis e os analgésicos acabaram com minha saúde. E(6) DISCUSSÃO Análise Quantitativa dos Resultados Discutiremos, a seguir, os resultados obtidos em suas respectivas categorias. Em relação à idade, os indivíduos que possuem faixa etária acima de 51 anos, possuem maior propensão a adquirir ou a agravar lesões cutâneas. O que pode ser comprovado, segundo BORGES (2001), porque a pele começa a apresentar sinais de involução por volta de 40 anos, tornando-se mais evidente aos 65 anos, quando o processo se torna acelerado. Além disso, a idade interfere no processo de cicatrização, como foi confirmado por BORGES (2001). É importante que o profissional de saúde esteja mais atento a indivíduos nesta faixa etária, prestando maiores cuidados, dando maior enfoque de informações, pois percebe-se nestas pessoas uma relutância muito grande em aderir a tratamentos e medidas preventivas que visem à manutenção de sua saúde. Quanto à escolaridade, os dados comprovam o baixo nível de escolaridade dos entrevistados, o que compromete o tratamento de sua ferida, uma vez que a carência de instruções prejudica na compreensão das orientações sobre os cuidados para com a ferida. A partir desse contexto, o profissional de saúde terá maiores dificuldades para exercer seu papel de cuidador, para promover a adesão ao tratamento de feridas crônicas, porque não basta somente esclarecer mas, sim, convencer o paciente de que não só a ferida em si lhe trará limitações, como também seus hábitos de vida (dieta, exercícios físicos, tabagismo 11 MULTITEXTOS e consumo de bebida alcoólica). Em se tratando do local da ferida, dados comprovam a maior incidência de lesões em membros inferiores, uma vez que estes locais têm relação direta com complicações relacionadas a Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial, Doença Vascular Periférica, entre outras. Tais locais são sujeitos a fricção e possuem a evolução da cicatrização dificultada como afirmou DEALEY (2001). No que diz respeito ao cuidador da ferida, o resultado indica uma prevalência do cuidador informal. Sendo assim, compete ao profissional enfermeiro orientar o portador da ferida crônica e seus familiares, que podem estar auxiliando ou mesmo realizando o cuidado, para atentar-se aos procedimentos corretos da troca de curativos, bem como à higienização adequada do ambiente e material utilizado. Sobre a orientação do cuidado de feridas crônicas, a carência de informações acerca dos cuidados por parte de um profissional de saúde deixa os indivíduos à mercê de tratamentos não convencionais, como ervas, óleos, pó de café, açúcar, entre outros – o que pode prolongar o processo de cicatrização e o restabelecimento da integridade da pele, como foi afirmado SANTOS (2000). Quanto aos produtos utilizados pelos portadores de feridas, chama-se a atenção para a diversificação dos produtos disponíveis no mercado. Além deles, é comum a utilização de produtos não convencionais, como ervas, óleos, açúcar, entre outros. Tais produtos são usados de maneira cultural e podem não ser realmente eficazes no tratamento de feridas, como diz SANTOS (2000). É importante que o profissional de saúde fique atento para a desmistificação da utilização de produtos que já fazem parte da cultura popular, esclarecendo até que ponto esses produtos podem ou não auxiliar no processo de cicatrização. Quanto à presença de doenças que podem comprometer no tratamento da ferida, ela pode propiciar o aparecimento de feridas ou manter a sua cronicidade. Além das patologias mencionadas, também constatou-se a presença de outras doenças, tais como enfisema pulmonar, artrose e insuficiência respiratória, que podem agravar o quadro clínico dos pacientes. Já em relação à atividade diária, a localização da ferida é um fator preponderante para o impedimento ou não da mesma, como é o caso de feridas em membros inferiores e articulações, o que foi comprovado no universo das entrevistas. 12 Análise qualitativa dos resultados Referente ao tempo de duração e surgimento da ferida, verifica-se um processo individualizado e passível de alterações, uma vez que características, manejos e hábitos pessoais determinam o tempo de permanência da ferida. Pela análise das respostas dos entrevistados, verifica-se que a origem e o tempo de duração de uma ferida crônica foram diversificados, sendo um processo individualizado, dependendo de características pessoais de cada portador. Quando perguntamos sobre o conhecimento do portador de feridas em relação à evolução e o processo de melhora da lesão, pelas respostas dos entrevistados, pôde-se perceber o desconhecimento a respeito das características que indicam a evolução da ferida – o que pode estar relacionado ao nível educacional dos entrevistados. Com isso, faz-se necessária a atuação de um profissional de saúde, através de orientações sobre o processo de melhora, junto aos portadores de feridas crônicas. No que diz respeito ao processo de dor, um dos propósitos das entrevistas foi investigar a presença ou não de dor nos pacientes. Observou-se que o melhor indicador da dor do paciente é o relato do próprio paciente. CONCLUSÕES Os resultados e as análises dos dados coletados permitiram constatar que o portador de ferida crônica é um indivíduo integral, com necessidades físicas, psicológicas e sociais, e a ferida é parte desse contexto, não podendo ser vista de forma isolada ou secundária no tratamento. Baseando-se nas entrevistas realizadas, foi possível perceber fatores condicionantes a uma boa recuperação dos ferimentos, quais sejam: alguns produtos utilizados no tratamento e limpeza da lesão, formas de identificação, melhora do comprometimento da ferida. Por outro lado, esses clientes também apresentaram fatores negativos, comprometendo a saúde e a qualidade de vida, tais como: tempo de cuidado X tempo de existência da ferida – muitos só iniciaram o tratamento da ferida após alguma complicação, já decorrido algum tempo; o uso de uma medicação natural e cultural a partir de plantas e outros produtos – o que muitas vezes pode ser prejudicial pela falta de conhecimento específico. Na área do “cuidar de feridas”, a todo momento surgem novos produtos, novas tecnologias e diretrizes. É imprescindível, portanto, mudar conceitos e comportamentos. Os caminhos são inúmeros e interdependentes. Não basta, nem se deve, trabalhar sozinho. É essencial que os profissionais de saúde estejam sintonizados com a realidade, aperfeiçoando sempre mais sua ação e interação. O trabalho do enfermeiro requer empenho e tenacidade para flexibilizar conceitos que foram, muitas vezes, endurecidos pelo tempo e pela falta de cultura. O enfoque do tratamento é feito na perspectiva de que o paciente ou o eventual tratador leigo saibam cuidar da ferida. É de responsabilidade do profissional enfermeiro não só esclarecer, mas fazer com que o individuo enxergue que os fatores que, em um primeiro momento de sua vida, não são sentidos negativamente (como por exemplo o sedentarismo, a falta de uma dieta equilibrada e a falta de atividade física), sejam encarados como futuros desencadeadores de sua patologia e também como dificultadores do processo de cura. Diante dos resultados obtidos, verificou-se a necessidade de transmitir ao cliente portador de ferida crônica o conhecimento necessário para auxiliar no tratamento e recuperação da lesão. Portanto, cabe a nós, enquanto futuros profissionais de saúde, estimular a promoção e prevenção da saúde, enfocando, principalmente, o ato de cuidar, através de programas educativos, e visando, assim, mobilizar e alcançar os clientes portadores de feridas crônicas, motivando-os a melhorar o autocuidado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS CÂNDIDO, L. CC. Novas Abordagens no Tratamento do Feridas. São Paulo: Senac, 2001. pg. 74, 76. DEALEY, Carol. Cuidando de Feridas: Um Guia para as Enfermeiras. 2ª ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2001. pg. 49, 50, 67. MENDES, MARQUES et al. Nursing Revista Técnica de Enfemagem. Nº 55, dez. 2002, Ano 5. pg. 23. SANTOS, V. L. C. G. Avanços Tecnológicos no Tratamento de Feridas e Algumas Aplicações em Domicílio. 1ª ed. São Paulo: Atheneu, 2002. HESS, C. T. Tratamento de Feridas e Úlceras. 4ª ed. Rio de Janeiro: Editora Reichmann & Affonso, 2002, pg. 11. OLIVEIRA, S. L. Tratado de Metodologia Ciêntífica. 1ª ed. São Paulo: Editora Pioneira, 2002. pg 115,116. 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Visa também a fornecer dados atuais, de forma descritiva e sucinta, que poderão contribuir para futuras pesquisas e auxiliar na elaboração de programas preventivos ou de acompanhamento ao tratamento voltado para a melhoria na qualidade de vida dos deficientes, podendo também contribuir significativamente para maiores informações sobre as deficiências mais encontradas. A pesquisa caracterizase como bibliográfica e descritiva analítica, constituída pela análise de entrevistas através de formulário com questões duplas, centradas na temática proposta. Palavras-chaves: Deficiência mental; deficiência física; deficiência motora; deficiência visual; deficiência auditiva. INTRODUÇÃO Os Portadores de Necessidades Especiais são aquelas pessoas que apresentam alguma deficiência física, cognitiva, sensorial, múltipla, ou que é portadora de condutas típicas, ou ainda de altas habilidades, de caráter permanente ou temporário, necessitando de recursos especializados para superar ou minimizar suas dificuldades. No Brasil, de acordo com os dados do IBGE do censo demográfico de 2000, a população é de 169.799.170 habitantes, onde as deficiências atingem todas as camadas sociais. Entretanto, seus efeitos e problemas são mais freqüentes e agravados junto a populações de baixa renda, ou populações sem condições mínimas de acesso à atenção primária de saúde e educação, que se encontram desassistidas e marginalizadas. Para demonstrar o número de deficientes existente no Brasil, o IBGE dividiu os tipos de deficiência em: física, motora, mental, visual e auditiva. A população com deficiência física é de 2.844.447 pessoas; com deficiência motora, 7.879.600; com deficiência mental, 2.848.684; com deficiência visual, 16.573.937; e com deficiência auditiva, 5.750.810. Em Montes Claros não há registros disponíveis de catalogação das deficiências apontadas pelo censo 2000, dificultando uma melhor intervenção fisioterápica junto aos pacientes. Diante disso, os objetivos deste estudo foram: a) catalogar os tipos de deficiência em pacientes de clínicas de fisioterapia de Montes Claros, fornecendo dados atuais de forma descritiva e sucinta que poderão contribuir para basear futuras pesquisas; b) contribuir significativamente para maiores informações sobre as deficiências mais encontradas na cidade; c) relacionar dados obtidos após realização da pesquisa com os dados fornecidos pelo censo de 2000; e d) fornecer dados informativos para uma melhor intervenção fisioterápica na deficiência. REVISÃO DE LITERATURA O termo “pessoas deficientes” refere-se a qualquer pessoa incapaz de assegurar por si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência, congênita ou não, em suas capacidades físicas ou mentais (ROWLAND, 1997). Tipos de Deficiências 1. DEFICIÊNCIA MENTAL: Refere-se ao funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, que coexiste com falhas no comportamento adaptado e se manifesta no período de desenvolvimento. Os portadores de deficiência mental apresentam o Quociente de Inteligência (QI) inferior à média apresentada pela população. A ocorrência de deficiência mental gira em torno de 50% dos casos de deficiências. Os portadores desse tipo de deficiência são vítimas de preconceito em relação a seus potenciais. Avaliando individualmente cada caso, enriqueceria a possibilidade de um acompanhamento especializado e evolutivo. Pode ser classificada como: • Deficiência Mental Leve: Ocorre um atraso leve no desenvolvimento da criança na idade escolar e não diferencia da média das crianças consideradas normais. Ao iniciar sua fase escolar, apresenta dificuldades gerais ou específicas em ler, escrever ou contar. Esses distúrbios começam a aparecer com o aumento das exigências do ensino, necessitando um apoio adequado quanto às disciplinas de rendimento deficitário. Na adolescência ou idade adulta, podem adaptar-se socialmente e desempenhar atividades profissionais, adquirindo independência econômica ou social (UMPHRED, 1994). • Deficiência Mental Moderada: Esta deficiência é identificada nos primeiros anos de vida. Atrasos nas áreas de desenvolvimento motor, mental, social e da aprendizagem são facilmente perceptíveis (EDWARDS, 1999). • Retardo Mental: São as limitações substanciais do funcionamento presente. Retardo Mental é definido como uma dificuldade fundamental em aprender (limitação intelectual) e desempenhar certas habilidades na vida diária. Essas habilidades são importantes para o sucesso funcional e estão freqüentemente relacionadas à necessidade de apoio que as pessoas com retardo mental apresentam (SAMPAIO, 1999). 2. DEFICIÊNCIA FÍSICA: Segundo BOBATH (1989), a deficiência física é um comprometimento do aparelho locomotor que compreende o sistema ósteo-articular, o sistema muscular e o sistema nervoso. As doenças ou lesões que afetam quaisquer desses sistemas, isoladamente ou em conjunto, podem produzir quadros de limitações físicas de grau e gravidade variáveis, segundo o(s) segmento(s) corporais afeta- * Fisioterapeuta, Professora das disciplinas Movimento e Desenvolvimento Humano I e II da Faculdade Pitágoras de Fisioterapia de Montes Claros. ** Acadêmicos do 4º período do curso de Fisioterapia da Faculdade Pitágoras de Montes Claros. 13 MULTITEXTOS dos e o tipo de lesão ocorrida. As mais comuns são: • Tetraplegia: causada por alguma lesão medular. • Hemiplegia: causada por alguma lesão cerebral. • Paraplegia: causada por alguma lesão medular. • Falta do membro ou parte dele. 3. DEFICIÊNCIA VISUAL: É uma limitação sensorial grave que pode anular ou reduzir a capacidade de enxergar, abrangendo vários graus de acuidade visual. Situação irreversível de diminuição da resposta visual, em virtude de causas congênitas ou hereditárias, mesmo após tratamento clínico e/ou cirúrgico e uso de óculos convencionais. A deficiência visual é uma das formas mais comuns de perdas sensoriais de indivíduos com deficiência. Embora freqüentemente receba pouca atenção, a lesão pode afetar um olho, a sua irradiação ótica e o córtex visual, representando respectivamente a recepção, transmissão e apreciação de qualquer estrutura visual (www.sarah.br). 4. DEFICIÊNCIA AUDITIVA: É considerada genericamente como a diferença existente entre a performance do indivíduo e a habilidade normal para a detecção sonora. Pode ser classificada como: • Deficiência Auditiva Condutiva: Qualquer interferência na transmissão do som desde o conduto auditivo externo até a orelha interna (cóclea). A orelha interna tem capacidade de funcionamento normal, mas não é estimulada pela vibração sonora. Esta estimulação poderá ocorrer com o aumento da intensidade do estímulo sonoro. A grande maioria das deficiências auditivas condutivas pode ser corrigida através de tratamento clínico ou cirúrgico (ANDRÉ, 1999). • Deficiência Auditiva Sensório-Neural: Ocorre quando há uma impossibilidade de recepção do som por lesão das células ciliadas da cóclea ou do nervo auditivo. Os limiares por condução óssea e por condução aéreas, alterados, são aproximadamente iguais. A diferenciação entre as lesões das células ciliadas da cóclea e do nervo auditivo só pode ser feita através de métodos especiais de avaliação auditiva. Este tipo de deficiência auditiva é irreversível (ANDRÉ, 1999). • Deficiência Auditiva Mista: Ocorre quando há uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial associada à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo. O audiograma mostra 14 • geralmente limiares de condução óssea abaixo dos níveis normais, embora com comprometimento menos intenso do que nos limiares de condução aérea (ANDRÉ, 1999). Deficiência Auditiva Central, Disfunção Auditiva Central ou Surdez Central: Este tipo de deficiência auditiva não é, necessariamente, acompanhado de diminuição da sensitividade auditiva, mas manifesta-se por diferentes graus de dificuldade na compreensão das informações sonoras. Decorre de alterações nos mecanismos de processamento da informação sonora no tronco cerebral (Sistema Nervoso Central) (ANDRÉ, 1999). 5. DEFICIÊNCIA MOTORA: É considerada como um comprometimento do movimento devido algum tipo de deficiência do Sistema Nervoso Central, comprometendo articulações e músculos. Ocorre a perda de capacidades, afetando diretamente a postura e/ou o movimento, em conseqüência de uma lesão, congênita ou adquirida, nas estruturas reguladoras e efetoras do movimento no sistema nervoso. A deficiência motora pode ser causada ainda por anormalidades durante o desenvolvimento psicomotor, levando a uma hipotonia generalizada, afetando toda a musculatura e a parte ligamentar. A criança que apresenta uma deficiência psicomotora vai apresentar uma dificuldade no controle de algumas habilidades como: rolar, sentar, arrastar, engatinhar, andar, correr e manter o controle da cabeça (ROBBINS, 1996). MATERIAL E MÉTODOS Foram entrevistados 67 pacientes de clínicas fisioterápicas de Montes Claros nos dias 08 e 11 de novembro do ano de 2002. A amostra entrevistada foi escolhida aleatoriamente, e o sistema de coleta de dados consistiu em obter informações a partir de questões duplas centradas na temática proposta. O formulário foi aplicado a pacientes de ambos os sexos e com idades variadas, onde foi destacado o tipo de deficiência da qual o paciente é portador. Todos os pacientes foram submetidos ao formulário, sendo informados da natureza e do propósito do estudo, e assinaram um termo de autorização para a realização das entrevistas. RESULTADOS O gráfico 1 demonstra o número de deficiências no Brasil segundo a Fundação Institucional Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE), onde o maior índice de deficiências encontradas foram do tipo visual (com 46%), seguida, em segundo lugar, da deficiência motora (com 22%), em terceiro lugar da deficiência auditiva (com 16%), e por fim das deficiências mental e física (ambas com 8%). F sica 8% Motora 22% Visual 46% Mental Auditiva 8% 16% F sica Motora Mental Auditiva Visual GRÁFICO 1: TIPOS DE DEFICIÊNCIAS ENCONTRADAS NO BRASIL SEGUNDO A FUNDAÇÃO INSTITUCIONAL BRASILEIRA DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE) – 2000. Na execução da pesquisa feita nas clínicas de Montes Claros no mês de outubro e início do mês novembro 2002, constatou-se que o maior número de deficientes se encontrava na categoria das deficiências físicas, acompanhadas de deficiências motoras. A deficiência do tipo mental apresentou um baixo índice de ocorrência. Não foram encontrados casos de deficiência auditiva e visual na amostra coletada. O gráfico 2 demonstra os resultados obtidos, comprovando que o maior índice de deficiências encontradas nas clínicas de fisioterapia foram do tipo física (com 49 pacientes) e motora (com 28 pacientes). Ocorr?ncia de Defici?ncias em Rela? o ao Sexo nas Cl nicas de Montes Claros 30 2425 20 10 0 19 9 11 00 00 Fsica Motora Mental Auditivo Visual Masculino Feminino GRÁFICO 2: TIPOS DE DEFICIÊNCIAS ENCONTRADAS NAS CLÍNICAS FISIOTERÁPICAS NA CIDADE DE MONTES CLAROS E SUA DISTRIBUIÇÃO EM SEXO – 2002. MULTITEXTOS DISCUSSÃO Pacientes em Tratamento Fisioter pico Encaminhados pela Ortopedia casos adversos 22% A proposta desta pesquisa foi catalogar os tipos de deficiências mais freqüentes que acometem pacientes tratados em clínicas de fisioterapia na cidade de Montes Claros. De acordo com o resultado da pesquisa, em comparação com os dados nacionais fornecidos pela Fundação Institucional Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE) no censo realizado no ano de 2000, verifica-se uma certa discrepância em relação aos dados coletados em Montes Claros no ano de 2002. O maior número de deficientes que são submetidos a tratamentos nas clínicas fisioterápicas de Montes Claros possuem deficiência física e motora. Houve um baixo índice de pacientes com deficiência mental realizando tratamentos fisioterápicos. casos ortop dicos 78% casos ortop dicos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS casos adversos GRÁFICO 3: PACIENTES EM TRATAMENTO FISIOTERÁPICO ENCAMINHADOS PELA ORTOPEDIA – 2002. O gráfico 3 demonstra que, nos resultados obtidos, 78% dos casos são ortopédicos e os outros 22% dos casos não são relacionados com ortopedia, mostrando aqui a importância da ação conjunta da equipe de fisioterapia com a equipe da ortopedia para uma melhor eficácia no tratamento. No estudo, pôde-se observar que a maioria dos casos exige uma intervenção tanto fisioterápica quanto ortopédica. Pode-se observar que a maioria dos pacientes com deficiência apresenta uma baixa renda familiar (TABELA 1). Alguns pacientes apresentam mais de uma deficiência; dessa maneira o número de casos ultrapassa o número amostral. CONCLUSÃO Através dos dados coletados foi possível concluir que há um maior número casos de deficiência física e motora existentes em Montes Claros. Houve também uma baixa representatividade da deficiência mental, não sendo observada nenhuma deficiência visual e auditiva na amostra coletada. Os dados obtidos na pesquisa não assemelham com os dados apresentados pelo IBGE no censo 2000. TIPOS DE DEFICIÊNCIAS POR RENDA FAMILIAR de 17 13 00 00 00 30 10 05 01 00 00 16 08 03 01 00 00 12 05 02 00 00 00 07 77 Aci ma 10 6a 5 4a 3 2a 1 0a Físico Motora Mental Auditivo Visual Total Total de Casos 04 01 00 00 00 05 Au x ter iliado cei p ros or Nã od ecl ara nte FAIXA DE RENDAS 10 TIPO 01 02 00 00 00 03 03 01 00 00 00 04 TABELA 1: TIPOS DE DEFICIÊNCIAS ENCONTRADAS NAS CLÍNICAS FISIOTERÁPICAS EM MONTES CLAROS E SUA DISTRIBUIÇÃO POR RENDA 2002. ABBAS AK, Lichtman AH, Pober JS. Imunologia Celular & Molecular. 3a ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2000. ABRAHAMS, V. C. The physiology of neck muscles; their role in head movement and maintenance of posture. Can. J. Physiol Pharmacol; 1997. ANDRÉ C. O Guia prático da neurologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1999. BOBATH, B. Desenvolvimento motor nos diferentes tipos de paralisia cerebral. São Paulo: Manole; 1989. BOBATH, K. 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São Paulo: Manole; 1994. 15 MULTITEXTOS A UTILIZAÇÃO DE APARELHOS TERAPÊUTICOS QUE PRODUZEM DIATERMIA NO TRATAMENTO DE PACIENTES PORTADORES DE LESÕES MENISCAIS EM CLÍNICAS PARTICULARES DE MONTES CLAROS Ivanilson SOARES; Kátia Gonçalves MENDES*; Liliane Lacerda SILVA; Silvana Mendes BATISTA; Tanísia Teixeira SILVA; Viviane Costa FAGUNDES** RESUMO A pesquisa foi realizada com fisioterapeutas que trabalham em clínicas privadas na cidade de Montes Claros (MG), a fim de verificar se os aparelhos de Ondas Curtas e Ultra-Som são usados e como estão sendo utilizados no tratamento fisioterápico das lesões em meniscos. Os aparelhos de Ondas Curtas e o Ultra-Som produzem calor profundo que desencadeia efeitos fisiológicos satisfatórios como o alívio de dor, reduzem o espasmo muscular, além de produzirem efeitos específicos de acordo com cada indivíduo e de sua lesão. Por isso é importante que estes aparelhos sejam regulados criteriosamente para que seus efeitos sejam eficazes levando à satisfação do paciente. A pesquisa foi realizada com a utilização de questionários entregues aos fisioterapeutas que responderam questões relacionadas com idade, sexo, números de pacientes com lesões meniscais e principalmente sobre os aparelhos diatérmicos, com suas freqüências e intensidades de acordo com as fases das lesões. Os resultados dessa pesquisa demonstram que o Ondas Curtas e o Ultra-Som são os aparelhos diatérmicos mais utilizados pelos fisioterapeutas, porém a utilização feita por eles contradiz as literaturas abordadas no projeto, onde somente o tempo utilizado no tratamento obteve uma melhor coerência. Confrontando os resultados deste estudo com a literatura, constatamos que os fisioterapeutas não utilizam os aparelhos de Ultra-som e de Ondas Curtas adequadamente, ou seja, não regulam a freqüência e a intensidade de acordo com as fases da lesão, podendo então levar a um tratamento insatisfatório ao paciente. Palavras-chaves: Ultra som; Ondas Curtas; Lesão Meniscal; Tratamento Fisioterápico. 16 INTRODUÇÃO Conforme HAMILL & KNUTZEN (1999), o menisco é uma estrutura elástica (fibrocartilagenosa) com formato de meia lua e que se situa no joelho, entre a tíbia e o fêmur. Existem dois meniscos na articulação do joelho – um medial e o outro lateral, que podem ser acometidos por diversos tipos de lesões: divididas em traumáticas, degenerativas e congênitas. Lesões dos meniscos são comuns nos praticantes de esportes e em idosos. A diatermia é um dos meios físicos utilizados no tratamento de lesões dos meniscos. Os aparelhos diatérmicos abordados nesse projeto são o Ultra-Som e o Ondas Curtas, pela sua capacidade de agir profundamente no tecido e causar efeitos fisiológicos importantes para a recuperação do paciente. Segundo LATCHEN & BAZIN (1998), o Ultra-Som, através de suas ondas acústicas, provocará uma aceleração da inflamação fazendo com que a estrutura lesada se recupere mais rápido. O Ondas Curtas produz radiações eletromagnéticas capazes de aliviar a dor, remover as substâncias do produto da lesão (prostaglandina, bradicinina, histamina), aumentando o fluxo sangüíneo e o metabolismo. Além do tratamento fisioterápico, há também o processo cirúrgico, onde muitos cuidados devem ser tomados para que o paciente não sofra infecção hospitalar. O fisioterapeuta estará atuando junto ao paciente no processo de reintegração ao seu meio social, que pode ter sido comprometido devido ao isolamento do indivíduo causado pela lesão. O objetivo do projeto é verificar em clínicas privadas de Fisioterapia, através de questionários entregues aos fisioterapeutas, se os aparelhos diatérmicos Ultra-Som e Ondas Curtas são utilizados na recuperação dos pacientes, como estão sendo utilizados (no que diz respeito às fases da lesão e a regulagem do aparelho de acordo com elas). e verificar se há contradição nos métodos abordados na literatura com os que são praticados pelos fisioterapeutas nas clínicas privadas de Montes Claros. São amplos os recursos encontrados nas clínicas privadas e, por isso, podem proporcionar aos pacientes bom atendimento e uma recuperação mais rápida e eficaz. Porém, a existência dos aparelhos e recursos não basta; o importante é como esses aparelhos estão sendo utilizados durante sua aplicação na terapia. A duração, a freqüência e a intensidade de acordo com LATCHEN & BAZIN (1998) devem ser aplicadas de maneira correta para que os resultados no paciente sejam satisfatórios. A regulagem do aparelho dependerá da fase em que a lesão se encontra, pois as ondas terapêuticas produzidas pelos aparelhos Ondas Curtas e Ultra-Som vão proporcionar ao organismo efeitos fisiológicos capazes de reverter a inflamação, livrando o paciente da dor e conseqüentemente levando-o a recuperação da articulação. O paciente poderá, então, voltar à prática de esporte, retomando o seu papel na sociedade em que vive. Foi importante verificar se há utilização de aparelhos diatérmicos no tratamento de pacientes portadores de lesões meniscais nas clínicas privadas de Montes Claros para responder às seguintes hipóteses: • O Ondas Curtas e o Ultra-Som são apa- * Mestre, Sociólogo, Professor das disciplinas de Antropologia, Sociologia e Metodologia da Pesquisa Cientifica da Faculdade Pitágoras de Fisioterapia de Montes Claros. ** Acadêmicas do 3º período do curso de Fisioterapia da Faculdade Pitágoras de Montes Claros. MULTITEXTOS relhos mais utilizados no tratamento das lesões do menisco. • Os fisioterapeutas têm consciência da função do aparelho e regulam de forma independente de acordo com o paciente e da lesão. Pode, inclusive, ocorrer uma contradição entre os mesmos em relação à regulagem do aparelho, de acordo com a avaliação feita de paciente para paciente. • Os aparelhos de Ondas Curtas e UltraSom podem ser regulados de forma criteriosa, estando de acordo com o que foi descrito no embasamento teórico, seguindo cuidadosamente as contra-indicações que os pacientes podem apresentar (marcapasso, problemas neurológicos, neuplasias, problemas vasculares etc.). REVISÃO DE LITERATURA De acordo com HAMILL & KNUTZEN (1999) a articulação do joelho é classificada em condilóide e biaxial, por permitir movimentos de flexão, extensão e rotações. Ela suporta o peso do corpo e transmite as forças provenientes do solo, ao mesmo tempo em que permite grande quantidade de movimento entre o fêmur e a tíbia. Segundo CÉZAR (2000) existe entre eles dois meniscos classificados como lateral e medial. Caracterizam-se por serem estruturas elásticas (fibrocartilaginosas), em forma de meia lua e por estarem situadas no espaço existente entre a tíbia e o fêmur. Os meniscos possuem significativas funções na articulação do joelho: absorção de impactos, funcionando como amortecedores para a cartilagem articular e a estrutura óssea subjacente; são estabilizadores onde, juntamente com os demais ligamentos e músculos, manterão a articulação funcionalmente ativa e protegida de deslocamentos; atuam ainda como lubrificadores da articulação. GOULD (1993) descreve que os meniscos contribuem para os movimentos realizados no joelho como, por exemplo, na flexão – os meniscos irão se movimentar posteriormente devido ao cisalhamento posterior criado por uma força de reação oblíqua entre o fêmur e o menisco. Além disso, a contração dos músculos semimembranoso e poplíteo ajuda a distorcer a porção posterior dos meniscos. Já no movimento de extensão, os meniscos se anteriorizam sob a superfície do fêmur e são assistidos pela contração dos músculos do quadríceps. A rotação dos meniscos segue a rotação dos côndilos femurais. Na rotação medial, o menisco medial se anterioriza e o lateral se posterioriza; o contrário acontecendo na rotação lateral. Os ligamentos menisco-patelares também contribuem na distorção anterior devido à tensão provocada pela contração do mecanismo de extensão. A articulação do joelho é considerada como uma das articulações mais susceptíveis a lesões. As rupturas, em sua grande maioria, são ocasionadas por traumatismos nos quais os meniscos são tracionados contra uma superfície mais consistente (osso). O mecanismo usual de lesão é o stress rotatório da perna que suporta a descarga do peso imposto pelo excesso de rotação interna durante a flexão do joelho, ou pela rotação externa, durante a extensão. A força em valgo é considerada também como uma importante causa de lesão do menisco já que, durante a flexão e rotação externa, abre-se um espaço articular, que por conseqüência irá comprimir o menisco. De acordo com LATCHEN & BAZIN (1998), um recurso selecionado dentre as práticas terapêuticas abordadas para o reparo de lesões de menisco será o tratamento fisioterápico, especificamente através de aparelhos diatérmicos – onde temos entre os mais usados: Infravermelho, Parafina, Microondas, Ultra-Som e Ondas Curtas. Dentre eles, foram selecionados o aparelho de Ultra-Som e o aparelho de Ondas Curtas por produzirem calor profundo nos tecidos. Os efeitos terapêuticos produzidos pelos aparelhos de Ondas Curtas e Ultra-Som têm em comum a produção de calor. O Ondas Curtas gerado por ondas eletromagnéticas e o Ultra-Som, por ondas acústicas, que desencadeiam efeitos fisiológicos capazes de acelerar o processo inflamatório, levando à recuperação do tecido lesionado. Ambos os aparelhos provocam um aumento no fluxo sangüíneo devido à alteração da permeabilidade da membrana celular, causando diminuição do tônus vascular, aumentando também a permeabilidade capilar, elevando a liberação de oxigênio, diminuindo a hipóxica e reduzindo a atividade dos receptores quimiossensíveis à dor. De acordo com LOW & REED (2001), esses aparelhos aliviam a dor pelo efeito direto que a energia exerce sobre o sistema nervoso periférico. Ela é regulada por uma “comporta” que pode ser aberta ou fechada por meio de impulsos provenientes desses nervos ou do sistema nervoso central; aumenta a atividade intracelular, influenciando de forma positiva a atividade dos macrófagos e a adesão de leucócitos nas células endoteliais danificadas; reduze o espasmo muscular, sedando os nervos sensoriais e motores; além de produzir efeitos individuais, respeitando a fase em que as lesões se encontram. O Ultra-Som, segundo YOUNG (1998), é utilizado como um meio de aplicação de calor profundo, quando aplicado na forma contínua nos processos inflamatórios crônicos; na forma pulsátil (mais pulsátil) na fase inflamatória aguda; e pulsátil (menos pulsátil) na fase subaguda. No caso de lesões profundas como as de menisco, o aparelho deverá ser regulado em uma freqüência de 1 MHz e uma intensidade que varia de acordo com a fase da lesão, sendo: 0,1 a 0,5 watts/cm2 na fase aguda e subaguda e 0,5 a 1,0 watt/cm2 para a fase crônica. O tempo de duração de aplicação do aparelho dependerá do tamanho da área a ser tratada. Nesse caso, 5 minutos são suficientes. SCOTT (1998) descreve o aparelho de Ondas Curtas como uma outra forma de transmissão de calor profundo. Nas lesões do menisco, deverá ser aplicado com uma freqüência baixa nas lesões que apresentem um processo inflamatório agudo e com uma freqüência alta para as lesões com processos inflamatórios crônicos. A aplicação terapêutica deverá ser feita de forma capacitiva com auxílio de eletrodos metálicos flexíveis ou discos metálicos rígidos (Schliephake) em uma disposição contraplanar. A intensidade do aparelho também irá variar de acordo com a fase da lesão, sendo a forma pulsátil para lesões agudas, e contínua para lesões na fase crônica. A duração da sessão varia de 20 a 30 minutos. Devemos saber, no entanto, que existem algumas contra-indicações quanto à utilização, como infecções agudas, anormalidades vasculares, placas epifisárias, hemofílicos, áreas anestésicas, grandes nervos subcutâneos, lesões pré-cancerosas, dentre outras. Além disso, os aparelhos devem estar em posição adequada, devendo haver uma distância de três metros entre cada aparelho, pois eles emitem radiações que podem prejudicar tanto o funcionamento do aparelho próximo, 17 MULTITEXTOS como também o fisioterapeuta que o está manuseando. Além do tratamento realizado pelo fisioterapeuta, com suas técnicas e aparelhos diatérmicos, de acordo com BARROS (2002), pode-se observar que o fisioterapeuta desenvolve um trabalho fundamental de inclusão social do paciente. No caso de atletas que sofrem lesões no menisco, o afastamento do seu ambiente causa o seu isolamento, desmotivação (física e emocional) e dúvidas sobre o seu futuro. Com o decorrer do tratamento, é inevitável a existência de uma relação paciente-fisioterapeuta, onde é de grande importância a cooperação entre ambos para que o tratamento seja rápido e eficaz. Dessa forma, o paciente aos poucos vai sendo trazido de volta ao seu ambiente, recuperado fisicamente e emocionalmente, apto novamente para exercer o seu papel na sociedade. É a partir dessas reabilitações que a Fisioterapia surge como solução simples para problemas complexos – problemas que, muitas vezes, podem ser corrigidos antes mesmos que surjam, caracterizando a Fisioterapia como preventiva e curativa, além do seu principal papel de interagir na recuperação do paciente. Por ser grande a freqüência de lesões de menisco, principalmente entre esportistas, tornou-se um grande desafio descobrir como é feita a sua reabilitação, tendo como objetivo mostrar como os aparelhos diatérmicos podem interagir no tratamento, recuperação e retomada do ânimo do paciente como essa lesão. MATERIAL E MÉTODOS Participaram do estudo um total de 17 fisioterapeutas em seis clínicas privadas de Montes Claros: classificadas, por motivos éticos, como clínica A (CA), clínica B (CB), clínica C (CC), clínica D (CD), clínica E (CE) e clínica F (CF). O instrumento de coleta de dados utilizado foi elaborado pelos autores desse projeto e trata-se de um questionário constituído de oito questões, sendo seis questões fechadas e duas abertas. As cinco primeiras questões são referentes ao tipo de paciente encontrado na clínica (sexo, idade), tipo de lesão do menisco (medial ou lateral) e o número de pacientes encontrados nas clínicas no período de agosto a novembro de 2002 com lesão meniscal. As três últimas questões referem-se à 18 utilização dos aparelhos diatérmicos Ondas Curtas e Ultra-Som, identificando se os mesmos estão sendo utilizados e como estão sendo regulados no tratamento das lesões meniscais. Foi aplicado mais de um questionário em cada clínica, sendo feito posteriormente um sorteio randomizado dos questionários de forma que cada clínica fosse representada por um questionário. Foram utilizados para análise dos resultados seis questionário de seis clínicas diferentes. Realizou-se a verificação quanto à concordância ou discordância na utilização de aparelhos diatérmicos no tratamento de lesões no menisco (questão 6) através de medida de porcentagem. Verifiucou-se também se a regulagem dos aparelhos Ondas Curtas e Ultra-Som está coerente com a regulagem referida no embasamento teórico desse projeto (questão 7). Foi utilizado o método de comparação dos valores abordados no referencial teórico com as respostas encontradas nos questionários. A verificação do tempo de duração dos aparelhos descrito anteriormente (questão 8) também foi feita através da comparação dos resultados obtidos na pesquisa com os dados indicados no embasamento teórico do projeto. As respostas estarão impressas em forma de porcentagem e seguirá um critério de avaliação que consta: • Correto: Quando as respostas dos questionários tiverem coerência com as indicações de regulagem do aparelho encontradas no referencial teórico do projeto. • Incoerente: Quando a resposta encontrada no questionário estiver além ou muito abaixo do resultado esperado e não conferire com referencial teórico do projeto. • Sem resposta: Quando as questões não estiverem respondidas pelos fisioterapeutas. 17% 83% Sim N o GRÁFICO 1: UTILIZAÇÃO DE APARELHOS DIATÉRMICOS A questão 7 refere-se à regulagem dos aparelhos Ondas Curtas e Ultra-Som, representado por dois gráficos (gráfico 2 e gráfico 3) referentes aos aparelhos. A regulagem do Ondas Curtas obteve 0% de respostas corretas; 33% incoerentes, referentes às clínicas A e B; e 67% sem respostas, referentes as demais clínicas. 0% 33% 67% Correto Incoerente Sem resposta GRÁFICO 2: TIPO DA FREQÜÊNCIA USADA DE ACORDO COM AS FASES DA LESÃO O Ultra-Som obteve 33% de respostas corretas referentes às clínicas A e B; 0% incoerente; e 67% sem resposta, das clínicas C, D, E e F. 33% RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise referente à questão 6 (gráfico 1) mostra que há utilização de aparelhos diatérmicos nas clínicas, onde cinco clínicas (CA, CB, CC, CD, CE) afirmaram utilizar aparelhos diatérmicos no tratamento das lesões de menisco, correspondendo a 83% das respostas. A clínica F não utiliza aparelhos diatérmicos nesse tipo de lesão, representando 17%. 67% Correto 0% Incoerente Sem resposta GRÁFICO 3: FASES DA LESÃO E A UTILIZAÇÃO DA FREQÜÊNCIA E INTENSIDADE MULTITEXTOS A questão 8, referente ao tempo em que o Ondas Curtas e o Ultra-Som foram utilizados durante o tratamento, está representada pelos gráficos 4 e 5. O Ondas Curtas obteve 50% das respostas corretas, representados pelas clínicas B, D e E; 17% das respostas incoerentes, representados pela clínica C; e 33% sem resposta, referente às clínicas A e F. 33% 50% 17% Correto Incoerente Sem resposta GRÁFICO 4: TEMPO DE TRATAMENTO NO ONDAS CURTAS No Ultra-Som obtivemos o mesmo percentual encontrado no Ondas Curtas, sendo 50% de respostas corretas, referentes às clínicas B, D e E; 17% incoerentes, representados pela clínica C; e 33% sem resposta, referentes as clínicas A e F. 33% 50% 17% Correto Incoerente Sem resposta GRÁFICO 5:TEMPO DE TRATAMENTO DO ULTRA SOM Analisando quantitativamente as cinco primeiras questões, verificou-se que os pacientes mais acometidos por lesão no menisco são homens, esportistas de fim de semana, com idade entre 26 e 35 anos, sendo mais lesionado o menisco medial. O número de pacientes encontrados em tratamento no período em que foram entregues os questionários (28/10 a 05/11/2002) foi de 17 pacientes, sendo 3 na clínica A, 2 na clínica B, 11 na clínica C e 1 na clínica E. As clínicas D e F não responderam essa questão. Comparando os resultados encontrados na pesquisa de campo com o que foi abordado na literatura, constatamos que os homens são os que mais apresentam lesão meniscal e o menisco mais acometido é o menisco medial. A idade na literatura varia de 18 a 45 anos; no entanto, na pesquisa, verificou-se que os pacientes têm entre 26 e 35 anos. Através da abordagem terapêutica citada na bibliografia, certificamos que a regulagem indicada no Ultra-Som é uma freqüência de 1MHz e uma intensidade que varia com a fase da lesão, sendo 0,1 a 0,5 W/cm2 para a fase aguda e subaguda, e 0,5 a 1 W/cm2 para a fase crônica. Nos resultados da pesquisa de campo, 67% das respostas não conferem, enquanto que 33% estão de acordo com a literatura. No aparelho Ondas Curtas, a regulagem indicada pela literatura para o tratamento varia de acordo com a fase da lesão, sendo as intensidades 1 e 2 na fase aguda, 2 e 3 na fase subaguda e maior ou igual a 3 para lesões na fase crônica. A freqüência vai variar de acordo com a sensibilidade do paciente. No resultado da pesquisa, não houve coerência com a literatura, e esta questão não foi respondida pela maioria dos fisioterapeutas. A regulagem do tempo nos aparelhos que teve uma maior coerência com o que a literatura indicou, foi cinco minutos no Ultra-Som, 20 a 30 minutos do Ondas Curtas. Com a pesquisa observamos que 50% das respostas estão de acordo com a literatura. Os outros 50% estão divididos entre os que não responderam a questão e os que responderam de forma incoerente. CONCLUSÕES A partir dos dados coletados, pode-se concluir que: a hipótese 1 foi confirmada, uma vez que verificou-se que há a utilização de aparelhos diatérmicos no tratamento de lesões meniscais, sendo os mais utilizados o Ondas Curtas e o Ultra-Som. Quanto à hipótese 2, pode-se verificar importantes contradições entre dados obtidos na pesquisa realizada e na literatura que serviu de parâmetro para análise. Certifica-se pela literatura que a regulagem terapêutica adequada para o tratamento não condiz com o trabalho desenvolvido nas clínicas pesquisadas. Quanto à hipótese 3, verificamos que os fisioterapeutas não estão usando critérios adequados de regulagem dos aparelhos, utilizando-os de forma aleatória e não certificando o processo de cada paciente. RECOMENDAÇÕES Devido a falta de dados e da incoerência das respostas encontradas no projeto, recomenda-se que: Os fisioterapeutas tenham mais interesse em responder às pesquisas, com o intuito de contribuir para construção de novos conhecimentos; Os fisioterapeutas façam uma reavaliação dos procedimentos terapêuticos; e Sejam realizados periodicamente cursos de atualização. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS F B. O fisioterapeuta na saúde da população. Rio de Janeiro: Fisiobrasil, 2002. CEZAR E. Os meniscos. Disponível em: http://www.laguna/meniscos.htm. Acesso em: 01 de setembro de 2002. CHAD S. Recursos terapêuticos em Fisioterapia. São Paulo: Manole, 2001. GOUD J. Fisioterapia na ortopedia e na medicina do esporte. São Paulo: Manole, 1993. HAMMIL J, Knutzen K M. Bases biomecânicas do movimento humano. São Paulo: Manole, 1999. JAWETZ M, E, Adelberg. Microbiologia Médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. LATCHEN S, Bazin S. Eletroterapia de Clayton. 10ª ed. 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O trabalho foi desenvolvido nas micro-áreas 1 e 2 do bairro Independência da cidade de Montes Claros, onde foram entrevistadas 31 famílias, com o objetivo de diminuir o índice de acidentes domésticos através de campanhas preventivas. Palavras-chaves: acidentes domésticos, medidas preventivas, enfermagem, município de Montes Claros. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo ampliar o conhecimento dos acadêmicos do 1º período de Enfermagem das Faculdades Pitágoras de Montes Claros, bem como ajudar a comunidade a diminuir o índice de acidentes domésticos através de campanhas preventivas. Além disso, procuramos retratar os tipos de acidentes domésticos mais freqüentes nas microáreas 1 e 2, determinados pelo Programa Saúde da Família (PSF) do bairro Independência, que possui 13.884 habitantes e está situado na cidade de Montes Claros (o município tem uma população de 306.258 habitantes por 3.576,76 km - IBGE-2000). REVISÃO DE LITERATURA INTRODUÇÃO Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) (SCHMITZ, 2000), “acidente é um acontecimento independente da vontade humana, desencadeada pela ação repentina e rápida de uma causa externa, produtora ou não de lesão corporal e/ou mental”. As micro-áreas 1 e 2 do bairro Independência são consideradas áreas dificultadoras de saúde devido à infra-estrutura precária, à baixa renda da população, à baixa escolaridade, entre outros fatores, o que influencia diretamente a ocorrência de acidentes domésticos em maior número neste local. Diante disso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre acidentes domésticos e uma pesquisa direta no dia 26 de novembro de 2002, com 31 famílias, totalizando 143 pessoas. Através da atividade, adquiriu-se conhecimento sobre acidentes domésticos e a forma como acometem a população estudada, proporcionando subsídios para a atuação preventiva da ocorrência de acidentes neste local. De acordo com REIS (2002), ao longo da vida, acidentes podem ocorrer com qualquer um, mas, em algumas faixas de idade, como na infância, adolescência e velhice, eles são especialmente mais freqüentes. As crianças e adolescentes são mais propensos a se acidentarem, uma vez que têm grande curiosidade e uma verdadeira atração pelas novidades, levando-os a explorar constantemente o seu ambiente. A estes fatores, aliam-se a inexperiência e a falta de conhecimentos suficientes para prever e evitar situações de risco. Por isso, prevenir os acidentes infantis é uma questão de informação e de atenção de pais, educadores e de todos aqueles que zelam pela infância. De acordo com os especialistas em saúde na infância, os acidentes mais comuns envolvendo crianças são provocados por quedas, armas de fogo, afogamentos, engasgos, queimaduras, envenenamentos, sufocação e falta de segurança no transporte. De acordo com a pesquisa de GOMES (2002), , enfermeira da Unidade Infantil do * Acadêmicas do 1º período do curso de Enfermagem das Faculdades Pitágoras de Montes Claros. 20 Hospital e Maternidade São Camilo, o maior índice de acidentes observados no Pronto Socorro do Hospital São Camilo ocorreu na faixa etária de 8 a 12 anos (31,4%). Na seqüência, a segunda faixa etária mais atingida corresponde à etapa de 2 a 4 anos incompletos – 17,8% do universo pesquisado. Nesta idade, a criança caminha sozinha, sua curiosidade é inata ao seu desenvolvimento e o ambiente é propício aos acidentes. Entre 4 e 6 anos incompletos, correspondentes à fase pré-escolar, a criança dispõe-se a realizar tarefas ainda inadequadas ao seu desenvolvimento físico e intelectual, o que pode levar a acidentes. A autora concluiu que as outras faixas etárias são importantes, mas representam índices pouco menores, embora com o mesmo risco de morbidade. De acordo com a pesquisa realizada no Hospital São Camilo, os meninos seriam mais propícios aos acidentes, mas, como representam apenas 56,7% dos acidentes infantis, GOMES (2002) avalia que “esta realidade dos meninos serem propícios aos acidentes, em função de suas brincadeiras serem mais arriscadas, está mudando, uma vez que cada vez mais as meninas estão também brincando com bolas, bicicletas e skates”. Além disso, ela lembra que meninas se queimam muito, com mania dos pais deixarem que brinquem na cozinha. Elas se machucam muito, também jogando vôlei e basquete. “As estatísticas são muito pobres, pois não existe, nos pronto-socorros, um protocolo obrigatório que identifique a causa dos acidentes”, informa a enfermeira, na época Chefe de Enfermagem do Hospital. Sua pesquisa foi exatamente com base em um protocolo aplicado com a ajuda de toda a equipe do hospital. Os acidentes domésticos figuram entre as principais causas de morte na infância, além de serem a origem de invali- MULTITEXTOS 1 1 3 31 3,2 3,2 9,6 100 TABELA 1: TIPOS DE ACIDENTES DOMÉSTICOS ENCONTRADOS ENTRE OS MORADORES DAS MICROÁREAS 1 E 2 DO BAIRRO INDEPENDÊNCIA, MONTES CLAROS – MG. ) 6,4 Por cen tag ens (% 2 ep ess oas 32,2 25,8 19,3 ec aso 10 8 6 Nú me ro d Cortes Quedas Queimaduras Ingestão de corpo estranho Mordida de cachorro Intoxicações Não houve casos TOTAL De acordo com GOMES (2002), o maior índice de acidentes observados no Hospital São Camilo ocorreu na faixa etária de 8 a 12 anos (31,4 %). Na seqüência, a segunda faixa etária mais atingida corresponde à etapa dos 2 aos 4 anos incompletos – 17,8% do universo pesquisado. Nesta idade, a criança caminha sozinha, sua curiosidade é inata ao seu desenvolvimento e o ambiente pode ser propício aos acidentes, explica a enfermeira. Entre 4 e 6 anos incompletos, correspondentes a fase pré-escolar, a criança dispõe-se a realizar tarefas ainda inadequadas ao seu desenvolvimento físico e intelectual, o que pode levar à acidentes. A autora concluiu que outras faixas etárias são importantes, mas representam índices pouco menores, embora com o mesmo risco de morbidade. De acordo com a pesquisa realizada no Hospital São Camilo, os meninos seriam mais propícios aos acidentes, mas como representam apenas 56,7 % dos acidentes infantis, a enfermeira Shirley, avalia que esta realidade é em função de suas brincadeiras serem mais arriscadas. De acordo com os dados coletados na área de estudo, o maior índice de acidentes domésticos ocorreu na faixa etária de 1 a 5 anos. A segunda faixa etária mais atingida corresponde a etapa dos 6 aos 10 anos, o que pode ser justificado pelo fato das crianças apresentarem grande curiosidade. Quanto ao sexo, a população estudada apresentou uma maior ocorrência dos acidentes no sexo feminino, uma vez que, das 31 residências visitadas, 68,9% das mulheres passam a maior parte do tempo em casa, trabalhando como domésticas (TABELA 2). Sex o dos De acordo com especialistas em saúde na infância, os acidentes mais comuns envolvendo crianças são quedas, armas de fogo, afogamento, engasgos, queimaduras, envenenamento, sufocação e falta de segurança no transporte. Isto pôde ser comprovado através dos dados coletados nas 31 residências visitadas nas micro-áreas 1 e 2 do bairro Independência. Detectou-se a ocorrência dos seguintes acidentes domésticos: queimadura, queda, corte, mordida de cachorro, engasgos e obstruções, intoxicação. Houve também residências sem registro de acidentes. Conforme demonstrados na TABELA 1, dos acidentes citados, houve 10 casos de cortes (32,2%), 8 de quedas (25,8%), 6 de queimaduras (19,3%), 2 de engasgos e obstruções (6,4%), 1 de intoxicação (3,2%), 1 de mordida de cachorro (3,2%). Em três residências não foram notificados nenhum tipo de acidente doméstico (9,6 %) (TABELA 1). s Por cen tag ens (% ) O desenvolvimento desse trabalho sobre acidentes domésticos foi baseado em estudo bibliográfico e entrevistas semi-estruturadas. O roteiro das entrevistas foi elaborado em sala de aula sob orientação da professora Leila das Graças Siqueira, das Faculdades Pitágoras de Montes Claros. As entrevistas foram realizadas junto aos moradores das micro-áreas 1 e 2 do Programa Saúde da Família (PSF) do bairro Independência, no dia 26 de novembro de 2002, das 8h10 às 10 horas. Os dados coletados foram tabulados manualmente. RESULTADOS Nú me ro d MATERIAL E MÉTODOS Como forma de retorno à população, no dia 4 de dezembro de 2002, das 9 às 12 horas, foi feita uma intervenção de enfermagem, com distribuição de cartilhas educativas, esclarecendo à população sobre o que são acidentes domésticos, o que deve ser feito para evitá-los e quais medidas adotar caso eles ocorram. Tip domos de ést acid ico en s e tes nco ntr a dez em inúmeras crianças. Diversas instituições brasileiras começaram, a partir da década de 80, a computar os atendimentos em prontos-socorros relacionados aos acidentes domésticos envolvendo a faixa etária de zero a quatorze anos, e os números alcançados são assustadores – nem tanto pela quantidade de vidas abreviadas, mas pelo fato de que muitas tragédias poderiam ter sido evitadas com medidas simples e um tanto mais atenção. Estima-se que, para cada criança que morre outras 900 podem sofrer seqüelas de todo tipo, incluindo invalidez permanente. Segundo informações do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (COREN-SP), a atitude preventiva de acidentes infantis é um dos compromissos do enfermeiro. De acordo com informações de GOMES (2002), o Pronto Socorro Infantil do Hospital registrou, no período de novembro de 1996 a maio de 1997, 566 atendimentos de acidentes infantis, representando 3,1% do total de atendimentos realizados (18.200). De acordo com REIS (2000), os idosos também apresentam certas características que os levam a ser vítimas de acidentes caseiros. Muito freqüentes, os sintomas da velhice, como decréscimo da força física, falta de atenção e de concentração, a visão e audição mais fracas, movimentos mais vagarosos e reações mais lentas, marcam o início de uma vida mais propensa a quedas e a outros acidentes e, portanto, mais dependente de terceiros. Para esse autor, as medidas básicas de segurança doméstica e de prevenção de acidentes devem ser tomadas por todos os adultos responsáveis, principalmente aqueles que lidam com crianças, adolescentes e idosos. Para se começar a agir é bom que se proceda a um passeio atento por todos os espaços e cantos internos e externos das moradias imaginando que tipo de acidente ali poderia ocorrer. Feminino Masculino 29 2 93,54 6,46 TABELA 2: OCORRÊNCIA DE ACIDENTES DOMÉSTICOS QUANTO AO SEXO NAS MICRO-ÁREAS 1 E 2 DO BAIRRO INDEPENDÊNCIA, MONTES CLAROS - MG. 21 MULTITEXTOS 25,8 12,9 9,6 3,2 3,2 3,2 100 (% ) N entúmer rev o d is e Pro tados cen tag em Pro em vidên domcaso cias t ést de a oma ico cid das s ent es Já sobre as medidas adotadas após a ocorrência dos acidentes, 10 pessoas (32,2%) disseram tomar como medida curativa a utilização de medicamentos existentes na própria residência (TABELA 4). 10 5 32,2 16,1 5 16,1 4 12,9 3 2 9,6 6,4 1 3,2 1 31 3,2 100 TABELA 4: PROVIDÊNCIAS TOMADAS PELOS MORADORES DAS MICROÁREAS 1 E 2 DO BAIRRO INDEPENDÊNCIA, MONTES CLAROS – MG, EM CASO DE ACIDENTES DOMÉSTICOS. 22 itad a 12 7 6 3 2 1 31 sol ic Não procura ajuda Hospital Centro de saúde PSF Vizinhos e parentes Clínicas TOTAL 38,7 22,6 19,3 9,6 6,4 3,2 100 TABELA 5: LOCAIS ONDE OS MORADORES DAS MICRO-ÁREAS 1 E 2 DO BAIRRO INDEPENDÊNCIA SOLICITAM AJUDA EM CASO DE ACIDENTES DOMÉSTICOS. 3,2 TABELA 3: MEDIDAS ADOTADAS PELOS MORADORES DAS MICROÁREAS 1 E 2 DO BAIRRO INDEPENDÊNCIA, MONTES CLAROS – MG, PARA PREVENÇÃO DOS ACIDENTES DOMÉSTICOS. Uso de medicamentos que possuem em casa Procuram o hospital Procuram o centro de saúde Não tomam nenhuma providência Lavam o ferimento com água Dão leite aos intoxicados Colocam gelo no local do ferimento Colocam panos para estancar o sangue TOTAL N entúmer rev o d is e Pro tados cen tag em 38,7 Aju da Nú m pes ero d so e Por as cen tag ens Me predidas ven tiva s Tomar mais cuidado 12 Tirar objetos perigosos do alcance de crianças 8 Informar as crianças dos perigos 4 Voltar os cabos das panelas para as laterais internas do fogão 3 Tirar as pedras do quintal 1 Não aproximar de cachorros 1 Não deixar casca de banana no chão 1 Trabalhar devagar 1 TOTAL 31 (% ) Quanto à ajuda solicitada em caso de acidente doméstico, 12 dos entrevistados (38,7%) disseram não procurar ajuda (TABELA 5). (% ) Os entrevistados apresentaram várias medidas para evitar os acidentes domésticos. 12 pessoas (38,7 % dos entrevistados) responderam que ter mais cuidado seria a melhor maneira de evitá-los (TABELA 3). De acordo com os dados coletados, verificou-se que a população em questão não está bem orientada sobre os perigos decorrentes dos acidentes domésticos, uma vez que a maneira com que as pessoas lidam com esses acontecimentos é muitas vezes incorreta. Isso pôde ser percebido desde o momento da coleta de dados pela concepção errônea que a comunidade manifestou sobre o que é um acidente doméstico e a forma de agir diante dele. Outro fato observado foi a medicalização-social, em que muitos dos entrevistados faziam a auto-medicação mesmo em acidentes mais graves, onde o ideal seria procurar serviços de saúde e profissionais especializados – transparecendo, dessa forma, o baixo nível de instrução da população e a necessidade de um trabalho educativo de prevenção de acidentes domésticos. CONCLUSÕES Montes Claros (MG) é uma cidade que ocupa área de 3.576,76 km e possui 306.258 habitantes. Nessa cidade está situado o bairro Independência, que possui uma população de 13.884 habitantes, onde foram entrevistadas 31 famílias nas micro-áreas 1 e 2 ditadas pelo Programa Saúde da família (PSF). Segundo os dados coletados durante uma pesquisa de campo sobre acidentes domésticos, os acidentes mais comuns na comunidade referida foram cortes (32,2%), quedas (25,8%), queimaduras (19,3%), engasgos e obstruções (6,4%), intoxicação (3,2%), mordida de cachorro (3,2%). Houve ainda residências em que não foram encontrados nenhum tipo de acidente doméstico, correspondendo a 9,6%. Dentre os acidentes citados, o de maior ocorrência foi corte (10 casos em 31 famílias). A faixa etária mais afetada foi de 1 a 5 anos em todos os acidentes encontrados. Cabe ao profissional da área de Enfermagem atuar na prevenção dos acidentes domésticos, para que eles possam diminuir, chegando mesmo a ser eliminados. E isto pode, perfeitamente, ser feito no diaa-dia. Sendo assim, é essencial que as pessoas saibam quais os acidentes mais comuns e como se originam para adotarem medidas capazes de evitá-los. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS THOMPSON, Eleanor Dumond. Uma introdução à enfermagem pediátrica. Porto Alegre: Editora Artes Médicas, 1996. SCHIMITZ, Edilza Maria. A enfermagem em pediatria e puericultura. São Paulo: Editora Atheneu, 2000. REVISTA ISTO É, n° 1672, 17 de outubro, p. 52 e 53, 2001. www.fozdoiguacu.pr.gov.br acesso dia 28\11\2002 às 13:30 horas. www.sabido.com.br acesso dia 29/11/ 2002 às 15:30 horas. MULTITEXTOS COMPARAÇÃO ENTRE O ATENDIMENTO FISIOTERÁPICO PARTICULAR E PÚBLICO EM MONTES CLAROS (MG) Ricardo Fernandes de PAULA*; Anna Paula Cursino de MENEZES; Daniel Silveira A. MAIA; Nathália Maria Gomes FERNANDES; Rejane Grace ALENCAR; Sérgio Augusto M. BASTOS; Vicente JUNIOR** RESUMO A presente pesquisa foi realizada na cidade de Montes Claros (MG) e teve como objetivo comparar o atendimento realizado pelas clinicas de Fisioterapia públicas e particulares do município, no que se refere aos aspectos socioeconômicos, tempo de tratamento e alta fisioterápica dos clientes. A metodologia adotada foi a de formulário simples, onde foram apresentadas vinte perguntas fechadas – aplicadas aos pacientes em tratamento, nas clínicas de fisioterapia particulares conveniadas e não conveniadas com o Sistema Único de Saúde. A apuração e síntese dos resultados da pesquisa seguiram o padrão de tabulação usado na metodologia de análise para projetos de pesquisa. Os resultados obtidos na pesquisa comprovaram que tanto os pacientes atendidos em clínicas particulares, quanto os atendidos pelo SUS estão relativamente satisfeitos com os atendimentos, embora a realidade implícita mostre que a satisfação da clientela do SUS ocorre em função da falta de parâmetro de comparação. Em 75% das clínicas visitadas, foram observadas as presenças constantes do técnico auxiliar, contrariando as normas e leis do CREFITTO (Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional). Isto pode ocasionar um resultado insatisfatório no tratamento fisioterápico, devido à ausência de embasamento e conhecimento científico desse agente curioso do sistema de clínica de fisioterapia, além de gerar o distanciamento afetivo e de confiabilidade entre o paciente e o fisioterapeuta, fatores que contribuiriam positivamente nos resultados. Palavras-chaves: Fisioterapia; Sistema Único de Saúde; Tratamento Fisioterápico. INTRODUÇÃO É necessário refletir sobre os caminhos para a saúde pública. Não é pouca coisa. Nota-se que o desafio é maior do que possamos imaginar, visto o tamanho do confronto entre estruturas seculares e a necessidade de cada pessoa ter acesso aos serviços de saúde. Freqüentemente ocorrem denúncias em veículos de informação sobre as condições de atendimento à população pelo setor público. Por outro lado, prevalecem antigas formas de organizações que motivam o sistema de saúde privado. Segundo o Ministério do Trabalho, o profissional fisioterapeuta no Brasil, ou seja, a Fisioterapia, atividade regulamentada pelo Decreto-Lei 938/69, Lei 6.316/75, Resoluções do COFFITO, Decreto 9.640/84, Lei 8.856/94 e Portarias do Ministério da Saúde, é uma ciência da Saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais, intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por alterações genéticas, por traumas e por doenças adquiridas e fundamenta suas ações em mecanismos terapêuticos próprios, sistematizados pelos estudos da Biologia, das ciências morfológicas, das ciências fisiológicas, das patologias, da bioquímica, da biofísica, da biomecânica, da cinesia e da sinergia funcional de órgãos e de sistemas do corpo humano. Portanto, a Fisioterapia faz parte do sistema de atendimento público fisioterapêutico gratuito, integral, com eqüidade e qualidade a todas as pessoas que realmente precisam, ou atendimento via planos de saúde privados. Para sua eficácia, é necessário criarmos mecanismos de controle, avaliação e auditoria constantes de todo o sistema, sanando possíveis desvios. Decerto sabemos que as disfunções músculo-esqueléticas; as disfunções neuromusculares; as disfunções cardio- respiratorias e as disfunções dermatofuncionais são as principais intercorrências clínicas que levam os clientes a procurarem um tratamento fisioterápico. Para que haja um trabalho benéfico e eficaz das disfunções acima descritas, é necessário que o profissional de fisioterapia seja ético e domine os procedimentos fisioterapêuticos, utilizando métodos e técnicas apropriadas a cada seqüela. Para tanto é necessário que atualize constantemente seus conhecimentos científicos e culturais. Sabemos que o profissional de fisioterapia é parte integrante e fundamental no contexto da saúde, cabendo a ele exercer atividades não só restritas à reabilitação, ao tratamento e à abordagem dirigida ao já doente, mas participar ativamente do processo administrativo do sistema, desenvolvendo ações relacionadas à organização do SUS local, entre outras atividades, e também no setor privado. Nossa pesquisa deter-se-á basicamente na investigação de possíveis diferenças no atendimento fisioterápico em clínicas particulares e clínicas conveniadas com o SUS, no tocante à disponibilidade de equipamentos e utilização de técnicas oferecidas à população. A partir daí, comprovaremos se essa diferença existe ou não. Entre outros fatores, analisaremos a importância da ação do fisioterapeuta como profissional ético na promoção e mudança do quadro vigente. Serão analisados aspectos comportamentais e sociológicos envolvendo os profissionais das clínicas diretamente ligadas aos pacientes conveniados ao SUS e a clínicas particulares. A pesquisa constituirá uma importante coleta de dados, resultando em valioso instrumento de análise direcionado aos profissionais da área da saúde e assistentes sociais. Esperamos colocar em discussão a eficácia e qualidade do sistema no que se refere aos atendimentos fisioterapêuticos. * Fisioterapeuta. Coordenador do Curso de Fisioterapia das Faculdades Pitágoras de Montes Claros. Professor das Disciplinas de Fundamentos de Fisioterapia e Recursos Fisioterápicos Aplicados ao Portador de Necessidade Especial. ** Acadêmicos do 1º período do Curso de Fisioterapia das Faculdades Pitágoras de Montes Claros. 23 MULTITEXTOS DEFINIÇÕES CONCEITUAIS O Sistema Único de Saúde é destinado a todos os cidadãos e é financiado com recursos arrecadados através de impostos e contribuições sociais pagos pela população, que compõem os recursos do Governo Federal, Estadual e Municipal. Desde os anos de 1999 e 2000, um conjunto de providências vem sendo adotado para que o SUS passe a cumprir sua missão de diminuir as desigualdades sanitárias, oferecendo serviços de saúde com qualidade. O Sistema Único de Saúde (SUS), como proposta de atendimento à população de fato, é a própria institucionalização da Reforma Sanitária, onde a descentralização, pela via da municipalização, torna-se o principal eixo estratégico para a sua implementação. A Constituição de 1988 trouxe significativas mudanças na área da saúde, que vinha se manifestando insuficiente para resolver os problemas da população. O artigo 196 da Constituição Federal deixa claro o direito à saúde de todos os cidadãos, mediante “acesso universal e igualitário”. No artigo 197 da Constituição de 1988, discrimina-se a saúde como de “relevância pública, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle”. Ainda destaca-se o artigo 198, que define as diretrizes do SUS, que devem estar presentes em toda a regulamentação posterior: descentralização, integralidade e participação comunitária. Com estas diretrizes o desafio foi lançado, e coube ao poder público, daí por diante, a iniciativa de aplicá-los na construção de um sistema. Alterar a forma de trabalho vigente até então mostra-se um grande desafio, um processo moroso e cheio de obstáculos. Neste momento, começa a ficar claro o papel importante que o município vai desempenhar na implantação do SUS, ao contrário do perfil histórico de que as ações de Saúde cabiam efetivamente ao Governo Federal, mediante programas de saúde promovidos pelo Ministério da Saúde, ou assistência à saúde, pelo antigo INAMPS. REVISÃO DE LITERATURA Fisioterapia e o SUS A Fisioterapia oferece muitas possibilidades e a dúvida muitas vezes persiste em relação à área de atuação. Estudantes saem da Universidade para enfrentar um mercado extremamente competitivo, com a responsabilidade de serem éticos, profissionais, inovadores, além do desafio imposto de ter sucesso e autonomia financeira. Há muitas alternativas, mas o que decide, em boa parte dos casos, é a oportunidade de trabalho concreta. Via de regra a Saúde Pública é uma das alternativas menos consideradas. Aliás, cabe aqui diferenciar Saúde Pública de Saúde Coletiva. Entendemos a primeira como aquela organizada e ofertada pelo poder público, pela via direta ou contratada, e que portanto segue as diretrizes inscritas na Constituição Federal de 1988, que descreve o Sistema Único de Saúde (SUS). Na Saúde Pública podemos trabalhar tanto na atenção individualizada quanto em Saúde Coletiva, onde, neste caso, o trabalho é dirigido para grupos de usuários. É preciso defender eminentemente a necessidade do fisioterapeuta – profissional no Programa de Saúde da Fa- Fisioterapia e o Sistema Privado Em Montes Claros, cidade pólo do Norte de Minas Gerais, foram identificadas vinte e quatro (24) clínicas de Fisioterapia no município; entre elas apenas cinco clínicas atendem pacientes através do SUS; ou seja, dezenove (19) pertencem ao sistema privado. Para o profissional fisioterapeuta, o setor privado oferece maiores oportunidades, e para a população em geral, maior quantidade de serviços oferecidos. MATERIAL E MÉTODOS A metodologia adotada foi a de formulário simples, composto por vinte perguntas fechadas, aplicadas aos pacientes em tratamento, nas clínicas de fisioterapia particulares conveniadas e não conveniadas com o SUS. A apuração e síntese dos resultados da pesquisa seguiram o padrão de tabulação usado na metodologia de análise para projetos de pesquisa. RESULTADOS CLÍNICA/CONVÊNIO Particular SUS Outros Total % ATÉ 10 1 3 4 19,05 ACIMA 10 7 1 9 17 80,95 TOTAL 7 2 12 21 100 PERCENTAGEM 33% 10% 57% 100% - ACIMA 30’ 6 7 13 59% TOTAL 7 2 12 22 100 PERCENTAGEM 31,82 9,09 54,55 100% TABELA 1: DURAÇÃO DAS SESSÕES CLÍNICA/CONVÊNIO Particular SUS Outros Total % ATÉ 30’ 1 2 5 9 41% TABELA 2: TEMPO DA CONSULTA FISIOTERÁPICA 24 mília (PSF), que tem se constituído numa estratégia diferenciada de atenção a população. Este quadro vem mudando, com certeza, mas não com a velocidade que merecia. MULTITEXTOS Clínica/Convênio Particular SUS Outros Total % Assíduo 7 2 9 18 85,71 Faltoso 3 3 14,29 Total 7 2 12 21 100 Percentagem 33,33 9,53 57,14 100 Não - Total 7 2 12 21 100 Percentagem 33,33 9,53 57,14 100% Parcial 1 6 7 33,33 Total 7 2 12 21 100 Percentagem 33,33 9,53 57,14 100% Total 7 2 12 21 100 Percentagem 33,33 9,53 57,14 100% TABELA 3: FREQÜÊNCIA DO PACIENTE DURANTE O TRATAMENTO Clínica/Convênio Particular SUS Outro Total % Sim 7 2 12 21 100% TABELA 4: MELHORA DO QUADRO Clínica/Convênio Particular Sus Outros Total % Constante 7 1 6 14 66,66 TABELA 5: FREQÜÊNCIA DO FISIOTERAPEUTA NAS SESSÕES de gerar um distanciamento afetivo e de confiabilidade entre o paciente e o fisioterapeuta – fatores que contribuiriam positivamente nos resultados dos tratamentos. Quanto à resposta positiva obtida no tratamento, pode-se observar que esta sempre existe, uma vez que o paciente, ao procurar um atendimento fisioterápico, encontra-se num estado de debilitação na mobilização corporal e que logo após a intervenção fisioterápica ocorre algum resultado positivo – o que, por si só, não garante uma adequação do processo. A discriminação social em função do plano de saúde pode ser comprovada através da deficiência de aparelhagem disponibilizada para o tratamento de pacientes atendidos por clínicas conveniadas ao SUS, sendo que os pacientes particulares dispõem de espaço físico e aparelhos mais sofisticados. Uma das causas observadas, além das falta do profissional Fisioterapeuta, é o fato da demanda do atendimento pelo SUS ser incomparavelmente superior à de particulares. Quanto à hipótese de pacientes de alta condição financeira terem acesso ao tratamento via SUS, não foi confirmada. CONCLUSÕES Clínica/Convênio Particular SUS Outros Total % Bom 7 11 18 85,71 Ruim 2 1 3 14,29 TABELA 6: APARELHAMENTO DA CLINICA DISCUSSÃO Foram identificadas 24 clínicas de Fisioterapia no município de Montes Claros; entre elas apenas cinco atendem pacientes através do SUS. Dessas clínicas identificadas, 50% (12) foram visitadas, totalizando 55 pessoas entrevistadas, 10% (5 pessoas) moradoras de cidades vizinhas. De acordo com os resultados obtidos na pesquisa, pôde-se comprovar que, tanto os pacientes atendidos em clínicas particulares, quanto os atendidos pelo SUS estão relativamente satisfeitos com os respectivos atendimentos, embora a realidade implícita mostre que a satisfação da clientela do SUS ocorre em função dela não possuir um parâmetro de comparação. Em 75% das clínicas visitadas, foi observada a presença constante do técnico auxiliar, contrariando as normas do CREFITTO (Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional), e podendo ocasionar alguma alteração no resultado do tratamento fisioterápico, devido a ausência formação científica deste individuo, além Baseado nos resultados obtidos pela pesquisa, pôde-se constatar que há necessidade de um aumento do número de clínicas fisioterápicas conveniadas ao SUS, para viabilizar um atendimento de qualidade aos pacientes que necessitam deste serviço. Portanto, deve-se ampliar o quadro de profissionais Fisioterapeutas disponíveis nas clínicas já conveniadas, para fazer, assim, prevalecer um atendimento mais eficaz e humanizado, possibilitando a eqüidade na saúde publica e privada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOTOME S P & Rosemburg C P. Contribuição da Psicologia a Saúde Publica. 1984 BRASIL. Decreto-lei nº 938 de 13 de outubro de 1969. DIARIO OFICIAL,Brasília,16 de outubro de 1969. CHAVES M. Saúde e Sistemas. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas,1980. ILLICH I. A expropriação da saúde. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1975. S.U.S Sistema Único de Saúde, Folheto informativo da Prefeitura Municipal de Montes Claros, 2002. 25 MULTITEXTOS ROMPENDO AS BARREIRAS DO SILÊNCIO: RELAÇÕES DE PRECONCEITO E/OU DISCRIMINAÇÃO RACIAL: OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Claudia Denise Alkimim Lopes de LIMA; Flávia Ferreira FRANÇA; Maria da Conceição BATISTA* RESUMO Neste estudo pretendemos verificar as relações dos alunos negros no cotidiano escolar da Educação Infantil e o caráter discriminador que permeia tal relação. Neste universo, buscamos identificar como os pais, tendo em vista a diferença de sua origem étnica, lidam com os conflitos gerados nas situações de preconceito. A relevância está no período de socialização que tem início na infância, quando começamos a nos situar em relação ao outro, a formar idéias, princípios e valores, atitudes, padrões de comportamento e habilidades adquiridas socialmente. INTRODUÇÃO Quando trabalhamos com o conceito de formação humana como um processo que envolve várias fontes e formas de processos educativos, estamos entendendo que é um conjunto de situações e espaços que formam o ser humano, portanto, sua identidade e sua capacidade de se mobilizar para uma inserção no mundo – o que chamamos de Inclusão social. A questão da identidade, dentro desse processo, refere-se ao tipo de homem e mulher que estão sendo formados no plano ideológico (social e político), seus conceitos e aspirações, seus posicionamentos frente às várias questões que envolvem sua vida de trabalho, educação e sua vida social. Quanto à questão da inclusão social aliada à formação, refere-se às conseqüências práticas dos processos educativos, ou seja, as influências desse processo na mobilização dos sujeitos para a ação como busca de transformação. Diante desse entendimento do processo de formação humana como processos que formam a identidade do sujeito e o integram à comunidade, buscaremos fazer agora uma abordagem teórica do conceito de exclusão social, que nos proporcionará uma explicitação mais objetiva das questões aqui colocadas. HALL (1997) afirma que “um tipo diferente de mudança estrutural está transformando as sociedades modernas no final do século XX. Isso está fragmentando as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e racionalidade, que no passado nos tinha fornecido sólidas localizações como indivíduos sociais. Estas transformações estão também mudando nossas identidades pessoais, abalando a idéia que temos de nós próprios como sujeitos integrados”. É interessante observarmos que essas mudanças trazem de fato muitas incertezas em relação ao tipo de sujeitos que há muito foram estereotipadas no cotidiano escolar. Por isso, nos perguntamos sobre os processos educativos dos últimos tempos, sobre suas intenções e suas influências na formação inclusão desses sujeitos, aqui, particularmente, nos referimos aos alunos negros. Percebemos que estamos diante de uma situação bem complexa porque entendemos que os discursos oficiais apregoam a era de uma educação inclusiva, como fazendo parte do processo educativo de formação dos sujeitos. Entretanto, não obstante à pedagogia da inclusão, encontramos marcas históricas materializadas nas relações de preconceitos em relação aos alunos negros no processo educativo e, de forma mais pontual, na base da sua formação, qual seja nas primeiras series iniciais. Nesta direção, o estudo de CAVALLEIRO (1988) mostra como o padrão de beleza branco é o que vigora na escola: “(...) desde o inicio da trajetória escolar, a criança (negra) se depara com o determinado tipo de ausência, que acompanhará até o curso superior (isto é, para aquelas que conseguiram romper com a estrutura racista da sociedade e chegar até a universidade): a quase * Alunas do 3º Período de Normal Superior Infantil das Faculdades Pitágoras de Montes Claros. 26 inexistência de professoras e professores negros. A criança negra se depara com uma cultura baseada em padrões brancos. Ela não se vê inserida em livros, nos cartazes espalhados pela escola ou ainda na escolha dos temas e alunos para encenar números nas festinhas. Onde quer que seja, a referência da criança e da família feliz e branca. Os estereótipos os quais ela teve contato no seu círculo de amizades e na vizinhança são mais acentuados na escola, e são muitos mais cruéis”. (CAVALEIRO, 1988). Cada um de nós passamos por um processo de educação e socialização que se inicia em nossas famílias, ampliando-se com diversas contribuições e influências, tanto da escola quanto da sociedade em que vivemos. Na relação com sua família e com seu meio social, cada criança tem experiências e oportunidades que vão interferir no seu processo de aprendizagem e desenvolvimento, contribuindo para definir sua trajetória de vida e a forma como vai inserir-se na sociedade. As possibilidades de autorealização e interação social, bem como a qualidade de vida das pessoas, estão diretamente associadas às condições pessoais e sociais que surgem a partir de influências políticas, econômicas, socioculturais – todas elas inter-relacionadas. Nesse sentido, é fundamental situar, discutir e repensar a relação entre educação, família e sociedade, com vistas a verificar a temática das relações de caráter discriminador e/ou preconceituoso, quer seja em forma de discurso ou ações, quer pelo silêncio da escola em relação à questão racial e outras formas de preconceitos ou discriminação social. Nosso foco principal será a família, os alunos e a escola. Cabe ressaltar as diferenças entre discriminação e preconceito. O preconceito seria mais uma atitude, enquanto a discriminação já se configura como uma ação. MULTITEXTOS Mas, de qualquer modo, como lembra HASENBALG (1979), no Brasil, a noção de preconceito tem sido usada para indicar tanto o preconceito como a discriminação (PINTO, 1993). Segundo ROSENBERG (1998), a discriminação se manifesta em todos os setores da escola, seja nos livros didáticos, nos conteúdos trabalhados ou omitidos, no silêncio dos professores diante de situações de preconceito e discriminação no cotidiano escolar. Tal compreensão nos autoriza a fazer alguns questionamentos: até que ponto os profissionais da educação infantil percebem as relações raciais como algo de suma importância nos currículos escolares? Em que medida os pais das crianças que foram vitimas de preconceito e discriminação se manifestam perante a escola? Quais e quantas são as ações pedagógicas efetuadas para se compreender as relações raciais? Os pais estão preparados para a discussão do assunto? A escola está preparada para trabalhar com diferenças e ser inclusiva? A educação escolar pública no Brasil apresenta a reprodução dos preconceitos e discriminações no contexto escolar e atingem principalmente os alunos negros (PINTO, 1993). Por outro lado, o autor indica a importância da educação como elemento de inclusão social no processo de formação escolar, não obstante o silêncio que perpassa de forma fria as relações estabelecidas no cotidiano escolar. A noção de exclusão social, segundo COSTA (1998), está saturada de sentidos, de não-sentidos e de contra-sentidos e é hoje uma expressão de uso generalizado, unanimidade quanto ao seu entendimento. Já CASTEL (1998) define exclusão social como a fase extrema do processo de marginalização, entendido este como percurso “descendente”, ao longo do qual se verificam sucessivas rupturas na relação do indivíduo com a sociedade. Por sua vez, o oposto de “exclusão social” é corretamente designado por inclusão social, inserção social ou integração social. No entanto MARTINS afirma que (...) as políticas econômicas atuais, no Brasil e em outros países, que seguem o que está sendo chamado de modelo neoliberal, implicam a proposital inclusão precária, instável e marginal“ (MARTINS, 1997). O termo da inclusão social tem sido utilizado em larga escala pelas instituições governamentais, que buscam, no campo da educação, criar condições e oportunidades para determinados grupos margina- lizados, que se encontram em desvantagem em relação aos demais segmentos sociais no que concerne às condições consideradas mínimas de sobrevivência. MATERIAL E MÉTODOS O enfoque que pretendemos dar a este artigo é verificar as evidências de discriminação através de traços físicos, seja em forma de apelidos ou xingamentos; verificar as dificuldades com que os pais se deparam, tendo em vista o pertencimento racial de seus filhos, e a socialização de nossas análises sobre o preconceito e/ou discriminação racial nos processos de formação educacional nas primeiras séries iniciais das escolas municipais de Montes Claros/MG. 5. Seu filho já relatou alguma música cantada para ele como forma de xingamento? 6. Qual foi sua conduta diante da reclamação de seu filho? 7. Caso tenha acontecido algum destes casos, você procurou a escola? 8. Alguma vez procurou a escola para reclamar sobre xingamento ou preconceito reclamado por seu filho? 9. Você já participou de alguma reunião onde os problemas de preconceitos raciais foram debatidos? 10. Você acha que a escola trata igualmente brancos e negros? 11. O que poderia ser feito para modificar esta situação? 12. Que tipo de discriminação é mais difícil de ser vencida pelos pais, problemas de raça ou problemas de classe social? RESULTADOS E DISCUSSÃO As relações raciais no campo da educação vêm sendo alvo de pesquisas e estudos no Brasil, vindo ao encontro de formulações de políticas públicas. No entanto, a questão não é tão simples assim, principalmente quando reconstruímos a historiografia das relações raciais no nosso país. As relações raciais no Brasil são marcadas por profundas contradições. Ao mesmo tempo em que parcelas significativas da população negra se encontram em situação de desvantagem, no quadro de perversa desigualdade social, fruto de histórico processo de discriminação1, o racismo é negado tanto oficialmente como no senso comum. Em muitos casos, evoca-se a mestiçagem do povo brasileiro como fator de unidade e ausência de conflito (SANTANA, 2000). Certos de que este quadro refletirá também no sistema educativo, tivemos como meta avaliar o papel dos pais das crianças vítimas de preconceito racial e o da escola frente às reclamações dos preconceitos, bem como, na medida do possível, a leitura feita pelos professores destes alunos. Apresentaremos o resultado da pesquisa realizada pelas alunas do Curso Normal Superior, dando ênfase aos aspectos relativos à conduta dos pais e da escola frente às situações de preconceito racial. Com base nas entrevistas com pais e professores de crianças negras, esta pesquisa problematiza as seguintes questões: 1. Para você o que é racismo? 2. Racismo deveria ser mais debatido na escola de seu filho? 3. Qual sua opinião sobre preconceito racial? 4. Seu filho já recebeu algum apelido na escola? Qual? Já com os professores as questões foram apresentadas nesta ordem: 1. Qual sua compreensão sobre o que é preconceito e/ou discriminação? 2. Já presenciou alguma atitude de preconceito ou discriminação na sala de aula? 3. Quais os xingamentos ou apelidos verificados na sua sala de aula? 4. Na sala de aula, alguma música é cantada de forma a demonstrar preconceito e/ou discriminação? 5. Qual sua atitude diante destes acontecimentos? 6. Qual a instância da sociedade mais importante para o combate à discriminação racial: a política, a jurídica ou a educacional? Foram entrevistados 50 pais e 15 professores da rede escolar municipal de Montes Claros. Dos 50 pais entrevistados, 96% foram mães, 3% outros parentes (tia, avô, avó, irmão) e 1% pai. As entrevistas foram realizadas em cinco escolas privadas e 45 públicas. No entanto, o limite deste trabalho não nos permitiu um aprofundamento na correlação do público x privado nas relações raciais. Na análise das entrevistas procuramos observar como os pais lidam com as situações de preconceito e/ou discriminação racial, considerando ainda o fato dos pais que passaram pela escola carregarem também histórias e depoimentos. Este fato nos faz refletir sobre o problema investigado em tempos históricos diferentes. Pois a discriminação foi algo que se apresentou de forma marcante na vida dos pais. • Nos relatos dos pais e professores, a escola apresenta dificuldades frente à situação e eles preferem, na sua maioria, 27 MULTITEXTOS não fazer nenhum comentário coletivo. Em nenhum momento, demonstravam atitudes que pudessem auxiliá-los na formação e manutenção da auto-estima, mostrando que as diferenças estéticas dos alunos eram normais e que cada um devia ter orgulho de si próprio. Porém, observamos que os pais entrevistados agiam de forma contrária à escola, apoiando os filhos, aconselhando-os a enfrentar as discriminações e estimulando-os a não se deixar desvalorizar por esses acontecimentos, enfim, a ter orgulho de serem negros e aceitar essa condição como algo normal e positivo. • Os relatos mostram que o fato de seus fi- lhos/alunos serem vítimas da discriminação racial é em razão da sua aparência física. Notamos também que um dos motivos que levaram algumas crianças a serem violentamente discriminadas pelos colegas era o fato de terem traços físicos de negritude bastante ressaltados. Comentários, piadas e chacotas eram feitos envolvendo essas crianças e a questão da negritude. • No discurso de alguns professores entre- vistados prevalece a opinião de que a diversificação dos alunos é importante, pois permite o aprendizado da tolerância e da compreensão, que só é possível quando a turma é diversificada racial e economicamente. • Como as questões raciais são trabalhadas em sala de aula? As respostas, infelizmente, são desanimadoras. Nenhum professor entrevistado trabalha especificamente questões raciais em sala de aula. Pelo menos, não em profundidade. • Nos relatos dos entrevistados/as, o preconceito e a discriminação racial, na maioria dos casos, foram uma constante, quer em forma de discurso ou de ações, quer pelo silêncio da escola ou dos pais em relação à questão racial. Por fim, na nossa visão, os conflitos decorrentes da pluralidade são extremamente pedagógicos, já que muitas vezes, as palavras não são capazes de expressar uma determinada situação. Desta forma, só o fato de haver alunos de diversos segmentos sociais e raciais na sala modifica a dinâmica da aula. Acreditamos que a heterogeneidade dos alunos é extremamente educativa, principalmente em um ambiente que evidencia a herança de uma sociedade elitista, autoritária e escravo28 crata, de composição multi-racial como é no Brasil. Neste sentido, entendemos que a melhoria da educação deve vir acompanhada de mudanças no tratamento da questão racial, sendo necessário que o ambiente educacional, em todos os níveis, saiba lidar, combater e transmitir de forma adequada a multiplicidade “racial” e todos os temas correlatos. Tais pontos são imprescindíveis para que a formação educacional forneça condições e contribua, de forma efetiva, para a construção de uma verdadeira democracia racial. A resistência ao tema também é apontada como um obstáculo à discussão – argumentos de que ao se falar do preconceito racial contra os negros estamos criando o preconceito. Inscrevem-se no plano da invisibilidade da questão para amplos setores da sociedade, que querem acreditar que vivemos num paraíso com a garantia da democracia racial. O caminho percorrido sinaliza que não existem fórmulas prontas para desfazer tantas resistências, mas nós como educadores e pesquisadores buscamos caminhos para “quebrar o gelo” entre os entrevistados e até entre os colegas negros na universidade. Estes argumentos justificam nossas dificuldades frente ao objeto investigado e denuncia o silêncio que existe nas escolas e também entre nós sobre o tema do preconceito racial. Convém registrar, ainda, que não foi fácil para nós, como pesquisadores, entrar num mundo em que predomina no discurso a inclusão racial e na prática, a exclusão. Vale compreender que a escola tem ainda grandes dificuldades em lidar com seus preconceitos, e para falar sobre o assunto com as crianças é necessário fazer uma reflexão sobre o papel da escola frente ao racismo. Em muitos casos ainda prevalece a acomodação. No entanto, não conseguimos fazer do silêncio nosso aliado, ao questionarmos, como educadoras: é possível conviver numa democracia onde mesclam discursos libertários e práticas que excluem? É possível educar tendo como elemento do processo de formação humana o preconceito por “cor”? Os resultados das análises feitas dos dados oferecidos pela investigação nos permitiram ainda concluir que a temática da discriminação racial está mais presente nas escolas infantis do que podíamos imaginar. Apesar de todas as polêmicas e dificuldades para desenvolver o tema, ele deveria como parte integrante da agenda curricular das escolas infantis de Montes Claros. Esperamos que o silêncio vá sendo rompido e, no lugar da omissão e do embaraço, nós professores possamos desenvolver atividades e projetos que venham contribuir para alterar o quadro encontrado nas escolas, como forma de enfrentar as contradições e conflitos gerados pela discriminação e preconceitos raciais. Deve ainda ser meta dos projetos pedagógicos, com o objetivo de enfrentar as dificuldades com que se deparam famílias, escolas e sociedade, tendo em vista a diferente origem étnica dos alunos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARCELOS, LC. Educação:um quadro de desigualdades raciais. Estudos Afro Asiáticos, Rio de Janeiro, n. 23, 1992, p. 37-69. CARDOSO, EL Racismo: o papel do professor, IN: CARDOSO, Edson Lopes. Bruxas, espíritos e outros bichos. Belo-Horizonte: Mazza, 1992. PINTO, RP. Diferença étnico-raciais e formação do professor. Cadernos de Pesquisa, São Paulo. N. 86, 1993. p. 25-38. _________________, Multiculturalidade e educação de negros. Cadernos Cedes, Campinas, n. 32, 1993, p. 35-48. _________________, Raça e Educação: uma articulação incipiente. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 80, 1992, p. 41-50. ROSEMBERG, F. Expansão da educação infantil e processos de exclusão. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 107, 1999, p. 7-40. ________________, Raça e desigualdade educacional no Brasil. In: Aquino, Julio Groppa (Org). Diferenças e preconceitos nas escolas, alternativas teóricas e praticas. São Paulo: Summus, 1998, p. 73-92. CAVALLEIRO, ES. Do silencio do lar ao silêncio escolar. São Paulo, 1998. Dissertação (Mestrado em educação) - Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação. RAGO, M. Epistemologia feminista, gênero e história. In: PEDRO, Joana Maria et al. (ORGS). Masculino, feminismo, plural. São Paulo: Mulheres, 1998, p. 2141. REGINA, T. O silêncio vai acabar. Nova Escola, São Paulo, n. 77, maio 1991, p. 25-34. 1 No Brasil, o contexto histórico, tem lugar no livro de Darcy Ribeiro (O povo brasileiro), que trabalha bem a sua dimensão conflitante, mas este processo de integração e miscigenação de certa maneira camuflou, ou seja, colocou em segundo plano a questão racial, como se a questão fosse somente social. REGRAS EDITORIAIS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS NA REVISTA CIENTÍFICA DAS FACULDADES PITÁGORAS DE MONTES CLAROS 1. INSTRUÇÃO AOS AUTORES A Revista Científica das Faculdades Pitágoras de Montes Claros é um periódico especializado, nacional, aberto a contribuições da comunidade científica nacional, arbitrada e distribuída a leitores do Brasil. Esta revista tem por finalidade publicar contribuições científicas originais sobre temas relevantes para as áreas de Fisioterapia, Enfermagem, Direito, Psicologia, Normal Superior e Turismo e Hotelaria, nos âmbitos nacional e internacional. Os manuscritos devem destinar-se exclusivamente à Revista Científica das Faculdades Pitágoras, não sendo sua apresentação simultânea a outro periódico, tanto do texto, quanto de figuras, tabelas, quer na íntegra ou parcialmente, excetuando-se resumos ou relatórios preliminares publicados em anais de reuniões científicas. O(s) autor(es) deverá(ão) assinar e encaminhar declaração de acordo com o modelo anexo. Os manuscritos poderão ser encaminhados em português em quatro vias para o Editor Científico (final do texto). Os manuscritos publicados são de propriedade da Revista, vedada tanto a reprodução, mesmo que parcial em outros periódicos, como a tradução para outro idioma sem a autorização do Conselho de Editores. Desta forma, todos os trabalhos, quando submetidos à publicação, deverão ser acompanhados de documento de transferência de direitos autorais, contendo assinatura de cada um dos autores, cujo modelo está anexo. 2. CATEGORIAS DE ARTIGOS Além dos artigos originais, os quais tem prioridade, a Revista Científica das Faculdades Pitágoras publica Entrevistas, Revisões de Literatura, Atualizações, Notas e Informações, Cartas ao Editor, Editoriais, além de outras categorias de artigos. • Entrevista – PERFIL INTERATIVO São entrevistas dinâmicas, interativas, realizadas com pessoas de destaque, pesquisadores, formadores de opinião, em cada curso ou áreas afins relacionadas com a Fisioterapia, Enfermagem, Direito, Psicologia, Normal Superior e Turismo e Hotelaria, nos âmbitos nacional e internacional. A personalidade de cada área contará com a indicação de membros da própria revista e dos coordenadores dos cursos das Faculdades Pitágoras de Montes Claros, sendo respeitada uma rotatividade para a escolha dos nomes indicados em cada curso. • Artigos Originais - MULTITEXTOS São contribuições destinadas a divulgar resultados de pesquisa original inédita, que possam ser replicados ou generalizados. Devem ter a objetividade como princípio básico. O autor deve deixar claro quais as questões que pretende responder. Devem ter de 2.000 a 4.000 palavras, excetuandose Tabelas, Figuras e as Referências Bibliográficas. As Tabelas e Figuras devem ser limitadas a 5 no conjunto, recomendando-se incluir apenas os dados imprescindíveis, evitando-se tabelas muito longas, com dados dispersos e de valor não representativo. Quanto às figuras, não são aceitas aquelas que repetem dados de tabelas. As Referências Bibliográficas estão limitadas a 20, devendo incluir aquelas estritamente pertinentes à problemática abordada, havendo, entretanto, flexibilidade. Deve-se evitar a inclusão de número ex- cessivo de referências numa mesma citação. A estrutura dos artigos é a convencional: a Introdução deve ser curta, definindo o problema estudado, sintetizando sua importância e destacando as lacunas do conhecimento (“estado da arte”) que serão abordadas no artigo. Na seção Material e Métodos, a metodologia empregada, a população estudada, a fonte de dados e critérios de seleção, dentre outros, devem ser descritos de forma compreensiva e completa, mas sem prolixidade. A seção de Resultados deve se limitar a descrever os resultados encontrados sem incluir interpretações/comparações. O texto deve complementar e não repetir o que está descrito nas tabelas e nas figuras. Além disso, os resultados devem ser separados das discussões. A Discussão deve começar apreciando as limitações do estudo, seguidas da comparação com a literatura científica e da interpretação dos autores, extraindo conclusões e indicando os caminhos para novas pesquisas. • Artigos de Revisão – NOVA LEITURA Os artigos de revisão devem apresentar uma revisão crítica sistematizada da literatura científica sobre determinado assunto, devendo conter conclusões. Devem ser descritos os procedimentos adotados, esclarecendo a delimitação e limites do tema. Sua extensão deve ser de até 5.000 palavras. • Atualizações – UM PONTO À FRENTE São trabalhos descritivos e interpretativos baseados na literatura científica recente sobre a situação global em que se encontra determinado assunto investigativo. Sua extensão deve ser de até 3.000 palavras. • Notas e Informações – INTERACÃO São relatos de casos curtos decorrentes de estudos originais ou avaliativos. Podem incluir também notas preliminares de pesquisa, contendo dados inéditos e relevantes para os temas referentes aos cursos abordados nessa revista. Devem ter de 800 a 1.600 palavras (excluindo-se tabelas, figuras e referências), 1 tabela/figura e cerca de 5 referências bibliográficas. • Cartas ao Editor - RECIPROCIDADE Incluem cartas que visam a discutir artigos recentes publicados na Revista Científica das Faculdades Pitágoras ou a relatar pesquisas originais ou achados científicos significativos. Não devem exceder a 600 palavras e 5 referências bibliográficas. 3. AUTORIA O conceito de autoria está baseado na contribuição substancial de cada uma das pessoas listadas como autores, no que se refere, sobretudo, à concepção do projeto de pesquisa, análise e interpretação de dados, redação e revisão crítica. Manuscritos com mais de 6 autores devem ser acompanhados por declaração certificando explicitamente a contribuição de cada um dos autores cuja contribuição não se enquadre nos critérios acima, podendo, nesse caso, figurar na seção “Agradecimentos”. A indicação dos nomes dos autores logo abaixo do título do artigo é limitada a 12; acima desse número, os autores são listados no rodapé da página. Cada manuscrito deve indicar o nome de um autor responsável pela correspondência com a Revista Científica das Faculdades Pitágoras, e seu respectivo endereço, incluindo telefone, fax e e-mail. 4. PROCESSO DE JULGAMENTO DOS MANUSCRITOS Os manuscritos submetidos à Revista Científica das Faculdades Pitágoras que atenderam às “instruções aos autores” e que se coadunem com sua política editorial são encaminhados aos Editores Associados que considerarão o mérito científico da contribuição. Aprovados nesta fase, os manuscritos são encaminhados aos relatores previamente selecionados pelos Editores Associados. Cada manuscrito é enviado para três relatores de reconhecida competência na temática abordada. O anonimato é garantido durante todo o processo de julgamento. A decisão sobre aceitação é tomada pelo Conselho de Editores. Cópias dos pareceres são encaminhadas aos autores e relatores, este por sistema de troca entre eles. • Manuscritos Recusados Manuscritos não selecionados não serão devolvidos; a menos que sejam solicitados pelos respectivos autores no prazo de até seis meses. Manuscritos recusados, mas com a possibilidade de reformulação, poderão retornar como novo trabalho, iniciando-se outro processo de julgamento. • Manuscritos Aceitos Manuscritos aceitos ou aceitos sob condição poderão retornar aos autores para aprovação de eventuais alterações no processo de editoração e normalização de acordo com o estilo da Revista Científica das Faculdades Pitágoras. 5. PREPARO DOS MANUSCRITOS Os manuscritos devem ser preparados de acordo com as “Instruções aos Autores” dessa revista. Os artigos devem ser digitados no programa Word (Windows), em uma só face, com letra tipo arial, corpo 12, em folha de papel branco, tamanho ofício, mantendo margens laterais de 3 centímetros, espaço duplo em todo o texto, incluindo página de identificação, resumos, agradecimentos, referências e tabelas. Cada manuscrito deve ser enviado em 4 vias. Quando aceito para publicação, devem ser encaminhadas uma cópia impressa do manuscrito e uma cópia em disquete em formato 3/2, programa Word a partir de 1995/1997. Todas as páginas devem ser numeradas a partir da página de identificação. • Página de Identificação Deve conter: 1. Título do Artigo, que deve ser conciso e completo, evitando palavras supérfluas. Recomenda-se começar pelo termo que represente o aspecto mais importante do trabalho, com os demais termos em ordem decrescente de importância. Deve ser apresentada a versão do título para o idioma inglês. 2. Indicar no rodapé da página o título abreviado, com até 40 caracteres, para fins de legenda nas páginas impressas. 3. Nome e sobrenome de cada autor pelo qual é conhecido pela literatura científica. 4. Instituição a que cada autor está afiliado, acompanhado do respectivo endereço. 5. Nome do Curso, Departamento e da Instituição no qual o trabalho foi realizado. 6. Nome e endereço do autor responsável pela troca de correspondências, inclusos e-mail, fone e fax. 7. Se foi subvencionado, indicar o tipo de auxílio, o nome da agência financiadora e o respectivo nú- 29 mero do processo. 8. Se foi baseado em tese, indicar o título, ano e instituição onde foi apresentada. 9. Se foi apresentado em reunião científica, indicar o nome do evento, local e data da realização. nais pelo Editor não serão publicadas, mas poderão ser colocadas à disposição dos leitores, pelos respectivos autores, mediante nota explicativa. Quadros são identificados como Tabelas, seguindo uma única numeração em todo texto. • Resumos e Descritores Os manuscritos para as seções Artigos Originais, Revisões, Atualização e similares devem ser apresentadas contendo dois resumos, sendo um em português e outro em inglês. Para os Artigos Originais os resumos devem ser apresentados no formato estruturado, com até 250 palavras, destacando o principal objetivo e os métodos básicos adotados, informando sinteticamente local, população e amostragem da pesquisa; apresentando os resultados mais relevantes, quantificando-os e destacando sua importância estatística; apontando as conclusões mais importantes, apoiadas nas evidências relatadas, recomendando estudos adicionais, quando for o caso. Para as demais seções, o formato do resumo deve ser o narrativo, com até 150 palavras. Basicamente deve ser destacados o objetivo, os métodos usados para o levantamento das fontes de dados, os critérios de seleção dos trabalhos incluídos, os aspectos mais importantes discutidos e as conclusões mais importantes e suas implicações. Abreviaturas e siglas devem ser evitadas; citações bibliográficas não devem ser incluídas em nenhum dos dois tipos. Descritores devem ser indicados entre 3 e 10, extraídos do vocabulário “Descritores em Ciências da Saúde” (LILACS), quando acompanharem os “Abstracts”. Se não forem encontrados descritores disponíveis para cobrirem a temática do manuscrito, poderão ser indicados termos ou expressões de uso conhecido. • Figuras As ilustrações (fotografias, desenhos, gráficos, etc.), citadas como Figuras, devem estar desenhadas e fotografadas por profissionais. Devem ser numeradas consecutivamente com algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto; devem ser identificadas fora do texto, por número e título abreviado do trabalho; as legendas devem ser apresentadas em folha à parte; as ilustrações devem ser suficientemente claras para permitir as suas reproduções. Não se permite que as Figuras apresentem os mesmos dados das Tabelas. As Figuras coloridas não são publicadas, a não ser que sejam custeadas pelos autores do manuscrito. Nas legendas das figuras, os símbolos, flechas, números, letras e outros sinais devem ser identificados e seu significado esclarecido. Se houver figuras extraídas de outros trabalhos, previamente publicados, os autores devem providenciar permissão, por escrito, para a reprodução das mesmas. Essas autorizações devem acompanhar os manuscritos submetidos à publicação. • Agradecimentos Contribuições de pessoas que prestaram alguma forma de colaboração intelectual ao trabalho como assessoria científica, revisão crítica da pesquisa, coleta de dados entre outras, mas que não preencham os requisitos para participar de autoria, devem constar dos “Agradecimentos”, desde que haja permissão expressa dos nomeados. Também podem constar desta parte agradecimentos a instituições pelo apoio econômico, material ou outros. • Referências Bibliográficas As referências devem ser ordenadas alfabeticamente ou numeradas e normalizadas de acordo com o estilo ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas) ou Vancouver (Revista de Saúde Pública, vol. 33 (1), 1999 ou verificar site: www.nlm.nih.gov/pubs/factsheets/jsel.html). Os títulos de periódicos devem ser referidos de forma abreviada, de acordo com o Index Medicus, e grifados. Publicações com 2 autores até o limite de 6 citam-se todos; acima de 6 autores, cita-se o primeiro seguido pela expressão latina et al. A exatidão das referências constantes da listagem e a correta citação no texto são de responsabilidade do(s) autor(es) do manuscrito. • Tabelas Devem ser apresentadas em folhas separadas, numeradas consecutivamente com algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. A cada uma deve-se atribuir um título breve, não se utilizando traços internos horizontais ou verticais. As notas explicativas devem ser colocadas no rodapé das tabelas e não no cabeçalho do título. Se houver tabelas extraídas de outros trabalhos, previamente publicados, os autores devem providenciar a permissão, por escrito, para a reprodução das mesmas. Esta autorização deve acompanhar os manuscritos submetidos à publicação. Tabelas consideradas adicio- 30 • Abreviaturas e siglas Deve ser utilizada a forma padrão. Quando não o forem, devem ser precedidas do nome completo quando citadas pela primeira vez; quando aparecerem nas Tabelas e nas Figuras devem ser acompanhadas de explicação quando seu significado não for conhecido. Não devem ser usadas no título e no resumo e seu uso no texto deve ser limitado. 6. ENVIO DOS MANUSCRITOS Os manuscritos devem ser endereçados ao Editor Científico da Revista Científica das Faculdades Pitágoras de Montes Claros, em quatro cópias em papel, sendo uma original e três cópias, para o seguinte endereço: Prof. Alfredo Maurício Batista de Paula Editor Científico da Revista Cientifica das Faculdades Pitágoras de Montes Claros Faculdades Pitágoras de Montes Claros Rua Monte Pascoal, 284, Bairro Ibituruna – Montes Claros, MG. CEP 39.401-347 Fone/Fax: 0xx38 3214-7100 E-mail: [email protected] Endereço eletrônico: www.fap-moc.com.br 7. DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE E TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS AUTORAIS Todas as pessoas relacionadas como autores devem reproduzir e assinar os documentos abaixo: (I) Declaração de Responsabilidade e (II) Transferência de Direitos Autorais. I - Declaração de Responsabilidade Primeiro autor: __________________________ Título do manuscrito: _____________________ “Certifico que participei suficientemente do trabalho para tornar pública minha responsabilidade pelo seu conteúdo. Certifico que o manuscrito representa um trabalho original e que nem este ma- nuscrito, em parte ou na íntegra, nem outro trabalho com conteúdo substancialmente similar, de minha autoria, foi publicado ou está sendo considerado para publicação em outra revista, quer seja no formato impresso ou no eletrônico, exceto o descrito em anexo. Atesto que, se solicitado, fornecerei ou cooperarei totalmente na obtenção e fornecimento de dados sobre os quais o manuscrito está baseado para exame dos leitores”. Assinatura do(s) autor(es) e Data ______________________________________ II - Transferência de Direitos Autorais Primeiro autor: __________________________ Título do manuscrito: _____________________ “Declaro que em caso de aceitação do artigo por parte da Revista Científica das Faculdades Pitágoras de Montes Claros, concordo que os direitos autorais a ele referentes se tornarão propriedade exclusiva das Faculdades Pitágoras de Montes Claros, vedado qualquer produção, total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de divulgação, impressa ou eletrônica, sem que a prévia e necessária autorização seja solicitada e, se obtida, farei constar o competente agradecimento às Faculdades Pitágoras de Montes Claros e os créditos correspondentes”. Assinatura do(s) autor(es) e Data ______________________________________ 8. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS E LEGAIS Evite o uso de iniciais, nomes ou número de registros dos pacientes/clientes avaliados no estudo. Os participantes do trabalho não poderão ser identificáveis por fotografias, exceto com consentimento expresso, por escrito, acompanhando o trabalho original. As Tabelas e/ou figuras publicadas em outras revistas ou livros devem citar as respectivas referências e o consentimento, por escrito, do autor ou editores. Estudos realizados em seres humanos devem estar de acordo com os padrões éticos e com o devido consentimento livre e esclarecido dos pacientes (reporte-se à Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, que trata do código de “Ética para Pesquisa em Seres Humanos”). Para as pesquisas em humanos, deve-se incluir a aprovação da mesma pela Comissão de Ética em Pesquisa devidamente registrada no Conselho Nacional de Saúde Hospitalar ou Universitária mais próxima de sua região. A Revista Científica das Faculdades Pitágoras de Montes Claros reserva-se o direito de não publicar trabalhos que não obedeçam a essas normais legais e éticas para pesquisas em seres humanos. Para os experimentos em animais, considere as diretrizes internacionais, por exemplo, a do Commitee for Research and Ethical Issues of International Association for the Study of Pain, publicada em PAIN, v. 16, p. 109-110, (1983). 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao enviar o original e as três cópias do trabalho (na versão inicial), procure acondicioná-los adequadamente, para evitar rasuras e danos. As ilustrações, principalmente as fotografias, devem ser protegidas com material impermeável antes de serem postadas no correio. Prefira a remessa via Sedex ou carta registrada. Quando o artigo pertencer a mais de um autor, fica claro que os demais autores estão de acordo com a publicação da matéria, quando do aceite final dos editores.