lhc, “a máquina do big bang” - CEFET

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LHC, “A MÁQUINA DO BIG BANG”: OS DISCURSOS SOBRE A CIÊNCIA
E A TECNOLOGIA NA “IMAGEM DE SI” DA CONTEMPORANEIDADE E
SUAS CONSTRUÇÕES NO IMAGINÁRIO SOCIAL
Maxwel Ferreira da Silva
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Milene Magalhães Pinto
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
RESUMO: A proposta desse artigo é identificar e analisar os discursos sobre a ciência e a
tecnologia a partir de algumas matérias de jornal relacionadas ao LHC (Large Hadron
Collider – Grande Colisor de Hádrons) publicadas no final do ano de 2008, época em que o
Grande Colisor começou a funcionar. Tendo a Análise do Discurso como método de
investigação, sabendo-se que o discurso é o “lugar” em que se pode observar a relação entre
língua e ideologia, buscamos altercar as construções de sentido, para e por sujeitos, sobre a
ciência e a tecnologia. Relacionar os discursos de ciência e tecnologia ao funcionamento do
LHC, que causou rebuliços na mídia em 2008, trás à tona construções sociais sobre o
entendimento do papel do cientista e do tecnólogo, utilizando-se o termo numa acepção geral,
na sociedade. O medo da possibilidade de miniburacos negros serem gerados durante a
colisão desencadeou uma expressiva reação na mídia (da opinião popular às declarações de
especialistas) que, a título de análise, denuncia o paradoxo de uma sociedade que se utiliza de
produtos e de “tecnologias” considerados de ponta e, concomitantemente, distancia-se
daqueles que os criam, como se “eles” fossem uma entidade demiúrgica que habita um limbo
apático da sociedade. O que se deduz desse estudo é que entre as figuras emblemáticas de
Einstein e Frankenstein, culturalmente populares, e uma compreensão lúcida e esclarecedora
da ciência e da tecnologia há um abismo mediado por vários discursos.
PALAVRAS-CHAVE: LHC; Ciência; Tecnologia; Discurso; Sociedade.
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Esta composição textual incorporou algumas reflexões (ad litteram) de um trabalho de autoria de um dos
autores apresentado oralmente (comunicação) no IV Simpósio Internacional de Metafísica e Filosofia
Contemporânea (São João del-Rei, 2013).
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1. Introdução
Conforme Aristóteles (2012), a busca por conhecimento é desejo natural do homem.
Tal conhecimento não pode ser compreendido apenas como centelha divina, configurado
dentro dos lindes da contemplação. O conhecimento ao qual nos referimos, partindo da
inspiradora afirmação aristotélica, é transformador, alia-se à necessidade do homem de
construir o ecúmeno em que projeta a si mesmo, o que, em essência, traduz a ideia de técnica
(cf. PINTO, 2005).
Dos filósofos jônicos, incansáveis perseguidores da arché, i.e., do
princípio que é origem, sustentáculo e fim de todas as coisas existentes, aos físicos
contemporâneos muitas descobertas (talvez o termo “inovação” seja mais apropriado, uma
vez que a ideia de descoberta implica uma determina postura gnosiológica) foram feitas. E
tais “inovações”, muitas delas precedidas por reflexões teóricas, foram moldando não apenas
os paradigmas (ou sistematizações teóricas) da ciência, como também as cosmovisões e
construções de sentido. O conhecimento é, numa síntese contundente, uma construção que
parte sempre de um acúmulo já dado, vinculado a um determinado contexto sócio-histórico e
ao seu arsenal semiótico. Embora utilizemos o termo no singular, sua abrangência é plúrima.
Muito mais que afirmações apofânticas fundamentadas no “Ipse Dixit1”, o conhecimento é
um conjunto de vias que vem sendo construído por recortes a partir de uma determinada
estrutura social.
O LHC (Large Hadron Collider – Grande Colisor de Hádrons) é um gigantesco
colisor de partículas que começou a ser construído em 1998 nos arredores de Genebra, na
Suíça, abrigado pelo CERN (antigo acrônimo para Conseil Européen pour la Recherche
Nucléaire – Centro de Física Nuclear Europeu; atual Organização Europeia para Pesquisa
Nuclear). O LHC é chamado de “a máquina do Big Bang” por, quando em funcionamento,
dois feixes de prótons, percorrendo sentidos opostos, colidirem de cabeça dentro de grandes
detectores (GLEISER, 2008). Dada a colisão, os prótons desaparecem dando origem a várias
partículas. Justifica-se uma experiência dessa magnitude e de altíssimos investimentos em
função do melhor entendimento da humanidade, representada por aqueles que se ocupam da
ciência, em: i) questões relacionadas à origem do Universo, ii) a origem e presença da massa
nas coisas, iii) a possibilidade de existência de outras dimensões espaciais e iv) o sumiço da
antimatéria.
Importante salientar que não nos interessa nesse texto as peculiaridades
Do latim, “Ele disse!”. Frase comum entre os pitagóricos que recorriam à autoridade de Pitágoras (Ele disse!)
para responder aos pedidos e elucidações sobre sua doutrina. Cícero utilizou-se desse hábito para exemplificar as
situações em que a autoridade predomina sobre a razão (ABBAGNANO, 2000).
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científicas do LHC (e por isso nos isentamos de fornecer explicações sobre seu
funcionamento), mas apenas dos discursos que ele provocou.
Nosso foco é entender os discursos que se fizeram sobre (ou a partir de) o LHC. Para tal,
escolhemos como corpus de análise três textos de jornal, dois deles publicados na Folha de
S.Paulo. Não são textos herméticos e acadêmicos, ao contrário, assumem todos eles um tom
coloquial, de fácil compreensão. São eles: Esperamos sobreviver, de Jô Hallack, Nina Lemos
e Raq Affonso (T¹); O mundo não acabou! de Marcelo Gleiser (T²); e Desvendar a mente de
Deus, de Frei Betto (T³). O T¹, publicado no Folhateen da Folha de S.Paulo, é o mais
significativo para a análise. Primeiro porque é uma opinião produzida por autoras com
determinada formação intelectual; segundo porque a Folhateen é um caderno publicado
semanalmente destinado ao público adolescente. O T², publicado no caderno Mais!, tem uma
função de divulgação científica e posiciona-se de modo a explicitar o valor e a importância do
LHC. Por fim, o T³, disponível na Internet (cogitamos que tenha sido publicado no Estado de
Minas), assume uma abordagem que é concomitantemente explicativa e crítica.
Entendemos aqui por discurso as falas de determinados sujeitos intimamente relacionadas
à língua e à ideologia. A língua é uma instituição social e pari passu um sistema de valores
(BARTHES, 2012). É instituição social porque o indivíduo sozinho não é capaz de criá-la ou
de modificá-la; “[...] é porque a língua é um sistema de valores contratuais [...] que resiste às
modificações do indivíduo sozinho e que, concomitantemente, é uma instituição social”
(BARTHES, 2012, p. 22). A ideologia é aqui entendida como parte de uma realidade social, é
o modo pelo qual se descreve, compreende e significa o mundo. “A criação ideológica – ato
material e social – é introduzida à força no quadro da consciência individual. Esta, por sua
vez, é privada de qualquer suporte na realidade. Torna-se tudo ou nada” (BAKHTIN, 2009, p.
34). A consciência individual não pode ser apartada de seu meio social e ideológico, pois, nos
termos de Bakhtin (2009), constitui um fato socioideológico.
Nossa perspectiva de análise, além dos discursos, enfatiza a “imagem de si” da
contemporaneidade e suas construções no imaginário social. Conforme Graham (2005), a
expressão imagem de si foi cunhada pelo filósofo britânico Alasdair MacIntyre e diz respeito
às formas (i.e., produtos culturais) e maneiras como as pessoas de um determinado período
histórico tendem a representar-se para si mesmas. À expressão, subjaz a ideia de uma imagem
generalizada e cheia de mitos. Para Graham, as características gerais da imagem de si do
tempo presente têm cinco modos recorrentes, sempre contrastadas às épocas anteriores. São
eles:
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[...] nossa mentalidade científica, nosso avanço técnico maior, a natureza
mais liberal e democrática de nossa política, o grau maior de tolerância em
nossas crenças morais e uma liberdade em relação às superstições irracionais
e aos cultos mágicos que marcaram períodos anteriores. (GRAHAM, 2005,
p. 16-17)
A ideia recorrente é a de um progresso tamanho que difere esse momento histórico de
qualquer outro, tornando-o mais avançado, mais “tecnológico” e cientificamente superior.
Todavia, o esclarecimento celebrado é posto em dúvida quando se recorda alguns
acontecimentos, relativamente recentes.
A história do século XX, com suas guerras, seus campos de concentração e
gulags, não parece especialmente adequada para sustentar a idéia de que,
moralmente falando, a Europa está melhor do que era. Há um abismo tão
radical entre a Alemanha da década de 1930, uma sociedade, moderna,
tecnologicamente refinada e cientificamente avançada, e a Ruanda de 1990,
mal instruída e aprisionada na pobreza e no subdesenvolvimento? Ambas,
afinal, foram cenário de carnificina inenarrável, aliada a ódios racistas
(GRAHAM, 2005, p. 17).
No que tange à moral, esse presente da história não difere muito dos outros. Mesmo
esclarecido, o homem é capaz de atos bárbaros e estúpidos, o que coloca em xeque o ideal
iluminista de que o esclarecimento dissiparia as trevas da barbárie e da estupidez. Contudo, o
que parece caracterizar a imagem de si desse período é “[...] a compreensão científica, a
inovação tecnológica, os processos democráticos, o pluralismo moral e o esclarecimento
intelectual [...]” (GRAHAM, 2005, p. 18). Interessante pensar em como a ciência ocupa um
lugar privilegiado na sociedade contemporânea. Entretanto, vale dizer, não qualquer ciência.
Conforme Graham (2005, p. 20), as origens latinas da palavra ciência sugerem
“conhecer” e “conhecimento”. “Portanto, até os tempos modernos, “uma ciência” significava
simplesmente um corpo de conhecimento e, mais refinadamente, os métodos distintos pelos
quais era adquirido”. Aproximadamente após 1830, a expressão passou por uma mudança
radical. Na língua inglesa, o termo “ciência” é usado regularmente no singular e, longe de ser
um mero aspecto linguístico, “veio a significar um tipo especialmente bom de conhecimento e
“cientista” veio a significar alguém que falava com certo tipo de autoridade”. Por excelência,
ciência é um termo que se aplica à física, à química e à biologia (GRAHAM, 2005). O termo
científico é hoje uma lauréola, um modo de corroborar uma ideia e dar-lhe credibilidade. “Em
resumo, “o científico” e “o racional” são a mesma coisa. De maneira similar, pensa-se que as
soluções “científicas” para os problemas práticos são soluções reais” (GRAHAM, 2005, p.
27).
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A razão por que a “ciência” distingue a si mesma dos outros saberes (filosofia, artes,
teologia, esta totalmente exilada do períbolo da ciência), separando-se deles com a anuência
de uma plateia apalermada com as descobertas científicas, reside no fato de ela contribuir
significativamente com a economia global. “A ciência é “relevante” porque, à medida que se
desenvolve, dá origem a tecnologias que aumentam a prosperidade econômica e promovem o
bem-estar humano” (GRAHAM, 2005, p. 22). O conhecimento em questão está intimamente
ligado à economia, o que significa dizer que saberes como a metafísica e as línguas clássicas
não gozam do mesmo status que a biotecnologia e as engenharias. Quanto mais próximo o
conhecimento científico estiver da tecnologia, mais economicamente ele será importante.
A imagem de si desse presente da história enxerga o cientista na figura emblemática
de Einstein que, segundo Graham (2005, p. 18), é “[...] um homem decididamente bondoso,
que, apesar da aparência de um tio bonachão, é a própria corporificação da capacidade da
mente científica de alcançar novas assombrosas alturas na explicação e na compreensão do
mundo físico”. Como face da mesma moeda, tem-se a figura fictícia, mas não menos
emblemática, de Frankenstein, o monstro incontrolável criado por Mary Shelley. Frankenstein
é signo do medo que se constata de que a ciência ultrapasse seus limites e ponha em risco a
própria existência do mundo. Para Graham (2005, p. 29), a imagem de Frankenstein está
associada à preocupação com a tecnologia. “Do laboratório de Frankenstein surgem monstros;
dos estudos de Einstein vêm apenas teorias. O custo da teoria errônea é apenas o absurdo; o
custo da aplicação errônea é o mal”.
Após as considerações introdutórias, faremos uma reflexão sobre a ideia de tecnologia,
seguida pela análise do corpus desse estudo, sintetizando as ideias nas considerações finais.
2. Reflexões sobre a tecnologia
Os biontes, exceto pelo homem, têm sua existência totalmente condicionada pela
natureza. Só o homem vive um processo projetivo de ser algo que ainda não é e, para tal,
precisa estar consciente desse processo e responsabilizar-se por cada ato. É também o único a
ter consciência de sua finitude. Sua existência é um devir, mas somente o é porque ele é um
ser de potencialidades, pode não ser o que deseja ser em ato, mas tem possibilidades de tornase. Embora não seja submetido às regras da natureza como os demais biontes, o que não o
torna um deus, o homem submete-se à cultura, facticidade de sua existência. Todavia, é ainda
o homem o criador de sua cultura, ainda que ela lhe seja anterior, pois determinado sujeito
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nasce e ela já está dada, e posterior, uma vez que ela continua mesmo quando esse
determinado sujeito não mais se fizer presente.
Os animais não têm ideias sobre as coisas e não possuem a linguagem para transmitir
aos semelhantes alguma percepção do mundo ao seu entorno. O homem, em contrapartida,
além das ideias, é dotado de linguagem com a qual pode expressar seu pensamento. O animal
não tem noção das propriedades do mundo ao qual se adapta, ele o faz graças a uma herança
cromossômica que determina suas ações (PINTO, 2005). O animal não trabalha, i.e., não
modifica o mundo de acordo com seu projeto existencial. “Só o homem o faz. São as novas
relações com o mundo, especialmente as condições de trabalho, para os indivíduos e para os
povos, que concretizarão o verdadeiro projeto humano” (PINTO, 2005, p. 58). Dizer que o
homem tem um projeto implica a superação dos condicionamentos hereditários da natureza,
“[...] significa o relacionamento da ação a uma finalidade, em vista da qual são preparados e
dispostos os meios necessários e convenientes” (PINTO, 2005, p. 59). Os animais não
produzem existência, apenas a conservam.
Enquanto arquiteto de si mesmo, o homem precisou criar meios para realizar-se. A
técnica, enquanto processo, é sempre o surgimento de algo novo, não reside na coisa em si,
mas na alma do homem. Há uma relação direta entre técnica e vida. “A técnica poderá ser
chamada arma da vida, mas apenas no significado superior e único adquirido pelo termo
quando referido ao homem” (PINTO, 2005, p. 146-147).
O homem, dentre todos os seres vivos, é o único a produzir sua existência.
Fazendo-o livremente, graças à escolha consciente dos meios a empregar,
dos caminhos a seguir, está obrigado a inventar. Aparece aqui a técnica, os
recursos de que tem de se valer e os modos de aproveitá-los. Observe-se que
a palavra “inventar” significa originalmente “encontrar”, “achar”, ou seja o
animal humano, ao inventar, com o caráter de técnica, os meios de produzir
a existência, terá de descobri-los nos “interstícios” das propriedades das
substâncias e no jogo das forças físicas [...] (PINTO, 2005, p. 149-150).
Vieira Pinto enquadra a técnica à lógica da vida e sua essência está não no fazer algo,
mas no desvendamento. Ela não apenas liga-se à vida como também a serve, “[...] designa a
execução humana de atos de produção e defesa da vida, feitos por um processo
qualitativamente diferente [...]” (PINTO, 2005, p. 156). A técnica caracteriza um produto da
percepção humana que sempre volta ao mundo transformada em práxis, materializada em
instrumentos e máquinas e, evidentemente, transmitida aos outros, não sendo o produto em si,
mas o processo humano que o tornou materialmente possível. Em outros termos, a técnica é a
forma pela qual o homem sobrevive. Conforme Vieira Pinto, ela faz parte da condição
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humana. Ele defende a ideia de que o homem é um ser que produz existência, i.e., por meio
do trabalho, modifica o mundo de acordo com o projeto que deseja tornar-se. Dessa forma,
essa realização não se limita ao pensamento, mas efetiva-se na práxis. A forma pela qual o
homem realiza esse projeto é produzindo técnica, o que faz dele um ser eminentemente
técnico. Por isso, a técnica é um modo de ser do homem. O homem fabrica porque inventa,
inventa a si mesmo e, por isso, o mundo que deseja para si.
O homem não fabrica a máquina, mesmo a mais primitiva, copiando o
funcionamento de seus membros ou de seu cérebro, que não conhece
suficientemente. Fabrica-se porque a inventa, a projeta, sendo para tal
necessário possuir um acervo conveniente de informações sobre as
qualidades das coisas para condicionar seus movimentos operatórios a esse
projeto de ação, convertido em finalidade consciente (PINTO, 2005, p. 77).
O que o homem produz é fruto de um acúmulo de saber, representa um tipo diferente
de sua constante relação com o mundo. “A técnica é sempre um modo de ser, um existencial
do homem, e se identifica com o movimento pelo qual realiza sua posição no mundo,
transformando este último de acordo com o projeto que dela faz” (PINTO, 2005, p. 238).
Ouvimos com frequência expressões do tipo “era tecnológica”, “avanço tecnológico”, “era da
informática” etc., referindo-se todas ao momento presente, que parecem fazer mesmo do
passado mais próximo um período neandertal. Tais expressões são equivocadas e evidenciam
uma estrutura discursiva da ideologia da técnica.
Embora se pense erroneamente a técnica e a tecnologia como propriedades inéditas do
tempo presente, elas sempre existiram com o homem, pois são indissociáveis dele. “Toda
época é por definição única e possui a tecnologia a que pode ter acesso” (PINTO, 2005, p.
69).
As maldições de Isaías contra a Babilônia prostituída nada têm a ver, a não
ser no enunciado verbal, com a abominação dos costumes ou a profanação
representadas pelas crenças politeístas. Exprimem apenas a indignação de
um pequeno povo atrasado e seminômade, possuidor tão-somente de
técnicas rudimentares, ao se sentir subjugado por uma civilização
cosmopolita, então a mais grandiosa, servida pelas técnicas mais avançadas
(PINTO, 2005, p. 69).
Se cada época possui uma tecnologia, e ela sempre parecerá mais avançada que as
técnicas passadas, afinal, cada técnica desenvolvida implica um acúmulo de saber para o
homem, então não passa de entusiástico qualquer discurso que legitime o século XXI como a
“era tecnológica”. Pelo exemplo da Babilônia, também se percebe que a criação tecnológica
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afeta o comportamento humano e, já no passado, tecnologia significava poder, controle,
dominação.
Para Oliveira (2010, p. 48), que entende o termo tecnologia à luz do pensamento de
Francis Bacon, o sufixo logia “[...] dá um sentido consciente, discursivo e sistemático a um
saber-fazer que, embora já fosse conhecimento, não era necessariamente algo articulado [...]”.
Deixa claro que seu entendimento por tecnologia significa “[...] um estilo de conhecimento
técnico que, se não surge, ao menos se afirma de maneira crescente a partir dos séculos XVI e
XVII” (OLIVEIRA, 2010, p. 50). Em Bacon, continua o autor, a “[...] inventividade deixa de
ser vista como inspiração das musas e passa a ser encarada como uma disposição sistemática
na busca do novo” (OLIVEIRA, 2010, p. 95). O interesse do filósofo inglês pela técnica era,
sobretudo, para aquelas “[...] nas quais se extraía, se modificava a substância das coisas [...]”
(OLIVEIRA, 2010, p. 105). A arte de navegar, por exemplo, teve grande relevância “[...]
como modelo de conhecimento para Bacon, pois ela era a prática na qual melhor se
combinavam os interesses cognitivos (avanços do conhecimento) e utilitários” (OLIVEIRA,
2010, p. 109). A ciência em Bacon assume, na leitura de Oliveira, uma fundamentação
tecnológica.
Bridgstock et al. (2003, p. 6) definem tecnologia como “[…] a body of skills and
knowledge by which we control and modify the world. […] Technology has always been
important in human affairs”.2 Distanciam-se da ideia de tecnologia enquanto ciência aplicada,
pois a ciência tal como se conhece não começou a ser sistematizada antes da metade do século
XIX. “If technology is simply ‘applied science’, we would have to conclude that there was no
technology before that”.3 Para os autores, a construção das pirâmides do Egito, a construção
da Grande Muralha da China e o antigo sistema de irrigação da Índia e Sri Lanka, para citar
alguns exemplos, constituem formas de sofisticada tecnologia.
Vieira Pinto (PINTO, 2005) enxerga quatro possibilidades de significados para a
tecnologia. Na primeira acepção, partindo da etimologia, tecnologia é a discussão, teoria,
ciência ou estudo da técnica. Nesse sentido, técnica significa artes, habilidades do fazer,
profissões e os modos de produzir alguma coisa. Na segunda, tecnologia equivale à técnica,
como parece sugerir a definição de Bridgstock et al (2003). Na terceira, é um conjunto de
todas as técnicas pertencentes a uma determinada sociedade, compreensão que, em parte,
“[...] um conjunto de habilidades e conhecimentos pelo qual nós controlamos e modificamos o mundo. [...] A
tecnologia sempre foi importante nos assuntos humanos.” (Tradução nossa).
3
“Se tecnologia é simplesmente “ciência aplicada”, teríamos de concluir que não havia tecnologia antes disso.”
(Tradução nossa).
2
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aproxima-se da definição de Oliveira (2010). Na quarta acepção, tecnologia é ideologização
da técnica, ou seja, ideologia da técnica, instrumento de dominação.
Marcuse (1999, p. 73) compreende a tecnologia “[...] como um processo social no qual
a técnica propriamente dita (isto é, o aparato técnico da indústria, transportes, comunicação)
não passa de um fator parcial”. Para ele, a tecnologia enquanto modo de produção é também
uma forma de manifestação do pensamento e dos modelos dominantes de comportamento. No
decorrer do processo tecnológico, construiu-se uma nova racionalidade, esta oponente da
racionalidade individualista, e novos padrões de individualidade. Estar adaptado significa
valer-se de uma racionalidade e eficiência instrumental, atendendo às demandas do aparato.
“Racional é aquele que mais eficientemente aceita e executa o que lhe é determinado, que
confia seu destino às grandes empresas e organizações que administram o aparato”
(MARCUSE, 1999, p. 97).
O conceito de “era tecnológica” é, para Viera Pinto, uma falácia construída por
aqueles que detêm o saber da técnica e, justificado por ele, dominam a ordem econômica em
escala global. Subjaz por trás dessa expressão a positivação de um valor ético com o qual
tentam revesti-la seus cultores e um instrumento de dominação da consciência política das
massas e das nações menos desenvolvidas. Para Vieira Pinto (PINTO, 2005, p. 290), a técnica
sempre foi científica, entendendo a ciência como modo de ser próprio de cada período
histórico. Não existe, segundo ele, atecnia no homem, independente de seu período na
história, da mesma maneira que não existe técnica inumana. “A noção de período histórico
destituído de técnica científica destina-se a pintar o pano de fundo sobre o qual se faz
sobressair, com o valor de uma única científica, a técnica das sociedades industriais avançadas
e colonizadoras”.
Não se trata de apregoar o fim da técnica ou de afastar-se dela, pois ela é indissociável
do homem. Se a técnica é um modo de ser do homem, então, ela mesma é resultado de um
pensamento. Praticar uma técnica, nesse ínterim, é um processo de mutação das ideias,
levando em consideração que o homem ao inventar a técnica vai constituindo a si mesmo,
reconfigurando seu lugar na natureza e seu olhar sobre o mundo (PINTO, 2005). A criação de
um engenho nunca está dissociada do meio e, quando colocada em prática, vincula-se a outros
indivíduos, moldando também as relações sociais que se estabelecem. Nesse sentido, toda
tecnologia (olhar sobre a técnica) implica uma ideologia em seus dois sentidos: é um
posicionamento existencial do homem, mas também pode significar uma falsa consciência
sobre a técnica.
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3. Entre Einstein e Frankenstein: discursos sobre o LHC
Nossa análise começa pelos títulos das matérias: Esperamos sobreviver (T¹), O mundo
não acabou! (T²) e Desvendar a mente de Deus (T³). Todos eles são enfáticos e já indicam a
direção da reflexão a ser desenvolvida. Ainda que a publicação do T² anteceda a do T¹ e,
aparentemente, não tenha nenhuma relação além do veículo de publicação, pode-se dizer que,
em certo sentido, aquele é uma resposta às questões suscitadas por este. Ou seja, enquanto o
T¹, mesmo com sua linguagem “descolada”, assume uma perspectiva terrificante (esperar
sobreviver tem um duplo sentido: pode significar o desejo de a experiência do LHC não
acarretar danos nefastos ao mundo, como também pode significar a esperança de sobreviver
mesmo à balbúrdia causada pelos efeitos nocivos do experimento); o T² bradeja que não será
uma experiência científica como o LHC a causa do fim do mundo. É ainda irônica a
exclamação do título quando confirma serem infundados os temores do fim do mundo. Já a
palavra “desvendar” no título do T³ aduz importantes direções de sentido. Desvendar é tirar a
venda (geralmente dos olhos), destapar. Significa ter acesso a uma verdade antes restrita,
nesse caso a mente divina. O T³ já parte do pressuposto que as possíveis descobertas dos
físicos com o LHC intentam ter acesso ao projeto da engenharia cósmica, o que pressupõe a
inegável figura de um engenheiro divino como autor do projeto.
Hallack, Lemos & Affonso escreveram o T¹ numa coluna adolescente. O texto não assume
um tom sério, o que parece estar de acordo com a tônica da coluna. O fato mais curioso é que
se o caderno é destinado aos adolescentes, entendendo que estes adolescentes frequentam a
escola, por quais razões as autoras decidiram não tratar o assunto com a seriedade que lhe é
cabível? Elas começam o texto destacando a gratidão que o leitor deve sentir ao ler o que elas
escreveram, pois indicativo de que sobreviveram à experiência científica. Referem-se ao
LHC, e vale ressaltar que esta sigla não aparece em nenhum momento durante o texto, como
“[...] mais uma experiência científica cujo objetivo é brincar de Deus”. A expressão “mais
uma experiência” torna o LHC um engenho científico como qualquer outro e o enquadra a
mais uma invenção de moda. Outro problema da sentença aludida é a relação que fizeram
entre ciência e religião (“brincar de Deus”). Sabe-se que, historicamente, ratio (razão) e fides
(fé) podem até se misturar, mas não são homogêneas, ao contrário, são heterogêneas. A
expressão “brincar de Deus” aduz a ideia de que além de existir uma ordem pré-concebida no
mundo, ela não deve ser violada.
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Conhecemos muita gente que se acha dono do mundo, mas ninguém se acha
mais Deus do que os físicos que colocaram para funcionar o maior
acelerador de partículas do mundo. (HALLACK, LEMOS & AFFONSO,
2008)
Seguindo a lógica das autoras, achar-se dono do mundo é equivalente a ser Deus. E pelo
sentido do texto, achar-se Deus é não apenas sinal de arrogância como coloca em risco uma
determinada ordem cósmica. Para elas, o objetivo dos físicos com a experiência do LHC é
desvendar o mistério da criação do Universo. Nesse sentido, o T¹ assume a mesma postura
gnosiológica do T³, ou seja, existe um ser preternatural que “fabricou” o mundo e todas as
descobertas científicas não passam de desvendamento da arquitetura desse projeto. A ideia de
criação exige um criador, e um criador no singular. Conforme a explicação do texto, mistério
“[...] é algo mágico, enigmático, incapaz de ser desvendado”. Se com essa frase houve uma
tentativa de se falar no assunto com alguma credibilidade, esse efeito é completamente
perdido pelo exemplo que as autoras aduziram logo em seguida: “[...] o que as mulheres falam
no banheiro. Isso é um mistério”. O que as mulheres eventualmente possam conversar no
toalete não tem a mesma complexidade de mistério do experimento LHC. O exemplo aludido
banaliza a questão e muda de foco a proposta do texto, o que confirma a não intenção de tratar
o assunto de forma séria. Mais grave é a conclusão tautológica das autoras de que os mistérios
existem para serem misteriosos. “Ou seja, é para a imaginação imaginar sem que, no entanto,
tenhamos garantia de que aquilo realmente tenha algum fundo de verdade. A vida é boa com
mistérios!” (HALLACK, LEMOS & AFFONSO, 2008). Há um problema nessa última
afirmação das autoras, pois, além de suplantar o significado de verdade, levaria a humanidade
de volta às cavernas e transformaria o homem, um ser eminentemente técnico, num ciclope.
Pois viver num mundo completamente misterioso significa viver com passividade, totalmente
entregue às derivas da natureza.
Após alguns disparates, digamos assim, as autoras revelam um elemento interessante,
talvez o mais lúcido do texto. Destacam a quantidade de palavras que o leitor leigo do assunto
não entende quando vai ler sobre o experimento. Eis a denúncia que o texto faz: o LHC é uma
realidade distante da sociedade e, ainda que se diga que seja importante, não se sabe qual é
essa importância. Só participa e compreende o significado do experimento quem foi incluído
nesse meio. Esse distanciamento da linguagem científica da sociedade é um propenso
causador de fantasmas e mitos. Talvez essa seja a questão não dita pelo texto, a de que,
mesmo partindo de uma base social, a ciência é uma realidade pouco acessível às pessoas que
dela não se ocupam e que, diga-se lato sensu, dela apenas recebem “resultados”.
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O T² é uma tentativa de se aproximar a linguagem científica da sociedade e
concomitantemente uma tentativa de mudar a tônica da reputação nefasta do LHC. Gleiser
começa explicando o que é o LHC:
Em alguns meses, quando o LHC estiver funcionando para valer, dois feixes
de prótons correrão em sentidos opostos e colidirão de cabeça dentro de
enormes detectores. Essas colisões terão energias jamais atingidas na Terra:
apenas durante os primeiros instantes após o Big Bang, o venerável evento
que deu origem ao cosmo, as partículas colidiam constantemente com tal
energia. Por isso, o LHC é chamado de “máquina do Big Bang”. (GLEISER,
2008)
A explicação de Gleiser, mesmo simplificada, exige do leitor conhecimentos básicos de
física (o que são prótons, partículas? etc.). E mesmo que o leitor os possua, precisa entender
ainda o porquê da importância do evento. Conforme Gleiser (2008), toda nova tecnologia
provoca medo e especulações – foi o caso do teste da primeira bomba atômica no deserto de
Álamo Gordo – especialmente porque os objetos científicos, nesse caso astrofísicos, estão
eivados de representações no imaginário social. Vale pensar como são retratados os cientistas
(e a quem estão relacionados) nas mídias (TV, cinema, seriados cinematográficos etc.).
Curioso como há uma nítida distinção na imagem do cientista (em muitos casos um gênio
ingênuo) e do seu produto tecnológico. Se a figura de Einstein (cientista) transmite segurança,
a de Frankenstein (tecnologia/produto tecnológico) é intimidadora.
Segundo Gleiser (2008), vários processos judiciais foram abertos com o intuito de impedir
a experiência avaliada em oito bilhões de dólares. Contudo, foram ineficazes. Ineficazes
porque a ameaça de serem gerados miniburacos negros durante a explosão é, conforme os
cientistas, microscópica. Para Gleiser (2008), a “[...] verdadeira missão do LHC é manter vivo
um campo de pesquisa que, devido aos seus enormes custos, fica cada vez mais difícil de
justificar ao público”. O problema dessa sentença está em sua formulação, pois, não ficou
clara a relação entre os custos do campo de pesquisa e a divulgação de suas descobertas (ou
mesmo de suas finalidades). Se o homem produz técnica e ciência para sua sobrevivência
(PINTO, 2005), o campo de pesquisa ao qual se refere Gleiser não pode estar dissociado de
sua base social e precisa responder a alguma necessidade da existência humana. Pois o
cientista não é um curioso que está à procura de aventuras, uma vez que a ciência constitui
uma atividade social. Embora nem todos entendam o significado das pesquisas científicas
realizadas nas mais diversas áreas do saber, o que pode ser explicado por uma profunda
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análise social (inclusão, educação, política etc.), toda pessoa humana é herdeira e, de algum
modo, participa de suas construções.
O T³, embora escrito por um religioso, é o que melhor explica o LHC, não poupando
termos técnicos e analogias. Para Frei Betto,
O que se pretende com o acelerador de partículas é captar a energia primitiva
que deu início ao Universo há 13,7 bilhões de anos – o Big Bang. Ele é
como uma imensa serpente brotando de um pequeno balão de hidrogênio,
cujas válvulas, controladas por computadores, liberam jatos de gás, como se
fosse uma brincadeira de criança. No entanto, em cada um daqueles jatos há
mais prótons do que a soma de todas as estrelas da Via Láctea.
[...]
O acelerador nos aproxima do parto gerador do Universo. Para nossas
dimensões de tempo, alcançar o que sucedeu 1 centésimo de segundo depois
da criação é fantástico. Que importa saber o que ocorreu 1
decimilibilionésimo de segundo antes que você decidisse piscar o olho,
como fez agora? No entanto, quando se trata da evolução da matéria, cada
fragmento de segundo é como um século para a história humana. (BETTO,
2008)
A consideração a se fazer diz respeito ao casamento entre fides e ratio que subjaz em todo
o texto. Casamento porque o autor confirma a experiência científica e sua importância para a
compreensão das “raízes de nossa universal e holística árvore genealógica”, mas está convicto
de que a mente divina é por demasiado complexa. Mesmo aduzindo nossas dimensões
temporais, os valores de tempo apresentados são inimagináveis, ao menos para os leigos. Isso
pode endossar a ideia de que desvendar a mente de Deus não é algo assim tão simples, afinal,
estamos falando do universo cognitivo divino. O texto, mesmo não fazendo nenhum alarde
sobre possíveis efeitos do LHC, conserva um tom de ironia, em certo sentido, nefasto. Nefasto
porque a imagem que faz do cientista ao concluir o texto é a de um cozinheiro que descobriu
todos os ingredientes da receita para fazer o Universo, mas não sabe do “segredo” não dito
que garante todo o seu resultado.
Como o autor do texto é um religioso, nada mais natural que suas crenças componham os
argumentos apresentados. A ideia de criação é religiosa, o que significa que é uma convicção
que não exige provas. Já o Big Bang é uma teoria científica, exige fundamentos e
demonstrações conforme os paradigmas vigentes da Física. Não há paridade categórica entre
criação e Big Bang, pois enquanto este é apenas uma possibilidade de interpretação aquela é
uma certeza pautada numa determinada crença. O foco do texto de Frei Betto é muito mais
teológico, afirma amiúde a crença na criação do cosmos por Deus, que, digamos, “científico”.
Em outras palavras, assume uma perspectiva homilética que busca apascentar o rebanho
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preocupado com as possíveis descobertas que o LHC poderia fazer que colocassem em risco
as colunas da fé.
Em síntese, nenhum dos textos aqui apresentados teve o LHC como objeto em si mesmo.
O T¹ preocupou-se com seus efeitos nocivos, o T² ocupou-se de justificar o campo da
pesquisa e garantir que o experimento não é uma ameaça ao mundo e o T³ mostrou-se focado
em garantir as patentes do cosmos à mente divina. Independente de serem textos de jornal,
tais abordagens defendem perspectivas ideológicas que contribuem para a manutenção de
determinadas representações sociais. O cientista é um fanfarrão que pensa ser Deus (T¹), o
cientista está à procura das verdades (ou dos eventos) do Universo (T²), o cientista é um
ingênuo ou um perseguidor incansável de um projeto inefável (T³). Do mesmo modo, o LHC
é um risco desnecessário à vida do planeta (T¹), o LHC é um engenho que representa a
esperança de se fazer novas descobertas grandiosas (T²), o LHC é um conjunto de
ingredientes para se recriar uma receita que ainda necessita de um toque divino para funcionar
efetivamente (T³).
4. Considerações finais
O que se deduz é que as representações sociais da ciência e da tecnologia são moldadas
por determinadas ideologias. E as ideologias configuram o olhar sobre determinada coisa a
partir de determinado ângulo. A importância do LHC é histórica e concomitantemente social.
Histórica porque implica todas as descobertas científicas e técnicas antecedentes que
proporcionaram sua concepção e criação; é social porque busca resolver ensejos não apenas
de um grupo especializado (cientistas), mas de toda a humanidade. Pois o fato de não serem
todos os humanos cientistas, não significa que não sejam herdeiros ou partícipes, ainda que
indiretamente, das descobertas feitas. O alvoroço causado na mídia em 2008 fez transparecer
um distanciamento que as pessoas pensam haver entre “eles” (os cientistas, inventores e
tecnólogos), como se vivessem num limbo apartado da sociedade, e o resto do mundo,
pessoas ditas “normais”. A verdade é que o único distanciamento que pode ocorrer
circunscreve-se em termos socioideológicos. O campo de pesquisa do LHC continua em
funcionamento e, mesmo recluso das discussões hodiernas, contribui para o avanço da
construção do ecúmeno em que nos projetamos.
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REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
ARISTÓTELES. Metafísica. 2. ed. São Paulo: Edipro, 2012.
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 13. ed. São Paulo: Hucitec, 2009.
BARTHES, Roland. Elementos de semiologia. 19. ed. São Paulo: Cultrix, 2012.
BETTO, Frei. Desvendar a mente de Deus. 19 set. 2008. Disponível em:
<http://www2.uol.com.br/debate/1433/colunas/colunas03.htm>. Acesso em: 24 set. 2008.
BRIDGSTOCK, Martin; et al. Science, technology and society: an introduction. Melbourne:
Cambridge University Press, 2003.
GLEISER, Marcelo. O mundo não acabou! Folha de S.Paulo, São Paulo, 14 set. 2008. Mais!
GRAHAM, Gordon. Genes: uma investigação filosófica. São Paulo: Loyola, 2005.
HALLACK, Jô; LEMOS, Nina; AFFONSO, Raq. Esperamos sobreviver. Folha de S.Paulo,
São Paulo, 15 set. 2008. Folhateen.
LEITE, Marcelo. Higgs, 44. Folha de S.Paulo, São Paulo, 14 set. 2008. Mais!
MARCUSE, Herbert. Tecnologia, guerra e fascismo. São Paulo: Ed. UNESP, 1999.
OLIVEIRA, Bernardo Jefferson de. Francis Bacon e a fundamentação da ciência como
tecnologia. 2. ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2010.
PINTO, Álvaro Vieira. O conceito de tecnologia. vol. 1. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005.
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