revistahugv Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas The Journal of Getulio Vargas University Hospital V.12. N. 2 JUL./DEZ. – 2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS Rua Apurinã nº 04 – Praça 14 de Janeiro, Cep: 69020-170 Manaus - AM Fones: (092) 3305-4782/4719 E-mail: [email protected] FUNDADORES Ricardo Torres Santana Jorge Alberto Mendonça LISTA DO CONSELHO EDITORIAL DA REVISTA HUGV EDITOR-CHEFE Fernando Luiz Westphal Kathya Augusta Thomé Lopes Maria Lizete Guimarães Dabela LISTA DO CONSELHO CONSULTIVO DA REVISTA HUGV Aristóteles Comte Alencar Armando de Holanda Guerra Júnior Cristina de Melo Rocha Daria Barroso Serrão das Neves Domingos Sávio Nunes de Lima Edson de Oliveira Andrade Ermerson Silva Eucides Batista da Silva Eurico Manoel Azevedo Fernando César Façanha Fonseca Fernando Luiz Westphal Francisco Mateus João Giuseppe Figliuolo Ione Rodrigues Brum Ivan da Costa Tramujás Jean Jorge Silva de Souza José Correa Lima Netto Julio Mario de Melo e Lima Kathya Augusta Thomé Lopes Leíla Inês de A. R. da Camara Coelho Lourivaldo Rodrigues de Souza Luís Carlos de Lima Luiz Carlos de Lima Ferreira Luiz Fernando Passos Marcus Vinicius Della Coletta Maria Augusta Bessa Rebelo Maria do Socorro Lobato Maria do Socorro L. Cardoso Maria Fulgência Costa L. Bandeira Maria Lizete Guimarães Dabela Márcia Melo Damian Massanobu Takatani Miharu Magnória Matsuura Matos Patrícia Bandeira de Melo Akel Petrus Oliva Souza Ricardo Torres Santana Rodolfo Fagionato Rubem Alves da Silva Júnior Sandra Lúcia Euzébio Wilson Bulbol Zânia Regina Ferreira Pereira revistahugv Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas The Journal of Getulio Vargas University Hospital V.12. N. 2 JUL./DEZ. – 2013 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS Copyright© 2013 Universidade Federal do Amazonas/HUGV REITORA DA UFAM Prof.ª Dra. Márcia Perales Mendes Silva DIRETOR DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS Prof. Dr. Lourivaldo Rodrigues de Souza PRODUÇÃO GRÁFICA-EDITORIAL Fernando de Souza Neto ORGANIZAÇÃO Thaís Borges Viana DIRETORA DA EDUA Suely Oliveira Moraes Marquez DIRETORA DA REVISTA Profª Dayse Enne Botelho REVISÃO (LÍNGUA PORTUGUESA) Sergio Luiz Pereira CAPA Serviço de Ergodesign TIRAGEM 300 EXEMPLARES FICHA CATALOGRÁFICA Ycaro Verçosa dos Santos – CRB-11 287 CDU 61(051) R454 Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Revista do Hospital Getúlio Vargas. V. 12, n. 2 (2013) / Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2013 135 p. Semestral Título da revista em português inglês ISSN – 1677-9169 1. Medicina-Periódico I. Hospital Universitário Getúlio Vargas II. Universidade Federal do Amazonas. CDU 61(051) Sumário Editorial 11 Fernando Luiz Westphal Artigos Originais História da Otorrinolaringologia: Uma Breve Revisão da Produção Historiográfica 13 Rodolfo Fagionato de Freitas; Bárbara Iasmine Gomes Abreu Christo; Breno Gonçalves Medeiros; Isaac Veloso Gomes Oficina de Arteterapia com a Terceira Idade: O Desabrochar da Criatividade 20 Karen Dalila Matsdorff Fernandes; Ana Karoline Aguiar Preslei; Thaize Maria Silva Lima; Dalila Fernandes Monteiro; Sônia Maria Belém de Sousa; Rosana Pimentel Correia Moysés Relato de Caso Oesteomilite Artrite Séptica Ocasionada por Salmonella spp em Paciente com Lúpus Eritematoso Sistêmico 26 David Luniere Gonçalves; Maria José dos Santos Silva; Domingos Sávio Nunes de Lima Cuidados Intensivos de Enfermagem na Manutenção do Potencial Doador de Órgãos e Tecidos em Morte Encefálica: Estudo de Caso 31 Paulo Anderson Dantas Reis; Lisbeth Lima Hansen; Sibila Lilian Osis Falência Ovariana Precoce Associada à Deleção do Braço Curto do Cromossomo X: Relato de caso 41 Patrícia Gonzales Maia; Paula Rita Leite da Silva; Izabella Barros dos Santos Pseudocisto Esplênico Pós-Traumático: Relato de Caso 46 Adalberto Caoru Haji Júnior; Ticiane da Costa Martins; Adriano Pessoa Picanço Júnior; Rebeca Aparecida dos Santos Di Tommaso; Ricardo Sérgio Estevam dos Santos; Ana Maria Sampaio de Melo Manejo Operatório de Litíase Intra-Hepática em Paciente Portador de Situs Inversus Totalis: Um Relato de Caso 51 Gerson Suguiyama Nakajima; Adriano Pessoa Picanço Júnior; Rubem Alves da Silva Neto; Priscila Cavalcanti Ballut; Rebeca Aparecida dos Santos di Tommaso; Mônika Maya Tsuji Nishikido Adenocarcinoma Ductal de Pâncreas Associado à Neoplasia Papilar Mucinosa Intraductal: Relato de Caso Rebeca Aparecida dos Santos Di Tommaso; Ticiane da Costa Martins; Adalberto Caoru Júnior; Priscilla Ribeiro dos Santos; Marcelo Henrique dos Santos; Leonardo Simão Coelho Guimarães 56 Gestação Ovariana: Relato de Caso 62 Iracema Correia Veloso; Lana de Lourdes Aguiar Lima; Ione Rodrigues Brum Síndrome de Mckittrick-Wheelock: Relato de Caso 66 João Bergamasco; Adriano Picanço; Ticiane Martins; Gerson Nakagima; Priscilla Ballut Cisto Broncogênico Duplo 69 Fernando Luiz Westphal; Luiz Carlos de Lima; José Corrêa Lima Netto; Michel de Araújo Tavares; Ricardo Augusto Monteiro Cardoso; Felipe de Siqueira Moreira Gil; Pedro Igor Lima Soares; Thaís Borges Viana Sarcoma de Partes Moles após Radioterapia para Tratamento do Câncer de Mama 73 Fernando Luiz Westphal; Roberto Alves Pereira; Luís Carlos de Lima; José Corrêa Lima Netto; Márcia dos Santos da Silva; Ricardo Augusto Monteiro Cardoso; Lincoln José Trindade Martins; Thaís Borges Viana Anais da VII Jornada de Saúde da Amazônia Ocidental 75 Contents Editorial Fernando Luiz Westphal 11 Original Articles History Of Otorhinolaryngology: A Brief Historical Review 13 Rodolfo Fagionato de Freitas; Bárbara Iasmine Gomes Abreu Christo; Breno Gonçalves Medeiros; Isaac Veloso Gomes Art Therapy Workshop With The Third Age: The Creativity Blooming 20 Karen Dalila Matsdorff Fernandes; Ana Karoline Aguiar Preslei; Thaize Maria Silva Lima; Dalila Fernandes Monteiro; Sônia Maria Belém de Sousa; Rosana Pimentel Correia Moysés Case Report Osteomyelitis and Septic Arthritis Caused by Salmonella spp. In Patients With Systemic Lupus Erythematosus 26 David Luniere Gonçalves; Maria José dos Santos Silva; Domingos Sávio Nunes de Lima Critical Care Nursing In Maintaining The Potential Donor Of Organs And Tissues In Brain Death: A Case Report 31 Paulo Anderson Dantas Reis; Lisbeth Lima Hansen; Sibila Lilian Osis Premature Ovarian Failure Associated With X Chromosome Short Arm Deletion: Case Report 41 Patrícia Gonzales Maia; Paula Rita Leite da Silva; Izabella Barros dos Santos Post-Traumatic Splenic Pseudocyst:Case Report 46 Adalberto Caoru Haji Júnior; Ticiane da Costa Martins; Adriano Pessoa Picanço Júnior; Rebeca Aparecida dos Santos Di Tommaso; Ricardo Sérgio Estevam dos Santos; Ana Maria Sampaio de Melo Surgical Approach Of Intrahepatic Lithiasis In A Patient With Situs Inversus Totalis: A Case Report 51 Gerson Suguiyama Nakajima; Adriano Pessoa Picanço Júnior; Rubem Alves da Silva Neto; Priscila Cavalcanti Ballut; Rebeca Aparecida dos Santos di Tommaso; Mônika Maya Tsuji Nishikido Pancreatic Ductal Adenocarcinoma Associated With Intraductal Papillary Mucinous Neoplasm: A Case Report Rebeca Aparecida dos Santos Di Tommaso; Ticiane da Costa Martins; Adalberto Caoru Júnior; Priscilla Ribeiro dos Santos; Marcelo Henrique dos Santos; Leonardo Simão Coelho Guimarães 56 Ovarian Pregancy: Case report 62 Iracema Correia Veloso; Lana de Lourdes Aguiar Lima; Ione Rodrigues Brum Mckittrick-Wheelock Syndrome: A Case Report 66 João Bergamasco; Adriano Picanço; Ticiane Martins; Gerson Nakagima; Priscilla Ballut Double Bronchogenic Cyst 69 Fernando Luiz Westphal; Luiz Carlos de Lima; José Corrêa Lima Netto; Michel de Araújo Tavares; Ricardo Augusto Monteiro Cardoso; Felipe de Siqueira Moreira Gil; Pedro Igor Lima Soares; Thaís Borges Viana Soft Tissue Sarcoma after Breast Cancer Radiotherapy Treatment 73 Fernando Luiz Westphal; Roberto Alves Pereira; Luís Carlos de Lima; José Corrêa Lima Netto; Márcia dos Santos da Silva; Ricardo Augusto Monteiro Cardoso; Lincoln José Trindade Martins; Thaís Borges Viana Anais da VII Jornada de Saúde da Amazônia Ocidental 75 Editorial A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original. Albert Einstein A RHUGV está no seu 11º ano de existência, dos quais nos últimos nove anos este Editor esteve à frente deste periódico, na tentativa de melhorar, manter as publicações, ampliar e ascender na classificação perante a Capes. A grande dificuldade encontrada está na captação de artigos científicos originais, pois nos Programas de Pós-Graduação a pontuação dos artigos publicados está vinculada a uma classificação superior a de nosso periódico, ocasionando um grande imbróglio para todos os periódicos que tentam a ascensão. Torna-se um círculo vicioso, no qual o pós-graduando ou o seu orientador não publicam nas Revistas com classificação C, a exemplo da nossa, pois não conta pontuação para o Programa de Pós-Graduação e, desse modo, a Revista não edita os artigos originais necessários para a ascensão. Um dos exemplos disso, mais próximo da minha realidade, é a Revista Brasileira de Cirurgia Torácica que editou um número e não conseguiu mais trabalhos para manter a publicação, mesmo mantendo uma ativa divulgação da necessidade da apresentação dos artigos científicos. A pesquisa no HUGV está num patamar bastante ínfimo quando pensamos que este é um Hospital Universitário. Algumas ilhas de excelência conseguem realizar seus Projetos de Pesquisas e, consequentemente, captar recursos, entretanto a maioria dos serviços encontra-se sem Linhas de Pesquisa ou sem Pesquisadores. A essência da pesquisa passa por problemas estruturais e organizacionais, mas sempre é possível, desde que os Chefes de Serviços estejam com o espírito de pesquisa imbuído nas ações que norteiam seus objetivos. A formação de Curso de Pós-Graduação pode ser uma das alternativas para o fomento da pesquisa, pois necessariamente os trabalhos do curso serão realizados nas dependências da Instituição e estimulará esse importante braço do tripé ensino, assistência e pesquisa. Alguns paradigmas devem ser vencidos para a concretização da Pesquisa dentro do Hospital Universitário Getúlio Vargas. O primeiro seria o alocamento nos postos de Chefia de pessoas comprometidas com publicações ou com a realização de trabalhos científicos, pois só será dada a devida importância à Pesquisa se houver líderes com o espírito voltado para a produção científica. Uma vez que se comece, as pessoas serão estimuladas a seguir seus líderes e aí uma corrente é formada por uma competição construtiva. Enquanto houver a indicação política de cargos de Chefia, manter-se-á a estagnação observada atualmente na Instituição no quesito pesquisa e, consequentemente, produção científica. Uma das propostas dessa Diretoria seria uma compensação para o Servidor que se dedicasse ao exercício da Pesquisa, com dedicação de parte da carga horária disponibilizada para tal. Assim o profissional que demonstrasse interesse em desenvolver um Projeto de Pesquisa, com um objetivo claro de publicação científica ao final, teria esse apoio da Direção, mas com o compromisso de apresentar resultados concretos, sob pena de perder a prerrogativa de alocação da carga horária para a Pesquisa. Na atual perspectiva do Hospital, o qual está sendo assumido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), não observo muita preocupação com a Pesquisa, nessa etapa inicial a | 11 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 prioridade externada pelos representantes locais e da sede em Brasília é transformar o Hospital em um Centro de Assistência à Saúde. Espero que esta minha visão esteja equivocada para que possamos emergir do ostracismo gerado pelas mentes obstruídas do espírito científico, pesquisa médica, características essenciais para evolução da medicina. Fernando Luiz Westphal Editor da Revista HUGV | 12 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 HISTÓRIA DA OTORRINOLARINGOLOGIA: UMA BREVE REVISÃO DA PRODUÇÃO HISTORIOGRÁFICA HISTORY OF OTORHINOLARYNGOLOGY: A BRIEF HISTORICAL REVIEW Rodolfo Fagionato de Freitas;* Bárbara Iasmine Gomes Abreu Christo;** Breno Gonçalves Medeiros;** Isaac Veloso Gomes** Resumo Abordagens terapêuticas acerca da Otorrinolaringologia já eram realizadas por gregos, hindus e bizantinos. As descobertas mais recentes despertavam novas curiosidades e teorias a respeito da fisiologia e das patologias do ouvido, da laringe e da cavidade nasal. O objetivo deste trabalho consiste em relatar os avanços de cada parte dessa especialidade desde o seu surgimento até a atualidade, e destacar a importância da Otorrinolaringologia como especialidade médica e do estudo de métodos diagnósticos e tratamentos antigos para a compreensão das tendências atuais. Métodos: Consiste em uma revisão de literatura, narrando o progresso da Otorrinolaringologia como ciência e especialidade médica, enfatizando figuras históricas na laringologia, rinologia e otologia. Conclusão: A evolução no conhecimento da anatomia, fisiologia e patologia, as experiências com determinadas abordagens terapêuticas e as figuras marcantes desse processo histórico são de grande importância para a compreensão do conhecimento disponível e o surgimento de curiosidades e novas teorias para o futuro da especialidade. Palavras-chave: História; História da Medicina; Laringoscopia; Otologia; Otorrinolaringologia. Abstract Therapeutic approaches about Otorhinolaryngology were already performed by Greeks, Hindus, and Byzantines. The latest discoveries arouse curiosity and new theories about the ear, larynx and nasal cavity physiology and pathology. This paper purpose is to report the progress in each part of this specialty since your beginning until the present time, showing the most ancient diagnostic and therapeutic methods importance in order to understand the current trends. Methods: A review of the literature, chronicling the progress of Otorhinolaryngology as a science and medical specialty, emphasizing historical characters in laryngology, rhinology and otology. Conclusion: Knowledge evolution in anatomy, physiology and pathology, experiments with specific therapeutic approaches and these process iconic characters are historically of great importance in the understanding about available knowledge and new theories and curiosities emergence in the specialty’s future. Keywords: History; History of Medicine; Laryngoscopy; Otology; Otorhinolaryngology. * Cirurgião de Cabeça e Pescoço do HUGV, professor da disciplina História da Medicina da Faculdade de Medicina da Ufam. ** Acadêmicos de Medicina. | 13 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 HISTÓRIA DA OTORRINOLARINGOLOGIA: UMA BREVE REVISÃO DA PRODUÇÃO HISTORIOGRÁFICA Introdução por um local específico do cérebro responsável pela audição.2,3 Além disso, ele descobriu uma Abordagens terapêuticas acerca da conexão entre o cérebro e órgãos sensitivos e, Otorrinolaringologia já eram realizadas por entre 500 e 451 a.C., relatou a existência de gregos, hindus e bizantinos. As descobertas um tubo que conecta o ouvido com a faringe mais recentes despertavam novas superior.3,4 curiosidades e teorias a respeito da fisiologia e das patologias do ouvido, da laringe e da Empédocles foi pioneiro em descrever a cavidade nasal. Novos conceitos surgiram estrutura anatômica da cóclea e batizou-a de no século 18 com o estudo da anatomia, da “caracol marinho”, e elaborou a teoria de que fisiologia e das patologias que acometiam essas havia algo implantado no ouvido, ao qual, ao regiões. Já o século 20 foi marcado por novas receber estímulo, produziria uma resposta, que técnicas para abordagem cirúrgica, métodos de permaneceu até o século 18.2,3 Já Hipócrates antissepsia, antibioticoterapia, imagenologia e manteve sua atenção nas infecções do ouvido novas tecnologias e houve então a fusão das e a possibilidade de relação com outros órgãos três especialidades na Otorrinolaringologia. do corpo humano, como o cérebro.2 Aristóteles Este trabalho tem como objetivo relatar os preocupou-se em elaborar teorias de como avanços de cada parte dessa especialidade funcionava a audição.1 Ele acreditava que havia desde o seu surgimento até a atualidade, e um espaço ressonante dentro do ouvido interno destacar a importância da Otorrinolaringologia com ar puro e este vibrava em resposta aos como especialidade médica e do estudo de sons.2,3 métodos diagnósticos e tratamentos antigos No período do Império Romano, a medicina se para a compreensão das tendências atuais. baseou em muitos conhecimentos gregos e em novos conceitos, como a descrição de novos Métodos tratamentos por Cornelius Celsus, no século 2,3 Consiste em uma revisão de literatura, narrando 1 d.C. Sem as vantagens da microscopia o progresso da Otorrinolaringologia como óptica, Galeno descreveu detalhadamente o ciência e especialidade médica, enfatizando as ouvido interno e denominou-a de “Labirinto de Creta”, e observou que o nervo do conduto principais figuras históricas. auditivo externo era conectado ao cérebro.2 Otologia Após a queda do Império Romano, houve poucos avanços no conceito sobre a área da Primórdios otologia.1,2 Aetius of Amida foi autor do tratado Contractae ex Veteribus Medicinae, que foi Em um dos documentos mais famosos do Egito considerada uma das maiores referências da Antigo, os papiros descobertos por George Ebers, época para tratamento de afecções do ouvido.4 em 1872, há registros de ferimentos de guerra Alexander de Tralles foi um dos primeiros em ossos temporais e suas repercussões na a descrever a existência de uma trompa de audição e na fala, e tratamento para sintomas audição e várias estratégias terapêuticas em como zumbido, tontura e hipoacusia em um 1,2,3 documento conhecido como “Medicamentos Practica Alexandri Yatros. para ouvido com audição fraca”, de 1500 a.C.1,2 Séculos 16, 17 e 18 Na Grécia, realizavam-se estudos anatômicos com o objetivo de compreender o funcionamento Antes do Renascimento, o conhecimento do corpo humano e como aconteciam as anatômico do aparelho auditivo era limitado doenças. Alcmeon de Crotona elaborou a pelas estruturas visíveis a olho nu. O tratamento teoria de que a audição era um fenômeno das enfermidades relacionadas ao ouvido era fisiológico que consistia de movimentos do ar realizado de forma empírica e a abordagem que entravam pelo ouvido e eram captados cirúrgica era reservada aos casos de trauma | 14 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Freitas et al e retirada de corpo estranho.2,3 Na Itália, Berengario de Carpi e Ingrassia de Nápoles descreveram de forma anatômica os ossículos da orelha média. Eustáquio descreveu estruturas que antes eram inacessíveis, como a tuba auditiva, relatada de forma anatomicamente detalhada em De Auditus Organis.3 Versálio, em sua obra The Fabrica (1543), relatou as janelas oval e redonda e os ossículos martelo e bigorna. Falópio, da escola de Pádua, investigou o canal do nervo facial, que recebeu seu nome (Aqueduto de Falópio), descreveu o tímpano pela semelhança com um tambor e, no trabalho De morbo gallico, relatou um zumbido de forte intensidade presente em alguns quadros de estágio avançado da sífilis.2,3 Hiermonymus Capivacci descreveu a origem da perda auditiva de acordo com a porção acometida, como a perda auditiva de causa neurossensorial, e introduziu o teste de condução auditiva por via óssea.3 Samuel Thomas von Soemmerring elaborou um atlas de anatomia em 1806, que foi considerado um dos maiores avanços na Alemanha.3 Alfonso Corti descreveu minuciosamente o que foi nomeado posteriormente de órgão de Corti por meio de técnicas de dissecação com auxílio de microscópio e, com isso, elaborou o trabalho Recherches sur lorgane de loute.2,3 Prosper Ménière relatou a tríade clássica da doença que atualmente carrega o seu nome: vertigem periódica, hipoacusia e zumbido.1,2 Em Paris, Gilbert Breschet foi o primeiro a mencionar os termos “otoconia” e “helicotrema”, e descreveu as diferenças entre perilinfa e endolinfa.3 O século 20 foi considerado a Era de Ouro da Otorrinolaringologia, pois houve a fusão da otologia com a laringologia. Adam Politzer renovou relatos da história da otologia e foi considerado o pai da otologia moderna.1.2 Em 1901, Perry abriu o conduto auditivo interno de Hiermymus Mercurialis publicou De um paciente com doença de Ménière, seccionou compositione medicamentorum, considerado o o nervo, dando início à neurotomia do 8.º par primeiro manual clínico de otologia.1,2 Fabricius craniano.3,6 Em 1911, construiu-se a primeira Hildanus, em Obserevationum et curationum cátedra de Otorrinolaringologia, tendo como chirurgicarum centuriae, citou causas de primeiro catedrático Eduardo Rodrigues de perda auditiva e afirmou que essas situações Moraes. Um ano depois, Kisch descreveu uma resultavam em lesão irreversível por ruptura timpanoplastia.3 Em 1914, Robert Bárany, um dos traumática da membrana timpânica.3 mais conhecidos estudantes de Adam Politzer, recebeu o primeiro prêmio Nobel concedido à Floriano Caldani descreveu microscopicamente Otorrinolaringologia por seus trabalhos sobre a membrana timpânica. Cotugno, da Escola fisiologia e patologia do aparelho vestibular.1.2 de Nápoles, descreveu a perilinfa, e Scarpa a endolinfa e descreveu detalhadamente a Além disso, Fletcher e Wegel introduziram o cóclea e sua função na audição humana em De exame audiométrico para pesquisa de perda acquaeductibus auris humanae.1,3 Edme-Guilles auditiva. Schutt e Meyers foram os primeiros Guyot elaborou de forma pioneira o cateter a estudar o nistagmo.3 Nesse mesmo ano, para a tuba de Eustáquio, cujos benefícios o brasileiro Mário de Ottoni publicou uma foram descritos em 1724 pela Academic Royale importante monografia sobre fisioneurologia e des Sciences, em Paris.3 patologias do aparelho vestibular.1,2,3 Em 1933, Mário Ottoni de Rezende e Homero Cordeiro Séculos 19 e 20 iniciaram a edição da Revista Otolaringológica de São Paulo, que depois foi renomeada de Todas as contribuições anteriores resultaram Revista Brasileira de Otorrinolaringologia.2,3 no reconhecimento da otologia como uma especialidade clínica e cirúrgica.3 O médico Em 1953, surgiu a modalidade de cirurgia francês Breschet, com a obra Recherches por microscopia moderna por conta do anatomiques et physiologiques sur lorgane de desenvolvimento do microscópio binocular pela louïe, organizou a nomenclatura otoanatômica.1,5 Zeiss Optical Company, nos Estados Unidos.2 | 15 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 HISTÓRIA DA OTORRINOLARINGOLOGIA: UMA BREVE REVISÃO DA PRODUÇÃO HISTORIOGRÁFICA Fritz Zöllner e Horst Wüllstein escreveram vários relatos acerca do tratamento de perfurações timpânicas por meio de timpanoplastia através de microscópios binoculares.1,3 No Brasil, o primeiro implante de cóclea foi realizado por Pedro Albernaz em 1977. Ricardo Bento e William House, dos Estados Unidos, iniciaram uma técnica de implante de tronco cerebral, com recuperação de parte da audição.1,2 Além desses avanços, o surgimento da tomografia computadorizada e da ressonância nuclear magnética revelou muitas estruturas normais e patológicas do ouvido e o avanço dos aparelhos para execução de audiometria permitiu uma identificação precoce e precisa da perda auditiva.1,7 Vários genes que estão relacionados com a perda auditiva foram identificados pelo projeto Genoma e a engenharia genética com alteração de DNA, em 2005. Além disso, estudos estão sendo realizados a respeito do uso de células-tronco no reparo e regeneração das células ciliadas.1,2,4 Laringologia Primórdios Uma das mais antigas referências da laringologia consiste em um desenho de aproximadamente 3.600 a.C. que possivelmente retrata uma traqueostomia, encontrado em tumbas nas planície de Saqqara, no Egito. Na Índia, alguns documentos antigos com tratamentos e medicações para desordens da voz foram encontrados, como o “Sushtrata” e o “Charaka”, de 300 a.C. e 100 a.C., respectivamente, estes indicavam algum conhecimento anatômico da laringe e a origem da voz.7,8 Aristóteles menciona a localização da laringe e relata que a respiração e fala ocorrem através dessa região, em 350 a.C., em seu livro Historia Animalium, livro I, capítulo XII. Além disso, em 290 a.C., Erasistratos descreve a função dos músculos da laringe, enquanto Galeno discursava sobre a função laríngea no século 2, em seu tratado De usu partium corporis humini.7,8 Alexandre, o Grande, é relatado por ter realizado uma traqueostomia em um soldado com a ponta de sua espada na região conhecida por Aristóteles como “moinho de vento”.2,7 Séculos 16, 17 e 18 Dissecações de cadáveres humanos foram realizadas, que resultou no surgimento de descrições detalhadas da laringe e seu funcionamento.1 Ainda fora realizada a primeira laringotomia por Musa Brasavola, em 1545, na Itália. O trabalho de Giovani Morgagni, Adversaria Anatomica Prima, trouxe descrições detalhadas da laringe.1,6 Bertin corrigiu Ferrein ao relatar que as estruturas ditas por Ferrein eram pregas vocais ao invés de cordas, como no violino.2,7 Século 19 Para que o desenvolvimento da laringologia ocorresse, necessitou-se do desenvolvimento de aparelhos capazes de permitir a visualização da laringe, além das técnicas de assepsia, anestesia e conhecimento em patologia celular.2 Bozzini, em 1807, elaborou um dispositivo para avaliação da nasofaringe e da hipofaringe4. Em 1829, Babington elaborou um modelo de laringoscópio, que permitiu a realização de exames da região supraglótica, porém não havia referência a respeito da visualização das pregas vocais.4,7,8 Manuel Garcia, apesar de ser professor de canto, foi o primeiro a examinar com espelhos sua laringe e a visualizar as pregas vocais, em 1855.2,4,7,8 Em sua publicação, há descrição da função das pregas vocais nos fenômenos de inspiração e vocalização, e importantes conclusões a respeito da produção de som pela laringe.4,8 Türck utilizou os espelhos laríngeos para examinar sua laringe e verificar patologias laríngeas em seus pacientes, porém apenas no verão e primavera na Europa, pela necessidade de luz solar para funcionamento de seus espelhos.8 Czermak examinou pacientes com patologias na laringe utilizando a técnica de Türck e luz artificial, permitindo o uso de espelhos durante o outono e inverno.1,2,8 | 16 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Freitas et al O inglês Sir Morrell Mackenzie redesenhou o espelho de Czermack, dando-o o nome de laringoscópio, também realizou biópsias laríngeas por meio de laringoscopia indireta.1,2 Karl Koller e Edmund Jelinek, oftalmologista e laringologista, respectivamente, realizaram a anestesia local da laringe por intermédio de cocaína para cirurgia laríngea.8 Em 1870, foi desenvolvido um retrator de epiglote por Reichert. Três anos depois, em Viena, Billroth realizava a primeira laringectomia total, sendo a principal complicação de seu paciente a aspiração e dificuldade de deglutição. Logo, em 1874, Carl Gussember desenvolveu uma prótese vocal para os pacientes submetidos à laringectomia por Billroth.1,2,7 Em 1895, Oertel utilizou um estroboscópio mecânico para avaliação da vibração das cordas vocais. Esse modelo foi aprimorado e resultaria na estroboscopia eletrônica, em 1960.2,4,8 laringe em Cleverland, porém houve rejeição do órgão pelo paciente.7,8 Rinologia Primórdios O estudo da região nasal, o olfato e o conhecimento dos seios paranasais remontam das épocas mais remotas, assim como novas formas de tratamento que foram proferidas por meio da experiência adquirida.5 Os médicos egípcios foram os pioneiros na realização de cirurgias da região nasal e realizavam remoção de massa encefálica através do nariz. No papiro de Edwin Smith, de 1600 a.C., há descrição do tratamento de fratura de septo nasal acompanhada de remoção e estancamento de hemorragias, o osso fraturado ou desalinhado devia ser forçado a voltar e as narinas, envolvidas com tiras de linho saturado Século 20 de gordura e mel.2,5 O primeiro exame do O início do século 20 foi marcado pela nariz está documentado em um registro hindu mudança de ambiente de realização da “Suchruta-samhita”, em que é descrito um telelaringoestroboscopia e a laringoscopia espéculo nasal tubular, confeccionado com de suspensão do ambiente ambulatorial para bambu, além de tonsilectomias e2,9reconstrução o cirúrgico.4 Nos Estados Unidos, iniciou-se nasal a partir de retalho frontal. Hipócrates, métodos o uso de “guilhotinas” para tonsilectomias, no século 5 a.C., já descrevia 9 popularizado por Greenfield Sluder. Microscópios terapêuticos para lesões nasais. monoculares se tornaram úteis para realização de cirurgias na laringe, sendo o alemão Brunings Séculos 15 ao 17 e o estadunidense Jackson os iniciadores dessa prática, que permitiu posteriormente o Na Idade Média, foram atribuídas funções surgimento de laringoscópios binoculares de obscuras aos seios paranasais, como servir Yankauer, depois redesenhados por Jako, em de espaço de drenagem de espíritos malignos do cérebro, que atribuíram nomes aos seios 1970.2,7,8 paranasais, como “la cloaca del cérebro”, Avanços médicos permitiram o uso de medicina segundo o2,5 médico espanhol Sansovino, no nuclear na radioterapia de lesões malignas século 16. Em 1660, Schneider, da cidade da laringe, desenvolvimento de endoscópios de Wittenberg, na Alemanha, foi o primeiro a com fibra óptica e realização de tireoplastias, elaborar uma teoria de que o muco presente reconstrução da cavidade oral, retalhos e nos seios paranasais era um produto do cérebro anastomoses microvasculares por meio de novas das estruturas paranasais quando normais, grande quantidade nos quadros tecnologias.8 A microcirurgia endolaríngea presente em 4,5,9 inflamatórios. alcançou novos patamares, não se limitando apenas a tratar lesões que se projetassem para o espaço glótico.2,4 Houve popularização das tireoplastias no final da década de 1980, sendo estas publicadas desde 1976 por Isshiki; e em 1998 realizou-se o primeiro transplante de Hipócrates já tinha identificado partes da anatomia nasal, mas foi somente no século 15 que as conchas nasais e seios paranasais foram descritos de forma minuciosa por Leonardo da Vinci.10 Já as inserções posteriores das conchas | 17 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 HISTÓRIA DA OTORRINOLARINGOLOGIA: UMA BREVE REVISÃO DA PRODUÇÃO HISTORIOGRÁFICA médias foram descritas pela primeira vez por Georg Thomas, no trabalho Anatomiae pars prior, em 1536.2,9 O primeiro livro dedicado inteiramente à descrição das técnicas cirúrgicas para rinoplastia foi lançado em 1597, intitulado “Tratado sobre a Rinoplastia”, por Gaspare Tagliacozzi, professor da Universidade de Bolonha, que tinha grande acúmulo de experiência no assunto. Por essa obra, sugeriu novas técnicas para rotação de retalhos sobre a pirâmide nasal.1,6 As décadas que antecederam o século 20 impulsionaram estudos de anatomia seccional e cirúrgica, com nomes como Grunwald, Onodi, Hajek, que participaram do nascimento da especialidade de rinologia, fazendo as bases dos conceitos atuais de diagnóstico e terapia das doenças da cavidade nasal e seios da face.5 O século 20 iniciou-se com uma queda do interesse pela área da rinologia, principalmente pela divulgação do uso de antibióticos no tratamento de patologias da região nasal, que Séculos 17 e 18 reduziu a necessidade de cirurgias nos seios paranasais.5,10 O brasileiro Ermiro Estevam de Durante os séculos 17 e 18, a principal discussão Lima desenvolveu o acesso transmaxilar aos seios científica que envolvia a região nasal era sobre etmoidal e esfenoidal, para o qual criou a cureta a função e propósitos dos seios paranasais.5 que leva seu nome. A via cirúrgica citada passou Giovanni Battista Morgagni (1682-1771) é desde logo a ser conhecida mundialmente como considerado o pai da patogênese moderna. Ele “Operação de Ermiro de Lima”. Além disso, justificou o surgimento de esporas e desvio do fundou a Sociedade Brasileira de Rinologia, em septo nasal como sendo por conta do rápido 1974.9 crescimento do septo em relação aos outros ossos da região maxilar, resultando em uma Na metade do século, o microscópio passou curvatura.10 Quelmaltz, em 1750, publicou a ser utilizado em cirurgias nasais, o que um tratado sobre os desvios do septo nasal, permitiu avanço nas técnicas cirúrgicas.2,6 Um afirmando que a pressão em cima do nariz maior conhecimento de anatomia, fisiologia durante um trabalho de parto difícil, o ato de e patologia dos seios paranasais, graças ao cair na infância e o ato de empurrar o dedo no professor Walter Messerklinger e seu sucessor, nariz durante a infância causavam condições professor H. Stammberger, da Áustria, nos inflamatórias de origem traumática.2,10 Lamorier, trabalhos sobre a aeração das células etmoidais em 1743, já realizava abertura do seio maxilar anteriores foram uma chave importante para o através da cavidade oral, que permaneceu como conhecimento da drenagem e aeração dos seios procedimento padrão-ouro por muito tempo. paranasais. Messerklinger revitalizou o uso dos Ele publicou, entretanto, descrições de suas endoscópios ao utilizá-los na realização de experiências somente 25 anos depois.5,10 cirurgias nasais e procedimentos diagnósticos.2,5 Em 1954, o uso de novas tecnologias permitiu o avanço nas técnicas endoscópicas, Caldwell, nos Estados Unidos, em 1893, principalmente com o desenvolvimento dos publicou seu método em que realizava a endoscópios com fibra óptica, pela Storz abertura do seio maxilar através da fossa Fiberoptic Company. Esses avanços somados canina, removendo a membrana mucosa e uma à tomografia computadorizada, desenvolvida abertura na parede lateral do meato inferior.5 em 1969 por Geoffrey Hounsfield, tornaram Sem ter conhecimento dos trabalhos de Luc, em possível uma análise detalhada da cavidade Paris, em 1897, reportou seu método, que era nasal, em particular da parede lateral e praticamente idêntico ao do médico americano. do complexo osteomeatal.9,10 Outro fator Tal procedimento é conhecido, hoje, como o que aumentou o interesse na rinologia foi a método de Caldwell-Luc.2,5 desmistificação da rinoplastia, trabalho feito pela Academia Americana de Cirurgia Plástica O conhecimento atual da anatomia se deve em Facial e Reconstrutiva, fundada em 1964 pela grande parte ao trabalho de Emil Zuckerkandl. Academia Europeia de Cirurgia Facial (Joseph Séculos 19 e 20 | 18 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Freitas et al Society). Isso trouxe para a Otorrinolaringologia um campo de domínio antes exclusivo de cirurgiões plásticos.2,5 6. Tange RA. Some historical aspects of the surgical treatment of the infected maxillary sinus. Rhinology. 1991; 29(2): 155-63. Conclusão 7. Weir, N. History of Medicine: Otorhinolaryngology. Postgrad. Med. J. 2000; 76: 61-79. A evolução no conhecimento da anatomia, fisiologia e patologia, as experiências com determinadas abordagens terapêuticas e as figuras marcantes desse processo histórico são de grande importância para a compreensão do conhecimento disponível e o surgimento de curiosidades e novas teorias para o futuro da especialidade. Além disso, houve um aumento da atuação dos médicos especialistas na área de cirurgia plástica de face, como otoplastia e rinoplastia, e doenças cérvico-faciais pela complementação da Otorrinolaringologia e o surgimento da especialidade Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-facial. Referências 8. Alberti PW. The History of Laryngology: A Centennial Celebration. Otolaryngology-Head and Neck Surgery. 1996; 114(3): 345-54. 9. Segas JV, Trompoukis CC, Assimakopoulos DA. From the roots of rhinology: the reconstruction of nasal injuries by Hippocrates. Annals of Otology, Rhinology and Laryngology. 2003; 112(2): 49-162. 10. Feldman H. The maxillary sinus and its illness in the history of rhinology. Laryngorhinootologie. 1998; 77(10): 587-95. 11. Júnior LCM, Oiticica J, Batissoco AC. Perspectivas no Tratamento da Perda Auditiva com Células-Tronco. Arq Int Otorrinolaringol. 2008; 12(1): 111-5. 1. Helidonis ES. The History of Otolaryngology from Ancient to Modern Times. American Journal Instituição: Universidade Federal do Amazonas. of Otolaryngol. 1993; 14(6): 382-93. Endereço: Rua Ferreira Pena, 700, Edifício São João Del Rey, Apto 703 – Centro. Manaus/AM. 2. Nogueira Júnior, JF, Hermann DR, Américo Telefones para contato: (92) 3234-6608 (92) RR, Filho ISB, Stamm AEC, Pignatari SSN. Breve 8123-1242 (92) 8168-7838. história da otorrinolaringologia: otologia, E-mail: [email protected]; barbara. laringologia e rinologia. Rev Bras Otorrinolaringol [email protected] [ISSN 0034-7299]. 2007; 73(5): 693-703. 3. Pappas DG. Otology through the ages. Otolaryngology – Head and Neck Surgery. 1996; 114(2): 173-96. 4. Neto JAM, Pinna BR, Neto JC, Pedroso JES. Comparação entre a telelaringoscopia e a laringoscopia de suspensão no diagnóstico das lesões benignas das pregas vocais. Rev Bras Otorrinolaringol [ISSN 0034-7299]. 2008; 74(6): 869-75. 5. Stammberger H. History of rhinology: anatomy of the paranasal sinuses. Rhinology. 1989; 27(3): 117-210. | 19 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 OFICINA DE ARTETERAPIA COM A TERCEIRA IDADE: O DESABROCHAR DA CRIATIVIDADE ART THERAPY WORKSHOP WITH THE THIRD AGE: THE CREATIVITY BLOOMING Karen Dalila Matsdorff Fernandes;* Ana Karoline Aguiar Preslei;** Thaize Maria Silva Lima;** Dalila Fernandes Monteiro;*** Sônia Maria Belém de Sousa;**** Rosana Pimentel Correia Moysés***** Resumo Introdução: A arteterapia é a terapia onde a expressão artística é o principal veículo de comunicação. Na terceira idade, a realização de alguma arte, além de socializar, permite ao homem liberar sentimentos e emoções. Ela mantém as experimentações criativas e expressivas, e funciona como fator ativador de núcleos de vitalidade e de comunicação. Objetivos: Descrever a realização de uma oficina de arteterapia com idosos em um Centro de Convivência do Idoso na cidade de Manaus e a equipe multiprofissional de saúde do Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV. Metodologia: Estudo descritivo, abordagem qualitativa, que descreve a oficina de arteterapia realizada pela equipe multiprofissional que reuniu os idosos no auditório do Centro de Convivência do Idoso. Resultados: Neste trabalho os idosos mostraram-se atentos, participativos, demonstrando grande satisfação com a atividade proposta. Durante a realização da atividade, eles trocavam experiências entre si de forma lúdica, desenvolvendo sua criatividade e expressando emoções de forma livre. Conclusão: Diante dos benefícios que a arteterapia proporciona aos idosos, torna-se evidente a necessidade de trabalhar regularmente com essa técnica, visando à ludicidade com públicos da terceira idade, pois os resultados são muito mais significativos e observáveis, favorecendo o aprendizado e a participação ativa. Palavras-chave: Terapia pela Arte; Idoso; Centro de Convivência e Lazer. Abstract Introduction: Art therapy is a therapeutic instrument where artistic expression is the primary communication vehicle. In old age, some art realization and socializing, allows man to release feelings and emotions. It maintains creative and expressive experiments, working as vitality and communication core factors. Objectives: To describe a seniors therapy workshop implementation in an Elderly Community Center in Manaus city and the multidisciplinary health care team from Getúlio Vargas University Hospital – HUGV. Methodology: A descriptive, qualitative approach, which relates the art therapy workshop conducted by the multidisciplinary team at Elderly Community Centre. Results: In this work, the elderly showed up attentive, participative, showing great satisfaction with the proposed activity. While performing the activity they were exchanging experiences among themselves through play, in order to develop their creativity and to express their emotions freely. Conclusion: Considering the benefits that art therapy provides for the elderly, it becomes evident this technique regularly working need, aimed at mental and social *Residente de Psicologia do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde – Ufam/HUGV. **Residente de Nutrição do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde – Ufam/HUGV. ***Residente de Fisioterapia do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde – Ufam/HUGV. ****Psicóloga do Serviço de Psicologia Clínica – HUGV. *****Docente da Universidade Federal do Amazonas – Ufam. | 20 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 OFICINA DE ARTETERAPIA COM A TERCEIRA IDADE: O DESABROCHAR DA CRIATIVIDADE third age health maintenance, with more meaningful and observable results, promoting learning and active participation. Keywords: : Art therapy; Elderly; Community Center and Recreation. Introdução A arteterapia é a terapia onde a expressão artística é o principal veículo de comunicação. Em arteterapia não é necessário preocupar-se com a estética, sendo o valor simbólico da criação e o que isso trará como melhoria para o ser humano o fundamental da atividade.1 É de certa forma um meio de comunicação que pode ser expressado por sua arte executada e que em graus variados mostra sua realidade interior, assim como sua realidade externa, sendo exemplificado por projetos que ganham vida por meio da arte. de renovação, mudanças e realização. Com o resgate da autoestima, a alegria, a descoberta de potencialidades, o prazer de expressar e ser ouvido são expectativas para uma vida plena.4 Para a grande maioria, a velhice é uma etapa da vida cercada por impedimentos e constrangimentos. Envelhecer significa enfrentar transformações no corpo e na vida social. As mudanças na vida social são mais difíceis de serem aceitas do que os limites que o corpo impõe com o avançar da idade.5 Muitas vezes em decorrência do tempo livre que a aposentadoria acarreta, sentimentos negativos como a depressão e a solidão também podem aparecer. Quando isso acontece, a realização de alguma arte, além de socializar, permite ao homem liberar sentimentos e emoções. Ela mantém as experimentações criativas e expressivas, e funciona como fator ativador de núcleos de vitalidade e de comunicação.5 É imprescindível que esse tipo de atividade melhore a autoestima e a performance cognitiva dos indivíduos. Onde a arte possibilita inúmeros canais de expressão, seja por meio das tintas e pincéis, da modelagem, da música, teatro, dança, escrita, entre outros. É praticamente infindável a gama de opções que nos oferece o Com base nos benefícios que a arteterapia fazer artístico.2 pode desencadear aos indivíduos que estão A prática da arteterapia promove mudanças vivenciando a terceira idade, descreveremos a no campo afetivo, interpessoal e relacional, realização de uma oficina de arteterapia com melhorando o equilíbrio emocional e idosos em um Centro de Convivência do Idoso na promovendo bem-estar. Constitui-se em uma cidade de Manaus e a equipe multiprofissional prática multidisciplinar, pois reúne saberes de saúde do Hospital Universitário Getúlio de diversas áreas do conhecimento, buscando Vargas – HUGV. resgatar o homem na sua integralidade.2 O Censo 2010 indica que a pirâmide etária brasileira se alterou profundamente na última década. O Brasil está passando por um processo de envelhecimento, que fará com que o país deixe de ser majoritariamente jovem para se tornar uma nação madura em 2040.3 A terceira idade não precisa ser um período de declínio e decadência, se vivida de maneira saudável e ativa poderá ser uma fase natural da existência, com probabilidades Metodologia Este é um estudo descritivo, de abordagem qualitativa. O cenário foi o Centro de Convivência do Idoso, localizado na cidade de Manaus, no bairro Manoa. A equipe da Residência Multiprofissional em Saúde do Hospital Universitário Getúlio Vargas, composta por duas nutricionistas, uma fisioterapeuta e uma psicóloga, estava atuando nesse centro, realizando semanalmente atividades com o grupo de idosos, abordando temas diferenciados | 21 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Fernandes et al tais como: Ginástica Laboral, Mutirão Hiperdia, Prevenção de Quedas e Osteoporose, Higiene Corporal, Alimentação Saudável na Terceira Idade e Oficina de Memória. Além destas, decidiu-se realizar a Oficina de Arteterapia que foi avisada a eles com antecedência de uma semana, para que pudessem levar o material necessário, que nesse caso foi uma lata de alimento vazia. Este estudo teve como base a experiência profissional vivida durante a realização de uma oficina de arteterapia com idosos no Centro de Convivência do Idoso em Manaus. Essa atividade foi realizada por 50 idosos com a orientação de uma equipe multiprofissional. Para o desenvolvimento desse relato, foi utilizado o método descritivo das etapas da oficina de arteterapia. O relato está focado nas percepções da profissional de psicologia. Relato da Experiência: Oficina de Arteterapia na Terceira Idade: O Desabrochar da Criatividade A equipe multiprofissional reuniu os idosos no auditório do Centro de Convivência do Idoso, este era equipado com mesas e cadeiras. Os idosos foram divididos em grupos, totalizando oito grupos, de acordo com a capacidade de cada mesa, para facilitar o uso do material. Figura 1: Idosos divididos em grupos no auditório. Fonte: Matsdorff, 2011. O material utilizado para realização da atividade foi: primer, tinta, verniz para artesanato, papel para decoupage, pincel, secador de cabelo, tesoura e cola para artesanato. Com exceção das latas, o material utilizado foi levado pelos residentes. O público foi cerca de cinquenta idosos, sendo a maioria do sexo feminino. Cada um deles levou a sua lata conforme solicitado para que fosse possível a realização da arte proposta. Após posicioná-los nos grupos, foram dadas as informações de como a atividade seria realizada, então o material foi dividido em todas as mesas. O primeiro passo foi passar o primer nas latas, em seguida eram secas por meio do secador. O terceiro passo foi pintar a lata com a cor de sua preferência. | 22 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 OFICINA DE ARTETERAPIA COM A TERCEIRA IDADE: O DESABROCHAR DA CRIATIVIDADE Figura 2: Idosos realizando a pintura de suas latas. Fonte: Matsdorff, 2011. Estando a pintura seca, o idoso escolhia uma imagem do papel de decoupage para colar em sua lata. Então passavam a cola e colavam a imagem conforme sua predileção. O último passo e para finalizar a arte, caso desejado, os idosos podiam passar verniz. Figura 3: Apresentação do trabalho pronto. Fonte: Matsdorff, 2011. Resultados Nesse trabalho os idosos mostraram-se atentos, participativos e motivados para a confecção das latas. Todos os idosos confeccionaram uma arte com a lata, fazendo uso da técnica aprendida, demonstrando grande satisfação com a atividade proposta. Observou-se que durante a realização da atividade eles trocavam experiências entre si de forma lúdica, desenvolvendo sua criatividade e expressando emoções de forma livre. Tiveram a oportunidade de trabalhar a coordenação visomotora, a memória, a criatividade, concentração e o senso estético. Exercitaram a sociabilidade, recuperação da autoestima, a alegria e a motivação. Discussão A participação de idosos em processos de | 23 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Fernandes et al aprendizagem e envolvimento com atividades, como a oficina de arteterapia, melhora a qualidade de vida e o torna autor do seu processo de viver. Ter qualidade de vida não é algo que acontece naturalmente, pois exige compromisso (para consigo e para com os outros), altruísmo e implicação para com “a arte de viver e conviver”. Como ser pensante e “ser aprendiz” que é, o ser humano necessita aprender a comprometer-se e implicar-se para com o seu processo de viver (e de conviver), importando-se com esse processo e construindo-o de modo que lhe proporcione eficaz qualidade de vida durante todo o seu ciclo vital.6 institucionalizados, visto que a pessoa sai da posição incômoda de perceber-se como inútil e passa a se ver como alguém com possibilidade de criar e dar vida a algo com as próprias mãos. A arteterapia leva ao autoconhecimento e à autoconfiança, aspectos essenciais para a pessoa idosa aproveitar ao máximo o próprio potencial.8 De acordo com a literatura, faz-se necessário a realização de vários encontros com idosos para se obter um resultado perceptível de ganhos ou mudanças na maneira de os idosos vivenciarem essa fase da vida. A participação nessas atividades possibilita aos idosos identificar as potencialidades presentes e possíveis, promovendo a derrubada dos mitos sobre a velhice que tornam os idosos passivos, inoperantes e improdutivos. Quando participantes, os idosos podem desenvolver as capacidades cognitivas e intelectuais, melhorar a autoestima, interação com pessoas da mesma idade, sentimentos de participação em um grupo social e conquista de novas amizades.6 Após a realização da oficina, observamos a necessidade em realizar mais encontros, para oportunizar outras formas de expressão com os idosos, para que os benefícios sejam maiores. Conscientizou-nos, porém, como equipe multiprofissional de saúde em formação, a necessidade de trabalhar com arteterapia visando à ludicidade com públicos da terceira idade, pois os resultados são muito mais significativos e observáveis, favorecendo o aprendizado e a participação ativa. Com a arteterapia os idosos ampliam as possibilidades de socialização, convivendo em um ambiente social de convivência saudável com outras pessoas da mesma condição e a realização de atividades proveitosas e gratificantes.7 Conclusão Referências 1. Sved AL. A arteterapia e a terceira idade. Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau em Especialista em Arteterapia. Universidade Candido Mendes. Os profissionais da saúde e da educação, por Rio de Janeiro, 2002. meio da arte, têm a possibilidade de auxiliar os outros seres humanos, que é o objetivo 2. Coqueiro NF, Vieira FRR, Freitas MMC. primeiro das profissões de ajuda. Pela arte Arteterapia como dispositivo terapêutico em desenvolvem-se os valores essenciais da pessoa, saúde mental. Acta Paul Enferm, 2010; 23(6): é possível conhecê-la melhor para poder 859-62. cuidá-la bem. Desse modo, autores ressaltam a importância da ligação entre arte, educação e 3. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e saúde. Trata-se de uma alternativa de cuidado. Estatística. IBGE Cidades (Censo Demográfico Cuidado e conforto sempre fizeram parte da 2010). atividade da saúde e da educação; porém, com o passar do tempo, centralizou-se a 4. Schambeck LD. Arteterapia na terceira atenção ao modelo de intervenção tradicional, idade: busca da felicidade, prazer, integração extremamente tecnicista e assistencialista.8 e promoção da saúde. Monografia apresentada à diretoria de pós-graduação da Universidade Estudos realizados com pessoas da terceira do Extremo Sul Catarinense – Unesc, para a idade, fazendo uso da arteterapia, relatam obtenção do título de Especialista em Saúde as transformações ocorridas em idosos Pública e Ação Comunitária. Criciúma, 2004. | 24 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 OFICINA DE ARTETERAPIA COM A TERCEIRA IDADE: O DESABROCHAR DA CRIATIVIDADE 5. Guedes MHM, Guedes HM, Almeida MEF. Efeito da prática de trabalhos manuais sobre a autoimagem de idosos. Artigos originais. Rev Bras Geriatr Gerontol. Rio de Janeiro, 2011; 14(4): 731-742. 6. Roldão FD. Aprendizagem contínua de adulto-idosos e qualidade de vida: refletindo sobre possibilidades em atividades de extensão nas universidades. RBCEH, Passo Fundo, v. 6, n. 1, p. 61-73, jan./abr., 2009. 7. Lima CCP. Os benefícios da arteterapia para melhoria da qualidade de vida das pessoas na terceira idade. Apresentação de Monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do curso de Pós-Graduação em Arteterapia e Educação e Saúde. Niterói, 2007. 8. Portella MR, Ormezzano G. Arteterapia no cuidado gerontológico: reflexões sobre vivências criativas na velhice e na educação. Revista Transdisciplinar de Gerontologia. Ano IV, volume III, número 2, 2010. Endereço correspondente: Karen Dalila Matsdorff Fernandes Universidade Federal do Amazonas – Ufam, Brasil. E-mail: [email protected] | 25 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 OESTEOMILITE ARTRITE SÉPTICA OCASIONADA POR SALMONELLA SPP EM PACIENTE COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO OSTEOMYELITIS AND SEPTIC ARTHRITIS CAUSED BY SALMONELLA SPP. IN PATIENTS WITH SYSTEMIC LUPUS ERYTHEMATOSUS David Luniere Gonçalves;* Maria José dos Santos Silva;* Domingos Sávio Nunes de Lima** Resumo A presença de artrite em vigência do uso de corticosteroides é incomum no Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) típico, o que leva a procurar por uma infecção. Quando uma artrite séptica ocorre, a Salmonella pode ser um dos agentes a ser reconhecido. Por conta da localização direta da bactéria, a artrite pode ser mono ou poliarticular e ter um curso prolongado com recaídas, levando a um prognóstico reservado com danos articulares graves e septicemia. O tratamento combinado da doença de base, com imunossupressores e corticosteroide, certamente contribuem para a difusão de infecção por Salmonella. É relatado um caso clínico de artrite séptica e osteomielite numa paciente jovem com sintomas sugestivos e em uso de corticosteroides, que abriu o quadro clínico nas articulações após fazer pulsoterapia com ciclofosfamida. Foi iniciado tratamento clínico com antibiótico e, posteriormente, a paciente foi submetida a uma limpeza cirúrgica. Palavras-chave: LES; Artrite Séptica; Osteomielite; Ciclofosfamida. Abstract The arthritis presence during corticosteroids administration in SLE is an unusual characteristic, which leads to search for an infection site. When a septic arthritis occur the Salmonella can be one of the agents to be recognized. The bacterium direct location can lead the clinic to presents as mono or polyarthritic pattern with a prolonged relapsing course and a poor prognosis due to the severe joint damage and septicemia. The underlying disease combined treatment, with corticosteroids and immunosuppressants, certainly contribute to the Salmonella infections spreading. A septic arthrits and osteomyelitis case report in a young patient, at the time using corticosteroids with suggestive symptoms, which opened joints clinical outbreak after making pulse cyclophosphamide terapy. Clinical treatment was initiated with antibiotic therapy and subsequently surgical cleaning. Keywords: SLE; Septic Arthritis; Osteomyelitis; Cyclophosphamide. Introdução Pacientes com LES são altamente suscetíveis a infecções, com mortalidade média de 4,7% que varia de 1,2 a 36%.1 Os agentes patogênicos bacterianos mais frequentemente reconhecidos, em ordem de prevalência, são o Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Pneumococos, Proteus, Pseudomonas e Salmonella spp.2 Entre * Médico residente de Clínica Médica do HUGV-Ufam. ** Médico reumatologista/preceptor da Residência de Clínica Médica e supervisor da Residência de Reumatologia do HUGV-Ufam. | 26 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 OSTEOMIELITE E ARTRITE SÉPTICA SALMONELLA SPP. EM PACIENTE COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO essas infecções, a Salmonella continua a ser uma ameaça considerável.3 As salmonelas são bactérias gram-negativas aeróbias veiculadas, principalmente, por alimentos contaminados; sua disseminação é por via hematogênica, podendo causar infecção em qualquer órgão. Na osteomielite a principal complicação da infecção por salmonela é a formação de abscessos. de Patrick-Fabere positivo, Volkman positivo e dor à compressão direta posterior. Aparelho cardiorrespiratório e abdome sem alterações. Laboratório: Hb: 9,8 g/dL, Leuco: 12.150 µL, Seg: 62%, Plaq: 340.000 µL, Ureia: 40 mg/dL, Creatinina: 0,5 mg/dL PCR: 192 µL/dl, VHS: 63 mm/s. Iniciada investigação para a artrite de grandes e médias articulações, sendo realizado Fatores predisponentes para a infecção artrocentese de joelho direito, o qual evidenciou osteoarticular incluem corticosteroides, outras líquido sinovial purulento, citometria: drogas imunossupressoras, insuficiência renal, 86.526 leuc/mm3, 94% PMN, baixa glicose; anemia hemolítica e uma ineficaz fagocitose bacterioscopia: bastonetes gram-negativos e granulocítica e monocítica. Esses fatores cultura: Salmonella spp. podem induzir um aumento da morbidade, com o envolvimento de vários órgãos e, às vezes, Na radiografia de joelho direito verificou-se um com um desfecho fatal.4 aumento de partes moles e área de rarefação do côndilo medial. Realizada tomografia O objetivo deste relato é apresentar um caso computadorizada do mesmo joelho, o qual de uma paciente com LES que, após alguns dias evidenciou múltiplas rarefações em tíbia do uso de ciclofosfamida, para tratamento de proximal e fêmur distal (Figura 1A). Solicinefrite lúpica, evoluiu com artrite séptica e tado, então, ressonância nuclear magnética osteomielite. (RNM) de joelho direito, que mostrou áreas focais císticas/necróticas de permeio (Figura 1B), envolvendo o terço distal do fêmur e Relato de Caso proximal da tíbia, e derrame articular com Paciente do sexo feminino, 21 anos, com espessamento irregular da sinóvia. A RNM de diagnóstico de LES, por apresentar critérios cotovelo esquerdo (Figura 1C) identificou ostde fotossensibilidade, rash malar, artrite, FAN eomielite do úmero distal e artrite do cotovelo. nuclear homogêneo 1/40960 e citoplasmático E a RNM do quadril (Figura 1D) mostrava-se com pontilhado 1/10240, Anti-DNA reagente 1/2560, sacroileíte à direita, derrame articular coxo-feconsumo de C4 = 3,3 mg/dL (10 – 40) e consumo de mural bilateral, infiltração edematosa dos músC3 = 19,4 mg/dL (70 – 150), anticardiolipina IgM culos íleo-psoas, glúteo máximo, vastos lateral reagente (39,6), coombs direto positivo e exame e intermédio à direita. de urina apresentando incontáveis hemácias, presença de proteínas e 30 leucócitos/campo Foi então iniciado antibiótico (ciprofloxacino com proteinúria de 2.963 mg/24h. Em uso de 1 g/dia e vancomicina 2 g/dia) e abordado prednisona 60 mg/dia, cloroquina 150 mg/dia. cirurgicamente o joelho direito (artrotomia e Em junho/2012 realizou pulso de ciclofosfamida limpeza cirúrgica). Para as demais articulações 1 g/dia para tratamento de nefrite lúpica. Após manteve-se o tratamento clínico. No momento alguns dias (± 1 semana), evoluiu com febre encontra-se em período de pós-operatório, diária (T: 38°C), dores articulares em região estável, apresentando melhora clínica gradual. lombar baixa, joelhos e pés associado a edema. Negava traumas corto-contusos, ou qualquer infecção do trato pulmonar ou gastrointestinal. Ao exame físico apresentava-se hipocorada (++/+4), com fácies cushingoide, alopécia, artrite de joelho D (+3/4), cotovelo E (+2/4) e dor em região de nádega D, com manobras | 27 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Gonçalves et al 1A 1B 1C 1D Figura 1A: TC de Joelho Direto: Múltiplas rarefações em tíbia proximal e fêmur distal. 1B: RNM de Joelho Direito: Áreas focais císticas/necróticas de permeio, envolvendo o terço distal do fêmur e proximal da tíbia e derrame articular com espessamento irregular da sinóvia. 1C: RNM de Cotovelo Esquerdo: Alteração de sinal na medula óssea de extremidade distal do úmero, rotura de sua cortical anterior comunicando-se com o espaço articular com leve infiltração das porções do bíceps e tríceps adjacentes. 1D: RNM de Quadril: Sacroileíte à direita, derrame articular coxo-femural bilateral, infiltração edematosa dos músculos íleo-psoas, glúteo máximo, vastos lateral e intermédio à direita. Discussão helper.7 Pacientes com LES têm muitas deficiências, sejam elas: imunológicas, celular e/ou humoral, levando a uma susceptibilidade para infecções comuns e oportunistas.5 A Salmonella refere-se a um grupo heterogêneo de bacilos gram-negativos móveis que afetam tanto animais quanto humanos.6 Tem a capacidade para subsistir apesar da presença de anticorpos humorais e celulares. A infecção é grave em pacientes com deficiência na função das células T, especialmente aqueles com linfócitos diminuídos e números reduzidos de células T Em muitos casos relatados de artrite séptica primária e/ou secundária, acredita-se que a origem da infecção seja hematogênica. Os fatores que favorecem a implantação bacteriana e seu crescimento têm sido identificados no LES ativo, no tratamento com corticosteroide e/ou imunossupressores, e na coexistência de envolvimento renal ou necrose avascular óssea.8 Verificou-se que pacientes com LES admitidos no hospital recebiam uma dose média de prednisona de 10 mg em comparação com os não | 28 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 OSTEOMIELITE E ARTRITE SÉPTICA SALMONELLA SPP. EM PACIENTE COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO admitidos, sugerindo piora da imunidade desses pacientes.9 Em outro estudo, a administração recente de corticosteroides intravenosos e/ou imunossupressores foi determinada como um fator de risco para a infecção.10 Como em outros trabalhos, no entanto, a dose da prednisona daqueles que desenvolveram infecções e dos que não desenvolveram não foi estatisticamente diferente entre os dois grupos.11 Os pacientes respondem bem às cefalosporinas de terceira geração, cloranfenicol ou ciprofloxacina.12 Associado à terapia antibiótica, deve-se lançar mão da artrocentese e/ou artrotomia com desbridamento em pacientes com artrite séptica.13,14,15 As escolhas de antibiótico devem ser cuidadosamente avaliadas, uma vez que podem levar a uma resistência antimicrobiana.15,16 Em conclusão, foi investigada artrite séptica pela apresentação clínica que a paciente apresentava: sinais flogísticos de grandes e médias articulações, início agudo, febre alta e uso de imunossupressores. Mesmo com um diagnóstico precoce da doença, esta já havia evoluído para o comprometimento intraósseo, necessitando não apenas de terapia antibiótica, mas, também, de tratamento cirúrgico. Na osteomielite a cirurgia visa à retirada dos fragmentos infectados e lavagem exaustiva do local. Referências 1. Falagas ME, Manta KG, Betsi GI, Pappas G. Infection-related morbidity and mortality in patients with connective tissue diseases: a systematic review. ClinRheumatol. 2007; 26: 663-70. 2. Nived O, Sturfelt G, Wollheim F. Systemic lupus erythematosus and infection: a controlled and prospective study including an epidemiological group. Q J Med. 1985; 55: 271-87. SLE and Salmonellosis. J Rheumatol. 1981; 8: 605-11. 5. Iliopoulos AG, Tsokos GC. Immunopathogenesis and spectrum of infections in systemic lupus erythematosus. Semin Arthritis Rheum. 1996; 25(5): 318-36. 6. Meldrum R, Feinberg JR. Septic arthritis of the ankle due to Salmonella enteritidis: a case report. South Med J. 2004; 97(1): 77-9. 7. Jacobs JL, Gold JWM, Murray HW, Roberts RB, Armstrong D. Salmonella infections in patients with aids. Ann Intern Med. 1985; 102: 186-8. 8. Shahram F, Akbarian M, Davatchi F. Salmonella infection in systemic lupus erythematosus. Lupus. 1993; 2: 55-9. 9. Petri M, Genovese M. Incidence of and risk factors for hospitalisations in systemic lupus erythematosus: a prospective study of the Hopkins lupus cohort. J Rheumatol. 1992; 19: 1559-65. 10. Noel V, Lortholary O, Casassus P et al. Risk factors and prognostic influence of infection in a single cohort of 87 adults with systemic lupus erythematosus. Ann Rheum Dis. 2001; 60: 11414. 11. Chen MJ, Tseng HM, Huang YL et al. Longterm outcome and short-term survival of patients with systemic lupus erythematosus after bacteraemia episodes: 6-yr follow-up. Rheumatology. 2008; 47: 1352-7. 12. Islam A, Butler T, Kabir TI, Alam NH. Treatment of typhoid fever with ceftriaxone for 5 days or chloramphenicol for 14 days: a randomized clinical trial. Antimicrob Agents Chemother. 1993; 37: 1572-5. 3. Habib AG. A clinical audit of presentation and outcome of Salmonella septicaemia. Ann Acad Med Singapore. 2004; 33: 749-53. 13. Smith SP, Thyoka M, Lavy CBD, Pitani A. Septic arthritis of the shoulder in children in Malawi. A randomised, prospective study of aspiration versus arthrotomy and washout. J Bone Joint Surg. Br 84B. 2002; 1167-72. 4.Lovy MR, Ryan PFJ, Hughes GRV. Concurrent 14. Shamiss A, Thaler M, Nussinovitch N, Zissin | 29 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Gonçalves et al R, Rosenthal T. Multiple Salmonella enteritidis leg abscesses in a patient with systemic lupus erythematosus. Postgrad Med J. 1990; 66: 4868. 15. Fey PD, Safranek TJ, Rupp ME et al. Ceftriaxone resistant salmonella infection acquired by a child from a cattle. New Engl J Med. 2002; 342: 1242-9. 16. Parry CM, Ho VA, Phuong LT et al. Randomized controlled comparison of ofloxacin, azithromycin, and an ofloxacin-azithromycin combination for treatment of multidrug-resistant and nalidixic acid-resistant typhoid fever.Antimicrob Agents Chemother. 2007; 51: 819-25. | 30 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 CUIDADOS INTENSIVOS DE ENFERMAGEM NA MANUTENÇÃO DO POTENCIAL DOADOR DE ÓRGÃOS E TECIDOS EM MORTE ENCEFÁLICA: ESTUDO DE CASO CRITICAL CARE NURSING IN MAINTAINING THE POTENTIAL DONOR OF ORGANS AND TISSUES IN BRAIN DEATH: A CASE REPORT Paulo Anderson Dantas Reis;* Lisbeth Lima Hansen;** Sibila Lilian Osis*** Resumo No contexto atual, observa-se a necessidade de aprimorar o trabalho da equipe de Enfermagem que está envolvida no atendimento de potenciais doadores, pautando-se em evidências científicas que visam à melhoria da manutenção de órgãos para doação. O presente estudo objetivou descrever a Sistematização da Assistência de Enfermagem em um paciente com diagnóstico clínico de morte encefálica para viabilização dos órgãos a serem doados. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com características exploratórias, do tipo estudo de caso, que implementou a Sistematização da Assistência de Enfermagem baseada no modelo teórico das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Horta, visando categorizar os diagnósticos de enfermagem da North American Nursing Diagnosis Association (Nanda) como norteadores das intervenções de enfermagem para manutenção hemodinâmica e metabólica do paciente. A aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem com os seus diagnósticos e intervenções viabilizou o cumprimento de metas na manutenção de um potencial doador, proporcionando, além da viabilidade de órgãos para transplante, um sistema de informação na comunicação entre enfermeiros e demais profissionais de saúde. Palavras-chave: Cuidados de Enfermagem; Morte Encefálica; Transplante de Órgãos. Abstract In the current context, there is a need to improve the nursing staff related with caring for potential donors, basing itself on scientific evidence which aim to improve the maintenance of organs for donation. Therefore, this study aimed to describe the Nursing Systematization from a case study in a patient with a clinical diagnosis of brain death allowing organs to be donated. This is a qualitative research, with exploratory characteristics, a case report, which implemented the Systematization of Nursing theoretical model based on the Basic Human Needs Wanda Horta, aiming categorizing nursing diagnoses the North American Nursing Diagnosis Association (Nanda) as guiding nursing interventions for maintaining hemodynamic and metabolic patient. The application of Systematization of Nursing with their diagnoses and interventions enabled us to fulfill the maintenance of a potential donor, providing, besides the organs viability for transplantation, an information system in communication between nurses and other health professionals. Keywords: Nursing Care; Brain Death; Organ Transplantation. * Enfermeiro especialista em Terapia Intensiva. ** Enfermeira, mestra, professora da Universidade Federal do Amazonas. *** Enfermeira especialista, professora da Universidade do Estado do Amazonas. | 31 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 CUIDADOS INTENSIVOS DE ENFERMAGEM NA MANUTENÇÃO DO POTENCIAL DOADOR DE ÓRGÃOS E TECIDOS EM MORTE ENCEFÁLICA: ESTUDO DE CASO Introdução aprimorar o trabalho da equipe de enfermagem que está envolvida no atendimento de potenciais No Brasil, o Sistema Nacional de Transplantes doadores, pautando-se em evidências científicas está presente em 25 Estados com um total de que visam à melhoria da manutenção de órgãos 548 estabelecimentos de saúde e 1.376 equipes para doação. O presente estudo teve como médicas autorizadas a realizar transplantes objetivo, portanto, descrever a Sistematização e esses dados destacam o país como um dos da Assistência de Enfermagem a partir de um maiores sistemas públicos de doação de órgãos estudo de caso em um paciente com diagnóstico e tecidos no mundo. No Amazonas, em 2012, clínico de morte encefálica viabilizando os a Secretaria Estadual de Saúde realizou 212 órgãos a serem doados. transplantes: 43 de rim – a partir de doadores falecidos –, 145 de córneas e 24 de rim entre Aspectos Metodológicos vivos. A perspectiva do Estado é aumentar esses números de doação de órgão a partir de doadores Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com falecidos com a ampliação do programa para características exploratórias, do tipo estudo transplante de coração e fígado.1,2 de caso, que visa categorizar os diagnósticos de enfermagem como norteadores das Nesse contexto, que visa diminuir a fila de espera intervenções de enfermagem para manutenção por um órgão, a manutenção de potenciais hemodinâmica e metabólica do paciente com doadores de órgãos e tecidos é responsabilidade diagnóstico clínico de morte encefálica. da enfermagem, sendo para isso necessário que o enfermeiro da equipe conheça as alterações Para se atingir o objetivo do estudo, fisiopatológicas da morte encefálica e os meios implementou-se a Sistematização da necessários para garantir a viabilidade dos Assistência de Enfermagem a um paciente órgãos passíveis de doação. com diagnóstico clínico de morte encefálica. Utilizaram-se os diagnósticos de enfermagem O processo de enfermagem oferece uma da North American Nursing Diagnosis Association estrutura lógica para atuação do enfermeiro (Nanda) e, com bases nesses diagnósticos que envolve o controle organizacional do de enfermagem, realizou-se a prescrição de trabalho e os processos de tomada de decisão, enfermagem objetivando manter a estabilidade com o objetivo de alcançar o cuidado de forma hemodinâmica e metabólica do potencial individualizada, contextualizada e voltada para doador de órgão e tecidos. resultados possíveis e desejados. Esse processo de enfermagem inclui a investigação ou coleta O estudo obedeceu a todos os critérios éticos de dados, o diagnóstico de enfermagem, o legais da Norma 196/96, do Conselho Nacional planejamento, a implementação das ações e de Saúde, sendo aprovado pelo Comitê de Ética a avaliação dos resultados. Essas etapas são e Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas contínuas, dinâmicas e independentes.3 sob o número 09799712.0.0000.5020. A sistematização da assistência de enfermagem garante ao enfermeiro uma participação ativa no processo de manutenção, captação e transplante de órgãos, embasada no conhecimento técnico-científico da profissão. A doação de órgãos e tecidos começa dentro das Unidades de Terapia Intensiva e a manutenção de pacientes com diagnóstico clínico de morte encefálica de modo sistematizado garante a viabilidade de órgãos a serem doados. No contexto atual, observa-se a necessidade de Relato de Caso Paciente do sexo masculino, 14 anos de idade, natural de Manaus/AM, deu entrada no dia 14/2/2013 no Serviço de Neurocirurgia do Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio Pereira Machado após crise convulsiva com rebaixamento do nível de consciência, sendo admitido na UTI do mesmo hospital às 17h com diagnóstico clínico de Hemorragia Subaracnoide e suspeita de morte encefálica. Sob efeito de medicamentos sedativos, com escore de nível | 32 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Reis et al 1 na Escala de Sedação-Agitação. Mantido em prótese ventilatória com modalidade volume controlado, com FiO2 a 60%, frequência respiratória de 18 irpm, PEEP de 5 cmH2O e volume corrente de 526 ml. Com pupilas midriáticas (7 cm) com ausência de fotorreação, pressão arterial média estável com auxílio de noradrenalina com vazão de 0,05 mcg/kg/min, hipotérmico e apresentando pico hiperglicêmico. Ausculta pulmonar com murmúrios vesiculares presentes bilateralmente sem ruídos adventícios, com expansibilidade simétrica. Ausculta cardíaca com ritmo cardíaco regular em dois tempos com bulhas hiperfonéticas sem sopro. Abdome plano com ruídos hidroaéreos presentes e normoativos. Instituída suspensão da sedação e iniciados os cuidados intensivos iniciais como punção de acesso venoso central em subclávia direita e em artéria radial direita para monitorização de PAM, realizada sondagem orogástrica, instalação de termômetro esofagiano e coleta de exames laboratoriais e de imagem admissionais. No dia 16/3/2013, às 10h, o segundo exame clínico foi realizado, confirmando a suspeita de morte encefálica, sendo solicitado como exame complementar o doppler transcraniano que evidenciou picos sistólicos curtos no território das artérias cerebral média direita, cerebral média esquerda e basilar compatível, portanto, com parada circulatória cerebral, desse modo sendo fechado o diagnóstico de morte encefálica às 12h24. No dia 15/3/2013 permanecia sem sedação, com Escala de Coma de Glasgow de 3, mantendo pressão arterial média estável com noradrenalina (0,05 mcg/kg/min), hipotermia severa responsiva a aquecimento com cobertor e foco de luz, sendo iniciada abertura do protocolo para morte encefálica às 17h, no qual demonstrou coma aperceptivo com pupilas fixas e arreativas (8 cm), ausência de reflexo córneo-palpebral, ausência de reflexo oculocefálico, ausência de respostas às provas calóricas, ausência de reflexo de tosse e apneia. Após a identificação dos diagnósticos de enfermagem, foi realizada a prescrição de enfermagem que consiste em um planejamento com metas predefinidas com finalidade de manter o suporte hemodinâmico do potencial doador em morte encefálica. As intervenções de enfermagem foram pautadas nas recomendações literárias que visam à manutenção dos órgãos a serem transplantados. No quadro a seguir, serão demonstradas quais as intervenções de enfermagem para cada diagnóstico executado, neste estudo de caso: Diagnóstico Resultados O processo de elaboração dos diagnósticos de enfermagem, deste estudo de caso, foi norteado pela taxonomia da Nanda, com finalidade de promover a manutenção do potencial doador de órgão e tecidos por meio de ações que visam à garantia de órgãos viáveis para transplante. Vale ressaltar que, pelo motivo de o Estado do Amazonas só realizar transplante de rins e córneas, os diagnósticos de enfermagem direcionaram-se na manutenção desses órgãos. Quadro 1: Intervenções de enfermagem para cada diagnóstico Meta Intervenções de Enfermagem Ventilação espontânea prejudicada relacionada à depressão do sistema nervoso central secundário a hemorragia subaracnóidea. Meta: iniciar ventilação mecânica com parâmetros próximos ao fisiológico – Manter fixação do tubo orotraqueal em 22 cm na rima labial; – Oferecer suporte ventilatório em modalidade controlada com VC de 6-8 ml/kg, FiO2 para obter um PaO2 > 100 mmHg, PEEP 5-10cmH2O e platô < 30 cmH2O; – Monitorar parâmetros ventilatórios a cada 2 horas. | 33 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 CUIDADOS INTENSIVOS DE ENFERMAGEM NA MANUTENÇÃO DO POTENCIAL DOADOR DE ÓRGÃOS E TECIDOS EM MORTE ENCEFÁLICA: ESTUDO DE CASO Diagnóstico Meta Intervenções de Enfermagem Risco para função respiratória prejudicada. Fator de risco: imobilidade, estase de secreção e tosse ineficaz secundárias à depressão do sistema nervoso central. Meta: manter vias aéreas pérvia com SatO2 ≥ 92%. – Manter cabeceira elevada de 30-45º; – Realizar ausculta pulmonar e aspirar tubo orotraqueal se presença de crepitações ou presença de secreção; – Manter pressão do cuff do tubo orotraqueal entre 25 – 30 cmH2O; – Coletar/Avaliar valores gasométricos. Risco para temperatura corporal Meta: manter temperatura desequilibrada relacionado corporal acima de 35ºC. a controle prejudicado da temperatura secundário a pressão intracraniana aumentada associada à vasodilatação. – Instalar termômetro esofagiano; – Realizar aquecimento corporal com auxílio de cobertores; – Iniciar aquecimento com foco de luz caso temperatura ≤ 35ºC. Risco de desequilíbrio eletrolítico. Fator de risco: mecanismos reguladores prejudicados. Risco de desidratação. Fator de risco: estado hipermetabólico. Meta: manter homeostase eletrolítica. – Coletar amostra de sangue para ionograma de 6/6h; – Monitorar ionograma. Meta: manter Pressão Venosa Central (PVC) entre 6-10 cmH2O e diurese de 1-3 ml/kg/h evitando estado de hipovolemia. – Monitorar PVC de 6/6h; – Monitorar eliminação urinária, realizar balanço hídrico criterioso; – Iniciar ressuscitação volêmica conforme prescrição médica. Débito cardíaco diminuído relacionado à frequência cardíaca alterada. Meta: manter débito cardíaco que atenda as necessidades metabólicas corporais. – Manter monitorização cardíaca; – Manter PAM ≥ 70 mmHg ou PAS > 100 mmHg; – Administrar vasopressina conforme prescrição médica; – Iniciar/Ajustar terapêutica com droga vasopressora conforme prescrição médica. Risco de choque. Fator de risco: Hipovolemia, hipotensão, hipoxemia e hipóxia. Meta: minimizar fatores de risco como hipotensão, hipovolemia, hipóxia e hipoxemia. – Monitorar hematócrito e hemoglobina; – Monitorar sinais e sintomas de choque. Risco de glicemia instável. Fator de risco: estado de saúde física. Meta: manter o estado de normoglicemia. – Monitorar glicemia de 6/6 horas; – Corrigir glicemia, conforme protocolo institucional, se glicemia capilar dextro < 70 mg/ dl ou > 140 mg/dl. Continuação do Quadro 1 | 34 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Reis et al Diagnóstico Meta Intervenções de Enfermagem Nutrição desequilibrada: menos do que as necessidades corporais, relacionado à ingestão insuficiente de nutrientes para satisfazer as necessidades metabólicas. Meta: oferecer de 15 a 30% das calorias a partir do gasto energético. – Iniciar alimentação por via nasogástrica; – Avaliar distenção abdominal após início da dieta; – Avaliar resíduo gástrico a cada 4 horas. Risco de perfusão renal ineficaz. Fator de risco: acidose metabólica e hipovolemia. Meta: manter perfusão renal adequada para filtração glomerular. – Monitorar valores de creatinina e ureia; – Manter balanço hídrico entre 1-3 ml/kg/h; – Avaliar débito urinário após reposição volêmica; – Avaliar aspecto e cor da diurese. Risco de infecção. Fatores de riscos: exposição ambiental a patógenos e presença de dispositivos invasivos. Meta: minimizar contato do indivíduo a agentes patogênicos. – Monitorar sinais vitais no máximo de 2/2h; – Coletar amostra para realização de hemocultura, urocultura e secreção traqueal; – Monitorar leucograma; – Realizar curativo oclusivo em inserção de acesso venoso central e cateter de PAM com S.F0,9% e solução antisséptica; – Realizar higiene de cavidade oral com solução antisséptica bucal à base de clorexedina 6/6h. Pesar relacionado à morte de pessoa significante. Meta: família deverá expressar seu pesar pela perda do membro familiar. – Esclarecer todas as dúvidas inerentes à morte encefálica proporcionando apoio emocional à família. Continuação do Quadro 1 Evolução O paciente evoluiu sem sedação, arreativo, com Glasgow de 3, pupilas midriáticas (8 cm), com ausência de fotorreação, apresentando episódio de hipotensão responsiva a ajuste da noradrenalina para 0,66 mcg/kg/min e ressuscitação volêmica com 2.500 ml de S.F.0,9%, com pressão venosa central (PVC) em 12 cmH2O, em sincronia com prótese ventilatória com SatO2 ≥ 95% com PaO2/FiO2 de 337 mmHg, apresentando pico febril de 37,9ºC, com radiografia de tórax evidenciando infiltrados sugestivos de foco infeccioso e leucócitos de 12.870/ml, sendo iniciada antibioticoterapia com Piperacilina sódica + Tazobactam sódico 4,5 g. Ausculta pulmonar com murmúrios vesiculares presentes bilateralmente com crepitações grosseiras em bases pulmonares, com expansibilidade simétrica. Ausculta cardíaca com ritmo cardíaco regular em dois tempos com bulhas hiperfonéticas sem sopro. Abdome plano com ruídos hidroaéreos normoativos, tolerando dieta por sonda gástrica, mantendo normoglicemia. Pele com perfusão preservada e íntegra em áreas de proeminências ósseas. Acesso venoso central pérvio em subclávia direita pérvio e sem | 35 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 CUIDADOS INTENSIVOS DE ENFERMAGEM NA MANUTENÇÃO DO POTENCIAL DOADOR DE ÓRGÃOS E TECIDOS EM MORTE ENCEFÁLICA: ESTUDO DE CASO sinais de flogose. Cateter de PAM em artéria radial direita sem sinais de flogose e pérvio. Sonda vesical de demora drenando urina de aspecto límpido com coloração amarelo-clara com débito urinário das últimas 24 horas de 3,15 ml/kg/h, dosagem de creatinina de 0,8 mg/dl. Iniciada terapêutica de reposição hormonal com metilprednisolona 1 g endovenosa e levotiroxina 300 mcg por via enteral encaminhado para capitação de córneas e rins às 17h20. Discussão Todos os doadores com morte encefálica necessitam de ventilação mecânica controlada para a manutenção da oxigenação dos tecidos. Os pulmões do doador morto são particularmente vulneráveis a lesões pulmonares por influência da liberação de mediadores pró-inflamatórios que acompanham a morte encefálica; portanto, é necessária a utilização de estratégias que não acrescentem dano ao tecido pulmonar. A ventilação deve conter estratégias protetoras com finalidade de oferecer adequada troca gasosa mantendo uma relação entre PaO2/FiO2 > 300 mmHg, PaO2 superior a 100 mmHg, PaCO2 entre 35 a 45 mmHg e um pH entre 7,35 a 7,45. Para se alcançar tais objetivos, é necessário ventilar esses pacientes com volumes correntes de 5 a 8 ml/kg, ajustar a FiO2 para se obter uma PaO2 > 100 mmHg, PEEP entre 5 a 10 cmH2O e uma pressão de platô < 30 cmH2O.3,4,5 A assistência de enfermagem na manutenção da ventilação do potencial doador de órgão em morte encefálica visa à manutenção da relação ventilação/perfusão pulmonar minimizando efeitos deletérios sobre os pulmões e com o máximo controle asséptico das vias aéreas para evitar infecções pulmonares.3,5 Desse modo, durante a permanência do paciente na UTI, o controle de parâmetros ventilatórios pelo enfermeiro guiou a manutenção da oxigenação dos órgãos a serem transplantados. A necessidade de aspirações foi realizada de acordo com a necessidade e não como uma rotina a ser executada, fazendo ressalva que a utilização de sistema de aspiração fechado poderia auxiliar na manutenção da pressão positiva final na utilização de manobras de recrutamento alveolar caso fosse utilizado uma PEEP superior a 10 cmH2O. A coleta de amostra de sangue deve ser realizada para que se possa avaliar a efetividade da ventilação mecânica que, neste paciente, foram realizadas no período da manhã. A mudança de decúbito a cada 2 horas é uma rotina executada na instituição, auxiliando na mobilização de secreção, o que facilita a aspiração traqueal. A utilização da posição prona pode auxiliar na troca gasosa, no entanto não utilizamos essa manobra por dificultar outros procedimentos. A pressão do balonete do tubo orotraqueal deve ser mantida entre 25 a 30 cmH20 com finalidade de minimizar os riscos de broncoaspiração; no entanto, pela ausência de cufômetro, impossibilitou sua mensuração. O controle da temperatura corporal na morte encefálica encontra-se comprometido, visto que a regulação hipotalâmica é inexistente. A vasodilatação extrema da síndrome, associada com a incapacidade de tremer para produzir calor e a infusão de grandes volumes de líquidos não aquecidos resulta em quedas bruscas de temperatura.5 Cabe ao enfermeiro o controle da temperatura corporal do potencial doador de órgãos, visto que temperatura abaixo de 35ºC predispõe o potencial doador a desenvolver arritmias cardíacas, vasoconstricção severa, hiperglicemia, coagulopatias, alterações da função renal e diminuição da atividade enzimática.3 Como o recomendado, logo na admissão do paciente, foi realizada a instalação do termômetro esofagiano para um monitoramento mais fidedigno da temperatura corpórea. Objetivando manter a temperatura superior a 35ºC, neste estudo utilizamos primeiramente aquecimento com auxílio de cobertores; entretanto, em sua permanência na UTI, o paciente desenvolveu quadro de hipotermia severa, sendo necessário o aquecimento com foco de luz direcionado ao tórax e abdome, medida a qual conseguimos uma temperatura superior a 35ºC. Outros mecanismos de aquecimento corporal, que apresentam bons resultados, são a utilização de mantas térmicas e, em casos mais severos, a infusão de soluções | 36 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Reis et al aquecidas e aquecimento do ar inspirado com controle adequado do ventilador mecânico.3 Distúrbios hidroletrolíticos estão inerentes com a morte encefálica, principalmente os relacionados ao sódio. Esse quadro sucede do tratamento antecedente à morte encefálica que visava manter a pressão intracraniana em níveis adequados e pelo diabetes insipidus decorrente dos baixos níveis de hormônio antidiurético.4 A correção hidroeletrolítica adequada é importante para evitar ocorrências de arritmias que podem comprometer a função hemodinâmica.6 Nesse contexto, a participação do enfermeiro no monitoramento de eletrólitos e a coleta de sangue para dosagem de ionograma deverá ser feita a cada seis horas. Neste estudo de caso, foram coletados e analisados o ionograma uma vez ao dia durante os dias de internação na UTI, sempre pela manhã, no que observávamos homeostasia do sódio, cálcio e magnésio com discreta alteração dos níveis de potássio de 5,5 mE/L, caracterizando estado de hiperpotassemia. sendo iniciada ressuscitação volêmica com 2.500 ml de soro fisiológico a 0,9% com estabilização da PAM em um valor superior a 70 mmHg. Caso a ressuscitação volêmica não alcance o objetivo de manter a perfusão dos órgãos a serem transplantados, o suporte vasopressor e inotrópico deverá ser baseado na lógica fisiológica de alcançar uma PAM igual ou maior a 70 mmHg.3,7 O enfermeiro deve ter em mente que a infusão de drogas vasopressoras é feita por via endovenosa e que sua resposta farmacológica é rápida; portanto, que sua participação ativa na administração desse fármaco para o alcance de níveis adequados de pressão arterial se faz necessária para a manutenção de uma perfusão satisfatória dos órgãos a serem transplantados. Nesse caso, o que observamos foi o gradativo aumento da infusão de noradrenalina para o alcance de uma PAM adequada para perfusão de tecidos. A falência progressiva do eixo hipotalâmicohipofisário contribui para um declínio progressivo da liberação do hormônio antidiurético, o que resulta em diabetes insipidus. A consequência desse processo é Com relação ao estado de hidratação do potencial a produção de uma diurese hiposmolar, com doador, o grande desafio é evitar a hipovolemia, hipovolemia secundária, hipernatremia e principal instabilidade hemodinâmica, que hiperosmolaridade sérica. A vasopressina é deverá ser tratada primeiramente com um hormônio que pode ser utilizado tanto na reposição volêmica agressiva. Uma reposição terapêutica vasopressora quanto no manejo da insuficiente acarretará em uma perfusão diabetes insipidus, auxiliando na estabilização tecidual inadequada com ativação inflamatória dos níveis pressóricos.8 Neste estudo de caso, sistêmica e disfunção orgânica culminando a prescrição médica continha vasopressina a em uma menor qualidade dos órgãos a serem critério médico; no entanto, pela boa resposta transplantados.7 A participação do enfermeiro com a infusão de volume e noradrenalina, não no controle volêmico visa à manutenção de foi necessária a sua administração. uma pressão venosa central (PVC) entre 8 e 12 cmH2O com um débito urinário menor que Além da supressão do hormônio antidiurético, 4 ml/kg/h; para tal, o balanço hídrico deverá observamos também a tendência de pacientes ser feito de 6/6h. Essas medidas não devem ser com morte encefálica evoluírem com isoladas, cabendo ao profissional a busca ativa hiperglicemia, fator resultante da tempestade de sinais e sintomas de choque.3,7 simpática que aumenta tanto a gliconeogênese quanto a resistência à insulina nos tecidos Para esse paciente do estudo de caso, como periféricos aliada com a diminuição de critério de avaliação, foram mensuradas a PVC insulina pelo pâncreas, um segundo momento a cada 6 horas que, embora estivesse dentro é a normalização dos níveis insulinêmicos e dos padrões de normalidade com 12 cmH2O, aumento do peptídeo. O nível glicêmico deverá constatou-se desenvolvimento de hipotensão ser mantido em torno de 140 a 180 mg/dl guiado não responsiva a ajuste de droga vasopressora, por protocolo de correção glicêmica nos casos | 37 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 CUIDADOS INTENSIVOS DE ENFERMAGEM NA MANUTENÇÃO DO POTENCIAL DOADOR DE ÓRGÃOS E TECIDOS EM MORTE ENCEFÁLICA: ESTUDO DE CASO de crise hiperglicêmica.4,5,6 sintomas decorrentes da disfunção endócrina. A monitorização da glicemia capilar de 6/6h ofereceu ao enfermeiro subsídios na hora de realizar a correção das taxa de glicemia sanguínea, pois, em sua admissão, o paciente apresentava valor de glicemia capilar de 183 mg/dl, sendo realizada a correção com insulina regular guiada pelo protocolo institucional. Após essa correção, o paciente evoluiu em estado normoglicêmico, não sendo necessária a realização de insulinoterapia. A tempestade simpática resultante da morte encefálica é responsável pela liberação maciça de adrenalina, corticosteroide e glugacon e o resultado é um aumento no gasto energético de 2,5 vezes superior à taxa metabólica basal. Passada essa fase, há uma diminuição do gasto energético provavelmente pela ausência de atividade muscular espontânea, ausência de metabolismo cerebral e hipotermia. Recomendase que seja iniciada ou mantida a oferta calórica por via enteral de 15 a 30% das calorias O controle endócrino-metabólico se estende além calculadas a partir do gasto energético basal – da reposição de insulina em doadores falecidos. calculado pela equação de Harris-Benedict –, Evidências clínicas recomendam a terapia de devendo ser parada a infusão apenas quando o reposição hormonal com administração de doador for levado ao centro cirúrgico.4,6 corticoides, como a metilprednisolona, em razão da ação anti-inflamatória sobre o enxerto A participação do enfermeiro na manutenção hepático reduzindo a disfunção hepática pós- do aporte calórico visa ao início quanto antes transplante. A falência hipofisária evolui para da nutrição enteral com oferta de nutrientes de um declínio gradual da concentração plasmática maneira segura e que possibilite a sua absorção do hormônio tiroidiano tri-iodotironina (T3), pelo trato gastrointestinal. Após a admissão na a consequência clínica dessa deficiência UTI, foi realizada a sondagem nasogástrica com resulta em redução da contratilidade cardíaca sonda n.º 14 e adotadas medidas preventivas e mudanças do metabolismo aeróbico para como a manutenção da cabeceira elevada o anaeróbico aumentando a acidose lática em torno de 30-45º, avaliação de distensão progressiva. Administração de hormônios abdominal e presença de resíduo gástrico a tiroidianos por via endovenosa visa a uma maior cada 4 horas. O posicionamento da sonda pósestabilidade hemodinâmica, principalmente pilórica minimiza os riscos de broncoaspiração, no que diz respeito à captação de coração. Na pois o reflexo de tosse nesse tipo de paciente é ausência de levotiroxina na forma endovenosa inexistente; entretanto, não há contraindicação pode-se optar por via enteral.4,8,9 do posicionamento da sonda em região gástrica.3 Confirmada a morte encefálica desse paciente e, de acordo com a prescrição médica, foi iniciada reposição de hormônio tireoidiano com levotiroxina 300 mcg por via enteral por conta da indisponibilidade na instituição da forma farmacêutica endovenosa desse medicamento. Além da utilização da levotiroxina, a metilprednisolona foi administrada em dose de 1 g uma vez ao dia. Deficiências hormonais em pacientes com morte encefálica são observadas por meio das alterações hemodinâmicas que a supressão de hormônios causa em determinados tecidos. A atuação do enfermeiro no controle endócrino do potencial doador está relacionada na administração da terapêutica de reposição hormonal; portanto, o conhecimento da função destes guia a identificação precoce de sinais e Para a manutenção da função renal adequada, recomenda-se manter uma PAM ≥ 70 mmHg, PVC em torno de 6 a 10 cmH2O e diurese de 1 ml/ kg/h no doador cadáver. Essas medidas devem ser alcançadas por meio de uma reposição volêmica vigorosa, drogas vasopressoras e, quando necessário, drogas inotrópicas. Avaliação da função renal deverá ser feita por meio da monitorização do débito urinário e dos valores de creatinina basal no qual valores entre 1,5-2,0 mg/dl são o máximo tolerável para o transplante.10 A participação do enfermeiro na manutenção da função renal é, portanto, a monitorização do débito urinário com a realização do balanço hídrico a cada 6 horas associada à coleta de | 38 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Reis et al sangue para dosagem de creatinina a cada 24 horas e avaliação do aspecto da urina. No nosso estudo, essas medidas se mostram benéficas, pois a evolução do potencial doador foi com urina de aspecto límpido com coloração amareloclara com débito urinário das últimas 24 horas de 3,15 ml/kg/h e dosagem de creatinina de 0,8 mg/dl, sugerindo a viabilidade dos rins para transplante. Pacientes com morte encefálica apresentam um risco elevado no desenvolvimento de infecções relacionadas à ventilação mecânica, broncoaspiração e em alguns casos à presença de lesões traumáticas, além dos dispositivos invasivos que favorecem a disseminação de microrganismos e sepse.8 Muitos doadores com morte encefálica são excluídos pela presença de infecção, suspeita ou comprovada, no momento do diagnóstico, de morte cerebral. Cada caso deverá, no entanto, ser avaliado particularmente evitando a contraindicação absoluta e a coleta de cultura poderá guiar a equipe na tomada de decisão. A utilização de antibioticoterapia profilática adequada poderá minimizar os riscos e, nesse caso, deverá ser dada preferência aos antibióticos que não causem nefrotoxidade.4 Medidas com a monitorização dos sinais vitais a cada 2 horas, realização da higiene oral com solução antisséptica e monitorização do leucograma visam à rápida identificação de processos infecciosos em potenciais doadores. Neste estudo, observamos que o potencial doador evoluiu com pico febril de 37,9ºC, radiografia de tórax evidenciando infiltrados sugestivos de foco infeccioso e leucócitos de 12.870/ml, o que resultou no início de antibioticoterapia profilática com Piperacilina sódica + Tazobactam sódico 4,5 g. A coleta de amostra de material biológico para cultura de sangue, urina e secreção traqueal foi realizada com finalidade de avaliar o risco de sepse póstransplante. certo tempo que permita a família assimilar as informações, uma nova equipe entra em contato para pedir o consentimento de doação de órgãos. O profissional que intermediará o processo de consentimento de doação pode ser um profissional enfermeiro, médico, psicólogo ou assistente social que não participou do tratamento do paciente.11 A abordagem familiar exige do enfermeiro envolvido no processo de doação de órgãos, seja ele o enfermeiro assistencial ou o enfermeiro da captação de órgãos, um preparo técnico, pois esse momento é um processo de separação entre o paciente que está com morte encefálica e a família e qualquer dúvida quanto à morte deve ser sanada. Neste estudo de caso, o que observamos foi a receptividade por parte da família, que embora estivesse em um momento de sofrimento por perda de um ente, mostrouse interessada em realizar a doação de órgãos antes mesmo da abordagem da equipe da central de transplante. Talvez essa atitude tenha sido resultado do trabalho da equipe assistencial que durante a internação do paciente procurou esclarecer para família todas as dúvidas inerentes à situação clínica dele. Conclusão O quantitativo de doadores de órgãos para transplante é insuficiente para suprir a necessidade de pessoas na lista de espera por um órgão. O processo de captação de tecidos se inicia dentro da UTI e a busca ativa a possíveis doadores visa diminuir essa lista. Embora o Amazonas seja um Estado que tenha iniciado há pouco tempo o processo de captação e doação de órgãos, observou-se que existe um empenho da equipe em ter uma participação mais ativa nesse processo. O início precoce da manutenção do potencial doador em morte encefálica garante a viabilidade de órgãos para transplante. Embora seja um trabalho que demande tanto de A técnica do desacoplamento apresenta maiores recursos humanos quanto tecnológicos, e seja taxas de aceitação da família para a doação de emocionalmente desgastante para a equipe, a órgãos. Essa técnica consiste na informação dada manutenção do potencial doador engloba uma pelo médico intensivista sobre o diagnóstico grande questão social tendo em vista que um de morte encefálica e seu significado. Após possível doador, mantida a sua estabilidade | 39 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 CUIDADOS INTENSIVOS DE ENFERMAGEM NA MANUTENÇÃO DO POTENCIAL DOADOR DE ÓRGÃOS E TECIDOS EM MORTE ENCEFÁLICA: ESTUDO DE CASO hemodinâmica e metabólica, poderá ajudar a melhorar as condições de saúde para diversas pessoas. É necessário que o enfermeiro intensivista, como membro integrante da equipe de saúde, conheça as alterações inerentes à morte encefálica. A aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem com os seus diagnósticos e intervenções viabiliza o cumprimento de metas na manutenção de um potencial doador, proporcionando, além da viabilidade de órgãos para transplante, um sistema de informação na comunicação entre enfermeiros e demais profissionais de saúde. Conhecer e divulgar, portanto, o trabalho da equipe de enfermagem na manutenção de potenciais doadores diagnosticados com morte encefálica visa possibilitar acesso à informação pautado à luz da ciência. 5. Guetti NR, Marques IR. Assistência de enfermagem ao potencial doador de órgãos em morte encefálica. Rev Bras Enferm. 2008; 61(01): 91-97. 6. Guimarães HP, Lopes RD, Lopes AC. Tratado de urgência e emergência, prontosocorro e UTI. São Paulo: Atheneu, 2010, p. 857-880. 7. Westphal GA, Caldeira Filho M, Vieira KD et al. Diretrizes para a manutenção de múltiplos órgãos no potencial doador adulto falecido. Parte I: Aspectos gerais e suporte hemodinâmico. 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Westphal GA, Caldeira Filho M, Vieira KD et. al. Diretrizes para a manutenção de múltiplos órgãos no potencial doador adulto falecido. Parte III: Recomendações órgãos específicas. Rev Bras Ter Intensiva. 2011; 23(04): 410-425. Disponível em: http://www.rbti.org.br/artigos. asp?lang=br&modo=ver&id_artigo=644. <Acesso em 7.2.2013> 3. Padilha KG, Vattimo MFF et al. Enfermagem em UTI: cuidando do paciente crítico. São Paulo: Manole, 2010, p. 1088-1101. 4. Westphal GA, Caldeira Filho M, Vieira KD et al. Diretrizes para a manutenção de múltiplos órgãos no potencial doador adulto falecido. Parte II: ventilação mecânica, controle endócrino e metabólico e aspectos hematológicos e infecciosos. Rev Bras Ter Intensiva. 2011; 23(03): 269-282. Disponível em http://www.saude.ba.gov.br/transplantes/ documentos_tx/artigo_amib.pdf. <Acesso em 7.2.2013> 11. Rech TH, Rodrigues Filho EM. Entrevista familiar e consentimento. Rev Bras Ter Intensiva. 2007; 19(01): 85-89. Disponível em: http:// www.scielo.br/pdf/rbti/v19n1/a11v19n1.pdf. <Acesso em 7.2.2013> Contato: Paulo Anderson Dantas Reis R: Paracuúba, 190 – bairro São José I. CEP: 69085-210 Fone: (92) 8250-0798 / 3248-3456 e-mail: [email protected] | 40 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 FALÊNCIA OVARIANA PRECOCE ASSOCIADA À DELEÇÃO DO BRAÇO CURTO DO CROMOSSOMO X: RELATO DE CASO PREMATURE OVARIAN FAILURE ASSOCIATED WITH X CHROMOSOME SHORT ARM DELETION: CASE REPORT Patrícia Gonzales Maia;* Paula Rita Leite da Silva;** Izabella Barros dos Santos* Resumo A falência ovariana precoce é caracterizada por amenorreia associada à deficiência de esteroides ovarianos e elevados níveis de gonadotrofinas em mulheres com idade inferior a 40 anos. Esse diagnóstico traz consigo repercussões importantes na vida dessas jovens mulheres, principalmente no que diz respeito à fertilidade. Neste relato, apresenta-se um caso de deleção no braço curto de cromossomo X, em paciente nulípara, com amenorreia secundária e infertilidade. Já ao diagnóstico, a paciente aqui descrita encontrava-se com osteoporose e atrofia intensa de aparelho reprodutor interno. Este caso enfatiza a importância do diagnóstico e tratamento precoce da FOP na prevenção de complicações decorrentes do hipoestrogenismo, diminuindo assim as taxas de morbimortalidade e melhorando a qualidade de vida dessas pacientes. Palavras-chave: Falência Ovariana Prematura; Deleção Cromossômica; Amenorreia; Infertilidade. Abstract Premature ovarian failure is characterized by amenorrhea associated with deficiency of sex hormones and high levels of gonadotropins in women aged less than 40 years. This diagnosis brings important reverberations in the lives of these young women, particularly as regards fertility. In this report we present a case of deletion on the short arm of the X chromosome in a nulliparous patient with secondary amenorrhea and infertility. Already diagnosis the patient presented with severe osteoporosis and atrophy of the reproductive tract. With this case we would like to emphasize the importance of early diagnosis and treatment of POF in preventing complications of hipostrogenismo, reducing rates of morbidity and mortality and improving the quality of life of these patients. Keywords: Premature Ovarian Failure; Chromosome Deletion; Amenorrhea; Infertility. Introdução folículo estimulante maior que 40 mIU/mL.1 Dentre as causas etiológicas mais importantes A Falência Ovarina Precoce (FOP) é encontram-se anormalidades cromossômicas tradicionalmente definida como amenorreia numéricas e estruturais, síndrome do X frágil antes dos 40 anos associada a hipogonadismo (FMR1), desordens autoimunes, radioterapia hipergonadotrófico com níveis de hormônio e quimioterapia. Aproximadamente 1% das * Médica residente em Ginecologia e Obstetrícia, Hospital Universitário Francisca Mendes. ** Professora de Tocoginecologia da Universidade do Estado do Amazonas. | 41 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 FALÊNCIA OVARIANA PRECOCE ASSOCIADA À DELEÇÃO DO BRAÇO CURTO DO CROMOSSOMO X: RELATO DE CASO mulheres podem desenvolver FOP antes dos 40 anos de idade.2 As principais consequências da FOP são a infertilidade e o hipoestrogenismo que pode levar ao desenvolvimento de osteoporose,3 susceptibilidade a doenças cardiovasculares4 e hipotrofia genital, além de sintomas vasomotores como fogachos e alterações do humor.5 A conduta diante de pacientes com FOP envolve a abordagem da infertilidade, reposição hormonal e aconselhamento genético em casos específicos de cromossomopatias.1,2,5 Importante enfatizar a necessidade da equipe multidisciplinar no momento do diagnóstico, proporcionando suporte e aconselhamento emocional.6 A maior parte das pacientes são jovens e compreensivelmente não estão preparadas para receber o diagnóstico.1 O elemento da síndrome que mais as afetam é a infertilidade.6 A FOP é frequentemente causada por aberrações do cromossomo X. Anormalidades do cromossomo X, como a monossomia X, resultam em amenorreia primária e alteração do desenvolvimento puberal (síndrome de Turner). Ao passo que alterações leves, como as deleções parciais, são relacionadas à amenorreia secundária.7 Relato de Caso Paciente com 27 anos, nulípara, encaminhada por amenorreia secundária. Refere menarca aos 12 anos e completo desenvolvimento de caracteres sexuais secundários. Evoluiu com ciclos menstruais irregulares caracterizados como espaniomenorreia desde a menarca. Aos 22 anos procurou atendimento médico, quando foi prescrito anticoncepcional oral, que fez uso por um ano. Desde abril de 2010 encontrase em amenorreia. Nega comorbidades, cirurgias anteriores, antecedentes familiares e medicações de uso sistemático. Ao exame físico apresentava completo desenvolvimento puberal e mamário, IMC: 25,4. O exame gincológico evidenciou genitália hipotrófica, pilificação adequada, paredes vaginais e colo uterino atróficos. Ao toque apresentava elasticidade vaginal diminuída, sem outras alterações. Aos exames laboratoriais: Prolactina de 12.8; TSH: 3.26; T4 livre:1.35; Testosterona total: 15.8; Testosterona livre: 102; SDHEA: 120; 17 hidroxiprogesterona: 0.33; Androstenediona: 1.16; Glicemia: 71; Colesterol: 249; Triglicerídeo: 256; FSH: 73.5 (> 40 mUI/ mL); LH: 25.6 e Estradiol: 20.9. A ultrassonografia abdominal confirmou o diagnóstico de útero As deleções mais comuns são as que ocorrem no involuído com volume total de 10 cm3 e ovários braço curto do cromossomo X, essas deleções não visualizados. A paciente apresentava evidenciam vários fenotipos, dependendo da exame colpocitológico negativo para neoplasias quantidade de Xp remanescente. O ponto de e densitometria óssea com diagnóstico de corte comum para deleções terminais é Xp11. osteoporose tanto em colo de fêmur (-2.7) Deleções em Xp11 resultam 50% em amenorreia como em coluna (-2.6). Foi solicitado cariótipo primária e disgenesia gonadal, enquanto o com coloração por banda G que identificou restante evolui com amenorreia secundária.8 deleção do braço curto de um dos cromossomos sexuais 46 X, del (X) (p11.4), confirmando o No presente estudo apresenta-se um caso de diagnóstico de falência ovariana precoce de FOP em que a análise citogenética evidenciou etiologia genética. O uso de anticoncepcional deleção no braço curto do cromossomo X oral contínuo, a reposição de cálcio e vitmina D (p11.4). foram iniciados. | 42 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Maia et al Figura 1:Figura 1: Cariótipo com deleção do braço curto do cromossomo X (del (p11.4)). Discussão falha menstrual em 2010 e só obteve diagnóstico definitivo em 2012. A falência ovariana precoce é uma desordem incomum, confundida há tempos com menopausa precoce. Hoje, porém, diferentemente da menopausa, a falência ovariana não é sinônimo de cessação permanente da função ovariana. Sendo assim, insuficiência ovariana sería um termo adequado, pois transmite uma sensação de que a fisiopatologia representa um continum. Além disso, o termo pode ser mais aceitável para as pacientes, pois reflete a possibilidade de remissão espontânea e gravidez subsequente.9 A FOP afeta aproximadamente 1 em cada 10.000 mulheres até 20 anos, 1 (uma) em mil mulheres até 30 anos; 1 (uma) em cada cem mulheres até 40 anos.10 Em geral, após a exclusão de gravidez, a avaliação inicial se dá com dosagens hormonais de prolactina sérica, FSH e TSH. Se o FSH tiver valores menopausais, ou seja, acima de 40 mUI/mL, em pacientes com idade inferior a 40 anos, é necessário a repetição dele em trinta dias e dosagem do estrogênio sérico. O teste da progesterona não é aconselhável nesses casos por conta da característica intrínseca de função ovariana intermitente, em que metade das pacientes poderá responder positivamente ao teste, levando ao atraso do diagnóstico definitivo.9 Uma vez feito o diagnóstico, é necessário a realização de exames específicos para O primeiro desafio nessa afecção é o diagnóstico. definição da etiologia. Nem sempre, contudo, Em um estudo realizado com 50 mulheres que o diagnóstico etiológico é possível, podendo ser apresentavam amenorreia secundária, mostrou- realizado por exclusão. Nos casos de falência se que 57% (16 de 28) das pacientes visitaram ovariana precoce que não estão associadas a consultórios médicos três ou mais vezes antes uma síndrome, os testes laboratoriais que são que testes laboratoriais fossem feitos para recomendados incluem o estudo citogenético, determinar o diagnóstico. O tempo médio entre teste para premutação de FMR1 e teste para o início da falha menstrual até o estabelecimento anticorpos adrenais.12 do diagnóstico de falência ovariana prematura foi de dois anos.11 Informação que está de acordo A FOP pode resultar de uma diminuição com o caso em estudo no qual a paciente iniciou do número de folículos sendo encontrado | 43 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 FALÊNCIA OVARIANA PRECOCE ASSOCIADA À DELEÇÃO DO BRAÇO CURTO DO CROMOSSOMO X: RELATO DE CASO durante o desenvolvimento do ovário ou aumento da taxa de perda ou atresia folicular acelerada.5 Diferentes mecanismos genéticos são pertinentes a esses processos, incluindo rearranjos do cromossomo X, mutações de genes autossômicos, genes ligados ao X e no DNA mitocondrial, como também a determinantes poligênicos e multifatoriais.13 efeitos benéficos no sistema cardiovascular.16 Quanto à fertilidade, mulheres com FOP têm a chance de 5-15% de conceber espontaneamente. A terapia de primeira linha é uma prova com reposição de estradiol e acompanhamento de perto da ovulação.2 Outra opção terapêutica seria a fertilização in vitro (FIV) com óvulo de doadora, cujas taxas de gestação chegam a 50% por ciclo.3 Mulheres com anormalidades estruturais e numéricas do cromossomo X formam o maior subgrupo com insuficiência ovariana primária.14 Em conclusão, é de vital importância que o diagnóstico de falência ovariana precoce seja Esteroides sexuais são importantes para o feito a tempo para que medidas possam ser bom funcionamento do aparelho reprodutor, tomadas quanto à fertilidade e prevenção de mas também para outros aspectos da saúde complicações tardias. O diagnóstico se dá por da mulher como manutenção da massa óssea, meio de alterações clínicas e distúrbios do ciclo prevenção de complicações cardiovasculares, menstrual típicos de deficiências hormonais. cognição, bem-estar e sexualidade.14 É necessário investigar a etiologia para que se possa fornecer informação adequada e As pacientes com FOP representam uma aconselhamento genético, se necessário. A população sob o maior risco de osteoporose e terapia hormonal deve ser iniciada quanto fraturas futuras.3,15 Nossa paciente na vigência antes e o tempo de uso individualizado para do diagnóstico já se encontrava com osteoporose cada paciente, mas de uma forma geral dura tanto em colo de fêmur como em coluna, sendo até o tempo em média de ocorrência da imediatamente iniciada reposição de cálcio menopausa natural. Tal tratamento, como já foi e vitamina D, juntamente com o tratamento mencionado, além de prevenir complicações, hormonal. tem forte influência no bem-estar e qualidade de vida dessas jovens mulheres. Apesar de não haver estudos prospectivos que avaliem o impacto do estrogênio sobre fraturas Referências especificamente em mulheres com FOP, evidências sugerem que a terapia hormonal 1. Speroff L, Fritz M A. Clinical gynecologic aumenta a densidade óssea independentemente endocrinology and infertility. 8a ed. Philadelphia: da dose, via de administração ou regime Lippincott Williams & Wilkins, a Wolters Kluwer terapêutico.3 busness, 2011. As mulheres que experimentam FOP estão sob um risco maior de doenças cardiovasculares, o comprometimento da função endotelial vascular é um marcador precoce de aterosclerose.4,16 Mulheres com FOP quando comparadas com controles, com função ovariana preservada, apresentam importante disfunção endotelial. Os resultados indicam que o processo de aterosclerose inicia-se precocemente nessas mulheres e pode contribuir para o risco aumentado de doença cardiovascular.16 A terapia hormonal em mulheres jovens com POF restaura a fisiologia normal e pode ter 2. Goswami D, Conway GS. Premature ovarian failure. Hum Reprod Update. 2005; 11(4): 391410. 3. Vilodre CL, Moretto M, Kohek MBF, Spritzer PM. Falência ovariana prematura: aspectos atuais. Arq Bras Endocrinol Metab. 2007; 51(6): 920-9. 4. Yorgun H, Tokgözoğlu L, Canpolat U, Gürses KM, Bozdağ G, Yapıcı Z, Şahiner L, Kaya EB, Kabakç G, Oto A, Tuncer M, Aytemir K. The cardiovascular effects of premature ovarian failure. Int J Cardiol. 2013; 168(1): 506-10. | 44 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Maia et al 5. Vujovi S, Ivović M, Tančić-Gajić M, Ljiljana M, Barać M, Arizanović Z, Nenezić A, Ivanišević M, Micić’J, Sajić S, Micić D. Premature ovarian failure. 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Factors associated with bone density in young women with karyotypically normal spontaneous premature ovarian failure. | 45 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 PSEUDOCISTO ESPLÊNICO PÓS-TRAUMÁTICO: RELATO DE CASO POST-TRAUMATIC SPLENIC PSEUDOCYST: CASE REPORT Adalberto Caoru Haji Júnior;* Ticiane da Costa Martins;** Adriano Pessoa Picanço Júnior;** Rebeca Aparecida dos Santos Di Tommaso;* Ricardo Sérgio Estevam dos Santos;*** Ana Maria Sampaio de Melo**** Resumo Os pseudocistos esplênicos são patologias raras, havendo poucos relatos na literatura mundial. As lesões císticas do baço são divididas e cistos verdadeiros e pseudocistos de acordo com o epitélio de revestimento, sendo os últimos mais comuns. O tratamento da patologia é baseado no tamanho ao diagnóstico, na apresentação de sintomas ou na alteração do volume da lesão. Apresentamos o caso de um pseudocisto esplênico de origem traumática que foi submetido a tratamento cirúrgico pelo seu tamanho e sintomatologia evoluindo satisfatoriamente e sem complicações no seguimento em um ano e seis meses. Palavras-chave: Doenças do Baço; Pseudocisto; Esplenectomia; Imagem do Baço. Abstract The splenic pseudocysts are rare diseases, with few reports in the worldwide literature. Cystic spleen lesions are divided into true cysts and pseudocysts according to the epithelial lining, the latter being more common. The condition treatment is based on the size at diagnosis, presenting symptoms or change in lesion volume. A traumatic splenic pseudocyst case report which satisfactorily evolved without complications at follow-up after a year and six months that underwent surgical treatment due to their size and symptoms. Keywords: Spleen Diseases; Pseudocyst; Splenectomy; Spleen Image. Introdução processos inflamatórios, podendo estar com grande volume no momento do diagnóstico.5 Mesmo quando muito volumosos podem ser oligossintomáticos, tornando-se sintomáticos ao comprimir estruturas vizinhas.6 Apresentando sintomatologia similar à de doença no tórax, abdome, pelve ou mesmo nos membros inferiores.7 Os pseudocistos esplênicos são lesões raras, tendo aproximadamente 800 a mil casos descritos na literatura médica mundial.1,2 Os cistos esplênicos podem ser classificados como parasitários e não parasitários.3 Podendo-se classificar os não parasitários em cistos primários (“verdadeiros”) ou secundários (“falsos”) com base na presença de Este relato de caso visa apresentar essa revestimento celular ou fibros.4 Os pseudocistos patologia rara. Ressaltando sua provável originam-se de traumatismos, degeneração ou etiologia, classificação, métodos diagnósticos e tratamento. * Médico residente do Programa de Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas. ** Médica residente do Programa de Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hospital Universitário Getúlio Vargas. *** Médico assistencial do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas. **** Médica supervisora do Programa de Cirurgia Geral e chefe do Serviço de Cirurgia Abdominal do Hospital Universitário Getúlio Vargas. | 46 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Haji Júnior et al Relato de Caso sendo realizados outros exames investigatórios. Apresentando hipertensão arterial sistêmica e Paciente do sexo feminino, parda, 63 anos, osteoporose em acompanhamento. Exame físico natural de Ipu/CE, e procedente de Boa Vista/ sem alterações significativas. Ultrassonografia RR, evoluindo havia aproximadamente dois de abdome total demonstrando baço com massa anos com dor em hipocôndrio esquerdo, tipo de contornos regulares, ecotextura heterogênea pontada, de intensidade moderada e com e volume de 96 centímetros cúbicos. Tomografia irradiação para terço inferior de hemitórax computadorizada do abdome evidenciando esquerdo. Refere história de queda de 50 cm baço de contorno e dimensões normais, de altura com traumatismo em hipocôndrio apresentando área oval e circunscrita, densa, esquerdo fazia aproximadamente seis anos da com calcificações periféricas, medindo 6,8 x internação. Durante a realização de radiografia 5,3 centímetros, considerando a hipótese de para acompanhamento de osteoporose, foi pseudocisto esplênico (Figura 1). identificada calcificação na loja esplênica, Figura 1: Tomografia computadorizada do abdome superior com contraste oral e venoso mostrando a lesão no baço de aspecto cístico. A paciente foi submetida ao preparo préoperatório para esplenectomia total, sendo posteriormente submetida a ela por via aberta sem intercorrências (Figura 2). Evoluindo satisfatoriamente no pós-operatório, recebeu alta hospitalar no terceiro dia pós-operatório. Ao exame anatomopatológico do baço, foi identificado pseudocisto esplênico com focos de calcificação na pseudocápsula. No seguimento pós-operatório com um ano e seis meses, a paciente referiu melhora significativa dos sintomas álgicos. | 47 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 PSEUDOCISTO ESPLÊNICO PÓS-TRAUMÁTICO: RELATO DE CASO Figura 2: Pseudocisto esplênico. Discussão Os cistos do baço são patologias raras,1,2 sendo classificados mais comumente em verdadeiros ou falsos de acordo com seu epitélio de revestimento.8 Tendo, entretanto, sido propostas aproximadamente dez classificações para eles desde Fowler (1940).9 Sendo que a classificação mais recentemente proposta é a de Mirilas (2007), que divide os cistos esplênicos não parasitários em primários e secundários, sendo os primários subdivididos em congênitos e neoplásicos, e os secundários em traumáticos e necróticos.9 Os pseudocistos são quatro vezes mais comuns que os cistos verdadeiros.10 Há casos, entretanto, em que os cistos secundários se formam em pacientes sem histórico de traumatismo prévio, sendo nesses casos considerada a possibilidade de tratar-se de um cisto verdadeiro, que evoluiu com atrofia do epitélio, tornando-o similar a um cisto falso.8 Os cistos falsos constituem 75% de todos os cistos não parasitários e têm comumente origem póstraumática, como no caso apresentado, podendo ainda ter origem infecciosa ou degenerativa. Algumas outras condições predisponentes para pseudocistos são enumeradas a seguir:10 1)Hematoma subcapsular ou intraparenquimatoso originado no decorrer de Os cistos secundários, ou pseudocistos, ou pancreatite aguda ou crônica; cistos falsos são em sua maioria decorrentes 2)Hematomas subcapsulares espontâneos na de traumatismos prévios com formação de mononucleose; subcapsulares espontâneos hematomas parenquimatosos organizados 3)Hematomas associados à infecção pelo citomegalovírus; ou zonas de infarto, que posteriormente se reabsorvem, comprimem o parênquima 4)Hematomas associados ao uso de cocaína; esplênico adjacente e geram a formação de 5)Hematomas pós-colonoscopia. uma pseudocápsula de tecidos fibrosos com ou Os cistos esplênicos são geralmente sem calcificações.2-4, 6,8 | 48 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Haji Júnior et al assintomáticos. Quando maiores que oito centímetros, os sintomas mais frequentes são massa abdominal palpável, associada a dor abdominal leve e desconforto no hipocôndrio esquerdo.11 Sintomas secundários à compressão de órgãos adjacentes ao baço aumentado de tamanho são: náusea, vômito, flatulência e diarreia. Além disso, a pressão no sistema cardiorrespiratório pode causar dor pleurítica, dispneia, atelectasia de lobo pulmonar inferior esquerdo, pneumonias recorrentes e a irritação constante do diafragma pode levar à tosse persistente.5,12 total ou conservadora, com ou sem drenagem percutânea, enucleação ou marsupialização.8,14 Um algoritmo para o tratamento das lesões císticas do baço é difícil de ser criado por conta da raridade da patologia.14 Para cistos assintomáticos pequenos (menores que 5 cm de diâmetro), o tratamento conservador pode ser realizado com segurança, enquanto para os cistos sintomáticos ou volumosos (maiores que 5 cm) têm sua indicação cirúrgica em diversas séries.14,15 Outras séries consideram, entretanto, como ponto de corte o tamanho de 4 cm.8,13 Comumente os cistos do baço são diagnosticados de forma incidental ao se realizar exames com outros propósitos.3 Para o grupo de tratamento conservador é recomendado acompanhamento com ultrassonografia semestral, passando para anual se não ocorrer aumento dele até a resolução do Vários exames de imagem podem ser realizados cisto. Sendo o tratamento cirúrgico novamente para esclarecimento da natureza da lesão, escolhido se a lesão passar a crescer ou como a ultrassonografia, a tomografia apresentar sintomatologia.8 computadorizada e a ressonância nuclear magnética. Na ultrassonografia podem ser O melhor tratamento recomendado é a encontradas imagens heterogêneas causadas por esplenectomia parcial com preservação de no debris no interior do pseudocisto e, se houver mínimo 25% do baço, para se evitar infecções calcificações periféricas, haverá formação pós-esplenectomias por germes como o de imagens hiperecogênicas com formação pneumococo, o meningococo e o Haemophilus de sombra acústica posterior. Na tomografia influenzae.8,14 No paciente do relato de computadorizada aparecem como lesões bem caso optou-se por esplenectomia total pela delimitadas, geralmente homogêneas e sem dificuldade técnica imposta pelo tamanho e realce pelo contraste. Na ressonância nuclear localização da lesão no baço. magnética podem mostrar estruturas com realce hipointenso em T1 e hiperintenso em T2.13 Ao se optar por realizar esplenectomia total, é sugerida a administração de vacinas contra as Diagnósticos diferenciais que devem ser bactérias citadas antes e, quando necessário, investigados são: abscesso, cisto hidático, após a cirurgia associada à administração de metástase cística e neoplasias císticas, sendo antibióticos no pós-operatório.8,10 incluídos nessa última os hemangiomas, linfangiomas e cistos epidermoides e dermoides.3 Referências Complicações comuns dos cistos esplênicos falsos são a infecção, ruptura com peritonite, formação de abscesso, perfuração transdiafragmática e hemorragia.11,12 Quando eles se apresentam em grandes volumes, podem estar associados à trombocitopenia ou hipertensão arterial secundária a compressão da artéria renal esquerda.11 Os tratamentos descritos para o pseudocisto do baço de etiologia traumática são: esplenectomia 1. Geraghty M, Khan IZ, Conlon KC. Large primary splenic cyst: a laparoscopic technique. J Minin Access Surg. 2009; 5(Suppl 5): 14-6. 2. Morgenstern L. Nonparasitic splenic cysts: pathogenesis, classification, and treatment. J Am Coll Surg. 2002; 194: 306-314. 3. Verma A, Yadav A, Sharma S et al. A rare splenic pseudocyst. J Surg case reports. 2013; 9: 1-4. | 49 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 PSEUDOCISTO ESPLÊNICO PÓS-TRAUMÁTICO: RELATO DE CASO 4. Giovagnoni A, Giorgi C, Goteri G. Tumours of the spleen. Cancer Imaging. 2005; 5: 73-3. 5. Gibeily GJ, Eisenberg BL. Splenic PseudocystsDiagnosis and Management.WestJ Med. 1988; 148: 464-66. 6. Islam N. Splenic cysts. Postgrad Med. 1965; 41: 139-42. 7. Fowler RH. Cystic tumours of the spleen. Int Abstr Surg. 1940; 70: 213-23. 8. Soria-Céspedes D, Leuchter-Ibarra J, VenturaMolina V. Seudoquiste esplénico no traumático. Informe de un caso. Cir. 2011; 79: 553-56. 9. Mirilas P, Mentessidou A, Skandalakis JE. Splenic cysts: are there so many types? J Am Coll Surg. 2007; 204(Suppl 3): 459-65. 10. Kalinova K. Giant pseudocyst of the spleen: a case report and review of the literature. J Indian Assoc Pediatr Surg. 2005; 10: 176-8. 11. Zografos GN, Vaidakis D, Vasiliadis G et al. Laparoscopic partial cystectomy of a large splenic pseudocyst. Hellenic Journal of Surgery. 2010; 82: 2. 12. D’Souza C, Rajashekar, Bhagavan KR. Giant Pseudocyst of Spleen. J Clin Diagn Res. 2012; 6(1): 110-12. 13. Altıntoprak F, Dikicier E, Kıvılcım T et al. Pseudocyst of spleen; an uncommon clinical entity, although common theoretically. Eur J Gen Med. 2012; 9(Suppl 1): 43-6. 14. Chin EH, Shapiro R, Hazzan D et al. A tenyear experience with laparoscopic treatment of splenic cysts. J S L S. 2007; 11: 20-3. 15. Sinha CK, Agrawal M. Nonparasitic splenic cysts in children: Current status. The Surgeon. 2011; 9: 49-53. Correspondência para: e-mail: [email protected]. End.: Rua São Pedro, 50 – Morro da Liberdade. Manaus/AM. CEP: 69074-730. | 50 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 MANEJO OPERATÓRIO DE LITÍASE INTRA-HEPÁTICA EM PACIENTE PORTADOR DE SITUS INVERSUS TOTALIS: UM RELATO DE CASO SURGICAL APPROACH OF INTRAHEPATIC LITHIASIS IN A PATIENT WITH SITUS INVERSUS TOTALIS: A CASE REPORT Gerson Suguiyama Nakajima;* Adriano Pessoa Picanço Júnior;** Rubem Alves da Silva Neto;** Priscila Cavalcanti Ballut;*** Rebeca Aparecida dos Santos di Tommaso;*** Mônika Maya Tsuji Nishikido*** Resumo A litíase intra-hepática primária é caracterizada pela presença de cálculos formados em ductos intra-hepáticos e é mais prevalente no Leste Asiático. Sua fisiopatologia ainda não está bem definida, porém parece ter relação com estase biliar, infecção e desnutrição proteico-calórica. Este relato descreve o caso de um paciente de 66 anos, portador de Situs Inversus Totalis, apresentando sinais e sintomas colestáticos, sendo evidenciado colelitíase, coledocolitíase e litíase intra-hepática em colangiorressonância magnética. A conduta realizada foi colecistectomia com coledocotomia e extração de cálculos intra-hepáticos e do colédoco, além de anastomose biliodigestiva coledocoduodeno látero-lateral. A evolução foi satisfatória, com melhora dos sintomas álgicos e da icterícia. Palavras-chave: Situs Inversus; Cálculos nas Vias Biliares; Colelitíase; Coledocolitíase. Abstract The primary intrahepatic lithiasis characterizes itself by stones presence in intrahepatic bile ducts, being most prevalent in East Asian. Its pathophysiology is not well defined, but appears to be related to bile stasis, infection and malnutrition. This case report describes a 66 years old patient, with situs inversus totalis, presenting cholestasic pattern, diagnosed with cholelithiasis, choledocholithiasis and intrahepatic gallstones in magnetic resonance cholangiography. The conduct was performed by cholecystectomy with choledochotomy and extraction of intrahepatic and bile duct stones, followed by common bile duct-duodenal latero-lateral biliodigestive anastomosis. The result was satisfactory, with healing of the pain symptoms and jaundice. Keywords: Situs Inversus; Gallstones; Cholelithiasis; Choledocholithiasis. Introdução A litíase intra-hepática é considerada primária quando é formada em ductos intra-hepáticos e secundária quando é formada na vesícula biliar e migram para os ductos biliares. A prevalência da litíase intra-hepática primária no Ocidente é de 0,6 a 1,3%, já em países asiáticos são mais prevalentes: 12% na Malásia, 18% na Coreia, 38% na China e 47% em Taiwan.1 A sua fisiopatologia ainda não está muito bem definida, mas parece haver relação com infecção, estase biliar e desnutrição proteico-calórica.2 O situs inversus é uma condição rara autossômica e recessiva na qual os órgãos estão em situação * Professor do Departamento de Clínica Cirúrgica FMUFAM. ** Médico residente de Cirurgia do Aparelho Digestivo do HUGV. *** Médica residente de Cirurgia Geral do HUGV. | 51 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 MANEJO OPERATÓRIO DE LITÍASE INTRA-HEPÁTICA EM PACIENTE PORTADOR DE SITUS INVERSUS TOTALIS: UM RELATO DE CASO oposta ao que seria normal no corpo humano. Quando há o envolvimento dessa transposição, tanto dos órgãos abdominais como a dextrocardia, é dito com Situs Inversus Totalis. Nesses pacientes, a clínica da colelitíase é confusa por conta da presença de dor localizada no hipocôndrio esquerdo, fazendo que haja uma dificuldade no seu diagnóstico inicialmente. Para realizar procedimentos cirúrgicos em pacientes com situs inversus, requer maior habilidade do cirurgião, além de um planejamento préoperatório como posicionamento da equipe cirúrgica, dos instrumentos e dos portais da videolaparoscopia.3 O objetivo deste trabalho é relatar o caso de um paciente portador de Situs Inversus Totalis com colelitíase, coledocolitíase e litíase intrahepática, tratado cirurgicamente e que evoluiu de forma satisfatória. Relato de Caso Paciente de 66 anos, sexo masculino, natural de Nhamundá/AM e procedente de Manaus/AM. Iniciou, em agosto de 2013, um quadro de dor em hipocôndrio esquerdo que irradiava para dorso e região epigástrica, relacionado à ingesta hiperlipídica e associado a quadro de colúria, icterícia e acolia. Relatou queixa dispéptica e perda ponderal de 10 kg nos últimos dois meses. Negou demais queixas álgicas ou relacionadas ao trânsito intestinal. Nos antecedentes pessoais, negou comorbidades e relatou apenas uma cirurgia prévia de facectomia bilateralmente. Na história familiar, negou qualquer sintomatologia semelhante. Desconhece outras doenças na família. Admitido no Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam, transferido do HPS 28 de Agosto, com quadro de icterícia intensa e colúria, além de dor abdominal em hipocôndrio esquerdo. Os exames laboratoriais mostravam um aumento da bilirrubinemia à custa de bilirrubina direta de 14,7 mg/dl, e aumento das enzimas canaliculares (Gama GT: 820 U/L e Fosfatase Alcalina: 1496 U/L). Ultrassonografia abdominal demonstrou fígado e vesícula biliar localizados no hipocôndrio esquerdo e baço ao lado direito. A vesícula biliar era repleta por cálculos. TCs de tórax e abdome confirmaram os achados de Situs Inversus Totalis. Por conta da alteração anatômica, foi solicitado RNM de vias biliares que evidenciou coledocolitíase e litíase intrahepática com dilatação de vias biliares intra e extra-hepáticas. Figura 1: Tomografia Computadorizada evidenciando o situs inversus e a dilatação de vias biliares intra-hepática. | 52 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Nakajima et al Com o diagnóstico de colelitíase associado à coledocolitíase e litíase intra-hepática, a programação para o paciente era colecistectomia com exploração de vias biliares e anastomose biliodigestiva videolaparoscópica. Primeiro, foi realizada uma pequena incisão supraumbilical e inserindo trocater de 10 mm com confecção de pneumoperitônio e seguiu-se ao inventário da cavidade abdominal, no qual foi verificado presença de ascite em pequena quantidade e lesões hepáticas macronodulares. Suspeitouse, então, de um possível colangiocarcinoma com metástase hepática por conta da idade do paciente e perda de peso recente, e optou-se por converter a cirurgia para melhor inventário da cavidade abdominal. Realizou-se então incisão subcostal esquerda e os achados intraoperatórios revelaram a Figura 2: Fotos do intraoperatório demonstrando a anatomia inversa do paciente e a anastomose realizada. presença de microabscessos hepáticos e o paciente não apresentava lesão indicativa de implante secundário. A vesícula biliar estava túrgida contendo múltiplos cálculos de tamanhos variados; ducto colédoco de 2 cm com cálculos à palpação, procedeu-se então à coledocotomia com extração de múltiplos cálculos pretos da via biliar principal. Optouse por usar o coledocoscópio até ductos hepáticos direito e esquerdo com retirada de cálculos pretos deles com auxílio de um cateter de Fogarty, seguida de lavagem da via biliar principal com soro fisiológico a 0,9% aquecido, usando sonda de aspiração número 12, manobra de Kocher e anastomose biliodigestiva colédocoduodeno látero-lateral com sutura contínua simples da parede posterior do colédoco com parede posterior do duodeno e sutura contínua com pontos Schmieden da parede anterior do colédoco com parede anterior do duodeno usando fio de ácido poliglicólico 4-0. Um dreno de Watterman foi deixado durante 72 horas para observar anastomose. Pós-operatório seguiu sem intercorrências e o paciente teve alta hospitalar no sétimo dia pósoperatório. Figura 3: Cálculos intra-hepáticos, do colédoco e da vesícula biliar esquematizados conforme sua localização. | 53 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 MANEJO OPERATÓRIO DE LITÍASE INTRA-HEPÁTICA EM PACIENTE PORTADOR DE SITUS INVERSUS TOTALIS: UM RELATO DE CASO Discussão Cirurgia videolaparoscópica no Situs Inversus Totalis pode ser realizada com segurança e Situs Inversus Totalis é um raro defeito genético deve ser o procedimento de escolha; porém, transmitido por genes autossômicos recessivos, se houver dificuldades técnicas, deve-se sem predileção por sexo, que pode apresentar prevalecer a técnica convencional, diminuindo dificuldades no manejo de doenças abdominais. os riscos de iatrogenia e dando maior segurança A incidência varia de 1:4000 a 1:20000.4 Embora tanto para o paciente quanto para o cirurgião. não haja evidências que sugerem que colelitíase seja mais ou menos comum em pacientes com Referências Situs Inversus Totalis, a apresentação com dor no quadrante superior esquerdo pode atrasar o 1. Chawla, Y, Duseja, A. Intrahepatic stones: is diagnóstico.5 it a lifestyle disease? Journal of Gastroenterolgy and Hepatology. 2008; 7(1): 998-9. A primeira colecistectomia videolaparoscópica em um paciente com Situs Inversus Totalis 2. Caly, WR, Carpi G, Sica, ACAR, Catapani, WR. foi descrita por Campos e Siepes, em 1991,6 Cálculos e intra-hepática: desafio diagnóstico e desde então 39 casos foram reportados na como causa de colestase – Relato de caso. GED. literatura, demonstrando que o procedimento 2009; 28(2): 68-70. laparoscópico não está contraindicado nesses pacientes. Quatro desses pacientes eram 3. Arya SV, Das A, Singh S, Kalwaniya DS, também portadores de coledocolitíase e Sharma A, Thukral BB. Technical difficulties and foram submetidos à extração dos cálculos its remedies in laparoscopic cholecystectomy in por Colangiopancreatografia Retrógrada situs inversus totalis: A rare case report. Int J Endoscópica (CPRE) sem intercorrências.7,8 Surg Case Rep. 2013; 4(8): 727-30. Colecistectomia videolaparoscópica, exploração da via biliar por videolaparoscopia e 4. Demetriades H, Botsios D, Dervenis C et. al. apendicectomia incidental foram realizados com Laparoscopic cholecystectomy in two patients sucesso, com nenhum paciente apresentando with symptomatic cholelithiasis and situs complicação pós-operatória.9 Muitas vezes, inversus totalis. Dig Surg. 1999; 16(6): 519-21. porém, pela presença de ascite, dificuldade em manter pneumoperitônio ou dúvida diagnóstica, 5. Kumar S, Fusai G. Laparoscopic a melhor opção é converter a cirurgia para cholecystectomy in situs inversus totalis with laparotomia, dando, assim, mais segurança para left sided gall bladder. Ann R Coll Surg Engl. o cirurgião e melhor visualização dos órgãos 2007; 89(2): 16-8. intra-abdominais. Colecistectomia convencional no Situs Inversus Totalis foi realizada como 6. Campos L, Siepes E. Laparoscopic emergência em pacientes em colecistite aguda, cholecystectomy in a 39-year-old female with na qual o acesso à laparoscopia era limitado.10 situs inversus. J Laparoendosc Surg. 1991; 1(2): 123-5. Neste relato, apesar da cirurgia ter sido iniciada por videolaparoscopia, optou-se por converter, 7. Dubois F, Icard P, Berthelot G, Levard H. pelas razões acima citadas, proporcionando Celioscopic cholecystectomy: preliminary assim decidir a melhor conduta terapêutica para report of 36 cases. Ann Surg. 1990; 211(1): 60-2. o paciente. Durante a revisão de literatura, não foi encontrado nenhum caso de colecistectomia 8. Pitiakoudis M, TsarouchaAK, Katotomichelakis convencional com exploração de via biliar M, Polychronidis A, Simopoulos C. Laparoscopic e anastomose biliodigestiva. A orientação cholecystectomy in a patient with situs inversus anatômica distorcida torna o procedimento using ultrasonically activated coagulating mais desafiador, resultando em um maior tempo scissors. Report of a case and review of the operatório. O tempo total de cirurgia foi de 150 literature. Acta Chir Belg. 2005; 105(1): 114-7. minutos. | 54 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Nakajima et al 9. Iusco DR, Sacco S, Ismail I, Bonomi S, Virzi S. Three-trocar laparoscopic cholecystectomy in patient with situs viscerum inversus totalis. Case report and review of the literature. G Chir. 2012; 33(1-2): 10-3. 10. Naikoo G, Wani I, Mir I, Jan F, Ahmad M. Emergency cholecystectomy in situs inversus totalis: report of a case. Internet Journal of Medical Update. 2008; 3(1): 50-2. | 55 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 ADENOCARCINOMA DUCTAL DE PÂNCREAS ASSOCIADO À NEOPLASIA PAPILAR MUCINOSA INTRADUCTAL: RELATO DE CASO PANCREATIC DUCTAL ADENOCARCINOMA ASSOCIATED WITH INTRADUCTAL PAPILLARY MUCINOUS NEOPLASM: A CASE REPORT Rebeca Aparecida dos Santos Di Tommaso;* Ticiane da Costa Martins;** Adalberto Caoru Júnior;* Priscilla Ribeiro dos Santos;* Marcelo Henrique dos Santos;*** Leonardo Simão Coelho Guimarães**** Resumo Adenocarcinoma ductal de pâncreas (ACDP) pode ser derivado da neoplasia mucinosa papilar intraductal (NMPI) ou pode ocorrer no ducto pancreático distante dela. Pacientes com ACDP associado à NMPI apresentam resultados mais favoráveis quando comparados ao ACDP isolado, com maior sobrevida. O objetivo deste estudo é relatar um caso de ADCP associado à NMPI operado no Serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Palavras-chave: Câncer; Neoplasia Mucinosa Papilar Intraductal; Pâncreas. Abstract Pancreatic ductal adenocarcinoma (PDAC) may stem itself from an intraductal papillary mucinous neoplasm of the pancreas (IPMN) or may develop in the pancreatic duct apart from it. Patients with PDAC in association with IPMN apparently have a more favorable outcome, with better survival rates. This paper offers pancreatic ductal adenocarcinoma case report associated with intraductal papillary mucinous neoplasm treated in the Department of Gastrointestinal Surgery of Getúlio Vargas University Hospital. Keywords: Cancer; Intraductal Papillary Mucinous Neoplasm; Pancreas. Introdução graus variados de secreção de mucina, dilatação cística e atipia arquitetural.2 Adenocarcinoma ductal de pâncreas (ACDP) é uma doença altamente letal caracterizada por metástase precoce e rápida progressão.1 Neoplasia mucinosa papilar intraductal (NMPI) do pâncreas é uma entidade tumoral relativamente nova, caracterizada pelo crescimento papilar intraductal e de células colunares produtoras de mucina. Referido no passado como carcinoma papilífero, cistoadenoma mucinoso ductal e tumor produtor de mucina, NMPI apresenta A Organização Mundial de Saúde (WHO) define a NMPI como uma neoplasia produtora de mucina caracterizada por epitélio colunar que acomete tanto o ducto pancreático principal (variante ducto principal) como os pequenos ductos (variante ductos secundários) ou ambos (variante mista). Difere da neoplasia cística mucinosa do pâncreas pela ausência de estroma ovariano. A NMPI progride do estádio adenomatoso para * Residente em Cirurgia Geral da Universidade Federal do Amazonas. ** Residente em Cirurgia do Aparelho Digestivo da Universidade Federal do Amazonas. *** Residente em Cancerologia Cirúrgica da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas. **** Cirurgião assistente do Serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hospital Universitário Getúlio Vargas. | 56 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 ADENOCARCINOMA DUCTAL DE PANCREAS ASSOCIADO A NEOPLASIA PAPILAR MUCINOSA INTRADUCTAL: RELATO DE CASO NMPI com displasia, NMPI com carcinoma in situ e eventualmente NMPI invasiva.3 A estimativa de tempo de progressão da NMPI adenomatosa à NMPI invasiva é cerca de cinco anos.4 O risco de desenvolvimento de câncer invasivo associado à NMPI é significativamente maior quando há o acometimento do ducto pancreático principal (60-92%) quando comparado ao acometimento isolado dos ductos secundários.5 Consequentemente, o Consenso Internacional preconiza ressecção de todas as NMPIs com envolvimento do ducto pancreático principal. O manejo da NMPI variante ductos secundários é mais controversa, com os consensos recomendando ressecção cirúrgica para lesões císticas maiores que 3 cm, sendo as menores ressecadas na vigência de sintomas ou se associadas a componente sólido ou se houver citologia positiva.6 O objetivo deste trabalho é relatar um caso de adenocarcinoma ductal de pâncreas associado à neoplasia mucinosa papilar intraductal operado no Serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Relato de Caso Paciente do sexo feminino, 64 anos, autônoma, procedente de Manaus; evoluindo havia quatro meses com dor abdominal tipo cólica, mais intensa em epigástrio e hipocôndrio direito, com irradiação para dorso, que cedia parcialmente com analgésicos. Associou-se ao quadro presença de icterícia, colúria e acolia fecal com aumento progressivo da intensidade. Paciente apresentava também anorexia, astenia e perda ponderal de 13 kg em quatro meses (mais de 10% de seu peso corporal). Procurou facultativo e iniciou investigação diagnóstica, sendo posteriormente referenciada à nossa instituição. Diabética e em tratamento irregular de sua comorbidade, negava tabagismo e etilismo, negava história pessoal e familiar de neoplasias. Ao exame físico apresentavase emagrecida (índice de massa corporal de 21,3), em regular estado geral, hipocorada leve, ictérica intensa, sem linfonodomegalias palpáveis, edema de membros inferiores 3+/4+ e com cacifo. Abdome plano, flácido, indolor à palpação superficial e profunda, com massa palpável em região epigástrica, endurecida, imóvel e indolor; fígado palpável a seis centímetros de rebordo costal, hepatimetria de 17 cm, com sinal de Courvoisier-Terrier, Traube livre. Exames laboratoriais demonstravam hiperglicemia e hipercolesterolemia. Aspartato e alanina aminotransferase elevadas (AST: 247 U/L e ALT: 385 U/L), assim como as enzimas canaliculares (gamaglutamil transpeptídase 1532 U/L e fosfátase alcalina 2429 U/L) e bilirrubina total de 15,47 mg/dl (direta 9,61 mg/ dl e indireta 5,86 mg/dl). Tempo de protrombina de 44%, sorologias para hepatite negativas. Marcadores tumorais apresentavam elevação, com CEA 12,3 mcg/l e CA 19,9 405,9 U/ml. Ultrassonografia de abdome total evidenciava via biliar intra-hepática esquerda dilatada, com hepatocolédoco de calibre aumentado de 1,0 cm com presença de formação nodular hipoecoica adjacente à cabeça do pâncreas, medindo 0,9 cm. Ressonância nuclear magnética evidenciou lesão expansiva, lobulada, localizada em topografia de cabeça de pâncreas, caracterizada pelo sinal heterogêneo com predominante hipossinal em T1 e hipersinal em T2, de características císticas com septações internas e dimensões axiais 50 x 43 mm; atrofia do pâncreas e distensão difusa do ducto de Wirsung; com a lesão mantendo contato com a parede lateral da veia mesentérica superior; vesícula biliar hidrópica e dilatação dos ductos hepáticos direito, esquerdo, comum e hepatocolédoco. | 57 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Di Tommaso et al Foto 1: RNM de abdome e vias biliares evidenciando lesão lobulada em cabeça de pâncreas com dilatação da via biliar. A paciente foi submetida à gastrobilioduodenopancreatectomia total com esplenectomia e colecistectomia com reconstrução em alça única e ressecção anterior de veia porta com rafia primária. Permaneceu sob os cuidados da terapia intensiva até o oitavo dia de pós-operatório, onde evoluiu com insuficiência renal aguda tendo respondido ao tratamento dialítico. Recebeu alta hospitalar no 18.º dia de pós-operatório, seguindo em acompanhamento com o Serviço de Nutrição, Endocrinologia e Cirurgia do Aparelho Digestivo de nossa instituição. Foto 2: Peça cirúrgica sendo rebatida, após a gastrobilioduodenopancretectomia total, demonstrando a íntima relação entre a lesão pancreática e a parede anterior da veia porta. | 58 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 ADENOCARCINOMA DUCTAL DE PANCREAS ASSOCIADO A NEOPLASIA PAPILAR MUCINOSA INTRADUCTAL: RELATO DE CASO Foto 3: Aspecto final após remoção da peça cirúrgica e rafia primária da veia porta. Exame histopatológico evidenciou adenocarcinoma ductal do pâncreas bem diferenciado (grau 1), associado a áreas de neoplasia papilar mucinosa intraductal. Presença de infiltração em omento maior e parede de duodeno, com margens cirúrgicas livres, com metástase em cinco dos 23 linfonodos isolados (gastroduodenal e retrocólico). Estadiamento patológico – pT3N1M0. A paciente foi encaminhada para tratamento adjuvante. Em geral, a maioria dos pacientes com NMPI são assintomáticos, sendo a maioria dos diagnósticos incidentais, por meio de tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética, realizadas por outras queixas (urológica, vascular, ginecológica, torácica). Quando sintomáticos, os principais sintomas e sinais relatados são dor abdominal, perda de peso, icterícia, esteatorreia, diabetes e pancreatite.8 DISCUSSÃO Tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética são utilizadas para determinar o local anatômico exato das lesões e diagnosticar metástases. Na variante ductos secundários, evidenciam múltiplos pequenos cistos (1-2 cm) e na variante ducto principal evidenciam o Wirsung dilatado, sendo a colangiorressonância superior em evidenciar comunicação das lesões císticas com os ductos pancreáticos. A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica demonstra a comunicação do cisto com o sistema ductal e a saída de mucina por meio da ampola duodenal (achado patognomônico de NMPI). À ultrassonografia endoscópica, achados que sugerem malignidade associada à NMPI é dilatação > 1 cm do ducto principal – variante ducto principal e lesões maiores que 4 cm com Neoplasia mucinosa papilar intraductal do pâncreas é considerada uma lesão pré-maligna que progride de adenoma a carcinoma. NMPI é conhecida pelo seu prognóstico favorável; entretanto, apresenta prognóstico pobre quando associada à forma invasiva, estando o ACDP associado à NMPI no extremo da NMPI invasiva. A presença de ACDP associado à NMPI torna difícil a distinção se a NMPI é precursora ou é condição associada a essa neoplasia maligna. Ambos, entretanto, NMPI associada ao ACDP e o ACDP derivado da NMPI, apresentam melhor prognóstico quando comparado ao ACDP convencional.7 | 59 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Di Tommaso et al septos irregulares e lesões sólidas – variante ductos secundários.9 De acordo com o Consenso Internacional de 2012, no manejo dos pacientes com NMPI, a ressecção cirúrgica é fortemente recomendada para paciente com a variante ducto principal pela alta frequência de malignidade (média 61,6%).10 A maioria das NMPI está localizada na cabeça do pâncreas, necessitando de duodenopancreatectomia. Pelo seu crescimento longitudinal, há a necessidade de estabelecimento de margens negativas por biópsia de congelação; se não for possível estabelecer margens negativas, está indicada pancreatectomia total.11 Em contraste, a frequência de malignidade nos pacientes com a variante ductos secundários é bem menor (média 25,5%), e nos que não apresentam sinais de malignidade como componente sólido e citologia negativa, podem ser acompanhados sem tratamento cirúrgico imediato. Entretanto, pacientes com a variante ductos secundários com mais de um fator de risco (história familiar de câncer de pâncreas, síndrome de câncer pancreático hereditário, diabetes mellitus, obesidade, pancreatite crônica, tabagismo) devem ser acompanhados com exames de imagem – ressonância magnética de vias biliares e ultrassonografia endoscópica, a cada 4-6 meses para detecção precoce de ACDP.12 A maioria dos pacientes com ACDP encontra-se com doença sistêmica avançada no momento do diagnóstico impedindo ressecção cirúrgica. Na minoria dos pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico com intenção curativa, a taxa de sobrevida em cinco anos é de 10-25%.13 Pacientes com adenocarcinoma pancreático invasivo, entretanto, associado à NMPI apresentam resultados mais favoráveis, com sobrevida em cinco anos entre 40-60% após ressecção cirúrgica.14 Dois tipos distintos de carcinoma invasivo comumente se associam à NMPI: o tipo tubular, tipicamente derivado da NMPI tipo pancreatobiliar e semelhante ao ACDP; e o tipo coloidal (mucinoso não cístico), derivado da NMPI tipo intestinal que é caracterizado pela abundante mucina extracelular.15 Enquanto o prognóstico dos dois tipos de NMPI associada ao adenocarcinoma invasivo parece ser mais favorável quando comparado com o ACDP padrão, o tipo coloidal exibe um comportamento mais indolente, com taxa de sobrevida em cinco anos após tratamento cirúrgico de 57-72%.16 O adenocarcinoma ductal de pâncreas é uma patologia com alto índice de mortalidade.1 Pacientes com fatores de risco e lesões préneoplásicas associadas, como a neoplasia mucinosa papilar intraductal, necessitam de diagnóstico e tratamento precoces, por conta da alta incidência de degeneração neoplásica maligna.7,9,12 No presente relato, a paciente era portadora de NMPI associada ao adenocarcinoma ductal de pâncreas, sendo a ressecção cirúrgica o tratamento de escolha. 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Kang MJ, Lee KB, Jang JY, Kwon W, Park JM, Chang YR, Kim SW. Disease spectrum of 16. Adsay NV, Pierson C, Sarkar F et al. Colloid intraductal papillary mucinous neoplasm with (mucinous noncystic) carcinoma of the pancreas. an associated invasive carcinoma. Pancreas. Am J Surg Pathol. 2001; 25: 26-42. 2013; 42: 1267-1274. 8. Castillo CFD, Adsay NV. Intraductal papillary mucinous neoplasm of the pancreas. J Gastro. 2010: 139: 708-713. 9. Zhang XB, Masood N, Masood W, Zhang Y, Liang T. Pancreatic cystic neoplasm: a review of preoperative diagnosis and management. J Zhejiang Univ-Sci B. 2013; 14(3): 185-194. 10. Tanaka M, Castillo FDC, Adsay V, Chari S, Falconi M, Jang JY et al. International consensus guidelines for the management of IPMN and MCN of the pancreas. Pancreatology. 2012;(12): 183-97. 11. Brugge WR, Lewandrowski K, Lee-Lewandrowski E, Centeno BA, Szydlo T, Regan S, Fernandez-del Castillo C, Warshaw AL. Diagnosis of pancreatic cystic neoplasm: a report of the cooperative pancreatic cyst study. Gastroenterology. 2004; 126(5): 1330-1336. 12. Mandai K, Uno K, Yasuda K. Pancreatic ductal adenocarcinoma concomitant with intraductal papillary mucinous neoplasm: a report of 8 cases. Clin J Gastroenterol. 2013; 6: 248-254. 13. Raut CP, Tseng JF, Sun CC et al. Impact of resection status on pattern of failure and survival after pancreaticoduodenectomy for pancreatic adenocarcinoma. Ann Surg. 2007; 246: 52-60. 14. Raut CP, Cleary KR, Staerkel GA et al. Intraductal papillary mucinous neoplasms of | 61 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 GESTAÇÃO OVARIANA: RELATO DE CASO OVARIAN PREGANCY: CASE REPORT Iracema Correia Veloso,* Lana de Lourdes Aguiar Lima,*Ione Rodrigues Brum** Resumo A gestação ectópica (GE) consiste na implantação e no desenvolvimento do óvulo fora da grande cavidade uterina e é a principal causa de morte materna no primeiro trimestre da gestação. A literatura médica tem publicado, nos últimos anos, diversos relatos de caso de gestação ectópica de localização atípica (intersticial, cervical, cicatriz de cesárea, ovariana e abdominal) que representam situações de elevada morbidade e mortalidade. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de gestação ectópica ovariana ocorrida em Serviço de Ginecologia e Obstetrícia em Manaus/AM. Palavras-chave: Gravidez Ectópica; Gravidez Ovariana; Laparotomia. Abstract The ectopic pregnancy (GE) is the ovule implementation and development ovule outside the uterine cavity and is the leading cause of maternal death in the pregnancy first trimester. The medical literature has been publishing in recent years, several case reports of ectopic pregnancy with atypical localization (interstitial, cervical, cesarean scar, ovarian and abdominal) that represents situations of high morbidity and mortality. This case report aims to describe an ovarian ectopic pregnancy occurred in obstetrics and gynecology service in Manaus, Amazonas state. Keywords: Ectopic Pregnancy; Ovarian Pregnancy; Laparotomy. Introdução A gravidez ectópica está entre as principais urgências ginecológicas, representando a principal causa de morte materna no primeiro trimestre da gestação.1 A gravidez implantada no ovário, no entanto, é uma condição rara, correspondendo a menos de 3% de todos os casos dessas gestações.2 A localização ovariana da gestação pode ser explicada por processos inflamatórios e aderências tubárias que dificultam sua mobilidade, quanto por alterações motoras das fímbrias, cursando com a não captação do óvulo. Assim, o óvulo fecundado permanece na superfície do órgão.3 O diagnóstico precoce é importante para reduzir o risco de ruptura, além de melhorar o sucesso das condutas conservadoras. Atenção especial deve ser dada às pacientes com fatores de risco, como gravidez ectópica prévia, cirurgia tubária prévia (esterilização feminina, reanastomose tubária), infertilidade, doença inflamatória pélvica, endometriose, anticoncepção de emergência e tabagismo.4-5 *Médica residente em Ginecologia e Obstetrícia. ** Doutora em Medicina, chefe do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Francisca Mendes. | 62 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 GESTAÇÃO OVARIANA: RELATO DE CASO Apresentamos um caso de uma paciente com gravidez ovariana rota e laqueadura tubária prévia. Relato de Caso Paciente do sexo feminino, 33 anos, obesa, casada, parda, natural de Manaus, residente do bairro Jorge Teixeira III, deu entrada no Serviço de Urgência da Maternidade Nazira Daou. Queixava de enjoos e vômitos havia semanas, os quais não apresentavam melhora substancial com uso de medicações orais. Acrescido ao quadro, relatava dor moderada, progressiva, em pontada, em fossa ilíaca direita, iniciada havia 3 horas e atraso menstrual de 11 semanas e três dias. Possuía história ginecológica de quatro gestações anteriores, laqueadura tubária pós-parto havia sete anos e ciclos menstruais oligomenorreicos. Paciente apresentava-se em bom estado geral, hipocorada, discretamente sudoreica, acianótica, afebril, pressão arterial de 110 x 70 mmHg. Abdome globoso, sem massas palpáveis, doloroso à palpação profunda em fossa ilíaca direita. Presença de discreta cicatriz em região umbilical. Foram solicitados exames: beta-HCG qualitativo, hemograma, tipagem sanguínea com fator Rh, ecografia transvaginal. Os resultados deles foram: beta-HCG positivo, hematócrito de 29,6%, hemoglobina de 9,7, leucocitose de 20.400 com neutrofilia de 92%, tipagem O positivo; laudo ecográfico: útero aumentado de tamanho, com volume de 310 cm3. Endométrio heterogêneo, espessado, medindo 25 mm, sem saco gestacional. Ovário direito com volume aumentado, apresentando coleção líquida, medindo 6 x 3 cm (Figura 1). Ovário esquerdo não visualizado. Paciente evoluiu com piora do quadro álgico, sendo submetida à laparotomia exploradora de emergência. Os achados cirúrgicos foram: moderada quantidade de sangue em cavidade pélvica, ovário direito de volume aumentado, aspecto heterogêneo, com visualização de embrião sem batimento cardíaco em seu interior (Figura 2); ovário esquerdo sem anormalidade; útero aumentado de tamanho, miomatoso; tubas uterinas edemaciadas e fibrosadas. Foi realizado anexectomia esquerda. Paciente evoluiu satisfatoriamente, sem intercorrências. Recebeu alta hospitalar em 72 horas. Figura 1: Imagem ultrassonográfica mostrando ovário direito aumentado de tamanho (medindo 6 x 3 cm) apresentando coleção líquida em seu interior. | 63 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Veloso et al Figura 2: Achados cirúrgicos: ovário direito aumentado de tamanho, heterogêneo, contendo embrião medindo 4,0 cm. Discussão de imagem de gestação tópica com valores da b-HCG acima da zona discriminatória é indicativo Foi observado que o quadro clínico de gravidez de gestação anormal.10 A exceção a essa regra ovariana não difere das outras formas de são os casos iniciais de gravidez múltipla, cujos gravidez ectópica. Na vigência de atraso valores da b-HCG são mais elevados quando menstrual, sangramento genital e/ou dor comparados à gravidez única.11 abdominal, a hipótese deve ser investigada. O diagnóstico depende da interpretação dos Com o aumento dos tratamentos de infertilidade, dados da anamnese, exame físico, níveis de ocorreu também um aumento da incidência de beta-HCG, mas principalmente de exames de gravidez ectópica em 1%. Mesmo, portanto, se na ecografia for visualizada gestação imagens como ecografia. intrauterina, deve-se sempre obter imagens das A ecografia transvaginal consegue visualizar regiões anexiais de modo a excluir a ocorrência o saco gestacional intrauterino com cinco a de uma gravidez combinada. seis semanas de atraso menstrual.6,7 Quando a idade gestacional é desconhecida, os valores da Com o aprimoramento do diagnóstico da b-HCG podem auxiliar na determinação da idade gestação ectópica, o tratamento tem sido gestacional, além de ajudar na interpretação da realizado de forma mais precoce e com métodos imagem.8,9 O valor discriminatório da b-HCG é menos invasivos. de 1.500 a 2.000 mUI/mL, ou seja, com valores superiores a este, a gestação intrauterina A apresentação clínica, contudo, tem mudado deveria ser confirmada à ecografia. A ausência de uma situação de risco de morte, na qual era necessária uma cirurgia de emergência, para uma | 64 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 GESTAÇÃO OVARIANA: RELATO DE CASO nova situação, com condições mais favoráveis, por vezes, com pacientes assintomáticas. O relato de caso destaca a importância fundamental da ecografia no diagnóstico das alterações gestacionais no primeiro trimestre, valorizando as imagens ovarianas. Destacamos, também, a necessidade do exame de betaHCG quantitativo nas maternidades públicas do Estado, o qual se torna necessário tanto para determinação de conduta quanto de acompanhamento. Referências 1. Berg CJ, Chang J, Callaghan WM, Whitehead SJ. Pregnancyrelated mortality in the United States, 1991-1997. Obstet Gynecol. 2003; 101(2): 289-96. 8. Kadar N, Romero R. Observations on the log human chorionic gonadotropin-time relationship in early pregnancy and its practical implications. 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Paciente de 66 anos, masculino, evolui há dez anos com diarreia líquida diária, sem restos alimentares, com mucorreia, sem enterorragia, aproximadamente quatro vezes ao dia, associada a quadros esporádicos de náuseas e vômitos. Informa piora intensa nos últimos sete meses com necessidade de internações hospitalares para melhora do aporte hidroeletrolítico. Refere perda ponderal significativa nesse período, não sabendo estimar quanto. Palavras-chave: Síndrome de Mckittrick-Wheelock. Abstract Case report emphasizing the therapeutic approach performed by a general surgeon in order to improve patients’ life quality affected by the Mckittrick-Wheelock syndrome. Patient 66 years old, male, evolves ten years ago with daily diarrhea settles without food debris, with mucorrhea without rectal bleeding, approximately 4 times a day intestinal routine, associated with sporadic nausea and vomiting episodes. In the last seven months, informs intense worsening, requiring hospitalization for improved electrolyte intake treatment. Refers significant weight loss during this period, not knowing how much. Keywords: Mckittrick-Wheelock Syndrome. Introdução Esses pólipos hipersecretores são responsáveis pela perda hidroeletrolítica que os pacientes que os possuem manifestam. Na Síndrome de Mckittrick-Wheelock, o principal eletrólito envolvido é o potássio. Assim, muitos pacientes procuram o pronto atendimento médico queixando-se de câimbras, fadiga, adinamia e em último caso arritmias cardíacas. Os pólipos adenomatosos são lesões com alto potencial de malignização, localizados mais frequentemente no cólon distal e reto. Entre estes, os adenomas vilosos representam de 3 a 6% de todos os tumores de cólon, porém somente 3% destes são adenomas hipersecretores.1,2 Ao observá-los com microscópio óptico, os adenomas vilosos apresentam uma produção Relato de Caso de muco aumentada e o número de células produtoras é maior. Paciente de 66 anos, do sexo masculino, evoluindo com quadro de diarreia líquida diária *Médico residente de Cirurgia Geral da Ufam. **Médico residente de Cirurgia do Aparelho Digestivo da Ufam. ***Médico, doutor em Clínica Cirúrgica, professor-adjunto da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Manaus/AM. | 66 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 SÍNDROME DE MCKITTRICK-WHEELOCK: RELATO DE CASO havia dez anos, sem restos alimentares, com mucorreia, sem enterorragia, aproximadamente quatro vezes ao dia. Refere dor epigástrica associada à plenitude pós-prandial e pirose um ano após início do quadro. Nega melena e hematêmese. Informa piora intensa nos últimos sete meses, com necessidade de internações hospitalares para melhora do aporte hidroeletrolítico. Refere perda ponderal significativa nesse período, não sabendo estimar quanto. pangastrite moderada, com lesão elevada séssil antral e sua biópsia revelou hiperplasia faveolar, gastrite crônica ativa associada à Helicobacter pylori e ausência de malignidade no material recebido. Retossigmoidoscopia rígida normal até 20 cm e presença de tumoração vilosa do reto ao sigmoide com anátomo-histopatológico evidenciando adenoma túbulo viloso com displasia leve a moderada, ausências de sinais sugestivos de infiltração na lâmina própria em secções avaliadas. A tomografia computadorizada revelou moderada distensão líquida e conteúdo com densidade de partes moles no terço distal do sigmoide e reto em toda sua extensão associada a espessamento parietal concêntrico. Ao exame físico: em regular estado geral, lúcido e orientado, eupneico, mucosas hipocoradas, anictérico, acianótico em extremidades, afebril e desidratado. A ausculta respiratória mostrava murmúrio vesicular fisiológico sem ruídos adventícios bilateralmente e ausculta cardíaca O paciente foi submetido a tratamento cirúrgico normal. Abdome escavado, indolor à palpação pela técnica de Cutait. superficial e profunda, sem dor a descompressão brusca, sem visceromegalias e com presença de Discussão ruídos hidroaéreos. Os exames laboratoriais evidenciaram hemoglobina de 10 g/dL, hematócrito de 28,1%, com demais dados de hemograma e de coagulograma normais, creatinina 1,7 mg/dL, albumina de 3,9 g/dL, enzimas hepáticas e canaliculares dentro dos padrões de normalidade, sódio de 136 mEq/L, potássio de 3,5 mEq/L, magnésio de 1,7 mg/dL. Sorologia para HIV negativa. A endoscopia digestiva alta revelou A Síndrome de Mckittrick-Wheelock, descrita primeira vez em 1954,3 é uma síndrome de depleção hidroeletrolítica caracterizada por desidratação, uremia pré-renal, hiponatremia, hipocalemia, hipocloremia, acidose metabólica, fadiga, confusão e em casos severos até a morte. É causada por grandes adenomas vilosos, localizados no reto (Figura 1) e a possibilidade de surgimento dessa síndrome se dá quanto mais distal se localizar a lesão.4 Figura 1: Fotografia de peça cirúrgica do reto evidenciando numerosos adenomas vilosos. | 67 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Bergamasco et al A hipersecreção, tanto de fluidos como de eletrólitos, está relacionada com o incremento da atividade da adenosina monofosfato e dos altos níveis de prostaglandinas E2 em células adenomatosas, as quais ativam canais de cloro e potássio facilitando a saída de sódio. Vários estudos têm reportado o decréscimo dos níveis de prostaglandina E2 depois do tratamento com indometacina obtendo bons resultados no controle das perdas. importante, uma vez que o tratamento cirúrgico precoce é o único efetivo com o paciente se encontra estável. A disfunção do sistema nervoso central por hiponatremia é um resultado secundário da diarreia secretora. A hipocalemia produz alterações no eletrocardiograma com infradesnivelamento do segmento ST e ondas U. 2. Shamblin JR, Huff JF, Waugh JM, Moertel CG. Villous adenocarcinoma of the colon with pronounced electrolyte disturbance. Ann Surg. 1962; 2: 318-26. A síndrome de depleção causada por hipersecreção intestinal de um total de 0,5 a 3 litros por dia produz desidratação e insuficiência renal aguda. Logo, a depleção de eletrólitos e fluidos deve sugerir o diagnóstico etiológico. Habitualmente, a presença de diarreia crônica indica a realização de uma colonoscopia.5 A ressecção endoscópica está indicada em casos de adenomas pequenos, mas já os tumores de tamanho maior são suscetíveis à ressecção cirúrgica. A indicação do tratamento cirúrgico se baseia nos seguintes parâmetros: distância deste da borda anal, tamanho, porcentagem de circunferência acometida e estadiamento do tumor por via endoscópica. Referências 1. Popescu A, Orban-Schiopu AM, Becheanu G, Diculescu M. Mckittrick and Wheelock syndrome-a rare cause of acute renal failure. Rom J Gastroenterol. 2005; 14: 63-6. 3. Older J, Older P, Colker J, Brown R. Secretory villous adenomas that cause depletion syndrome. Arch Intern Med. 1999; 159: 879-80. 4. Emrich J, Niemeyer C. The secretory villous adenomas as a rare case of acute renal failure. Med Klinik. 2002; 97: 619-23. 5. Huchzermeyer H, Baller D, Nieporte U, Gergs P. Villous adenomas of the rectum characterized by secretory diarrhoea. Z Gastroenterol. 1995; 33: 112-6. 6. Steven K, Lange P, Bukhave K, Rask-Madsen J. Prostaglandin E2 – mediated secretory diarrhoea in adenoma of the rectum: effect of treatment with indomethacin. Gastroenterology. 1981; 80: 1562-6. Existem várias técnicas cirúrgicas para ressecção e reconstrução do trânsito intestinal, sendo as técnicas de Duhamel-Haddad e Cutait as mais utilizadas. No caso relatado, a cirurgia a Cutait, que consiste na proctocolectomia subtotal com abaixamento endoanal e posterior fixação cólon-anal foi a técnica escolhida. Em conclusão, a Síndrome de MckittrickWheelock deve ser considerada em casos que se apresentem com a tríade de insuficiência aguda pré-renal, alterações hidroeletrolíticas e diarreia crônica.6 O diagnóstico etiológico é | 68 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 CISTO BRONCOGÊNICO DUPLO DOUBLE BRONCHOGENIC CYST Fernando Luiz Westphal;* Luiz Carlos de Lima;* José Corrêa Lima Netto;** Michel de Araújo Tavares;*** Ricardo Augusto Monteiro Cardoso;**** Felipe de Siqueira Moreira Gil;**** Pedro Igor Lima Soares;**** Thaís Borges Viana***** Resumo O cisto broncogênico é uma malformação congênita, geralmente sendo uma lesão única, porém pode apresentar-se como lesões múltiplas. É relatado um caso raro de cisto broncogênico duplo em uma paciente de seis anos e sete meses, que apresentou quadro clínico de pneumonia para o qual fez tratamento clínico e radiografia simples de tórax, a qual mostrou alargamento do mediastino médio, notadamente à direita, por provável processo expansivo. Foi realizada tomografia computadorizada para esclarecimento da natureza da lesão, foram observadas duas lesões expansivas de contornos lobulados, uma no lobo superior direito e outra no lobo inferior direito. A paciente foi submetida à toracotomia para ressecção das lesões císticas. O exame histopatológico revelou epitélio cilíndrico ciliado, compatível com cisto broncogênico. A evolução pós-operatória foi excelente. Palavras-chave: Cisto Broncogênico Duplo; Pneumonia; Anomalias Congênitas. Abstract The bronchogenic cyst is a common malformation, usually with a single lesion, however, can present itself as multiple lesions. A rare case report of double bronchogenic cyst is described here, discovered in a 6 year-old female patient, who experienced clinical pneumonia for which was done clinical treatment and chest X-ray, revealing enlarged middle mediastinum, especially on the right side, probably due to expansive process. A CT scan was performed to clarify the injury nature, two expansive lobulated lesions were observed, one in the right upper lobe and the other in the hemithoracic lower lobe. The patient underwent thoracotomy for cystic lesions resection. Histopathological revealed ciliate cylindrical epithelium, consistent with bronchogenic cysts. The postoperative outcome was excellent. Keywords: Double Bronchogenic Cyst; Pneumonia; Congenital Abnormalities. Introdução O cisto broncogênico é uma lesão congênita do trato respiratório originada por um distúrbio na embriogênese da árvore traqueobrônquica durante a gestação.1,2,3 Entre o vigésimo sexto e o quadragésimo dia de gestação o intestino primitivo divide-se em segmento dorsal e segmento ventral, em que este se diferencia na árvore traqueobrônquica e aquele no esôfago. Durante a ramificação da árvore brônquica, é sugerido que um grupo de células desprendese e adquire desenvolvimento autônomo, originando o cisto brônquico.1 Se isso ocorrer antes da quarta semana, sua localização tende a ser mediastinal e se ocorrer após a sexta semana, tende a ser intrapulmonar. Pode situarse ao longo de toda a via aérea, no entanto. *Cirurgião torácico, doutor em Medicina, Universidade Federal do Amazonas. Título de especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica. **Especialista em Cirurgia Torácica da Universidade Federal do Amazonas. ***Médico radiologista, Universidade Federal do Amazonas. ****Acadêmico de Medicina, Universidade Federal do Amazonas. *****Assessora de Comunicação do HUGV | 69 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 CISTO BRONCOGÊNICO DUPLO Os cistos broncogênicos são relativamente incomuns, representando cerca de 6 a 15% das massas mediastinais primárias.3,4,5 Os mais frequentes são os mediastinais6,7 e correspondem a 5% de todas as massas mediastinais em crianças.8 Estes são classificados em: paratraqueais, subcarinais, hilares e paraesofágicos, sendo a localização subcarinal a mais frequente seguida da paratraqueal e depois por paraesofágica e hílares.4,5 Os cistos intrapulmonares ocorrem principalmente nos lobos inferiores7,9 sem preferência por pulmão direito ou esquerdo.7 Relato de Caso I.F.C., seis anos e um mês, sexo feminino, apresenta quadro semelhante à pneumonia, para o qual foi diagnosticada e tratada. Ao realizar radiografia simples posteroanterior (PA) e perfil de tórax, foi observado que o mediastino estava alargado por conta de um provável processo expansivo (Figuras 1 e 2). Foi feita uma tomografia computadorizada (TC) contrastada para esclarecer a natureza da lesão. Em seu pulmão direito, foram encontrados duas lesões expansivas de contornos lobulados de densidade fluida, um em seu lobo superior (LSD) e outro em seu lobo inferior (LID) (Figuras 3 e 4). A conduta tomada foi toracotomia para ressecção de ambas as lesões (Figura 5). A cirurgia apresentou alguns empecilhos, com necessidade de ampla ressecção e ligadura da artéria pulmonar do LID. Paciente obteve alta em sete dias e retornou 11 dias após procedimento cirúrgico com novos exames que se apresentavam normais. Figuras 1 e 2: Radiografia do tórax nas incidências posteroanterior e perfil que demonstram alargamento do mediastino médio de contornos regulares, notadamente à direita, por provável processo expansivo. Figuras 3 e 4: Tomografia computadorizada do tórax no plano axial após administração endovenosa de meio de contraste demonstra duas lesões expansivas de contornos lobulados, com densidade fluida situada no mediastino médio à direita, na região infracarinal e peri-hilar à direita. | 70 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Westphal et al Figura 5: Cistos Broncogênicos. Discussão do Caso O cisto broncogênico ocorre mais no sexo masculino numa proporção 1:0,76 aproximadamente.10 Sua apresentação clínica varia com a idade do paciente, tamanho e localização. Em crianças com menos de um ano os sintomas predominantes são compressivos, podendo distorcer o esôfago (raro), a traqueia e os brônquios, levando a insuficiência respiratória, enquanto em crianças maiores e em adultos predominam as infecções respiratórias de repetição,11 como foi apresentado neste caso. Nos cistos mediastinais os sintomas mais comuns são os compressivos,4,5,10,12 como, por exemplo, dor torácica, disfagia,13 dispneia e tosse, por conta dessa compressão ou irritação das vias aéreas ou do esôfago. Nos cistos intrapulmonares, os sintomas estão relacionados à infecção de repetição que em alguma ocasião infectam o cisto ou seu parênquima adjacente.5,6,11 A paciente em questão apresentou cistos mediastinais e infecções respiratórias de repetição. Apesar dos cistos serem normalmente únicos, segundo Riedi et. al., normalmente os cistos serem únicos,13 observamos, nesse caso, que a paciente apresentava cistos duplos (um em LSD e outro em LID), ambos esféricos e com paredes finas. As paredes podem ser constituídas por um epitélio brônquico (colunar pseudoestratificado, ciliado, com glândulas mucoides, fibras elásticas e musculares, cartilagem) ou alveolar (simples pavimentoso), que contém um material gelatinoso ou um líquido aquoso. Às vezes podem apresentar-se calcificados ou conter ar quando há uma comunicação com via aérea. Apesar de sua evolução cursar normalmente com redução de tamanho ou completo desaparecimento, houve casos em que o cisto malignizou para adenocarcinoma,5 e outros que levavam à infecção de repetição, justificando a conduta de ressecção tomada. O diagnóstico foi confirmado pela histopatologia, que mostrou os cistos com uma parede delgada, com fragmentos de cartilagem, musculatura lisa e glândulas e um revestimento interno de epitélio cilíndrico ciliado. Embora a literatura sempre deixasse claro que poderiam apresentar-se em formas múltiplas, só foram encontrados relatos de cistos broncogênicos únicos, demonstrando a raridade do caso e a relevância do seu relato. Referências 1. Maksoud JG. Massas mediastinais. In: Maksoud JG, editor. Cirurgia Pediátrica. Rio de Janeiro: Revinter, p. 491-2. 2. Moore ML, Persaud TVN. O Sistema Respiratório. In: Moore ML, editor. Embriologia Clínica. 8a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008, p. 200-14. 3. Brandão DS, Boasquevisque CHR, Haddad R, Ponzio ES. Tratamento cirúrgico de cisto broncogênico paratraqueal por mediastinoscopia cervical. J Bras Pneumol. 2005; aug.; 31(4): 365-7. 4. Montessi J, Duarte MC, Sá MCC de, Ferrari | 71 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 CISTO BRONCOGÊNICO DUPLO MTM. Cisto broncogênico simulando asma brônquica em criança. Pulmão. 2004; abr.-mai.jun.; 13(2): 119-121. 5. Suen HC, Mathisen DJ, Grillo HC, LeBlanc J, Mcloud TC, Moncure AC, Hilgenberg AD. Surgical Management and radiological charactetistics of bronchogenic cysts. Ann Thorac Surg. 1993; 55: 476-481. 6. Al-Bassam A, Al-Rabeeah A, Al-Nassar S, Al-Mobaireek K, Al-Rawaf A, Banjer H et al. Congenital cystic desease of the lung in infants and children (experience with 57 cases). Eur J Pediatr Surg. 1999; 9(6): 364-8. 7. Kravitz RM. Congenital malformations of the lung. 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Riedi CA, Rosário Filho NA, Trevisan IV, Carreiro JE, Escuissato DL. Malformações pulmonares e mediastinais com repercussões respiratórias. J Pneumologia. 1998; set.-out.; 24(5): 303-310. | 72 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 SARCOMA DE PARTES MOLES APÓS RADIOTERAPIA PARA TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA SOFT TISSUE SARCOMA AFTER BREAST CANCER RADIOTHERAPY TREATMENT Fernando Luiz Westphal;* Roberto Alves Pereira;**Luís Carlos de Lima;*** José Corrêa Lima Netto;**** Márcia dos Santos da Silva;***** Ricardo Augusto Monteiro Cardoso;****** Lincoln José Trindade Martins;******* Thaís Borges Viana******** Resumo O câncer mamário possui alta prevalência e incidência no mundo, sendo a principal a causa de óbitos por câncer no sexo feminino; portanto, após seu diagnóstico, deve ser tratado de maneira agressiva, com terapia adjuvante (quimioterapia e radioterapia) após a cirurgia radical. Essa agressividade, no entanto, pode ser prejudicial a alguns pacientes. É sabido que a radiação ionizante possui eventos adversos graves como o desenvolvimento de outras neoplasias. Apresentamos o caso de uma paciente que apresentou sarcoma de partes moles após radioterapia adjuvante para câncer de mama. A paciente apresentava queixas locais, levando a descoberta de um nódulo na região. Após investigação inconclusiva, foi realizada cirurgia com excisão completa de um nódulo encapsulado. O resultado do histopatológico foi de sarcoma de partes moles. Palavras-chave: Sarcoma; Câncer de Mama; Pós-Radioterapia Adjuvante. Abstract The breast cancer has a high prevalence and incidence around the world, and is the main cause of cancer deaths in women, these characteristics turned up his treatment approach in a aggressive way, which is based on adjuvant therapy (chemotherapy and radiotherapy) after radical surgery excision. However, this therapeutic aggressiveness can be harmful to some patients. It is known that ionizing radiation has serious adverse effects, such as development of other tumors. We present the case of a patient who had soft tissue sarcoma after adjuvant radiotherapy for breast cancer. The patient had local complaints, leading to the discovery of a nodule in the region. After inconclusive research, a surgery of complete excision of an encapsulated nodule was performed. The histopathology findings were soft tissue sarcoma. Keywords: Sarcoma; Breast Cancer; Post-Adjuvant Radiotherapy. *Professor-adjunto e coordenador da disciplina de Cirurgia Torácica da Universidade Federal do Amazonas. ** Cirurgião plástico e professor voluntário da disciplina de Cirurgia Plástica da Universidade Federal do Amazonas *** Chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Getúlio Vargas. **** Médico assistente do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Getúlio Vargas. ***** Médica assistente ****** Acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Amazonas ******* Acadêmico de Medicina da Universidade Nilton Lins ********Assessora de Comunicação do HUGV | 73 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 SARCOMA DE PARTES MOLES APÓS RADIOTERAPIA PARA TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA Introdução Paciente de 56 anos, há cinco foi submetida à mastectomia radical à direita para tratamento O câncer de mama (CM) é o segundo tipo de de neoplasia ductal de mama seguida de câncer mais frequente no mundo e o primeiro reconstrução mamária por meio da utilização entre as mulheres, respondendo por 22% de do retalho de músculo reto abdominal. todos os casos novos de câncer a cada ano. No Realizou adjuvância com RT e quimioterapia, Brasil, o risco estimado é de 49 casos a cada permanecendo assintomática por quatro anos, 100.000 mulheres, com a estimativa absoluta quando iniciou quadro de dor em mama direita em região de arcos costais abaixo da prótese de 49.240 casos novos para o ano de 2010.1 mamária. Relatava endurecimento do tecido O tratamento do CM envolve uma equipe abaixo da mama e aumento do volume local. multidisciplinar, com a realização de Ao exame de ressonância nuclear magnética foi cirurgia, radioterapia (RT), quimioterapia e detectado nódulo justacostal, medindo cerca hormonioterapia. Dentre estas modalidades, de 4 cm, localizado abaixo do músculo peitoral. a RT tem um papel fundamental na prevenção Realizou biópsia percutânea por agulha fina e da recidiva local do CM nos estágios iniciais, biópsia incisional, as quais foram inconclusivas. além de aumentar as taxas de conservação Optou-se por exploração cirúrgica local da mama.2 No entanto, o procedimento não com incisão em borda externa da mama e é isento de complicações e dentre os vários rebatimento da prótese mamária de sua região. efeitos adversos, o mais grave, porém, raro, é Foi encontrada lesão nodular encapsulada o surgimento de um sarcoma na região exposta envolvendo o músculo peitoral maior e peitoral menor (Figura 1). A massa foi ressecada com à RT.3 margens de segurança em conjunto com parte O objetivo deste trabalho é relatar o caso de dos músculos envolvidos (Figuras 2 e 3). uma paciente que desenvolveu um sarcoma de partes moles no mesmo local anatômico exposto O exame histopatológico da lesão revelou à radiação ionizante para o tratamento de CM. sarcoma de partes moles com margens cirúrgicas livres. A evolução da paciente até o momento é satisfatória. Relato de Caso Figura 1: Imagem da cirurgia, com rebatimento superior da prótese mamária e do músculo peitoral maior, mostrando o nódulo (seta). | 74 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Westphal et al Figuras 2 e 3: Sarcoma de partes moles de aproximadamente 4 cm inteiro (2): Visualização da sua parte interna após secção medial (3). Discussão incidência do sarcoma tende a aumentar com o decorrer do tempo, passando de 0,07% nos ART, em conjunto com a cirurgia e a quimioterapia, primeiros cinco anos, para 0,27% e 0,48% após é uma importante opção terapêutica no dez e 15 anos, respectivamente.7 tratamento das neoplasias malignas. Na prática clínica, o uso dessa modalidade segue uma As neoplasias secundárias à RT parecem surgir por programação padronizada, adaptada a partir efeito direto da radiação, a partir de mutações da experiência de longa data em uma média de genéticas radioinduzidas. No entanto, a maior indivíduos. Muitas vezes, essa padronização não associação da RT com o angiossarcoma sugere leva em conta a radiossensibilidade individual, um mecanismo diferente de carcinogênese tornando alguns pacientes mais suscetíveis aos radioinduzida em relação aos demais tipos de sarcoma. Embora o linfedema secundário à efeitos colaterais da radiação ionizante.4 manipulação do CM seja considerado um fator No tecido-alvo, a RT cliva o duplo filamento predisponente para o desenvolvimento de de DNA e gera radicais livres a partir da água angiossarcoma nas áreas afetadas,8,9 o contrário celular, capazes de danificar as membranas, também é verdade, pois a RT adjuvante pode proteínas e organelas celulares. O maior contribuir ou mesmo agravar a esclerose dos inconveniente da RT é o fato de a radiação lesar linfonodos axilares e, consequentemente, não apenas as células tumorais, mas também induzir o bloqueio linfático.10 Os sarcomas de o tecido sadio ao seu redor. Os efeitos agudos partes moles que surgem em locais anatômicos da RT se manifestam quase sempre durante o previamente expostos à radiação são o tipo tratamento e desaparecem algumas semanas mais associado ao efeito carcinogênico direto após o término da terapia. Os efeitos tardios da RT.11 surgem meses ou anos após o tratamento, independentemente de lesões agudas prévias.5,6 O diagnóstico de sarcoma pós-radiação deve ser baseado em quatro critérios: história prévia Um efeito tóxico tardio é o desenvolvimento de de RT, surgimento do sarcoma no mesmo sítio um segundo tumor sólido no campo de radiação ou próximo ao local previamente irradiado, ou adjacente a ele, sendo o sarcoma uma das período de latência de vários anos entre a RT neoplasias comprovadamente associada à RT.5 e o surgimento do sarcoma, e confirmação Um estudo realizado com 194.798 mulheres histológica de sarcoma.12 com diagnóstico de CM observou um risco 16 vezes maior para o desenvolvimento de Esses tumores geralmente são agressivos e têm angiossarcoma e duas vezes maior para os outros um elevado potencial de recorrência local e tipos de sarcoma em mulheres submetidas à RT metástases. A ressecção radical parece ser a em comparação a pacientes não expostas.6 A única chance de cura, independentemente de | 75 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 SARCOMA DE PARTES MOLES APÓS RADIOTERAPIA PARA TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA sua localização, pois os únicos sobreviventes de longo prazo foram aqueles submetidos à ressecção cirúrgica completa.13 Infelizmente, a maioria dos casos de sarcoma é descoberta tardiamente, piorando ainda mais o seu prognóstico. Nesses casos, a quimioterapia passa a ser um tratamento lógico por conta da possibilidade de disseminação da doença e pelo seu alto grau histológico.14 tissue sarcoma after radiotherapy in women with breast carcinoma. Cancer, 2001;92(1): 172-80. Em conclusão, as alterações teciduais e celulares decorrentes do efeito de radioterapia podem acarretar o desenvolvimento de outras neoplasias. É importante o seguimento desses pacientes e uma abordagem agressiva quando detectada alguma anormalidade no sítio correspondente à área irradiada. 8. Cozen W, Bernstein L, Wang F, Press MF, Mack TM. The risk of angiosarcoma following primary breast cancer. Br J Cancer, 1999;81: 532-6. Referências 1. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer [sítio da internet]. Estimativa 2010. Incidência de câncer no Brasil. 2010 [citado 2010 jul 5]. Disponível em: http://www.inca. gov.br/estimativa/2010/. 2. Fisher B, Anderson S, Bryant J et al. Twenty-year follow-up of a randomized trial comparing total mastectomy, lumpectomy and lumpectomy plus irradiation for the treatment of invasive breast cancer. N Engl J Med., 2002;347: 1233-1241. 7. Kirova YM, Vilcoq JR, Asselain B, Sastre-Garau X, Fourquet A. Radiation-induced sarcomas after radiotherapy for breast carcinoma. A large-scale single-institution review. Cancer, 2005;104: 856-63. 9. Karlsson P, Holmberg E, Samuelsson A, Johansson KA, Wallgren A. Soft tissue sarcoma after treatment for breast cancer – a Swedish population-based study. Eur J Cancer, 1998; 34: 2068-75. 10. Meek AG. Breast radiotherapy lymphedema. Cancer, 1998;83: 2788-97. and 11. Wiklund TA, Blomqvist CP, Raty J, Elomaa I, Rissanen P, Miettinen M. Postirradiation sarcoma. Analysis of a nationwide cancer registry material. Cancer, 1991;68: 524-31. 12. A. G. Huvos, H. Q. Woodard, W. G. Cahan et al. “Postradiation osteogenic sarcoma of bone and soft tissues. A clinicopathologic study of 66 patients”. Cancer, 1985, vol. 55, n.º 6, pp. 1244-1255. 3. Kirova YM, Feuilhade F, Calitchi E, Otmezguine Y, Le Bourgeois JP. Radiation-induced sarcomas following radiotherapy for breast cancer: six case reports and a review of the literature. Breast., 1998;7: 277-282. 13. M. E. Pitcher, T. I. Davidson, C. Fisher, and J. M. Thomas. “Post irradiation sarcoma of soft tissue and bone”. 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Increased risk of soft Fernando Luiz Westphal – Hospital Universitário | 76 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Westphal et al Getúlio Vargas, Coordenação de Ensino e Pesquisa. Av. Aripuanã, n.º 4 – Praça 14 de Janeiro – Manaus/AM, Brasil. CEP 69020-170 E-mail: [email protected] | 77 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Anais da VII Jornada de Saúde da Amazônia Ocidental Data: 27, 28 e 29 de agosto de 2013 Local: Auditório “Belarmino Lins” – Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas Patrocinadores | 78 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Temas Livres – Categorial oral Efeito da Exposição aos Gases Anestésicos no Sistema de Defesa Antioxidante em Residentes de Cirurgia de um Hospital Universitário em Manaus/AM SOUSA, L. B.1; LIMA, J. T.1; SILVA, M. R. G.2; PAES, E. R. C.3; Lima, E. S.4 1 Estudantes de graduação em Farmácia da Universidade Federal do Amazonas – Ufam/Manaus, Brasil. 2 Farmacêutica graduada pela Universidade Federal do Amazonas – Ufam/Manaus, Brasil. 3 Farmacêutica doutora em Programa de Pós-Graduação em Anestesiologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho – Unesp/ Botucatu, Brasil. 4 Farmacêutico doutor em Farmácia (Análises Clínicas) pela Universidade de São Paulo – USP, Brasil. E-mail: [email protected] Pesquisas indicam que a exposição ocupacional aos gases anestésicos pode acarretar danos à saúde e à qualidade de vida. No Amazonas, incluindo a cidade de Manaus, existe uma quantidade insuficiente de trabalhos que abordem a temática e um elevado número de queixas dos profissionais em razão de sérias implicações à saúde e à qualidade de vida pela constante permanência no centro cirúrgico. O objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento do sistema de defesa antioxidante, Superóxido Dismutase, Catalase, Glutationa Peroxidase e Tióis Totais, bem como do marcador de dano oxidativo Malondialdeído, por meio da análise de amostras de sangue periférico de 15 residentes de cirurgia (grupo exposto) de um Hospital Universitário em Manaus, coletadas no início do primeiro e segundo anos de residência médica, contabilizando um ano de exposição. Os resultados foram comparados com a análise do sangue de 15 acadêmicos do Curso de Farmácia (grupo controle) com o mesmo perfil antropométrico. Por meio deste estudo, pôde-se observar que não houve alteração significativa na Superóxido Dismutase (643,7±146,6 e 661,3±142,8 Unid SOD/ml), Catalase (5,48±2,9 e 4,16±2 k/ghb/min), Tiois Totais (672,8±162,2 e 794,9±259,8 µmol/L) e Malondialdeído (0,89±0,3 e 0,59±0,2 μmol/L) ao se comparar o grupo exposto com indivíduos sadios do grupo não exposto, respectivamente. A exposição aos gases anestésicos aumentou significativamente (p<0,05) a atividade da Glutationa Peroxidase após um ano de exposição comparado ao grupo controle não exposto (4589,9±979,4 e 3863,9±1123,3 U/L de GPx, respectivamente), indicando que quantidades maiores de H2O2 possam estar sendo produzidas. Sendo assim, este estudo demonstrou que a exposição ocupacional aos gases anestésicos não é capaz de promover algum tipo de dano oxidativo, indicando a segurança ocupacional desses profissionais quando expostos durante um ano aos gases anestésicos. Palavras-chave: Gases Anestésicos, Sistema Antioxidante; Dano Oxidativo. | 79 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Relato de Caso Clínico: NF1 em uma Família do Amazonas PRAZERES, V. M. G.; MERLINO, A. P. S. M.; COSTA, J. L.; VASCONCELOS, K. C. F.; NOEL FILHO, M. J. S.; ZIEGLER, R. J. C. L.; HARRAQUIAN, V. C. Dois irmãos adolescentes e seu pai procuraram atendimento em genética médica no AAL pela queixa de efélides, manchas café com leite e neurofibromas em toda a extensão de sua pele, aparecimento desde o primeiro ano de vida e evolução progressiva. O pai dos adolescentes relata o mesmo quadro clínico em sua mãe. A família fecha critérios de diagnóstico clínico para Neuro fibromatose tipo 1: 6 ou mais manchas café com leite de mais de 5 mm de diâmetro antes da puberdade e de 15 mm de diâmetro após a puberdade, neurofibromas, além de nódulos de Lisch na íris e pode ou não haver lesão óssea. A Neurofibromatose tipo 1 é uma hamartose de herança genética autossômica dominante relativamente frequente, com quadro clínico bastante heterogêneo, levando desde um espectro de manifestações leves somente com sardas até manifestações mais graves com neurofibromas em áreas nobres, podendo levar a fenômenos compressivos e um risco aumentado para malignidade. A família foi submetida a aconselhamento genético, sendo informada do risco de recorrência da condição de 50% para a prole de cada afetado, além da necessidade de observação clínica regular e frequente para prevenção terciária das complicações da neurofibromatose como glioma óptico, neurofibroma plexiforme e neoplasias. Protocolo de Triagem Nutricional Nutritional Risk Screening-2002: uma Revisão da Literatura SOUZA, M. S. Q.1; ARAÚJO, C. R.1;PEREIRA, Z. R. F.2 1 Acadêmica de Graduação em Nutrição – Uninorte. 2 Nutricionista do Hospital Universitário Getúlio Vargas – Ufam. E-mail: [email protected] Introdução: A desnutrição se tornou problema frequente em hospitais no Brasil. Atualmente existem diversos instrumentos de triagem nutricional que possibilitam a identificação de desnutrição hospitalar. O Nutritional Risk Screening-2002 (NRS-2002) desempenha o papel de ferramenta de rastreio nutricional, tendo como diferencial a aplicabilidade independentemente da doença e respeitando a idade do paciente sendo esta a característica que amplia a sua recomendação para adultos. O NRS-2002 caracteriza-se como um questionário baseado em perguntas objetivas sendo dividido em duas fases para obter o resultado da triagem nutricional. Essa característica confere ao protocolo maior agilidade e confiabilidade no diagnóstico nutricional. Objetivo: Analisar os dados científicos disponíveis na literatura atual referente ao protocolo de triagem Nutritional Risk Screening-2002 (NRS-2002). Metodologia: Utilizou-se a revisão bibliográfica, fundamentada em artigos de revistas científicas no período de 2000 a 2013, disponíveis nas bases de dados na Scielo, Medline e Lilacs. Resultados: Foram recuperados 29 artigos científicos de revistas eletrônicas com o termo “triagem nutricional” NRS-2002 e 25 publicações com o termo “Nutritional Risk Screening-2002” e 73 com o termo “Nutritional Risk Screening” 2002. Dos artigos encontrados com o termo “triagem nutricional”, 11 foram selecionados. Com os termos “Nutritional Risk Screening-2002” e “Nutritional Risk Screening” 2002 foram selecionados quatro e cinco artigos, respectivamente, por estarem de acordo com os critérios de seleção. Conclusão: O NRS-2002 é um instrumento desenvolvido para ambiente hospitalar, vários estudos constataram a validação desse instrumento e verificaram que a sua aplicabilidade caracteriza-se como prática e confiável na detecção precoce de risco nutricional. | 80 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Assistência de Enfermagem ao Paciente com Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVEI) na Clínica Médica do Hospital Regional de Coari/AM REBOUÇAS, B. O.1; MONTANHO, J.2 1 Residente da Residência Multiprofissional em Saúde da Universidade Federal do Amazonas, Manaus/AM. 2 Professora esp. do Departamento de Enfermagem do Instituto de Saúde e Biotecnologia, Coari/AM. E-mail: [email protected] Introdução: O acidente vascular encefálico é a terceira causa de morte no mundo, sendo mais incapacitante que fatal. No estágio agudo, o tratamento adequado e as intervenções de enfermagem são de extrema importância para prevenir as complicações secundárias e diminuir o tempo de hospitalização. Objetivos: Verificar os procedimentos, recursos materiais e/ou humanos disponibilizados pela equipe de enfermagem da clínica médica do HRC aos pacientes vítimas de isquemia encefálica e correlacioná-los com a literatura específica da área. Metodologia: Optou-se por utilizar uma abordagem qualitativa, do tipo descritivo. Como instrumento de levantamento de dados, foi utilizado um questionário com questões abertas e fechadas, buscando verificar a atuação da equipe de enfermagem no tratamento de pacientes pós-isquemia encefálica. Participaram da pesquisa quatro enfermeiros, 15 técnicos de enfermagem e cinco médicos generalistas. Resultados: Verificou-se que o atendimento das pessoas com suspeita de AVE não obedece nenhum protocolo clínico. Os cuidados de enfermagem prestados aos pacientes são apenas os cuidados gerais de enfermagem, o que difere da literatura. Os pacientes pós-AVE isquêmico são acompanhados por médicos generalistas, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas e técnicos de enfermagem. Como o hospital não dispõe de neurologista e fonoaudiólogo, os pacientes são encaminhados para Manaus. As dificuldades encontradas pela equipe de enfermagem durante a assistência foram recursos materiais, seguida por humanos e capacitação da equipe. Conclusão: A deficiência de materiais, recursos humanos e capacitação da equipe comprometem a qualidade da assistência, já que esses clientes são considerados graves, portanto requerem uma assistência especializada para prevenção de complicações e incapacitações. Desenvolvimento de Habilidades Sociais a Partir do Brincar: a Psicoterapia Grupal com Crianças ROCHA, G. V. M.1; DE ANDRADE, A. C.2; DA SILVA, R. L. R.1; FLOR, S. R. A1. ROCHA, M. L. F.3; NEGREIROS, L. N.3 1 Ufam. 2 HUGV/Ufam. 3 HUGV. Introdução: A construção da subjetividade do indivíduo é, em grande parte, influenciada por suas vivências durante a infância. O conjunto de relações estabelecidas e o aprendizado ocorrido no período infantil são refletidos na formação da psique do adulto. No Hospital Universitário Getúlio Vargas funcionam os grupos terapêuticos voltados ao público infantil. Objetivos: Os grupos terapêuticos têm o objetivo de estimular o desenvolvimento da criança por meio do lúdico. O desenvolvimento psicológico da criança pode ser estimulado por brincadeiras, contribuindo para o crescimento e, principalmente, para a saúde, além de nortear os convívios grupais. Além disso, o brincar possui uma função simbólica, atribuída pela própria criança, que correlaciona a ação e a ficção, proporcionando a representação do mundo pelos objetos. Métodos: As crianças são encaminhadas por profissionais da saúde e das escolas. A psicoterapia ocorre semanalmente, com duração de uma hora, num ambiente lúdico. As atividades se caracterizam como brincadeiras livres e direcionadas, jogos e desenhos, além da utilização de uma avaliação neuropsicológica quando houver suspeita de dificuldade cognitiva ou comportamental de ordem neurológica. Resultados: | 81 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Com o acompanhamento terapêutico, a observação das crianças e o discurso dos pais averiguamse melhoras no desenvolvimento de habilidades sociais nas crianças, além do aperfeiçoamento dos aspectos cognitivos. Conclusão: A partir deste trabalho, constatou-se a importância do lúdico, pois foram observadas mudanças no comportamento das crianças e superação de limitações, uma vez que, pelo brincar, foi dada a possibilidade de elas manifestarem seus sentimentos e emoções e as demandas vivenciadas em seu cotidiano. Avaliação da Incidência de Dor e do Grau de Satisfação de Pacientes no Pós-Operatório de Colecistectomia CUNHA, R.N.1; CAMPOS, M.S.2; DE CARVALHO, T. M 1 Médico residente de Anestesiologia do HUGV, Manaus/AM. 2 Acadêmico de Medicina, Manaus/AM. Contato: [email protected], [email protected] Introdução: A dor pós-operatória é um dos principais motivos para a insatisfação do doente ao término de um tratamento cirúrgico. Desfechos clínicos desfavoráveis decorrentes da dor aguda mal conduzida, como hipertensão arterial, distúrbios ventilatórios e transtornos psicológicos aumentam, significantemente, o tempo e os custos da internação hospitalar. Objetivos: O presente estudo tem o objetivo de avaliar a incidência de dor no pós-operatório e o grau de satisfação dos pacientes cirúrgicos submetidos à colecistectomia no Hospital Universitário Getúlio Vargas no período de 1.º/4/2013 a 20/7/2013. Metodologia: O estudo consta na abordagem ao paciente após 24 horas da intervenção cirúrgica. O paciente será questionado quanto à presença de dor, assim como a satisfação que obteve com o tratamento medicamentoso recebido. O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da instituição. Resultados: Dos 79 pacientes que participaram do estudo, 12,6% não relataram dor, 44,3% referiram dor leve, 35,4% dor moderada e 7,6% queixaram-se de dor intensa. Naqueles pacientes em que houve relato de dor, 20,2% afirmaram que gostariam de ter recebido mais medicamentos e 79,8% responderam que não, considerando normal a presença de dor em um período pós-operatório. Conclusão: O conhecimento da incidência de dor dentro da instituição hospitalar favorece a criação de uma rotina no tratamento da dor aguda. Sabe-se que o tratamento da dor é um desafio constante ao médico, podendo este estudo servir como orientação para melhor satisfação do paciente. | 82 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 A Integralidade dos Serviços de Saúde Voltados aos Idosos na Atenção Primária do SUS SENTALIN, M. L.1; SASSAKI, Y.2 1 Graduando em Serviço Social na Universidade Federal do Amazonas. 2 Professora doutora em Serviço Social na Universidade Federal do Amazonas. Resumo: A saúde é direito de todos e quando se trata de saúde pública o Brasil possui um Sistema Único de Saúde (SUS) que dentre suas diretrizes preconiza uma atenção dividida em níveis articulados de forma integral como um sistema único. A integralidade de ações no cuidado com os sujeitos, segundo a proposta do SUS, é realizada por meio da formação de redes entre os níveis de atenção em um sistema de referência e contrarreferência, de forma que envolva a promoção, prevenção e recuperação. A atenção primária é a porta de entrada para o sistema único de saúde e além de cuidar dos carecimentos cotidianos básicos deve referenciar para os demais níveis de atenção as demandas de maior complexidade. Segundo dados sobre integralidade do resultado da pesquisa realizada em duas unidades básicas de saúde de Manaus no PIB-SA/0107/2012, com entrevista aos profissionais e formulários junto aos idosos. Considera-se que não existe integralidade na dimensão em que a lei regulamenta. Existe uma fragmentação dos níveis como se fossem independentes e de cuidados isolados. Alguns profissionais percebem essa realidade e reconhecem a necessidade de mudanças no sistema que, para isso, depende de ações políticas compromissadas e em conjunto. Palavras-chave: Integralidade, Atenção Primária à Saúde. Reflexões sobre a Integralidade dos Serviços de Saúde Voltados aos Idosos e na Alta Complexidade de Saúde de Manaus (Hospital Universitário Getúlio Vargas e Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio) MARTINS, J. M.1 ; SASSAKI, Y.2 1 Bacharelanda em Serviço Social pela Universidade Federal do Amazonas. Manaus/AM 2 Professora doutora da Universidade Federal do Amazonas. Manaus/AM Resumo: Buscou-se analisar a integralidade dos serviços de saúde voltados aos idosos na alta complexidade de saúde de Manaus (Hospital Universitário Getúlio Vargas e Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio). O envelhecimento é um processo social e ao longo da vida, se não houver promoção à saúde, refletirá em agravos e repercussões das doenças crônico-degenerativas na velhice. Como metodologia utilizou-se de dados quanti-qualitativos, de fontes secundárias, como documentos institucionais e governamentais e como dados primários aplicação de formulários junto aos idosos e entrevistas com profissionais dos respectivos hospitais. Como resultado, apontamos que a saúde, muitas vezes fragmentada, voltada, sobretudo, para um modelo clínico, focado na atenção do médico e hospitalocêntrico influenciada pela conjuntura neoliberal, mercantilista e focalizada contrária ao SUS. Os agravos de saúde dos idosos são inúmeros e complexos e, segundo a Semsa (2011), as maiores causas de mortalidade em Manaus estão relacionadas a causas externas: doenças do aparelho circulatório; neoplasias; causas mal definidas e doenças do aparelho respiratório. Por conta do tema da pesquisa, selecionamos usuários com doenças correlacionadas a diabetes (pédiabético infeccionado), hipertensão, circulatórios, dentre outros, que teoricamente estariam participando dos três níveis de atenção. A alta complexidade apresenta, portanto, alguns avanços e desafios no nível pesquisado, a integralidade tem respaldo legal; no entanto, tanto os usuários | 83 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 como os profissionais poucos conhecem e/ou utilizam dessa integralidade nos lócus, e os que afirmaram usam entre pessoas e não institucionalmente. Palavras-chave: Integralidade; Saúde; Idoso. Desafios da Atuação Interdisciplinar na Política Pública de Saúde em Relação às Mães Albergadas nas Maternidades DE SOUZA, M. A. A.1; CALDAS, M. D.2; BENES, V.S.3 1 Assistente em Saúde, Secretaria Municipal de Saúde, Manaus/AM. 2 Assistente social, Secretaria Municipal de Saúde, Manaus/AM. 3 Assistente social, Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, Manaus/AM. [email protected], [email protected], [email protected] Introdução: No cenário brasileiro, há uma grande demanda de mulheres e bebês prematuros requerendo cuidados em saúde nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e Unidade de Cuidado Intensivo (UCI). Nessas feições, no Brasil, desde a década de 90 implementou-se o Programa Especializado denominado Método Canguru. Diante disso, a Política Nacional de Humanização (2003) representa um importante instrumento na qualidade do atendimento em saúde, a qual suscita inovações no fazer profissional de modo a assegurar direitos, pelo atendimento acolhedor, centrado nas singulares dos sujeitos e que requer esforços de todos os atores que fazem parte do processo. Objetivo geral: Refletir sobre os desafios na atuação interdisciplinar no âmbito da saúde em relação às mães albergadas nas maternidades, no contexto brasileiro. Método: A pesquisa pauta-se numa abordagem de natureza qualitativa, a qual se classifica como descritiva, delineada por meio de pesquisa bibliográfica. Resultados: Aponta-se a necessidade de um atendimento humanizado e resolutivo, garantidor de direitos, com comprometimento da equipe interdisciplinar em ações participativas, visando à integralidade no atendimento e bem-estar das mães albergadas. Faleiros (2008, p. 72) argumenta que o profissional romperá com a atuação repetitiva, pragmática, empiricista quando atrelar as intervenções a um processo de construção e desconstrução contínuo de categorias que permita a práxis. Conclusão: Os desafios postos são: execução de um trabalho coletivo em resposta às necessidades peculiares desse segmento; intervenção não fragmentada em que os cuidados em saúde vislumbrem a totalidade dos sujeitos, em consonância com os princípios e preceitos da Política Nacional de Humanização. Palavras-chave: Interdisciplinaridade; Política Nacional de Humanização; Saúde. | 84 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Abordagem de Educação Física num Programa Multiprofissional no Âmbito Hospitalar e Ambulatorial PONCE, K. B.; AMORIM, M. L. C.; LOPES, K. A. T.; CORRÊA, L.S.; MOURÃO, I.F.C.A.; BEZERRA, E. S.; DUGAICH, S. T. U.; MOREIRA, R. S.; DA SILVA, M. C. J. A.; BEZERRA, M. H. L.; MOURA, A. B. Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV, Programa de Atividades Motoras Para Deficientes – PROAMDE. Introdução: Um programa multiprofissional que atende pessoas com lesão medular e tem o objetivo desenvolver as potencialidades da pessoa com lesão medular e proporcionar o conhecimento necessário sobre a deficiência e suas características evitando complicações, iniciando no leito hospitalar à reabilitação ambulatorial. Objetivo: O educador físico em suas atribuições busca em conjunto com os demais profissionais realizar uma anamnese física geral, além de aplicar teste de antropometria, força muscular, resistência aeróbica e manejo de cadeira de rodas. Após a avaliação, é construído um plano de curso onde é previsto o conteúdo a ser trabalhado durante o período em que o aluno passará em atendimento e o plano de aula para o atendimento individual. Métodos: Durante os atendimentos, busca-se desenvolver as habilidades dentro de um processo global progressivo, onde as orientações começam a partir do que o aluno traz de sua realidade e contempla-se a autopercepção onde conteúdo deve ser aplicado em sua vida diária. Resultados: No período de janeiro/julho de 2013 foram atendidas 13 pessoas com Lesão Medular na reabilitação, sendo que destes, 23% concluíram, 46% estão em atendimento e 31% não concluíram; em média temos uma melhora significativa de 13,2% da antropometria, 5,4% de força muscular e 23,1% de manejo de cadeira de rodas. Conclusão: Para atingir um resultado mais efetivo, se faz necessário que o aluno compreenda em casa o que lhe é orientado no programa, para que os conteúdos tenham efetividade na vida diária e atinjam o objetivo esperado. Palavras-chave: Lesão Medular; Reabilitação; Educação Física. Avaliação de Independência em Atividades de Vida Diária e Locomoção em Pessoas com Lesão Medular Pós-Reabilitação Motora COSTA, E. M.; DUGAICH, S. T. U; LOPES, K. A. T.; AMORIM, M. C.; PONCE, K. B.; CORRÊA, L.S.; MOURÃO, I.F.C.A.; DOS SANTOS, D. G.; VIEIRA, G. L. S. Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV, Programa de Atividades Motoras Para Deficientes – PROAMDE. Introdução: Um dos acometimentos graves que o ser humano pode sofrer é a lesão da medula espinal caracterizada por qualquer injúria às estruturas contidas no canal medular, que percute em alterações social, psíquica e física. A avaliação do lesionado medular, referente à sua qualidade de vida, é de suma importância pelo impacto que essas pessoas sofrem após o incidente. Objetivo: Verificar o ganho de independência dos alunos pós-período de reabilitação no Proamde/HUGV em locomoção e atividades de vida diária (AVD). Metodologia: Entrevista por meio de questionário direto com respostas fechadas adaptadas de questionários validados, como WHOQOL – bref, Medidas de Independência Funcional (MIF) e Medida de Independência da Medula Espinhal (SCIM 3) realizados em domicílio de alunos que participaram da fase de reabilitação (3 meses) do Proamde/ HUGV no período do 2000 a 2012, onde se aplica SIM, NÃO e NÃO SE APLICA, avaliando locomoção, AVD. Resultados: O estudo foi feito de fevereiro a junho de 2013, foram realizadas 19 entrevistas em domicílio, a maioria é do sexo masculino (89%), com maior prevalência de idade entre 31-45 anos, e 68% são lesões torácicas e tem mais de três anos de lesão. Atribuindo-se valores brutos para itens como locomoção, 63% atingiram 7-9 pontos para o máximo 10, e 89% atingiram entre 4-6 pontos para o máximo 6 em AVDs. Conclusão: O período em que essas pessoas permaneceram no programa permitiu que obtivessem sucesso na realização de suas AVDs e independência para | 85 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 se locomover utilizando essa independência, mesmo um longo período pós-alta. Palavras-chave: Reabilitação; Locomoção; Atividade de Vida Diária. O Processo de Reabilitação Motora em Pacientes Críticos com Úlcera por Pressão DA SILVA, M. C. J. A.; AMORIM, M. L. C.; PINTO, S. A. S.; DUGAICH, S. T. U; PONCE, K. B. Programa de Atividades Motoras para Deficientes (PROAMDE) do Hospital Universitário Getulio Vargas,Manaus,Amazonas. Introdução: Brasil – 1998 define Paciente Crítico ou Grave, aquele que apresenta instabilidade de um ou mais de seus sistemas orgânicos, por conta de alterações agudas ou agudizadas, ameaçadora da vida. A reabilitação é um conceito dinâmico de um projeto de ação, com integração de vários profissionais com a finalidade de ajudar o paciente a realizar suas máximas possibilidades físicas, emocionais, sociais e vocacionais. Objetivos: Com este trabalho queremos mostrar a frequência de clientes com úlceras por pressão graves a um programa de reabilitação de Pessoas com Lesão Medular (PLM) no Ambulatório Araújo Lima (AAL). Metodologia: A equipe multiprofissional faz previamente uma visita ao domicílio da PLM, onde o enfermeiro avalia sua estabilidade geral (autocuidado e pele), com a incidência de úlceras por pressão, essa pessoa é encaminhada a um tratamento clínico, pois é uma complicação séria e requer uma atenção específica. Resultado: Assim se configura a urgência em manter uma intervenção preventiva, ativa e contínua, desde a internação, buscandose a prevenção, orientando paciente/familiares, eliminando o desenvolvimento em potencial de lesões graves e promovendo o mais rápido possível a reabilitação dessa população. Conclusão: Confirmando a magnitude do problema e a necessidade de ações mais expressivas na prevenção da úlcera por pressão e de seu agravo, uma vez que pode retardar a participação no processo de reabilitação global. Palavras-chave: Paciente Crítico; Úlceras por Pressão; Reabilitação. Atuação da Fisioterapia na Restauração da Independência Funcional de um Paciente com Doença de Wilson – Relato de Caso ALENCAR, E. C. M.1; DOS SANTOS, A. C. B.1; NETO AIRES, W. Z.2 1 Acadêmicas do 9.º período do Curso de Fisioterapia da Universidade Nilton Lins, Manaus/AM, Brasil. 2 Fisioterapeuta, especialista em Saúde Pública e docente da Universidade Nilton Lins, Manaus/AM, Brasil. E-mail: [email protected] Introdução: A Doença de Wilson (DW) é rara, de origem genética, com início entre os 11 e 25 anos de idade, que produz um defeito no metabolismo do cobre.1 Ocorre em razão da transmissão autossômica recessiva, que provoca alterações no metabolismo do cobre. Essas alterações comprometem a síntese de ceruloplasmina e provocam deposição de cobre em vários locais do organismo, principalmente no fígado, cérebro, córnea (membrana de Descemet) e rins.3 A sintomatologia é caracterizada por manifestações neurológicas, hepáticas, psiquiátricas e oculares. O anel de Kayser-Fleischer e as alterações do nível de ceruloplasmina no sangue e da excreção urinária de cobre representam os dados de maior importância para o diagnóstico da doença.2,3 Objetivo: Relatar a experiência de atuação da fisioterapia em paciente com Doença de Wilson. Método: Trata-se de relato de caso de paciente do sexo masculino, 17 anos de idade, atendido no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). Foram realizadas 32 sessões fisioterapêuticas, com duração de 45 minutos, cinco vezes por semana. O paciente foi submetido à avaliação neurofuncional convencional. Paciente foi internado por apresentar, havia 18 meses, dificuldade de falar e deambular, de forma lenta e progressiva. Ao exame neurológico constatouse sintomatologia compatível com patologias relacionadas aos gânglios da base caracterizada por: | 86 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 fácies com o olhar fixo, boca entreaberta, sialorreia, bradicinesia, rigidez articular, tremores de repouso e postural em ambas as mãos e postura distônica na mão esquerda. Apresentava alteração de equilíbrio (não sentava), encurtamento muscular de peitoral maior, bíceps braquial, quadríceps, tríceps sural. Era totalmente dependente para a realização de suas atividades de vida diária (AVDs). Resultados: As condutas utilizadas para a reabilitação desse paciente foram alongamentos globais de MMSS, MMII e tronco; técnicas de mobilização articular; exercícios passivos e ativos assistidos; treino de transferências funcionais e AVDs; facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP); treino de equilíbrio. Após as sessões de Fisioterapia, o paciente apresentou aumento da ADM, desenvolvendo de forma independente habilidades motoras funcionais do seu dia a dia, como o rolar e o sentar. Adquiriu equilíbrio de tronco, mantendo-se na posição sentada. Menkes (2002) afirma que a cinesioterapia ativa e o treino de reações de equilíbrio proporcionam restauração do padrão motor do movimento funcional e previne complicações decorrentes da patologia. Galizzi (2009) diz que o tratamento deve iniciar quanto antes, para evitar a rápida progressão da doença. Conclusão: Diante de tais resultados, conclui-se que a Fisioterapia proporciona independência funcional a pacientes com Doença de Wilson, por meio do aumento da força muscular, restauração de habilidades motoras funcionais e reações de equilíbrio. Falhas no Processo de Prescrição Médica: Análise de Causa Raiz JACINTO, A. H. V. L.1; RAMOS, M. C. B2; BASTOS, L. M.3; BEZERRA, N. M. S.3; ARAÚJO, M. E. A.4 1 Acadêmica de Farmácia da Universidade Federal do Amazonas, 2 Acadêmica de Medicina da Universidade Federal do Amazonas, 3 Farmacêutica da Gerência de Risco Sanitário Hospitalar do Hospital Universitário Getúlio Vargas, 4 Gerente de Risco do Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus/AM. Manaus/AM. Manaus/AM. Manaus/AM. E-mail: [email protected] Introdução: Os erros de medicação são eventos passíveis de prevenção, decorrentes do uso inadequado de medicamentos, e possivelmente relacionados com falhas no sistema de utilização de medicamentos (prescrição/administração/dispensação), podendo ou não causar danos ao paciente. Estima-se que 6,6 erros estão presentes para cada prescrição médica elaborada na Clínica Cirúrgica do HUGV. Falhas nessa etapa podem ocasionar erros sistêmicos, comprometendo todo o sistema e aumentando a possibilidade dos erros atingirem o paciente. Objetivos: Identificar as causas potenciais para ocorrência de erro na etapa de prescrição de medicamentos para os pacientes internados na Clínica Cirúrgica do HUGV. Método: Estudo observacional realizado por meio de acompanhamento direto do serviço desenvolvido pelos prescritores, no período de fevereiro/abril de 2013, com aplicação do Guia Estruturado de Observação Não Participante. Como ferramenta para análise dos achados, foi utilizado o Diagrama de Ishikawa, no formato 6M (método/meio/mão de obra/material/máquina/medição). Resultados: Foram identificadas as seguintes falhas no processo, relacionadas ao I) método: prescrição manuscrita, favorecendo rasuras e ilegibilidade; II) meio: sala de residência incompatível com atividades desenvolvidas; III) mão de obra: desconhecimento da lista de medicamentos padronizados na instituição; comunicação entre internos, residentes e preceptores insatisfatória; IV) material: equipamentos, como computadores para digitalização da prescrição e consulta à literatura, são insuficientes; não há protocolos ou diretrizes terapêuticas disponíveis para consulta. Conclusão: A identificação da causa e/ou fatores contribuintes para a ocorrência de erros na prescrição tem papel corretivo e preventivo, uma vez que a partir dos problemas apontados é possível adotar medidas para evitar que as falhas ocorram novamente ou para minimizar seus efeitos, garantindo a segurança do paciente. | 87 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 A Integralidade dos Serviços de Saúde Voltados aos Idosos na Atenção Secundária (Caimi da Zona Norte e Ambulatório Araújo Lima) de Saúde de Manaus NUNES, D. C.1; SASSAKI, Y.2 1 Bacharelanda em Serviço Social pela Universidade Federal do Amazonas, Manaus/AM. 2 Professora doutora em Serviço Social pela Universidade Federal do Amazonas, Manaus/AM. Resumo: Análise da integralidade do Sistema Único de Saúde em Manaus, voltado à saúde do idoso, no Caimi Zona Norte e Ambulatório Araújo Lima. Com verificação dos conhecimentos que os idosos possuem dos seus direitos com relação à saúde e identificação da integralidade de ações na atenção secundária realizadas pelos profissionais. Para sua implementação, a pesquisa teve como natureza uma abordagem quanti-qualitativa, visto que foram usados dados quantitativos do IBGE, PNAD e do Ministério da Saúde. Dados quantitativos por meio de formulários aplicados aos idosos e entrevistas junto aos profissionais de saúde. Percebe-se a ausência de especialistas em Geriatria e Gerontologia no atendimento aos idosos nas instituições, apesar de uma das instituições ser nomeada como Centro de Atenção Integral, não há essa integralidade no atendimento ao idoso. Os profissionais dessas unidades relatam uma dificuldade com relação ao funcionamento da integralidade dos serviços, num nível de referência e contrarreferência, sendo esta realizada de modo diferenciado em cada unidade. Com relação aos idosos, mais da metade desconhece seus direitos, resultando na dificuldade de acesso nos serviços e impossibilitando o tratamento adequado para seus agravos de saúde, de modo que a integralidade não é efetivada como preconiza o SUS. Palavras-chave: Saúde; Integralidade; Atenção Secundária. | 88 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Temas Livres – Categoria Pôster Tuberculose: o Abandono do Tratamento em Manaus DA SILVA, E N.1; FROTA, G. A.2 1 Enfermeira residente em Neurointensivismo da Residência Multiprofissional em Saúde – HUGV/Ufam. 2 Enfermeira residente em Neurointensivismo da Residência Multiprofissional em Saúde – HUGV/Ufam. Universidade Federal do Amazonas - Residência Multiprofissional em Saúde Introdução: A Organização Mundial da Saúde propôs um Plano Global para o Combate à Tuberculose 2011-2015, com o objetivo de erradicar do mundo essa doença. Como estímulo a adesão ao tratamento, o Ministério da Saúde, pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose, fornece gratuitamente os fármacos para o esquema terapêutico e, em alguns casos, distribui cestas básicas para o paciente. No entanto, apesar desses esforços, em 2012 a taxa de incidência dos novos casos de tuberculose em Manaus foi de 95 para cada cem mil habitantes, maior que a média nacional. Objetivos: Conhecer, a partir de dados secundários, a taxa de abandono dos pacientes em tratamento contra a tuberculose na cidade de Manaus nos anos de 2010, 2011 e 2012, além de identificar qual gênero desiste mais do tratamento. Métodos: Os dados foram coletados no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil e no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, tendo como um dos critérios de inclusão os casos novos de tuberculose pulmonar. Resultados: Houve diminuição gradativa das notificações de abandono no período analisado, sendo que, tal como ocorre em outras cidades do Brasil, em Manaus os homens desistem mais do tratamento do que as mulheres. Conclusão: O abandono do tratamento da tuberculose no município de Manaus permaneceu dentro do limite aceitável pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose. O fortalecimento das atividades de controle da tuberculose pela atenção básica pode aumentar as chances de conclusão do tratamento e o percentual de cura da doença. Modo de Apresentação: A critério da Comissão Organizadora. Coleta de Glicemia Periférica e Capilar: Erros na Conduta de Enfermagem para a Realização da Glicemia Periférica e Capilar MENEZES, L.C.S.1; SALOMÃO, A.B.2 1 Fisioterapeuta. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Professor universitário. Orientador da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário do Norte – Uninorte Laureate Universities. 2 Enfermeira. Especialista em Enfermagem em Terapia Intensiva. Faculdade Literatus. Resumo: A monitorização da glicemia capilar é primordial para direcionar as ações de enfermagem e que envolvem o tratamento do Diabetes Millitus (DM). Assim, este trabalho de pesquisa é uma revisão integrativa da literatura que teve por objetivo geral identificar quais os fatores que podem influenciar nos resultados obtidos de exame de glicemia periférica. Seguindo os critérios metodológicos desse tipo de revisão, foi realizada buscas às bases de dados na Scielo (Scientific Electronic Library Online), Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) e Lilacs (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde) a partir de uma problematização relacionada às ações de enfermagem. Os resultados foram discutidos de forma descritiva e indicaram que, na busca das evidências científicas disponíveis sobre coleta de glicemia periférica e capilar e os erros na conduta de enfermagem para o controle desses testes, não foi possível identificar artigos relacionados com a problematização que norteou esta revisão | 89 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 integrativa da literatura. Assim, devem existir mais pesquisas fundamentadas a fim de formar bases de dados de evidências que comprovem que o controle dos possíveis erros nas condutas de enfermagem, para a realização da glicemia periférica e capilar, pode proporcionar uma melhora da qualidade de vida dos indivíduos portadores de DM e na diminuição das complicações decorrentes do mau controle metabólico dessa patologia. Palavras-chave: Enfermagem; Glicemia; Diabetes Mellitus. Interações Medicamentosas em uma Unidade de Terapia Intensiva em um Hospital Público de Manaus/AM BRANDÃO; D. M.1; PEREIRA, Z. R.F.2 1 Farmacêutica residente, Ufam, Manaus/AM. 2 Nutricionista do HUGV/Ufam, Manaus/AM. As interações medicamentosas em unidades de terapia intensiva são comuns, pois os pacientes fazem uso concomitante de várias medicações, pela sua condição clínica, como paciente crítico. O objetivo deste estudo foi avaliar a existência de interações medicamentosas potenciais teóricas (IMPT) em prescrições feitas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital da rede pública de saúde da cidade de Manaus/AM. Estudo quantitativo-descritivo na análise de prescrições no período de março a junho de 2013, de pacientes maiores de 18 anos, internados por mais de 24 horas na UTI adulto do hospital. As prescrições foram avaliadas quanto às interações utilizando a base de dados Micromedex® e pelo livro Interações Medicamentosas, quantificadas e classificadas quanto ao seu grau de severidade. No período, foram analisadas 143 prescrições; destas, 12,6% (18) continham IMPT. Nas prescrições que apresentaram interações, encontraram-se 32 interações, 18 graves (56,2%), sete moderadas (21,9%) e sete menores (21,9%), essas interações foram informadas à equipe médica de acordo com a sua gravidade de manejo clínico. Este estudo demonstra o perfil da farmacoterapia utilizada em terapia intensiva, mostrando uma incidência relevante de interações medicamentosas potenciais em prescrições de pacientes críticos. Demonstra-se com elas a necessidade de atuação do farmacêutico clínico na UTI, a fim de contribuir com a equipe multidisciplinar na redução de riscos provenientes da terapia medicamentosa no paciente crítico. Palavras-chave: Interações de Medicamentos; Unidade de Terapia Intensiva. | 90 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 A Percepção do Residente Multiprofissional sobre a Captação de Possíveis Doadores de Órgãos a Partir do Protocolo de Morte Encefálica BRANDÃO, D.M.1; DOS REIS,V. P.1; SOUZA, C.S.M.2 1 Farmacêutica residente, Ufam, Manaus/AM. 2 Docente, Ufam, Manaus/AM. Introdução: O uso do protocolo de morte encefálica (ME) é um facilitador para a captura de doadores de órgãos e também de redução de custos e otimização de leitos em hospitais. Objetivo: Descrever a aplicabilidade do protocolo de morte encefálica para captação de possíveis doadores de órgãos em pacientes em um Hospital Universitário de Manaus/AM. Metodologia: Qualitativa descritiva, com uso de técnicas de manuseio documental por meio de formulários oficiais, embasamentos científicos e banco de dados que subsidiam o processo de implantação dos protocolos da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Amostra documental dos formulários de aplicabilidade dos protocolos por ME ocorreu por conveniência durante o mês de fevereiro de 2013. Optou-se por análise de conteúdo para confrontar os dados a posterior com a literatura científica e as novas diretrizes dos protocolos de 2012 regulamentados pelo Ministério da Saúde. Resultados: Foi observado que a equipe do Hospital Universitário Getúlio Vargas realiza o protocolo de ME, segundo a normatização, e demonstra conhecer o instrumento. Todavia, o critério de notificação considerado um dos critérios do protocolo para que o paciente se apto, possa ser doador, apresenta-se ausente na maioria das amostras observadas. O procedimento é realizado pelo plantonista da UTI. Conclusão: O processo de implantação e aplicabilidade dos protocolos ainda está em fase de estruturação, porém evidências científicas demonstraram que os profissionais precisam de qualificação para que a padronização ocorra. Sabe-se que quando o processo é realizado com o protocolo de morte encefálica adequado às necessidades da Rede de Atenção à Saúde, o hospital reduz custos e otimiza leitos. Além de proporcionar a outras pessoas oportunidade de melhorar a qualidade de vida quando um órgão é captado. Prevalência de idosos hipertensos em atendimento de projeto de saúde básica no Hospital Militar de Área de Manaus. MARTINS, S; ALVES, K. Introdução: Segundo os últimos dados mais atualizados de estatística epidemiológica a população idosa tem aumentada nas ultimas décadas. Essas mudanças são acarretadas devido às transições da humanidade, resultando em maiores expectativa de vida. Entretanto estudos mostram que esses idosos estão chegando nessa expectativa com uma saúde mais afetada por doenças crônicas não transmissíveis, principalmente a hipertensão arterial. Através do projeto: Atenção e cuidados básicos de saúde, realizado no Hospital Militar Área de Manaus. Objetivo: Com o objetivo de detecção dessas doenças previas. Métodos: Estudo epidemiológico transversal, envolvendo 129 idosos, atendidos pelo projeto de atenção e cuidados básicos de saúde no Hospital Militar Área de Manaus, onde traçamos o perfil nutricional através do IMC de acordo com a Organização Mundial de Saúde, aferição de pressão com esfignomanômero e estetoscópio, As variáveis explanatórias do estudo foram: sexo, idade, escolaridade, tabagismo, consumo de álcool, tempo sentado, doenças e uso de medicamentos. Resultados: Ocorreu uma prevalência de hipertensão entre os idosos, numero maior entre as mulheres e das causas apontadas, a Circunferência abdominal entre as mulheres mostrou se uma prevalência, uma vez que envolve modificações físicas, fisiológicas, metabólicas que influenciam no resultado. Conclusão: Geralmente uma alimentação não balanceada e o não cuidado com a saúde ainda na idade adulta resultam em inúmeras dislipidemias e uma velhice | 91 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 patologicamente preocupante. O conhecimento do estado de saúde do idoso é importante para as políticas de saúde, pois auxilia os planejadores na elaboração de estratégias específicas a essa população. Palavras chave: Idosos, hipertensão, Atenção a Saúde. Casa Mamãe Margarida: a Inserção Social das Jovens em Situação de Abrigamento AZEVEDO, M.B.1; PEREIRA, Z.R.F.2 1 Assistente social do HPS Platão Araújo. 2 Nutricionista do HPS Platão Araújo. Resumo: A Casa Mamãe Margarida, situada na cidade de Manaus, tem como finalidade abrigar jovens e crianças do sexo feminino cujos direitos foram violados, retiradas de suas famílias de origem, em cumprimento ao artigo 5.º do Estatuto da Criança e do Adolescente, que visa resguardar a criança e a adolescente da violência e dos maus-tratos. Assim, este trabalho de pesquisa visa conhecer as políticas sociais direcionadas às jovens atendidas na Casa Mamãe Margarida. Foram utilizados como critérios metodológicos nesta pesquisa a técnica de observação participante e aplicação de questionário aberto para posterior comprovação científica. Os resultados foram discutidos de maneira descritiva e revelaram que todos os entrevistados demonstraram um conhecimento satisfatório sobre os programas existentes na instituição, que são, além das atividades normais como artes plásticas, pintura, bordado, crochê, corte e costura, flauta, violão, dança, teatro, curso de informática, além dos projetos políticos, como também a inserção de ex-alunas no mercado de trabalho, exercendo atividades em escritórios, fábricas do Distrito Industrial ou trabalhando por conta própria em barracas de artesanato nas feiras ou trabalham em casa. Conclui-se, portanto, a necessidade do fortalecimento da rede de proteção integral, nos âmbitos municipal estadual, no sentido da implementação de programas específicos onde as jovens possam ter um leque mais abrangente de oportunidades que possam efetivamente oportunizar um futuro mais seguro em relação a uma profissionalização, que não se detenha apenas no âmbito do artesanato ou prendas domésticas, mas com garantia de um modo digno de sobrevivência, quando do seu desligamento. Palavras-chave: Casa Mamãe Margarida; Abrigo; Inserção Social. | 92 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 A Influência da Gordura Abdominal na Pressão Arterial e Glicemia de Pacientes Diabéticos Tipo 2 CAMPOS, L.S.1; PEREIRA, Z.R.F1 1 Nutricionista clínica, HUGV/Ufam, Manaus/AM. Introdução: A relação entre obesidade e diabetes mellitus tipo 2 é bem estabelecida. Indivíduos com sobrepeso ou obesidade têm um aumento significativo do risco de desenvolverem diabetes, risco este cerca de três vezes superior ao da população com peso considerado normal. Os fundamentos sistematizados neste trabalho versam sobre a relação entre gordura abdominal e diabetes mellitus. Objetivo: Analisar a influência da gordura abdominal na glicemia e pressão arterial de diabéticos tipo 2. Metodologia: Utilizou-se o método qualitativo, por meio de revisão a partir de bases de dados na Scielo, Medline e Lilacs, no período de 2000 a 2012, a fim de revisar e levantar informações sobre o tema proposto. Resultados: Foram analisados 125 artigos e, desses, 75 atendiam aos critérios de refinamento, sendo maior parte dos artigos, 53 (71%), mostrou que tanto o excesso de gordura abdominal como ganho de peso total aumenta o risco do desenvolvimento de diabetes, hipertensão arterial sistêmica e controle glicêmico prejudicado naqueles que já desenvolveram a doença e 22 (29,3%) artigos apontam que a diminuição desse tipo de obesidade, com modificação no perfil de gordura corporal, deve ser perseguida como alvo terapêutico, com intuito de reduzir a resistência insulínica e melhorar o perfil metabólico. Conclusão: O estudo trouxe ferramentas atuais necessárias para atingir o melhor controle da glicemia, perfil lipídico e pressão arterial sistêmica. A Busca pela Velhice Bem-Sucedida em Manaus: do Controle dos Agravos a Intervenções Ampliadas DE LEÃO, A.A.M.P.1; 1 Mestre em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS/Ufam).Professora substituta do Curso de Serviço Social da Ufam. E-mail: [email protected] Introdução: A velhice é um fenômeno preocupante, cujas demandas causam ônus para o Estado. Por conta do aparecimento/agravamento de doenças crônico-degenerativas, aumenta a procura dos idosos pelos serviços de saúde para controle/tratamento. Tomando o conceito ampliado de saúde, observa-se que os serviços são descolados da realidade de pobreza e exclusão social da maioria dos idosos. O desafio do envelhecimento bem-sucedido demanda novas estratégias para se garantir, primeiro, boas condições de vida. Objetivos: Identificar os agravos manifestados pelos idosos; levantar os serviços oferecidos aos idosos na atenção primária. Método: Abordagem quanti-qualitativa. Aplicação de entrevistas semiestruturadas a profissionais e idosos das UBSs e Caimis de Manaus. Resultados: Os dados apontam que 55% dos idosos são hipertensos e 45% são diabéticos. 80% dos idosos procuram as UBSs por serem próximas às suas casas, para consultas e exames e 20% procuram os Caimis porque oferecem serviços especializados e atividades de lazer. A procura maior é pelo médico (60%) e enfermeiro (40%). 60% dos idosos procuram atividades de grupo fora das UBSs e Caimis para a melhoria da qualidade de vida. Conclusão: Necessidade de integração entre os serviços socioassistenciais oferecidos em uma mesma área de abrangência para a transversalidade da política de saúde e prestação de um atendimento totalitário às necessidades dos idosos. Tratamento Nutricional de Paciente com Síndrome de Secreção Inapropriada de | 93 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Hormônio Antidiurético Crônico por Tuberculose Pulmonar Ativa em um Centro de Terapia Intensiva de um Hospital Público de Manaus/AM: Estudo de Caso DE SOUSA, R.L.1; PEREIRA, Z.R.F2 1 Nutricionista residente, R2, Ufam, Manaus/AM. ([email protected]) 2 Nutricionista, HUGV/Ufam, Manaus/AM. ([email protected]) Introdução: A Síndrome da Secreção Inapropriada de Hormônio Antidiurético (Siadh) é a causa mais comum de hiponatremia normovolêmica, bem como o fator etiológico mais usual de hiponatremia em pacientes hospitalizados. Na Siadh ocorre uma inabilidade de diluir a urina na presença de hiposmolalidade plasmática. Os mecanismos envolvidos sugerem elevação na secreção do ADH, um bloqueio do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA) e elevação discreta do PAN (peptídeo natriurético atrial), relacionado à diminuição da pressão arterial. Objetivo: Descrever o tratamento e conduta nutricional. Metodologia: Trata-se de estudo de caso, observacional, a partir da situação clínica de um paciente do sexo masculino adulto de 48 anos, com o diagnóstico de Tuberculose Pulmonar Ativa evoluindo com Siadh, que se internou no CTI, onde a equipe multiprofissional decidiu iniciar o tratamento com terapia nutricional enteral, com dieta hiperproteica, hiperssódica e restrição hídrica de 600 ML/dia, utilizando seis módulos de 100 ml/cada de dieta enteral complementada com 1 flaconete de Cloreto de Sódio (NaCl), totalizando 7 g/dia de NaCl, em 72 horas. O paciente permaneceu quatro dias com a dieta enteral evoluindo para dieta padrão, sendo transferido para a clínica médica com dieta oral. Resultado: O paciente apresentou melhora no quadro geral, inclusive no débito urinário e com a reversão do coma, sem precisar de utilização de diuréticos de alça. O desfecho na clínica médica não foi bom, por apresentar complicações respiratórias causadas pela tuberculose. Conclusão: Percebese então a essencial participação do nutricionista na equipe multiprofissional, a fim de contribuir na assistência integral ao paciente crítico. Palavras-chave: Siadh; Nutrição Enteral; Tratamento Nutricional; UTI. | 94 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 A Ventilação Mecânica como Fator Associado à Pneumonia em Pacientes em Tratamento na UTI (Unidade de Terapia Intensiva): Revisão de Literatura DA SILVA, F. S.1; MENEZES, C.A.1; BRITO, G.K.V.1; DE ARRUDA, P.R.S.1; MACIEL, R.J.B.1; BARBOSA, E.L.2 1 Acadêmicos do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Metropolitana de Manaus. 2 Enfermeiro MSc em Saúde, Sociedade e Endemias na Amazônia – Instituto Leônidas e Maria Deanne ILMD – Fiocruz, docente do Curso de Enfermagem da Faculdade Metropolitana de Manaus. E-mail: [email protected] Introdução: A pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) é definida como uma infecção pulmonar que surge 48 a 72 horas após intubação endotraqueal e também até 48 horas após a extubação.1 Objetivo: Identificar os fatores associados à ocorrência de PAV em pacientes em tratamento na UTI, a partir da revisão de literatura. Método: Trata-se de estudo descritivo referente aos artigos recuperados nas bases de dados Scielo e Lilacs, sendo utilizados os seguintes descritores: “pneumonia”; “ventilação mecânica” e “UTI”. Resultados: De acordo com Carvalho e colaboradores (2005), a pneumonia geralmente é de origem aspirativa, tendo como principal fonte as secreções das vias aéreas superiores, seguida pela inoculação exógena de material contaminado ou pelo refluxo do trato gastrintestinal. Segundo Guimarães e colaboradores (2006), as formas de aspirações mais comuns são as microaspirações silenciosas, associadas a um quadro de insuficiência respiratória grave. Nesse contexto, Rocha et. al., (2008) afirmam que a pneumonia é a segunda forma de infecção nosocomial de maior incidência, tendo a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) como o local de maior ocorrência. Em relação à prática da traqueostomia, Teixeira e colaboradores (2004) relatam que esse procedimento quando realizado precocemente reduz significativamente o tempo de ventilação artificial e o tempo de permanência na UTI, diminuindo o risco do paciente desenvolver pneumonia. Conclusões: É importante ressaltar que a prática da traqueostomia precoce, higiene oral e adoção de um sistema de vigilância do perfil bacteriano constituem as medidas necessárias para a prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica. Palavras-chave: Pneumonia; Ventilação Mecânica; UTI. Prevenção de Infecção no Sítio Cirúrgico relacionada à Assistência de Enfermagem: Revisão de Literatura SILVEIRA, F.T.M.1; MORESCHI, E.S.1; BRIGLIA, J.M.1; ALFAIA, L.S.1; BARBOSA, E.L.2 1 Acadêmicos do 5.º período do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Metropolitana de Manaus – Fametro. 2 Enfermeiro MSc em Saúde, Sociedade e Endemias na Amazônia – docente do Curso de Enfermagem da Faculdade Metropolitana de Manaus – Fametro. E-mail: [email protected] Introdução: A Infecção do Sítio Cirúrgico (ISC) é uma das principais infecções relacionadas à assistência à saúde no Brasil1, ocupando a terceira posição entre as infecções em serviços de saúde e compreendendo 14 a 16% daquelas encontradas em pacientes hospitalizados.2 Objetivo: Identificar as medidas de prevenção da infecção do sítio cirúrgico a partir da revisão de literatura. Método: Trata-se de estudo descritivo, considerando artigos recuperados das seguintes bases de dados: Scielo e Lilacs, do qual foram utilizados os seguintes descritores: “Infecções do sítio cirúrgico”, “Prevenção”, “Enfermagem”. Resultados: Segundo Ferraz e colaboradores (2001), além da microbiota endógena, do próprio paciente, procedimentos sem considerar práticas da biossegurança propiciam a infecção do sítio cirúrgico. Corroborando, Maia e colaboradores (1999) ressaltam que o enfermeiro tem um papel importante na implementação dos protocolos institucionais, melhorando a qualidade e reduzindo, além de complicações, a morbimortalidade | 95 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 e os custos decorrentes de ISC. Ainda, em Oliveira e colaboradores (2004), a equipe cirúrgica tem condições suficientes de melhorar as práticas que visam à prevenção, caso obedecerem aos programas e protocolos de controle da infecção de sítios cirúrgicos, podendo reduzir a taxa de ocorrência de 3,5 para 1%. Por fim, ressalta-se o estudo de Silva (2010), que identificou que o grau de contaminação do sítio cirúrgico apresenta-se diretamente associada à infecção do sítio cirúrgico. Conclusões: É preciso considerar que o desenvolvimento de medidas preventivas pode reduzir significativamente as taxas de incidências das infecções no sítio cirúrgico, além de também impactar no número de internações relacionadas a essa problemática. Palavras-chave: Prevenção; Infecção; Sítio Cirúrgico; Enfermagem. Fatores de Riscos para Infecções do Trato Urinário no Âmbito Hospitalar: Revisão de Literatura DA SILVA, F.S.1; CAVALHEIRA, A.1; DE OLIVEIRA, C.P.1; OLIVEIRA, E.S.1; REIS, E. T.1; BARBOSA, E.L.2 1 Acadêmicos do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Metropolitana de Manaus – Fametro. 2 Enfermeiro MSc em Saúde, Sociedade e Endemias na Amazônia – docente do Curso de Enfermagem da Faculdade Metropolitana de Manaus – Fametro. E-mail: [email protected] Introdução: A infecção hospitalar é considerada um agravo na saúde pública, sendo responsável pelo aumento da morbidade e mortalidade de pacientes, bem como do período de internação e custos assistenciais.1 Objetivo: Identificar os fatores de risco para infecções do trato urinário no âmbito hospitalar. Método: Trata-se de estudo descritivo referente a artigos recuperados nas seguintes bases de dados: Medline e Lilacs. Foram utilizados os seguintes descritores “Infecção do trato urinário”, “Enfermagem” e “saúde”, foram considerados apenas estudos publicados no período 2006/2012. Resultados: Segundo Alves e colaboradores (2002), a ITU está presente em todas as idades, populações, com particular impacto em mulheres, e em sua maioria está associada ao uso de cateter vesical de demora. Corroborando Braga e Giordane (2005), a ITU tem como principal agente causador a bactéria Escherichia coli, independente da faixa etária. De acordo com Fernandes e Hallage (2006), os principais fatores de risco associados às ITUs são: sexo feminino, idade avançada, disfunções anatômicas e fisiológicas do trato urinário e doenças subjacentes severas, como diabetes. Ainda Stamm e colaboradores (2002) afirmam que dessas infecções, 80% estão associada ao cateterismo do trato urinário e sua duração. Na mesma linha, Heilberg e Schor (2003) identificaram que os episódios de ITU de origem hospitalar ocorreram, na sua maioria, em pacientes com sonda vesical de demora, sendo 70,8% do sexo feminino. Conclusões: A prevenção das infecções hospitalares é um dever de todos os profissionais de saúde, para isso eles deverão ser conscientizados, motivados e orientados em um processo permanente. Palavras-chave: Infecção do Trato Urinário; Enfermagem; Saúde. | 96 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 A Prática da Desinfecção como Medida de Prevenção da Infecção Hospitalar no Âmbito da Enfermagem: Revisão de Literatura SILVEIRA, F.T.M.1; DA SILVA, M.R.S.M.1; BARBOSA, E.L.2; SOUZA, E.P.A.3; COELHO, C.F.A.1; CASTRO, B.M.C.4 1 Acadêmicos do 5.º período de Graduação em Enfermagem da Faculdade Metropolitana de Manaus – Fametro. 2 Enfermeiro MSc em Saúde, Sociedade e Endemias na Amazônia – ILMD – docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Metropolitana de Manaus. 3 Enfermeira – coordenadora do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Metropolitana de Manaus – Fametro. 4 Enfermeira – residente do Programa de Residência em Área Profissional em Enfermagem Obstétrica do Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV, Universidade Federal do Amazonas – Ufam. Introdução: Desinfecção é um processo físico ou químico que elimina a maioria dos microrganismos patogênicos de objetos inanimados e superficiais, sendo considerado um dos principais procedimentos para a prevenção de infecções no âmbito hospitalar. Objetivo: Descrever métodos e produtos utilizados para a realização da desinfecção como medida de prevenção à infecção hospitalar, a partir da revisão de literatura. Método: Trata-se de estudo descritivo referente aos artigos das bases de dados Scielo e Lilacs, sendo utilizados os seguintes descritores: “Desinfecção”, “Infecção Hospitalar” e “Enfermagem”. Resultados: Segundo o Guia de Enfermeiros (2000), entre os métodos disponíveis, encontramos: a) Limpeza Manual, realizada manualmente para a remoção da sujidade por meio do uso de escova, detergente e água; b) Limpeza Mecânica, procedimento automatizado para a remoção de sujidade por lavadoras com ação física e química. Segundo Kalil e Costa (1994), durante o processo de desinfecção, devem ser consideradas as seguintes questões: a) Área restrita para realização de desinfecção em sistema aberto (manual/química); b) Validade do desinfetante após a diluição; c) Conservação do Hipoclorito de Sódio em recipientes foscos; d) Limpeza e secagem prévia dos artigos; e) Imersão total de todos os artigos e tubulações; f) Uso de EPIs apropriados; g) Cuidados para não recontaminar os artigos durante o processo, h) Condicionarem em recipiente estéril ou desinfetado até o momento do embalo. Considerações Finais: É possível concluir que a desinfecção está diretamente associada à prática da higienização, cuidado na manipulação de materiais e o uso de EPI (equipamento de proteção individual). Palavras-chave: Desinfecção; Prevenção; Infecção Hospitalar; Enfermagem. As Competências do Enfermeiro na Prevenção do Desenvolvimento de Úlceras por Pressão em Unidade de Terapia Intensiva: uma Revisão de Literatura CASTRO, B.M.C.1; SARKIS, B. 2; BARBOSA, E.L.3 1 Enfermeira. Residente do Programa de Residência em Área Profissional em Enfermagem Obstétrica do Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV, Universidade Federal do Amazonas – Ufam. 2 Enfermeiro. Graduado pela Universidade Federal do Amazonas – Ufam. 3 Enfermeiro. Mestre em Saúde, Sociedade e Endemias na Amazônia. Instituto Leônidas e Maria Deane – ILMD. Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz. Introdução: A prevenção do desenvolvimento de úlceras por pressão em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) constitui grande desafio para a enfermagem, pois o desenvolvimento dessas lesões aumenta o risco de infecções e interferem na recuperação da saúde e qualidade de vida do paciente, aumentando índices de permanência nos leitos hospitalares e consequentemente interferindo nos custos. Objetivos: Identificar as estratégias utilizadas pelo enfermeiro para prevenir o desenvolvimento de úlceras por pressão em Unidade de Terapia Intensiva, a partir da revisão de literatura. Método: Trata-se de estudo descritivo, a partir de uma revisão de literatura, referente a dez artigos científicos recuperados nas seguintes bases de dados: Scielo e Lilacs, no período de setembro a dezembro de 2012, do qual foram utilizados os seguintes descritores “Enfermeiro”, “Úlcera por pressão”, “Unidade de terapia Intensiva”. Resultados: Considerando os agravos que | 97 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 levam a Úlcera por Pressão (UP), verifica-se que a enfermagem possui, tradicionalmente, papel fundamental na prevenção dessas feridas. Assim, prevenir UP passa pela adoção de cuidados ao paciente, pela educação permanente dos profissionais, pela orientação de familiares e cuidadores, além do compromisso da instituição em prover condições necessárias à assistência. Assim, um protocolo de prevenção relacionando seu escore com a necessidade de intervenções específicas constitui alternativa para a excelência do cuidado de enfermagem. Conclusão: O enfermeiro, como responsável pela equipe de enfermagem, tem papel fundamental na prevenção de agravos como a Úlcera por Pressão, pois é esse profissional que, contando com seu conhecimento e vivência, somados ao seu pensamento crítico e diagnóstico, avaliará rotineiramente o paciente admitido na Unidade de Terapia Intensiva. Sistematização da Assistência de Enfermagem ao Paciente Portador de Meningoencefalite Tuberculosa: um Estudo de Caso CASTRO, B.M.C.1; SARKIS, B. 2; BARBOSA, E.L.3 1 Enfermeira. Residente do Programa de Residência em Área Profissional em Enfermagem Obstétrica do Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV, Universidade Federal do Amazonas – Ufam. 2 Enfermeiro. Graduado pela Universidade Federal do Amazonas – Ufam. 3 Enfermeiro. Mestre em Saúde, Sociedade e Endemias na Amazônia. Instituto Leônidas e Maria Deane – ILMD. Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz. Introdução: Tendo em vista a problemática da Meningoencefalite Tuberculosa na saúde pública, torna-se fundamental que sejam despendidos esforços na tentativa de melhorar o prognóstico dos indivíduos acometidos por essa doença. Tendo como pressuposto que o enfermeiro presta cuidados integrais e contínuos ao indivíduo, desde seu estado mais estável ao mais crítico, julga-se relevante a utilização da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), que objetiva dispensar uma assistência mais qualificada, visando à recuperação e reabilitação do indivíduo. Objetivos: Identificar os problemas de enfermagem e elaborar um plano de cuidados visando amenizar as problemáticas existentes e prevenir possíveis complicações ao portador de Meningoencefalite Tuberculosa. Método: Trata-se de estudo de caso de um paciente diagnosticado com meningoencefalite tuberculosa internado na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT-AM) no período de 2/11/2009 a 10/11/2009. Como referencial teórico, utilizou-se o modelo conceitual de Horta, aplicando-se os Diagnósticos de Enfermagem da Nanda e Intervenções de Enfermagem da Carpenito. Resultados: Entre os diagnósticos de enfermagem identificados, incluíram-se: déficit do autocuidado para alimentação, banho/higiene, higiene íntima, vestir-se/ arrumar-se, integridade da pele prejudicada, risco para infecção, risco para aspiração e mobilidade física prejudicada. Percebeu-se, no desenvolvimento do caso clínico abordado, significativa importância da enfermagem na implementação e aplicação de suas intervenções, baseadas em teorias científicas, a qual visa amenizar os problemas já existentes e evitar complicações que poderiam advir com a doença. Conclusão: A partir da aplicação da SAE, percebeu-se melhora significativa no estado de saúde da paciente, reafirmando mais uma vez a importância da realização do processo de enfermagem na prática do cuidar. Palavras-chave: SAE; Enfermagem; Meningite Tuberculosa. | 98 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Gerontologia Social e seu Sujeito de Trabalho: Idosos Ex-Dependentes de Álcool Assistidos pela Associação Alcoólicos Anônimos em Manaus DA CUNHA, R.P.1; PEREIRA, A.S.2 Faculdade Salesiana Dom Bosco. E-mail: www.fsdb.edu.br 1 Assistente social, pós-graduanda em Gerontologia Social na Faculdade Salesiana Dom Bosco, Manaus/AM. E-mail: [email protected] 2 Orientadora, mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Amazonas. E-mail: [email protected] Resumo: O estudo teve como objetivo conhecer os idosos assistidos pela Associação Alcoólicos Anônimos em Manaus. Contudo, este trabalho procura fortalecer o debate sobre o consumo de álcool, no qual é uma preocupação voltada para todas as faixas etárias independentemente do gênero, de classe e etnia. Todavia, os problemas relacionados ao abuso do álcool e alcoolismo na faixa etária a partir ou maior que 60 anos de idade são comuns, porém pouco discutidos. E para o alcance desse intento, trabalhou-se com os objetivos específicos: identificar o perfil socioeconômico do idoso. Descrever as consequências do álcool na vida do idoso. Citar o trabalho desenvolvido pela Associação Alcoólicos Anônimos junto com idoso. A escolha metodológica da pesquisa baseia-se numa pesquisa descritiva, de campo e aplicada. Quanto à forma de abordagem do problema, trata-se de estudo qualitativo. Os sujeitos da pesquisa foram dois idosos (de ambos os gêneros), sendo que estavam presentes onze (11) membros dos A.A., nove (9) estão em processo de envelhecimento. A coleta dos dados constituiu-se em anotações dos relatos dos sujeitos da pesquisa. Os resultados alcançados indicam que, independente dos fatores, consequências e problemas que o alcoolismo traz na vida do jovem, adulto e idoso, antes de tudo são seres humanos, os quais precisam de apoio, compreensão, amor e ajuda, uma vez que dependência alcoólica é uma doença. Contudo, precisamos desenvolver mais estudos sobre o alcoolismo na faixa etária de 60 anos de idade, já que dependência alcoólica acarreta implicações físicas e psicossociais ao idoso. O Nível de Satisfação dos Idosos Inscritos no Programa Hiperdia Desenvolvido na UBS Dr. José Amazonas Palhano da Zona Leste da Cidade de Manaus LOBATO, M.S.1; SILVA-LIMA, T.2 1 Especialista em Saúde da Família, assistente social da Secretaria Municipal de Saúde e do Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus/AM. 2 Doutora em Procesos Sociales y Política em America Latina. Universidade de Arte y Ciencias Sociales. Introdução: Com o crescimento demográfico da população idosa, uma preocupação constante das instituições governamentais é instituir políticas que possam atender às demandas postas por eles como na saúde que a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus têm aumentado sua prevalência com o decorrer da idade. Objetivo: Analisar o nível de satisfação dos idosos inscritos no Programa Hiperdia sobre os Serviços de Atendimento da UBS da Zona Leste da cidade de Manaus. Metodologia: Abordagem qualitativa tendo como sujeitos os idosos inscritos no Programa Hiperdia que frequentam o Grupo de Saúde do Idoso, sendo 20 idosos hipertensos e/ou diabéticos; destes, 17 aceitaram participar da pesquisa. Realizada em 2012, teve a coleta de dados e pesquisa de campo efetivadas nos meses de novembro e dezembro. Resultados: O idoso do Hiperdia da UBS Dr. José Amazonas Palhano é do sexo feminino, 89%, na faixa etária de 70 a 74 anos, 41%, e é de baixa escolaridade, 77%. Sendo o grau de escolaridade baixa, pode-se dizer que também o nível de expectativas e satisfação sobre os serviços de saúde oferecidos pelo Hiperdia também | 99 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 são baixos. Referem-se ao atendimento no Hiperdia como bom, mas, pelo discurso, desconhecem seus objetivos. O acesso à medicação é bom, porém relatam insatisfação quanto ao acesso e disponibilidade de forma sistemática. Conclusão: Assim, conclui-se que os idosos, apesar de apontarem para um bom atendimento no Programa Hiperdia, demonstram insatisfação quanto à sistemática de tratamento, visto que suas demandas não são atendidas na sua totalidade. Palavras-chave: Envelhecimento; Idosos; Hiperdia; Nível de Satisfação. Imaginologia nos Tumores Hepáticos HAJI JR., A.C.; NISHIKIDO, M. M.T; DE MELO, A.M.S; GUIMARÃES, L.S.C.; SILVA JR., R.A.; NAKAJIMA, G.S. Médico(a) do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Introdução: Existem diversos tipos de lesões hepáticas malignas e benignas. Muitas delas podem ser diagnosticadas precisamente por meio de exames de imagem que são considerados “padrão ouro”. Não necessitando a confirmação histopatológica por sua acurácia.1 Metodologia: Foram consultados artigos indexados no portal de periódicos Capes e Up to date, além de livros, com publicação entre 2009 a 2013. As palavras-chave pesquisadas foram “câncer hepático” e “tumor hepático”. Resultados: Foram encontrados mais de 1.500 artigos com as palavras-chave utilizadas. Discussão: Existem vários exames de imagem para o diagnóstico diferencial das lesões hepáticas neoplásicas, seja por uso isolado dos equipamentos de captação da imagem, ou desses associados aos contrastes.1 Os principais exames diagnósticos de neoplasias hepáticas são: ultrassonografia, tomografia computadorizada (TC) e ressonância nuclear magnética (RNM). Sendo que muitos consensos já os aplicam como métodos de diagnóstico ou de rastreamento das lesões. A RNM e a TC têm resolução similar para a avaliação de lesões hepáticas.3 Apesar de em alguns casos necessitarem de meios de contraste para maior precisão na diferenciação das lesões. Estudos demonstram a importância da ultrassonografia no diagnóstico precoce do carcinoma hepatocelular e definição do planejamento do tratamento. Conclusões: O desenvolvimento dos métodos de imagem tem aumentado a precisão diagnóstica dos tumores hepáticos pelos exames não invasivos. Os artigos demonstram que o diagnóstico por imagem é uma área de significativo interesse para pesquisas e alto potencial de inovação científica. Palavras-chave: Imaginologia; Tomografia Computadorizada; Ressonância Nuclear Magnética; Ultrassonografia; Tumores Hepáticos. | 100 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Úlcera Gástrica Solitária Benigna no Idoso NISHIKIDO, M. M. T.1; HAJI JR., A. C.1; GUIMARÃES, L. S. C.1; DE MELO, A. M. S.1; SILVA JR., R. A.1; NAKAJIMA, G. S.1 1 Médico(a) do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Introdução: As principais etiologias conhecidas das úlceras gástricas são a infecção por Helicobacter pylori e o uso crônico de anti-inflamatórios não esteroidais (AINES), este último, muito frequente em idosos por seu uso para analgesia em osteoartroses. Nesses últimos anos, porém, houve um aumento na incidência de úlceras gástricas não relacionadas a essas etiologias, sendo enquadradas como úlceras idiopáticas. Dentre estas, destacam-se alguns casos onde a úlcera é única, benigna e acometem principalmente em idosos. Objetivos: A finalidade deste estudo é de expor a existência de úlceras gástricas benignas não relacionadas à H. pylori nem a AINES, encontradas em idosos. Método: Realizada análise de periódicos indexados na base de dados da plataforma Capes, encontrando-se dois relativos a palavras-chave “úlceras gástricas”, “benignas”, “idiopáticas”, “idosos”, “solitária”, “não H. pylori”, “não AINES”. Resultados: Segundo Yamane et. al., foram verificados seis casos japoneses de úlceras gástricas antrais idiopáticas, nos quais todos eram acima de 57 anos e apresentavam desconforto ou dor epigástrica como queixa clínica. Dos seis casos, apenas três eram úlceras solitárias. Já o estudo indiano de Rajabalinia et. al., identificaramse oito casos de úlceras não relacionadas à H. pylori e AINES dentre 61 casos de úlceras gástricas acompanhadas de hemorragia digestiva alta. Dentre esses oito casos, verificou-se uma incidência maior em idosos. Conclusão: A incidência de úlceras gástricas não relacionadas à H. pylori e a AINES vem aumentando, porém são necessários mais estudos referentes a esse assunto para esclarecimento de sua etiologia e para melhor terapêutica. Monitorização de Paciente Cirúrgico na SRPA: o Olhar do Graduando de Enfermagem DE SOUZA, S. V.1; ZAGONEL, S. M.2; BRITO, I. G.2 1 Enfermeira do Hospital Universitário Getúlio Vargas. 2 Acadêmicas do 7.º período de Enfermagem da Universidade Federal do Amazonas/Ufam. E-mail: [email protected] Introdução: A Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA) é o local onde o paciente, submetido a um procedimento anestésico-cirúrgico, tem suas funções vitais monitoradas e a garantia de medidas de suporte em caso de instabilidade. A Sobecc recomenda a monitorização do nível de consciência, saturação periférica de oxigênio e a dor pós-operatória, registrando essa avaliação a cada 15 minutos na 1.ª hora e após 30 minutos ou se necessário de acordo com as alterações hemodinâmicas. Objetivos: Relatar a experiência no processo de observação e assistência aos pacientes em pós-operatório imediato. Método: Estudo descritivo do relato de experiência das acadêmicas de enfermagem durante estágio extracurricular na SRPA de um Hospital Universitário de Manaus. Resultados: Após admissão do paciente na SRPA, é realizada a aferição e registro dos sinais vitais pela equipe de enfermagem a cada 15 minutos na 1.ª hora, a cada 30 minutos na 2.ª hora, e a cada 1 hora se necessário a permanência por mais tempo. Em relação ao sinal vital, dor, observa-se durante o período de permanência manifestações e expressões que indiquem a ocorrência de dor, assim como relatos e queixas mencionados pelo próprio paciente. Conclusões: Dessa forma, percebemos a importância da assistência prestada pela equipe de enfermagem aos pacientes em pós-operatório imediato, sendo fundamental a monitorização dos sinais vitais para que essa etapa transcorra dentro do esperado, preservando, sobretudo, o conforto, o bem-estar e a segurança do paciente. | 101 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Frequência de Anemia em Profissionais de Serviços Gerais no Hemocentro do Amazonas – Hemoam BEZERRA, A. K. A.1; MORIKAWA, D. O.1; DA COSTA, M. R. L.2; ARAÚJO, M. I. S.3; PASSOS, L. N. M.4; MATOS, M. M. M.5 1 Paic/Hemoam. 2 Unicel. 3 Labio/Ufam. 4 Hemoam. 5 HUGV/Ufam. E-mail: [email protected] Introdução: Nos trabalhadores em geral, a anemia é um problema sério, que se não for diagnosticada precoce e tratada adequadamente promove uma diminuição do desempenho físico, causando um efeito negativo às funções cognitivas e psicomotoras e, consequentemente, afastamento de suas atividades laborais. Objetivo: Determinar a frequência de anemias em trabalhadores de serviços gerais do Hemocentro do Amazonas – Hemoam. Método: A anemia foi avaliada pela hemoglobina (Hb), volume corpuscular médio (VCM) e concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM). Resultados: Foram abordados 45 trabalhadores, sendo que 15 não aceitaram participar, por doença, férias e recusas à punção venosa, sendo avaliados 30 de ambos os sexos neste estudo. A frequência total de anemia encontrada neste estudo foi de 13,3%, sendo de 16,7% no sexo feminino. Não foi encontrada anemia no grupo dos homens. A classificação da significância populacional da frequência de anemia encontrada neste estudo foi leve, conforme a classificação da OMS (WHO, 2001). A metade dos participantes anêmicos apresentou anemia do tipo normocítica e normocrômica, 25% do tipo microcítica e hipocrômica e 25% do tipo normocítica e hipocrômica. Não foram observadas anemias do tipo macrocíticas. Conclusão: A frequência de anemia encontrada nos profissionais de serviços gerais do Hemocentro do Amazonas foi relativamente semelhante quando comparada à prevalência observada em trabalhadores de outros contextos profissionais. A maioria dos profissionais apresentou anemia do tipo normocítica e normocrômica, o que é sugestivo de anemia por doença crônica, diminuindo a causa de deficiência de ferro na anemia desses trabalhadores. Palavras-chave: Anemia; Eritrograma; Alterações Hematológicas. | 102 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Resumo de Literatura: Cisto Pilonidal BERGAMASSO, J.; GIMENEZ, F.; NAKAJIMA, G. S.1 1 Hospital Universitário Getúlio Vargas. Introdução: Cisto pilonidal é um cisto ou abscesso próximo à divisão das nádegas abaixo do cóccix que frequentemente contém pelos ou restos de pele. Os cistos pilonidais podem ser dolorosos, atingindo os homens com mais frequência que as mulheres, ocorrendo de forma típica entre o período de 15 a 24 anos. Os cistos pilonidais podem também atingir o umbigo, as axilas ou o pênis, embora tais ocorrências sejam muito mais raras. Uma das causas especuladas para os cistos pilonidais é a presença de pelos que crescem dentro do corpo. Acredita-se que o ato de se sentar excessivamente possa predispor as pessoas à condição porque isso exerce pressão sobre a região do cóccix. Não se acredita que traumas possam causar um cisto pilonidal; entretanto, um evento dessa natureza pode resultar em inflamação de um cisto já existente. Há casos nos quais um cisto se desenvolveu meses após um ferimento localizado naquela área. Alguns pesquisadores propuseram a possibilidade de que os cistos pilonidais possam ser o resultado de uma depressão pilonidal congênita. A transpiração excessiva também pode contribuir para o surgimento de um cisto pilonidal. O tratamento pode incluir terapia com antibióticos, compressas quentes e aplicação de cremes depilatórios. Em casos mais severos, o cisto pode ser drenado ou submetido à excisão cirúrgica. Objetivo: Apresentar um caso clínico enfatizando a abordagem cirúrgica realizada com a finalidade de melhorar a qualidade de vida dos pacientes acometidos por cisto pilonidal. Método: É apresentado o caso clínico de um paciente com sintomas de dor interglútea, diagnosticado como portadora de cisto pilonidal, tratada cirurgicamente. Resultados: A paciente foi submetida a uma exérese de cisto por meio de uma incisão elíptica em que foi realizada a exérese dele. Conclusão: Descrevemos o caso de um paciente portador de cisto pilonidal que foi submetida ao tratamento definitivo cirurgicamente com o intuito de melhorar seu quadro e, consequentemente, melhorar a sua qualidade de vida. Estudo de Caso: Divertículo de Zenker: Relato de Caso BERGAMASCO, J.; OKAMURA, R.; SIMÃO, L. Hospital Universitário Getúlio Vargas. Introdução: O divertículo de Zenker é mais prevalente nos homens, normalmente apresenta-se entre a sétima e oitava décadas de vida. É classificado como um falso divertículo pela presença no saco herniário apenas de mucosa e submucosa. Ocorre numa área de fragilidade conhecida como triângulo de Killian, entre as fibras do músculo tireofaríngeo e as fibras do músculo cricofaríngeo. Disfagia e regurgitação são os sintomas mais comuns. O diagnóstico definitivo é feito com esofagograma com bário, demonstrando um divertículo preenchido com contraste repousando posteriormente ao longo do esôfago. Seu tratamento é cirúrgico. Objetivo: Apresentar um caso clínico enfatizando a abordagem cirúrgica realizada com a finalidade de melhorar a qualidade de vida dos pacientes acometidos pelo divertículo de Zenker. Método: É apresentado o caso clínico de uma paciente idosa com sintomas de disfagia progressiva, diagnosticada como portadora de divertículo de Zenker, tratada cirurgicamente no Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam. Resultados: A paciente foi submetida a uma diverticulectomia por meio de incisão cervical à esquerda no dia 18 de julho de 2013, onde foi realizada a exérese do divertículo seguido de rafia do esôfago. Atualmente a paciente encontra-se em acompanhamento pós-operatório satisfatório, sem complicações. Conclusão: Descrevemos o caso de uma paciente portadora de divertículo de Zenker que foi submetida ao tratamento definitivo cirurgicamente com o intuito de melhorar seu | 103 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 quadro progressivo de disfagia, evitar complicações decorrentes da doença e consequentemente melhorar sua qualidade de vida. Revisão de Literatura: Lipoma Perianal BERGAMASSO, J.; GIMENEZ, F.; NAKAJIMA, G. S. Hospital Universitário Getúlio Vargas. Introdução: Lipoma ou lipomatose é um acúmulo de tecido gorduroso que surge por baixo da pele. Os lipomas são tumores benignos, mas podem crescer bastante, causando grande incômodo estético e até mesmo físico. Manifestações clínicas: Os lipomas formam lesões palpáveis, de consistência firme e elástica que fazem relevo na pele. Alguns podem ser bem macios. Seu tamanho pode variar de meio centímetro a vários centímetros de diâmetro. A pele que os recobre apresenta-se de aspecto normal. Na maioria das vezes são assintomáticos, podendo, em alguns casos, ser dolorosos. Alguns tipos, dependendo da localização, podem evoluir com transtornos fisiológicos como os da região anal, que causa mal-estar e alterações no processo evacuatório (foto). Foto pré-operatória do lipoma. Foto pós-excisão cirúrgica do lipoma. Os lipomas podem ser únicos ou múltiplos. A forma múltipla, conhecida como lipomatose, é usualmente familiar e as lesões costumam ser dolorosas. Tratamento: O tratamento é usualmente simples, mas pode se tornar complexo como nos caso da região perianal que devem ser atentados para evitar a lesão esfincteriana. Apesar de o aspecto macroscópico evidenciar a lesão, o exame anatomopatológico torna-se obrigatório para confirmação diagnóstica. Vale ressaltar que outras lesões subcutâneas podem se parecer com lipomas, inclusive lesões malignas, como sarcomas e metástases cutâneas. O correto diagnóstico pode envolver várias etapas, inclusive o estudo imuno-histoquímico. Avaliação do Leucograma dos Profissionais de Serviços Gerais da Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas MORIKAWA, D.O.1; BEZERRA, A.K.A.1; DA COSTA, M.R.L.2; ARAÚJO, M. I. S.3; PASSOS, L.N.M.4; MATOS, M.M.M.5 1 Paic/Hemoam. 2 Unicel. 3 Labio/Ufam. 4 Hemoam. 5 HUGV/Ufam. E-mail: [email protected] Introdução: A leucocitose é um achado laboratorial comum no leucograma, que se caracteriza pelo aumento dos leucócitos totais no sangue e, geralmente, estão associadas com processos inflamatórios e infecciosos, sendo as neutrofilias e linfocitoses as alterações leucocitárias mais referidas. A identificação precoce das alterações leucocitárias auxilia a identificar os vários tipos de doenças que podem comprometer a saúde do trabalhador e podem interferir nas atividades laborais. Objetivo: Caracterizar as alterações leucocitárias encontradas no leucograma de profissionais de serviços gerais de um hemocentro da cidade de Manaus/AM. Método: Foram analisados 30 leucogramas, constituído de contagem total de leucócitos (milhares/μL de sangue) e a contagem diferencial, expressa em percentagem (relativa) e número absoluto (milhares/ μL de sangue) de cada tipo de leucócitos. Resultados: Do total de leucogramas avaliados, dois (6,7%) apresentaram leucocitose, sendo do grupo das mulheres da faixa de 30 a 50 anos. As alterações isoladas em qualquer linhagem celular, sem ocasionar leucocitose e/ou leucopenia, | 104 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 foram responsáveis por seis casos, sendo cinco casos em mulheres (83,3%) e um caso em homens (16,7%). As alterações de maior prevalência, na categoria feminina, foram a eosinofilia (40%), basofilia (40%) e linfopenia (20%) e do sexo masculino a alteração leucocitária de maior destaque foi a eosinofilia. Conclusão: O perfil leucocitário encontrado nos profissionais de serviços gerais do Hemocentro do Amazonas foi semelhante à prevalência observada nas literaturas consultadas. As alterações de maior prevalência foram: a eosinofilia, basofilia e linfopenia, que são características de população com baixo grau de saneamento básico, mostrando que há uma importante relação entre saúde e condições socioeconômicas. Palavras-chave: Leucograma; Alteração Leucocitária; Leucócitos, Leucocitose. Reconstrução de Parede Torácica: Técnica com Stratos. Relato de Caso WESTPHAL, F. L.2; LIMA, L. C.2; LIMA NETTO J. C.2; SEELIG, S. C.1; LIMA, K. F.1 1 Acadêmicos de Medicina – Ufam. 2 Professor-adjunto da Ufam. Objetivo: Relatar o caso de uma paciente submetida à ressecção de tumor desmoide em parede torácica anterior reconstruída com placas de titânio (Stratos). Metodologia: Paciente, sexo feminino, 25 anos, com queixa de dor torácica e dispneia discreta havia cerca de um ano, relata um aumento de volume do rebordo costal esquerdo. Ao exame físico, observada tumoração em terço inferior da parede torácica anterior com comprometimento da transição toracoabdominal. A Tomografia Computadorizada do tórax demonstrou tumoração de partes moles comprometendo a região do rebordo costal anterior, com extensão para região abdominal com compressão do lobo hepático esquerdo, do pericárdio anterior e do parênquima pulmonar do lobo inferior esquerdo, entretanto sem sinais de invasão das estruturas, com 12,0 x 11,0 x 7,5 cm. A paciente foi submetida à ressecção da parede torácica que incluiu tecidos moles e a porção anterior dos 6.º, 7.º e 8.º arcos costais e rebordo costal. A reconstrução da parede torácica foi realizada com três placas de titânio, da marca Stratos, que permitiu que a paciente mantivesse a funcionabilidade e estética da parede torácica, sem depressão de pele e tecido celular subcutâneo na região da excisão. Resultados: O titânio apresenta vantagens como: alta relação força-peso, boa integração óssea e menor interferência em exames de imagem como tomografia computadorizada e ressonância magnética. Além disso, os casos já publicados de pacientes, que foram operados com o Stratos, não apresentaram recorrência da neoplasia. Gonfiotti et. al. utilizaram o Stratos em um paciente com Sarcome de Ewing, de proporções semelhantes as da operação realizada em nossa paciente. Coonar et. al. também utilizaram esse mesmo sistema, e após 21 meses de acompanhamento, o paciente não apresentou recorrência. Conclusão: A utilização da técnica de placas de titânio para manter a anatomia da parede torácica foi importante, visto que outrora os dispositivos disponíveis para a substituição do gradil costal não permitia um resultado funcional ou estético como observado nesse caso. | 105 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Equipe Médica e Multi: uma Visita Clínica que Favorece o Paciente ROCHA, M.L.F.¹; DA SILVA, A.F.F.²; KISHIBE, C.M.N.³; SILVA, J.B.²; NEGREIROS, L.N.¹; LIMA, L.S.4 1 Psicóloga residente em Doenças Neurológicas – Saúde Funcional do HUGV/Ufam. 2 Fisioterapeuta residente em Doenças Neurológicas – Saúde Funcional do HUGV/Ufam. 3 Enfermeira residente em Doenças Neurológicas – Saúde Funcional do HUGV/Ufam. 4 Assistente social residente em Doenças Neurológicas – Saúde Funcional do HUGV/Ufam. No HUGV, assim como em todo hospital-escola, a visita médica faz parte da rotina, nela os residentes e preceptores analisam os casos, utilizando jargões que muitas vezes despertam manifestações nos pacientes com efeitos deletérios. Entretanto a visita médica realizada aos pacientes com diagnóstico neurológico do HUGV na clínica médica tem uma estrutura diferenciada, onde além de visar atingir objetivos didáticos, prestigia o paciente, tendo como parte integrante a equipe de saúde funcional da residência multiprofissional em doenças neurológicas. Os profissionais se apresentam ao paciente, repassando as informações necessárias e discutindo dados inerentes ao caso, minimizando o efeito iatrogênico e conduzindo o processo de forma humanizada. A partir da reação dos pacientes durante a visita e acompanhamento no leito por toda equipe, observouse que percepção conflitiva e pessimista dos pacientes são menor ou quase imperceptível nos relatos durante a escuta terapêutica e intervenção dos demais profissionais. Isso ocorre pelo fato de que olhar não se volta exclusivamente para o diagnóstico de causa da internação, outros fatores, tais como: a dieta, situação social, contexto sociocultural e subjetividade são considerados e observados. Nessa conjectura, a visita já não é mais médica e sim clínica, pois se torna interdisciplinar com a contribuição de diversos saberes. Portanto, percebe-se a importância da interação da equipe médica com as demais equipes da saúde, uma vez que trocando saberes e refletindo acerca da prática, podem minimizar o sofrimento psíquico dos pacientes favorecendo no seu tratamento e prognóstico o considerado como sujeito. A Atuação da Psicologia no Centro de Testagem e Aconselhamento de DSTs (CTA) do Hospital Universitário Getúlio Vargas DE ANDRADE, A.C.1;ROCHA, M.L.F.1;NEGREIROS, L.N.1; VICTOR, G.2; RAMAIANE, S.2; LUNARA, R.2 1 Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam, Manaus/AM. 2 FAPSI, Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam, Manaus/AM. Centro de Aconselhamento e Testagem de DSTs (CTA) realizado no HUGV faz parte de um programa nacional de combate à proliferação de doenças sexualmente transmissíveis que incluem doenças como: Aids, Sífilis e Hepatites tipos C e D. As atividades são realizadas por meio de palestras educativas voltadas à comunidade em geral. O objetivo principal dos CTAs é orientar a população sobre os riscos das DSTs, modos de transmissão, tratamento. A metodologia utilizada consiste em palestras educativas de prevenção ministradas por equipe multiprofissional que estimula a adoção de práticas sexuais seguras por meio de orientações quanto ao uso de preservativos e eliminação das chamadas situações de risco. Realizada a palestra coletiva, é feita uma entrevista individual sigilosa denominada fase pré-teste, aplicando-se um questionário que procura evidenciar situações de exposição e risco às doenças. A fase pós-teste é a entrega do exame e a sucessão dos encaminhamentos necessários. Dentre os resultados obtidos, entre maio de 2011 a maio de 2013, pode-se estabelecer um perfil epidemiológico dos usuários que procuram o serviço, cuja maioria possui idade que varia entre 18 e 40 anos e que utiliza o serviço como forma de prevenção, realizando periodicamente exame de amostra de sangue. O Serviço de Psicologia/HUGV auxilia nas palestras educativas e aconselhamentos e, algumas vezes, é solicitado a prover o atendimento | 106 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 individual dos usuários cujo resultado é positivo para com algumas dessas doenças. Conclui-se que o CTA é uma forma eficaz de abordar as DSTs, como também de prevenir e promover a saúde da coletividade. Melhorando a Qualidade de Vida do Paciente Crítico, da Família e da Equipe de Enfermagem do CTI/HUGV: a Tarefa da Psicologia na Promoção da Humanização do Atendimento DE ANDRADE, A.C.1; DE ANDRADE, A.K.P.1;MATOS, H.M.C.1; SOUZA, S.M.B.1; DA SILVA, R.L.R.2 1 Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam, Manaus/AM. 2 FAPSI, Hospital Universitário Getúlio Vargas/ Ufam, Manaus/AM. O Centro de Tratamento Intensivo (CTI) é um recurso hospitalar destinado ao tratamento de graves enfermidades e, muitas vezes, está associado à ideia de sofrimento e morte iminente pela gravidade dos pacientes que ali se encontram internados. O propósito de conter as complicações em pacientes críticos por meio de um tratamento de cuidados intensivos. Mas as complicações não só se remetem ao paciente ou à família dele, inclui-se, também, a equipe de saúde. O objetivo desta pesquisa, portanto, foi evidenciar dados que avaliem a qualidade de vida da equipe de enfermagem do CTI/HUGV com a finalidade de detectar alterações emocionais (ansiedade, depressão e estresse), comunicação entre a equipe, satisfação com o setor de trabalho e com a profissão. Foram, então, aplicados testes psicométricos (WHOQUOL Bref e SF-36) e questionário elaborado por psicólogos do HUGV que tinham por meta avaliar a qualidade de vida desses funcionários. A pesquisa evidenciou que, muitas vezes, a equipe de enfermagem sente-se impotente diante da gravidade da situação do paciente e para suportar, muitas vezes, se refugia em suas defesas psicológicas que incluem as psicopatologias do trabalho. Conclui-se que o psicólogo deve atuar como facilitador do fluxo de emoções e reflexões dessa equipe, detectando o foco de estresse, favorecendo a compreensão de sua não onipotência (pois há subjetividade mesmo que no silêncio) e intervir junto à equipe somando seu saber e seu fazer aos demais cuidados para a promoção de um amplo suporte ao paciente em uma dimensão integrada e humanização na saúde. | 107 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Aspectos Psicológicos que Envolvem Casais na Reprodução Humana Assistida: uma Pesquisa sobre a Percepção da Qualidade de Vida DE ANDRADE, A.C.1; FONSECA, M.A.A.2; BRAGA, S.S.A.3; DE SOUZA, S.M.B.1; RIBEIRO, T.A.4 1 Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam, Manaus/AM. 2 Hospital das Clínicas/UFMG, Belo Horizonte/MG. 3 Clínica La Vitta. Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam, Manaus/AM. 4 Ministério da Saúde. Provab, Coari/AM. Tornar-se pai ou mãe é um processo psíquico e social que transforma as pessoas em suas relações e posições, e quando surgem obstáculos à satisfação da vontade de ter filhos, a evolução da medicina mostra-se uma aliada para a busca e realização do desejo por meio de técnicas de reprodução humana. Quando a infertilidade é detectada, um sentimento de impotência envolve o casal, correndo o risco de focalizarem toda a vida e sentimentos para o objetivo de engravidar. Este trabalho, portanto, objetivou investigar aspectos psicossociais que levam casais à busca da fertilização em clínicas e hospitais que trabalham com reprodução humana. A metodologia utilizada foi a da aplicação de questionário psicológico sobre percepção da qualidade de vida (WHOQOL Bref) que avalia as condições psicológicas dos casais que desejam engravidar. Nos resultados da pesquisa, observou-se a presença de certa fragilidade emocional entre os casais que experimentam tentativas de gravidez (especialmente as mulheres): ansiedade permanente, com preocupações e comparações com outras pessoas, insegurança e isolamento social. Conclui-se que as vivências da infertilidade configuram-se perdas complexas, mas por vezes opções de vida, como algumas mulheres que decidem pela maternidade após a obtenção do sucesso profissional. Essas situações merecem atenção e manejo especial do psicólogo e da equipe multiprofissional envolvida. Cada casal, a partir de sua experiência, deve definir um limite para as tentativas de gravidez e somente com a ajuda da equipe profissional envolvida nos tratamentos em reprodução assistida é que alguns casais conseguem constatar a necessidade de encerrar os procedimentos ou intervenções médicas. A Importância da Saúde Baseada em Evidência nas Tomadas de Decisão: as Atividades do Núcleo de Avaliação em Tecnologia em Saúde DE ANDRADE, A.C.1; ARAÚJO, M.E.A.1; BEZERRA, N.M.S.1; MARINHO, A.W.G.B.1; AGUIAR, T.L.1; MATOS, H.M.C.1 1 Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam, Manaus/AM. O Núcleo de Avaliação em Tecnologia em Saúde, coordenado pela Gerência de Risco Hospitalar, foi instituído pela Portaria n.º 38, de dezembro de 2009, do HUGV. O objetivo do NATS é introduzir a cultura da Avaliação em Tecnologias em Saúde por meio da elaboração de pareceres, notas técnicas, diretrizes clínicas e estudos que contribuam para o uso racional de tecnologias em saúde na Amazônia, que visem decisões racionais quanto à eficácia e o custo-efetividade da tecnologia a ser avaliada (medicamentos, equipamentos, exames diagnósticos, entre outros) e a mais adequada à prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, possibilitado a elaboração de pareceres técnicos científicos, diretrizes clínicas e notas técnicas para sua incorporação em serviço de saúde. Entre os anos de 2009 a 2012 foi possível realizar importantes pesquisas que vêm beneficiar o trabalho em saúde. Citam-se as revisões sistemáticas de literatura sobre: a placa de Nuss, procedimentos em hemodinâmica e em ressonância endovascular e os protocolos clínicos. Incluem-se, também, as atividades de ensino por cursos de capacitação e aperfeiçoamento, incentivando as pesquisas baseadas em evidências científicas com workshops e cursos de Saúde Baseada em Evidências. Conclui-se que a utilização das tecnologias em saúde exige uma avaliação metodológica criteriosa que considera as diferenças sutis entre as tecnologias mais benéficas para o usuário e para o SUS. | 108 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Estenose Esofágica por Ingestão de Hidróxido de Sódio: um Relato de Caso DA SILVA, K.A.1; LOBO, A.M.G.1; DA SOLEDADE, A.T.1 1 Centro de Informações Toxicológicas do Amazonas (CIT-AM), Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Manaus/AM. Introdução: O hidróxido de sódio (soda cáustica) é uma substância que produz perda de solução de continuidade nos tecidos sobre os quais atuam. É o principal responsável pelos acidentes graves por domissanitários, em crianças acidentalmente e adultos por tentativa de suicídio. A lesão é pela solubilização proteica, saponificação de gorduras e desidratação celular. Principais manifestações clínicas compreendem dor em cavidade oral e retroesternal, sialorreia, vômito, desidratação e lesões esofágicas. Tardiamente, pode ocorrer estenose duodenal ou esofagiana, sendo esta a mais frequente. Objetivo: Relatar caso de paciente diagnosticada com estenose esofágica por ingestão de soda cáustica. Materiais e Métodos: Informações obtidas por meio da revisão do prontuário, entrevista com paciente e revisão literária. Relato de Caso: Paciente do sexo feminino, esquizofrênica, 29 anos, deu entrada no HUGV com o quadro de estenose esofágica após ingestão de soda cáustica em fevereiro de 2011, e queixava-se de disfagia de líquidos e sólidos, êmese e dispneia. Havia passado em procedimento de gastrostomia em outubro de 2011 e janeiro de 2012. Realizado procedimento de esofagogastroplastia e jejunostomia no dia 28 de maio. Por conseguinte, admitida no CTI nesse mesmo dia, evoluiu com obstrução da jejunostomia no PO à cirurgia. Foi reconduzida para revisão e troca de sonda e readmitida no CTI. Mantevese sob cuidados do CTI por 36 dias. Paciente começou a fazer uso de antibioticoterapia para tratar pneumonia no 33.o dia de PO. No dia 5 de junho, recebeu alta do CTI e desde então vem sendo acompanhada pela clínica cirúrgica do hospital. Conclusão: Ingestão cáustica causa lesões graves em tentativa de suicídio. São importantes as orientações do CIT nos primeiros socorros, para evitar progressão das lesões. Estenose esofágica é uma complicação frequente, predispondo paciente a procedimentos de alta complexidade e riscos inerentes à hospitalização prolongada. Perfil de Interações Medicamentosas em um Centro de Terapia Intensiva de um Hospital Universitário Registrado pelo CIT-AM nos Meses de Março e Abril de 2013 DA SILVA, K.A.1; LOPES, N.S.1; RODRIGUES, J.M.S.1; LOBO, A.M.G.1; MARQUES, V.B.P.1 1 Centro de Informações Toxicológicas do Amazonas (CIT-AM), Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Manaus/AM. Introdução: Interação Medicamentosa (IM) é definida como a interferência de um fármaco na ação de outro, com potencial de desencadear possíveis eventos adversos (EA). Pacientes em Centros de Terapia Intensiva (CTI) estão mais predispostos a desenvolverem IM, uma vez que estão sujeitos à politerapia, severidade da doença e falência de órgãos, os quais podem modificar a resposta farmacológica aos medicamentos. Objetivo: Identificar e descrever o perfil das interações medicamentosas em um CTI, no período de março a abril de 2013. Método: Análise retrospectiva e transversal, onde os dados foram obtidos por levantamento das prescrições de medicamentos de pacientes que permaneceram mais de dois dias em internação. A classificação de gravidade das interações foi realizada conforme a base de dados Micromedex®. As variáveis epidemiológicas foram analisadas estatisticamente no software Epi Info 7.0. Resultados: Em dois meses foram incluídos 28 pacientes, predominando o sexo feminino (71,4%). As IMs somaram um total de 158, sendo 31 (19,6%) de maior prevalência: oito (25,8%) oriundas da combinação fentanil-midazolam; seis (19,4%) ranitidina-fenitoína; cinco (16,1%) fenitoína-dexametasona; quatro (12,9%) heparinadipirona; quatro (12,9%) ranitidina-midazolam; e quatro (12,9%), amitriptilina-metoclopramida. | 109 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 A gravidade das interações foi classificada em secundária (1,3%), leve (7,1%), moderada (49,4%), importante (37,0%) e contraindicada (5,2%). Os EAs mais comumente esperados por conta dessas IMs variaram desde alterações do SNC, como o aumento do risco de reações extrapiramidais e síndrome neuroléptica maligna (3,2%); alterações no sistema cardiovascular, como o prolongamento do intervalo QT (2,5%); aumento do risco de hemorragia gastrintestinal (2,5%); até distúrbios eletrolíticos, como hipercalemia (4,4%). Vale salientar que a depressão respiratória aditiva foi o efeito esperado mais frequente (7,0%). Conclusão: É interessante que as IMs sejam observadas, sobretudo em CTI, pois tendem a elevar a criticidade do estado dos pacientes, ou ainda reduzir a eficácia da terapia prescrita. Rabdomiólise Associada com Intoxicação Aguda por Ciprofibrato: um Relato de Caso SILVA, G.R.1; LOBO, A.M.G.1; DA SOLEDADE, A.T.1 1 Centro de Informações Toxicológicas do Amazonas (CIT-AM), Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Manaus/AM. Introdução: O ciprofibrato é um derivado do ácido fíbrico utilizado para o tratamento de dislipidemias, cujo mecanismo de ação está relacionado com a intensificação da lipoproteína lipase (LPL). Os fibratos apresentam uma boa aceitação e as reações adversas mais comuns são desconforto gastrointestinal, náuseas, ansiedade e erupção cutânea. Rabdomiólise é um evento adverso não usual, mas bastante grave por suas complicações sistêmicas, tais como insuficiência renal e coagulação intravascular disseminada, podendo levar ao óbito. Objetivo: Relatar caso de paciente diagnosticado com intoxicação aguda por ciprofibrato. Método: As informações foram obtidas por meio da revisão de prontuário, entrevista com paciente e revisão de literatura. Resultados: Paciente do sexo masculino, 53 anos, deu entrada com queixas de dor muscular progressiva e com dificuldade respiratória. Segundo relato do paciente, o médico havia prescrito um fitoterápico com Silybum marianum L. Gaerth em sua composição a fim de tratar esteatose hepática, porém houve troca dessa medicação pelo atendente na drogaria e o paciente fez uso de ciprofibrato na dose de 600 mg/dia durante quatro dias até o surgimento da mialgia. Ao fazer uso dessa medicação por uma semana, o paciente apresentou dor muscular generalizada, com dificuldade de deambular e dispneia. No momento de sua entrada no hospital, exames detectaram creatinofosfoquinase (CPK) 11.000U/L, sendo realizado o suporte básico com hidratação venosa, uso de bicarbonato de sódio para alcalinização da urina e suspensão da medicação. Após essa medida, o paciente apresentou melhoras no seu quadro clínico, com diminuição das dores e deambulação gradativa. Ao fim de uma semana de internação, os exames laboratoriais ratificaram melhoras laboratoriais com CPK 3400U/L, ureia 27,0 mg/dL e creatina 0,9 mg/dL. Conclusão: A rabdomiólise é um efeito tóxico grave, que pode estar associado com o uso único de ciprofibrato ou associado com outras medicações. Nesse relato, a venda e uso inadequado da medicação favoreceu substancialmente o surgimento dessa grave intoxicação. | 110 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 O Papel da Equipe Multiprofissional Junto a Pacientes Terminais e seus Familiares LIMA, L.S.1; KISHIBE, C.M.2; ROCHA, M.L.3; DA SILVA, J.B.4; NEGREIROS, L. N.5; DA SILVA, A.F.F.6 1 Assistente social da Residência Multiprofissional em Saúde do Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam. E-mail: [email protected] 2 Enfermeira da Residência Multiprofissional em Saúde do Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam. 3 Psicóloga da Residência Multiprofissional em Saúde do Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam. 4 Fisioterapeuta da Residência Multiprofissional em Saúde do Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam. 5 Psicóloga da Residência Multiprofissional em Saúde do Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam. 6 Fisioterapeuta da Residência Multiprofissional em Saúde do Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam. Introdução: A assistência aos pacientes que não têm possibilidades terapêuticas de cura deve ser realizada por equipe de saúde especializada. Diferentes profissionais, como assistentes sociais, médicos, enfermeiros, psicólogos, podem intervir para que seja garantido o direito de o paciente ter um atendimento correspondente à sua dignidade humana e cuidado especial nessa fase que está vivenciando, não esquecendo, nesse contexto, a família, que também sofre e vivencia diversas dificuldades. Objetivo: Refletir sobre o papel da equipe multiprofissional na assistência aos pacientes fora das possibilidades terapêuticas de cura e a seus familiares. Metodologia: Trata-se de revisão bibliográfica baseada na literatura especializada por consulta a artigos científicos selecionados pela busca no banco de dados do Scielo e da Bireme, a partir das fontes Medline e Lilacs, sites de organizações ou instituições voltadas ao atendimento de pacientes terminais e disponíveis em instituições de Ensino Superior. Resultado e Conclusão: Os estudos apontam o despreparo dos profissionais para lidar com o processo de finitude humana. Dar suporte para o paciente e sua família diante da proximidade da morte exige das equipes de saúde conhecimento, profissionalismo e principalmente sensibilidade para compreender que a morte é um acontecimento único para cada ser humano. A equipe de saúde deve estar em sintonia com o plano de cuidados que serão oferecidos nessa fase, para que o paciente e a família não se sintam abandonados. Enfim, é necessário respeito e valorização da dignidade da pessoa humana para que haja a humanização da assistência e dos cuidados paliativos. Palavras-chave: Cuidados Paliativos; Paciente Terminal; Equipe Multiprofissional. | 111 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Neoplasia de Papila Duodenal: Relato de Caso LIMA, V.P.1; DA SILVA JÚNIOR, R.A.2; DA SILVA NETO, R.A.3; HAJI JUNIOR, A.C.4; SILVA, K.D.L.P.5 1 Residente do primeiro ano de Cirurgia Geral ([email protected]). 2 Doutor supervisor da Cirurgia do Aparelho Digestivo. 3 Residente de Cirurgia do Aparelho Digestivo. 4 Residente do segundo ano de Cirurgia Geral. 5 Interna do Curso de Medicina ([email protected]). Introdução: A neoplasia de papila duodenal é uma patologia rara. Podendo cursar com síndrome colestática e dilatação do hepatocolédoco. Sendo o tratamento de escolha a ressecção da lesão pela possibilidade de recidiva e a necessidade de histopatológico para definição do prognóstico e seguimento. Objetivo: Apresentar o caso clínico descrevendo as condutas cirúrgicas e a evolução clínica do paciente. Método: Relato de caso de paciente, sexo feminino, 39 anos, que apresentou febre intermitente, cefaleia, hiporexia, perda ponderal de 12 kg em seis meses (redução de 22% da massa corporal), prurido, colúria, acolia fecal e icterícia. Diagnóstico histopatológico de adenocarcinoma de papila duodenal moderadamente diferenciado. Recebeu suporte nutricional e tratamento cirúrgico no Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam. Resultados: Paciente submetida à gastroduodenopancreatectomia e à colecistectomia com colocação do dreno de Penrose em 3 de julho de 2013. Após dez dias, foi realizada laparotomia exploradora, limpeza de cavidade e rafia de anastomose pancreatojejunal por conta da drenagem de secreção purulenta pelo dreno. Sendo o diagnóstico pós-operatório: abscesso intracavitário e deiscência parcial de telescopagem. Recebeu antibioticoterapia e apresenta melhora clínica. Paciente encontra-se em acompanhamento pósoperatório satisfatório e sem complicações. Conclusão: Descrito caso de paciente com diagnóstico de neoplasia de papila duodenal submetida à gastroduodenopancreatectomia e à colecistectomia com colocação do dreno de Penrose buscando melhora clínica e retorno do paciente às atividades cotidianas. Tratamento de Hipertensão Venosa Severa em Membro Superior com Embolização de Fístula Arteriovenosa: Relato de Caso SOUZA, J.E.S.1; PEREIRA, R.M.2; DE ARAÚJO, A.O.1; PESSOA, H.A.3; CAVALCANTE, L.P.1; BERNARDES, M.V.4 1 Hospital Universitário Francisca Mendes/Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus/AM, Brasil. 2 Universidade Federal do Amazonas, Manaus/AM, Brasil. 3 Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus/AM, Brasil. 4 Hospital Universitário Francisca Mendes, Manaus/AM, Brasil. Introdução: A hipertensão venosa após confecção de fístula arteriovenosa (FAV) é uma complicação de baixa frequência. Objetivo: Apresentar caso de tratamento endovascular por embolização com micromolas de fístula arteriovenosa para hemodiálise. Método e Resultado: Homem, 63 anos, com hipertensão arterial sistêmica, coronariopatia isquêmica grave, diabetes mellitus e doença renal crônica em estágio V, para a qual realizava hemodiálise por meio de FAV bráquio-mediana. Foi encaminhado ao Serviço de Cirurgia Vascular com edema do membro superior esquerdo (MSE), erosões cutâneas superficiais no dorso da mão, face dorsal do antebraço e face medial do braço. Os pulsos radial e ulnar estavam ausentes, havendo, porém, fluxo monofásico ao doppler contínuo em ambas as artérias no punho. Por conta da coronariopatia, optou-se por mudar a terapia renal substitutiva para diálise peritoneal e desativar a FAV no intuito de tratar a síndrome de hipertensão venosa do MSE e diminuir o aumento da pré-carga cardíaca. Por conta do risco cirúrgico alto para cirurgia aberta de desativação da FAV e do risco de complicações incisionais em um membro com flebo/linfedema e ulcerações, paciente foi submetido à arteriografia do MSE com flebografia | 112 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 indireta. Evidenciou dilatação difusa da artéria braquial e comunicação com veia mediana, estando esta aneurismática proximalmente e com drenagem através de veias braquiais e basílica. Havia fraca opacificação das artérias do antebraço e oclusão longa de veia subclávia. Optou-se pela embolização da veia de drenagem da FAV com a liberação de quatro micromolas GDC no interior do aneurisma venoso proximal, selando a única via de drenagem da FAV e preservando o fluxo arterial para o antebraço. Paciente ficou em observação por 24h; recebeu alta sem queixas e com frêmito diminuído no local da fístula. 30 e 60 dias depois houve melhora do edema, cicatrização parcial das erosões e pulsos distais palpáveis. Conclusão: A embolização com micromolas em pacientes com contraindicação para cirurgia aberta de desativação de FAV é uma opção viável e efetiva. Insuficiência Arterial Aguda Secundária a Arterite Induzida por Radiação: Relato de Caso PEREIRA, R.M.1; SOUZA, J.E.S.2; DE ARAÚJO, A.O.2; CAVALCANTE, L.P.2; BERNARDES, M.V.3; DA ROCHA, R.D.3 1 Universidade Federal do Amazonas. 2 Hospital Universitário Francisca Mendes/Hospital Universitário Getúlio Vargas. 3 Hospital Universitário Francisca Mendes. Introdução: Lesão arterial induzida por radiação é rara, mas bem reconhecida complicação da radioterapia. A lesão é frequentemente indistinguível da aterosclerose; entretanto, a localização e o confinamento em uma área previamente irradiada sem lesões em outros locais favorecem a etiologia actínica. Objetivo: Apresentar caso de tratamento endovascular de insuficiência arterial aguda causada por estenose actínica. Método: Mulher, 34 anos, diagnosticada com neoplasia avançada de colo do útero e submetida à quimioterapia (dez sessões), radioterapia (32 sessões) e braquiterapia (quatro sessões). Dois anos depois, apresentou trombose venosa profunda iliofemoral esquerda, para a qual recebeu tratamento com devida anticoagulação. Dois meses depois, ainda em anticoagulação efetiva, apresentou insuficiência arterial aguda do mesmo membro, com persistência de edema importante, dor intensa, dificuldade de deambulação, parestesia e frialdade do pé esquerdo. Ao exame físico apresentava pulso femoral esquerdo de difícil palpação e ausência de pulsos poplíteo/distais (todos normais no membro contralateral), cianose do pé e enchimento capilar digital lentificado. Submetida à angiografia digital aorto-ilíaca esquerda, esta evidenciou suboclusão de artéria ilíaca externa, sem outros achados. Optou-se pelo tratamento endovascular com angioplastia transluminal percutânea e implantação de dois stents autoexpansíveis. Resultados: Angiografia de controle evidenciou perviedade de artérias ilíacas comum/interna/externa esquerdas, com calibres preservados. No primeiro dia pós-procedimento paciente apresentava fluxo trifásico em artérias tibiais no tornozelo (US Doppler contínuo) e remissão da parestesia e demais sinais de isquemia do pé esquerdo. Conclusão: A angioplastia com implantação de stent autoexpansível é uma boa opção para o tratamento das estenoses ilíacas secundárias a radiação. | 113 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Tratamento Endovascular de Fístula Aorto-Caval Pós-Traumática Tardia: Relato de Caso PEREIRA, R.M.1; SOUZA, J.E.S2; DE ARAÚJO, A.O.2; CAVALCANTE, L.P.2; BERNARDES, M.V.3; PARISATI, M.H.3 1 Universidade Federal do Amazonas. 2 Hospital Universitário Francisca Mendes/Hospital Universitário Getúlio Vargas. 3 Hospital Universitário Francisca Mendes. Introdução: Fístulas aorto-cavais são entidades raras, principalmente as de causa traumática. Objetivo: Apresentar caso de tratamento endovascular de uma fístula aorto-caval pós-traumática por ferimento abdominal penetrante, com evolução insidiosa. Método e Resultado: Paciente do sexo masculino, 53 anos, deu entrada via pronto-socorro com sinais importantes de insuficiência cardíaca congestiva, manifestada com palpitações e dispneia, fibrilação atrial paroxística, além de pressão arterial divergente e sopro em epigástrio. Os pulsos periféricos eram de amplitude normal, e verificou-se a presença de cicatriz de laparotomia mediana realizada havia 27 anos por ferimento por arma branca no epigástrio. O ecocardiograma evidenciou aumento moderado de câmaras cardíacas esquerdas, aumento de massa ventricular esquerda e fluxo turbulento acelerado na aorta torácica descendente proximal. Para elucidação diagnóstica, foi realizada uma angiotomografia que evidenciou uma comunicação entre a veia cava inferior e a aorta abdominal infrarrenal, contrastação precoce (em fase arterial) da veia e dilatação difusa dela. Procedeu-se o tratamento endovascular para o selamento da fístula por meio de punção femoral esquerda e dissecção femoral direita com posterior implante de endoprótese de aorta abdominal. O controle tomográfico do paciente, segundo acompanhamento após três meses, evidenciou integridade do dispositivo, selamento completo do orifício aórtico, ausência de contrastação precoce da veia cava inferior e redução importante do seu calibre. Houve melhora significante do quadro clínico e controle adequado da insuficiência cardíaca congestiva. Conclusão: O presente caso demonstra que o tratamento endovascular de fístulas aorto-cavais é uma opção terapêutica segura e eficaz para o selamento delas. Embolização de Pseudoaneurisma Traumático de Artéria Temporal Superficial: Relato de Caso SOUZA, J.E.S.1; PEREIRA, R.M.2; DE ARAÚJO, A.O.1; PESSOA, H.A.3; CAVALCANTE, L.P.1; BERNARDES, M. V.4 1 Hospital Universitário Francisca Mendes/Hospital Universitário Getúlio Vargas. 2 Universidade Federal do Amazonas. 3 Hospital Universitário Getúlio Vargas. 4 Hospital Universitário Francisca Mendes. Introdução: Um pseudoaneurisma se forma quando ocorre lesão incompleta na parede de um vaso com extravasamento de sangue e formação de hematoma. Este se organiza formando uma pseudocápsula ao redor do sangue extravasado. O tratamento endovascular de tais lesões vem ganhando cada vez mais espaço. Objetivo: Apresentar caso de embolização com micromolas de pseudoaneurisma traumático de artéria temporal superficial. Método e Resultado: Paciente do sexo masculino, 18 anos, morador do interior do Amazonas, vítima de ferimento por arma de fogo com orifício de entrada em região malar esquerda, sem orifício de saída. Após primeiro atendimento na cidade de origem, foi encaminhado para o pronto-socorro de referência com massa pré-auricular pulsátil à esquerda. Foi atendido pela equipe de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do pronto-socorro, a qual realizou Tomografia Computadorizada com reconstrução em 3D, que evidenciou artefato de projétil em região occipital esquerda. Encaminhado ao Serviço de Cirurgia Vascular do Hospital Universitário Francisca Mendes, foi submetido à arteriografia por subtração digital de troncos supra-aórticos e carótidas, que evidenciou pseudoaneurisma | 114 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 de artéria temporal superficial. Procedeu-se então à cateterização seletiva de carótida externa seguida de embolização do pseudoaneurisma com micromolas. Ultrassonografia Doppler Colorido duas semanas após o procedimento evidenciou ausência de fluxo no pseudoaneurisma. Foi então realizada a drenagem do hematoma residual e o paciente evoluiu de forma satisfatória, com regressão da tumoração facial. Conclusão: O tratamento endovascular por embolização com micromolas em pseudoaneurismas traumáticos é uma opção viável, tendo sido efetiva no presente caso. Tratamento Endovascular de Estenose de Aorta e Artérias Renais por Arterite de Takayasu: Relato de Caso Souza, J.E.S.1; PEREIRA, R.M.2; DE ARAÚJO, A.O.1; CAVALCANTE, L.P.1; BERNARDES, M.V.3; PARISATI, M.H.3 1 Hospital Universitário Francisca Mendes/Hospital Universitário Getúlio Vargas. 2 Universidade Federal do Amazonas. 3 Hospital Universitário Francisca Mendes. Introdução: A Arterite de Takayasu é uma vasculite que acomete vasos de médio e grande calibres. A aorta e seus ramos frequentemente são lesados, o que pode levar a estenoses com repercussão clínica. Objetivo: Apresentar caso de tratamento endovascular de estenose de aorta e artérias renais em paciente com Arterite de Takayasu. Método e Resultado: Paciente do sexo feminino, 12 anos, iniciou quadro de dispneia associada a retardo do crescimento. Exames clínicos e radiográficos identificaram hipertensão arterial sistêmica e insuficiência cardíaca congestiva. Angiotomografia e angiorressonância evidenciaram estreitamento da aorta abdominal e artérias renais e, após avaliação da Reumatologia, foi diagnosticada Arterite de Takayasu. A paciente foi submetida à arteriografia, que evidenciou lesão suboclusiva de ambas as artérias renais e estenose de aproximadamente 30% da aorta abdominal suprarrenal. Após controle da atividade da doença, bem como da hipertensão arterial (parcialmente controlada com três anti-hipertensivos), realizou-se angioplastia com balão de ambas as artérias renais, com sucesso angiográfico. Dois anos após a primeira angioplastia, paciente retornou ao ambulatório de Cirurgia Vascular com cintilografia renal evidenciando rim direito com tamanho reduzido e déficit de função glomerular, com necessidade do acréscimo de mais um anti-hipertensivo (após a primeira intervenção paciente teve sua pressão arterial adequadamente controlada com apenas um medicamento), apesar de controle adequado da doença de base com o uso isolado de imunossupressor. Angiografia de controle evidenciou reestenose de artéria renal direita e progressão da estenose aórtica. Nova angioplastia com balão foi realizada para tratamento da artéria renal direita e da estenose aórtica, com sucesso angiográfico. Paciente recebeu alta no primeiro dia pós-operatório com antiagregação plaquetária e vem sendo acompanhada pela Cirurgia Vascular e Reumatologia sem novas intercorrências até o terceiro mês de pós-operatório. Conclusão: O tratamento endovascular das complicações estenóticas crônicas vasculares da Arterite de Takayasu é uma opção terapêutica segura e eficaz. | 115 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Hemorroidopexia Mecânica (PPH): uma Alternativa Cirúrgica Menos Invasiva à Hemorroidectomia Convencional MARON, S.M.C.¹; DA SILVA NETO, R.A.²; SANTOS, R.D.T³; GIMENEZ, F.4; NAKAJIMA, G.S. 1 Interna do Curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas ([email protected]). 2 Residente do 1.º ano do Serviço de Aparelho Digestivo do Hospital Universitário Getúlio Vargas. 3 Residente do 2.º ano do Serviço de Cirurgia Geral. 4 Professora voluntária do Departamento de Clínica Cirúrgica da FMUFAM. 5 Professor associado do Departamento de Clínica Cirúrgica/Ufam. Introdução: A indicação clássica de cirurgia no tratamento das hemorroidas acontece nos casos de III e IV graus, correspondendo cerca de 5 a 10% dos casos, consistindo o método terapêutico mais eficaz. Existem várias técnicas cirúrgicas descritas, como as hemorroidectomias abertas (técnica de Milligan-Morgan) e fechadas (técnica de Fergunson). Por estas causarem dor pós-operatória considerável e, às vezes, recuperação longa e incômoda, Longo, em 1993, propôs a hemorroidopexia grampeada (ou Procedimento para Prolapso Hemorroidário – PPH) como alternativa terapêutica. Objetivos: Descrever a técnica da hemorroidopexia mecânica para difundir uma técnica cirúrgica menos invasiva para o tratamento das hemorroidas graus III e IV. Método: Primeiramente, o anuscópio para sutura em bolsa é introduzido pelo canal anal. Este desloca o prolapso da mucosa ao longo das paredes retais, numa circunferência de 270 graus, tornando a membrana projetada por meio do aparelho facilmente incluída num reparo que abrange unicamente a mucosa e a submucosa. Essa sutura tem de ser efetuada a pelo menos 5 cm distalmente da linha dentada, devendo-se aumentar a distância proporcionalmente ao grau do prolapso. A sutura é feita ao “disparar” o grampeador envolvendo toda a circunferência retal. Resultados: A técnica apresenta menor intensidade de dor pós-operatória, menor tempo de internação hospitalar e retorno mais rápido às atividades cotidianas como principais vantagens. Preserva, contudo, índices de complicações pós-operatórias semelhantes a técnicas convencionais. Conclusão: O PPH mostrase como uma opção inovadora no tratamento da doença hemorroidária avançada com ou sem associação de prolapso de mucosa retal. Manejo da Hérnia Femoral Complicada DIAS, D.¹; FERRUGEM, T. M.¹; FONSECA F. C. F.²; NAKAJIMA, G. S.² 1 Médico residente de Cirurgia Geral. 2 Professor do Departamento de Medicina da Matéria Clínica Cirúrgica da Universidade do Estado do Amazonas. E-mail: [email protected] Introdução: A hérnia femoral é uma protrusão dolorosa ou não, do conteúdo abdominal através do canal femoral, comumente associada a encarceramento ou estrangulamento da víscera acometida. Metodologia: Paciente com história de dor e protrusão súbita em região inguinocrural direita. Diagnosticada hérnia femoral estrangulada, com necrose de segmento do intestino delgado. Submetida à inguinotomia, enterectomia e enteroenteroanastomose leterolateral, usando grampeador linear. Reparo da falha aponeurótica pela técnica de Mc Vay e uso da tela de polipropileno retrofunicular. Resultados: Evolução satisfatória, sem fístulas ou infecção intraabdominal e da ferida operatória. Discussão: De acordo com a literatura, a hérnia femoral é mais frequente no sexo feminino. Dor e protrusão são manifestações comuns. O canal femoral, espaço limitado pelo trato iliopúbico, ligamento de Cooper e veia femoral, forma anel herniário rígido, propiciando o encarceramento e estrangulamento dessas hérnias. O reparo do canal femoral pode ser feito por acesso femoral, inguinal, laparotomia mediana ou via laparoscópica. Nesse caso, o reparo foi realizado por inguinotomia sem dificuldades técnicas, sendo a enterectomia facilitada pelo grampeador linear. Na correção pode-se usar o reforço da parede ancorando-se a fáscia do | 116 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 transverso ao ligamento de Cooper (Mc Vay). O acesso femoral não permite um reforço adequado da falha do canal femoral e incômodo quando se necessita uma enterectomia como nesse caso. A recorrência chega a 10% sem a devida correção da falha do canal femoral. Conclusão: Concluímos que o uso do grampeador linear agilizou o procedimento, permitindo ressecção asséptica diante da necrose do intestino delgado. Palavras-chave: Hérnia Femoral; Técnica Asséptica. Perfil de Pacientes em Terapia de Nutrição Parenteral de um Hospital de Ensino: Avaliação a Partir da Evolução Farmacêutica LOPES, M.C.C.1; FORMOSO, W.A.G.2 1 Farmacêutica do Serviço de Farmácia do HUGV, Manaus/AM, e-mail: marcé[email protected] 2 Farmacêutico residente da Residência Multiprofissional em Saúde do HUGV, Área de Concentração: Intensivismo, e-mail: [email protected] Introdução: A Terapia de Nutrição Parenteral (TNP), definida pela Portaria n.º 272/MS/SNVS, de 8 de abril de 1998, como solução ou emulsão, composta de carboidratos, aminoácidos, lipídios, vitaminas e minerais, estéril e apirogênica, destinada à administração intravenosa em pacientes desnutridos ou não, visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas, envolve riscos e custos inerentes à sua utilização exigindo indicação e acompanhamento multiprofissional racional e criterioso. Nesse contexto está o farmacêutico intervindo na avaliação do paciente, análise da prescrição, manipulação e evolução da terapia. Objetivos: Avaliar o perfil dos pacientes submetidos à TNP a partir da evolução farmacêutica em um Hospital Universitário de Manaus/AM. Método: Estudo transversal retrospectivo avaliou 22 prescrições de pacientes em TNP, durante o ano de 2012. Os dados foram coletados da planilha de controle, folha de evolução farmacêutica e prontuário dos pacientes em TNP. Resultados: Dos 22 pacientes em TNP, 14 (64%) eram do sexo masculino e oito (36%) do sexo feminino; 11 (50%) tinham mais de 60 anos; 19 (86%) iniciaram a terapia após cirurgias do Trato Gastrintestinal; 19 (86%) utilizaram formulações contendo todos macronutrientes; nove (41%) receberam oferta energético-proteica adequada; 22 (100%) receberam formulações hiperosmolares, administradas por via central; 20 (91%) utilizaram a terapia acima de sete dias. Em oito (36%) houve possibilidade de interação fármaco-nutriente; 12 (54%) evoluíram para terapia de nutrição enteral ou oral e dez (45%) foram a óbito; nove (41%) apresentaram complicações metabólicas e cinco (23%) infecciosas. Conclusão: Como membro da equipe, ao farmacêutico, além da manipulação, compete o acompanhamento dos pacientes em TNP, contribuindo com a garantia de sua eficácia e segurança. | 117 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Adenocarcinoma de Cólon: Relato de Caso DA COSTA E SILVA, I.T.1; DA SILVA NETO, R. A.2; Bergamasco, J.3; LIMA, V. P.4; OLIVEIRA, G.F.5 1 Professor-adjunto do Departamento de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Ufam, titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia ([email protected]). 2 Residente do primeiro ano de Cirurgia do Aparelho Digestivo – HUGV, Manaus/AM ([email protected]). 3 Residente do segundo ano de Cirurgia Geral – HUGV, Manaus/AM ([email protected]). 4 Residente do primeiro ano de Cirurgia Geral – HUGV, Porto Velho/RO ([email protected]). 5 Acadêmica de Medicina, Ufam, Manaus/AM ([email protected]). Introdução: O câncer colorretal é a terceira neoplasia maligna mais comum mundialmente. A sintomatologia varia quanto à localização do tumor. Pacientes que apresentam alteração no hábito intestinal, hematoquezia, dor abdominal, emagrecimento ou anemia ferropriva não explicados devem ser investigados. A suspeita deve ser reforçada se o paciente tiver mais de 50 anos ou história de câncer de cólon familiar. O diagnóstico é feito preferencialmente por meio de colonoscopia com biópsias. O tratamento é eminentemente cirúrgico e tem maior potencial de cura quanto mais precocemente realizado. Objetivo: Apresentar caso clínico sobre câncer colorretal. Método: Paciente com 49 anos, feminina, com dois meses de dor abdominal e massa palpável em flanco e fossa ilíaca esquerdos, mudança do hábito intestinal e perda ponderal de 6 kg. Nega história de neoplasias na família; é ex-tabagista. Uma semana antes de ser transferida para nosso serviço apresentou distensão abdominal, parada de eliminação de fezes, mantendo flatos, mas piora importante da dor. Foi submetida à colonoscopia sem sucesso pelo preparo inadequado do cólon. Resultados: Paciente submetida à laparotomia exploradora por conta da suboclusão intestinal, observando-se tumoração em colón descendente invadindo a parede anterolateral esquerda do abdome com aderência de alças intestinais delgadas. Realizada colectomia segmentar esquerda, enterectomia e colostomia a Hartmann. Foi reoperada em 24h por necrose isquêmica da colostomia. Anatomopatológico: Adenocarcinoma colônico tipo intestinal bem diferenciado. Recebeu alta hospitalar melhorada clinicamente, sendo encaminhada para quimioterapia adjuvante. Conclusão: Apresentado caso clínico de paciente com diagnóstico de adenocarcinoma de cólon T4 Nx M0 tratada cirurgicamente com intuito de citorredução. Manejo Cirúrgico de Estenose de Papila por Pancreatite Crônica GIMENEZ, L.¹; BEZERRA FILHO, M. R. V. ¹; CARDOSO, R. A. M. ¹; GUEDES, D. S. ¹; TAYAH, I.2; MACHADO, A. P.3; FONSECA, F. C.4; NAKAJIMA, G. S.4 1 Discente do Curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas. 2 Médico assistencial do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas. 3 Médico assistencial do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas. 4 Professor do Departamento de Clínica Cirúrgica da FMUFAM. Introdução: A estenose de papila (esfíncter de Oddi) é uma condição incomum e, portanto, negligenciada quanto a sua importância na Medicina. Objetivo: Mostrar a clínica e os principais tratamentos cirúrgicos empregados na atualidade. Metodologia: Com o intuito de realizar uma revisão da literatura, periódicos da Capes e Up to date foram consultados no período de cinco anos de passado recente. Resultado e Discussão: A estenose de papila é responsável pela obstrução biliar e/ou pancreática e está relacionada a anormalidades mecânicas e funcionais como litíase biliar, trauma, pancreatite e anormalidades congênitas. Da sintomatologia não específica, a dor é mais frequente, podendo ser local ou difusa. O diagnóstico é difícil, notada quando há insucesso no tratamento cirúrgico de patologias biliares e/ou quando há pancreatite recorrente. Macroscopicamente verificam-se dilatações coledociana e/ou cística, colecistite, pancreatite, litíase coledociana e fístulas vesico-colônica. Eliminar a dor e/ou pancreatite recorrente é a meta da terapêutica que pode ser farmacológica, endoscópica ou cirúrgica. Na abordagem cirúrgica, | 118 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 utiliza-se acesso transduodenal para realizar uma esfincterectomia ampla. É o método mais preciso para realizar a septoplastia transampular, evitando uma estenose recorrente. Endoscopicamente, utiliza-se o eletrocautério durante a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE), procedendo-se a secção do segmento biliar e/ou pancreático do esfíncter de Oddi. O sucesso é de até 90% com alívio álgico do paciente. Apesar de poder causar pancreatite pós-procedimento, apresenta menor morbi-mortalidade. Conclusão: A cirurgia é o tratamento de escolha para erradicar os sintomas causados pela estenose de papila sendo o CPRE a melhor técnica. Assistência de Enfermagem: Orientações ao Paciente Cirúrgico DE SOUZA, S.V.1; DA SILVA, A.C.1; ZAGONEL, S.M.2; BRITO, I. G.2 1 Enfermeiras do Hospital Universitário Getúlio Vargas. 2 Acadêmicas do 7.º período de Enfermagem da Universidade Federal do Amazonas/Ufam. E-mail: [email protected] Introdução: As orientações fornecidas pelo enfermeiro em relação ao pré e pós-operatório são uma forma de esclarecer as dúvidas, preparar o paciente para o processo cirúrgico proporcionando tranquilidade e segurança, sendo o enfermeiro o profissional capacitado para realizá-la com uma linguagem acessível. O acolhimento é uma postura ética, que implica no compartilhamento de saberes, necessidades, angústias e intervenções. Objetivos: Relatar a experiência sobre a importância da educação em saúde aos pacientes sobre os cuidados no período pré e pósoperatório. Método: Estudo descritivo do relato de experiência das acadêmicas de Enfermagem durante estágio extracurricular na unidade de Clínica Cirúrgica de um Hospital Universitário da cidade de Manaus no período de janeiro a julho de 2013. Resultados: Durante o processo de admissão do paciente na Clínica Cirúrgica, frequentemente é realizada uma educação em saúde por um enfermeiro plantonista, podendo ou não ser fixo da clínica, abordando sobre os cuidados que se deve ter antes e após o procedimento cirúrgico, como: o jejum pré-operatório, não molhar o cabelo, realizar tricotomia, o cuidado com a prótese dentária, a lavagem correta das mãos e não utilização de acessórios durante o período de internação hospitalar. Conclusões: Observou-se que nem sempre é realizada a educação em saúde, pois são encontradas dificuldades institucionais, organizacionais, que impedem o enfermeiro na realização da educação em saúde para os pacientes cirúrgicos. Prejudicando a qualidade da sua assistência, sendo essa atividade de suma importância, visto que, por meio dela, pode-se amenizar a ansiedade e o medo que o paciente apresenta nesse período. Palavras-chave: Enfermagem; Enfermagem Cirúrgica; Educação em Saúde. | 119 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Cisto Broncogênico Duplo WESTPHAL, F.L1; DE LIMA, L.C.1; LIMA NETTO, J.C.2; TAVARES, M.A.3; CARDOSO, R. A.M.4; GIL, F.S.M. 4; SOARES, P. I.L.4 1 Professor-adjunto do Departamento de Clínica Cirúrgica da Ufam. 2 Cirurgião torácico do Serviço de Cirurgia Torácica do HUGV. 3 Professor de Radiologia do Departamento de Clínica Médica. 4 Acadêmico de Medicina da Ufam. Introdução: O cisto broncogênico é uma lesão congênita do trato respiratório originada por um distúrbio na embriogênese da árvore traqueobrônquica durante a gestação. Durante a ramificação da árvore brônquica, é sugerido que um grupo de células desprende-se e desenvolve-se de forma autônoma, originando o cisto brônquico. Geralmente é uma lesão única, porém pode ter apresentação múltipla. Os cistos broncogênicos são relativamente incomuns, representando cerca de 6 a 15% das massas mediastinais primárias. Os mais frequentes são os mediastinais e correspondem a 5% de todas as massas mediastinais em crianças. Objetivo: Relatar caso raro de cisto broncogênico duplo. Relato de Caso: Paciente de seis anos e sete meses evoluiu com quadro clínico de pneumonia para o qual fez tratamento clínico. A radiografia simples de tórax, mostrando alargamento do mediastino médio, notadamente à direita, por provável processo expansivo. Foi realizada tomografia computadorizada de tórax para esclarecimento da natureza da lesão, foram observadas duas lesões expansivas de contornos lobulados, uma no lobo superior direito e outra no lobo inferior direito. A paciente foi submetida à toracotomia lateral para ressecção das lesões císticas. O exame histopatológico revelou epitélio cilíndrico ciliado, compatível com cisto broncogênico. A evolução pós-operatória foi excelente. Conclusão: A presença de cisto broncogênico múltiplo é raro e deve sempre ser lembrada nos casos de lesões císticas múltiplas do mediastino. Timolipoma, uma Massa Mediastinal Gigante: Relato de Caso WESTPHAL, F.L1; DE LIMA, L.C.1; LIMA NETTO, J.C.2; TAVARES, M.A.3; CARDOSO, R. A.M.4; GIL, F.S.M. 4; SOARES, P. I.L.4 1 Professor-adjunto do Departamento de Clínica Cirúrgica da Ufam. 2 Cirurgião torácico do Serviço de Cirurgia Torácica do HUGV. 3 Professor de Radiologia do Departamento de Clínica Médica. 4 Acadêmico de Medicina da Ufam. Introdução: O timolipoma é um tumor benigno raro do timo, localizado no mediastino anterior, composto de tecido tímico e tecido adiposo maduro, envolvidos por uma cápsula. Geralmente, cursa com quadro de tosse, dispneia e dor torácica; no entanto, pode ser assintomático. É responsável por 2-9% dos tumores de timo, podendo acometer qualquer faixa etária sem diferenças de incidência entre gêneros. Objetivos: Apresentar caso de um paciente com massa mediastinal volumosa. Relato de Caso: Paciente, 37 anos, sexo masculino, apresentou-se com uma massa mediastinal volumosa, descoberta ao acaso por radiografia simples de tórax. A única queixa era sensação de peso na garganta à noite. A ressonância nuclear magnética revelou uma lesão expansiva de densidade similar à de tecido adiposo no mediastino anterior com extensão para mediastino posterior e porção inferior e terço médio mediastinais, sendo compatível com timolipoma. O paciente foi submetido a uma esternotomia longitudinal total, permitindo completa exérese da massa. O diagnóstico foi confirmado pelo exame histopatológico. Conclusão: Os tumores mediastinais benignos podem acarretar sintomas compressivos que são tratados prontamente com ressecção cirúrgica como demonstrado nesse caso. | 120 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 A Morte e o Morrer no Centro de Terapia Intensiva do Hospital Universitário Getúlio Vargas ROCHA, M.L.F.¹; RIBEIRO, T.A.²; DE ANDRADE, A.C.³; FLOR, S.R.A.4; ROCHA, G.V.M.4; DA SILVA, L.R.4 1 Psicóloga residente do Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam, Manaus/AM, e-mail: [email protected] 2 Médico – Ministério da Saúde. Provab, Coari/AM. 3 Psicóloga do Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam, Manaus/AM. 4 Estagiário de Psicologia – FAPSI, Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam, Manaus/AM. Introdução: Todos os indivíduos nascem com a expectativa de que um dia enfrentarão a morte, fenômeno biológico natural. Entretanto, é uma etapa do desenvolvimento com maior distinção das demais, tanto por revelar ao ser humano sua finitude quanto por ter sido a ciência inábil em explicá-la. Objetivos: O acompanhamento psicológico prestado aos familiares e pacientes internados no Centro de Terapia Intensiva do HUGV/Ufam visa aproximar as partes e compreender as diversas formas de conceber e enfrentar a morte e o morrer. Método: Ao psicólogo é dada a competência de suscitar esse tema, com a justificativa de que falar sobre a morte não irá aproximá-los dela, partindo do pressuposto de que esta é inerente à condição humana, contudo dará subsídios para enfrentar o sofrimento que a permeia. Resultados: Nesse âmbito é velada a temática da morte e isso se deve ao fato de que a esperança está presente em todos os estágios de adoecimento e luto, causando nos familiares e pacientes a sensação de desrespeito por um “favorecimento antecipatório do luto”. Embora não seja um trabalho de fácil manejo, os rituais de despedida e aproximação dos familiares aos moribundos são realizados com êxito, proporcionando benefício mútuo para os envolvidos e para o desenvolvimento da ciência psicológica. Conclusão: Dessa forma, fomentar cuidados paliativos aos pacientes terminais é uma forma de promover saúde e prevenir doenças, buscando qualidade de vida aos que ficam e qualidade de morte aos que vão, por terem a oportunidade da despedida e realização dos últimos desejos. Perfil Clínico-Nutricional de Pacientes Atendidos pela Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional de um Hospital Universitário DANTAS, R. C.1; MICCHI, V. C. T.1; NAKAJIMA, G. S.1; CYRINO, C. C. B.1 1 Ufam Introdução: No Brasil, aproximadamente 60,3% dos pacientes estão desnutridos ou em risco nutricional intra-hospitalar, o que pode gerar aumento no tempo e custo da internação. Pacientes em acompanhamento de terapia enteral ou parenteral necessitam de intervenções mais específicas no curso da internação, evitando possíveis complicações por deficiência nutricional. A assistência adequada aos pacientes em terapia nutricional depende principalmente do conhecimento do perfil dessa população atendida. Objetivo: Descrever o perfil clínico nutricional de pacientes em uso de terapia nutricional enteral e/ou parenteral internados no HUGV. Metodologia: Foram coletados dados retrospectivos, transversal, por meio dos formulários de acompanhamento de rotina do serviço de nutrição. Participaram todos os pacientes que fizeram uso de terapia nutricional no HUGV – Nutrição Enteral (NE) e/ou Nutrição Parenteral (NPT) – entre janeiro/junho de 2013. Resultados: Foram acompanhados 58 pacientes em terapia nutricional enteral e/ou parenteral, sendo que 79,3% em uso de nutrição enteral exclusiva ou associada à via oral, 12,0% fizeram uso de NPT exclusiva ou associada à via oral e 8,62% fizeram uso da associação entre NE/ NPT. A maioria dos pacientes correspondia à faixa etária adulta (20 a 59 anos). O sexo feminino predominou discretamente, 55,2%. Foram a óbito 46,6% e tiveram alta 13,6%. A maior parte, 63,8%, era oriunda de clínicas de cirurgia geral e neurocirurgia. Pelo estado nutricional inicial, 48,3% apresentavam-se em risco nutricional e 36,2% com algum grau de desnutrição. Conclusão: | 121 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Observou-se um elevado número de pacientes iniciando terapia nutricional com algum grau de desnutrição, o que sugere a necessidade de uma intervenção nutricional precoce. Análise dos Erros de Prescrição Medicamentosa em uma Clínica do Hospital Universitário Getúlio Vargas RAMOS, M.C.B.1; JACINTO, A.H.V.L.2; BASTOS, L.M.3; BEZERRA, N.M.S.3; ARAÚJO, M.E.A.4 1 Acadêmica de Medicina da Ufam. 2 Acadêmica de Farmácia da Ufam. 3 Farmacêutica da Gerência de Risco Sanitário Hospitalar (GRSH) do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). 4 Gerente de Risco Sanitário Hospitalar do HUGV. E-mail: [email protected] Introdução: Na prescrição de medicamentos, os erros são resultados de decisão ou redação errôneas, não intencionais, que comprometem a qualidade do tratamento e aumentam o risco de lesão do paciente. Cerca de 50% dos eventos adversos associados a medicamentos referem a essa etapa, por isso esses erros devem ser prevenidos para que não ocorram sucessivos equívocos no processo de utilização de medicamentos. Objetivos: Analisar a prescrição de medicamentos, identificando e quantificando os erros associados a essa etapa do sistema de medicação, além de sensibilizar os profissionais para a melhoria contínua do uso de medicamentos com a finalidade de eliminar ou minimizar erros de medicação. Método: Trata-se de estudo observacional descritivo realizado na Clínica Cirúrgica do HUGV no período de fevereiro-abril de 2013, onde as prescrições dessa clínica foram avaliadas por meio do Formulário de Erros de Medicação contendo os principais erros de prescrição encontrados em literatura. Resultados: Foram analisadas 261 prescrições e encontrados 1.716 erros, sendo os mais comuns os relacionados à falta de dados dos pacientes: ausência de peso em 100% das prescrições; ausência de idade (73,18%); ausência do número do prontuário (36,78%). Outro erro bastante comum são prescrições ilegíveis e rasuradas, que corresponderam a 15,5% do total de erros. A utilização de abreviaturas (13,69%) nas prescrições também teve importância, acompanhada da ausência de dose (13,52%) e uso de nomes comerciais (10,02%). Conclusão: A análise dos dados de prescrição pode fornecer bases para revisão das práticas de prescrição e desenvolver medidas para o uso racional de medicamentos, garantindo a segurança do paciente. | 122 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Aspectos Endoscópicos de Pregas Gástricas em Neoplasia Ulcerosa Maligna NISHIKIDO, M. M. T.1; HAJI JÚNIOR, A. C.1; GUIMARÃES, L. S. C.²; DE MELO, A. M. S.³; SILVA JUNIOR, R. A.⁴; FONSECA, F.C.F.⁵; NAKAJIMA, G. S.⁵ 1 Médico(a) residente de Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas. 2 Médico assistencial do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas. 3 Supervisora da Residência em Cirurgia Geral e chefe do Serviço de Cirurgia Abdominal do Hospital Universitário Getúlio Vargas. 4 Supervisor da Residência de Cirurgia Digestiva do Hospital Universitário Getúlio Vargas. 5 Professor do Departamento de Clínica Cirúrgica da FMUFAM. Introdução: As úlceras gástricas podem resultar de doença maligna subjacente pela relação com a infecção por Helicobacter pylori e gastrite atrófica, fatores de risco importantes das neoplasias ulcerosas malignas. Alguns aspectos macroscópicos dessas úlceras, visualizados em endoscopias digestivas altas, são sugestivos de malignidade, principalmente da morfologia das pregas gástricas circunjacentes. Objetivos: A finalidade deste estudo é de demonstrar que alguns aspectos morfológicos de pregas adjacentes a úlceras gástricas são sugestivos de malignidade. Método: Realizada análise de periódicos indexados na base de dados da plataforma Capes, encontrandose três relativos a palavras-chave “úlceras gástricas”, “câncer gástrico”, endoscopia”, “pregas gástricas”. Também foi realizada revisão de literatura da primeira edição do Guideline da Sociedade Japonesa de Pesquisa de Câncer Gástrico (JRSGC). Resultados e Discussão: Segundo JRSGC, as pregas gástricas sugestivas de malignidade são as que possuem formato de “ponta de lápis” ou “baqueta de tambor”. Tajiri et. al. relatam que 68% das úlceras com depressões irregulares, pregas com interrupção abruptas e com formato afilado eram malignas. Já Chen et. al. (2009) identificaram malignidade em 88,2%. No entanto, Thomopoulos et. al. (2004) informaram que apenas 28,6% das lesões ulcerosas sugestivas eram realmente malignas. Conclusão: Apesar de alguns estudos apresentarem uma alta sensibilidade quanto ao aspecto maligno macroscópico sugestivo das pregas gástricas, outros estudos já não o demonstram. Portanto, é imprescindível a realização do estudo histopatológico dessas lesões para a confirmação diagnóstica. Terapia Nutricional em Paciente com Retocolite Ulcerativa Acentuada: Relato de Caso DIAS, A.R.B.1; MOURÃO, F. A. P.1; DIAS, I.G.R.1; GIMENEZ, F.²; GARCIA, E. M.³; DANTAS, R.³; CHAASE,V.³; NAKAJIMA, G. S.⁴ 1 Discente do Curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas. 2 Professora voluntária do Departamento de Clínica Cirúrgica da FMUFAM. 3 Nutricionista do Serviço de Nutrição do HUGV/Ufam. 4 Professor associado do Departamento de Clínica Cirúrgica da FMUFAM. E-mail: [email protected] Introdução: MLSG, feminino, 37 anos, portadora de retocolite ulcerativa havia 20 anos, evoluindo com crise de dor abdominal associada a episódios diarreicos (sete vezes ao dia) fazia quatro dias, além de distensão abdominal, foi internada em medida de urgência no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) para acompanhamento cirúrgico e nutricional. Objetivo: Descrever a terapia nutricional em paciente com doença inflamatória intestinal, em especial retocolite ulcerativa. Método: Coleta de dados a partir do prontuário do paciente e pareceres da equipe multidisciplinar de nutrição para discussão do caso. Resultados e Discussão: Foi realizado parecer da Equipe Multiprofissional de Nutrição do HUGV, o qual realizou triagem e avaliação nutricional da paciente, apresentando IMC de 23 kg/m2 e percentual adequado de massa muscular de acordo com CMB. Sugeriu-se dieta oral líquida completa sem sacarose e lactose com possível evolução para pastosa e TNO suplementar oligomérica mais glutamina (duas vezes por dia). Após uma semana de tratamento com a TNO, associado à mesalazina 2.400 mg/dia, a paciente teve melhora do quadro e recebeu alta do hospital. Doenças como a retocolite ulcerativa podem levar a um estado de desnutrição do paciente, e estes costumam ter intolerância à lactose, incapacidade de absorção | 123 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 de micronutrientes, entre outros, necessitando de conduta específica. Conclusão: Vemos nesse caso a importância de que uma terapia adequada melhora significativamente o quadro clínico de uma doença inflamatória intestinal, mesmo na fase aguda, mostrando quanto é importante a função de uma equipe multiprofissional para o suporte nutricional e tratamento. Análise do Porcionamento e Adequação de Dietas de um Hospital Universitário de Manaus PEREIRA, Z.R.F.1; DE LIMA, A.C.G.2; PAZ, A.S.2 1 Nutricionista. Preceptora da RMPS/Ufam, Manaus/AM. 2 Nutricionista. Residente da RMPS/Ufam, Manaus/AM. E-mail: [email protected] Introdução: A dieta hospitalar é importante durante o processo de internação, por garantir o adequado aporte de nutrientes ao paciente, preservando ou recuperando seu estado nutricional e atuando de forma coterapêutica em doenças crônicas e agudas. A elaboração de um manual de dietas e a padronização de medidas são métodos importantes para melhorar a qualidade da assistência, racionalizar o serviço e reduzir seus custos, devendo ser flexibilizados e constar nas diretrizes do atendimento nutricional. Objetivo: Analisar o porcionamento e adequação das dietas servidas no Serviço de Nutrição e Dietética de um Hospital Universitário em Manaus. Metodologia: Trata-se de estudo descritivo, quantitativo, onde se verificou a pesagem e adequação de macro e micronutrientes por meio do porcionamento de dietas e análise do cardápio mensal. Resultados: Verificou-se falta de padronização de medidas, com oferta calórica média de 2.722 kcal/dia na dieta hiperproteica, 3.197 kcal/dia na dieta branda e 3.732 kcal/dia na dieta hipercalórica/ hiperproteica; carboidrato: 56,5% (385,9 g) na dieta hiperproteica, 63,1% (504,6 g) na dieta branda e 57,5% (536,9 g) na dieta hipercalórica/hiperproteica; proteína: 20,2% (136,8 g) na dieta hiperproteica, 16,9% (135,3 g) na dieta branda e 18% (168,3 g) na dieta hipercalórica/ hiperproteica; lipídios: 23,4% (70,1 g) na dieta hiperproteica, 19,9% (70,8 g) na dieta branda e 24,3% (101,2 g) na dieta hipercalórica/hiperproteica. Conclusão: A padronização de medidas no porcionamento de dietas se faz necessária a fim de proporcionar o suporte nutricional adequado ao paciente internado. Palavras-chave: Dieta; Serviço Hospital de Nutrição; Estado Nutricional. | 124 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Atuação da Equipe Multiprofissional em Saúde no Atendimento ao Paciente com Lesão Medular NUNES, S.C.S.1; PEREIRA, J.R.2; DE LIMA, A.C.G.3; DA SILVA, E.N.4 1 Fisioterapeuta residente da RMPS/Ufam, Manaus/AM. 2 Assistente social residente da RMPS/Ufam, Manaus/AM. 3 Nutricionista residente da RMPS/Ufam, Manaus/AM. 4 Enfermeira residente da RMPS/Ufam, Manaus/AM. E-mail: [email protected] Introdução: O traumatismo da medula espinhal é uma afecção da medula espinhal, que pode provocar perda motora e/ou sensitiva abaixo do nível da lesão e alterações fisiológicas, o que pode gerar muitas incertezas tanto ao paciente quanto aos cuidadores, bem como dificuldade de adaptação ao meio social. As atividades educativas em saúde tornam-se necessárias nesse contexto, a fim de propiciar esclarecimento nessa nova fase. De modo similar, a reabilitação assume papel fundamental, por possibilitar maior autonomia aos pacientes atendidos. Objetivo: Relatar as contribuições do atendimento multiprofissional em saúde no processo de ensinoaprendizagem dos pacientes atendidos no projeto de reabilitação do HUGV/Ufam. Método: Tratase de estudo qualitativo e observacional, por consulta documental de relatórios de triagem e evolução, elaborados pelos residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde, durante a realização das práticas educativas e do processo de reabilitação. Resultados: A atuação da equipe multiprofissional possibilitou aos alunos a ampliação de seus conhecimentos a respeito da lesão medular e suas complicações, prevenção e tratamento de riscos nutricionais a que estão sujeitos, direitos e acesso aos recursos da rede socioassistencial e ganho de maior autonomia para realizar suas atividades de vida diária. Conclusão: A atuação da equipe multiprofissional no atendimento ao paciente com lesão medular assume fundamental importância por propiciar um espaço privilegiado de ampliação de conhecimento, na perspectiva da promoção de saúde, exercício da cidadania e autonomia. Palavras-chave: Traumatismos da medula espinhal; Educação em Saúde; Equipe de Assistência ao Paciente. Atuação da Fisioterapia Motora e Respiratória na Doença de Pompe DIAS, A.S.1; AIRES NETO, W.Z.1 1 Universidade Nilton Lins, Manaus/AM, Brasil. [email protected] Introdução: A Doença de Pompe é uma doença de depósito lisossômico (DDL) causada pela insuficiência da enzima alfa-glicosidase-ácida, responsável pela degradação do glicogênio intralisossômico. A deficiência resulta no acúmulo do glicogênio nos lisossomos dentro das células. Isso leva a disfunções ou danos celulares, particularmente nos tecidos musculares cardíaco, respiratório e esquelético. Objetivo: Descrever os principais sinais clínicos da Doença de Pompe e os benefícios da Fisioterapia na reabilitação dos pacientes. Metodologia: É uma revisão da literatura, onde foram encontradas 12 referências nas plataformas Scielo e Bireme, Bibliotecas da Universidade Nilton Lins, porém apenas oito foram incluídas na pesquisa. Os descritores foram: “Fisioterapia” e “Doença de Pompe”. Resultados: As principais alterações são: fraqueza muscular progressiva, hipotonia, flacidez, pouco controle de cabeça, macroglossia, arreflexia e atraso no desenvolvimento motor; há fraqueza e insuficiência respiratória progressiva, infecções respiratórias | 125 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 frequentes, cardiomegalia, hipertrofia do ventrículo esquerdo. A fisioterapia motora visa à melhora da postura estática e dinâmica do tronco e dos membros; prevenção de complicações, como deformações e fraturas patológicas; melhora da qualidade de vida. A Fisioterapia respiratória tem por objetivo manter a eficácia da ventilação pulmonar, prevenindo complicações e infecções respiratórias. Conclusão: Diante de tais resultados, a Fisioterapia proporciona maior sobrevida e qualidade de vida a pacientes com Doença de Pompe. Por ser uma doença rara, há a necessidade que novos estudos sejam realizados. Praticidade da Mensuração da Pressão Venosa Central (PVC) no Paciente Crítico DIAS, A.R.B.1; MOURÃO, F.A.P.1; DIAS, I.G.R.1; NAKAJIMA, G. S.2 1 Discente do Curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas. 2 Professor associado do Departamento de Clínica Cirúrgica da FMUFAM. E-mail: [email protected] Introdução: MC, feminino, 21 anos, 50 kg, diagnosticada com tumor de medula cervical, internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam havia mais de três meses, necessitou de mensuração da pressão venosa central (PVC), que apresentou valor de 3 cmH2O. Com balanço hídrico acumulado de 39.377,3 ml e BH de 24h (-87) ml. Objetivos: Descrever a importância prática da avaliação da PVC. Métodos: Revisão de prontuário. Resultados e Discussão: A praticidade da mensuração da PVC se dá no fato de que parte dos pacientes em UTI possui acesso venoso central e na ausência de equipamentos modernos é um dos métodos de avaliação do estado hemodinâmico. A mensuração da PVC ocorre com o paciente posicionado em decúbito dorsal sem inclinação no leito, posicionando-se uma haste com uma fita métrica e uma coluna de água fixada, devendo estar a partir da altura da linha axilar média do paciente. O equipo de avaliação tem duas vias, uma delas conectada ao acesso venoso central do paciente e a outra deixada livre. As vias do equipo é que formarão a coluna de água. Ao se conectar o equipo com soro, deixa-se o ar sair deste e após a formação da coluna de água o equipo será conectado diretamente ao acesso, mensurando a PVC por meio do deslocamento da coluna de água. Conclusão: A mensuração da PVC no paciente crítico é de realização rápida, podendo ser feita pelo enfermeiro ou médico responsáveis, sendo ferramenta de avaliação do estado hemodinâmico permitindo acompanhar o quadro e é um importante auxiliar na rotina do CTI. | 126 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Relato de Caso: Cisto Esplênico ALMEIDA, N. X.1; TAYAH, I.²; MACHADO, A.P.²; FONSECA, F. C.³; NAKAJIMA, G. S.³; ARAÚJO, P.S.¹ 1 Discente do Curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas, Manaus/AM. 2 Médico assistencial do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus/AM. 3 Professor do Departamento de Clínica Cirúrgica da FMUFAM, Manaus/AM. E-mail: [email protected] Introdução: Os cistos esplênicos são raros e classificados em: Tipo I – verdadeiros, cistos (parasitários/ não) com cápsula, revestimento epitelial escamoso; e Tipo II – secundários/pseudocistos, formados por uma parede de tecido fibroso sem camada de revestimento epitelial, com origem traumática. Normalmente assintomáticos, seu diagnóstico está relacionado ao exame físico e de imagem abdominal de rotina. Relato de Caso: Paciente do sexo feminino, 36 anos, branca. Referia queixa de dor em flanco esquerdo que piorava com a constipação; nega muco e sangue nas fezes. Ao exame de imagem, apresentou cisto indefinido em flanco esquerdo à Ultrassonografia e pela Tomografia Computadorizada foi evidenciada lesão nodular, heterogênea de 3,4 cm em baço, diagnóstico diferencial com hemangioma. Paciente submetida à esplenectomia sem intercorrência. Discussão: Os cistos esplênicos sintomáticos relacionam à compressão de vísceras adjacentes, causando dor em hipocôndrio e hemitórax esquerdo, epigástrio ou região periumbilical, além de sintomas gastrointestinais. Sofrendo ruptura, pode manifestar-se com quadro de abdome agudo. Confirma-se o diagnóstico pela histopatologia, sendo os principais métodos de diagnóstico a Ultrassonografia e a TC de abdome, esta mais sensível que o primeiro pela identificação de septos (mais comuns em cistos verdadeiros) ou calcificações (mais comuns em cistos falsos). O tratamento de escolha é a esplenectomia, evitando-se complicações como rotura, hemorragia ou infecção. Em casos assintomáticos com cistos menores que dois centímetros e sem calcificações ou aumento de circulação interna/colateral, o tratamento conservador torna-se possível. Conclusão: Os cistos esplênicos devem ser analisados sob os aspectos clínicos, diagnósticos de imagem sendo a cirurgia indicada somente em caráter de exceção. Alzheimer: um Estudo de Caso Realizado no Âmbito da Atenção Primária à Saúde NAVEGANTE, E.S.1; CASTRO, B.M.C.2 1 Enfermeira residente em Obstetrícia pela Universidade Federal do Amazonas/Hospital Universitário Getúlio Vargas. E-mail: [email protected] 2 Enfermeira residente em Obstetrícia pela Universidade Federal do Amazonas/Hospital Universitário Getúlio Vargas. Introdução: A Doença de Alzheimer (DA) é uma patologia neurológica degenerativa, irreversível e progressiva, começando discretamente com perdas na função cognitiva e distúrbios no comportamento. Classificada em: DA familial e DA esporádica. Objetivo: Relatar caso de DA e as intervenções de enfermagem realizada numa cliente na visita domiciliar. Método: Trata-se de estudo de caso em que foi realizado entrevista para coleta do histórico da paciente e levantamento da problematização encontrada. Foi elaborado um plano de cuidados de enfermagem no período de 11 a 27 de junho de 2013. Resultados: CCF, 79 anos, feminino, de Tefé/AM e aposentada. Em 2008 começou a apresentar esquecimento, irritabilidade, choro fácil sem causa aparente, solicitava presença de pai já falecido. Em 2010 foi diagnosticada com DA, possui antecedente familiar de três irmãos com a doença. Atualmente apresenta o seguinte quadro clínico: não reconhece familiares, expressa palavras curtas esporádicas (é, dói, ai), oscilação de humor. Os principais diagnósticos de enfermagem foram: confusão crônica; comunicação verbal prejudicada; déficit no autocuidado. As prescrições mais importantes foram repassadas aos familiares: utilizar auxiliares de memória | 127 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 por meio de objetos que relembrem seu passado como fotos e objetos pessoais; colocar ao alcance da paciente objetos como relógios e calendários; orientar a família para diálogo de temas que ela tenha interesse. Conclusão: Diante da aplicação do processo de enfermagem observou-se melhoria significativa na qualidade de vida da cliente, bem como proporcionou o alívio de sinais e sintomas. Palavras-chave: Doença de Alzheimer; Atenção Primária; Cuidado Domiciliar. Estudo da Utilização de Antimicrobiano em um Hospital Universitário na Cidade de Manaus/AM DE LIMA, Q.A.¹; DE AZEVEDO, M.E.F.²; BEZERRA, L.L.R.³; DOS SANTOS, V. A.³ 1 Farmacêutica residente multiprofissional. 2 Professora da Universidade Federal do Amazonas. 3 Farmacêutica do Serviço de Farmácia Hospitalar. Resumo: Os antimicrobianos são medicamentos mais frequentemente prescritos em hospitais. Nos Estados Unidos foi constatado que mais da metade desse uso é inadequado. Um método para avaliar as tendências e monitorar o consumo de medicamentos foi recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1996. Trata-se da Anatomical Therapeutic Chemical (ATC) e a Defined Daily Dose (Dose Diária Definida – DDD). A dose diária definida é uma unidade de medida muito útil para comparações ao longo do tempo entre hospitais, regiões e países, e permite observar a tendência de uso de um determinado medicamento em uma determinada região. Este estudo teve como objetivo conhecer o consumo de antimicrobianos por taxas de DDD de um Hospital Universitário da cidade de Manaus/AM com 150 leitos. Os antibacterianos selecionados foram limitados à Relação de Medicamentos Padronizados no hospital e pertenciam ao grupo dos carbapenêmicos (imipenem e meropenem), da penicilina (Piperacilina + tazobactam), das cefalosporinas de 3.ª/4.ª (ceftriaxona e cefepima), dos glicopeptídeos (vancomicina) e dos aminoglicosídeos (gentamicina e amicacina). As DDDs foram divididas por clínicas. O total da DDD foi de 243,19 para imipenem, 159,72 para ceftriaxona, 141,83 para vancomicina, 102,94 para cefepime, 56,02 para piperacilina + tazobactam, 53,43 para meropenem, 12,64 para amicacina e 2,33 para gentamicina. Esse tipo de estudo foi pioneiro no hospital em estudo e os resultados poderão servir como base para futuros estudos de conhecimento do perfil de consumo, a tendência de uso e correlacionar com a resistência bacteriana. Palavras-chave: Antimicrobianos; Dose Diária Definida; Uso de Medicamentos. | 128 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Tumor Cístico do Pâncreas: Registro Fotográfico e Revisão de Literatura HAJI JR., A.C.¹; NISHIKIDO, M. M. T.¹; SILVA NETO, R.A.²; DE MELO, A.M.S.³; GUIMARÃES, L.S.C. ⁴; SILVA JUNIOR, R.A.⁵; FONSECA, F.C.⁶; NAKAJIMA, G. S.⁶ 1 Médico(a) residente de Cirurgia Geral do HUGV. 2 Médico residente de Cirurgia Digestiva do HUGV. 3 Supervisora da Residência em Cirurgia Geral e chefe do Serviço de Cirurgia Abdominal do HUGV. 4 Médico assistencial do Serviço de Cirurgia Geral do HUGV. 5 Supervisor da Residência de Cirurgia Digestiva do HUGV. 6 Professor do Departamento de Clínica Cirúrgica da FMUFAM. Introdução: O tumor cístico do pâncreas (TCP) é relativamente raro e possui diagnóstico diferencial difícil, entretanto tem se tornando mais importante pelo seu diagnóstico incidental frequente nos exames de imagem.1 Tornando-se assim necessário maior conhecimento por parte dos médicos sobre a patologia. Metodologia: Foram consultados artigos indexados no portal de periódicos Capes, no período de 2005 a 2013. A palavra-chave utilizada para a pesquisa foi “neoplasia cística do pâncreas”. Resultados: Foram encontrados mais de 4.800 artigos referentes ao assunto com a palavra-chave utilizada. Discussão: Os TCPs são cada vez mais diagnosticados em pacientes assintomáticos que realizam exames de imagem por outras indicações.2 Existem diversos tipos histológicos de TCP, sendo que somente os métodos de imagem não são suficientemente fidedignos para distinguir entre as lesões císticas existentes.2 A grande maioria deles é de comportamento benigno, mas alguns possuem associação com cânceres invasivos ou tendem à malignização.1 Os exames diagnósticos mais utilizados são a tomografia computadorizada e a ressonância nuclear magnética, sendo que a ultrassonografia endoscópica tem sido adicionada ao arsenal diagnóstico com bons resultados.3 O manejo cirúrgico atual dos TCPs tem sido adaptado de acordo com riscobenefício da ressecção, sendo ressecado se os riscos assim o permitem.3 Conclusão: O aumento dos diagnósticos incidentais associados ao risco de malignização do tumor cístico pancreático nos leva à necessidade de um maior conhecimento da patologia e das possibilidades terapêuticas atuais. Palavras-chave: Tumor Cístico do Pâncreas; Relato de Caso; Revisão de Literatura. Ferimento de Artéria Carótida Comum Esquerda em Região Torácica Secundário a Traumatismo Cervical por Arma Branca: Relato de Caso DA COSTA, C.E.A.1,2; AMANAJÁS, A.M.S.2; CHRISTO, B.I.G.A3; MEDEIROS, B.G.3; LOPES, K.G.A.3 1 Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus/AM. 2 Hospital Pronto-Socorro João Lúcio Pereira Machado, Manaus/AM. 3 Universidade Federal do Amazonas, Manaus/AM. Introdução: Os ferimentos cervicais penetrantes representam 10% dos traumatismos em adultos. São potencialmente fatais e demandam tratamento de emergência pela presença de diversas estruturas vitais na região, apresentando mortalidade entre 3 e 17%. Objetivo: Relatar caso sobre traumatismo cervical penetrante com lesão isolada de artéria carótida comum (ACC) esquerda em região torácica. Relato de Caso: Paciente do sexo masculino, 28 anos, vítima de traumatismo cervical por arma branca, foi admitido com sinais de choque hipovolêmico, hematoma cervical pulsátil e murmúrio vesicular abolido em hemitórax à esquerda. A abordagem inicial consistiu em obtenção de via aérea definitiva, drenagem de tórax em selo d’água com débito de 800 ml de sangue e reposição volêmica. Após estabilização hemodinâmica solicitou-se Tomografia Computadorizada (TC), que evidenciou ruptura parcial de ACC esquerda próximo à fúrcula esternal com hematoma adjacente. A conduta cirúrgica consistiu em esternotomia mediana com extensão | 129 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 cervical esquerda, evidenciando secção parcial de ACC esquerda a um centímetro do arco aórtico. O tratamento realizado foi anastomose término-terminal. O paciente obteve evolução favorável sem sequelas. Discussão: As lesões em ACC esquerda são raras e frequentemente apresentam lesões em órgãos adjacentes. O diagnóstico é clínico, com auxílio de exames de imagem na confirmação e no planejamento cirúrgico. A intervenção é divergente na literatura, alguns estudos a recomendam em todos os ferimentos com comprometimento do músculo platisma e outros a preconizam em casos selecionados. Conclusão: Os pacientes com lesão em ACC devem ser submetidos ao Protocolo ATLS® com manutenção de vias aéreas diante de hematoma extenso. Apendicite Aguda Associada à Hérnia de Amyand: uma Apresentação Incomum DA COSTA, C.E.A.1; MELO, A.A.1; CHRISTO, B.I.G.A.2; MEDEIROS, B. G.2; LOPES, K.G.A.2 1 Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus/AM, Brasil. 2 Universidade Federal do Amazonas, Manaus/AM, Brasil. Introdução: Denomina-se Hérnia de Amyand quando o conteúdo herniário contém apêndice vermiforme, podendo ou não apresentar sinais flogísticos. Objetivo: Relatar caso clínico de Hérnia de Amyand com apendicite. Relato de Caso: Paciente do sexo masculino, 22 anos, procurou atendimento médico com queixa de dor abdominal localizada em fossa ilíaca e região inguinal à direita havia um dia. Evoluiu nas oito horas subsequentes com vômitos, distensão abdominal e parada de eliminação de fezes e flatos. Ao exame, observou-se abdome tenso com ruídos hidroaéreos aumentados, dor à palpação com sinais de irritação peritoneal, presença de hérnia inguinoescrotal com sinais de estrangulamento. Solicitou-se rotina para abdome agudo, a qual apresentou sinais de obstrução intestinal. A conduta consistiu em inguinotomia à direita e, no ato cirúrgico, evidenciou-se apêndice com sinais flogísticos aderido ao saco herniário. Realizou-se apendicectomia e hernioplastia pela Técnica de Bassini. O paciente obteve evolução favorável sem complicações. Discussão: A Hérnia de Amyand é encontrada em aproximadamente 1% dos casos de hérnia inguinal, quando o apêndice encontra-se normal, e 0,08 a 0,13% quando acompanhada por apendicite. Na maioria dos casos, é diagnosticada no ato cirúrgico pelo fato de os exames de imagem não fazerem parte da rotina de alguns serviços em casos de abdome agudo ou não estarem disponíveis. Conclusão: Hérnia de Amyand constitui uma entidade rara a qual pode simular uma hérnia encarcerada, torção testicular e epididimo-orquite, representando um importante diagnóstico diferencial. O diagnóstico precoce, por meio de exame clínico e auxílio de exames complementares, contribui para a sobrevida dos pacientes. | 130 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Traumatismo Toracoabdominal com Transfixação Gástrica e Pancreática e Explosão de Polo Inferior do Rim Esquerdo: Relato de Caso DA COSTA, C.E.A.1,2; CHRISTO, B.I.G.A.3; MEDEIROS, B.G.3; LOPES, K. G. A.3 1 Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus/AM. 2 Hospital Pronto-Socorro João Lúcio Pereira Machado, Manaus/AM. 3 Universidade Federal do Amazonas, Manaus/AM. Introdução: O Traumatismo Toracoabdominal corresponde ao acometimento do tórax entre o quarto espaço intercostal anterior, o sexto espaço intercostal lateral e o sétimo espaço intercostal posterior, bem como os limites inferiores dos hipocôndrios do abdome. Objetivo: Relatar caso de uma vítima de traumatismo toracoabdominal. Relato de Caso: Paciente do sexo masculino, 50 anos, vítima de ferimento por arma de fogo no quinto espaço intercostal em hemitórax à direita, foi admitido em choque hipovolêmico, dreno de tórax à direita e dor abdominal difusa mais intensa em hipocôndrio direito. A conduta inicial consistiu em monitorização, cateter nasal, reposição volêmica, sondagem vesical, com evidência de hematúria macroscópica e realização de radiografia de tórax e abdome, que evidenciou imagem sugestiva de dois fragmentos do projétil, cujo trajeto cruzava a linha mediana. Durante procedimento cirúrgico, evidenciou-se lesão em hemicúpula diafragmática à direita e lobo hepático esquerdo, ferimento transfixante de estômago, lesão de pâncreas, em jejuno em nível do ligamento de Treitz e polo inferior de rim esquerdo com acometimento da junção pielo-uretral. A conduta cirúrgica consistiu em síntese dos ferimentos e nefrectomia parcial à esquerda com pieloplastia. O paciente obteve evolução favorável sem complicações. Discussão: Os traumatismos toracoabdominais correspondem de 10 a 28% dos casos dos ferimentos torácicos por projétil e associam-se à lesão de múltiplos órgãos. O diagnóstico é realizado por meio da combinação de achados ao exame clínico e exames complementares. Conclusão: O atendimento conforme o Protocolo do ATLS® é essencial para a sobrevida dos pacientes vítimas de ferimentos na transição toracoabdominal. Relato de Caso: Tumor de Pulmão e Schwannoma Apresentados Simultaneamente WESTPHAL, F.L.¹; DE LIMA, L.C.¹; LIMA NETTO, J.C.²; TAVARES, M.A.³; GIL, F.S.M.4; CARDOSO, R.A.M.4; SOARES, P.I.L.4 1 Professor-adjunto do Departamento de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Getúlio Vargas, 2 Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Getúlio Vargas, 3 Professor concursado de Radiologia do Departamento de Clínica Médica na Universidade Federal do Amazonas, 4 Acadêmico do Curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas, Manaus/AM. Manaus/AM. Manaus/AM. Manaus/AM. Introdução: Exames de imagem costumam ter um papel importante no estadiamento das neoplasias pulmonares, tanto na avaliação do fator T quanto do fator N da classificação TNM. Entretanto, a utilização do PetScan no estudo da neoplasia pulmonar pode induzir a resultados falso-negativos, tais como na presença de hiperglicemia descompensada, lesões pequenas e lesões de baixa atividade metabólica. Objetivos: Relatar o caso de paciente que apresentava um schwannoma de manifestação inconclusiva ao exame de imagem, pela variação de captação de FDG. Método: Revisão de literatura e verificação de prontuário. Resultados: O exame de PetScan revelou uma lesão paramediastinal sólida em lobo superior direito, de contornos lobulados, medindo 3,0 x 2,4 cm e SUV de 12,2. Essa lesão determinava oclusão do brônquio para o lobo superior direito, sendo assim responsável pela atelectasia. Ademais, o exame indicava a presença de uma massa sugestiva de linfonodomegalia no mediastino superior, à direita, com cerca de 2,0 cm e SUV de 3,8. Conclusão: O PET-CT foi introduzido e desenvolvido como uma modalidade integrada para estadiamento nodal acurado e detecção de lesões metastáticas de corpo inteiro. Uma vez que a absorção de FDG pelos schwannomas é amplamente variável, dificultando a diferenciação destes | 131 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 apenas por meio de imagens, os achados do Pet-Scan no estudo de massas pulmonares devem ser analisados com cuidado e os linfonodos com SUV alto, biopsiados, para evitar um diagnóstico ou estadiamento errôneo e os efeitos de resultado falso positivo. Fasceíte Necrotizante Causada por Abscesso e Fístula Perirretal: Relato de Caso BICALHO, N.P.D.¹; RABELO, A.L.D.¹; GIMENEZ, L.¹; FROES JÚNIOR, M.2; GIMENEZ, F.S.2 1 Discente do Curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas. 2 Professor do Departamento de Clínica Cirúrgica da FMUFAM. Introdução: Os abscessos e fístulas anais são as principais supurações da região perianal que acometem mais homens entre a quarta e sexta décadas de vida. Uma de suas complicações é a fasceíte necrotizante perianal (FNP), uma infecção rara e grave que se espalha rapidamente pelo corpo, com alta mortalidade (67%), sendo crucial seu diagnóstico precoce e o debridamento cirúrgico. Objetivo: Descrever caso de abscesso perirretal, evoluindo com fasceíte necrotizante de parede abdominal e retroperitôneo. Metodologia: Estudo baseado no prontuário da paciente e revisão bibliográfica. Relato de Caso: BOP, mulher, 16 anos, admitida no Pronto-Socorro 28 de Agosto no dia 28 de julho de 2013, transferida de Parintins após apendicectomia incidental cujo inventário relatou abscesso retroperitoneal. Evoluiu com infecção de ferida operatória e foi encontrado abscesso perineal. Realizada hidratação, analgesia, antibioticoterapia e encaminhada para limpeza cirúrgica. Nesse procedimento foram evidenciados infecção e necrose do tecido celular subcutâneo e fáscia, e também de músculo reto abdominal; coleção purulenta em espaço retroperitoneal, além de ferimento em glúteo esquerdo com trajeto fistuloso para cavidade retroperitoneal, caracterizando fístula perianal posterior complexa. Seu tratamento constou de seis limpezas cirúrgicas de cavidade abdominal e da fístula perianal e colostomia à Hartmann de proteção. Atualmente com boa evolução em CTI. Conclusão: Apesar de a FNP por abscesso e fístula do canal anal ser mais comum em pacientes imunodeprimidos, ela pode acometer pacientes imunocompetentes caso o processo inflamatório-supurativo persista por um longo período, causando comprometimento à vida; por isso a importância do diagnóstico e tratamento precoces. | 132 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 A Triagem Nutricional – NRS 2002 em Pacientes de Cirurgia Eletiva NAKAJIMA, G.S.1; GARCIA, E.M.2; MONTENEGRO, V.E.P.3; PEREIRA, Z.R. F.4; SILVA, M.C.C.5; FERREIRA, J.C.S.6; DOS SANTOS, M.L.A.7; DE SOUZA, M.S. Q.8 1 Médico-coordenador da CMTNEP/HUGV. 2 Nutricionista da Clínica Cirúrgica e membro da CMTNEP/HUGV. 3 Médico residente da Clínica Cirúrgica/HUGV. 4 Nutricionista da Clínica Ortopédica e membro da CMTNEP/HUGV. 5 Bióloga, coordenadora técnica/Adm. da CMTNEP/HUGV. 6,7 Nutricionistas voluntárias da Clínica Cirúrgica/HUGV. 8 Acadêmica de Graduação em Nutrição/Uninorte. Introdução: A triagem nutricional identifica fatores de risco para desnutrição e de apresentar complicações relacionadas a ela no pré e pós-operatório. Ressalta-se que a triagem nutricional refere-se apenas a detectar a presença de risco de desnutrição ou clinicamente desnutridos. É aplicada a um grupo (por exemplo, todos os pacientes que serão internados num determinado serviço de saúde) para identificar aqueles que estão em risco nutricional. Objetivo: Aplicação da Triagem de Risco Nutricional (NRS-2002) nos pacientes admitidos na clínica de cirurgia eletiva/ HUGV. Metodologia: Foi desenvolvido estudo transversal e quantitativo no período de janeiro a junho de 2013 com n = 907 (triados) pacientes admitidos na clínica cirúrgica/HUGV. Foi utilizado como instrumento de triagem na admissão a NRS-2002 e como instrumento de avaliação antropométrica o IMC com ponto de corte diferenciado para adultos (18 a 59) e idosos (>60 anos). Resultados: Dos pacientes que realizaram triagem nutricional foram 59% (feminino) e 48% (masculino), 73% adultos e 27% idosos. No Escore da NRS-2002, 2% (22) dos pacientes apresentaram risco nutricional. Quando avaliados pelo IMC foi observado que na população de idoso ocorreu maior incidência de baixo peso com IMC <20,5 (11%) enquanto que na população adulta observou-se a maior incidência de sobrepeso e obesidade com IMC >25 (71%). Conclusão: A ferramenta utilizada para triagem de risco nutricional mostrou que os pacientes da cirurgia eletiva não apresentaram alto índice de risco nutricional para desnutrição no pré-operatório, sugerindo que índices elevados de risco nutricional, mostrados pelas literaturas, podem estar relacionados à desnutrição no manejo nutricional do paciente no pós-operatório. Tratamento de Resíduos Sólidos do Hospital Universitário Getúlio Vargas CABUS, M.C.V.1; BASTOS, L.M.2; BEZERRA, N.M.S.2; ARAÚJO, M.E.A.3 1 Técnica de Enfermagem. Executora do Plano de Gerenciamento de Resíduos do Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus/AM. 2 Farmacêutica da Gerência de Risco Sanitário Hospitalar do Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus/AM. 3 Gerente de Risco do Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus/AM. E-mail: [email protected] Introdução: O Plano de Gerenciamento de Resíduos do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) foi implantado em 2011 atendendo à RDC n.º 306/2004/Anvisa. Nesse contexto, funcionários foram capacitados para adequado manejo dos resíduos gerados e foi estruturada a Central de Tratamento de Resíduos (CTR), equipada com balança, autoclave e triturador. Objetivo: Apresentar os dados de geração e tratamento dos resíduos sólidos do HUGV no ano de 2012. Método: Os resíduos gerados foram separados nos locais de geração, pesados e tratados na CTR por meio de inativação térmica e descaracterização (biológicos e perfurocortantes). Os resíduos comuns foram segregados e destinados à reciclagem. Resultados: Foram gerados 6.461,22 kg de resíduos biológicos (grupo A), 1.189,2 kg de perfurocortante (grupo E) e 53.854,7 kg de resíduos comuns (grupo D). 100% dos perfurocortantes e 65% (4.203,5 kg) dos biológicos foram tratados por meio de autoclavagem e descaracterização. Dos resíduos comuns, 23,5% foram triados como | 133 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 recicláveis (papel, papelão, plástico e óleo) e destinados à associação de catadores. Conclusão: Considerando que o tratamento por inativação térmica e descaracterização transforma os resíduos infectantes em resíduos comuns e que a reciclagem diminui o quantitativo de resíduo destinado ao aterro sanitário, conclui-se que o HUGV tem contribuído para proteção da saúde da comunidade e do meio ambiente. No entanto, faz-se necessário buscar o tratamento de 100% dos resíduos biológicos e ampliar a reciclagem de resíduos comuns, tais como metais, vidros e orgânicos. Nesse sentido, a sensibilização pela educação permanente e continuada é de fundamental importância. Relato de Caso: Tratamento Ambulatorial de Fissura Anal BATISTA, C.M.V.1; DA SILVA, A.B.1; FIGUEIREDO, L.A.1; MONTEIRO, L.S.1; RIBEIRO, T.J.A.1; NAKAJIMA, G.S.2 1. Acadêmico de Medicina E-mail: [email protected] 2. Professor da Universidade Federal do Amazonas Introdução: O tratamento da fissura anal é baseado na combinação de analgésicos e anestésicos locais, banhos de assento e agentes formadores do bolo fecal. Caso Clínico: FAL, 39 anos, branco, sexo masculino. Queixa de dor à evacuação e episódios esporádicos de hematoquezia. Sem melhora, apesar de automedicação tópica anti-inflamatória. Ao Exame Físico: Úlcera profunda de canal anal e esfíncter hipertônico. Conduta Clínica em Novembro de 2011: Uso de Diltiazen, Proctyl e Plantabem. Paciente retorna em dezembro de 2011, assintomático e sem fissura anal. Objetivos: Avaliar a eficácia dos medicamentos usados no caso clínico. Objetivos Específicos: Explanar sobre as principais condutas indicadas para o tratamento de fissura anal. Métodos: Realizou-se revisão sistemática nos bancos de dados eletrônicos do Up to date. As seguintes palavras foram utilizadas: “fissura anal”, “esfincterectomia”. Foi realizada uma metanálise de cinco artigos de abordagem quantitativa. Resultados: Drogas bloqueadoras dos canais de cálcio reduzem o tônus do esfíncter interno do ânus, atenuando a contração. Dos artigos avaliados, um relata cicatrização com o uso de diltiazem em 40% dos casos, noutro artigo se constatou cicatrização em 65% dos casos. O Plantaben® restabelece o trânsito intestinal e reduz o tempo de permanência do conteúdo fecal, demonstrando alto índice de eficiência quando usado em associação com os bloqueadores dos canais de cálcio. Já o Proctyl, cloridrato de chinchocaína, demonstrou eficácia ao reduzir a dor e prurido e consequentemente o sangramento traumático. Conclusão: A utilização concomitante de bloqueadores de canais de cálcio, formadores de bolo fecal e anestésico local, se mostrou eficaz. | 134 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013 Educação em Saúde: uma Intervenção Multiprofissional com um Grupo de Diabéticos FROTA, G.A.1; PAZ, A.S.1; DE ANDRADE, A.K.P.1; DA SILVA, B.L.F.1; REBOUÇAS, B.O.1; Giuliana Arie, Marlessa Vidal.² 1 Residentes da Residência Multiprofissional em Saúde – Universidade Federal do Amazonas, Manaus/AM. 2 Preceptora da Residência Multiprofissional em Saúde – Universidade Federal do Amazonas, Manaus/AM. Introdução: O diabetes mellitus está relacionado a graves complicações crônicas e à redução da expectativa de vida, portanto o cuidado com o paciente diabético merece atenção multiprofissional na atenção primária. A mudança no estilo de vida e a educação em diabetes se destacam como um dos pilares do tratamento dessa doença. Objetivo: Ampliar o conhecimento dos pacientes diabéticos sobre sua doença, estimular a adoção de práticas saudáveis, desenvolver habilidades para o autocuidado que visem à melhoria da qualidade de vida e prevenção de complicações. Metodologia: Estudo descritivo visando à intervenção multiprofissional ao diabético tendo por base a técnica de Grupo Operativo de Pichon-Rivière. Os cinco encontros foram realizados no período de junho e julho de 2013 na Policlínica Ivone Lima, em Manaus/AM, e contou com a participação de oito pessoas. Nas reuniões trabalharam-se as seguintes temáticas: O que é a diabetes, alimentação, mudança no estilo de vida e cuidados com os pés. Ao final dos encontros foi aplicado questionário semiestruturado para avaliação do aprendizado dos participantes. Resultados: Por meio de questionário aplicado com os participantes foi possível sondar as informações que eles tinham antes do grupo, conhecimentos adquiridos durante os encontros e avaliação pessoal acerca das atividades. Os participantes foram unânimes em afirmar que as novas informações adquiridas são imprescindíveis para uma melhor qualidade de vida e controle da doença. Conclusão: A prática de educação em saúde por meio de grupo operativo compreende uma importante estratégia educativa para a promoção de saúde e inserção dos usuários na construção do conhecimento sobre saúde. Palavras-chave: Grupo Operativo; Educação em Diabetes; Equipe Multiprofissional. | 135 | revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.12. n.2 jul./dez. - 2013