Medula espinhal MED UERJ 2015 PROF. DR. LUCIANO FAVORITO

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Medula espinhal
MED UERJ 2015
PROF. DR. LUCIANO FAVORITO
Juliana S. Rodrigues
 Medula quer dizer “miolo”, aquilo que está no meio. Recebe essa denominação por
estar localizada no interior do canal vertebral, protegida pelas vértebras
 Relação que a coluna mantém com o corpo, arco vertebral e com os nervos espinhais
 Os nervos espinhais saem da medula e se dirigem para a periferia a partir dela. Ela está
em íntimo contato com o arco vertebral e com o corpo vertebral.
 Qualquer trauma na região dos arcos vertebrais ou no corpo pode levar a lesões
medulares (porém os arcos são mais finos do que o corpo vertebral e sua localização
também favorece as lesões de arco)
 Disposição característica: Substância branca periférica e cinzenta (formato de H - H
medular) no meio
 Envoltório da medula: meninges
 Extensão da medula: em torno de 45cm, se inicia no forame magno (onde termina o
bulbo) e se estende até L1, L2. Em L2: término da medula: cone medular
 Abaixo de L2: apenas fibras dos nervos espinhais, que formam a cauda eqüina.
 Do cone medular, tem-se o filamento terminal originado de pia máter, que se estende
do cone medular até o sacro
INTUMESCÊNCIAS – áreas mais dilatadas da medula
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A medula em extensão, não tem um diâmetro equivalente. Existem áreas da
medula, as intumescências medulares, que são maiores do que as outras (laterolateralmente)
Marcam o local aonde se originam os grandes plexos dos nervos espinhais
Os grandes plexos são: braquial e lombo sacral
Existem duas grandes intumescências na medula: cervical e lombar (marcam a
origem desses dois grandes plexos, respectivamente)
A intumescência é proporcional ao tamanho dos membros, ao tamanho dos plexos
que se originam da medula espinhal. (ex: medula do tiranossauro rex: plexos
cervical quase que inexistente e plexo lombar bem desenvolvido)
Nervo espinhal: formado por uma raiz ventral (motora) e uma dorsal (sensitiva).
Essas duas raízes se unem, formando o nervo espinhal propriamente dito
Raiz dorsal: dilatação> gânglio da raiz dorsal (por onde entram diversas
informações referentes à sensibilidade do organismo)
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Todo nervo espinhal é misto. Tem um curto trajeto e logo origina um ramo
anterior (grosso) e um ramo posterior (mais fino).
MEDULA E MENINGES
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Meninges, principalmente a dura máter: englobam as raízes dos nervos espinhais,
inclusive a região onde tem o gânglio da raiz dorsal
TOPOGRAFIA VÉRTEBRO-MEDULAR
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31 nervos espinhais
Da mesma forma que a coluna vertebral, os nervos são divididos em regiões. A
nomenclatura deles é a mesma das vértebras.
Cada região da medula apresenta segmentos. Esses correspondem ao local aonde
se origina o par de nervos espinhais. Segmento medular: dois nervos espinhais e a
região de origem deles.
Cervical: 8 segmentos (tem um a mais porque é um nervo que passa em cima do
atlas)
Torácica: 12 segmentos
Lombar: 5 segmentos
Sacral: 5 segmentos
Coccígea: 1 segmento
Cada segmento inerva regiões específicas do corpo
Como esses segmentos são motores e sensitivos, parte da representação sensitiva
tem relação cutânea
Dermátomo: mapa da inervação sensitiva do corpo
O dermátomo permite fazer a correspondência entre as regiões do corpo e o
respectivo segmento medular que a inerva. Ex: região do mamilo: inervada pelo IV
segmento da medula torácica
Existe uma correspondência não perfeita da medula com as vértebras: durante o
desenvolvimento, a coluna cresce mais do que a medula, acarretando em uma
desproporção entre a coluna e a medula (mais intensa do segmento torácico para
baixo). Geralmente, a vértebra é correspondente ao segmento dois números
acima (vértebra T6 com segmento T8 por exemplo)
Lesões na medula: repercutem no segmento relacionado à vértebra
 Lesão no segmento 8 da medula cervical: perde motricidade e sensibilidade da região
torácica pra baixo
 Lesão na região de T10: perda de sensibilidade e motricidade do umbigo pra baixo
 Lesão na região de L1: perda de sensibilidade e motricidade nos membros inferiores
 Traumatismos raque medulares (TRM) : são as lesões de medula
LESÕES MEDULARES
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Deslizamento ósseo (vértebras): compressão da medula
Cirurgias de descompressão: estabilização da medula espinhal
Lesões na região cervical > tetraplegia
Lesões na região torácica> paraplégico
Lesões na região lombar > muita dificuldade de andar
Lesões na região sacrococcígea> indivíduo também tem dificuldade de andar, mas
menor. Problemas para urinar e defecar (incontinência urinária e fecal)
ANATOMIA MACROSCÓPICA
Corte transversal:
 Substância cinzenta: H medular.
 Bem no meio da medula: canal central da medula
 Fissura mediana anterior da medula (grande e bem marcante). Tem importância
quando formos estudar a medula, pois ela nos mostra onde está a região anterior da
medula (região de demarcação)
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 Medula tem 7 sulcos:
Sulco mediano posterior
Dois sulcos laterais anteriores: de onde saem as raízes ventrais
Dois sulcos laterais posteriores: de onde saem as raízes dorsais
Na região cervical (somente!): dois sulcos intermédios posteriores
 Medula tem 6 funículos:
 Entra a fissura mediana anterior e o sulco lateral anterior: a substância branca é
denominada de funículo anterior (são 2)
 Entre os dois sulcos laterais, a substância branca forma o grande funículo lateral (são
2)
 Entre o sulco mediano posterior e o sulco lateral posterior: funículo posterior (são 2)
 Funículo posterior, na região cervical, é dividido pelo sulco intermédio posterior em
fascículo grácil e cuneiforme
A substancia branca é dividida em funículos
A substancia cinzenta é dividida em colunas
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O H medular tem uma coluna posterior, uma coluna anterior e uma coluna lateral
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Essa região que fica ao redor do canal central da medula é a substância cinzenta
intermédia
RECAPITULANDO...
Coluna anterior, coluna lateral, coluna posterior, substância cinzenta
intermédia
Na medula: uma fissura , dois sulcos laterais anteriores, dois sulcos laterais
posteriores, dois sulcos intermédios posteriores na região cervical , um sulco mediano
posterior, três funículos a cada lado, a substância cinzenta tem 3 colunas a cada lado e mais a
substância cinzenta intermédia central. Não esquecer do canal central da medula!
DETALHE: o sulco mediano dorsal é bem demarcado no interior da substância branca e é
chamado por isso septo mediano da medula, ou septo mediano posterior da medula.
COLUNAS E FUNÍCULOS
Substância cinzenta: coluna anterior, lateral e posterior
Substancia branca: funículo anterior, lateral e posterior
FASCÍCULO PRÓPRIO DA MEDULA E ARCO REFLEXO
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Fascículo próprio da medula: agregado de neurônios ao redor da substância
cinzenta
Ele é muito importante para a integração das diversas regiões da medula
(comunicação dos diversos segmentos medulares) e também está envolvido com o
arco reflexo medular
 Arco reflexo : reflexo que existe em alguns fusos neuro-musculares. É independente
das áreas supra-segmentares (é controlado apenas pela medula). Logo, não pode ser
controlado voluntariamente. (ex.: martelo no tendão patelar > reflexo patelar)
DIFERENÇAS REGIONAIS
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Presença do sulco intermédio posterior na região cervical
A substancia cinzenta nas 4 regiões da medula é diferente (H medular é mais largo
nas regiões mais inferiores, principalmente nas regiões das intumescências)
SUBSTÂNCIA CINZENTA
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Dividida em segmentos (laminas de Hexes- são 10 a cada lado)
Coluna posterior: sensitiva
Coluna lateral e anterior, assim como a substancia intermédia: motoras
Lamina 1 e 2: envolvidas no controle da dor
Lamina 9: envolvida na motricidade
SUBSTÂNCIA BRANCA
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Também tem divisões
Essas regiões (funículos) são por onde passam as vias (ou tractos) do SN, que
podem ser sensitivas ou motoras
VIAS DESCENDENTES (MOTORAS)
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que vem do encéfalo para a medula – são motoras, controlam a motricidade
 Vias piramidais:
◊ Tractos córtico espinhais: neurônios iniciam no córtex motor, descem pelo SNC (pelo tálamo,
tronco), quando chegam ao bulbo (na região da pirâmide bulbar ou decussação das pirâmides),
parte dessas fibras cruzam para o lado oposto e parte delas continua sem se cruzar.
Responsáveis pela motricidade voluntária.
- Tracto córtico- espinhal anterior : (fibras que não se cruzam, que seguem direto)
* 10 a 25% das fibras
* se estende só até medula torácica
* piramidal direto
-Tracto córtico espinhal lateral: (fibras que cruzam para o lado oposto)
*75 a 90% das fibras
* piramidal cruzado
*funículo lateral
Esses dois tractos controlam a motricidade, pois da substância branca da medula eles
mantêm conexões com os neurônios motores da substância cinzenta. Esses neurônios motores
se conectam ao músculo, controlando a motricidade.
Lesões nos tractos medulares: perda de motricidade homolateral
Lesões no encéfalo: perda de motricidade contra lateral
 Vias Extrapiramidais – não passam, não mantêm relação com a pirâmide bulbar
os 4 tractos recebem o nome da sua origem (de núcleos que se originam principalmente
no tronco encefálico). Eles vão descer a medula e vão controlar a motricidade. Lesões isoladas
podem causar alterações no controle da motricidade, perda de controle da musculatura. (ex:
síndrome de Parkinson)
- tracto rubro-espinhal :
*passa pela coluna anterior
* responsável pelo controle da motricidade da parte distal dos membros (principalmente mãos
e pés)
*lesão rara e causa poucas lesões em humanos
-tracto retículo espinhal, tracto tecto espinhal e tracto vestíbulo espinhal:
* passam também pela coluna anterior
* controlam principalmente a musculatura axial e proximal dos membros.
* O retículo espinhal e o vestíbulo espinhal estão envolvidos com a postura e o equilíbrio
(relacionados ao cerebelo).
*o tecto espinhal tem uma função limitada.
VIAS ASCENDENTES (SENSITIVAS)
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Tracto grácil e cuneiforme:
-ocupa o funículo posterior da medula,
-origem no gânglio espinhal,
-termina nos núcleos grácil e cuneiforme do bulbo,
-não cruza na medula (vai direto)
-envia informações sensitivas ao encéfalo (para o tálamo e para o córtex cerebral).
Responsável pelas seguintes quatro sensações:
▫ trato epicrítico (fino, delicado)
▫ sensibilidade vibratória (testada com o diapasão)
▫ estereognosia (sentir a forma dos objetos)
▫ propriocepção consciente (noção de tempo e espaço)
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Tracto espino –talâmico anterior : fica no funículo anterior da medula, se origina
na coluna posterior da substância cinzenta, vai até o tálamo e se cruza na medula.
Funções (percepções) :
- tato protopático (tato mais grosseiro)
-pressão
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Tracto espino-talâmico lateral: se origina do funículo lateral, neurônios sensitivos
se originam na coluna posterior, termina no tálamo . Também cruza na medula
Sensações (transmitidas até o tálamo):
-dor
-temperatura
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Tracto espino-cerebelares anterior e posterior:
Responsáveis pela propiocepção inconsciente: sentido de posição no espaço, de
equilíbrio, de postura
Os dois passam pelo funículo lateral, a origem deles é na coluna posterior e o espinocerebelar posterior se origina na substância cinzenta intermédia da coluna posterior. A
terminação deles é no cerebelo (pário cerebelo). O posterior é cruzado na medula e o anterior
tem uma parte que é cruzada e uma parte que é direta.
SÍNDROMES MEDULARES
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Esclerose múltipla
-doença degenerativa da medula, onde se dá uma substituição de todo o sistema nervoso por
placas de mielina. Essas placas podem lesar todas as vias comentadas.
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Tabes dorsalis : lesão do funículo posterior da medula. Causada pela sífilis
terciária. Destruição do fascículo grácil cuneiforme levada à perda de toda a
sensibilidade, perda de propiocepção
Siringomielia (Doença de Morvan) : degeneração do canal central da medula.
Perda da sensibilidade térmica e dolorosa do local da lesão para baixo dissociação sensitiva (lesão dos tractos espino-talâmicos laterais)
Hemissecção : lesão de metade da medula (arma branca e arma de fogo)
EX: hemissecção do lado esquerdo da medula:
- perda de motricidade do lado da lesão
-perda da sensibilidade térmica e dolorosa do lado opostp
-perda da propiocepção consciente do mesmo lado da lesão
-perda da sensibilidade na região atingida
ARTÉRIAS DA MEDULA
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Artérias espinhais (duas anteriores e uma posterior)
Aa. vertebrais originam as aa. espinhais (anteriores e posteriores). Porém, se só as
artérias vertebrais participassem da formação das artérias espinhais, quando estas
chegassem à região coccígea, ela seria muito fina e seria insuficiente para manter a
vascularização da medula. Por isso...
Existe um reforço da vascularização medular através das anastomoses das artérias
radiculares (presentes ao longo de toda a medula, acompanhando os nn.
espinhais) com as artérias espinhais
A. Radicular magna (mais importante), ramo da 5ª ou 6ª artéria irtercostal
posterior: localizada bem no meio da medula. Irriga a porção final, distal da
medula. Lesão dessa artéria pode causar a paraplegia. É muito comum a lesão
dessa artéria em cirurgias de aneurisma
VEIAS DA MEDULA
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Veias recebem os mesmos nomes das artérias
As veias da medula formam dois plexos: plexo venoso Peri-vertebral e plexo
venoso vertebral externo
-plexo venoso peri-vertebral (vertebral interno): ocupa todo o canal vertebral e é responsável
pela drenagem da medula
-plexo venoso vertebral externo: fica por fora das vértebras . tem comunicação com o plexo
venoso vertebral interno.
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