Artigo 07

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Relato de Caso
Um raro caso de mioepitelioma maligno de palato duro
Malignant myoephitelioma of hard palate: a rare case
Resumo
Este artigo relata um caso raro de mioepitelioma maligno de palato
duro. Diagnosticado a partir de uma consulta na rede pública de
saúde, na qual foi examinado e evidenciado abaulamento em
palato duro, sendo suspeitado de tratar-se de lesão maligna
em topografia de palato duro. Os exames complementares
evidenciaram uma massa heterogênea, a qual foi posteriormente
ressecada e o exame anatomopatológico associado à
imunohistoquímica evidenciou tratar-se de um mioepitelioma
maligno ou carcinoma mioepitelial.
Descritores: Palato Duro; Mioepitelioma; Carcinoma.
INTRODUÇÃO
O objetivo deste artigo é relatar um caso raro de
carcinoma mioepitelial de palato duro. Esta é uma
patologia bastante rara, sendo responsável por menos de
2% dos carcinomas de glândulas salivares, e o sítio mais
comum são as glândulas salivares maiores, em especial,
a parótida.1 É mais comum em mulheres idosas.2 Mais
de 50% das lesões originam-se de lesões pré-malignas:
adenoma pleomórfico e mioepitelioma benigno.1 Se
caracteriza por invasão e destruição local, raramente
metastatiza3. O tratamento é basicamente cirúrgico,
podendo-se fazer uso da radioterapia adjuvante em caso
de margens cirúrgicas comprometidas.2
RELATO DE CASO
Paciente masculino, 40 anos, foi encaminhado a
um hospital oncológico de referência em Curtitiba, PR,
devido presença de tumoração em palato duro ao exame
Ivan Neutzling Ludtke 1
Gyl Henrique Albrecht Ramos 2
Paola Andre Galbiatti Pedruzzi 3
Mário Vinicius Anglete Avarez Bernades 4
Fernando Henrique de Oliveira Mauro 4
Juliana Jung 5
Abstract
This article reports a rare case of malignant hard palate
Myoepitheliomas. Diagnosed from a medical consultation in the
public health system, which has been examined and shown a
mass growing in the palate, with a suspicion that it was malignant
lesion in the hard palate topography. Complementary tests showed
a heterogeneous mass, which was subsequently resected and
histopathology associated with immunohistochemistry showed
that it was a malignant myoepithelioma or myoepithelial carcinoma.
Key words: Palate, Hard; Carcinoma; Pathology, Oral.
físico. Presença do abaulamento a direita do palato duro,
de aproximadamente 5 cm de diâmetro, ultrapassando
a linha média, com mucosa integra, indolor a palpação.
Sem linfonodomegalias cervicais palpáveis ao exame
físico. Tomografia de pescoço e seios da face evidenciou
massa heterogênea em topografia de palato duro
predominantemente a direita da linha medindo cerca de
4 cm causando erosão da maxila a direita e obliteração
do espaço mastigatório do mesmo lado. Realizou biópsia
da lesão, a qual evidenciou mucosa escamosa com
inflamação crônica discreta e fibrose acentuada. Frente
a biópsia negativa para malignidade, mas alta suspeita
clínica, optado por realizar biópsia com congelação no
centro cirúrgico, a qual evidenciou neoplasia pouco
diferenciada, sendo realizado no mesmo ato operatório
a ressecção da lesão com margens oncológicas por
via transoral, descolando a lesão do palato duro, junto
ao periósteo, e do assoalho da maxila a direita. Sem
evidência de invasão óssea no transoperatório. Deixado
a lesão cruenta e passado Sonda nasoentérica (SNE),
1)Cirurgião Geral. Médico Residente Cirurgia Oncológica.
2)Doutor. Chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Erasto Gaertner - Curitiba/PR.
3)Mestre. Médica Titular do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Erasto Gertner - Curitiba/PR.
4)Médico Residente de Cirurgia Oncológica do Hospital Erasto Gaertner - Curitiba/PR .
5)Doutora. Médica Patologista no Hospital Erasto Gaertner - Curitiba/PR.
Instituição: Hospital Erasto Gaertner.
Curutiba / PR – Brasil.
Correspondência: Ivan Neutzling Ludtke - Rua Comendador Macedo, 324. Apto 201 - Centro – Curitiba / PR – Brasil – CEP: 80060-030 – E-mail: [email protected]
Artigo recebido em 08/02/2015; aceito para publicação em 21/01/2016; publicado online em 29/04/2016.
Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há.
Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.44, nº 4, p. 185-186, Outubro / Novembro / Dezembro 2015 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 185
Um raro caso de mioepitelioma maligno de palato duro. Figura 1. TC pré op evidenciando a lesão.
Ludtke et al.
Figura 2. TC pré op evidenciando a lesão.
paciente teve alta hospitalar no 2º dia de pós operatório
com a SNE, a qual foi retirada após 02 semanas, sendo
então liberado dieta VO. O exame anatomopatológico
evidenciou neoplasia pouco diferenciada com margens
livres e o diagnóstico definitivo venho através do exame
de imunihistoquímica, o qual evidenciou carcinoma
mioepitelial ou mioepitelioma maligno. O caso foi
discutido em reunião clínica do Serviço de Cirurgia de
Cabeça e pescoço, devido não haver evidências de
benefício em radioterapia adjuvante, foi optado por
seguimento. Paciente encontra-se no momento há mais
de 2 anos em seguimento sem evidência de recidiva
local.
DISCUSSÃO
O carcinoma mioepitelial é um tumor maligno de
glândulas salivares tanto maiores como menores.4 O
sinal clínico mais comum é o inchaço local, indolor.5
Sendo isto o que ocorreu com o paciente. Assim
com também ocorreu com o paciente, o diagnóstico
definitivo se dá pela imunohistoquímica.6 O tratamento é
basicamente cirúrgico, devendo-se fazer um exame de
imagem antes para melhor planejamento, uma vez que
deve-se sempre buscar uma margem de pelo menos 1
cm.7 O seguimento de um paciente que se tem registro
mais longo é de um paciente que teve um mioepitelioma
maligno no palato e foi tratado com cirurgia, apresentou
2 recidivas locais, também tratadas com cirurgia e após 9
anos de seguimento encontra-se sem sinais de recidiva.8
O paciente relatado neste caso apresenta-se com mais
de 02 anos de seguimento sem sinais de recidiva local
ou de metástase. Figura 3. TC pré op evidenciando a lesão.
CONCLUSÃO O mioepitelioma maligno já é por si só uma doença
rara, ainda mais quando se apresenta em outros sítios
que não as glândulas salivares maiores. Na literatura
há pouquíssimos casos de mioepitelioma de palato
duro e menos ainda de casos com seguimento por um
longo período de tempo. O tratamento é essencialmente
cirúrgico, mesmo em casos de recidiva local.
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186 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.44, nº 4, p. 185-186, Outubro / Novembro / Dezembro 2015
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