É proibida a reprodução total ou parcial desta obra com base na Lei nº 9.610/98. A violação de direitos autorias constitui crime de acordo com o que determina o art. 184 do Código Penal. Todos os direitos reservados a Sette Informações Educacionais Ltda CNPJ: 05.729.886/0001-22 E–mail: [email protected] Capa Massapê Comunicação Diagramação Claudio Braghini Jr. Coordenação de Produção Cecília Araújo Produção e Revisão Profº Herbert Santos Pesquisa e digitação Cristiane Cruz Locução Lina Fernandes Operação de Áudio Admilson Rufino da Silva ISBN 85-99303-01-5 Capítulo 1 / Leitura, paráfrase, denotação e conotação Três requisitos são indispensáveis para ter um bom desempenho na compreensão de textos: leitura constante, vocabulário vasto e determinação. Então preste atenção nas dicas a seguir porque elas vão ser úteis na preparação para as provas do concurso. Leitura: Mesmo se não gostar de ler, terá que se habituar. A leitura facilita a compreensão do texto independentemente do estilo ou da forma. Acredite! Basta tentar entender, vivenciar a história. Encare a leitura como uma viagem. Desta forma, o aprendizado e a compreensão ficarão mais simples. Comece lendo o que você gosta: gibi, revista de fofoca, jornal, vale tudo para adquirir prazer na leitura. Agora, você precisa enriquecer o seu vocabulário. Vamos aprender como? Enriquecendo o vocabulário: É também através da leitura que você enriquece o seu vocabulário. A Língua Portuguesa tem milhares de vocábulos e você precisa conhecer, pelo menos, uma parcela deles para poder se expressar. Um bom exercício é encontrar sinônimos para palavras já Leitura, paráfrase, denotação e conotação / conhecidas. Fazer palavras cruzadas é divertido e também ajuda. Nunca deixe de pesquisar o significado das expressões. Anote o vocábulo que você não conhece e procure a definição no dicionário. Mas não esqueça: é fundamental ter um bom vocabulário para entender e resolver as questões de INTERPRETAÇÃO DE TEXTO. Determinação: Esse é um requisito que livro nenhum recomenda, mas é importantíssimo. Se você pretende dominar as técnicas de INTERPRETAÇÃO DE TEXTO, deve ter em mente que sua vontade e determinação serão fundamentais. Então não perca tempo! Seja perseverante!!! Como afirmamos no início do curso alguns assuntos da nossa gramática são essenciais para que você consiga compreender e interpretar textos com mais facilidade. Vamos relembrar? Então fique atento! Paráfrase PARÁFRASE: Significa desenvolver um texto com base em um outro já existente mantendo as mesmas ideias do original. Pode ser também uma tradução livre, que mantém alguma fidelidade às ideias centrais. Existem várias formas de PARAFRASEAR um texto. Você pode utilizar sinônimos, antônimos, mudar a voz do verbo ou alternar o termo verbal pelo nominal. O enunciado pede, quase sempre, para você encontrar a paráfrase correta. E agora que você já sabe / Interpretação a definição do termo, vamos à prática. Preste atenção aos exemplos de paráfrase: Paráfrase com sinônimo: Ex: A menina voltou para casa após o horário combinado com a sua mãe. A garota retornou a sua residência depois da hora marcada com a sua genitora. Comentário: Percebeu como as palavras foram substituídas por sinônimos, mas o sentido da frase foi mantido na íntegra? Paráfrase com antônimo: Ex: O garoto é desobediente e agitado. O menino não é obediente nem tranquilo. Comentário: Usamos palavras antônimas, ou seja, de sentido contrário, para reescrever a frase de forma diferente, mas mantendo o mesmo significado. Se o menino é desobediente e agitado, logo, não pode ser obediente e tranquilo. Paráfrase com mudança na voz do verbo: Ex: Luíza penteou os cabelos da sua irmã, Eduarda. – Frase na VOZ ATIVA. Eduarda teve os cabelos penteados pela sua irmã Luíza. – Frase na VOZ PASSIVA Comentário: O verbo que estava na voz ativa ficou na voz passiva, mas o sentido da frase permaneceu igual. Leitura, paráfrase, denotação e conotação / Paráfrase com alternância do termo verbal e o nominal Ex: É preciso que o grupo compreenda. É preciso a compreensão do grupo. Comentário: Basta trocar o termo verbal pelo nominal para modificar a frase mantendo o sentido. Denotação e conotação Denotação: Na Língua Portuguesa, o sentido DENOTATIVO existe quando uma palavra ou expressão é empregada mantendo o significado literal de sua definição. Ex: Eu voei alto. Viajei para São Paulo a bordo de um avião Jumbo–737. Comentário: O sentido real do termo: Voei alto, é literal porque homens não têm asas, mas voam a bordo de aviões. Ex: A orelha do burro estava machucada. Comentário: O termo “orelha” significa o aparelho auditivo do animal, portanto, tem sentido real ou denotativo. Conotação: No sentido CONOTATIVO, a palavra ou expressão não corresponde ao sentido real do termo. Ex: Eu voei alto, viajei nas páginas daquele romance. Comentário: Nessa frase, os verbos “voei” e “viajei” têm sentido conotativo. Pessoas não voam ou viajam em páginas de livros. A canção de Lulu Santos, “Gramática”, interpretada pelo grupo “Paralamas do Sucesso” está cheia de conotações. Ouça!!! 10 / Interpretação “Assaltaram a gramática Assassinaram a lógica Meteram poesia na bagunça do dia–a–dia Sequestraram a fonética Violentaram a métrica. Meteram poesia aonde devia e não devia”. Leitura, paráfrase, denotação e conotação / 11 Capítulo 2 / Figuras de linguagem FIGURAS DE LINGUAGEM: São desvios da norma gramatical usados para dar mais expressão à linguagem. As figuras podem ser: de palavras, de construção e de pensamento. FIGURAS DE PALAVRAS: - Metáfora - Metonímia - Catacrese - Antonomásia - Sinestesia. Os nomes podem ser bem esquisitos mas o significado é simples, você vai perceber. METÁFORA: Figura em que uma palavra é usada com o significado de outra para estabelecer uma relação de comparação. Uma metáfora bem conhecida é: Minha boca é um túmulo. Comentário: A frase quer comunicar que a boca de alguém está fechada ou lacrada como um túmulo. Ou seja, minha boca está fechada. 12 / Interpretação Ex: Dê asas à imaginação. Comentário: Dar asas pressupõe liberar, soltar a imaginação. A metáfora é também muito presente nas músicas. Escute algumas na canção “Do Seu Lado”, cantada pela banda Jota Quest e composta por Nando Reis. “Pra perceber que olhar só pra dentro é o maior desperdício O teu amor pode estar do seu lado O amor é o calor que aquece a alma O amor tem sabor pra quem bebe a sua água” METONÍMIA: Ocorre quando há a troca de uma palavra por outra em virtude de haver algum tipo de relação entre elas: Ex: Ler Machado de Assis é sempre um prazer. Comentário: Nesta frase o escritor Machado de Assis é lembrado por suas obras. É o emprego do autor pela obra. Ex: A mão que balança o berço. Comentário: Aqui a mão é a parte que representa o todo, ou seja, o indivíduo. Temos, então, um emprego de parte pelo todo. CATACRESE: Ocorre quando uma palavra ou expressão é empregada de forma imprópria ou em lugar de outra que não a substitua. Figuras de linguagem / 13 Ex.: Cuidado para não quebrar a asa da xícara. A menina sentou no braço do sofá. Ex: Meu livro foi encontrado cheio de orelhas. Comentário: Observe como asa da xícara, braço do sofá e orelha do livro são expressões usadas por não haver outras mais adequadas. Imagine as frases: “Cuidado ao segurar a parte lateral responsável pelo apoio do pequeno copo” ou, ainda, “Meu livro possuía várias dobras indesejáveis localizadas na parte superior direita ou esquerda da página.” Sem comentários... ANTONOMÁSIA: Ocorre quando substituímos o nome próprio por alguma característica conhecida daquela pessoa. Vamos citar alguns famosos: Ex: O rei do cangaço espalhou o terror em todo o Sertão nordestino. Comentário: O rei do cangaço é Virgulino Ferreira, também conhecido como Lampião. Ex: A Veneza brasileira é uma cidade encantadora. Comentário: a Veneza brasileira é Recife. Ex: A rainha dos baixinhos se apresentou no Recife. Comentário: A rainha é a apresentadora Xuxa. SINESTESIA: Figura que reúne ou agrupa várias sensações dos órgãos dos sentidos. São elas: audição,visão, tato, paladar e olfato. Fica fácil entender com o exemplo: Uma voz doce e aveludada encanta até o espírito humano. 14 / Interpretação Comentário: Nesta mesma frase temos a fusão dos sentidos audição, paladar e tato. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO: As principais são: • Anáfora • Aliteração • Anacoluto • Anástrofe • Anadiplose • Elipse • Silepse • Hipérbato • Pleonasmo • Polissíndeto • Zeugma Vamos aprender o significado das figuras de construção, quando ocorrem e como identificá–las? ANÁFORA: É a repetição da mesma palavra no começo da frase. Normalmente ocorre em poemas. Perceba que a palavra Você inicia todas as frases. Na música “Olhos coloridos” de Sandra de Sá, ocorre anáfora. Escute!!!!! “Você ri da minha roupa Você ri do meu cabelo Você ri da minha pele Você ri do meu sorriso” Figuras de linguagem / 15 ALITERAÇÃO: O rato roeu a roupa do rei de Roma. Quem nunca ouviu esta frase? A consoante R está presente em todas as palavras, por isso, ocorre uma aliteração, ou seja, a repetição de consoantes na frase. Outro exemplo: A pipa pinga, o pinto pia, quanto mais a pipa pinga mais o pinto pia. ANACOLUTO: Ocorre quando há um termo solto, sem função sintática, na frase. Para identificar o anacoluto basta retirar tal termo e verificar se a compreensão foi mantida. Ex.: E a menina, para não passar a noite só, era melhor que fosse dormir na casa de uns vizinhos. Comentário: Se o termo E a menina fosse retirado da oração, o entendimento seria o mesmo. ANÁSTROFE: É a inversão da ordem natural dos termos na frase. Isto é, inverter a posição dos termos determinante e determinado na oração. Acompanhe o exemplo: Ex.: Partiu para o mundo a jovem. Na ordem direta a frase ficaria assim: A jovem partiu para o mundo. ANADIPLOSE: É a repetição de palavras no fim de uma frase e no início da próxima frase no mesmo texto. Perceba como é simples identificar essa figura, tomando, por exemplo, um texto de Gregório de Matos. Ofendi–vos, meu Deus, é bem verdade, Verdade é, meu Senhor, que hei delinquido, 16 / Interpretação Delinquido vos tenho, e ofendido; Ofendido vos tem minha maldade. ELIPSE: Consiste em omitir um termo que está subentendido na frase. Analise os exemplos: Ex: Gosto de sorvete. Comentário: Fica implícito que Eu gosto de sorvete. Ex.: Muitas pessoas têm hábitos de leitura, mas outras não. Comentário: Observe que o termo têm hábitos de leitura fica subentendido na segunda oração. SILEPSE: Figura em que a concordância é feita com ideias pressupostas na frase e não com o termo impresso. A Silepse pode ser de gênero, número ou de pessoa. Silepse de Gênero: Ex.: Vossa Majestade está irritado. Comentário: A concordância certa seria: está irritada já que Vossa Majestade é do gênero feminino, mas subentende–se que estamos falando de um homem. Silepse de Número: Ex.: A equipe chegou atrasada e falavam em tom elevado. Comentário: O correto seria concordar o verbo falar com equipe, mas fica subentendido que uma equipe é composta por várias pessoas, por isso, o verbo vai ao plural. Figuras de linguagem / 17 Silepse de Pessoas: Ex.: Os Pernambucanos somos batalhadores. Comentário: Fica implícito que NÓS (os Pernambucanos) somos batalhadores. HIPÉRBATO: É a inversão mais acentuada de palavras na frase. Cuidado para não confundir com anástrofe, que é uma forma variante do hipérbato, onde a inversão é apenas entre o termo determinante e determinado. Nem sempre é fácil distinguir anástrofe de hipérbato. Mas, vamos entender com o exemplo: Ex: Letras felizes de músicas emocionam, ou ainda, Músicas de letras felizes emocionam. Comentário: Na ordem direta a frase seria: Músicas de letras felizes emocionam. Ouça a canção “Qualquer coisa” de Caetano Veloso e perceba esta figura de construção: “Esse papo já tá qualquer coisa Você já tá pra lá de Marrakesh Mexe qualquer coisa dentro, doida Já qualquer coisa doida dentro mexe Não se avexe não baião de dois deixe de manha, deixe de manha...” PLEONASMO: É a repetição desnecessária de palavras ou expressões para enfatizar, reforçar uma ideia. Confira os exemplos: 18 / Interpretação Ex.: Ambos os dois chegaram cansados. Comentário: A ideia de ambos já define que se trata de dois referentes. Ex: Eu a vi com os olhos que a terra há de comer. Comentário: Imagina como nós veríamos algo se não fosse com os olhos? POLISSÍNDETO: Ocorre quando há repetição da conjunção aditiva “e” ou de outra conjunção coordenativa entre as orações coordenadas. Ex.: E corre e escolhe e paga no caixa os produtos que consegue adquirir nas liquidações. Comentário: Perceba a presença constante da conjunção aditiva “e”. ZEUGMA: É um tipo de elipse. É a omissão de um termo já enunciado anteriormente que pode ser facilmente identificado. Siga o exemplo de zeugma. Ex.: Luíza e Eduarda estudam em colégio particular e Roberta em escola pública. Comentário: O verbo estudar expresso na primeira oraçãofica implícito na segunda. Figuras de Pensamento: Agora que você já aprendeu a identificar as figuras de palavras e de construção vamos estudar as figuras de pensamento. Vamos à lista: • Antítese • Ironia Figuras de linguagem / 19 • Apóstrofe • Eufemismo • Hipérbole • Paradoxo • Prosopopeia • Onomatopeia As figuras de pensamento são de mais fácil compreensão porque usamos habitualmente. Então, vamos conhecê–las? ANTÍTESE: Consiste na oposição de ideias ou palavras. A música de Lulu Santos, “Certas Coisas”, é repleta de antítese. Ouça a letra da canção: “...Nós somos medo e desejo Somos feitos de silêncio e sons”, “Têm certas coisas que eu não sei dizer”. APÓSTROFE: É um chamamento, uma invocação a seres reais ou imaginários. Corresponde ao vocativo na análise sintática. Acompanhe os exemplos: Ex.: Virgem Maria, rogai por nós. Amarga tristeza, desapareça de minha vida! Onomatopeia: Figura em que o som da palavra ou de uma sequência lembra o significado da própria palavra. 20 / Interpretação Ex: O relógio faz tic–tac. Chove, chuva, está chovendo. Ouça agora o refrão de “Chove Chuva” na interpretação da banda Biquíni Cavadão. “Chove chuva, chove sem parar Chove chuva, chove sem parar Chove, chove, chove Chove chuva, chove sem parar” EUFEMISMO: Ocorre quando tentamos amenizar o impacto de uma expressão desagradável. Ouça como é possível tratar de assuntos desagradáveis de forma delicada. Ex.: Você não falou a verdade Comentário: A afirmação de que alguém mentiu foi atenuada pela construção da frase. Ex.: Você esqueceu de usar o desodorante. Comentário: Em outras palavras a frase quer dizer que alguém está cheirando mal. Prosopopeia: Consiste em dar qualidades animadas a serem inanimados, sem vida. É comum ocorrer em piadas e estórias infantis. Ex.: Você sabe o que o café disse para a colher? Você mexe comigo. O espelho mágico disse à rainha que Branca de Neve era a mais bela de todas. Figuras de linguagem / 21 A canção “De repente, Califórnia” de Lulu Santos traz vários exemplos de personificação. Observe: “O vento beija meus cabelos As ondas lambem minhas pernas O sol abraça o meu corpo Meu coração canta feliz...” HIPÉRBOLE: É o contrário do Eufemismo. Consiste em exagerar na expressão de uma ideia. Aprenda com os exemplos: Estou morrendo de tristeza por ter que partir. Comentário: O exagero está na ideia de morrer de tristeza por ter que partir. Meu amor por você é maior do que o universo. Comentário: O excesso vem da dimensão exagerada expressa no termo “do tamanho do universo”. Acompanhe um trecho da música “Exagerado”, de Cazuza. “Eu nunca mais vou respirar Se você não me notar Eu posso até morrer de fome Se você não me amar...” IRONIA: Ocorre quando a frase tem um significado contrário do que se pensa. Muitas vezes somos irônicos quando tentamos agradar a terceiros. Imagine que você 22 / Interpretação encontrou na rua um amigo obeso que engorda a cada dia e diz a ele: Ex.: “Nossa! Você está mais magro” Comentário: É uma ironia porque a afirmação contradiz o que estamos pensando. PARADOXO: É a figura que comporta duas ideias opostas simultaneamente. A música de Herbert Vianna “A Novidade” traz vários paradoxos. Acompanhe: “A novidade era o máximo do paradoxo estendido na areia Alguns a desejar seus beijos de deusa Outros a desejar seu rabo pra ceia. A novidade era guerra entre o feliz poeta e o esfomiado Estraçalhando uma sereia bonita, despedaçando o sonho para cada lado”. Figuras de linguagem / 23 Capítulo 3 / Vícios de linguagem e significado das palavras VÍCIOS DE LINGUAGEM: São desvios da norma culta provocados por descuido ou por ignorância de quem fala ou escreve. Vamos conhecê–los um a um: BARBARISMO: Ocorre quando há desvio da norma gramatical. Eles podem ser : Barbarismo de Grafia: Ocorre quando escrevemos uma expressão de forma errada. Comentário: A palavra Xuxu escrita com dois X tem o mesmo som de Chuchu escrita da forma correta com dois CH. Mas é barbarismo de grafia escrever Chuchu com “X”. Barbarismo de Pronúncia: Quando pronunciamos erradamente. Um exemplo muito conhecido é a palavra “rubrica”. Muitos a pronunciam rúbrica. Barbarismo de Morfologia: Quando a forma está escrita erradamente. Ex.: O jornalista intermedia o debate político. O correto seria: O jornalista intermedeia o debate político. 24 / Interpretação Barbarismo de Semântica: Ocorre quando há erro no sentido das palavras. Ex: Não comer peixe que tem espinho. O correto seria: espinha. É a cara do pai cuspida e escarrada. A expressão certa é: esculpida e encarnada. ATENÇÃO: Todas as formas de estrangeirismo também constituem barbarismos. O estrangeirismo ocorre quando usamos palavras de outras línguas que não o português. Vamos conhecer agora um outro vício de linguagem. SOLECISMO: É o nome dado às construções que transgridem as normas de sintaxe, que podem ser dos seguintes tipos: a) de concordância: Observe os exemplos: Haviam pessoas na sala; A turma gostaram da festa; Quem fez isso fui eu. b) de regência: Obedeça o chefe; Assistir o programa; Ter ódio do mundo. Vícios de linguagem e significado das palavras / 25 c) de colocação: Verei–te amanhã; Não olhei–te; Propor–vos–íamos. ARCAÍSMO: É o uso de palavras que já caíram em desuso. Ex: Colóquio amoroso. Significava flerte ou namoro. PRECIOSISMO: É o uso de um vocabulário muito rebuscado. Ex: “Baixar a inflação? Isso é colóquio flácido para acalentar bovino”. Significa o mesmo que dizer “isso é conversa mole para boi dormir”. NEOLOGISMO: São palavras novas que obedecem às normas gramaticais, mas ainda não foram incorporadas ao nosso idioma. Ex.: O técnico da seleção brasileira se considera imexível. Comentário: a palavra “imexível” é um neologismo. A canção “Pela Internet” de Gilberto Gil é um bom exemplo do uso de neologismos. Ouça a letra! “Com quantos gigabytes Se faz uma jangada Um barco que veleje Que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante da infomaré 26 / Interpretação Que leve um oriki do meu velho orixá Ao porto de um disquete de um micro em Taité...” AMBIGUIDADE: É quando a mesma frase permite mais de uma interpretação. Apresenta dois ou mais sentidos. Acompanhe o exemplo. Ex.: Um homem disse ao outro que sua mulher havia morrido. Comentário: Quem ficou desesperado com a notícia? Não é possível saber ao certo, pois a frase pode ser interpretada de duas formas. O pronome possessivo “sua” é o responsável pela ambiguidade porque não esclarece de quem é a mulher falecida. Se do homem que falou ou se do homem que ouviu a notícia. CACÓFATO: Ocorre quando há junção de duas sílabas que criam um sentido ridículo, inconveniente ou descabido. Ex.: Vou–me já. Comentário: A frase quer dizer: “Vou agora”, mas soa como “vou urinar”. Ex.: Uma vez passada que comi no restaurante foi muito boa. Comentário: Neste exemplo percebe–se a ideia de que alguém foi a um restaurante comer vespa assada. PLEONASMO VICIOSO OU TAUTOLOGIA: Observe os exemplos a seguir e tire as suas conclusões sobre Vícios de linguagem e significado das palavras / 27 este vício de linguagem: descer para baixo, subir para cima, sair para fora, hemorragia de sangue, novidade inédita, repetir outra vez, exultar de alegria, conviver juntos, inventar novidades, adiar para depois e panorama geral. ECO: É o uso de fonemas iguais. Uma frase usada como slogan de final de ano da Rede Globo dizia: “Tente, invente, faça um ano novo diferente”. Significado das palavras Como já dissemos, a Língua Portuguesa é muito extensa. Há palavras que são escritas com a mesma grafia, outras têm o mesmo som, algumas têm grafia e som iguais com significados diferentes. Enfim, para não confundir sua cabeça vamos conhecer as palavras e seus significados. As palavras são classificadas em parônimos e homônimos. PALAVRAS HOMÔNIMAS: Possuem a mesma pronúncia ou grafia, mas significados diferentes. As homônimas podem ser: Homônimos Homófonos: Apresentam pronúncia e som iguais, com grafia e significado diferentes. Vamos acompanhar alguns exemplos: A palavra acender escrita com a letra C significa pôr fogo. Já ascender escrita com SC significa subir. 28 / Interpretação Ex.: O mesmo acontece com a palavra censo. Se for escrito com C significa recenseamento. Enquanto senso com S quer dizer entendimento, juízo. Homônimos Homógrafos: Têm a mesma grafia com pronúncia diferente e significados diversos. Acompanhe as frases: Ex.: Pelo amor de Deus faça o que eu peço. O pelo encravado no meu sinal cresce rápido. Ainda existem os homônimos homófonos e homógrafos: Mais conhecidos como homônimos perfeitos, são palavras escritas e pronunciadas de forma igual. Só o significado difere. A palavra: pena é um homônimo perfeito. Entenda com alguns exemplos: Ex.: A Pena de galinha tem cheiro desagradável. Tenho pena daquela pobre menina rica. Outros exemplos são estes: Bucho(ch): estômago // buxo(x): arbusto Cela (c): quarto pequeno // sela(s): arreio Coser (s): costurar // cozer(z): cozinhar Concerto (c): sessão musical // conserto(s): reparo Cito (c): do verbo citar // sito(s): situado Laço(ç): nó // lasso (ss): frouxo Taxa (x): imposto // tacha (ch): tipo de prego Espiar (s): olhar // expiar (x): sofrer, purgar Vícios de linguagem e significado das palavras / 29 Incerto (c): duvidoso // inserto (s): inserido, dentro de Cheque (ch): ordem de pagamento // Xeque (x): lance do jogo de xadrez. PALAVRAS PARÔNIMAS: São apenas parecidas, mas têm grafia, pronúncia e significado diferentes. Acompanhe os exemplos: A palavra arrear (com “e” e “a”) significa pôr arreios. Já a palavra arriar (com “i” e “a”) significa descer, cair. Imergir (com i) significa afundar. E, emergir (com e) significa vir à tona. Acompanhe outros exemplos: Absolver (l): perdoar, inocentar // Absorver (r): aspirar, sorver. Apóstrofe: figura de linguagem // Apóstrofo: sinal gráfico Emigrar (e): deixar uma região ou país. Imigrar (i): entrar num país Eminente (e): é o mesmo que elevado // Iminente (i): prestes a acontecer Vadear (e): atravessar a vau // Vadiar (i): andar ociosamente Mandado: ordem judicial // Mandato: procuração Infligir: aplicar pena // Infringir: violar, desrespeitar. 30 / Interpretação Capítulo 4 / Preposição, . conjunção, coesão e coerência PREPOSIÇÃO: É a palavra que liga dois termos ou palavras da oração estabelecendo uma relação entre elas. São classificadas em acidentais ou essenciais e também podem ser locuções prepositivas. Vamos conhecer as preposições? Preposições Essenciais: São aquelas que sempre foram preposições. Vamos à lista: a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre e trás. Ex.: Entre você e mim há mais do que uma simples amizade. Não vou para casa desde ontem. Preposições Acidentais: São palavras de uma outra classe que em certas circunstâncias funcionam como a preposição. As mais usadas são: conforme, segundo, como, salvo, fora, mediante, tenho e durante. Ex: Saiu durante a festa. Pagou a taxa de condomínio mediante entrega do recibo. Locuções prepositivas: É o conjunto de duas ou mais palavras formadas por preposição. As mais usadas são: à Preposição, conjunção, coesão e coerência / 31 frente de, à espera de, a fim de, à beira de, abaixo de, ao lado de, apesar de, graças a, de acordo com e à procura de. Ex.: Estou à beira de um ataque de nervos. Conjunção CONJUNÇÃO: É uma palavra invariável que liga duas orações. São divididas em coordenativas e subordinativas. COORDENATIVAS: Ligam duas orações independentes ou coordenadas. Vamos saber quais são os cinco tipos de conjunções coordenativas? São elas: aditivas; adversativas; alternativas; conclusivas e explicativas Conjunções Aditivas: Conjunções que exprimem adição ou soma de ideias, pensamentos. São elas: e, nem, mas também e mas ainda. Ex.: Fábio chegou cedo e terminou o trabalho. Conjunções Adversativas: Sugerem uma ideia de oposição, de contraste de pensamentos. As adversativas mais usadas são: mas, porém, contudo, todavia e entretanto. Ex.: Gosto de trem, mas prefiro ônibus. Conjunções Alternativas: Dão a ideia de escolha, de possibilidade. As principais são: ou...ou, ora...ora e quer...quer. 32 / Interpretação Ex.: Ou você estuda, ou trabalha. Você vai quer queira, quer não queira. Conjunções Conclusivas: Indicam a conclusão de pensamentos. As mais frequentes são: portanto, por isso, logo, por conseguinte, assim, então e pois (posposto ao verbo). Ex.: O cavalo está doente, logo não pode competir. Conjunções Explicativas: Explicam dando o motivo, a razão. As mais comuns são: pois (antes do verbo da oração), porquanto, porque e que. Ex.: Não fui a sua casa ontem, pois estava muito cansado. Vamos conhecer agora as Conjunções Subordinativas! SUBORDINATIVAS: Ligam a oração subordinada a sua principal, ou seja, são orações que dependem de si para completar o sentido da frase. Vamos descobrir quais são elas: causais; condicionais; consecutivas; comparativas; conformativas; concessivas; temporais; finais; proporcionais e integrantes. Causais: Iniciam as orações subordinadas que indicam causa. As conjunções subordinativas causais são: porque, já que, uma vez que, como e visto que. Ex.: Ela desistiu de competir, porque estava doente. Preposição, conjunção, coesão e coerência / 33 Condicionais: Pressupõem condição, hipótese. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, desde que, a menos que e a não ser que. Ex.: Vou com você ao teatro, contanto que me pague a entrada. Consecutivas: Exprimem a consequência ou efeito do que foi declarado na primeira oração. As consecutivas são: que (antes de tão, tal e tanto), de modo que, de maneira que e de sorte que. Exemplo: Choveu muito, de modo que deixou as ruas alagadas. Comparativas: Iniciam orações subordinadas que dão a ideia de comparação. As principais são: que, do que (quando iniciadas ou antecedidas por menos, mais, maior, menor, melhor e pior), qual (quando iniciada ou antecedida por tal) e como (relacionado a bem, tal, tão e tanto). Ex.: Esta gramática é mais antiga que a minha. Conformativas: Orações que indicam conformidade, concordância de um fato com outro. As conjunções conformativas são: como, conforme, segundo e consoante. Exemplo: Fiz o trabalho conforme fui orientada. Concessivas: Exprimem um sentido contrário, inverso à ideia contida na oração principal. As concessivas são: 34 / Interpretação embora, se bem que, ainda que, mesmo que, conquanto, posto que, apesar de que, por mais que, por menos que, por maior que, por pior que, por melhor que e por pouco que. Ex.: Foi embora logo, ainda que não quisesse. Temporais: Dão à oração ideia de tempo. As temporais são: quando, enquanto, logo que, desde que, assim que, depois que, antes que e sempre que. Ex.: Devolverei o livro, assim que terminar de lê–lo. Finais: Indicam a finalidade na oração. São elas: a fim de que, para que e que. Ex.: Trabalhou com dedicação, a fim de que fosse promovido. Proporcionais: Exprimem a ideia de simultaneidade. As proporcionais são: à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto mais, quanto menos, quanto menor, quanto maior, quanto melhor e quanto pior. Ex.: A música aumentava à proporção que ele se aproximava. Integrantes: Introduzem orações com função substantiva. São elas: que e se (caso iniciem uma oração subordinada substantiva). Ex.: Não vi se os professores já chegaram. Preposição, conjunção, coesão e coerência / 35 Coesão e coerência COESÃO E COERÊNCIA: O texto é o conjunto de palavras, associadas entre si por processos de coordenação e subordinação. As palavras são constituídas por fonemas, sons da fala. Os fonemas são representados por letras que se unem para formar as orações que, agrupadas, constituem os períodos. Os períodos formam os parágrafos. E temos então o texto. Mas para que isso tudo ocorra de modo exato, é preciso usar adequadamente os elementos necessários que dão sentido ao texto, pois caso isso não ocorra, o sentido será prejudicado. Observe o exemplo a seguir: Ex: O dia estava lindo e o sol radiante. Por isso, faltei à escola. Comentário: A frase, composta por períodos, é agrupada de dois segmentos distintos. O primeiro fala do lindo dia e do sol; o segundo da decisão de faltar aula. Note que o que faz a ligação entre os segmentos é a locução por isso. Para manter a coerência também poderíamos usar os termos: por causa disso, em virtude disso. Concluímos então, que as partes do texto estavam ligadas coerentemente porque a locução usada explica uma situação, ligando duas orações e mantendo um sentido lógico, portanto, coerente. Então não esqueça que: coesão é a ligação entre as partes do texto; coerência é o seu sentido lógico. Você sabe quais são as palavras que fazem essa ligação mantendo o sentido 36 / Interpretação lógico? São os chamados elementos conectores. Palavras que sempre fazem referência ao texto, em situações já passadas ou por acontecer. Muitas palavras desempenham a função de conectivos. Observe as principais: – Pronomes pessoais, retos ou oblíquos; pronomes possessivos; demonstrativos; indefinidos; relativos e interrogativos. –Substantivos, advérbios, preposições. –Conjunções coordenativas e subordinativas. Depois de estudar os elementos conectores, coesão e coerência, vamos agora praticar? Assinale o item que, atendidos os requisitos de coerência e coesão, possa dar continuidade ao seguinte período: “Os historiadores vêm, há muito tempo, estudando o corpo no campo de uma demografia ou de uma patologia históricas. Mostraram até que ponto os processos históricos estavam implicados no que se poderia considerar a base puramente biológica da existência”. a) Apesar disso, o corpo está diretamente mergulhado no campo político, as relações de poder têm alcance imediato sobre ele. b) Na medida em que o encaram como sede de necessidades e de apetites, como lugar de processos fisiológicos Preposição, conjunção, coesão e coerência / 37 e de metabolismos, o corpo só se torna útil se é, ao mesmo tempo, corpo produtivo e corpo submisso. c) Também está o corpo envolvido por relações de poder e de dominação, que o sujeitam a trabalhos, o supliciam e lhe exigem sinais. Esse processo pode ser denominado tecnologia política do corpo. d) Portanto, o investimento político do corpo está ligado, segundo relações complexas e recíprocas, à sua utilização econômica. e) Em compensação, sua constituição como força de trabalho só é possível se ele está preso num sistema de sujeição, onde a necessidade é também um instrumento político organizado. Resposta: C Comentário: A resposta certa é a opção C. A palavra também, além de retomar a ideia apresentada na argumentação anterior, acrescenta mais uma informação ao texto: de o corpo estar envolvido por relações de poder e de dominação. A palavra também, então, está servindo de elo entre informações presentes e contribuindo para o sentido de continuidade do período. 38 / Interpretação Capítulo 5 / Textos para . concurso TEXTOS PARA CONCURSO: É impossível adivinhar que tipo de texto vai cair em determinada prova. Os fragmentos podem ser retirados de músicas, poemas, contos, crônicas, reportagens ou até de romances da literatura brasileira. Os textos jornalísticos geralmente são mais modernos e objetivos. Já os literários têm uma linguagem mais complexa. Essa não é uma divisão oficial que conste em livros de gramática ou de interpretação de texto. É fruto da pesquisa desenvolvida para elaborar um curso moderno e específico de INTERPRETAÇÃO DE TEXTO. Então não esqueça: O texto jornalístico pode ser uma reportagem, crônica ou artigo, extraídos de jornais e revistas. Normalmente abordam temas atuais, com linguagem direta e objetiva. O texto literário retirado de romances de nossa literatura tem linguagem mais rebuscada, mais complexa, e menos direta. Nos concursos mais recentes os textos contemporâneos têm a preferência das instituições organizadoras. Bom para você, já que é mais fácil interpretar os textos jornalísticos. Textos para concurso / 39 É importante lembrar que tanto os textos jornalísticos como os literários podem ser DISSERTATIVOS, NARRATIVOS OU DESCRITIVOS. Esses conceitos vão ajudar você a identificar cada tipo de texto e ainda servem como treino para as provas que exigem redação. Vamos saber qual é a definição e as diferenças entre eles? Dissertação A DISSERTAÇÃO é um texto em que o escritor opina, argumenta, contrapõe argumentos. É o tipo mais exigido em concursos públicos. Nas seleções que cobram redação, o estilo é sempre dissertativo. A dissertação deve ser escrita em quatro ou cinco parágrafos, com no mínimo 15 e no máximo 30 linhas. A divisão dos parágrafos fica assim: INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO E CONCLUSÃO. Introdução: É o primeiro parágrafo onde deve constar a ideia central do texto ou redação. É a partir dessa ideia que os parágrafos seguintes são desenvolvidos. Desenvolvimento: O desenvolvimento é composto por dois, no máximo, três parágrafos. É no desenvolvimento, também chamado de corpo, onde a ideia central será reforçada ou rebatida com opiniões e argumentos. 40 / Interpretação Conclusão: É o parágrafo que encerra a dissertação. Você pode fechar seu texto reforçando a sua opinião final a respeito do tema, citando alguma frase conhecida ou fazendo um resumo de tudo que foi dito. A DISSERTAÇÃO exige uma ordem lógica com: princípio, meio e fim. As ideias têm que ser coerentes para que você não se perca na hora de escrever. Memorize algumas dicas importantes: 1) Delimite seu tema: Escolha que aspecto específico você vai abordar de forma que os argumentos sejam embasados e centrados nesse foco. 2) Enumere os argumentos: Escreva em um rascunho as ideias contra e/ou a favor que você vai utilizar. É importante confrontar ideias. Isso demonstra que você domina o tema. 3) Utilize citações: É interessante reforçar seus argumentos usando citações de pessoas que dominam tal assunto. 4) Elabore uma conclusão de impacto: Reafirme sua opinião, mas sem imposição. E se possível encerre o assunto de forma que cause impacto ou, como se diz, com chave de ouro. Vamos fazer um exercício para testar sua capacidade de redação? Se você tivesse que dissertar sobre o Natal, o primeiro passo seria delimitar o tema, isto é, escolher que aspectos seriam Textos para concurso / 41 abordados. Feito isso, você poderia optar por redigir sobre a exploração comercial em torno da data, sobre a onda de solidariedade gerada pelo nascimento de Jesus Cristo, sobre o Papai Noel ou muitos outros enfoques pertinentes. Também seria possível associar um ou dois assuntos na mesma redação para servir de reforço ou contrapor a ideia central. Vamos então falar da exploração comercial do Natal? Então como seria o primeiro parágrafo? Explicação: No primeiro parágrafo ou introdução, é importante conceituar o tema para situar o leitor. Em seguida, introduza a ideia central que será desenvolvida ao longo do texto. A ideia central é: o consumismo que desvirtuou o sentido religioso dos festejos natalinos. Vamos então à introdução: 1º Parágrafo ou Introdução: O nascimento de Jesus Cristo, comemorado em 25 de dezembro, é a mais importante data do calendário católico. Seguindo o exemplo de Cristo, que deu a vida para salvar a humanidade, muitas pessoas são tomadas por um sentimento de solidariedade e amor ao próximo. Mas nas últimas décadas, a tônica dos festejos natalinos tem sido a exploração comercial em torno da data. Explicação: Nos dois parágrafos do desenvolvimento ou corpo, que vem em seguida, deve–se expor as ações que 42 / Interpretação remetem ao consumismo: compra de presentes, eletrodomésticos ou outros bens que somente valorizam o ter. Um reforço à argumentação seria o fato de a ceia natalina ser transformada em comilança. Acompanhe agora o desenvolvimento: 2º Parágrafo: O apelo ao consumismo impulsionado pela cultura de massa incita a população a comprar o que puder, às vezes, até mais do que o necessário. No nosso mundo movido pelo verbo ter, o fato de Jesus nascer em um estábulo cercado por animais, sem nenhum conforto, não representa mais do que uma lembrança. Não é à toa que todo ano o comércio comemora o aumento das vendas nesse período. 3º Parágrafo: O que vale, para a maioria, é reformar a casa com móveis e eletrodomésticos novos, comprar roupas, presentes para parentes e amigos. Até a ceia natalina também teve o significado desvirtuado. Antes significava um momento de reunião familiar para celebrar a renovação da esperança com o nascimento do Messias. Mas transformou–se numa comilança e numa bebedeira regada à troca de presentes. Explicação: Já no encerramento mostramos que, apesar do consumismo desenfreado, ainda há exceções. É uma forTextos para concurso / 43 ma de encerrar deixando uma esperança de que as pessoas ainda podem retomar o verdadeiro sentido do Natal. 4° Parágrafo ou Conclusão: Apesar do consumismo desenfreado, ainda existem famílias que mantêm tradições como rezar à mesa, assistir à missa ou ir ao culto religioso. Para muitos, não importa se a mesa não é farta, se não há roupas novas ou presentes. O simples fato de estarem vivos já representa um bom motivo para celebrar o Natal. Se Jesus morreu acreditando que salvaria a humanidade, apenas o consumismo não será capaz de matar a esperança de renovação que surge a cada Natal. Conseguiu captar a trajetória a ser seguida para construir uma redação? Então escolha outros temas e siga adiante. Exercite! Narração NARRAÇÃO: É a forma de composição que consiste no relato de um fato real ou imaginário. Podemos narrar um fato, uma história, um conto, um romance. Na narração podemos encontrar os seguintes elementos: narrador, personagens, enredo, tempo e ambiente. Narrador: É aquele que conta a história sob o seu ponto de vista. Se ele integrar a história também se torna um personagem. Nesse caso a narrativa fica na 1ª pessoa. 44 / Interpretação Personagens: São aqueles que participam da história. Podem ser pessoas, animais, objetos. Você não pode esquecer que numa história o escritor dá vida e sentimentos a tudo que quiser. No conto Alice no País das Maravilhas, o coelho e cartas de baralho andam, falam e pensam. Enredo: É o tema, a trama, ou seja, a história que se desenrola em torno dos personagens. Tempo: É o ano, década, período, época em que a história se passa. Ambiente: É o país, continente, cidade, vilarejo, enfim, o lugar onde se passa a trama. Descrição DESCRIÇÃO: O texto descritivo apresenta excesso de adjetivos para descrever objetos, pessoas. O detalhamento dos aspectos físicos, morais, emocionais e espirituais são a principal característica do estilo. Ex: Entrei naquele casarão velho e senti calafrios. O vento frio produzia ruídos estranhos nas janelas. Os móveis cobertos por lençóis aumentavam a sensação de abandono. O pó acumulado e as teias de aranha tornavam o ambiente ainda mais sujo. As paredes pintadas de preto deixavam o local ainda mais sinistro e sombrio. Tudo causava um medo imenso que paralisavam minhas finas pernas. Comentário: Nesse texto você consegue até visualizar o interior do casarão através dos adjetivos. O casarão é velho, Textos para concurso / 45 tinha ruídos estranhos provocados pelo vento, estava abandonado há anos, tinha pó e teias de aranha que tornavam o ambiente sujo e paredes pretas. Era sinistro e sombrio. Não se preocupe em valorizar demais os detalhes, mas lembrese que eles são importantes na descrição. Entendeu? Então aproveite para treinar. Você pode descrever seu quarto, sua casa, seu trabalho, sua família e assim se habituar a construir textos descritivos. Bom treino! Discurso Discurso Direto: A fala dos personagens é narrada ou escrita na íntegra, literalmente. Para expressar a total fidelidade ao que foi dito, normalmente usamos dois pontos seguidos de travessão. Ou seja, os sinais dois pontos e travessão indicam que a fala a seguir foi reproduzida exatamente igual à forma original. Acompanhe os exemplos: Ex: Eduarda perguntou a Luíza: – Você gostaria de comprar pipoca? Luíza respondeu a Eduarda: – Não! Prefiro bombom. Obs: O uso de aspas pode também caracterizar o discurso direto. Ex: Liza sussurrou: “Renan, passe–me a bula.” Discurso Indireto: Nesse caso o narrador mantém–se fiel ao que foi dito. A diferença é que ele faz uma junção da fala 46 / Interpretação do personagem com a sua fala usando as conjunções integrantes. Para facilitar a sua compreensão, vamos transformar os exemplos do discurso direto em indireto. Perceba: Ex: Eduarda perguntou se Luíza gostaria de comprar pipoca. Luíza respondeu a Eduarda que preferia bombom. Comentário: As conjunções que e se tornaram o discurso indireto. Textos para concurso / 47 Capítulo 6 / Compreensão ou interpretação de texto Depois de refrescar a memória com todos os assuntos que vêm associados à INTERPRETAÇÃO DE TEXTO, vamos aprender as técnicas de leitura, compreensão e interpretação. COMPREENSÃO DO TEXTO: A INTERPRETAÇÃO DE TEXTO é utilizada para medir a capacidade que o candidato possui com relação a sua: – compreensão do pensamento contido em um texto, na sua globalidade; – na distinção entre as ideias básicas e as secundárias; – na identificação das inter–relações de ideias no texto dado; – na dedução de ideias, de sentimentos e de pontos de vista expressos nos textos; – na compreensão do significado de palavras, expressões ou estruturas frasais em determinado contexto; – na análise do texto do ponto de vista da unidade temática e estrutural; – na análise da argumentação. 48 / Interpretação Agora que você já sabe os conhecimentos que precisa aprimorar, preste atenção as principais dicas de leitura: Ler o texto é o primeiro passo para entendê–lo, claro! Entretanto, ler não significa entender. Você pode ler um texto do início ao fim e não absorver nada, nenhuma informação. Isso ocorre porque muitos encaram a leitura apenas como um ato mecânico. O ato de ler deve significar uma oportunidade de ampliar conhecimentos. É a capacidade humana de apreender conhecimentos ou de absorver novas informações através da leitura, o que faz a diferença na hora de INTERPRETAR TEXTOS. 1 – Primeira Leitura: Leia todo o texto de uma só vez. Isso mesmo, leia do início até o final sem interrupções. Como se estivesse fazendo um reconhecimento de área. Essa leitura preliminar serve apenas para você se familiarizar com o tema e com o estilo do texto. No final dessa leitura você já conhecerá, pelo menos, o enredo da história. 2 – Segunda Leitura: Você vai reler o texto atentamente, pausadamente. Desta vez, leia parágrafo por parágrafo. Em cada um sublinhe as ideias principais e retire delas a ideia central, também chamada de tópico frasal. O tópico frasal de cada parágrafo vai ajudar você a captar ou extrair a ideia central do texto. Também nessa segunda leitura você deve grifar as palavras desconhecidas e procurar o significado no dicionário. Compreensão ou interpretação de texto / 49 3 – Terceira Leitura: Vai ajudar você a resumir o texto e captar detalhes que passaram despercebidos. Se alguma dúvida permanecer, leia novamente quantas vezes achar necessário, sempre mantendo a atenção. Em síntese, a ordem para uma leitura competente é a seguinte: – Leia o texto rapidamente na primeira leitura; – Depois releia pausadamente; – Retire o tópico frasal de cada parágrafo; – Extraia a ideia central do texto; – Encontre no dicionário o significado de palavras desconhecidas; – Faça um resumo do texto. Depois de seguir essas dicas você pode constatar se o texto foi compreendido de forma satisfatória tentando responder a algumas questões. Pergunte a si: 1– Qual é a questão central do texto? Se você tiver dúvida para discernir a questão central das secundárias é porque não assimilou as ideias contidas no texto. 2 – Qual é a opinião do autor sobre o tema abordado? Ao longo do texto, o escritor exprime a opinião dele contrária ou favorável ao tema. Se você entendeu o texto, não terá dificuldades para apontar a opinião do autor. 50 / Interpretação 3 – Quais são os argumentos utilizados pelo autor? Eles estão espalhados pelo texto e dão sustentação à opinião do escritor. Saber reconhecê–los é uma prova de que o leitor acompanhou o desenvolvimento das ideias do autor do texto. Aprendeu tudo? Ótimo! Então vamos agora exercitar o que você aprendeu. Escute com atenção o texto a seguir: “O nascimento de Jesus Cristo, comemorado em 25 de Dezembro, é a mais importante data do calendário católico. Seguindo o exemplo de Cristo, que deu a vida para salvar a humanidade, muitas pessoas são tomadas por um sentimento de solidariedade e amor ao próximo. Mas nas últimas décadas o que se vê é a excessiva exploração comercial que desvirtuou o sentido original da data ”. Agora retire do texto o tópico frasal, depois a ideia central e, por último, faça um resumo. O tópico frasal é: O significado dos festejos natalinos. A ideia central é: A exploração comercial que desvirtuou o sentido verdadeiro do Natal. O resumo ou conclusão do texto é: O Natal virou uma data comercial. Compreensão ou interpretação de texto / 51 Capítulo 7 / Enunciado ENUNCIADO: É o texto que contém a pergunta e a explicação do que se pede na questão. O grau de dificuldade do enunciado varia de acordo com o nível da prova. Quando um quesito não associa INTERPRETAÇÃO DE TEXTO a normas gramaticais, ou seja, é apenas de interpretação, a resposta está no próprio texto e no seu poder de compreensão. Cada palavra, frase, parágrafo, conduz a um raciocínio que ajuda na busca pela resposta correta. Por isso, vamos utilizar exemplos de questões só de INTERPRETAÇÃO DE TEXTO. Como são formulados: Se você estiver atento, vai compreender a exigência da questão sem cair em “cascas de banana”. Os enunciados têm formas muito variadas. Vamos citar vários exemplos para que você não tenha surpresas nos concursos. 1– Perguntas Indiretas: Às vezes, o enunciado pede: Assinale a alternativa que NÃO está correta. Seria mais direto pedir a alternativa ERRADA ou INCORRETA, mas esse recurso serve para testar a sua atenção. Algumas questões exigem que você marque a única alternativa em que não 52 / Interpretação há ERRO, portanto a única CORRETA. Outros pedem a ÚNICA EXCEÇÃO. Esses enunciados são simples, basta estar atento para entendê–los. Vamos aos mais complexos: 2– Ideia Central: Muitas questões pedem para você assinalar a alternativa que melhor expressa a ideia central do texto. Atenção! Todas as alternativas apresentarão ideias contidas no texto e escritas da mesma forma. É comum ficar na dúvida, mas lembre–se de que o texto tem várias ideias secundárias e apenas uma Ideia CENTRAL. Vamos usar como exemplo o primeiro parágrafo da dissertação sobre o Natal que você já ouviu anteriormente. Combinado? Então vamos à leitura. “O nascimento de Jesus Cristo, comemorado em 25 de Dezembro, é a mais importante data do calendário católico. Seguindo o exemplo de Cristo que deu à vida para salvar a humanidade, muitas pessoas são tomadas por um sentimento de solidariedade e amor ao próximo. Mas nas últimas décadas, o que se vê é a excessiva exploração comercial que desvirtuou o sentido original da data”. A partir do texto marque a alternativa que melhor expressa a Ideia CENTRAL. a) O Natal é a mais importante data para os católicos. b) Nesta época muitos seguem o exemplo de Jesus Cristo. Enunciado / 53 c) Sentimentos de amor ao próximo e solidariedade ficam aflorados. d) A exploração comercial desvirtuou o verdadeiro sentido do Natal. e) O espírito natalino foi esquecido. Comentário: A alternativa D é a mais fiel à ideia principal do texto porque explica que, apesar da religiosidade, o que está na moda é o consumismo. Essa é a ideia central do texto. Perceba que as outras afirmações também são verdadeiras, mas são alternativas que trazem informações complementares. 3– Julgar, Inferir ou depreender: Quando um enunciado pede para você julgar, inferir ou depreender significa que você só pode tirar conclusões a partir do texto dado e não dos seus conhecimentos. Nesses casos, ocorre que algumas alternativas trazem afirmações que são lógicas e corretas, mas se estas não forem retiradas do texto não podem ser consideradas verdadeiras. Ex.: Essa questão foi retirada da prova de auditor fiscal do INSS no ano de 2002. É uma questão longa, mas muito completa. Se possível acompanhe o exemplo lendo o texto. Vamos lá?! “Li que a espécie humana é um sucesso sem precedentes. Nenhuma outra com uma proporção parecida de peso e volume se iguala à nossa em termos de sobrevivência e proliferação. E 54 / Interpretação tudo se deve à agricultura. Como controlamos a produção do nosso próprio alimento, somos a primeira espécie na história do planeta a poder viver fora de seu ecossistema de nascença. Isso nos deu a mobilidade e a sociabilidade que nos salvaram do processo de seleção, que limitou outros bichos de tamanho equivalente. É por isso que não temos mudado muito, mas também não nos extinguimos.” Com base no texto, assinale as inferências como verdadeiras ou falsas. I– Mede–se o sucesso pela capacidade de sobrevivência e proliferação – Verdadeiro ou falso? Resposta: Verdadeiro. O texto é claro quando diz que: a espécie humana é um sucesso sem precedentes porque nenhuma outra se iguala a nossa em termos de sobrevivência e proliferação. A afirmação é correta e consta no texto de forma literal. II– Se a espécie humana tivesse outro peso e volume não teria sobrevivido – Verdadeiro ou falso? Resposta: Falso. O texto relata apenas, que nenhuma outra espécie com mesma proporção de peso ou tamanho se igualou ao homem em termos de sobrevivência e proliferação. Ou seja, o que determina a sobrevivência da espécie não é seu peso ou tamanho. III– Viver fora do ecossistema de nascença depende da capacidade de criar o próprio alimento – Verdadeiro ou falso? Resposta: Verdadeiro. A frase ”e tudo se deve à agricultura” explica tudo. Enunciado / 55 IV– O processo de seleção das espécies é que limita a mobilidade e a sociabilidade – Verdadeiro ou falso? Resposta: Falso. O que limita a mobilidade e a sociabilidade é a falta do domínio na produção de alimentos. V– A história da espécie humana poderia ser outra se não houvesse agricultura – Verdadeiro ou falso? Resposta: Verdadeiro. Foi o controle da produção de alimentos que permitiu ao homem viver fora do seu local de nascença e livrar–se da seleção natural das espécies. VI– Poucas mudanças trazem como consequência a não extinção da espécie – Verdadeiro ou falso? Resposta: Falso. Não são as mudanças grandes ou pequenas que determinam a não extinção. O texto diz que a não extinção ou sobrevivência resulta da mobilidade conseguida através da produção de alimentos. Ou seja, onde estiver o homem, ele conseguirá sobreviver porque é capaz de produzir seu alimento. 4– Ambiguidade: Muitos textos são ambíguos e dão margem a interpretações diversas. É aí que o seu bom vocabulário e conhecimentos gerais fazem diferença. Vamos ao exemplo. “O juiz da vara da infância determinou que todos os pais fossem responsabilizados criminalmente por não manterem os filhos na escola. A medida foi tomada após a divulgação dos resultados de uma pesquisa sobre a infância. Os dados revelam 56 / Interpretação que mais de 70% das crianças, em idade escolar, estão fora das salas de aula. Os números chocaram a população que passou a exigir uma medida enérgica por parte das autoridades”. A partir do texto assinale a única alternativa que não está correta: a) A grande maioria das crianças em idade escolar está fora das salas de aula. b) A evasão escolar é provocada pelo descaso dos pais ou responsáveis. c) A população exigia uma medida para combater a evasão escolar. d) Todos os pais foram responsabilizados. e) A medida tomada pelo juiz foi provocada pela reação popular. Comentário: Você identificou a ambiguidade do texto? Então vamos entender a questão. O texto é ambíguo quando dá a ideia de que todos os pais foram responsabilizados, quando apenas os pais que não mantêm os seus filhos na escola é que foram penalizados. Por isso, a alternativa D é a que contém erro já que a medida não atinge a todos os pais, apenas aqueles que não mantêm os filhos na escola. 5– Pensamento do Autor: Outro tipo frequente de enunciado é o que pede o pensamento do autor do texto. A opinião de quem escreveu o texto nem sempre vem expressa de forma direta. É nas entrelinhas que percebemos o Enunciado / 57 posicionamento do escritor perante o assunto. Nesse caso, seu poder de interpretação é fundamental porque tudo é subjetivo. E para confundir ainda mais, as alternativas apresentam argumentos que não representam o pensamento do escritor, mas constam no texto. Ex.: Esse texto foi extraído da prova de auxiliar elementar do Ministério Público do Rio de Janeiro. Vamos ao texto: “Os índios brasileiros proveem sua subsistência usando os recursos naturais de seu meio ambiente. A grande maioria das tribos indígenas pratica a agricultura. Seu processo agrícola, chamado coivara, consiste num sistema de queimadas e fertilização da terra com cinzas...”. Ao dizer “a grande maioria das tribos pratica a agricultura”, o que o autor do texto quer informar ao leitor? a) Todas as tribos indígenas praticam agricultura como meio de subsistência. b) A agricultura é praticada de forma rudimentar pelas tribos indígenas brasileiras. c) Nem todos os índios praticam a agricultura. d) Os recursos naturais do meio ambiente são utilizados pelos indígenas. e) As tribos brasileiras estão num baixo estágio cultural. Comentário: A alternativa correta é C. Vamos resolver a questão passo a passo. As afirmações contidas nas alternativas: A, B e D, já vêm expressas no texto. A alternativa 58 / Interpretação E fala do estágio cultural, mas em nenhum momento tal assunto é abordado no texto. Resta a alternativa C que é verdadeira porque quando o autor diz ”a grande maioria” quer expressar também que não é a totalidade, portanto, se a grande maioria das tribos pratica a agricultura, nem todos os índios praticam a agricultura. 6– Contradição: Algumas questões extrapolam, reduzem ou contradizem o que o texto diz. Você deve avaliar se o conteúdo é diminuído, aumentado ou contraditório de modo que altere o sentido do que está escrito. Normalmente as alternativas vêm escritas com as mesmas palavras do texto, apenas com a ordem diferente, para induzir você a achar que o significado é o mesmo. Preste atenção à questão seguinte: “Foi dura luta a aprovação do Estatuto do Desarmamento. E demorou um tempão. Tudo começou com ato solene no Palácio do Planalto, quando o então presidente Fernando Henrique respondeu a uma cobrança da sociedade e assinou mensagem enviando o projeto ao Congresso. O empenho implícito na solenidade teve vida curta. A mensagem caiu na vala comum do Legislativo, onde se integrou a um renque de iniciativas sobre desarmamento, algumas a favor de guerra declarada e eficaz ao excesso de armas no país, outras fazendo o possível para que não se tivesse lei alguma; na pior hipótese, aceitavam uma lei aguada. Enunciado / 59 No governo Lula, o lobby das armas sofismou e atrapalhou o quanto pôde. Mas a cobrança da sociedade acabou por prevalecer. Entretanto, seis meses após a sanção da lei criando o estatuto, ele existe pela metade. (...) Ou seja, falta muito.” O segmento inicial “Foi dura luta a aprovação do Estatuto do Desarmamento. E demorou um tempão”; diz ao leitor que: a) O Estatuto do Desarmamento está para ser aprovado há algum tempo; b) O Estatuto do Desarmamento, apesar do tempão de discussão, foi aprovado; c) Foi aprovado finalmente o Estatuto do Desarmamento; d) O Estatuto do Desarmamento está a ser discutido há várias legislaturas; e) Nunca vai ser aprovado o Estatuto do Desarmamento. Comentário: Em sua opinião qual é a alternativa correta? É a letra C. Para respondê–la pergunte a si novamente o que a frase quer comunicar ao leitor e a você mesmo. Está explícito que a ideia principal é informar que O Estatuto do Desarmamento foi finalmente aprovado. Para excluir as demais, vamos por eliminação. O item A é o primeiro a ser excluído porque apresenta a afirmação de que o estatuto ainda está para ser aprovado, enquanto o texto afirma: 60 / Interpretação Foi dura luta a aprovação do Estatuto do Desarmamento. A alternativa B traz a relação com a demora para a aprovação, mas a ideia de tempo é apenas complementar. A letra D informa que o Estatuto ainda está a ser discutido por isso também é falsa. O estatuto está aprovado mesmo de forma incompleta. E a letra E é totalmente absurda porque diz que o estatuto nunca será aprovado. É apenas uma questão de raciocínio lógico e de prática. Só depende de você! Escute alguns conselhos que vão te ajudar na hora da prova: – Não deixe que o nervosismo e as pressões externas pela aprovação lhe impeçam de raciocinar; –Quando uma questão for mais complexa redobre a atenção e o cuidado com o raciocínio; – Mantenha a calma; – Não tenha pressa para terminar a prova; – Primeiro entenda o texto e só depois leia o enunciado; – Preste atenção em todas as alternativas, elimine as mais absurdas; Enunciado / 61 – Detenha–se aos detalhes, eles podem ter a chave da resposta; – Pergunte a si próprio, sempre, o que a questão pede; –Tenha em mente que você é capaz de resolver qualquer questão de INTERPRETAÇÃO DE TEXTO e você conseguirá se sair bem em qualquer prova. 62 / Interpretação Capítulo 8 / Questões comentadas E como não há teoria sem prática, nós vamos comentar as questões aplicadas na prova de Português do concurso de Agente Penitenciário de Brasília. O concurso foi organizado pelo Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, em 2004. Depois de resolvermos diversos exercícios você vai perceber que está preparado para qualquer processo seletivo. No áudio deste curso, pedimos que você acompanhe os exercícios lendo o livreto. Vamos às questões?! TEXTO 1 – CIDADE DE DEUS Autor: Rubem Fonseca “O nome dele é João Romeiro, mas é conhecido como Zinho na Cidade de Deus, uma favela em Jacarepaguá, onde comanda o tráfico de drogas. Ela é Soraia Gonçalves, uma mulher dócil e calada. Soraia soube que Zinho se tornara traficante dois meses depois de estarem morando juntos num condomínio de classe média alta na Barra da Tijuca. Você se importa? Zinho perguntou e ela respondeu que havia tido na vida dela um homem metido a direito que não passava de um canalha. Questões comentadas / 63 No condomínio, Zinho é conhecido como vendedor de uma firma de importação. Quando chega uma partida grande de droga na favela, Zinho some durante alguns dias. Para justificar sua ausência, Soraia diz, para as vizinhas que encontra no playground ou na piscina, que o marido está viajando pela firma. A polícia anda atrás dele, mas sabe apenas o seu apelido e que ele é branco. Zinho nunca foi preso...” 1– “...e ela respondeu que havia tido na vida dela um homem metido a direito que não passava de um canalha”; a resposta de Soraia equivale a dizer que: a) todos os homens são canalhas; b) não vale a pena viver dentro da lei; c) nem tudo na vida é perfeito; d) a vida criminosa é mais cheia de emoções; e) todos os homens são hipócritas. Resposta: C Comentário: A alternativa C equivale à justificativa da mulher permanecer ao lado do marido. A alternativa A, é falsa porque um único homem citado como canalha, foi o ex–marido de Soraia. Enquanto, as afirmações contidas nos itens B, D e E, não estão expressas no texto. 2 – No primeiro período do texto, o segmento “uma favela em Jacarepaguá” é um aposto, empregado para: a) informar algo hipoteticamente desconhecido; b) situar a ação num bairro perigoso; 64 / Interpretação c) ironizar sobre o nome de Deus na designação de uma favela; d) preparar o leitor para um tema policial; e) mostrar a relação entre miséria e crime. Resposta: A Comentário: Em qualquer texto completo, o autor se preocupa em situar o leitor sobre o local exato onde a história se passa. A população de outros estados não tem obrigação de saber que a Cidade de Deus é uma favela, muito menos que fica localizada no bairro de Jacarepaguá. Por isso a alternativa A é a correta. Observe que as alternativas B, D e E tentam confundir o candidato com informações verdadeiras. De fato, a Cidade de Deus é um bairro perigoso onde a miséria e o crime são a realidade dos moradores. Portanto, os elementos, de fato, constam no texto, mas não respondem objetivamente a questão. 3 – No primeiro período, o vocábulo onde se refere a um local anteriormente citado, a favela Cidade de Deus. O item abaixo em que o mesmo vocábulo tem um antecedente anteriormente expresso é: a) a polícia não sabe onde Zinho mora; b) o local onde Zinho atua é desconhecido da polícia; c) as vizinhas desejam saber onde Zinho está; d) Zinho mora na Barra, mas onde trabalha todos ignoram; e) onde é que Zinho se esconde? Questões comentadas / 65 Resposta: B Comentário: O vocábulo onde na oração está relacionado ao seu antecedente, que é local. O que não acontece nas demais alternativas. 4 – Tráfico tem como parônimo o vocábulo tráfego, com o qual não pode ser confundido. O item que está mal redigido porque houve a substituição indevida de um vocábulo por seu parônimo é: a) o criminoso foi preso em flagrante; b) os criminosos expiam suas culpas na prisão; c) o acusado pediu despensa do depoimento; d) o prisioneiro decidiu delatar o cúmplice; e) era iminente a prisão do grupo. Resposta: C Comentário: Essa questão exige também o conhecimento sobre palavras parônimas. Viu como todo o embasamento gramatical é importante na compreensão de textos? O quesito pede para que você identifique o emprego incorreto de um parônimo. Na alternativa C que diz O acusado pediu DESPENSA do depoimento. Despensa (com E) é um compartimento da casa. O termo correto seria DISPENSA (com I). As demais alternativas estão escritas de forma correta. Se permanecer alguma dúvida, ouça novamente a lição sobre palavras homônimas e parônimas. 66 / Interpretação 5 – “...é conhecido como Zinho na Cidade de Deus,...”. O item em que se reescreve esse segmento do texto de forma ERRADA, por alterar o seu sentido, é: a) na Cidade de Deus é conhecido como Zinho; b) é conhecido, na Cidade de Deus, como Zinho; c) conhecem–no como Zinho na Cidade de Deus; d) na Cidade de Deus o conhecem como Zinho; e) a Cidade de Deus o conhece como Zinho. Resposta: E Comentário: A alternativa E está errada porque pressupõe que a favela Cidade de Deus conhece alguém como Zinho. Como bairros ou favelas não conhecem pessoas, não é a Cidade de Deus que o conhece, e sim os moradores dela. As demais alternativas expressam a ideia de que os moradores da Cidade de Deus o conhecem como Zinho. Por isso, estão escritas corretamente. 6 – O fato de Zinho sumir durante alguns dias quando chega uma partida grande de drogas na favela se explica pelo fato de: a) ser perigoso estar na favela nesse momento; b) nesse momento a polícia fica mais vigilante; c) ser necessária sua presença para os negócios; d) Zinho também deve ser grande consumidor de drogas; e) estar sendo perseguido pela polícia. Resposta: C Questões comentadas / 67 Comentário: Perceba que a afirmação do item A que diz “é perigoso estar na favela nesse momento” contradiz o texto. Ao contrário, Zinho permanece na favela quando chega a droga. Nas letras B e E há informações verdadeiras, mas que não representam o motivo principal da permanência dele na favela. Já a alternativa D contém informações que sequer são citadas no texto. Em nenhum momento Zinho é tratado como grande consumidor de drogas, mas apenas como traficante. Por tudo isso, fica evidente no texto que Zinho permanece no morro para administrar seu negócio. 7 – Só não se pode deduzir do que é lido no texto 1 em: a) o tráfico de drogas envolve grande quantidade de dinheiro; b) muita riqueza se deve ao tráfico de drogas; c) algumas pessoas se deixam atrair por uma vida fácil; d) o desemprego causa muitos problemas sociais; e) o tráfico de drogas não é bem visto no meio social. Resposta: D Comentário: Numa questão que exige do candidato a dedução a partir do texto, a atenção deve ser redobrada. Se você ficar atento vai perceber que o texto não se refere ao problema de desemprego, nem a causa social. Nele, as questões relacionadas ao tráfico de drogas são o rápido e fácil enriquecimento; o grande volume de dinheiro gerado com a venda de entorpecentes e o preconceito da sociedade que condena o tráfico. 68 / Interpretação 8 – A frase final do texto “Zinho nunca foi preso”, no contexto textual e social em que se insere, mostra: a) a agilidade do traficante; b) o despreparo da polícia; c) o insucesso do tráfico; d) a corrupção policial; e) a ineficiência das leis. Resposta: B Comentário: Se um traficante domina toda a extensão de uma favela e, mesmo assim, a polícia sabe dele apenas sua alcunha e cor da pele, isso deixa claro o despreparo da polícia. Além disso, o texto não dá indícios sobre a ineficiência das leis, corrupção policial ou sobre a agilidade do traficante. TEXTO 2 – O ESTATUTO DO DESARMAMENTO – Luiz Garcia – O Globo, 29/06/2004 “Foi dura luta a aprovação do Estatuto do Desarmamento. E demorou um tempão. Tudo começou com ato solene no Palácio do Planalto, quando o então presidente Fernando Henrique respondeu a uma cobrança da sociedade e assinou mensagem enviando o projeto ao Congresso. O empenho implícito na solenidade teve vida curta. A mensagem caiu na vala comum do Legislativo, onde se integrou a um renque de iniciativas sobre desarmamento, algumas a favor de guerra declarada e eficaz ao excesso de armas no país, outras fazendo o possível para que não se tivesse lei alguma; na pior hipótese, aceitavam uma lei aguada. Questões comentadas / 69 No governo Lula, o lobby das armas sofismou e atrapalhou o quanto pôde. Mas a cobrança da sociedade acabou por prevalecer. Entretanto, seis meses após a sanção da lei criando o estatuto, ele existe pela metade. (...) Ou seja, falta muito”. 09 – “...quando o então presidente...”; “ ...onde se integrou a um renque...”; o item em que houve troca indevida entre ONDE e QUANDO é: a) ele a conheceu na pracinha onde jogava futebol; b) não se lembrava da adolescência, onde tudo acontecera; c) queria saber quando viajara, pois só estava certo de que não fora nas férias; d) não sabia quando a veria de novo; e) ficou triste após o banho de mar, quando perdera a aliança. Resposta: B Comentário: Usamos a palavra Onde para fazer referência a lugar. No item B a frase se refere a tempo, lembrança, logo a palavra adequada seria Quando. 10 – O vocábulo renque em “renque de iniciativas” une duas ideias: a) quantidade e alinhamento; b) variedade e desvalorização; c) confusão e quantidade; d) desvalorização e alinhamento; 70 / Interpretação e) confusão e variedade. Resposta: A Comentário: Essa questão requer conhecimento do vocabulário, mas é só usar um pouco de interpretação para respondê–la. Voltemos ao texto. Nele diz que a “mensagem caiu na vala comum e integrou a um renque de iniciativas sobre desarmamento”. Perceba que a frase dá a ideia de que renque tem o sentido de quantidade (integrou) e alinhamento (iniciativas sobre desarmamento), deduz–se que há outras leis sobre o desarmamento a serem votadas. 11 – “O empenho implícito na solenidade teve vida curta”; a frase significa que: a) a solenidade foi realizada para enganar a opinião pública; b) durou muito pouco a solenidade realizada; c) o empenho explícito era maior que o empenho implícito; d) a solenidade teve vida curta porque houve pouco empenho; e) o empenho prometido na solenidade em si mesma durou pouco. Resposta: E Comentário: O item A extrapola e nega a afirmação contida no enunciado. A solenidade não foi realizada para enganar a opinião pública, ao contrário, o texto afirma que houve um empenho implícito em torno do assunto, mas que Questões comentadas / 71 teve vida curta. Perceba como a alternativa B tenta confundir o candidato. Não foi a solenidade que durou pouco e sim o empenho para implementar a Lei do Desarmamento. Na alternativa D é visível a armadilha. O jogo de palavras também causa dúvidas ao candidato. O que teve vida curta foi o empenho em torno da lei do Desarmamento, implícito na solenidade. Já a alternativa C fala em empenho explícito e, portanto, foge a realidade textual. Entendeu? Portanto o item E é o único correto. A resposta dessa questão pode ser confirmada no início do segundo parágrafo, que diz: “A mensagem caiu na vala comum do legislativo”, ou seja, se integrou a outras iniciativas. 12 – Em 24 de junho de 2004, saiu a seguinte notícia na edição do jornal O Globo: “Terror ameaça agora o premier do Iraque”. Deduz–se da leitura dessa notícia, no contexto atual, que: a) o premier do Iraque já foi atacado antes; b) os terroristas mataram o premier anterior; c) o terror já fez outras ameaças anteriormente; d) os terroristas vivem no Iraque; e) o Iraque era um país livre dos ataques terroristas. Resposta: C Comentário: A palavra AGORA indica anterioridade, referente à ameaça, ou seja, o terror já ameaçou antes, mas não necessariamente o premier como indicam as alternativas A e B. Nos itens D e E as informações não estão 72 / Interpretação relacionadas a oração citada no enunciado. Enquanto a letra C dá a ideia de que o terrorismo sempre representou uma ameaça. 13 – Em junho de 2004 morreu o ex–governador do Rio, Leonel de Moura Brizola. Em 24 de junho, Luiz Fernando Veríssimo escrevia, nas primeiras linhas de sua crônica do jornal O Globo: “Foi a primeira morte sem aspas do Brizola. Sua ”morte” em sentido figurado foi anunciada várias vezes”. Só não se pode ler nesse segmento que: a) Brizola era pessoa considerada bastante conhecida dos leitores; b) houve vários anúncios falsos da “morte” de Brizola; c) dentro do contexto, as “mortes” de Brizola ocorriam no plano político; d) um dos empregos das aspas é o de mostrar sentido figurado das palavras; e) vão ocorrer outras mortes sem aspas de Brizola. Resposta: E Comentário: O texto se refere à morte, com aspas, isto é uma morte no sentido figurado como mostram as opções A, B, C e D. Portanto, o que não se pode deduzir a partir desse ou de qualquer outro texto é que vão ocorrer outras mortes sem aspas do político Brizola. Porque a morte, sem aspas, significa falecimento. E como só morremos uma vez, é impossível ocorrer à morte, sem aspas, do político Brizola outras vezes. Questões comentadas / 73 14 – O colunista Ancelmo Góis fez publicar em O Globo a seguinte notícia: Greve na PF “O clima é tenso na Polícia Federal. Os agentes interromperam de mãos vazias uma greve, há mês e meio, depois de atazanar a vida dos passageiros nos aeroportos. Como o governo não fez nenhuma concessão, a turma ameaça com outra greve. Promete, desta vez, a adesão dos delegados. É. Pode ser.” A tensão na Polícia Federal é, segundo o texto, resultante de: a) problemas causados aos passageiros nos aeroportos; b) preparação para uma nova greve da categoria; c) tentativa de procurar a adesão dos delegados para uma nova greve; d) uma greve anterior não ter dado o resultado esperado; e) concessões insuficientes por parte do governo. Resposta: D Comentário: A alternativa D se refere à volta de uma greve, não solucionada no passado, o que é claro no texto. Essa situação é responsável pelo clima de tensão. Os demais itens fazem parte do texto como as alternativas A, B, C e E , no entanto não são o principal motivo da tensão que pode levar a uma nova greve na Polícia Federal. 15 – A última frase do texto da notícia de Ancelmo Góis revela: a) certeza; b) alarme; 74 / Interpretação c) conselho; d) opinião; e) dúvida Resposta: E Comentário: Para resolver essa questão você pode usar o método de eliminação. As opções A, B e C, são absurdas. A expressão “É, pode ser” , que finaliza o texto, não expressa certeza, nem alarme ou conselho. O termo Indica dúvida, pois não define com precisão se o fato irá acontecer. O que torna o item E verdadeiro. 16 – Infere–se da notícia que: a) a PF está em greve permanentemente; b) a PF não conseguiu o apoio dos delegados na última greve; c) os delegados jamais aderem à greve da PF; d) a greve da PF traz risco para os passageiros; e) nenhuma greve de funcionários recebe respostas positivas do governo. Resposta: B Comentário: Lembra que nós estudamos os enunciados com as palavras “inferir e julgar”? Perceba que o enunciado pede para inferir, ou seja, para concluir algo a partir da ideia do texto. Com base nesse conceito note que apenas a alternativa B está dentro do contexto. As demais opções apresentam deduções que até podem ser verdadeiras, mas que não constam no texto. Questões comentadas / 75 17 – O Jornal do Brasil publicou, no dia 4/07/2004, a seguinte notícia: Seis bandidos fogem de penitenciária “Seis presos fugiram ontem, por volta das 8h, do presídio Evaristo de Moraes, em São Cristóvão. Três deles foram recapturados pouco tempo depois no Zoológico do Rio. Um dos presos fugiu após render o agente penitenciário de seu setor com um revólver. As imagens feitas no pátio do presídio registraram a ausência, por sete minutos, do PM responsável pela guarita por onde os detentos passaram. A Secretaria de Administração Penitenciária informou que vai abrir sindicância para esclarecer se houve facilitação de fuga” O título dado à notícia, em função do que é lido no texto: a) resume todas as informações do texto; b) destaca algo prejudicial à imagem da polícia; c) fornece uma informação errada aos leitores; d) valoriza a esperteza dos presidiários; e) mostra a superlotação dos presídios. Resposta: B Comentário: O título informa que um grupo de seis bandidos conseguiu fugir. Se é de competência da polícia evitar possíveis fugas, a informação do título é prejudicial a polícia. Portanto é correta a opção B. Perceba que o item A não resume todas as informações do texto, apenas, apresenta o fato principal. O item C diz que o título fornece uma informação errada. Não totalmente errada, mas incomple76 / Interpretação ta. Pois, dos seis fugitivos três foram recapturados. Não há nenhum elemento no texto que evidencie a esperteza dos bandidos. Eles conseguiram fugir por causa da conivência do policial militar que abandonou a guarita. A opção E é falsa. Basta você reler o texto para perceber que a questão da superlotação não é citada em nenhum momento. 18 – Em função do que é dito no texto, voltaram à prisão: a) todos os foragidos; b) nenhum dos fugitivos; c) metade dos que fugiram; d) dois dos presos fugitivos; e) quatro dos foragidos. Resposta: C Comentário: Para você resolver esse quesito, basta usar a matemática, associada à interpretação, claro. Basta calcular. Seis bandidos fugiram e, de acordo com o texto, três deles foram recapturados em um zoológico. A conclusão é óbvia: três bandidos voltaram à prisão, ou seja, a metade dos que fugiram. Por isso a alternativa correta é a C. 19 - O que mais causa estranheza na notícia é: a) o fato de um dos detentos possuir um revólver; b) abrirem uma sindicância para investigação de um fato corriqueiro; Questões comentadas / 77 c) ter havido facilitação de fuga dos detentos; d) a recaptura dos presos ter sido imediata; e) a gravação da fuga nas imagens do próprio presídio. Resposta: A Comentário: O que há de estranho em abrir sindicância para apurar fugas corriqueiras ou não? Esse é o procedimento adotado quando há suspeita de conivência dos servidores. Recapturar de imediato alguns fugitivos também é um fato normal. É raro capturar todos os fugitivos. Também não causa estranheza que as câmeras tenham gravado imagens da fuga. Essa é a finalidade do circuito interno de TV. O que causa uma certa raiva, mas não estranheza é a corrupção policial que não só facilita fuga, como permite o tráfico de drogas e uso de celular dentro das unidades prisionais. Por isso, as alternativas B, C, D e E são falsas. O que poderia, de fato, chocar é um preso possuir um revólver dentro de uma penitenciária. Por isso a opção A está correta. 20 - Segundo o que o texto sugere, a ausência do PM da guarita deve ser atribuída, além da irresponsabilidade do militar: a) ao cansaço do militar; b) à falha administrativa do presídio; c) ao poder da corrupção; d) às necessidades de serviço; e) à reduzida quantidade de funcionários. Resposta: C 78 / Interpretação Comentário: A sindicância só é instaurada quando há indícios de facilitação de fuga ou conivência por parte do policial. Ou seja, a direção do presídio abriu uma sindicância porque suspeita que o policial militar cedeu ao poder da corrupção. A colaboração dele foi, supostamente, ter se ausentado da guarita por sete minutos, tempo suficiente para que os bandidos fugissem. 21 - “Seis presos fugiram ontem, por volta das 8 horas da manhã, do presídio Evaristo de Moraes, em São Cristóvão. Três deles foram recapturados pouco tempo depois no Zoológico do Rio”; o comentário correto sobre os componentes desse segmento do texto é: a) “por volta das 8h” indica um tempo preciso; b) o “pouco tempo depois” tem como ponto de referência a fuga; c) “no Zoológico do Rio” indica o momento em que foram recapturados os presos; d) a quantidade de “seis presos” é informação incorreta; e) a localização do presídio justifica o fato de os presos serem recapturados. Resposta: B Comentário: Observe que na primeira oração há a informação da fuga, e na segunda, a notícia de que, “pouco tempo depois” os bandidos foram recapturados. Portanto, o “pouco tempo depois” dessa oração se refere à fuga dos bandidos. O que torna a opção B a única correta. Questões comentadas / 79 Conseguiu exercitar o que aprendeu? Agora continue praticando. Mãos à obra! A prática vai ajudar você a enfrentar as questões de INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS com a certeza de que domina o assunto. Nós que fazemos a Audiojus torcemos pelo seu sucesso! 80 / Interpretação Bibliografia LIVROS: - Aquino, Renato Monteiro de. Interpretação de Textos. Série Impetus Provas e Concursos. 4 ª edição. Ed. Campus. - Lima, Rocha. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 43ª edição. Ed. José Olímpio. - Revista Português para Concursos. Rio de Janeiro. Ed. Provenzano. - Savioli, Francisco Platão. Gramática em 44 lições. Série Compacta. 14ª edição. Ed. Ática. - Vicente, Jorge. Português. Série Impetus Questões. 5ª edição. Ed. Campus. Bibliografia / 81 SITES: www.capcursos.com.br www.policon.com.br www.anglo.com.br www.vemconcursos.com.br 82 / Interpretação