INSTITUTO SERRANO NEVES – AMIGO DO LAGO DA SERRA DA MESA www.serrano.neves.nom.br - [email protected] Reg. nº 580935 do 2º Tab. Prot. e Reg. de Pessoas Jurídicas, Tit. e Docs. de Goiânia - CNPJ: 05508400/0001-26 - Sede: Av. Santana com Rua 200, Qd. 12 Lt 6, Centro - URUAÇU-GO - 76400-000 - Tel 62 33574389 - 96255275 003 - Temperatura - Entropia – Energia (Sistemas aquáticos-aquicultura) Parte 02 – Série: -Variáveis físicas, químicas e biológicas Helcias Bernardo de Pádua Biólogo, C.F.Bio 00683.01/D - [email protected] - 11-9568.0621 Só quero torná-la (a vida) de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. Cada vez mais assim penso. Fernando Pessoa (referindo sobre viver e a vida) Definição da temperatura Princípios da Termodinâmica Apesar de todo mundo ter uma compreensão básica do conceito de temperatura, sua definição precisa é um pouco complicada. Antes de se preocupar com a definição precisa, vamos estudar o conceito de equilibro térmico. Se dois sistemas com volume constante são postos em contato térmico, as propriedades de ambos os sistemas podem mudar. Estas mudanças são devidas à transferência de calor entre os sistemas. Quando o estado pára de mudar, o sistema está em equilíbrio térmico, ou seja, não tem-se mais a transferência de calor. Depois disso podemos estender à definição da temperatura a partir do princípio zero da termodinâmica. Vejamos: “se dois sistemas A e B estão em equilíbrio térmico e que um terceiro sistema C é em equilíbrio térmico com o sistema A, então os sistemas B e C estão também em equilíbrio”, (WIKIPEDIA, 2004). Como se percebe, é um fato não muito prático, (empírico), baseado mais sobre a observação do que sobre a teoria. Como A, B e C estão todos em equilíbrio térmico, é razoável de pensar que os sistemas têm o valor de uma propriedade em comum. Em geral, não é prático pôr dois sistemas em equilibro térmico para verificar se eles são à mesma temperatura. Também, daria só uma escala ordinal. Por isso, é útil estabelecer uma escala de temperatura baseada nas propriedades de um sistema de referência, (WIKIPEDIA, op cit). Nos sistemas água/ar sempre teremos valores diferentes, mas próximas em graus de temperatura. Chamamos esta propriedade de temperatura. -Definição da temperatura a partir do Primeiro Princípio da Termodinâmica Uma modalidade de energia pode apenas se transformar em outra mas não desaparecer, ou seja, uma máquina que produza trabalho a partir do nada é impossível (moto perpétuo de primeira espécie). Lembramos que calor e energia são a mesma coisa. Uma quantidade de calor Q pode produzir um trabalho W e vice-versa. Calor e trabalho são equivalentes. Primeira lei - uma quantidade de calor dQ adicionada a um fluido produz um aumento da energia interna dU e um trabalho externo. - Definição da temperatura a partir do Segundo Princípio da Termodinâmica Como vimos, a temperatura, de início, foi definida a partir Princípio Zero da Termodinâmica, mas é também possível se definir a temperatura a partir do “Segundo Principio da Termodinâmica”, que trata da entropia. Segundo a física, entropia seria o estado de desordem ou desorganização de um sistema. Assim, a entropia crescente levaria a desorganização crescente. A entropia do universo tende a crescer, (2º Princípio da Termodinâmica). Em termos práticos, tudo que se constrói tende a se destruir, a se desfazer. Apesar de ser uma lei física, pesquisas recentes no campo da Biologia apontam no sentido de uma ordem organizadora da vida , de uma força maior e ainda desconhecida pela ciência. A “entropia” é uma medida da desordem num sistema. Esse Segundo Princípio estabelece que qualquer processo leva a uma entropia constante ou maior do universo. Pode ser entendido em termo de probabilidade, ((WIKIPEDIA, op cit). Ela, a entropia sempre aumenta, porque uma grande quantidade de desordem é, por definição, mais provável do que se o sistema for ordenado. Pode-se demonstrar isso sob várias maneiras, verificando se a entropia de um sistema aumentou mesmo, e em ambas as maneiras obteremos a mesma resposta, (BERTULANI, s/d), assim: a) a entropia aumenta quando calor passa de um objeto mais quente para um objeto mais frio b) a entropia aumenta quando o gelo derrete ou então quando a água é aquecida ela pode entrar em ebulição, evaporando, neste caso o calor passa do ar para a água e vice versa, etc. c) também, a entropia aumenta quando um gás passa de um meio sob pressão para outro de pressão mais baixa. Mas quando a água esfria ou até congela, a entropia diminui?. Sim, se considerarmos como um estado inicial de matéria e isto não viola a segunda lei da termodinâmica, pois por outro lado alguma coisa sofreu aumento de energia. Ela só nos diz que a entropia total do universo sempre aumenta. A entropia pode diminuir em algum lugar, desde que ela aumente em outro lugar pelo menos da mesma quantidade. A entropia de um sistema diminui somente quando ele interage com outro sistema, este tendo sua entropia aumentada no processo, (BERTULANI, op cit). Considere um sistema em duas condições diferentes, por exemplo 1kg de gelo a 0oC, que derrete e torna-se em 1kg de água a 0oC. Associamos a cada condição uma quantidade chamada de entropia. A entropia de uma substância é uma função da condição da substância. A entropia é independente da história passada da substância. Assim, a entropia de 1kg de água a 0oC é a mesma daquela obtida do gelo derretido, ou se esfriarmos a água da temperatura ambiente para 0oC, (BERTULANI, op cit). Para um sólido e líquido ela é função de sua temperatura e estrutura interna, (para um gás ideal ela é uma função de sua temperatura e volume). Ainda mais, vamos explicar melhor todo esse conceito. Podemos pensar como se tivéssemos uma série de moedas. Uma ordem perfeita é aquela onde todas as moedas apresentam cara ou todas apresentam coroa. Para qualquer número de moeda, existe somente uma combinação que corresponde a esta situação, aparecendo só o lado cara ou aparecendo só o lado coroa. Agora, aleatoriamente, aparecendo moedas com cara e aparecendo moedas com coroa haverá muitas outras combinações que resultam em sistemas desordenados ou misturados, onde uma parte é cara e o resto é coroa. Aumentemos do número de moedas, e então aumenta-se o número de combinações que correspondem a sistemas desordenados. Para um número muito grande de moedas, o número de combinações correspondendo a ~50% coroas e ~50% caras são as mais prováveis, e obter um resultado de 50/50 fica muito mais provável. Quanto maior o número de moedas, maior será a chance de se obter os 50% de cada. Como se percebe, a entropia ocorre quando um sistema tende naturalmente para o desordem, tendendo ao máximo ou entropia máxima, a medida que se aumente o número de dados de uma ou várias ocorrências ou variáveis, chegando-se à proximidade de acerto máximo das mesmas, (entropia máxima). Mas o que isso tem haver com a aqüicultura? Em aqüicultura, tomando-se o sistema como um todo, quanto às relações só da variável temperatura com o sistema aquáticos, (lago, tanque, represa, etc.) e do conceito de caloria, tem-se constantemente a ocorrência natural de ações e resultados em uma desordem aparentemente cada vez maior, (embora se pareça, as vezes, estável), a medida que ocorrem dezenas, centenas e milhares de inter-relações. Em cada momento, em cada instante, em cada ponto, em cada local, em cada profundidade, em cada área longitudinal ou vertical, têm-se e ocorrem variações ou trocas de calor, do maior para um menor valor, sempre numa tendência de equilíbrio entre as partes. Isso ocorre aleatoriamente sob a lei da probabilidade. Só um acompanhamento, tabulação e a procura de interpretações das ocorrências é que permite chegar ao máximo entendimento dessa notável dinâmica comportamental, portanto tendendose à entropia máxima. Então, é a probabilidade servindo para o acerto de uma ou várias ocorrências. O conceito de entropia pode ser aplicado à todas as variáveis físicas, químicas e biológicas, de um sistema. No caso da temperatura em sistemas aquáticos utilizados para manutenção, criação e reprodução de organismos aquáticos, deve-se sempre ter em mente que tal variável controla o fluxo de calor entre dois meios, o liquido e o gasoso, tendendo ao equilíbrio, podendo-se supor o mesmo para qualquer sistema natural, aonde tende-se a atingir sua entropia máxima. Pode-se dizer então que exista uma relação direta entre as ocorrências ou variações na temperatura e sua entropia. Tal relação, por sua vez depende do trabalho exercido, do calor gerado e da temperatura do sistema. E isso é energia. A energia sempre se conserva, permanece a mesma, só aumentando de tivermos acréscimo de trabalho. Mas a entropia sempre aumenta. Só os acima expostos justificaria a monitoração, determinação constante e/ou mesmo diária das variáveis temperatura do ar e da água, (vale para todas as outras variáveis), quando de um empreendimento aqüicola sério e que queira ser rentável e lucrativo. Ai, com tal procedimento, certamente diminui-se as tidas surpresas desagradáveis e na maioria das vezes com justificativas esdrúxulas, como: foi culpa do tratador, (peão), o vizinho “pós olho gordo”, ou esse peixe/espécie é muito sensível a qualquer alteração na temperatura, etc., etc., e tal. Quanto mais determinações se tenha, mais chance de ocorrer acertos nas explicações dos porquês das possíveis ocorrências. Energia O Sol, além de fonte de vida, é a origem de toda as formas de energia que o homem vem utilizando durante sua história e pode ser a resposta para a questão do abastecimento energético no futuro, uma vez que aprendamos a aproveitar de maneira racional a luz que esta estrela constantemente derrama sobre nosso planeta. Brilhando a mais de 5 bilhões de anos, calcula-se que o Sol ainda nos privilegiará por outros 6 bilhões de anos, ou seja, ele está apenas na metade de sua existência e lançará sobre a Terra, só neste ano, 4000 vezes mais energia que consumiremos, (SZOKOLAY, 1978). A Terra recebe energia radiante do Sol a um regime de 173x1015 W (*), emitindo uma quantidade idêntica. Esta é uma condição do equilíbrio. A emissão depende da temperatura da Terra, ou seja, a temperatura do planeta tal qual o conhecemos é a temperatura de equilíbrio na qual a admissão é igual à emissão de radiação. Assim, se a admissão mudasse por qualquer razão, a temperatura de equilíbrio também se modificaria. (*) Área projetada da Terra = (6.3x106)2 x 3,14 = 124x1012 m2; Constante Solar = 1395 W/m2; Energia recebida = 124x1012 x 1395 = 173x1015 W Aproximadamente 30% da radiação entrante na Terra, se reflete sem mudança na amplitude de onda. Cerca de 47% é absorvida pela atmosfera e pela superfície terrestre, provocando um aumento de temperatura e, em seguida, irradia-se novamente para o espaço. Apenas os 23% restantes penetram no sistema terrestre e passam a ser a força motriz de ventos, correntes, ondas, modela nosso clima e proporciona o ciclo da água. Em última instância, também será re-irradiado ao espaço. Somente 0,02% desses 23%, penetra no sistema biológico, por fotossíntese, nas plantas e em outros organismos "produtores". Uma pequena proporção da energia armazenada como energia química em plantas e tecidos de corpos animais se acumularam com durante milhões de anos, sob condições geológicas favoráveis, na forma de carvão e óleos minerais, convertendo-se em nossas reservas de combustíveis fósseis. Então, a energia irradiada pelo Sol é a fonte de quase toda energia disponível ao homem, seja como energia vital ou força motriz e de transformação na execução de tarefas cotidianas. No nosso ecossistema, através de diversos ciclos naturais, a radiação solar é convertida em diversos outros tipos de energia. Mas, corriqueiramente, o termo "Energia Solar" só é utilizado para expressar as formas de aproveitamento da radiação solar direta. As formas de aproveitamento indireto, que se valem do aproveitamento de energia produzida em sistemas, processos ou fenômenos que têm a radiação solar como fonte primária, geralmente são referidas de forma específica, (retirado do site: www.aondevamos.eng.br – textos), assim: - Biomassa - a energia química, produzida pelas plantas na forma de hidrocarbonetos através da fotossíntese - processo que utiliza a radiação solar como fonte energética - é distribuída e armazenada nos corpos dos seres vivos graças a grande cadeia alimentar, onde a base primária são os vegetais. Plantas, animais e seus derivados são biomassa. Sua utilização como combustível pode ser feita das suas formas primárias ou derivados: madeira bruta, resíduos florestais, excrementos animais, carvão vegetal, álcool, óleos animal ou vegetal, gaseificação de madeira, biogás, etc. - Hidroenergia - energia cinética das massas de água dos rios, que fluem de altitudes elevadas para os mares e oceanos graças a força gravitacional. Este fluxo é alimentado em ciclo reverso graças a evaporação da água, elevação e transporte do vapor em forma de nuvens, naturalmente realizados pela radiação solar e pelos ventos. A fase se completa com a precipitação das chuvas nos locais de maior altitude. Sua utilização é bastante antiga e uma das formas mais primitiva é o monjolo e a roda d’água. A hidroenergia também pode ser vista como forma de energia potencial; volume de água armazenada nas barragens rio acima. As grandes hidrelétricas se valem das barragens para compensar as variações sazonais do fluxo dos rios e, através do controle por comportas, permitir modulação da potência instantânea gerada nas turbinas. - Energia eólica - energia cinética das massas de ar provocadas pelo aquecimento desigual na superfície do planeta. Além da radiação solar também têm participação na sua formação fenômenos geofísicos como: rotação da terra, marés atmosféricas e outros. Os cata-ventos e embarcações a vela são formas bastante antigas de aproveitamento. Os aerogeradores modernos de tecnologia recente têm se firmado como uma forte alternativa na composição da matriz energética de diversos países. Pode se distinguir várias formas de captação de energia solar: basicamente como conversão térmica, química e elétrica. - conversão térmica: os métodos de conversão térmica da energia solar se fundamentam na absorção da energia radiante por uma superfície captadora; envolve difusão, absorção de fótons, aceleração de elétrons, múltiplas colisões, mas o efeito final é o aquecimento, ou seja, a energia - - radiante de todas as qualidades (todas as amplitudes de onda) se transformam em calor, pois as moléculas das superfícies se excitam, ocorrendo um incremento na temperatura; os captadores são a forma mais comum de captação de energia, convertem a energia solar com baixo custo e de forma conveniente; o processo geral empregado é o de efeito estufa, o nome vem da própria aplicação, em estufas, onde se pode criar organismos exóticos em climas frios, pela melhor utilização da energia solar disponível. conversão química: as formas mais importantes de conversão química da energia solar são os processos foto-bioquímicos; os organismos biológicos classificados como produtores sintetizam carbohidratos a partir de água e dióxido de carbono, absorvendo energia solar e a armazenando em forma de ligações químicas; essa energia se dissipa através da cadeia alimentar e, em última instância é re-irradiada ao espaço, (SZOKOLAY) conversão elétrica: a conversão direta da energia solar em energia elétrica pode ocorrer através de dois processos: conversão termoelétrica e conversão fotoelétrica, cada um deles podendo ser realizado de diversas maneiras. Bibliografia recomendada BARRA, s/d - Parâmetros de análise da água. IN: http://barra.uol.com.br/univtool.map BERTULANI, C.A . -A segunda lei da termodinâmica; UFRJ. Projeto de Ensino de Física a Distância. IN: www.if.ufrj.br/persons/bertuloni.htm. s/d CHAPLIN, M. Water Strutucte and behavor. (http://www.sbu.ac.uk/water/index.html FUNDAMENTALS OF PHYSICAL GEOGRAPHY. http://www.geog.ouc.bc.ca/physgeog/contents/8a.html - 2002. Introduction of hidrology. HIRATA, R. Recursos Hídricos. In:TEIXEIRA, W.; TOLEDO, M.C.M.; FAIRCHIL, T.R.; TAIOLI, F. Decifrando a Terra. São Paulo, Oficina de Textos, 422-444p., 2001. MACEDO, J.A.B. ÁGUAS & ÁGUAS. São Paulo, Livraria Varela, 2001. NOGUEIRA, C. O planeta tem sede. Revista Veja, v.32, n.46, p.154-156, 1999. PÁDUA, H.B. de. Temperatura (ºC) & Transparência (cm), em sistemas aquáticos/ Como medir. SP/SP. 2004; 4p. www.setorpesqueiro.com.br/aquicultura-col. Helcias B. de Pádua [email protected] _____________ Qualidade das águas na aqüicultura. 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IN: Energia Solar; elaborado por: Carlos Arthur de Oliveira Fernandes & Vinícius Mendes Guaronghi Sem conhecimento não existe cultura Sem cultura não existe ciência Sem ciência não existe desenvolvimento H.B. de Pádua2005