CULTIVODELAGOSTAS JUVENIS(PANUilHUSiAEVlCAUDAjEMÁGUACOM MACROALGAS (UiVA SP.) GROWTH OF jUVENILE LOBSTERS(panulirus laevicauda)IN CULTURE WATER WITH.MACROALGAE (UIva sp.) MARco ANTONIO IGARASm. ROBERTOKIYosm KOBAYASHI.. RESUMO Lagostasespinhosas dePanulirus laevicauda,deáguascosteirasdeFortaleza (Estadodo Ceará),foram cultivadas, atram dos estágiosjumzi5, em aquários com sistema de rearczdação. Osjumzi5 foram cultivados durante 105 dias, à temperatura aproximada de 2 JOc, sendo alimentados com T egula sp. Ótimas taxas de sobreuiWlcia e crescimento de cultivo sem algas. Cultivo de juveni5 de P .laevicauda, com uma população de bactérias de 1Q3a 1 Q6Unidades F'om74dorias de Colônia (UFC/ ml), pareceuserexeqüível,mas,correntemente,dependedeáreasondeosjumzi5 possam serobtidosem quantidade suficiente sem redução considerável dos estoquesnaturai5.. PALAVRAS-CHAVE: Cultivo delagostas, bactéria,macroalgas. SUMMARY Spiny lobster (panulirus laevicauda) from coastalwatersof Fortaleza (Ceará State,Brazil), were cultured through juvenile stagesin recirculating water aquarium system.7be lobsterswere raisedfor 105 days,at temperature of approximately 2JOC,beingfed with Tegula sp.Highest survival and growth rates of lobsterswere observedin the culture water with added macroalgae(UIva sp.).However, the addition of macroalgae did not result in significant variation of total viable counting of bacteria. Culturing ofP. laevicauda juvenile lobstersin water with 102to 106Colony Forming Units (CFU)/ml appearedfeasible. However, it is dependent on source areas where juvenile lobsterscan be captured in sufficient quantity without critically affecting natural populations. KEY -WORDS: Lobster culture, bacteria,macroalgae. *Professor Adjunto do Depanamento de Engenharia de Pesca- CentrodeCiências AgráriasdaUFC ** Mestre em Engenharia de Pesca. Aos 54 e 105 dias, foram realizadas as medições do comprimento do cefalotórax e a Juvenis de lagostas de P. laevicauda e P.argus pesagemdos indivíduos. que são de relevante importância para o Nordeste Na comparação dos resultados foram brasileiro, máxime para o Estado do Ceará,têm sido utilizados os seguintesindicadores (GUARY eta/.S): cultivados com sucessona Universidade Federal do Ceará com técnicas descritas por IGARASHI9, ; 1- Sr = taxade sobrevivência(%); IGARASHI et afIo.e IGARASHI11. Não obstante, 2Pr = taxade incrementoem pesoúmidototal ocorreu mortalidade de lagostas juvenis em (%); determinados experimentos realizados em laboratório. Porém, IGARASHI et aI.7 têm demonstrado que a mortalidade de filosomas ~arva de Pr = xIOO lagosta espinhosa) pode estar relacionada com a presençade bactérias maléficas que surgem com a Pini deterioraçãoda qualidadeda água.Uma soluçãopara este problema seria a utilização de microalgas, as 3-Lcr = taxa de mcremento longitudinal do quais, sugere-se,podem ser benéficos no controle cefalotórax (%). da qualidade da água (IGARASHI et aI.s, IGARASfll et al.7). O primeiro reconhecimento de que as Lcr = plantas produzem substâncias seletivas inibidoras LCini foram feitos por Pasteur em 1957 (BURKHOLDER 1). No entanto, há poucos Nos procedimentos bacteriológicos, asamostrasda estudosa respeito da relação entre asalgasmarinhas águade cultivo foram cuidadosamentediluídas com e as bactérias na água do cultivo de juvenis de águaesterilizadado mar, antesde serem inoculadas '" / lagostas. no meio de cultura ZoBel12216 E. A contagem das o presente trabalho foi conduzido com o colônias de bactérias, nas placas, foram realizadas objetivo de sedeterminar a influência de macroalgas 48 horas apósa incubação. (UIva sp.) na variação da população de bactériasno meio de cultivo e no desenvolvimento de lagostas RESULTADOS E DISCUSSÃO juvenis (Panuliruslaevicauda). Os resultados indicam que as médias dos MATERIALE MÉTODOS parâmetros físico-químicos da águado cultivo, com relação a ambos os aquários considerados, não Os juvenisdeP.laevicaudaforam capturados apresentaram diferenças significativas, o mesmo na costa do município de Fortaleza, Ceará, por mergulho. Em seguida,foram cultivados por 105dias sucedendono tocante às medidas biométricas. Os em dois aquários de 60 I de capacidade,confinando- números de bactérias foram semelhantes nos aquários com e sem algas Uiva sp. (Figura 1). se em cada um 5 lagostas. A troca da água foi realizada a cada 3 - 5 dias. Em um dos aquários, foi Contrariamente, KA TA Y AMA 15 relatou que as algas introduzido aproxinladamente 150g de algaUiva sp. marinhas tinham propriedades antibacterianas. SIEBURrnzo, por suavez, relatou que a abundância sob iluminação natural. de bactérias sobre as algas marinhas variava A temperatura, salinidade e pH foram monitorados, periodicamente, utilizando-se as sazonalmente,apresentando uma redução durante o período de crescimento das últimas. É também técnicaspadrões. A alimentaçãodos animais constituiu-sedo conhecido que os fitoplânctons podem liberar molusco Teguia sp. O alimento foi fornecido substâncias inibidoras para o crescimento das diariamente, sempre à vontade, regulando-se a bactérias (COLE2). A antibiosis máxima foi quantidade,conforme o aumento ou diminuição do mostrada por ROOSI4, ocorrendo durante os consumo.O excedentenão ingerido foi removido por períodos de crescimento ativo das algas. sifonagemantesdo fornecimento de nova ração. RHEINHEIMER 18 relatou que durante o crescimento vigoroso das algas elas ficam livres de bactérias em sua superfície. O experimento demonstrou uma ótima taxa de sobrevivência na presença das algas, sendo que 100% dos indivíduos chegaram ao término do mesmo. Porém, no aquário sem algas, a taxa de sobrevivência foi de 80%. A microalga Chlorella melhorou o crescimento e a sobrevivência de 40 espécies de peixes pesquisados aONES14). WICKlNS22 também encontrou que as larvas de camarões cresceram e se desenvolveram melhor na presença de algas. A água do mar, juvenis e o alimento fornecido aos juvenis são três das maiores fontes de introdução de bactérias no cultivo de lagostas. Os estudos demonstraram que há uma variação periódica no número de bactérias na água do cultivo de lagostas juvenis de P. laevicauda. Este número de bactérias pode variar devido a vários fatores, tais como, temperatura da água, invasão de bactérias, alimentação, assim como o próprio manejo. Neste experimento, o número de bactérias na água do cultivo de juvenis de P. laevicauda com e sem algas variou de 103 a 106 UFC/ml. DEMPSEY et al.3 relataram que na água do mar dos camarões peneídeos a contagem variou de 104a 105UFC/ mI. O número de bactérias na água do cultivo de larvas de Penaeus japonicusvarioude 10' a l06UFC/mI (IGARASillet al.7). YASUDA & KITA021 relataram a contagem máxima de 1,8 x 105UFC/ mI, enquanto que na água do cultivo de Penaeusmonodon o número variou de 102 a 105UF C/ mI. (LLO BRERA & GAK UT AN16). O número de bactérias foi estável na água do cultivo de larvas de Homarus, mantendo-se entre 1,4 x 105a 8,8 x 105UFC/ mI (IGARASill et al.~. A contagem total de bactérias variou de 102a 105UFC/mI na água do cultivo de filosomas de Panulirus japonicus (IGARASillS). Porém MAEDA & NOGAMp7 relataram uma população máxima de bactérias no ecosistema aqüícola de até 106UFC/ mI. Conforme IGARASHI13, os juvenis de P. laevicauda,alimentadoscom Crassostrea sp.,morreram no ato da muda. Por outro lado, um juvenil de 28,44 g, alimentado com Tegula sp., alcançou 89,70 g de peso total em 96 dias, enquanto outro, de 31,71 g, ao qual se ministrou Clibanarius sp., atingiu, no mesmo período, 86,21 g. Em Cuba, juvenis de P. argus, pesando 30 g e submetidos à ablação, atingiram 66g em 100 dias (DIAZ-IGLEZIA et ai.4). Neste experimento, juvenis de P. iaevicauda,de 31,86 g de peso médio, cultivados em aquário com algas Uiva sp., atingiram 50,73 g em 105 dias de cultivo, enquanto que os indivíduos de 30,89 g, em aquário semalgas,alcançaram 61,85 g em 105dias de cultivo (Tabela 3). CONCLUSÕES A sobrevivência de 100% de juvenis de P. iaevicauda é um indicativo de que a espécie pode sobreviver bem em água de cultivo na presença da alga Uiva sp. Provavelmente por utilizar as algas como abrigo asquais propiciam um ambiente mais favorável. As lagostas alimentadas com o molusco Tegulasp.,tiveram desenvolvimentosatisfatório.Este fato confirma que determinados moluscos podem constituir alimentos apropriados para lagostas juvenIs. o crescimento em comprimento e peso foi aceitável,embora, aslagostasnão tenham alcançado o tamanho comercial. Sugere-serepetir a pesquisa, com o tempo de cultivo de aproximadamenteum ano. Os resultados bacteriológicos demonstram que o número de bactériasna águado cultivo com e sem algasforam similares. O número de bactérias na água do cultivo dePanuliruslaevicaudapode variar de 10' a 106UFC/ ml, semprejudicar seu desenvolvimento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BURKHOLDER, P. R. Antibiotics. Science, v.129, n. 3361,p. 1457-1465,1959. 2. COLE, J. J.: Interactions betweenbacteriaand algaein aquaticecosystem.Annu. Rev. Ecol. Syst., v.13, p.291-314,1982. 3. DEMPSEY,A. C., KITTING, C. L., ROSSON, R. 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Dias Temperatura Salinidade pH 4 8 -(~ -(o/~ 27,0 26.0 40,0 39,0 8,18 7,95 26,0 39,0 7,84 25,9 25,9 40,0 35,5 7,67 8,04 ~ 10 12 14 15 18 7,OOxl04 20 22 26,0 35,0 7,86 32 26,8 26,2 37,5 35,0 28,2 36,5 8,00 7,73 7,81 27,5 31,0 27.0 34,0 28,4 38,0 7,73 27,5 34,0 92 103 1,10Xl04 37,5 7,85 2,42Xl04 34,0 7,77 1,12XI0S 27,0 35,0 7,83 28,4 38,0 7,81 5,80Xl05 6,20Xl04 27,5 7,72 36,0 7,80 1.24Xl05 1,52XI0S 27,0 35,0 7,80 27,0 37,0 7,85 4,60Xl04 1,44XI0S 27,0 32.0 7,90 27,0 32,0 7,90 1,50Xl06 83 89 5,OOX104 1,O8Xl06 76 81 8,02 7,77 4,40XI0S 69 74 37,5 37,5 27,0 7,80 62 67 26,8 26,8 4,20Xl04 56 60 7,94 28,2 7,79 50 53 35,5 1,lOX1O4 41 46 25,8 4,7Oxl03 34 39 9,OOX104 2,6Oxl0S 25 29 Bactérias Temperatura SaljIlidade pH Bactérias (UFC/rnl) (UFC/ml) -(O/~ - (cq 27,0 37,5 8,34 25,2 39,0 8,15 l,32Xl06 7,2Oxl05 26,3 7,94 39,0 1,lOxl04 1,OOX103 25,9 39,0 7,65 8,05 26,5 35,0 26,5 35,0 3,OOX105 26,5 7,77 4,60Xl04 1,94Xl06 35,0 7,79 1,48Xl04 2.66Xl06 Tabela2 - Valores mínimos, máximos, médios e desvio padrão dos parâmetros físico-químicos da águanos aquárioscom e sem algas(Uiva sp.) durante o cultivo de juvenis de lagosta (Panuiiruslaevicauda). - ~Aq~~sem algas Aquário com algas Mínimo Máximo Temperatura (O(;) 25,2 28.4 26,8 pH 7.65 8,34 7,90 Fatores Média Desvio Mínimo Máximo 0,79 25,9 28,4 26,8 0,77 0,16 7,72 8,18 7,80 0,13 Média Desvio Tabela3 - Taxa de incremento médios dosjuvenis de lagostas(Panuliruslaevircauda)cultivados em aquários com esemmicroalgasUiva sp. . Aquário com algas! Dias Peso médio (g) Pr3 (%) Camp. médio do cefalotorax Aquário sem algas2 Peso médio Pr3 Camp. médio (g) (%) do cefalotorax LCr4 (%) {mm\ o S4 31,86 41,03 (mm) 33,3 34,5 28,7 nt~~1 c~t.._~~-'~~~-_:-~~'~""nl '"' 4~,81 . i\ 3,6 30,89 39,61 28,2 31,00 33,80 ~2,~ --- 61,85 100,2 41,2 Obs:1- Sobrevivênciade 100%; 2- Sobrevivênciade 80%. E U u.. ::) C) o 7 6 5 4 3 2 1 O ~ 10 LCr4 (%) - 9,0 32L ~ 25 40 55 70 Dias de Cultivo 85 -.- AquáriocomAlgas -D- Aquário sem Algas 100 115