A NEBULOSA IC 2220 MISTURA A BELEZA DOS PROCESSOS CÓSMICOS AO DRAMA DA MORTE DE UMA ESTRELA Muitas vezes, em astronomia, um belo cenário esconde um evento dramático. É o caso da nova imagem recém-divulgada pelo ESO (Observatório Europeu do Sul), que mostra a morte iminente de uma estrela gigante. Trata-se da nebulosa IC 2220, localizada a cerca de 1.200 anos-luz da Terra, na constelação de Carina. A estrela brilhante no meio da formação de gás e poeira é a estrela conhecida como HD 65750. Trata-se de uma gigante vermelha — o destino de um astro quando seu combustível começa a se esgotar. A imagem foi obtida pelo VLT (Very Large Telescope), em Paranal (Chile), e ajuda a desvendar os mistérios dessa fase final de vida das estrelas. O Sol também vai se tornar uma gigante vermelha quando o hidrogênio usado para a fusão em seu núcleo escassear, o que deve acontecer em cerca de 5 bilhões de anos. Ele irá inchar e engolir Mercúrio, Vênus e possivelmente a Terra. A HD 65750, em contraste, tem cinco vezes mais massa que nossa estrela-mãe. E, quanto maior a estrela, mais rápido ela esgéota seu combustível. Estimase que ela tenha “apenas” 50 milhões de anos, em contraste com os 4,7 bilhões já vivenciados pelo Sol. Ainda assim, sua massa não é suficiente para que seu destino seja muito diferente do de nossa estrela. Quando não houver mais material para fusão nuclear, a HD 65750 deve soprar o que sobrou de sua atmosfera e se tornar uma anã branca — um cadáver estelar bem compacto e de pouco brilho. Ao seu redor, se forma uma nebulosa planetária (já falei sobre elas e o interessante mistério das borboletas cósmicas), que aliás já está se formando nessa fase de gigante vermelha. Os dois arcos visíveis na foto são compostos por matéria ejetada da atmosfera da própria estrela. Numa imagem de incrível esplendor, testemunhamos a morte iminente de um sol. Agora o material que um dia foi seu vai se espalhar pelo espaço e eventualmente será incorporado na formação de outras estrelas, dando continuidade ao belo ciclo de destruição e renascimento que envolve os processos cósmicos.