Pelo Salário Mínimo! Educação 2 Contra a selecção precoce nas escolas USS A luta contra o dumping salarial continua Racismo 3 Fronteira aberta para a xenofobia 4 Nr. 1 | Februar 2011 | português Erscheint als Beilage zur Zeitung «work» | Redaktion T +41 31 350 21 11, F +41 31 350 22 11 | [email protected] | www.unia.ch 2011: Ano do salário mínimo Salário mínimo para uma vida digna Quem trabalha a tempo inteiro na Suíça deveria poder viver de forma digna. Este não é o caso para 400.000 trabalhadores que ganham menos do que 22 francos à hora. A USS lançou no dia 25 de Janeiro a campanha de recolha de assinaturas para a Iniciativa pelo Salário Mínimo. A USS exige um salário mínimo garantido de 22 francos à hora. Os prémios da caixa de saúde e os elevados preços das rendas das casas pesam no orçamento familiar dos assalariados. Muitos, apesar de trabalharem a tempo inteiro, dependem do subsídio social. Uma em cada sete pessoas na Suíça já corre o risco de cair numa situação de pobreza. Salário mínimo contra o dumping salarial O salário mínimo é um direito fundamental que permite acabar com o escândalo que é a pobreza dos trabalhadores e é um pré-requisito para uma vida digna. A pressão sobre os salários aumenta sem parar. O motivo: Empregadores sem escrúpulos cortam nos salários. Eles pagam menos do que o habitual Taxa de desemprego Aumento preocupante Em Dezembro de 2010 mais de 150’000 pessoas estavam desempregadas. Este número, muito acima da média dos anos passados, indica que o mercado de trabalho suíço está a viver uma fase de recessão. Acção em frente ao Parlamento em Berna para marcar o lançamento da Iniciativa pelo Salário Mínimo. no ramo ou na região, dão os trabalhos a empresas baratas ou servemse de empregados temporários com salários muito baixos. E quem é que vai exigir um aumento de salário se o empregador pode recorrer em qualquer momento a mão-de-obra barata? Salário mínimo contra a exploração Só um salário mínimo protege contra a pressão sobre os trabalhadores. Porque um limite mínimo é um apoio até para quem ganha melhor. Ele ajuda os trabalhadores e os seus sindicatos a reivindicarem melhores salários para todos. Na Suíça, os lucros dos accionistas e os rendimentos dos di- rectores de empresas explodiram nas duas últimas décadas. Em empresas grandes, a relação entre o rendimento médio de um director e os salários anuais mais baixos já é de 1:55. Um pequeno grupo de directores e administradores privilegiados ganha numa semana mais do que cem mil trabalhadores num ano inteiro! Dinamizar grupos locais de activistas A Iniciativa pelo Salário Minímo garante que o dinheiro irá para aqueles que dele têm realmente necessidade. Todos lucram com isto: os salários mínimos fazem aumentar o poder de compra, o que leva à criação de novos postos de trabalho. A recolha de assinaturas deverá decorrer durante o ano de 2011. O comité central do Unia decidiu em Dezembro um quota de recolha por regiões. O objectivo é recolher o número suficiente de assinaturas até ao final do ano. A campanha da Iniciativa pelo Salário Mínimo deve ser realizada por militantes activos das secções/regiões. Por isso, pedimos a todos os sindicalistas de origem estrangeira que também colaborem activamente com os colegas suíços, apoiando as actividades e trabalhando com associações e grupos específicos da sua língua, a nível local, regional e nacional, de forma a todos contribuírem para o sucesso da iniciativa. Unia Projecto Militantes Encontro dos secretários sindicais Aproximadamente 300 secretários sindicais do Unia estiveram presentes no Encontro de Olten. 6 grupos, a discussão sobre como dar apoio ao Projecto Militantes, um trabalho exigente e fundamental para o futuro do Unia. Os resultados do trabalho nos grupos mostraram que criar relações de confiança através de redes e de trabalho conjunto é fundamental para o projecto. A reduzida protecção contra despedimentos dos militantes sindicais foi uma das grandes preocupações dos secretários e das secretárias. Reflectiu-se, por isso, em possíveis medidas que garantam essa protecção. Foi exigida formação continuada, direccionada para a prática e que corresponda às necessidades dos militantes e ainda que os militantes possam participar nas campanhas desde o início. 300 secretários e secretárias sindicais do Unia reuniram-se pela primeira vez no dia 17 de Janeiro de 2011, no chamado Encontro de Olten, e debateram os resultados do encontro de militantes do dia 18 de Setembro 2010. O Projecto Militantes é uma peça fundamental do «Unia Forte» e representa uma viragem no trabalho sindical. O encontro foi dirigido e moderado por Vania Alleva, da direcção do Unia. Desenvolvimento sindical Marisa Pralong, representante dos militantes, abriu o Encontro de Olten fazendo um voto sobre a importância do «Unia Forte». Depois das boas-vindas da co-presidência, Vasco Pedrina apresentou os 10 «mandamentos» Depois da discussão, Nico Lutz, da Central Unia, fundamentou e apresentou as perspectivas da direcção do projecto. Alguns excertos do seu discurso: «O Unia é uma organização forte com grande potencial. Somos uma organização eficaz na realização para o trabalho sindical no que toca à construção de redes de militantes. Representantes das regiões fizeram breves relatos sobre as suas experiências e todos frisaram a importância deste trabalho. Depois seguiu-se, em de campanhas. No entanto, o Unia tem de, no futuro, aumentar o número de sócios e de militantes e ligá-los a si, de forma a estar cada vez mais presente nas empresas. Levar à participação «O objectivo é levar à participação activa do maior número possível de sócios. Só se sinceramente permitirmos que militantes e sócios activistas tenham um papel activo nos processos de decisão poderemos conquistar a sua confiança. Temos de investir na formação, que deve ser acessível e direccionada para as necessidades dos militantes e dos funcionários sindicais. De forma geral, temos de oferecer mais formação política e privilegiar a formação de equipas. O nosso trabalho diário para o Unia deve estar sujeito a uma orientação conjunta da organização. É esse o desafio que nos coloca o trabalho com os militantes: um Unia Forte com uma forte participação dos militantes». / Osman Osmani Para os desempregados e as desempregadas, o ano de 2011 será duro por dois motivos: Em Abril, a nova Lei do Subsídio de Desemprego (AVIG/LACI) entrará em vigor. Cerca de 15.000 pessoas agora sem trabalho perdem o direito a este subsídio. Os desempregados e desempregadas de longa data são quem mais sofrerá com as mudanças. Mais de um terço desta população tem mais de cinquenta anos e terá grandes dificuldades em encontrar um novo emprego. Ao perderem o direito ao subsídio, eles e elas deverão recorrer à ajuda social, uma perspectiva sombria, especialmente para pessoas mais idosas. Estas terão de utilizar todo o montante acumulado na Caixa de Pensões (2° pilar) antes de receber a ajuda social. Consequência: Não só a pensão diminuirá quando as pessoas passarem a depender da ajuda social, como também as pensões de reforma serão extremamente reduzidas. Consequências nocivas do franco forte e da conjuntura económica O franco forte e a difícil recuperação dos demais países pesam sobre o mercado suíço de trabalho. As previsões da Universidade da Basileia indicam que o número de desempregados e desempregadas não diminuirá este ano. As regiões onde a actividade turística ou as indústrias de máquinas e metalúrgica são preponderantes serão as mais atingidas. Muitas dessas regiões já apresentam uma forte taxa de desemprego (Arco do Jura, Valais). O governo deve agir Frente a tal situação, a Confederação não pode continuar inactiva. A melhor solução seria prorrogar a entrada em vigor da Lei sobre o Subsídio de Desemprego devido à forte recessão que continua a dominar o mercado de trabalho e a sobrevalorização do franco. Não podemos permitir que as prestações do subsídio de desemprego sejam deterioradas em plena crise, ou seja, justamente quando são mais necessárias. / União Sindical Suíça horizonte Notícias breves Um modelo de segurança: A Alcan, empresa de alumínio, é premiada pelo Suva O Suva ofereceu à empresa de alumínio Alcan, do cantão do Valais, um prémio pela sua política de segurança. A empresa, que conta com 850 colaboradores, registou uma taxa de acidentes implicando paralisação de trabalho muito inferior à média suíça, que se situa em cerca de 1 acidente por 5 empregados. Na Alcan, essa média situa-se em 1 acidente por 300 empregados! Parabéns à Alcan! Salário mínimo: Iniciativa vai arrancar agora O arranque definitivo da recolha de assinaturas para a iniciativa pelo salário mínimo é no dia 25 de Janeiro de 2011. O Unia e a USS informam numa conferência de imprensa em Berna sobre os objectivos da iniciativa. Já existem os logótipos e o material para a campanha. A recolha de assinaturas irá decorrer ao longo do ano e deve dinamizar o movimento nas regiões, secções e sectores. O objectivo é recolher as assinaturas necessárias até ao final do ano. CCT válido até ao Verão: Os carpinteiros terão um aumento salarial de 1,5% O Unia e o Syna aceitaram a 10 de Dezembro de 2010 a oferta da Associação Suíça de Mestres Carpinteiros e Fabricantes de Móveis (VSSM) de aumentarem os salários 1,5% em 2011. Desta percentagem, 1% será atribuída a todos e 0,5% será atribuída individualmente. Os salários mínimos mantêm-se inalterados em 2011. O Unia não vai denunciar o CCT no final de 2010 e alarga o seu prazo até 2011. Greve em Barbey SA: Valeu a pena para os trabalhadores O Unia assinou um contrato colectivo de trabalho (CCT) com Barbey SA, produtor de sandes de Granges-Marnand, cantão Vaud. A assinatura do contrato marca o fim de um conflito que no mês de Maio passado levou a uma greve na padaria. O novo CCT prevê um horário semanal de 42 horas, 2 semanas de férias e melhor protecção em caso de doença e de acidente. Dumping salarial: Trabalho temporário atinge proporções alarmantes No sector secundário, surgiram 8000 novos empregos temporários no terceiro trimestre do ano passado. Neste período, apenas foram registados 4300 empregos fixos. Isto significa que 4000 postos fixos desapareceram! A USS exige a criação urgente de um CCT que prescreva salários mínimos. Sindicalista absolvido: Acusado na luta pela renovação do CNT 2008 Um secretário do Unia acusado de coacção e de violação de propriedade foi absolvido pelo Tribunal de Comarca de Zurique. Este decidiu que o secretário sindical não poderia ser considerado responsável pelo bloqueio de 1 de Abril 2008 à empresa Kies- und Betonwerk, Kibag AG, de Wollishofen, Zurique. Ao secretário foram atribuídas uma indemnização de 600 francos por danos e outra de 10’000 francos para os custos legais do processo. 2 Nr. 1 | Februar 2011 | português Fundação de um novo sindicato Educação A co-presidência: Alain Carrupt e Danièle Lenzin; © Margareta Sommer Cristina Anliker, secretária sindical do departamento de Migração do sindicato Unia trava há anos uma luta contra a selecção precoce nas escolas, uma realidade que afecta inúmeras crianças com um percurso ligado à migração. syndicom: pronto para o futuro No dia 3 de Dezembro nasceu em Berna um novo sindicato: O Sindicato da Comunicação e o comedia fusionaram e deram origem a syndicom – o sindicato dos médias e da comunicação. À frente desta organização de 47.000 membros estão os co-presidentes Alain Carrupt e Danièle Lenzin. Esse é o resultado de um longo processo que modifica a paisagem sindical suíça. Na sexta-feira dia 3 de Dezembro, 500 delegados e delegadas do Sindicato da Comunicação e de comedia reuniram-se no Stade de Suisse em Berna para um congresso de fusão. Contando com 47.000 membros, o novo syndicom torna-se um dos três mais importantes sindicatos da USS. Menos importante que a sua posição no ranking é a vontade que o syndicom tem de aumentar a sua capacidade de acção sindical e política e a vontade de ter um papel mais activo no debate público sobre o plano de parceria social. syndicom pretende assim estar mais próximo de seus membros e organizar ainda mais os trabalhadores e as trabalhadoras nos sectores de logística, telecomunicações e média. Mais do que a adição de dois sindicatos syndicom é mais do que a adição de seus dois sindicatos fundadores: é também uma estrutura militante renovada e mais eficaz. É uma estrutura profissional apta a reagir positi- vamente às mutações que vivem os ramos da sua área de acção, graças à sua presença em campo. A partir do dia 1 de Janeiro, syndicom contará com nada menos que 17 secretarias regionais (9 pertencentes ao Sindicato da Comunicação e 5 à comedia). Alain Carrupt e Danièle Lenzin co-presidentes Além da fusão, os delegados sindicais tomaram uma decisão importante: Nos próximos três anos o sindicato será dirigido em co-presidência por Alain Carrupt, antigo presidente do Sindicato da Comunicação e Danièle Lenzing, antiga co-presidente de comedia. Uma identidade visual moderna e uma promessa de sucesso A identidade visual de syndicom foi confiada, depois de um concurso, ao estúdio KO de Yverdon-les-Bains. Visualmente ela tenta traduzir, através de uma gama de pictogramas, os diferentes ramos, valores e acções que compõem o novo sindicato. No final do dia, o nascimento de syndicom foi saudado por Philip Jennings, secretário-geral da UNI global union: «Em nome dos 20 milhões de membros em 150 nações e 900 sindicatos, nós desejamos muito sucesso a syndicom. Comprometemo-nos hoje, syndicom e UNI global union, a mudar o mundo do trabalho. Para isso, devemos mudar as regras do jogo na Suíça e no mundo. Estamos todos juntos no mesmo combate!» Escola sem selecção é uma ilusão? Há anos engajo-me para que todas as crianças em idade escolar possam ter as mesmas oportunidades de seguir uma carreira escolar de sucesso, independentemente do seu estatuto social ou da sua origem. Quando o assunto é educação, infelizmente, a igualdade de oportunidades não é garantida na Suíça. De acordo com o estudo PISA, o aproveitamento escolar de uma criança é ligada, em grande parte, à situação socioeconómica e à origem da família. São particularmente afectadas e desfavorecidas as crianças de língua materna estrangeira. A selecção discrimina as crianças em idade escolar – elas não são seleccionadas em função do seu sucesso escolar, mas em função da sua residência, sexo ou antecedentes socioeconómicos. A selecção discriminatória é uma realidade Inúmeras pesquisas comprovam que a selecção discriminatória é uma realidade para muitos estudantes. Todos os anos, em média, o cantão de Berna envia metade dos seus alunos e alunas para o ensino de «exigência elementar» (Realklassen) e isso devido a avaliações incorrectas. Estes erros de avaliação têm consequências drásticas sobre o percurso escolar destas crianças. Isso pode ser constatado através do estudo longitudinal TREE (www.tree-ch.ch). Em Setembro, o Conselho Nacional rejeitou a moção sobre a igualdade de oportunidades, «Escola sem selecção». Essa recusa foi explicada pelo director pedagógico responsável pelo cantão de Berna Juntos por uma escola sem selecção. da seguinte forma: «Mesmo que os estudos e as reflexões referentes à reforma da educação constatem vantagens em uma escola sem selecção, nenhum cantão suíço tomou qualquer tipo de medida pela abolição da selecção nas escolas». A política ignora a situação dos pequenos migrantes A visão de uma escola sem selecção não tem um grande apoio político. Contudo, eu me engajo como promotora desta visão e luto, dentro da associação por uma «escola sem selecção» (VSoS – www.vsos.ch). A VSoS engaja-se pela abolição da selecção durante o ensino fundamental. Ela procura associar-se a outras organizações existentes que tenham o mesmo objectivo. Seu trabalho é contribuir e reforçar as estruturas pedagógicas, com o objectivo de encorajar ao máximo o potencial dos jovens de amanhã e de apoiá-los em seus caminhos profissionais para que se tornem, dentro da nossa sociedade, adultos fortes e independentes. Posição do Sindicato Tendo consciência das discriminações inerentes a uma tal selecção e da importância central deste tema, a USS e o SPP/vpod aderiram a essa causa através dos seus posicionamentos políticos relacionados com a formação. Associe-se você também a esta causa através do endereço electrónico [email protected]. / Cristina Anliker Mansour Reagrupamento familiar na Suíça. Como funciona? Uma família tem o direito de viver junta, reza a Constituição. Mas o que significa isto para os estrangeiros e estrangeiras? Christina Anliker Mansour, responsável pelo departamento de migração do Unia, responde a esta pergunta. Porque existe o reagrupamento familiar? O direito de viver em família está assegurado no artigo 14º da Constituição suíça. A ideia por detrás desta lei é que as famílias possam viver juntas, desde que um membro seu tenha como residência principal a Suíça. Como faço para beneficiar deste direito? Após a revisão da lei para os estrangeiros, tornou-se mais difícil beneficiar dele. Eu conheço famílias que, mesmo preenchendo os requisitos necessários, jamais teriam conseguido reunir-se sem ajuda jurídica. Que autorização de residência devo ter para poder beneficiar do reagrupamento familiar? Se tiver uma autorização de residência, ou de residência permanente, pode fazer valer os seus direitos. Se tiver uma autorização de residência por curta duração (L), o requerimento poderá vir a ser aprovado – mas não tem direito legal a ele. Estrangeiros com autorização F poderão consegui-lo depois de 3 anos numa lista de espera. Existem diferenças em função do país de origem do candidato? É mais fácil para os cidadãos da UE e da EFTA trazerem os familiares estrangeiros para a Suíça do que para os suíços! Os primeiros podem, por exemplo, trazer membros até 21 anos, enquanto que os suíços só o podem trazer jovens com menos de 18 anos. Isto é, por assim dizer, uma «situação de discriminação inversa». O socialista Andy Tchüperlin lançou uma iniciativa parlamentar contra esta prática. Quem posso trazer para a Suíça? Somente cônjuges e filhos ou pais e irmãos? E o meu parceiro ou a minha parceira do mesmo sexo? Para relações registadas, são válidos os mesmos direitos que para casados. Para parceiros homossexuais que não se queiram registar por razões excepcionais – como, por exemplo, em caso de perseguição a homossexuais no país de origem – poderá ser tomada uma decisão como caso difícil. Familiares em linha directa, como pais, avós e irmãos, podem requerer este direito somente se for provado que dependem única e exclusivamente do residente. Existem prazos a cumprir? Sim. Tem de fazer valer o direito de reagrupamento no prazo de 5 anos, se tiver filhos com menos de 12 anos. Se os filhos forem mais velhos, o reagrupamento tem de ser feito no prazo de 12 meses. Christina Anliker Mansour. O que é importante quando a família chegar? O que devo ter em atenção? Deve informar-se bem sobre a vida na Suíça, sobre a aprendizagem da língua, as oportunidades de formação e de emprego, dinheiro, direitos e deveres. A integração no país depende de muitos factores e nem todos são da sua responsabilidade. Pode ser, por exemplo, difícil encontrar um emprego adequado às suas qualificações profissionais. Isto pode levar a vários problemas, económicos e psíquicos. Mas a atitude e a aprendizagem da língua são muito importantes para a integração de toda a família. horizonte Nr. 1 | Februar 2011 | português Política sindical Migração Não ao dumping salarial na Suíça e na EU No dia 15 de Dezembro a USS e seus sindicatos afiliados protestaram em frente da embaixada da UE em Berna contra a supressão das medidas de protecção sobre a livre circulação. Os sindicatos suíços sempre apoiaram a integração europeia e a livre circulação de pessoas, contanto que esta preveja medidas de protecção eficazes contra o dumping salarial. Ora, dentro do espaço da UE diversos comités conduzem actualmente uma política contrária aos interesses dos trabalhadores e colocam em questão as medidas de protecção contra o dumping salarial. Renzo Ambrosetti, co-presidente do Unia e presidente da FEM. Primeira crítica Segunda crítica Primeira crítica: nos últimos anos, os Estados membros da UE salvaram seus bancos da crise injectando neles centenas de milhões de euros. Agora são os trabalhadores que devem pagar a conta deixada pela crise através de sacrifícios salariais e um desmantelamento social brutal. São precisamente essas as consequências do endurecimento das medidas económicas em discussão no seio da UE. Os sindicatos de toda Europa opõemse vigorosamente as tais mudanças. De Belfast a Atenas e de Lisboa a Riga, os sindicatos europeus protestaram e exigiram em uníssono que o sector financeiro contribua com o paga- Os tribunais europeus colocam cada vez mais em questão o princípio:«o mesmo salário para o mesmo trabalho no mesmo lugar». A consequência é o pagamento de salários poloneses na Alemanha e de salários alemães na Suíça. Chegou a hora das autoridades políticas europeias se engajarem claramente por este princípio de base. Caso contrário, a livre circulação de pessoas se voltará contra os trabalhadores. medidas de acompanhamento obrigatórias, que empresas estrangeiras respeitem os salários suíços. Ora, as medidas de protecção contra o dumping salarial são indispensáveis a Suíça. A EU deveria proceder a uma extensão pontual das medidas de acompanhamento e não ao desmantelamento das medidas existentes. mento dos custos da última crise à través de um imposto especifico que deverá ser cobrado às transacções financeiras. Terceira e última crítica A UE e seus Estados membros pressionam continuamente a Suíça. Isso porque a Suíça obriga, através de Mais respeito pelos trabalhadores Nós esperamos que a Suíça defenda as suas medidas de acompanhamento e que os Estados da EU respeitem as medidas de protecção adoptadas pela Suíça contra o dumping salarial. Não é admissível que os trabalhadores tenham que pagar a conta da crise sendo que no topo da hierarquia os aproveitadores enchem os seus bolsos. Por isso exigimos: Não ao dumping salarial na Suíça e na Europa! Mais poder para a base – a caminho de um Unia Forte Os militantes fizeram-se ouvir em Lausana O Congresso extraordinário do Unia que aconteceu em Lausana nos dias 3 e 4 de Dezembro foi rico em discussões e resoluções. Participaram no congresso extraordinário mais de 350 delegados do sindicato Unia, 150 secretários sindicais e convidados. Sob o lema «Unia Forte», o congresso foi marcado por diversas intervenções. Os delegados foram convidados a pronunciar-se sobre aquilo que, por falta de tempo, não pode ser tratado durante congresso ordinário de Lugano em 2008. Crise e xenofobia A crise e o crescimento da xenofobia na Suíça foram os temas abordados por Andreas Rieger, co-presidente da Unia desde 2010. Para ele, a actual situação de crise suscita respostas simplistas da parte da extrema-direita: «Face a essa situação, nós devemos nos unir, porque o verdadeiro problema são os ricos e gananciosos, não os migrantes». Para combater essa tendência extremista o Congresso adoptou o lançamento de uma vasta campanha contra a xenofobia. De «pessoa de confiança» a «militante» Renzo Ambrosetti, co-presidente do Unia, concentrou-se no tema central do debate: «as pessoas de confiança» O congresso de Lausana foi um sucesso. e afirmou que devemos esforçar-nos por melhorar e expandir nossas redes de base uma vez que: «nossa força reside nas pessoas de confiança, que têm um papel importante e activo em campo». Uma discussão aberta foi conduzida sobre o texto de orientação. Uma das pautas foi a pertinência do termo «pessoas de confiança», muito criticado pela base. Finalmente, o congresso decidiu substituí-lo, na versão francesa, pelo termo militante. Resoluções Abaixo os despedimentos O debate sobre o apoio às pessoas de confiança colocou em evidência a necessidade de proteger os delegados sindicais dentro das empresas. O congresso adoptou uma resolução contra os despedimentos anti-sindicais e em prol dos direitos dos trabalhadores. Assim sendo, o movimento sindical seguirá sua campanha para assegurar o direito dos seus militantes sobre quatro eixos principais: nMaior protecção contra a repressão e o despedimento de sindicalistas activos, nDireito ao beneficio de um tempo de distanciamento remunerado, nAcesso aos locais de trabalho para os secretários sindicais, nMaior protecção contra os despedimentos «por motivos económicos». Prioridades para o futuro Para o futuro, o sindicato reservou um certo número de prioridades: nOpor-se ferozmente a toda tentativa de desmantelamento das prestações sociais ou salariais, nLutar pela implantação de salários mínimos através da iniciativa que será lançada em Janeiro, nReivindicar salários mais altos, correctos e iguais defendendo o principio «um salário igual para um trabalho igual, no mesmo lugar» e finalmente, nImpedir os despedimentos colectivos e reforçar a resistência junto com os trabalhadores. 3 Quando os migrantes criam empregos Um estudo revela um aspecto pouco conhecido da integração: As empresas criadas pelos imigrantes geram 275’000 empregos na Suíça. Um estudo encomendado pela OCDE à Universidade de Neuchâtel revela que pelo menos 10% dos migrantes activos na Suíça têm um estatuto independente e que as suas empresas geram aproximadamente 275’000 empregos! A «mão-de-obra estrangeira» é continuamente tema de diversas pesquisas e estatísticas. Curiosamente, o trabalho independente dos migrantes raramente é estudado. Muito se sabe sobre os trabalhos ocupados pelos migrantes mas pouco se sabe sobre o emprego que eles criam. O estudo encomendado pela OCDE ao professor Etienne Piget, da Universidade de Neuchâtel, mostra que em 2009 a Suíça contava com 76 000 estrangeiros e estrangeiras trabalhando por conta própria, ou seja, mais 50% do que há 18 anos. Se incluirmos neste número as pessoas naturalizadas, chegamos a um total de 135 000 independentes com um percurso migrante, ou seja 9,6% da população activa migrante. Em comparação, esta proporção é de 15% entre a população suíça. Os empresários estrangeiros, ou de origem migrante, ocupam geralmente os mesmos nichos económicos Migrante e patrão. que seus homólogos suíços, com excepção da agricultura onde eles são praticamente inexistentes. Eles são principalmente comerciantes (22%), agentes imobiliários ou informáticos (16,5%), industriais (16%), empresários do sector da construção (10,5%), restauradores e hoteleiros (10,5%). Empresariado como via de integração Segundo Etienne Piget, o trabalho independente dos migrantes na Suíça é principalmente o resultado de uma integração progressiva, mas também uma vontade de evitar as discriminações e as restrições que eles podem sofrer dentro do mercado de trabalho. «O trabalho independente dos migrantes é um factor de integração normalmente esquecido mas ele não é, contudo, uma receita milagrosa para a integração» afirma o professor Piget. / Pierre Noverraz USS – Política monetária O franco forte ameaça 100.000 empregos Daniel Lampart, chefe economista da União Sindical Suíça (USS), anunciou na quarta-feira, dia 5 de Janeiro, haver risco de uma forte redução nos postos de trabalho devido à conjuntura económica: «A especulação sobre o franco suíço e o euro constitui um perigo enorme para a realidade económica suíça. Mais de 100.000 empregos correm o risco de desaparecer» afirma o sindicalista. Lampard, que apresentou um plano de acção que implicaria intervenções do Banco Nacional (BNS) e do Conselho Federal, declarou: «Muitos modelos macroeconómicos mostram que uma valorização de 10% do franco suíço resultará em uma redução de pelo menos 2,5% dos postos de trabalho, ou seja, 10.000 empregos, e teria um impacto de 3% sobre o produto interno bruto.» Essa teoria foi desenvolvida em um documento publicado em Setembro de 2010 e demonstra como a redução nas exportações e nas diárias turísticas, devidas à força do franco, conduzem a reestruturações e à perda de postos de trabalho. Efeitos indirectos do franco forte A USS aponta também para os efeitos indirectos do franco forte, uma vez que um aumento do desemprego leva à redução do consumo e tem repercussões sobre as empresas voltadas para o mercado interno. Este será igualmente afectado por uma concorrência crescente dado ao número de importações mais baratas provenientes da zona euro. O efeito da valorização do franco sobre os empregos virá a ser sentido progressivamente. Segundo as perspectivas da USS, espera-se um aumento de 0,5% na taxa de desemprego para o primeiro trimestre. Esse aumento deverá passar para 1% após seis meses e para 2% após 18 meses para finalmente se estabilizar em torno de 2,5% depois de 2 anos e meio. O pico deste aumento deverá ser atingido em quatro anos com um aumento de até 2,7%. Propostas para inverter este quadro Daniel Lampard estima que a especulação sobre as moedas, conduzida por conta própria ou aconselhada pelos bancos aos seus clientes, como UBS, Credit Suisse ou o Banco Cantonal de Zurique, contribui para enfraquecer a economia suíça. Ele propõe que o BNS faça um acordo com os bancos para que estes impeçam a especulação contra o franco suíço. O economista propõe igualmente a instauração de uma dupla taxa de câmbio. Deveria ser também instaurada uma igualdade de câmbio favorável a alguns sectores exportadores, financiada pela Confederação e aprovada pelo Parlamento. O economista da USS estima que, para manter um equilíbrio económico, a taxa de câmbio do euro deveria situar-se em 1,50 francos, valor que está longe da actual realidade monetária. horizonte Nr. 1 | Februar 2011 | português Pergunte, que nós respondemos Pensão de invalidez pendente Só tenho direito a metade da pensão diária? Estou doente e já quase há dois anos que não posso trabalhar a tempo inteiro. Primeiro recebi uma pensão diária por doença. Desde o dia 1 de Março estou desempregada e inscrevi-me na Caixa de Desemprego. Numa primeira avaliação, o seguro de invalidez (IV/AI) chegou à conclusão que eu só poderia trabalhar a tempo parcial. O meu médico atestou-me uma incapacidade de trabalho de 50%. Até ficar doente trabalhei sempre a tempo inteiro. A avaliação do seguro de invalidez ainda não terminou. A caixa pagame metade da pensão diária. Isto está bem? Laura Sager: Não. No seu caso, a Caixa de Desemprego é obrigada a dar-lhe prestações antecipadas. O Supremo Tribunal Federal decidiu que as caixas de desemprego são obrigadas a conceder «prestações antecipadas completas» em casos de processos de pensão por invalidez pendentes. Até que a decisão sobre a pensão de invalidez seja tomada, a senhora tem direito às pensões diárias completas. Isto independentemente do seu grau de incapacidade (no mínimo de 20%, no entanto) e de querer trabalhar ou não. O Centro Regional de Emprego (RAV/ORP) e a Caixa de Desemprego têm de a informar sobre o seu direito a um subsídio correspondente ao montante em falta segurado, que no seu caso corresponde ao do trabalho a tempo inteiro. Tem direito a este dinheiro mesmo que só faça um requerimento para a percentagem de subsídio de desemprego para a qual tem o atestado médico. A obrigatoriedade da prestação antecipada só é válida, no entanto, para o processo de primeira instância. Se receber uma decisão negativa sobre a pensão de invalidez e apresentar recurso, ela deixa de ter validade. Nesse caso, a caixa tem de se basear no grau de incapacidade apurado na decisão. work, 2.12.2010 Cidadania Participação política Uma forma possível de participação política é através de associações e federações. O agrupamento de várias associações de migrantes numa federação dá mais peso às posições políticas tomadas e proporciona uma base mais sólida para a colaboração com responsáveis políticos. O contacto com estes permite uma melhor comunicação dos interesses dos migrantes e que sejam melhor representados. Direito de voto A forma primordial de participação política é o direito de voto, sendo que se distingue entre os direitos de voto activo e passivo. O direito activo é o que qualquer pessoa tem de votar em determinada pessoa e, por exemplo, influenciar por esta via a constituição do Parlamento. O direito de voto passivo permite aos cidadãos candidatarem-se a um determinado cargo político e de serem eleitos. As regras para a participação política diferem, no entanto, a nível federal, cantonal e local. A nível federal, os estrangeiros e as estrangeiras não têm acesso a esta forma de participação política. Só os cidadãos nacionais Faço 50 anos no final deste ano. Na semana passada tivemos de entregar o formulário para marcar as férias para o próximo ano. Mas só lá estão mencionadas 4 semanas de férias. Eu não deveria passar a ter 5 semanas de férias? Heinrich Nydeegger: Em princípio não, embora com o decorrer dos anos este hábito se tenha difundido. Mas o Direito das Obrigações (OR/CO) só prevê, no artigo 329a, o direito a 5 semanas de férias para jovens até 20 anos. Não menciona qualquer direito a 5 semanas de férias a partir dos 50 anos. A situação é diferente se para a sua profissão existir um contrato colectivo de trabalho (CCT). Muitos CCT referem o direito a pelo menos 5 semanas de férias a partir do 50º aniversário. Às vezes até mais. É o caso da indústria de máquina: 30 dias; construção civil: seis semanas; Coop: seis semanas; pintores e estucadores: cinco semanas. Também pode evocar este direito se o CCT tiver sido declarado globalmente vinculativo. Ou caso a sua empresa esteja sujeita ao CCT e o senhor seja sócio do sindicato signatário deste. Work, 18.11.2010 podem ser eleitos e eleger os seus representantes para o Conselho Nacional. O direito de voto permite-lhes decidir sobre projectos de lei que serão votados a nível nacional e influenciar os projectos que irão a votação. Isto pode acontecer quer através de uma iniciativa dos cidadãos quer através de um referendo, desde que para isso tenham sido recolhidas suficientes assinaturas de cidadãos e cidadãs com direito de voto. Dever ou direito? A população suíça também pode exercer o seu direito de voto a nível cantonal e local. Mas existem diferenças entre os cantões e os municípios relativamente ao direito de voto concedido aos migrantes. De acordo com a Constituição Federal, são os cantões quem decide sobre a participação política dos estrangeiros. É, por isso, possível alargar os direitos políticos dos estrangeiros e das estrangeiras, sendo também viável uma participação política em sentido restrito. Os direitos dependem, neste caso, de determinadas condições: podem, por exemplo, depender de um período de residência mínimo na Suíça e no cantão, ou do tipo de autorização de permanência que o migrante deve ter. Os juízes de instrução já não são necessários Entrou em vigor no dia 1 de Janeiro de 2011 um Código de Processo Penal válido para toda a Suíça. Quem agora decide sobre uma demanda penal já não é o juiz de instrução mas o Ministério Público. Este realiza a instrução, faz a acusação e decide sentenças. O objectivo é poupar trabalho e acelerar os processos. Para impedir a concentração de poderes, foi introduzido um juízo de medidas coercivas e os direitos de defesa foram alargados. Novo Código de Processo Penal Segurança social suíça O que irá mudar em 2011 A passagem do ano vem acompanhada de algumas mudanças na segurança social. Fique atento: Adaptação dos subsídios de AVS/AI-AHV/IV (Seguro de velhice e sobrevivência/seguro de incapacidade). O subsídio mínimo passará de 1140 a 1160 francos por mês e o subsídio máximo de 2280 a 2320 francos. Os montantes anuais de prestações complementares destinados a cobrir as necessidades vitais passarão de 18 720 a 19 050 francos para pessoas sós, de 28 080 a 28 575 francos para casais e de 9 780 a 9 945 francos para órfãos. Os subsídios por incapacidade também serão adaptados. As cotizações mínimas anuais para o AVS/ AI-AHV/IV e para os APG/EO dos independentes e de pessoas sem actividade lucrativa passarão de 460 a 475 francos, a cotização mínima para a segurança facultativa AVS/ AI-AHV/IV passa de 892 a 904 francos. Mudam também os valores-limite para a previdência profissional: Novo Código de Processo Penal Os acusados têm agora o direito a um «advogado da primeira hora». Este pode falar, sem vigilância, entre 20 a 30 minutos com a pessoa Férias: Tenho direito a uma semana suplementar? 4 acusada depois da prisão provisória, antes que o interrogatório policial seja realizado. Quando acompanhados por um representante legal, os acusados têm menor tendência para confessar (talvez sem fundamento) o delito, confissão essa que seria a base para o andamento do processo. Além disso, foi introduzido um processo simplificado sem recolha de provas. Isso passa a ser possível nos casos em que as declarações do acusado concordem nos pontos essenciais com o Ministério Público e a pena prevista para o delito não seja superior a cinco anos. Para penas até ao máximo de seis meses, o promotor público pode ditar a sentença sem que o caso seja levado a tribunal e sem que o acusado tenha de ser interrogado. Para que esta regra se torne mais eficiente, ao queixoso é retirado o direito de recorrer da sentença. Valores-limite para a cotização obrigatória da previdência profissional (LPP/2° Pilar) nSalário anual mínimo: 20’880 francos nSalário coordenado mínimo: 3480 francos nDedução de coordenação: 24’360 francos nLimite superior do salário anual 83’520 francos Previdência individual – poupança (3° Pilar) Dedução máxima admitida fiscalmente para cotizações para formas de previdência reconhecida nCom afiliação a uma instituição de previdência (LPP/2º Pilar): 6682 francos nSem afiliação a uma instituição de previdência (LPP/2º Pilar): 33’408 francos Para mais informações consulte: http://www.bsv.admin.ch/ dokumentation/publikationen/00096/ 02756/03033/index.html?lang=fr Racismo na fronteira Pessoas da fronteira servem de bode expiatório O racismo fronteiriço se torna cada dia mais virulento. Em Genebra, a situação piorou após a aparição do «Movimento dos Cidadãos de Genebra» (MCG) que, na falta de um programa político, se tornou conhecida por campanhas contra os fronteiriços e por slogans como «Reservemos os empregos para os cidadãos de Genebra! Chega de fronteiriços!» Há um ano, a UDC de Genebra tenta atingir os fronteiriços publicando anúncios contra «a ralé de Annemasse», aglomeração situada na fronteira franco-suíça. Ralé na Suíça francesa e ratos no Ticino No Ticino, cartazes mostram a imagem de três ratos atacando um queijo típico da região. Cada roedor representa um grupo: os italianos consi- derados usurpadores de empregos, os romenos vistos como ladrões e os políticos italianos por impedirem a evasão fiscal Empresas tiram proveito dos fronteiriços A indústria químico-farmacêutica floresce graças aos fronteiriços. Basta olhar para o mapa para perceber que as empresas deste sector se localizam próximas das fronteiras. Isso não é obra do acaso. A partir destes locais, os grupos farmacêuticos têm acesso à reserva de mãode-obra dos países vizinhos. O número de fronteiriços dobrou entre 2000 e 2009 e uma grande parte deles trabalha na indústria químico-farmacêutica. Ao contrário do que acreditam os partidos de extrema-direita, as maiores vítimas deste fluxo crescente de mão-de-obra vinda da fronteira não são os suíços mas os próprios fronteiriços. Os salários destes trabalhadores diminuiu nos últimos anos em relação aos salários reais suíços que estagnaram, isto acarretou uma perda do poder de compra. Os fronteiriços constituem a maior parte da mão-de-obra temporária e em caso de crise económica são os primeiros a serem despedidos. Somente as empresas suíças podem resolver o problema Os fronteiriços servem de bode expiatório para os partidos de extrema-direita, sendo que foi o patronato que provocou esta situação. Muitos fronteiriços são suíços e migrantes que procuraram a vida na fronteira para fugir das rendas exorbitantes. As empresas suíças poderiam resolver este problema reajustando os salários em função dos custos de vida. Assim a classe média poderia respirar novamente e tornar-se imune a campanhas xenófobas. O Unia protesta contra o racismo em geral e contra o racismo para com os fronteiriços! Nós somos a Suíça 1,7 Milhões de pessoas que vivem na Suíça não têm passaporte suíço. Os migrantes constituem 22% da população residente e 25% da população activa. Eles vivem neste país há anos, têm cá a sua família, plantaram aqui os seus sonhos e participam na vida económica do país. A Suíça é também a sua pátria! Impressum: Beilage zu den Gewerkschaftszeitungen work, area, Événement syndical | Heraus­geber Verlagsesellschaft work AG, Zürich, Chefredaktion: Marie-José Kuhn; Événement syndical SA, Lausanne, Chefredaktion: Sylviane Herranz; Edizioni Sociali SA, Lugano, Chefredaktion: Gianfranco Helbling | Redaktionskommission M. Akyol, I. Barros, D. Filipovic, M. Martín, M. Mendes, O. Osmani | Sprachverant­wortlich Izabel Barros, Marília Mendes | Layout Simone Rolli, Unia | Druck Ringier Print, Adligenswil | Adresse Unia Redaktion «Horizonte», Weltpoststrasse 20, 3000 Bern 15, [email protected] www.unia.ch