Untitled - Mente Vitoriosa

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Todos os direitos reservados a
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Capa
Massapê Comunicação
Diagramação
Claudio Braghini Jr.
Coordenação de Produção
Cecília Araújo
Produção e Revisão
Profº Herbert Santos
Pesquisa e digitação
Cristiane Cruz
Locução
Lina Fernandes
Operação de Áudio
Admilson Rufino da Silva
ISBN 85-99303-01-5
Capítulo 1 / Leitura, paráfrase,
denotação e conotação
Três requisitos são indispensáveis para ter um bom
desempenho na compreensão de textos: leitura constante,
vocabulário vasto e determinação. Então preste atenção nas
dicas a seguir porque elas vão ser úteis na preparação para
as provas do concurso.
Leitura: Mesmo se não gostar de ler, terá que se habituar.
A leitura facilita a compreensão do texto independentemente do estilo ou da forma. Acredite! Basta tentar entender,
vivenciar a história. Encare a leitura como uma viagem.
Desta forma, o aprendizado e a compreensão ficarão mais
simples. Comece lendo o que você gosta: gibi, revista de
fofoca, jornal, vale tudo para adquirir prazer na leitura.
Agora, você precisa enriquecer o seu vocabulário. Vamos
aprender como?
Enriquecendo o vocabulário: É também através da
leitura que você enriquece o seu vocabulário. A Língua
Portuguesa tem milhares de vocábulos e você precisa conhecer, pelo menos, uma parcela deles para poder se expressar. Um bom exercício é encontrar sinônimos para palavras já
Leitura, paráfrase, denotação e conotação / conhecidas. Fazer palavras cruzadas é divertido e também
ajuda. Nunca deixe de pesquisar o significado das expressões. Anote o vocábulo que você não conhece e procure a
definição no dicionário. Mas não esqueça: é fundamental
ter um bom vocabulário para entender e resolver as questões
de INTERPRETAÇÃO DE TEXTO.
Determinação: Esse é um requisito que livro nenhum
recomenda, mas é importantíssimo. Se você pretende dominar as técnicas de INTERPRETAÇÃO DE TEXTO,
deve ter em mente que sua vontade e determinação serão
fundamentais. Então não perca tempo! Seja perseverante!!! Como afirmamos no início do curso alguns assuntos da
nossa gramática são essenciais para que você consiga compreender e interpretar textos com mais facilidade. Vamos
relembrar? Então fique atento!
Paráfrase
PARÁFRASE: Significa desenvolver um texto com base
em um outro já existente mantendo as mesmas ideias do
original. Pode ser também uma tradução livre, que mantém
alguma fidelidade às ideias centrais. Existem várias formas
de PARAFRASEAR um texto. Você pode utilizar sinônimos, antônimos, mudar a voz do verbo ou alternar o termo
verbal pelo nominal. O enunciado pede, quase sempre, para
você encontrar a paráfrase correta. E agora que você já sabe
/ Interpretação
a definição do termo, vamos à prática. Preste atenção aos
exemplos de paráfrase:
Paráfrase com sinônimo:
Ex: A menina voltou para casa após o horário combinado
com a sua mãe.
A garota retornou a sua residência depois da hora marcada com a sua genitora.
Comentário: Percebeu como as palavras foram substituídas por sinônimos, mas o sentido da frase foi mantido
na íntegra?
Paráfrase com antônimo:
Ex: O garoto é desobediente e agitado.
O menino não é obediente nem tranquilo.
Comentário: Usamos palavras antônimas, ou seja, de
sentido contrário, para reescrever a frase de forma diferente,
mas mantendo o mesmo significado. Se o menino é desobediente e agitado, logo, não pode ser obediente e tranquilo.
Paráfrase com mudança na voz do verbo:
Ex: Luíza penteou os cabelos da sua irmã, Eduarda. – Frase na VOZ ATIVA.
Eduarda teve os cabelos penteados pela sua irmã Luíza.
– Frase na VOZ PASSIVA
Comentário: O verbo que estava na voz ativa ficou na
voz passiva, mas o sentido da frase permaneceu igual.
Leitura, paráfrase, denotação e conotação / Paráfrase com alternância do termo verbal e o nominal
Ex: É preciso que o grupo compreenda.
É preciso a compreensão do grupo.
Comentário: Basta trocar o termo verbal pelo nominal
para modificar a frase mantendo o sentido.
Denotação e conotação
Denotação: Na Língua Portuguesa, o sentido DENOTATIVO existe quando uma palavra ou expressão é empregada
mantendo o significado literal de sua definição. Ex: Eu voei
alto. Viajei para São Paulo a bordo de um avião Jumbo–737.
Comentário: O sentido real do termo: Voei alto, é literal
porque homens não têm asas, mas voam a bordo de aviões.
Ex: A orelha do burro estava machucada.
Comentário: O termo “orelha” significa o aparelho auditivo do animal, portanto, tem sentido real ou denotativo.
Conotação: No sentido CONOTATIVO, a palavra ou
expressão não corresponde ao sentido real do termo.
Ex: Eu voei alto, viajei nas páginas daquele romance.
Comentário: Nessa frase, os verbos “voei” e “viajei”
têm sentido conotativo. Pessoas não voam ou viajam em
páginas de livros.
A canção de Lulu Santos, “Gramática”, interpretada pelo
grupo “Paralamas do Sucesso” está cheia de conotações.
Ouça!!!
10 / Interpretação
“Assaltaram a gramática
Assassinaram a lógica
Meteram poesia na bagunça do dia–a–dia
Sequestraram a fonética
Violentaram a métrica.
Meteram poesia aonde devia e não devia”.
Leitura, paráfrase, denotação e conotação / 11
Capítulo 2 / Figuras de linguagem
FIGURAS DE LINGUAGEM: São desvios da norma
gramatical usados para dar mais expressão à linguagem.
As figuras podem ser: de palavras, de construção e de
pensamento.
FIGURAS DE PALAVRAS:
- Metáfora
- Metonímia
- Catacrese
- Antonomásia
- Sinestesia.
Os nomes podem ser bem esquisitos mas o significado é simples, você vai perceber.
METÁFORA: Figura em que uma palavra é usada
com o significado de outra para estabelecer uma relação
de comparação. Uma metáfora bem conhecida é: Minha
boca é um túmulo.
Comentário: A frase quer comunicar que a boca de
alguém está fechada ou lacrada como um túmulo. Ou seja,
minha boca está fechada. 12 / Interpretação
Ex: Dê asas à imaginação.
Comentário: Dar asas pressupõe liberar, soltar a
imaginação.
A metáfora é também muito presente nas músicas. Escute algumas na canção “Do Seu Lado”, cantada pela banda
Jota Quest e composta por Nando Reis.
“Pra perceber que olhar só pra dentro é o maior desperdício
O teu amor pode estar do seu lado
O amor é o calor que aquece a alma
O amor tem sabor pra quem bebe a sua água”
METONÍMIA: Ocorre quando há a troca de uma palavra por outra em virtude de haver algum tipo de relação
entre elas:
Ex: Ler Machado de Assis é sempre um prazer.
Comentário: Nesta frase o escritor Machado de Assis é
lembrado por suas obras. É o emprego do autor pela obra.
Ex: A mão que balança o berço.
Comentário: Aqui a mão é a parte que representa o
todo, ou seja, o indivíduo. Temos, então, um emprego de
parte pelo todo.
CATACRESE: Ocorre quando uma palavra ou expressão
é empregada de forma imprópria ou em lugar de outra que
não a substitua.
Figuras de linguagem / 13
Ex.: Cuidado para não quebrar a asa da xícara.
A menina sentou no braço do sofá.
Ex: Meu livro foi encontrado cheio de orelhas.
Comentário: Observe como asa da xícara, braço do
sofá e orelha do livro são expressões usadas por não haver
outras mais adequadas. Imagine as frases: “Cuidado ao segurar a parte lateral responsável pelo apoio do pequeno copo”
ou, ainda, “Meu livro possuía várias dobras indesejáveis
localizadas na parte superior direita ou esquerda da página.”
Sem comentários...
ANTONOMÁSIA: Ocorre quando substituímos o
nome próprio por alguma característica conhecida daquela
pessoa. Vamos citar alguns famosos:
Ex: O rei do cangaço espalhou o terror em todo o Sertão
nordestino.
Comentário: O rei do cangaço é Virgulino Ferreira,
também conhecido como Lampião.
Ex: A Veneza brasileira é uma cidade encantadora.
Comentário: a Veneza brasileira é Recife.
Ex: A rainha dos baixinhos se apresentou no Recife.
Comentário: A rainha é a apresentadora Xuxa.
SINESTESIA: Figura que reúne ou agrupa várias sensações dos órgãos dos sentidos. São elas: audição,visão, tato,
paladar e olfato. Fica fácil entender com o exemplo: Uma
voz doce e aveludada encanta até o espírito humano.
14 / Interpretação
Comentário: Nesta mesma frase temos a fusão dos
sentidos audição, paladar e tato.
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO: As principais são:
• Anáfora
• Aliteração
• Anacoluto
• Anástrofe
• Anadiplose
• Elipse
• Silepse
• Hipérbato
• Pleonasmo
• Polissíndeto
• Zeugma
Vamos aprender o significado das figuras de construção,
quando ocorrem e como identificá–las?
ANÁFORA: É a repetição da mesma palavra no começo
da frase. Normalmente ocorre em poemas.
Perceba que a palavra Você inicia todas as frases. Na música
“Olhos coloridos” de Sandra de Sá, ocorre anáfora. Escute!!!!!
“Você ri da minha roupa
Você ri do meu cabelo
Você ri da minha pele
Você ri do meu sorriso”
Figuras de linguagem / 15
ALITERAÇÃO: O rato roeu a roupa do rei de Roma.
Quem nunca ouviu esta frase? A consoante R está presente
em todas as palavras, por isso, ocorre uma aliteração, ou
seja, a repetição de consoantes na frase.
Outro exemplo: A pipa pinga, o pinto pia, quanto mais
a pipa pinga mais o pinto pia.
ANACOLUTO: Ocorre quando há um termo solto, sem
função sintática, na frase. Para identificar o anacoluto basta
retirar tal termo e verificar se a compreensão foi mantida.
Ex.: E a menina, para não passar a noite só, era melhor
que fosse dormir na casa de uns vizinhos.
Comentário: Se o termo E a menina fosse retirado da
oração, o entendimento seria o mesmo.
ANÁSTROFE: É a inversão da ordem natural dos termos
na frase. Isto é, inverter a posição dos termos determinante
e determinado na oração. Acompanhe o exemplo:
Ex.: Partiu para o mundo a jovem. Na ordem direta a
frase ficaria assim: A jovem partiu para o mundo.
ANADIPLOSE: É a repetição de palavras no fim de
uma frase e no início da próxima frase no mesmo texto.
Perceba como é simples identificar essa figura, tomando,
por exemplo, um texto de Gregório de Matos.
Ofendi–vos, meu Deus, é bem verdade,
Verdade é, meu Senhor, que hei delinquido,
16 / Interpretação
Delinquido vos tenho, e ofendido;
Ofendido vos tem minha maldade.
ELIPSE: Consiste em omitir um termo que está subentendido na frase. Analise os exemplos:
Ex: Gosto de sorvete.
Comentário: Fica implícito que Eu gosto de sorvete.
Ex.: Muitas pessoas têm hábitos de leitura, mas
outras não.
Comentário: Observe que o termo têm hábitos de
leitura fica subentendido na segunda oração.
SILEPSE: Figura em que a concordância é feita com
ideias pressupostas na frase e não com o termo impresso. A
Silepse pode ser de gênero, número ou de pessoa.
Silepse de Gênero: Ex.: Vossa Majestade está irritado.
Comentário: A concordância certa seria: está irritada
já que Vossa Majestade é do gênero feminino, mas subentende–se que estamos falando de um homem.
Silepse de Número: Ex.: A equipe chegou atrasada e
falavam em tom elevado.
Comentário: O correto seria concordar o verbo falar
com equipe, mas fica subentendido que uma equipe é composta por várias pessoas, por isso, o verbo vai ao plural.
Figuras de linguagem / 17
Silepse de Pessoas: Ex.: Os Pernambucanos somos
batalhadores.
Comentário: Fica implícito que NÓS (os Pernambucanos) somos batalhadores.
HIPÉRBATO: É a inversão mais acentuada de palavras
na frase. Cuidado para não confundir com anástrofe, que é
uma forma variante do hipérbato, onde a inversão é apenas
entre o termo determinante e determinado. Nem sempre é
fácil distinguir anástrofe de hipérbato. Mas, vamos entender
com o exemplo:
Ex: Letras felizes de músicas emocionam, ou ainda,
Músicas de letras felizes emocionam.
Comentário: Na ordem direta a frase seria: Músicas de
letras felizes emocionam.
Ouça a canção “Qualquer coisa” de Caetano Veloso e
perceba esta figura de construção:
“Esse papo já tá qualquer coisa
Você já tá pra lá de Marrakesh
Mexe qualquer coisa dentro, doida
Já qualquer coisa doida dentro mexe
Não se avexe não baião de dois deixe de manha,
deixe de manha...”
PLEONASMO: É a repetição desnecessária de palavras
ou expressões para enfatizar, reforçar uma ideia. Confira
os exemplos:
18 / Interpretação
Ex.: Ambos os dois chegaram cansados.
Comentário: A ideia de ambos já define que se trata de
dois referentes.
Ex: Eu a vi com os olhos que a terra há de comer.
Comentário: Imagina como nós veríamos algo se não
fosse com os olhos?
POLISSÍNDETO: Ocorre quando há repetição da
conjunção aditiva “e” ou de outra conjunção coordenativa
entre as orações coordenadas.
Ex.: E corre e escolhe e paga no caixa os produtos que
consegue adquirir nas liquidações.
Comentário: Perceba a presença constante da conjunção
aditiva “e”.
ZEUGMA: É um tipo de elipse. É a omissão de um
termo já enunciado anteriormente que pode ser facilmente
identificado. Siga o exemplo de zeugma.
Ex.: Luíza e Eduarda estudam em colégio particular e
Roberta em escola pública.
Comentário: O verbo estudar expresso na primeira
oraçãofica implícito na segunda.
Figuras de Pensamento: Agora que você já aprendeu
a identificar as figuras de palavras e de construção vamos
estudar as figuras de pensamento. Vamos à lista:
• Antítese
• Ironia
Figuras de linguagem / 19
• Apóstrofe
• Eufemismo
• Hipérbole
• Paradoxo
• Prosopopeia
• Onomatopeia
As figuras de pensamento são de mais fácil compreensão porque usamos habitualmente. Então, vamos
conhecê–las?
ANTÍTESE: Consiste na oposição de ideias ou palavras.
A música de Lulu Santos, “Certas Coisas”, é repleta de antítese. Ouça a letra da canção:
“...Nós somos medo e desejo
Somos feitos de silêncio e sons”,
“Têm certas coisas que eu não sei dizer”.
APÓSTROFE: É um chamamento, uma invocação
a seres reais ou imaginários. Corresponde ao vocativo na
análise sintática. Acompanhe os exemplos:
Ex.: Virgem Maria, rogai por nós.
Amarga tristeza, desapareça de minha vida!
Onomatopeia: Figura em que o som da palavra ou de
uma sequência lembra o significado da própria palavra.
20 / Interpretação
Ex: O relógio faz tic–tac.
Chove, chuva, está chovendo. Ouça agora o refrão de
“Chove Chuva” na interpretação da banda Biquíni Cavadão.
“Chove chuva, chove sem parar
Chove chuva, chove sem parar
Chove, chove, chove
Chove chuva, chove sem parar”
EUFEMISMO: Ocorre quando tentamos amenizar o
impacto de uma expressão desagradável. Ouça como é possível tratar de assuntos desagradáveis de forma delicada.
Ex.: Você não falou a verdade
Comentário: A afirmação de que alguém mentiu foi
atenuada pela construção da frase.
Ex.: Você esqueceu de usar o desodorante.
Comentário: Em outras palavras a frase quer dizer que
alguém está cheirando mal.
Prosopopeia: Consiste em dar qualidades animadas a serem inanimados, sem vida. É comum ocorrer em
piadas e estórias infantis.
Ex.: Você sabe o que o café disse para a colher? Você
mexe comigo.
O espelho mágico disse à rainha que Branca de Neve
era a mais bela de todas. Figuras de linguagem / 21
A canção “De repente, Califórnia” de Lulu Santos traz
vários exemplos de personificação. Observe:
“O vento beija meus cabelos
As ondas lambem minhas pernas
O sol abraça o meu corpo
Meu coração canta feliz...”
HIPÉRBOLE: É o contrário do Eufemismo. Consiste
em exagerar na expressão de uma ideia. Aprenda com
os exemplos:
Estou morrendo de tristeza por ter que partir.
Comentário: O exagero está na ideia de morrer de
tristeza por ter que partir.
Meu amor por você é maior do que o universo.
Comentário: O excesso vem da dimensão exagerada
expressa no termo “do tamanho do universo”. Acompanhe
um trecho da música “Exagerado”, de Cazuza.
“Eu nunca mais vou respirar
Se você não me notar
Eu posso até morrer de fome
Se você não me amar...”
IRONIA: Ocorre quando a frase tem um significado
contrário do que se pensa. Muitas vezes somos irônicos
quando tentamos agradar a terceiros. Imagine que você
22 / Interpretação
encontrou na rua um amigo obeso que engorda a cada dia
e diz a ele:
Ex.: “Nossa! Você está mais magro”
Comentário: É uma ironia porque a afirmação contradiz
o que estamos pensando.
PARADOXO: É a figura que comporta duas ideias
opostas simultaneamente. A música de Herbert Vianna “A
Novidade” traz vários paradoxos. Acompanhe:
“A novidade era o máximo
do paradoxo estendido na areia
Alguns a desejar seus beijos de deusa
Outros a desejar seu rabo pra ceia.
A novidade era guerra entre
o feliz poeta e o esfomiado
Estraçalhando uma sereia bonita,
despedaçando o sonho para cada lado”.
Figuras de linguagem / 23
Capítulo 3 / Vícios de linguagem
e significado das palavras
VÍCIOS DE LINGUAGEM: São desvios da norma
culta provocados por descuido ou por ignorância de quem
fala ou escreve. Vamos conhecê–los um a um:
BARBARISMO: Ocorre quando há desvio da norma
gramatical. Eles podem ser :
Barbarismo de Grafia: Ocorre quando escrevemos uma
expressão de forma errada. Comentário: A palavra Xuxu escrita com dois X tem o
mesmo som de Chuchu escrita da forma correta com dois CH.
Mas é barbarismo de grafia escrever Chuchu com “X”.
Barbarismo de Pronúncia: Quando pronunciamos
erradamente. Um exemplo muito conhecido é a palavra
“rubrica”. Muitos a pronunciam rúbrica.
Barbarismo de Morfologia: Quando a forma está
escrita erradamente.
Ex.: O jornalista intermedia o debate político. O correto
seria: O jornalista intermedeia o debate político.
24 / Interpretação
Barbarismo de Semântica: Ocorre quando há erro no
sentido das palavras.
Ex: Não comer peixe que tem espinho. O correto
seria: espinha.
É a cara do pai cuspida e escarrada. A expressão certa é:
esculpida e encarnada.
ATENÇÃO: Todas as formas de estrangeirismo
também constituem barbarismos. O estrangeirismo
ocorre quando usamos palavras de outras línguas
que não o português.
Vamos conhecer agora um outro vício de linguagem.
SOLECISMO: É o nome dado às construções que
transgridem as normas de sintaxe, que podem ser dos
seguintes tipos:
a) de concordância: Observe os exemplos:
Haviam pessoas na sala;
A turma gostaram da festa;
Quem fez isso fui eu.
b) de regência:
Obedeça o chefe;
Assistir o programa;
Ter ódio do mundo.
Vícios de linguagem e significado das palavras / 25
c) de colocação:
Verei–te amanhã;
Não olhei–te;
Propor–vos–íamos.
ARCAÍSMO: É o uso de palavras que já caíram em desuso. Ex: Colóquio amoroso. Significava flerte ou namoro.
PRECIOSISMO: É o uso de um vocabulário muito
rebuscado. Ex: “Baixar a inflação? Isso é colóquio flácido
para acalentar bovino”. Significa o mesmo que dizer “isso
é conversa mole para boi dormir”. NEOLOGISMO: São palavras novas que obedecem às
normas gramaticais, mas ainda não foram incorporadas ao
nosso idioma.
Ex.: O técnico da seleção brasileira se considera imexível.
Comentário: a palavra “imexível” é um neologismo.
A canção “Pela Internet” de Gilberto Gil é um bom
exemplo do uso de neologismos. Ouça a letra!
“Com quantos gigabytes
Se faz uma jangada
Um barco que veleje
Que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
26 / Interpretação
Que leve um oriki do meu velho orixá
Ao porto de um disquete de um micro em Taité...”
AMBIGUIDADE: É quando a mesma frase permite
mais de uma interpretação. Apresenta dois ou mais sentidos.
Acompanhe o exemplo.
Ex.: Um homem disse ao outro que sua mulher havia
morrido.
Comentário: Quem ficou desesperado com a notícia?
Não é possível saber ao certo, pois a frase pode ser interpretada de duas formas. O pronome possessivo “sua” é o
responsável pela ambiguidade porque não esclarece de
quem é a mulher falecida. Se do homem que falou ou se
do homem que ouviu a notícia. CACÓFATO: Ocorre quando há junção de duas sílabas
que criam um sentido ridículo, inconveniente ou descabido.
Ex.: Vou–me já.
Comentário: A frase quer dizer: “Vou agora”, mas soa
como “vou urinar”.
Ex.: Uma vez passada que comi no restaurante foi
muito boa.
Comentário: Neste exemplo percebe–se a ideia de que
alguém foi a um restaurante comer vespa assada.
PLEONASMO VICIOSO OU TAUTOLOGIA: Observe os exemplos a seguir e tire as suas conclusões sobre
Vícios de linguagem e significado das palavras / 27
este vício de linguagem: descer para baixo, subir para cima,
sair para fora, hemorragia de sangue, novidade inédita, repetir
outra vez, exultar de alegria, conviver juntos, inventar novidades, adiar para depois e panorama geral.
ECO: É o uso de fonemas iguais. Uma frase usada como
slogan de final de ano da Rede Globo dizia: “Tente, invente,
faça um ano novo diferente”.
Significado das palavras
Como já dissemos, a Língua Portuguesa é muito extensa.
Há palavras que são escritas com a mesma grafia, outras têm
o mesmo som, algumas têm grafia e som iguais com significados diferentes. Enfim, para não confundir sua cabeça
vamos conhecer as palavras e seus significados. As palavras
são classificadas em parônimos e homônimos.
PALAVRAS HOMÔNIMAS: Possuem a mesma pronúncia ou grafia, mas significados diferentes. As homônimas
podem ser:
Homônimos Homófonos: Apresentam pronúncia
e som iguais, com grafia e significado diferentes. Vamos
acompanhar alguns exemplos:
A palavra acender escrita com a letra C significa pôr
fogo. Já ascender escrita com SC significa subir.
28 / Interpretação
Ex.: O mesmo acontece com a palavra censo. Se for
escrito com C significa recenseamento. Enquanto senso
com S quer dizer entendimento, juízo.
Homônimos Homógrafos: Têm a mesma grafia com
pronúncia diferente e significados diversos. Acompanhe
as frases:
Ex.: Pelo amor de Deus faça o que eu peço.
O pelo encravado no meu sinal cresce rápido.
Ainda existem os homônimos homófonos e homógrafos: Mais conhecidos como homônimos perfeitos, são
palavras escritas e pronunciadas de forma igual. Só o significado difere. A palavra: pena é um homônimo perfeito.
Entenda com alguns exemplos:
Ex.: A Pena de galinha tem cheiro desagradável.
Tenho pena daquela pobre menina rica.
Outros exemplos são estes:
Bucho(ch): estômago // buxo(x): arbusto
Cela (c): quarto pequeno // sela(s): arreio
Coser (s): costurar // cozer(z): cozinhar
Concerto (c): sessão musical // conserto(s): reparo
Cito (c): do verbo citar // sito(s): situado
Laço(ç): nó // lasso (ss): frouxo
Taxa (x): imposto // tacha (ch): tipo de prego
Espiar (s): olhar // expiar (x): sofrer, purgar
Vícios de linguagem e significado das palavras / 29
Incerto (c): duvidoso // inserto (s): inserido, dentro de
Cheque (ch): ordem de pagamento // Xeque (x): lance
do jogo de xadrez.
PALAVRAS PARÔNIMAS: São apenas parecidas, mas
têm grafia, pronúncia e significado diferentes. Acompanhe
os exemplos:
A palavra arrear (com “e” e “a”) significa pôr arreios. Já
a palavra arriar (com “i” e “a”) significa descer, cair.
Imergir (com i) significa afundar. E, emergir (com e)
significa vir à tona.
Acompanhe outros exemplos:
Absolver (l): perdoar, inocentar // Absorver (r): aspirar, sorver.
Apóstrofe: figura de linguagem // Apóstrofo: sinal gráfico
Emigrar (e): deixar uma região ou país. Imigrar (i): entrar
num país
Eminente (e): é o mesmo que elevado // Iminente (i): prestes
a acontecer
Vadear (e): atravessar a vau // Vadiar (i): andar ociosamente
Mandado: ordem judicial // Mandato: procuração
Infligir: aplicar pena // Infringir: violar, desrespeitar.
30 / Interpretação
Capítulo 4 / Preposição, .
conjunção, coesão e coerência
PREPOSIÇÃO: É a palavra que liga dois termos ou
palavras da oração estabelecendo uma relação entre elas. São
classificadas em acidentais ou essenciais e também podem
ser locuções prepositivas. Vamos conhecer as preposições?
Preposições Essenciais: São aquelas que sempre foram
preposições. Vamos à lista: a, ante, até, após, com, contra, de,
desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre e trás.
Ex.: Entre você e mim há mais do que uma simples
amizade.
Não vou para casa desde ontem.
Preposições Acidentais: São palavras de uma outra
classe que em certas circunstâncias funcionam como a
preposição. As mais usadas são: conforme, segundo, como,
salvo, fora, mediante, tenho e durante.
Ex: Saiu durante a festa.
Pagou a taxa de condomínio mediante entrega do recibo.
Locuções prepositivas: É o conjunto de duas ou mais
palavras formadas por preposição. As mais usadas são: à
Preposição, conjunção, coesão e coerência / 31
frente de, à espera de, a fim de, à beira de, abaixo de, ao lado
de, apesar de, graças a, de acordo com e à procura de.
Ex.: Estou à beira de um ataque de nervos.
Conjunção
CONJUNÇÃO: É uma palavra invariável que liga duas
orações. São divididas em coordenativas e subordinativas.
COORDENATIVAS: Ligam duas orações independentes ou coordenadas. Vamos saber quais são os cinco tipos de
conjunções coordenativas? São elas: aditivas; adversativas;
alternativas; conclusivas e explicativas
Conjunções Aditivas: Conjunções que exprimem adição ou soma de ideias, pensamentos. São elas: e, nem, mas
também e mas ainda.
Ex.: Fábio chegou cedo e terminou o trabalho.
Conjunções Adversativas: Sugerem uma ideia de oposição, de contraste de pensamentos. As adversativas mais
usadas são: mas, porém, contudo, todavia e entretanto.
Ex.: Gosto de trem, mas prefiro ônibus.
Conjunções Alternativas: Dão a ideia de escolha, de possibilidade. As principais são: ou...ou, ora...ora e quer...quer.
32 / Interpretação
Ex.: Ou você estuda, ou trabalha.
Você vai quer queira, quer não queira.
Conjunções Conclusivas: Indicam a conclusão de pensamentos. As mais frequentes são: portanto, por isso, logo,
por conseguinte, assim, então e pois (posposto ao verbo).
Ex.: O cavalo está doente, logo não pode competir.
Conjunções Explicativas: Explicam dando o motivo, a
razão. As mais comuns são: pois (antes do verbo da oração),
porquanto, porque e que.
Ex.: Não fui a sua casa ontem, pois estava muito cansado.
Vamos conhecer agora as Conjunções Subordinativas!
SUBORDINATIVAS: Ligam a oração subordinada
a sua principal, ou seja, são orações que dependem de si
para completar o sentido da frase. Vamos descobrir quais
são elas: causais; condicionais; consecutivas; comparativas;
conformativas; concessivas; temporais; finais; proporcionais
e integrantes.
Causais: Iniciam as orações subordinadas que indicam
causa. As conjunções subordinativas causais são: porque,
já que, uma vez que, como e visto que. Ex.: Ela desistiu de
competir, porque estava doente.
Preposição, conjunção, coesão e coerência / 33
Condicionais: Pressupõem condição, hipótese. São elas:
se, caso, contanto que, salvo se, desde que, a menos que e
a não ser que.
Ex.: Vou com você ao teatro, contanto que me pague
a entrada.
Consecutivas: Exprimem a consequência ou efeito do
que foi declarado na primeira oração. As consecutivas são:
que (antes de tão, tal e tanto), de modo que, de maneira
que e de sorte que. Exemplo: Choveu muito, de modo que
deixou as ruas alagadas.
Comparativas: Iniciam orações subordinadas que
dão a ideia de comparação. As principais são: que, do
que (quando iniciadas ou antecedidas por menos, mais,
maior, menor, melhor e pior), qual (quando iniciada ou
antecedida por tal) e como (relacionado a bem, tal, tão
e tanto).
Ex.: Esta gramática é mais antiga que a minha.
Conformativas: Orações que indicam conformidade,
concordância de um fato com outro. As conjunções conformativas são: como, conforme, segundo e consoante.
Exemplo: Fiz o trabalho conforme fui orientada.
Concessivas: Exprimem um sentido contrário, inverso
à ideia contida na oração principal. As concessivas são:
34 / Interpretação
embora, se bem que, ainda que, mesmo que, conquanto, posto que, apesar de que, por mais que, por menos
que, por maior que, por pior que, por melhor que e por
pouco que.
Ex.: Foi embora logo, ainda que não quisesse.
Temporais: Dão à oração ideia de tempo. As temporais
são: quando, enquanto, logo que, desde que, assim que,
depois que, antes que e sempre que.
Ex.: Devolverei o livro, assim que terminar de lê–lo.
Finais: Indicam a finalidade na oração. São elas: a fim
de que, para que e que.
Ex.: Trabalhou com dedicação, a fim de que fosse
promovido.
Proporcionais: Exprimem a ideia de simultaneidade. As
proporcionais são: à proporção que, à medida que, ao passo
que, quanto mais, quanto menos, quanto menor, quanto
maior, quanto melhor e quanto pior.
Ex.: A música aumentava à proporção que ele se
aproximava.
Integrantes: Introduzem orações com função substantiva. São elas: que e se (caso iniciem uma oração subordinada
substantiva).
Ex.: Não vi se os professores já chegaram.
Preposição, conjunção, coesão e coerência / 35
Coesão e coerência
COESÃO E COERÊNCIA: O texto é o conjunto de
palavras, associadas entre si por processos de coordenação
e subordinação. As palavras são constituídas por fonemas,
sons da fala. Os fonemas são representados por letras que se
unem para formar as orações que, agrupadas, constituem os
períodos. Os períodos formam os parágrafos. E temos então
o texto. Mas para que isso tudo ocorra de modo exato, é
preciso usar adequadamente os elementos necessários que
dão sentido ao texto, pois caso isso não ocorra, o sentido
será prejudicado. Observe o exemplo a seguir:
Ex: O dia estava lindo e o sol radiante. Por isso, faltei
à escola.
Comentário: A frase, composta por períodos, é agrupada de dois segmentos distintos. O primeiro fala do lindo
dia e do sol; o segundo da decisão de faltar aula. Note que
o que faz a ligação entre os segmentos é a locução por isso.
Para manter a coerência também poderíamos usar os termos:
por causa disso, em virtude disso. Concluímos então, que
as partes do texto estavam ligadas coerentemente porque a
locução usada explica uma situação, ligando duas orações
e mantendo um sentido lógico, portanto, coerente.
Então não esqueça que: coesão é a ligação entre as partes
do texto; coerência é o seu sentido lógico. Você sabe quais
são as palavras que fazem essa ligação mantendo o sentido
36 / Interpretação
lógico? São os chamados elementos conectores. Palavras
que sempre fazem referência ao texto, em situações já passadas ou por acontecer. Muitas palavras desempenham a
função de conectivos.
Observe as principais:
– Pronomes pessoais, retos ou oblíquos; pronomes
possessivos; demonstrativos; indefinidos; relativos e interrogativos.
–Substantivos, advérbios, preposições.
–Conjunções coordenativas e subordinativas.
Depois de estudar os elementos conectores, coesão e
coerência, vamos agora praticar?
Assinale o item que, atendidos os requisitos de coerência
e coesão, possa dar continuidade ao seguinte período:
“Os historiadores vêm, há muito tempo, estudando o corpo
no campo de uma demografia ou de uma patologia históricas.
Mostraram até que ponto os processos históricos estavam implicados no que se poderia considerar a base puramente biológica
da existência”.
a) Apesar disso, o corpo está diretamente mergulhado no
campo político, as relações de poder têm alcance imediato
sobre ele.
b) Na medida em que o encaram como sede de necessidades e de apetites, como lugar de processos fisiológicos
Preposição, conjunção, coesão e coerência / 37
e de metabolismos, o corpo só se torna útil se é, ao mesmo
tempo, corpo produtivo e corpo submisso.
c) Também está o corpo envolvido por relações de poder
e de dominação, que o sujeitam a trabalhos, o supliciam
e lhe exigem sinais. Esse processo pode ser denominado
tecnologia política do corpo.
d) Portanto, o investimento político do corpo está ligado, segundo relações complexas e recíprocas, à sua utilização
econômica.
e) Em compensação, sua constituição como força de
trabalho só é possível se ele está preso num sistema de
sujeição, onde a necessidade é também um instrumento
político organizado.
Resposta: C
Comentário: A resposta certa é a opção C. A palavra
também, além de retomar a ideia apresentada na argumentação anterior, acrescenta mais uma informação ao
texto: de o corpo estar envolvido por relações de poder e de
dominação. A palavra também, então, está servindo de elo
entre informações presentes e contribuindo para o sentido
de continuidade do período.
38 / Interpretação
Capítulo 5 / Textos para .
concurso
TEXTOS PARA CONCURSO: É impossível adivinhar que tipo de texto vai cair em determinada prova.
Os fragmentos podem ser retirados de músicas, poemas,
contos, crônicas, reportagens ou até de romances da literatura brasileira. Os textos jornalísticos geralmente são mais
modernos e objetivos. Já os literários têm uma linguagem
mais complexa. Essa não é uma divisão oficial que conste
em livros de gramática ou de interpretação de texto. É fruto
da pesquisa desenvolvida para elaborar um curso moderno
e específico de INTERPRETAÇÃO DE TEXTO. Então
não esqueça:
O texto jornalístico pode ser uma reportagem, crônica
ou artigo, extraídos de jornais e revistas. Normalmente
abordam temas atuais, com linguagem direta e objetiva.
O texto literário retirado de romances de nossa literatura tem linguagem mais rebuscada, mais complexa, e
menos direta. Nos concursos mais recentes os textos contemporâneos
têm a preferência das instituições organizadoras. Bom para
você, já que é mais fácil interpretar os textos jornalísticos.
Textos para concurso / 39
É importante lembrar que tanto os textos jornalísticos
como os literários podem ser DISSERTATIVOS, NARRATIVOS OU DESCRITIVOS. Esses conceitos vão ajudar
você a identificar cada tipo de texto e ainda servem como
treino para as provas que exigem redação. Vamos saber qual
é a definição e as diferenças entre eles?
Dissertação
A DISSERTAÇÃO é um texto em que o escritor
opina, argumenta, contrapõe argumentos. É o tipo mais
exigido em concursos públicos. Nas seleções que cobram
redação, o estilo é sempre dissertativo. A dissertação deve
ser escrita em quatro ou cinco parágrafos, com no mínimo
15 e no máximo 30 linhas. A divisão dos parágrafos fica
assim: INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO E
CONCLUSÃO.
Introdução: É o primeiro parágrafo onde deve constar
a ideia central do texto ou redação. É a partir dessa ideia
que os parágrafos seguintes são desenvolvidos.
Desenvolvimento: O desenvolvimento é composto por
dois, no máximo, três parágrafos. É no desenvolvimento,
também chamado de corpo, onde a ideia central será reforçada ou rebatida com opiniões e argumentos.
40 / Interpretação
Conclusão: É o parágrafo que encerra a dissertação.
Você pode fechar seu texto reforçando a sua opinião final
a respeito do tema, citando alguma frase conhecida ou
fazendo um resumo de tudo que foi dito.
A DISSERTAÇÃO exige uma ordem lógica com: princípio, meio e fim. As ideias têm que ser coerentes para que
você não se perca na hora de escrever. Memorize algumas
dicas importantes:
1) Delimite seu tema: Escolha que aspecto específico
você vai abordar de forma que os argumentos sejam embasados e centrados nesse foco.
2) Enumere os argumentos: Escreva em um rascunho as
ideias contra e/ou a favor que você vai utilizar. É importante
confrontar ideias. Isso demonstra que você domina o tema.
3) Utilize citações: É interessante reforçar seus argumentos usando citações de pessoas que dominam tal assunto.
4) Elabore uma conclusão de impacto: Reafirme sua
opinião, mas sem imposição. E se possível encerre o assunto
de forma que cause impacto ou, como se diz, com chave
de ouro.
Vamos fazer um exercício para testar sua capacidade
de redação?
Se você tivesse que dissertar sobre o Natal, o primeiro passo seria delimitar o tema, isto é, escolher que aspectos seriam
Textos para concurso / 41
abordados. Feito isso, você poderia optar por redigir sobre
a exploração comercial em torno da data, sobre a onda de
solidariedade gerada pelo nascimento de Jesus Cristo, sobre o
Papai Noel ou muitos outros enfoques pertinentes. Também
seria possível associar um ou dois assuntos na mesma redação
para servir de reforço ou contrapor a ideia central.
Vamos então falar da exploração comercial do Natal?
Então como seria o primeiro parágrafo?
Explicação: No primeiro parágrafo ou introdução, é importante conceituar o tema para situar o leitor. Em seguida,
introduza a ideia central que será desenvolvida ao longo do
texto. A ideia central é: o consumismo que desvirtuou o sentido
religioso dos festejos natalinos. Vamos então à introdução:
1º Parágrafo ou Introdução: O nascimento de Jesus
Cristo, comemorado em 25 de dezembro, é a mais importante data do calendário católico. Seguindo o exemplo de
Cristo, que deu a vida para salvar a humanidade, muitas
pessoas são tomadas por um sentimento de solidariedade
e amor ao próximo. Mas nas últimas décadas, a tônica dos
festejos natalinos tem sido a exploração comercial em torno
da data.
Explicação: Nos dois parágrafos do desenvolvimento
ou corpo, que vem em seguida, deve–se expor as ações que
42 / Interpretação
remetem ao consumismo: compra de presentes, eletrodomésticos ou outros bens que somente valorizam o ter. Um
reforço à argumentação seria o fato de a ceia natalina ser
transformada em comilança.
Acompanhe agora o desenvolvimento:
2º Parágrafo: O apelo ao consumismo impulsionado
pela cultura de massa incita a população a comprar o que
puder, às vezes, até mais do que o necessário. No nosso
mundo movido pelo verbo ter, o fato de Jesus nascer em
um estábulo cercado por animais, sem nenhum conforto,
não representa mais do que uma lembrança. Não é à toa
que todo ano o comércio comemora o aumento das vendas
nesse período.
3º Parágrafo: O que vale, para a maioria, é reformar a
casa com móveis e eletrodomésticos novos, comprar roupas, presentes para parentes e amigos. Até a ceia natalina
também teve o significado desvirtuado. Antes significava
um momento de reunião familiar para celebrar a renovação
da esperança com o nascimento do Messias. Mas transformou–se numa comilança e numa bebedeira regada à troca
de presentes.
Explicação: Já no encerramento mostramos que, apesar
do consumismo desenfreado, ainda há exceções. É uma forTextos para concurso / 43
ma de encerrar deixando uma esperança de que as pessoas
ainda podem retomar o verdadeiro sentido do Natal.
4° Parágrafo ou Conclusão: Apesar do consumismo
desenfreado, ainda existem famílias que mantêm tradições
como rezar à mesa, assistir à missa ou ir ao culto religioso.
Para muitos, não importa se a mesa não é farta, se não
há roupas novas ou presentes. O simples fato de estarem
vivos já representa um bom motivo para celebrar o Natal.
Se Jesus morreu acreditando que salvaria a humanidade,
apenas o consumismo não será capaz de matar a esperança
de renovação que surge a cada Natal.
Conseguiu captar a trajetória a ser seguida para
construir uma redação? Então escolha outros temas e
siga adiante. Exercite!
Narração
NARRAÇÃO: É a forma de composição que consiste
no relato de um fato real ou imaginário. Podemos narrar
um fato, uma história, um conto, um romance. Na narração podemos encontrar os seguintes elementos: narrador,
personagens, enredo, tempo e ambiente.
Narrador: É aquele que conta a história sob o seu ponto de vista. Se ele integrar a história também se torna um
personagem. Nesse caso a narrativa fica na 1ª pessoa. 44 / Interpretação
Personagens: São aqueles que participam da história.
Podem ser pessoas, animais, objetos. Você não pode esquecer
que numa história o escritor dá vida e sentimentos a tudo
que quiser. No conto Alice no País das Maravilhas, o coelho
e cartas de baralho andam, falam e pensam.
Enredo: É o tema, a trama, ou seja, a história que se
desenrola em torno dos personagens.
Tempo: É o ano, década, período, época em que a
história se passa.
Ambiente: É o país, continente, cidade, vilarejo, enfim,
o lugar onde se passa a trama.
Descrição
DESCRIÇÃO: O texto descritivo apresenta excesso de
adjetivos para descrever objetos, pessoas. O detalhamento
dos aspectos físicos, morais, emocionais e espirituais são a
principal característica do estilo.
Ex: Entrei naquele casarão velho e senti calafrios. O
vento frio produzia ruídos estranhos nas janelas. Os móveis
cobertos por lençóis aumentavam a sensação de abandono.
O pó acumulado e as teias de aranha tornavam o ambiente
ainda mais sujo. As paredes pintadas de preto deixavam o
local ainda mais sinistro e sombrio. Tudo causava um medo
imenso que paralisavam minhas finas pernas.
Comentário: Nesse texto você consegue até visualizar o
interior do casarão através dos adjetivos. O casarão é velho,
Textos para concurso / 45
tinha ruídos estranhos provocados pelo vento, estava abandonado há anos, tinha pó e teias de aranha que tornavam o
ambiente sujo e paredes pretas. Era sinistro e sombrio. Não
se preocupe em valorizar demais os detalhes, mas lembrese que eles são importantes na descrição. Entendeu? Então
aproveite para treinar. Você pode descrever seu quarto, sua
casa, seu trabalho, sua família e assim se habituar a construir
textos descritivos. Bom treino!
Discurso
Discurso Direto: A fala dos personagens é narrada ou
escrita na íntegra, literalmente. Para expressar a total fidelidade ao que foi dito, normalmente usamos dois pontos
seguidos de travessão. Ou seja, os sinais dois pontos e travessão
indicam que a fala a seguir foi reproduzida exatamente igual
à forma original. Acompanhe os exemplos:
Ex: Eduarda perguntou a Luíza:
– Você gostaria de comprar pipoca?
Luíza respondeu a Eduarda:
– Não! Prefiro bombom.
Obs: O uso de aspas pode também caracterizar o discurso direto.
Ex: Liza sussurrou: “Renan, passe–me a bula.”
Discurso Indireto: Nesse caso o narrador mantém–se fiel
ao que foi dito. A diferença é que ele faz uma junção da fala
46 / Interpretação
do personagem com a sua fala usando as conjunções integrantes. Para facilitar a sua compreensão, vamos transformar
os exemplos do discurso direto em indireto. Perceba:
Ex: Eduarda perguntou se Luíza gostaria de comprar
pipoca.
Luíza respondeu a Eduarda que preferia bombom.
Comentário: As conjunções que e se tornaram o discurso indireto.
Textos para concurso / 47
Capítulo 6 / Compreensão ou
interpretação de texto
Depois de refrescar a memória com todos os assuntos
que vêm associados à INTERPRETAÇÃO DE TEXTO,
vamos aprender as técnicas de leitura, compreensão e interpretação. COMPREENSÃO DO TEXTO: A INTERPRETAÇÃO DE TEXTO é utilizada para medir a capacidade que
o candidato possui com relação a sua:
– compreensão do pensamento contido em um texto,
na sua globalidade;
– na distinção entre as ideias básicas e as secundárias;
– na identificação das inter–relações de ideias no
texto dado;
– na dedução de ideias, de sentimentos e de pontos de
vista expressos nos textos;
– na compreensão do significado de palavras, expressões
ou estruturas frasais em determinado contexto;
– na análise do texto do ponto de vista da unidade
temática e estrutural;
– na análise da argumentação.
48 / Interpretação
Agora que você já sabe os conhecimentos que precisa
aprimorar, preste atenção as principais dicas de leitura: Ler o texto é o primeiro passo para entendê–lo, claro!
Entretanto, ler não significa entender. Você pode ler um
texto do início ao fim e não absorver nada, nenhuma informação. Isso ocorre porque muitos encaram a leitura apenas
como um ato mecânico. O ato de ler deve significar uma
oportunidade de ampliar conhecimentos. É a capacidade
humana de apreender conhecimentos ou de absorver novas
informações através da leitura, o que faz a diferença na hora
de INTERPRETAR TEXTOS.
1 – Primeira Leitura: Leia todo o texto de uma só vez.
Isso mesmo, leia do início até o final sem interrupções.
Como se estivesse fazendo um reconhecimento de área. Essa
leitura preliminar serve apenas para você se familiarizar com
o tema e com o estilo do texto. No final dessa leitura você
já conhecerá, pelo menos, o enredo da história.
2 – Segunda Leitura: Você vai reler o texto atentamente,
pausadamente. Desta vez, leia parágrafo por parágrafo. Em
cada um sublinhe as ideias principais e retire delas a ideia
central, também chamada de tópico frasal. O tópico frasal
de cada parágrafo vai ajudar você a captar ou extrair a ideia
central do texto. Também nessa segunda leitura você deve
grifar as palavras desconhecidas e procurar o significado
no dicionário.
Compreensão ou interpretação de texto / 49
3 – Terceira Leitura: Vai ajudar você a resumir o texto
e captar detalhes que passaram despercebidos. Se alguma
dúvida permanecer, leia novamente quantas vezes achar
necessário, sempre mantendo a atenção.
Em síntese, a ordem para uma leitura competente é a
seguinte:
– Leia o texto rapidamente na primeira leitura;
– Depois releia pausadamente;
– Retire o tópico frasal de cada parágrafo;
– Extraia a ideia central do texto;
– Encontre no dicionário o significado de palavras
desconhecidas;
– Faça um resumo do texto.
Depois de seguir essas dicas você pode constatar se o
texto foi compreendido de forma satisfatória tentando
responder a algumas questões. Pergunte a si:
1– Qual é a questão central do texto?
Se você tiver dúvida para discernir a questão central das secundárias é porque não assimilou as ideias contidas no texto.
2 – Qual é a opinião do autor sobre o tema abordado?
Ao longo do texto, o escritor exprime a opinião dele
contrária ou favorável ao tema. Se você entendeu o texto,
não terá dificuldades para apontar a opinião do autor.
50 / Interpretação
3 – Quais são os argumentos utilizados pelo autor?
Eles estão espalhados pelo texto e dão sustentação à
opinião do escritor. Saber reconhecê–los é uma prova de
que o leitor acompanhou o desenvolvimento das ideias do
autor do texto. Aprendeu tudo? Ótimo! Então vamos agora exercitar o
que você aprendeu. Escute com atenção o texto a seguir:
“O nascimento de Jesus Cristo, comemorado em 25 de
Dezembro, é a mais importante data do calendário católico.
Seguindo o exemplo de Cristo, que deu a vida para salvar
a humanidade, muitas pessoas são tomadas por um sentimento de solidariedade e amor ao próximo. Mas nas últimas
décadas o que se vê é a excessiva exploração comercial que
desvirtuou o sentido original da data ”.
Agora retire do texto o tópico frasal, depois a ideia central
e, por último, faça um resumo.
O tópico frasal é: O significado dos festejos natalinos.
A ideia central é: A exploração comercial que desvirtuou o sentido verdadeiro do Natal.
O resumo ou conclusão do texto é: O Natal virou uma
data comercial.
Compreensão ou interpretação de texto / 51
Capítulo 7 / Enunciado
ENUNCIADO: É o texto que contém a pergunta e a
explicação do que se pede na questão. O grau de dificuldade
do enunciado varia de acordo com o nível da prova. Quando
um quesito não associa INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
a normas gramaticais, ou seja, é apenas de interpretação, a
resposta está no próprio texto e no seu poder de compreensão. Cada palavra, frase, parágrafo, conduz a um raciocínio
que ajuda na busca pela resposta correta. Por isso, vamos
utilizar exemplos de questões só de INTERPRETAÇÃO
DE TEXTO.
Como são formulados: Se você estiver atento, vai
compreender a exigência da questão sem cair em “cascas de
banana”. Os enunciados têm formas muito variadas. Vamos
citar vários exemplos para que você não tenha surpresas
nos concursos.
1– Perguntas Indiretas: Às vezes, o enunciado pede:
Assinale a alternativa que NÃO está correta. Seria mais direto
pedir a alternativa ERRADA ou INCORRETA, mas esse
recurso serve para testar a sua atenção. Algumas questões
exigem que você marque a única alternativa em que não
52 / Interpretação
há ERRO, portanto a única CORRETA. Outros pedem a
ÚNICA EXCEÇÃO. Esses enunciados são simples, basta
estar atento para entendê–los.
Vamos aos mais complexos:
2– Ideia Central: Muitas questões pedem para você
assinalar a alternativa que melhor expressa a ideia central
do texto. Atenção! Todas as alternativas apresentarão ideias
contidas no texto e escritas da mesma forma. É comum ficar
na dúvida, mas lembre–se de que o texto tem várias ideias
secundárias e apenas uma Ideia CENTRAL. Vamos usar como exemplo o primeiro parágrafo da
dissertação sobre o Natal que você já ouviu anteriormente.
Combinado? Então vamos à leitura.
“O nascimento de Jesus Cristo, comemorado em 25 de
Dezembro, é a mais importante data do calendário católico.
Seguindo o exemplo de Cristo que deu à vida para salvar
a humanidade, muitas pessoas são tomadas por um sentimento de solidariedade e amor ao próximo. Mas nas últimas
décadas, o que se vê é a excessiva exploração comercial que
desvirtuou o sentido original da data”. A partir do texto marque a alternativa que melhor expressa a Ideia CENTRAL.
a) O Natal é a mais importante data para os católicos.
b) Nesta época muitos seguem o exemplo de Jesus Cristo.
Enunciado / 53
c) Sentimentos de amor ao próximo e solidariedade
ficam aflorados.
d) A exploração comercial desvirtuou o verdadeiro
sentido do Natal.
e) O espírito natalino foi esquecido.
Comentário: A alternativa D é a mais fiel à ideia principal do texto porque explica que, apesar da religiosidade,
o que está na moda é o consumismo. Essa é a ideia central
do texto. Perceba que as outras afirmações também são
verdadeiras, mas são alternativas que trazem informações
complementares.
3– Julgar, Inferir ou depreender: Quando um enunciado pede para você julgar, inferir ou depreender significa que
você só pode tirar conclusões a partir do texto dado e não
dos seus conhecimentos. Nesses casos, ocorre que algumas
alternativas trazem afirmações que são lógicas e corretas,
mas se estas não forem retiradas do texto não podem ser
consideradas verdadeiras.
Ex.: Essa questão foi retirada da prova de auditor fiscal
do INSS no ano de 2002. É uma questão longa, mas muito
completa. Se possível acompanhe o exemplo lendo o texto.
Vamos lá?!
“Li que a espécie humana é um sucesso sem precedentes.
Nenhuma outra com uma proporção parecida de peso e volume
se iguala à nossa em termos de sobrevivência e proliferação. E
54 / Interpretação
tudo se deve à agricultura. Como controlamos a produção do
nosso próprio alimento, somos a primeira espécie na história
do planeta a poder viver fora de seu ecossistema de nascença.
Isso nos deu a mobilidade e a sociabilidade que nos salvaram
do processo de seleção, que limitou outros bichos de tamanho
equivalente. É por isso que não temos mudado muito, mas
também não nos extinguimos.”
Com base no texto, assinale as inferências como verdadeiras ou falsas.
I– Mede–se o sucesso pela capacidade de sobrevivência e proliferação – Verdadeiro ou falso? Resposta: Verdadeiro. O texto é claro quando diz que: a espécie humana é
um sucesso sem precedentes porque nenhuma outra se iguala a
nossa em termos de sobrevivência e proliferação. A afirmação
é correta e consta no texto de forma literal.
II– Se a espécie humana tivesse outro peso e volume
não teria sobrevivido – Verdadeiro ou falso? Resposta:
Falso. O texto relata apenas, que nenhuma outra espécie
com mesma proporção de peso ou tamanho se igualou ao
homem em termos de sobrevivência e proliferação. Ou
seja, o que determina a sobrevivência da espécie não é seu
peso ou tamanho.
III– Viver fora do ecossistema de nascença depende
da capacidade de criar o próprio alimento – Verdadeiro
ou falso? Resposta: Verdadeiro. A frase ”e tudo se deve à
agricultura” explica tudo.
Enunciado / 55
IV– O processo de seleção das espécies é que limita
a mobilidade e a sociabilidade – Verdadeiro ou falso?
Resposta: Falso. O que limita a mobilidade e a sociabilidade
é a falta do domínio na produção de alimentos.
V– A história da espécie humana poderia ser outra se
não houvesse agricultura – Verdadeiro ou falso? Resposta:
Verdadeiro. Foi o controle da produção de alimentos que
permitiu ao homem viver fora do seu local de nascença e
livrar–se da seleção natural das espécies.
VI– Poucas mudanças trazem como consequência a
não extinção da espécie – Verdadeiro ou falso? Resposta:
Falso. Não são as mudanças grandes ou pequenas que
determinam a não extinção. O texto diz que a não extinção ou sobrevivência resulta da mobilidade conseguida
através da produção de alimentos. Ou seja, onde estiver
o homem, ele conseguirá sobreviver porque é capaz de
produzir seu alimento.
4– Ambiguidade: Muitos textos são ambíguos e dão
margem a interpretações diversas. É aí que o seu bom vocabulário e conhecimentos gerais fazem diferença. Vamos
ao exemplo.
“O juiz da vara da infância determinou que todos os pais
fossem responsabilizados criminalmente por não manterem os
filhos na escola. A medida foi tomada após a divulgação dos
resultados de uma pesquisa sobre a infância. Os dados revelam
56 / Interpretação
que mais de 70% das crianças, em idade escolar, estão fora das
salas de aula. Os números chocaram a população que passou a
exigir uma medida enérgica por parte das autoridades”.
A partir do texto assinale a única alternativa que não
está correta:
a) A grande maioria das crianças em idade escolar está
fora das salas de aula.
b) A evasão escolar é provocada pelo descaso dos pais
ou responsáveis.
c) A população exigia uma medida para combater a
evasão escolar.
d) Todos os pais foram responsabilizados.
e) A medida tomada pelo juiz foi provocada pela reação
popular.
Comentário: Você identificou a ambiguidade do texto?
Então vamos entender a questão. O texto é ambíguo quando dá a ideia de que todos os pais foram responsabilizados,
quando apenas os pais que não mantêm os seus filhos na
escola é que foram penalizados. Por isso, a alternativa D é a
que contém erro já que a medida não atinge a todos os pais,
apenas aqueles que não mantêm os filhos na escola.
5– Pensamento do Autor: Outro tipo frequente de
enunciado é o que pede o pensamento do autor do texto.
A opinião de quem escreveu o texto nem sempre vem expressa de forma direta. É nas entrelinhas que percebemos o
Enunciado / 57
posicionamento do escritor perante o assunto. Nesse caso,
seu poder de interpretação é fundamental porque tudo
é subjetivo. E para confundir ainda mais, as alternativas
apresentam argumentos que não representam o pensamento
do escritor, mas constam no texto.
Ex.: Esse texto foi extraído da prova de auxiliar elementar
do Ministério Público do Rio de Janeiro. Vamos ao texto:
“Os índios brasileiros proveem sua subsistência usando
os recursos naturais de seu meio ambiente. A grande maioria
das tribos indígenas pratica a agricultura. Seu processo agrícola, chamado coivara, consiste num sistema de queimadas
e fertilização da terra com cinzas...”.
Ao dizer “a grande maioria das tribos pratica a agricultura”, o que o autor do texto quer informar ao leitor?
a) Todas as tribos indígenas praticam agricultura como
meio de subsistência.
b) A agricultura é praticada de forma rudimentar pelas
tribos indígenas brasileiras.
c) Nem todos os índios praticam a agricultura.
d) Os recursos naturais do meio ambiente são utilizados
pelos indígenas.
e) As tribos brasileiras estão num baixo estágio cultural.
Comentário: A alternativa correta é C. Vamos resolver
a questão passo a passo. As afirmações contidas nas alternativas: A, B e D, já vêm expressas no texto. A alternativa
58 / Interpretação
E fala do estágio cultural, mas em nenhum momento tal
assunto é abordado no texto. Resta a alternativa C que é
verdadeira porque quando o autor diz ”a grande maioria”
quer expressar também que não é a totalidade, portanto,
se a grande maioria das tribos pratica a agricultura, nem
todos os índios praticam a agricultura.
6– Contradição: Algumas questões extrapolam, reduzem ou contradizem o que o texto diz. Você deve avaliar
se o conteúdo é diminuído, aumentado ou contraditório
de modo que altere o sentido do que está escrito. Normalmente as alternativas vêm escritas com as mesmas palavras
do texto, apenas com a ordem diferente, para induzir você
a achar que o significado é o mesmo. Preste atenção à
questão seguinte:
“Foi dura luta a aprovação do Estatuto do Desarmamento. E demorou um tempão. Tudo começou com ato solene
no Palácio do Planalto, quando o então presidente Fernando
Henrique respondeu a uma cobrança da sociedade e assinou
mensagem enviando o projeto ao Congresso. O empenho
implícito na solenidade teve vida curta.
A mensagem caiu na vala comum do Legislativo, onde
se integrou a um renque de iniciativas sobre desarmamento,
algumas a favor de guerra declarada e eficaz ao excesso de armas no país, outras fazendo o possível para que não se tivesse
lei alguma; na pior hipótese, aceitavam uma lei aguada.
Enunciado / 59
No governo Lula, o lobby das armas sofismou e atrapalhou o quanto pôde. Mas a cobrança da sociedade acabou
por prevalecer. Entretanto, seis meses após a sanção da lei
criando o estatuto, ele existe pela metade. (...) Ou seja,
falta muito.”
O segmento inicial “Foi dura luta a aprovação do Estatuto do Desarmamento. E demorou um tempão”; diz ao
leitor que:
a) O Estatuto do Desarmamento está para ser aprovado
há algum tempo;
b) O Estatuto do Desarmamento, apesar do tempão de
discussão, foi aprovado;
c) Foi aprovado finalmente o Estatuto do Desarmamento;
d) O Estatuto do Desarmamento está a ser discutido há
várias legislaturas;
e) Nunca vai ser aprovado o Estatuto do Desarmamento.
Comentário: Em sua opinião qual é a alternativa correta? É a letra C. Para respondê–la pergunte a si novamente o
que a frase quer comunicar ao leitor e a você mesmo. Está
explícito que a ideia principal é informar que O Estatuto
do Desarmamento foi finalmente aprovado. Para excluir as
demais, vamos por eliminação. O item A é o primeiro a
ser excluído porque apresenta a afirmação de que o estatuto ainda está para ser aprovado, enquanto o texto afirma:
60 / Interpretação
Foi dura luta a aprovação do Estatuto do Desarmamento. A
alternativa B traz a relação com a demora para a aprovação,
mas a ideia de tempo é apenas complementar. A letra D
informa que o Estatuto ainda está a ser discutido por isso
também é falsa. O estatuto está aprovado mesmo de forma
incompleta. E a letra E é totalmente absurda porque diz
que o estatuto nunca será aprovado.
É apenas uma questão de raciocínio lógico e de prática.
Só depende de você!
Escute alguns conselhos que vão te ajudar na hora
da prova:
– Não deixe que o nervosismo e as pressões externas pela
aprovação lhe impeçam de raciocinar;
–Quando uma questão for mais complexa redobre a
atenção e o cuidado com o raciocínio;
– Mantenha a calma;
– Não tenha pressa para terminar a prova;
– Primeiro entenda o texto e só depois leia o enunciado;
– Preste atenção em todas as alternativas, elimine as
mais absurdas;
Enunciado / 61
– Detenha–se aos detalhes, eles podem ter a chave da
resposta;
– Pergunte a si próprio, sempre, o que a questão pede;
–Tenha em mente que você é capaz de resolver qualquer
questão de INTERPRETAÇÃO DE TEXTO e você conseguirá se sair bem em qualquer prova.
62 / Interpretação
Capítulo 8 / Questões comentadas
E como não há teoria sem prática, nós vamos comentar
as questões aplicadas na prova de Português do concurso de
Agente Penitenciário de Brasília. O concurso foi organizado
pelo Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, em 2004. Depois de
resolvermos diversos exercícios você vai perceber que está preparado para qualquer processo seletivo. No áudio deste curso,
pedimos que você acompanhe os exercícios lendo o livreto.
Vamos às questões?!
TEXTO 1 – CIDADE DE DEUS
Autor: Rubem Fonseca
“O nome dele é João Romeiro, mas é conhecido como Zinho
na Cidade de Deus, uma favela em Jacarepaguá, onde comanda
o tráfico de drogas.
Ela é Soraia Gonçalves, uma mulher dócil e calada. Soraia
soube que Zinho se tornara traficante dois meses depois de estarem morando juntos num condomínio de classe média alta
na Barra da Tijuca.
Você se importa? Zinho perguntou e ela respondeu que
havia tido na vida dela um homem metido a direito que não
passava de um canalha.
Questões comentadas / 63
No condomínio, Zinho é conhecido como vendedor de uma
firma de importação. Quando chega uma partida grande de
droga na favela, Zinho some durante alguns dias. Para justificar sua ausência, Soraia diz, para as vizinhas que encontra
no playground ou na piscina, que o marido está viajando pela
firma. A polícia anda atrás dele, mas sabe apenas o seu apelido
e que ele é branco. Zinho nunca foi preso...”
1– “...e ela respondeu que havia tido na vida dela um
homem metido a direito que não passava de um canalha”;
a resposta de Soraia equivale a dizer que:
a) todos os homens são canalhas;
b) não vale a pena viver dentro da lei;
c) nem tudo na vida é perfeito;
d) a vida criminosa é mais cheia de emoções;
e) todos os homens são hipócritas.
Resposta: C
Comentário: A alternativa C equivale à justificativa da
mulher permanecer ao lado do marido. A alternativa A,
é falsa porque um único homem citado como canalha, foi
o ex–marido de Soraia. Enquanto, as afirmações contidas
nos itens B, D e E, não estão expressas no texto.
2 – No primeiro período do texto, o segmento “uma
favela em Jacarepaguá” é um aposto, empregado para:
a) informar algo hipoteticamente desconhecido;
b) situar a ação num bairro perigoso;
64 / Interpretação
c) ironizar sobre o nome de Deus na designação de uma
favela;
d) preparar o leitor para um tema policial;
e) mostrar a relação entre miséria e crime.
Resposta: A
Comentário: Em qualquer texto completo, o autor
se preocupa em situar o leitor sobre o local exato onde a
história se passa. A população de outros estados não tem
obrigação de saber que a Cidade de Deus é uma favela, muito menos que fica localizada no bairro de Jacarepaguá. Por
isso a alternativa A é a correta. Observe que as alternativas
B, D e E tentam confundir o candidato com informações
verdadeiras. De fato, a Cidade de Deus é um bairro perigoso
onde a miséria e o crime são a realidade dos moradores.
Portanto, os elementos, de fato, constam no texto, mas não
respondem objetivamente a questão.
3 – No primeiro período, o vocábulo onde se refere a
um local anteriormente citado, a favela Cidade de Deus. O
item abaixo em que o mesmo vocábulo tem um antecedente
anteriormente expresso é:
a) a polícia não sabe onde Zinho mora;
b) o local onde Zinho atua é desconhecido da polícia;
c) as vizinhas desejam saber onde Zinho está;
d) Zinho mora na Barra, mas onde trabalha todos
ignoram;
e) onde é que Zinho se esconde?
Questões comentadas / 65
Resposta: B
Comentário: O vocábulo onde na oração está relacionado ao seu antecedente, que é local. O que não acontece
nas demais alternativas.
4 – Tráfico tem como parônimo o vocábulo tráfego,
com o qual não pode ser confundido. O item que está
mal redigido porque houve a substituição indevida de um
vocábulo por seu parônimo é:
a) o criminoso foi preso em flagrante;
b) os criminosos expiam suas culpas na prisão;
c) o acusado pediu despensa do depoimento;
d) o prisioneiro decidiu delatar o cúmplice;
e) era iminente a prisão do grupo.
Resposta: C
Comentário: Essa questão exige também o conhecimento sobre palavras parônimas. Viu como todo o
embasamento gramatical é importante na compreensão
de textos? O quesito pede para que você identifique o
emprego incorreto de um parônimo. Na alternativa C que
diz O acusado pediu DESPENSA do depoimento. Despensa
(com E) é um compartimento da casa. O termo correto
seria DISPENSA (com I). As demais alternativas estão
escritas de forma correta. Se permanecer alguma dúvida, ouça novamente a lição sobre palavras homônimas
e parônimas.
66 / Interpretação
5 – “...é conhecido como Zinho na Cidade de Deus,...”.
O item em que se reescreve esse segmento do texto de forma
ERRADA, por alterar o seu sentido, é:
a) na Cidade de Deus é conhecido como Zinho;
b) é conhecido, na Cidade de Deus, como Zinho;
c) conhecem–no como Zinho na Cidade de Deus;
d) na Cidade de Deus o conhecem como Zinho;
e) a Cidade de Deus o conhece como Zinho.
Resposta: E
Comentário: A alternativa E está errada porque pressupõe que a favela Cidade de Deus conhece alguém como
Zinho. Como bairros ou favelas não conhecem pessoas,
não é a Cidade de Deus que o conhece, e sim os moradores
dela. As demais alternativas expressam a ideia de que os
moradores da Cidade de Deus o conhecem como Zinho.
Por isso, estão escritas corretamente.
6 – O fato de Zinho sumir durante alguns dias quando
chega uma partida grande de drogas na favela se explica
pelo fato de:
a) ser perigoso estar na favela nesse momento;
b) nesse momento a polícia fica mais vigilante;
c) ser necessária sua presença para os negócios;
d) Zinho também deve ser grande consumidor de drogas;
e) estar sendo perseguido pela polícia.
Resposta: C
Questões comentadas / 67
Comentário: Perceba que a afirmação do item A que diz
“é perigoso estar na favela nesse momento” contradiz o texto.
Ao contrário, Zinho permanece na favela quando chega a
droga. Nas letras B e E há informações verdadeiras, mas que
não representam o motivo principal da permanência dele
na favela. Já a alternativa D contém informações que sequer
são citadas no texto. Em nenhum momento Zinho é tratado como grande consumidor de drogas, mas apenas como
traficante. Por tudo isso, fica evidente no texto que Zinho
permanece no morro para administrar seu negócio.
7 – Só não se pode deduzir do que é lido no texto 1 em:
a) o tráfico de drogas envolve grande quantidade de
dinheiro;
b) muita riqueza se deve ao tráfico de drogas;
c) algumas pessoas se deixam atrair por uma vida fácil;
d) o desemprego causa muitos problemas sociais;
e) o tráfico de drogas não é bem visto no meio social.
Resposta: D
Comentário: Numa questão que exige do candidato
a dedução a partir do texto, a atenção deve ser redobrada.
Se você ficar atento vai perceber que o texto não se refere
ao problema de desemprego, nem a causa social. Nele, as
questões relacionadas ao tráfico de drogas são o rápido e
fácil enriquecimento; o grande volume de dinheiro gerado
com a venda de entorpecentes e o preconceito da sociedade
que condena o tráfico.
68 / Interpretação
8 – A frase final do texto “Zinho nunca foi preso”, no
contexto textual e social em que se insere, mostra:
a) a agilidade do traficante;
b) o despreparo da polícia;
c) o insucesso do tráfico;
d) a corrupção policial;
e) a ineficiência das leis.
Resposta: B
Comentário: Se um traficante domina toda a extensão
de uma favela e, mesmo assim, a polícia sabe dele apenas sua
alcunha e cor da pele, isso deixa claro o despreparo da polícia.
Além disso, o texto não dá indícios sobre a ineficiência das
leis, corrupção policial ou sobre a agilidade do traficante.
TEXTO 2 – O ESTATUTO DO DESARMAMENTO
– Luiz Garcia – O Globo, 29/06/2004
“Foi dura luta a aprovação do Estatuto do Desarmamento.
E demorou um tempão. Tudo começou com ato solene no Palácio do Planalto, quando o então presidente Fernando Henrique
respondeu a uma cobrança da sociedade e assinou mensagem
enviando o projeto ao Congresso.
O empenho implícito na solenidade teve vida curta. A
mensagem caiu na vala comum do Legislativo, onde se integrou
a um renque de iniciativas sobre desarmamento, algumas a
favor de guerra declarada e eficaz ao excesso de armas no país,
outras fazendo o possível para que não se tivesse lei alguma;
na pior hipótese, aceitavam uma lei aguada.
Questões comentadas / 69
No governo Lula, o lobby das armas sofismou e atrapalhou
o quanto pôde. Mas a cobrança da sociedade acabou por prevalecer. Entretanto, seis meses após a sanção da lei criando o
estatuto, ele existe pela metade. (...) Ou seja, falta muito”.
09 – “...quando o então presidente...”; “ ...onde se integrou a um renque...”; o item em que houve troca indevida
entre ONDE e QUANDO é:
a) ele a conheceu na pracinha onde jogava futebol;
b) não se lembrava da adolescência, onde tudo acontecera;
c) queria saber quando viajara, pois só estava certo de
que não fora nas férias;
d) não sabia quando a veria de novo;
e) ficou triste após o banho de mar, quando perdera a
aliança.
Resposta: B
Comentário: Usamos a palavra Onde para fazer referência a lugar. No item B a frase se refere a tempo, lembrança,
logo a palavra adequada seria Quando.
10 – O vocábulo renque em “renque de iniciativas” une
duas ideias:
a) quantidade e alinhamento;
b) variedade e desvalorização;
c) confusão e quantidade;
d) desvalorização e alinhamento;
70 / Interpretação
e) confusão e variedade.
Resposta: A
Comentário: Essa questão requer conhecimento do
vocabulário, mas é só usar um pouco de interpretação para
respondê–la. Voltemos ao texto. Nele diz que a “mensagem
caiu na vala comum e integrou a um renque de iniciativas
sobre desarmamento”. Perceba que a frase dá a ideia de que
renque tem o sentido de quantidade (integrou) e alinhamento (iniciativas sobre desarmamento), deduz–se que há
outras leis sobre o desarmamento a serem votadas.
11 – “O empenho implícito na solenidade teve vida
curta”; a frase significa que:
a) a solenidade foi realizada para enganar a opinião
pública;
b) durou muito pouco a solenidade realizada;
c) o empenho explícito era maior que o empenho
implícito;
d) a solenidade teve vida curta porque houve pouco
empenho;
e) o empenho prometido na solenidade em si mesma
durou pouco.
Resposta: E
Comentário: O item A extrapola e nega a afirmação
contida no enunciado. A solenidade não foi realizada para
enganar a opinião pública, ao contrário, o texto afirma que
houve um empenho implícito em torno do assunto, mas que
Questões comentadas / 71
teve vida curta. Perceba como a alternativa B tenta confundir o candidato. Não foi a solenidade que durou pouco e
sim o empenho para implementar a Lei do Desarmamento.
Na alternativa D é visível a armadilha. O jogo de palavras
também causa dúvidas ao candidato. O que teve vida curta
foi o empenho em torno da lei do Desarmamento, implícito
na solenidade. Já a alternativa C fala em empenho explícito
e, portanto, foge a realidade textual. Entendeu? Portanto
o item E é o único correto. A resposta dessa questão pode
ser confirmada no início do segundo parágrafo, que diz: “A
mensagem caiu na vala comum do legislativo”, ou seja, se
integrou a outras iniciativas.
12 – Em 24 de junho de 2004, saiu a seguinte notícia na
edição do jornal O Globo: “Terror ameaça agora o premier
do Iraque”. Deduz–se da leitura dessa notícia, no contexto
atual, que:
a) o premier do Iraque já foi atacado antes;
b) os terroristas mataram o premier anterior;
c) o terror já fez outras ameaças anteriormente;
d) os terroristas vivem no Iraque;
e) o Iraque era um país livre dos ataques terroristas.
Resposta: C
Comentário: A palavra AGORA indica anterioridade,
referente à ameaça, ou seja, o terror já ameaçou antes, mas
não necessariamente o premier como indicam as alternativas A e B. Nos itens D e E as informações não estão
72 / Interpretação
relacionadas a oração citada no enunciado. Enquanto a
letra C dá a ideia de que o terrorismo sempre representou
uma ameaça. 13 – Em junho de 2004 morreu o ex–governador do Rio,
Leonel de Moura Brizola. Em 24 de junho, Luiz Fernando
Veríssimo escrevia, nas primeiras linhas de sua crônica do
jornal O Globo: “Foi a primeira morte sem aspas do Brizola.
Sua ”morte” em sentido figurado foi anunciada várias vezes”.
Só não se pode ler nesse segmento que:
a) Brizola era pessoa considerada bastante conhecida
dos leitores;
b) houve vários anúncios falsos da “morte” de Brizola;
c) dentro do contexto, as “mortes” de Brizola ocorriam
no plano político;
d) um dos empregos das aspas é o de mostrar sentido
figurado das palavras;
e) vão ocorrer outras mortes sem aspas de Brizola.
Resposta: E
Comentário: O texto se refere à morte, com aspas, isto
é uma morte no sentido figurado como mostram as opções
A, B, C e D. Portanto, o que não se pode deduzir a partir
desse ou de qualquer outro texto é que vão ocorrer outras
mortes sem aspas do político Brizola. Porque a morte, sem
aspas, significa falecimento. E como só morremos uma vez,
é impossível ocorrer à morte, sem aspas, do político Brizola
outras vezes.
Questões comentadas / 73
14 – O colunista Ancelmo Góis fez publicar em O Globo
a seguinte notícia: Greve na PF
“O clima é tenso na Polícia Federal. Os agentes interromperam de mãos vazias uma greve, há mês e meio, depois
de atazanar a vida dos passageiros nos aeroportos. Como o
governo não fez nenhuma concessão, a turma ameaça com
outra greve. Promete, desta vez, a adesão dos delegados. É.
Pode ser.” A tensão na Polícia Federal é, segundo o texto,
resultante de:
a) problemas causados aos passageiros nos aeroportos;
b) preparação para uma nova greve da categoria;
c) tentativa de procurar a adesão dos delegados para
uma nova greve;
d) uma greve anterior não ter dado o resultado esperado;
e) concessões insuficientes por parte do governo.
Resposta: D
Comentário: A alternativa D se refere à volta de uma
greve, não solucionada no passado, o que é claro no texto.
Essa situação é responsável pelo clima de tensão. Os demais
itens fazem parte do texto como as alternativas A, B, C e
E , no entanto não são o principal motivo da tensão que
pode levar a uma nova greve na Polícia Federal.
15 – A última frase do texto da notícia de Ancelmo
Góis revela:
a) certeza;
b) alarme;
74 / Interpretação
c) conselho;
d) opinião;
e) dúvida
Resposta: E
Comentário: Para resolver essa questão você pode usar o
método de eliminação. As opções A, B e C, são absurdas. A
expressão “É, pode ser” , que finaliza o texto, não expressa
certeza, nem alarme ou conselho. O termo Indica dúvida,
pois não define com precisão se o fato irá acontecer. O que
torna o item E verdadeiro.
16 – Infere–se da notícia que:
a) a PF está em greve permanentemente;
b) a PF não conseguiu o apoio dos delegados na última
greve;
c) os delegados jamais aderem à greve da PF;
d) a greve da PF traz risco para os passageiros;
e) nenhuma greve de funcionários recebe respostas
positivas do governo.
Resposta: B
Comentário: Lembra que nós estudamos os enunciados
com as palavras “inferir e julgar”? Perceba que o enunciado
pede para inferir, ou seja, para concluir algo a partir da
ideia do texto. Com base nesse conceito note que apenas
a alternativa B está dentro do contexto. As demais opções
apresentam deduções que até podem ser verdadeiras, mas
que não constam no texto.
Questões comentadas / 75
17 – O Jornal do Brasil publicou, no dia 4/07/2004, a
seguinte notícia: Seis bandidos fogem de penitenciária
“Seis presos fugiram ontem, por volta das 8h, do presídio
Evaristo de Moraes, em São Cristóvão. Três deles foram
recapturados pouco tempo depois no Zoológico do Rio.
Um dos presos fugiu após render o agente penitenciário de
seu setor com um revólver.
As imagens feitas no pátio do presídio registraram a
ausência, por sete minutos, do PM responsável pela guarita
por onde os detentos passaram. A Secretaria de Administração Penitenciária informou que vai abrir sindicância
para esclarecer se houve facilitação de fuga” O título dado
à notícia, em função do que é lido no texto:
a) resume todas as informações do texto;
b) destaca algo prejudicial à imagem da polícia;
c) fornece uma informação errada aos leitores;
d) valoriza a esperteza dos presidiários;
e) mostra a superlotação dos presídios.
Resposta: B
Comentário: O título informa que um grupo de seis
bandidos conseguiu fugir. Se é de competência da polícia
evitar possíveis fugas, a informação do título é prejudicial a
polícia. Portanto é correta a opção B. Perceba que o item A
não resume todas as informações do texto, apenas, apresenta
o fato principal. O item C diz que o título fornece uma
informação errada. Não totalmente errada, mas incomple76 / Interpretação
ta. Pois, dos seis fugitivos três foram recapturados. Não há
nenhum elemento no texto que evidencie a esperteza dos
bandidos. Eles conseguiram fugir por causa da conivência
do policial militar que abandonou a guarita. A opção E é
falsa. Basta você reler o texto para perceber que a questão
da superlotação não é citada em nenhum momento.
18 – Em função do que é dito no texto, voltaram à
prisão:
a) todos os foragidos;
b) nenhum dos fugitivos;
c) metade dos que fugiram;
d) dois dos presos fugitivos;
e) quatro dos foragidos.
Resposta: C
Comentário: Para você resolver esse quesito, basta usar a
matemática, associada à interpretação, claro. Basta calcular.
Seis bandidos fugiram e, de acordo com o texto, três deles
foram recapturados em um zoológico. A conclusão é óbvia:
três bandidos voltaram à prisão, ou seja, a metade dos que
fugiram. Por isso a alternativa correta é a C.
19 - O que mais causa estranheza na notícia é:
a) o fato de um dos detentos possuir um revólver;
b) abrirem uma sindicância para investigação de um
fato corriqueiro;
Questões comentadas / 77
c) ter havido facilitação de fuga dos detentos;
d) a recaptura dos presos ter sido imediata;
e) a gravação da fuga nas imagens do próprio presídio.
Resposta: A
Comentário: O que há de estranho em abrir sindicância
para apurar fugas corriqueiras ou não? Esse é o procedimento adotado quando há suspeita de conivência dos servidores.
Recapturar de imediato alguns fugitivos também é um fato
normal. É raro capturar todos os fugitivos. Também não
causa estranheza que as câmeras tenham gravado imagens
da fuga. Essa é a finalidade do circuito interno de TV. O
que causa uma certa raiva, mas não estranheza é a corrupção
policial que não só facilita fuga, como permite o tráfico de
drogas e uso de celular dentro das unidades prisionais. Por
isso, as alternativas B, C, D e E são falsas. O que poderia,
de fato, chocar é um preso possuir um revólver dentro de
uma penitenciária. Por isso a opção A está correta.
20 - Segundo o que o texto sugere, a ausência do PM
da guarita deve ser atribuída, além da irresponsabilidade
do militar:
a) ao cansaço do militar;
b) à falha administrativa do presídio;
c) ao poder da corrupção;
d) às necessidades de serviço;
e) à reduzida quantidade de funcionários.
Resposta: C
78 / Interpretação
Comentário: A sindicância só é instaurada quando há
indícios de facilitação de fuga ou conivência por parte do
policial. Ou seja, a direção do presídio abriu uma sindicância porque suspeita que o policial militar cedeu ao poder
da corrupção. A colaboração dele foi, supostamente, ter se
ausentado da guarita por sete minutos, tempo suficiente
para que os bandidos fugissem.
21 - “Seis presos fugiram ontem, por volta das 8 horas da
manhã, do presídio Evaristo de Moraes, em São Cristóvão.
Três deles foram recapturados pouco tempo depois no Zoológico do Rio”; o comentário correto sobre os componentes
desse segmento do texto é:
a) “por volta das 8h” indica um tempo preciso;
b) o “pouco tempo depois” tem como ponto de referência a fuga;
c) “no Zoológico do Rio” indica o momento em que
foram recapturados os presos;
d) a quantidade de “seis presos” é informação incorreta;
e) a localização do presídio justifica o fato de os presos
serem recapturados.
Resposta: B
Comentário: Observe que na primeira oração há a informação da fuga, e na segunda, a notícia de que, “pouco
tempo depois” os bandidos foram recapturados. Portanto,
o “pouco tempo depois” dessa oração se refere à fuga dos
bandidos. O que torna a opção B a única correta.
Questões comentadas / 79
Conseguiu exercitar o que aprendeu? Agora continue
praticando. Mãos à obra! A prática vai ajudar você a enfrentar as questões de INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
com a certeza de que domina o assunto.
Nós que fazemos a Audiojus torcemos pelo seu sucesso!
80 / Interpretação
Bibliografia
LIVROS:
- Aquino, Renato Monteiro de. Interpretação de Textos.
Série Impetus Provas e Concursos.
4 ª edição. Ed. Campus.
- Lima, Rocha. Gramática Normativa da Língua
Portuguesa.
43ª edição. Ed. José Olímpio.
- Revista Português para Concursos.
Rio de Janeiro. Ed. Provenzano.
- Savioli, Francisco Platão. Gramática em 44 lições.
Série Compacta.
14ª edição. Ed. Ática.
- Vicente, Jorge. Português. Série Impetus Questões.
5ª edição. Ed. Campus.
Bibliografia / 81
SITES:
www.capcursos.com.br
www.policon.com.br
www.anglo.com.br
www.vemconcursos.com.br
82 / Interpretação
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