A1 ID: 32042749 27-09-2010 Tiragem: 19403 Pág: 22 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,33 x 36,09 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 3 ESPECIAL CONFERÊNCIA GLOBAL CLEAN ENERGY FORUM NEW YORK TIMES/INTERNATIONAL HERALD TRIBUNE/DIÁRIO ECONÓMICO China e Índia fazem consumo mundial de energia disparar 40% MAIS DE 20% DA POPULAÇÃO O mundo vai assistir a um aumento “dramático” do consumo de energia até 2030, muito por culpa do crescimento das maiores economias emergentes. Bárbara Silva [email protected] Até 2030, o consumo de energia a nível mundial vai sofrer um aumento “dramático” de 40%. O preço a pagar, garante a Agência Internacional de Energia (AIE) no “World Energy Outlook”, é que sem uma mudança nas actuais políticas energéticas irá registar-se um aumento de seis graus nas temperaturas médias mundiais. A solução é apostar nas energias renováveis que deverão registar um aumento de 22% até 2030. O relatório da agência sublinha que os dois maiores países emergentes, China e Índia, serão responsáveis por mais de metade do aumento do consumo energético no mundo, já que é impossível dissociar o crescimento económico de uma maior procura de energia. Aqui, a China bate todos os recordes. Só em 2010, o gigante asiático conseguiu ultrapassar o Japão e tornar-se na segunda maior economia mundial, atrás dos Estados Unidos. O Banco Mundial prevê que a China possa chegar a número um em 2025. Mais rápida foi a sua chegada ao primeiro lugar do pódio no consumo de energia, que era ocupado pelos EUA há mais de um século. Em pleno cenário de recessão mundial, em 2009 a China consumiu 2.252 milhões de toneladas de petróleo e combustíveis equivalentes, enquanto os EUA ficaram 4% abaixo, com 2.170 milhões de toneladas. Esta ultrapassagem só era esperada por volta de 2015. Em Pequim, o director da Administração Nacional de Energia, Zhou Xian, apressouse a sublinhar os esforços para reduzir o consumo de energia e optar por fontes renováveis. O economista-chefe da AIE, Fatih Birol, diz que se a China implementar as políticas de ‘clean energy’ anunciadas recentemente no valor de 520 mil milhões de euros, poderá de facto abrandar o consumo de energia. O problema, dizem os analistas, é que ao tornar-se no maior consumidor mundial a China passará a ditar as regras do uso de energia a uma escala global, desde os modelos de automóveis comercializados aos tipos de centrais energéticas construídas, determinando os padrões de consumo de energia muito além das suas fronteiras. “Haverá um grande efeito multiplicador”, garante Fatih Birol. Neste momento, a China já é o maior consumidor mundial de carvão, fonte de energia da qual depende em 70%. Apesar das enormes reservas internas, este ano a China poderá importar até 115 milhões de toneladas de carvão, sendo que há apenas três anos o país o exportava. A mesma tendência tem sido verificada em relação ao petróleo: em 2025 Pequim poderá ultrapassar AUMENTO DO CONSUMO 40% até 2030 De acordo com o “World Energy Outlook”da Agência Internacional de Energia, até 2030 o consumo de energia a nível mundial vai sofrer um aumento “dramático” de 40%. CHINA 2.252 milhões Em 2009 a China consumiu 2.252 milhões de toneladas de petróleo e combustíveis equivalentes, enquanto os EUA ficaram 4% abaixo, com 2.170 milhões de toneladas. INVESTIMENTO 1,1 milhões Com avultados investimentos em tecnologias “verdes” (1,1 mil milhões de euros em cinco anos), continua a ser difícil para a China conseguir que a sua economia em expansão se torne eficiente em termos energéticos. Washington como o maior comprador de petróleo e gás natural, com a Índia bem posicionada para subir ao terceiro lugar e ultrapassar o Japão. Quem fica a ganhar são os países produtores, cujas receitas irão aumentar 22,5 biliões de euros até 2030. Apesar de todos reconhecerem a importância das energias renováveis, o relatório da AIE fiz que os combustíveis fósseis continuarão a ser as principais fontes de energia, ocupando 77% do aumento da procura até 2030. A procura de petróleo vai aumentar 24% (para o 105 milhões de barris), a de carvão 53% e a de gás natural 42%. Maior poluidor mundial, a China anunciou na Cimeira de Copenhaga, há quase um ano, a sua vontade de implementar novas políticas de eficiência energética e diminuir as emissões de dióxido de carbono em 45% até 2020, e que pelo menos 20% da energia provenha de fontes renováveis. A AIE diz que das 11 gigatoneladas de dióxido de carbono lançadas a mais para a atmosfera em 2030, seis giga-toneladas serão responsabilidade da China. Apesar dos avultados investimentos em tecnologias “verdes” (1,1 mil milhões de euros em cinco anos), continua a ser difícil para a China conseguir que a sua economia em expansão se torne eficiente em termos energéticos, como já assumiu o governo de Pequim. Com o país a produzir e vender cada vez mais automóveis (40 milhões por ano até 2020), e a investir em linhas ferroviárias de alta velocidade, em 2010 o consumo de energia no país aumentou em vez de diminuir, reflexo também dos pacotes de estímulo à economia nos dois últimos anos. Para tentar inverter a tendência, o governo de Pequim ordenou o encerramento de mais de duas mil fábricas obsoletas e o maior produtor de aço do país irá reduzir a sua produção em 6%. Ao mesmo tempo, o Banco Popular da China deu indicações aos bancos do país para não concederem empréstimos às indústrias que mais consomem energia e o governo impôs limites ao consumo de electricidade em alguns sectores. ■ A geopolítica da energia Em declarações ao Diário Económico, Fatih Birol, o economista-chefe da Agência internacional da Energia traçou um cenário muito pouco positivo. “Se não houver uma grande mudança nas políticas energéticas actuais, o consumo irá aumentar dramaticamente, com base sobretudo nos combustíveis fósseis, com a China, a Índia e ao Médio Oriente a liderarem este aumento”, disse o responsável. É inevitável, garante Birol: com as economias a crescer e as populações a aumentar, vamos mesmo consumir cada vez mais energia no mundo. Em 2010, o economista-chefe da AIE sublinha o desafio que representa o mercado petrolífero, com sérias dificuldades nos próximos cinco anos. Tudo porque a China e a Índia vão consumir cada vez mais petróleo e os recursos estão em declínio, concentrados em meia dúzia de países que passarão a ditar as regras a 100%, a começar pela flutuação dos preços. “A energia e a geopolítica mundial estarão cada vez mais interligados”, defende Birol. B.S. QUATRO PERGUNTAS A... CHANGHUA WU Directora do The Climate Group na China “Temos uma oportunidade única para desenvolver energias alternativas” ID: 32042749 27-09-2010 PONTOS-CHAVE De 30 de Setembro a 1 de Outubro vai decorrer o Global Clean Energy Forum, em Lisboa. Tiragem: 19403 Pág: 23 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,22 x 36,39 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 3 Às 15h do dia 30, a pergunta “Sol, Vento, Ondas: A quem pertence o futuro das renováveis?”será colocada às grandes empresas e associações mundiais do sector. Até dia 30 de Setembro o Diário Económico publica artigos sobre o tema das energias limpas. Amanhã, saiba tudo sobre a nova economia verde. Amit Dave/Reuters MUNDIAL NÃO TEM ACESSO À ELECTRICIDADE Vendedores usam lâmpadas de energia solar para iluminar os produtos que vendem num mercado nocturno na cidade indiana de Ahmedabad. Quando a noite cai, mil milhões e quatrocentas mil pessoas preparam a sua comida sobre paus e acendem os seus candeeiros com querosene. Mais de 20% da população mundial não tem acesso a electricidade. E 40% (2,7 mil milhões) usam biomassa para cozinhar. Os dados são de um estudo que vai ser lançado a 9 de Novembro pela Agência Internacional de Energia e que questiona como se vai conseguir dar conta de um aumento tão significativo do consumo. A analista chinesa, que estará presente no “Global Clean Energy Forum”, em Lisboa, diz que é necessário separar o crescimento económico do aumento do consumo de energia, apostando no desenvolvimento de fontes alternativas de energia. dissociarem o crescimento económico do aumento do consumo de energia. A China tem feito grandes progressos, mas não é o suficiente para travar o aumento das emissões de dióxido de carbono. Este é um enorme desafio, não só para a China, mas para todo o mundo. Já era esperado que a China se tornasse no maior consumidor mundial de energia? Quais são as consequências do aumento generalizado do consumo de energia no mundo? Não foi uma surpresa, tendo em conta o rápido crescimento económico da China, que já se tornou na segunda maior economia mundial. Além disso, reforça a necessidade dos países A crescente procura de energia da China e de outras economias emergentes é um desafio em termos de localização das fontes de energia e da procura de energias mais “limpas”, como a nuclear e as “ A crescente procura de energia da China é um desafio em termos de localização das fontes e da procura de energias mais “limpas”, como a nuclear e as renováveis. renováveis. Portanto, temos uma oportunidade única para desenvolver energias alternativas. A China será o “motor” da procura de energia? Não se trata apenas da China, mas sim de todas as economias emergentes. Com as expectativas de recuperação económica e a pressão para criar empregos, é certo que o consumo de energia irá continuar a crescer. O mais importante é encontrar soluções com baixas emissões de carbono. A China está a conseguir reduzir o consumo, fechando fábricas, e a a desenvolver energias “verdes”? Encerrar fábricas só contribui para diminuir o consumo, mas não ajuda a resolver o problema. O que a China está a fazer agora é concentrar-se na estrutura da economia e da indústria com vista a reduzir as emissões de carbono, apostar em tecnologias “limpas” e no sector das renováveis. O objectivo é conseguir uma maior eficiência energética e um rápido desenvolvimento de energias verdes, como a nuclear e as renováveis. Entretanto, a sensibilização dos consumidores para mudarem os seus comportamentos e optarem por produtos e serviços com maior eficiência energética está na lista das prioridades nacionais. ■ B.S. ID: 32042749 27-09-2010 NEW YORK TIMES ➥ P22 Conferência sobre a Global Clean Energy Tiragem: 19403 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 7,53 x 6,43 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 3 de 3