4 Internacional Journal of Cardiovascular Sciences. 2015;28(1):4-8 ARTIGO ORIGINAL Valor Preditivo do Escore de Framingham na Identificação de Alto Risco Cardiovascular Predictive Value of the Framingham Risk Score in Identifying High Cardiovascular Risk Priscila Valente Fernandes1, Marcelo Machado de Castro1, Alexandre Fuchs1, Marcos Calzada da Rocha Machado1, Fernanda Diniz de Oliveira1, Lívia Botelho Silva1, Lorraine Furlani Rosa1, Vitor Manuel Pereira Azevedo2, Mauro Geller3, Renato Kaufman1 Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro - Rio de Janeiro, RJ - Brasil Instituto Nacional de Cardiologia - Rio de Janeiro, RJ - Brasil 3 Universidade Federal do Rio de Janeiro - Serviço de Estatística - Rio de Janeiro, RJ - Brasil 1 2 Resumo Fundamentos: A estratificação do risco cardiovascular é fundamental para uma adequada abordagem na prevenção primária. No entanto, os atuais escores de risco não apresentam acurácia satisfatória na predição de eventos cardiovasculares. Objetivo: Avaliar se os dois escores de risco recomendados pelas principais sociedades de cardiologia apresentam valor preditivo para identificar pacientes de alto risco cardiovascular já estabelecido. Métodos: Foram analisados 72 pacientes classificados como de alto risco baseado em fatores independentes, conforme recomendação da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Na primeira consulta foram calculados o escore de Framingham e o SCORE risk para se proceder à avaliação do seu valor preditivo. Resultados: Dos 72 pacientes, 39 (53,4%) eram do sexo masculino, com média de idade de 59,0±9,5 anos, média de 129,0±22 mmHg e 78,0±14 mmHg de pressão arterial sistólica e diastólica, respectivamente. Eram hipertensos 91,8%, diabéticos 46,5%, tabagistas correntes 36,9% e portadores de doença arterial coronariana 72,6%, dos quais 56,1% com infarto prévio. Dentre esses pacientes, 32 (44,4%) foram considerados de baixo risco cardiovascular, 27 (37,5%) de risco intermediário e 13 (18,1%) de alto risco pelo escore de Framingham; e 26 (36,1%) pacientes foram considerados de alto risco pelo SCORE risk. Conclusão: Em uma população de alto risco, nem o escore de Framingham nem o SCORE risk foram considerados bons identificadores de pacientes de alto risco cardiovascular. Palavras-chave: Doenças cardiovasculares; Fatores de risco; Diabetes mellitus; Dislipidemias; Hábito de fumar; Aterosclerose Abstract (Full texts in English - www.onlineijcs.org) Background: Cardiovascular risk stratification is essential for an adequate approach to primary prevention. However, the current risk scores have no satisfactory accuracy in predicting cardiovascular events. Objective: To evaluate whether the two risk scores recommended by the major cardiology societies have predictive value in identifying patients with an established high cardiovascular risk. Methods: The study included 72 patients classified as high risk based on independent factors as recommended by the Brazilian Society of Cardiology. At the first appointment, the Framingham score and the SCORE risk were calculated in order to evaluate the ability to identify high-risk individuals. Results: Of 72 patients, 39 (53.4%) patients were male with a mean age of 59±9.5 years, mean 129±22 mmHg and 78±14 mmHg systolic and diastolic blood pressure, respectively. In the sample, 91.8% were hypertensive, 46.5% had diabetes, 36.9% were current smokers and 72.6% were patients with coronary artery disease, of which 56.1% had previous myocardial infarction. Among these patients, 32 (44.4%) were considered at low cardiovascular risk, 27 (37.5%) intermediate-risk and 13 (18.1%) high-risk by the Framingham score; and 26 (36.1%) patients were considered at high risk by the SCORE risk. Conclusion: Based on the high-risk population, neither the Framingham score nor the SCORE risk were considered good identifiers of patients at high cardiovascular risk. Keywords: Cardiovascular diseases; Risk factors; Diabetes mellitus; Dyslipidemias; Smoking; Atherosclerosis Correspondência: Priscila Valente Fernandes Rua David Campista, 326 - Humaitá - 22261-010 - Rio de Janeiro, RJ - Brasil E-mail: [email protected] DOI: 10.5935/2359-4802.20150002 Artigo recebido em 09/12/2013, aceito em 14/11/2014, revisado em 25/11/2014. Int J Cardiovasc Sci. 2015;28(1):4-8 Artigo Original Introdução Com o envelhecimento populacional, a prevalência das doenças cardiovasculares vem aumentando nos últimos anos. A prevenção do evento cardiovascular agudo é a principal preocupação dos médicos para a prevenção primária1. A estratificação de risco cardiovascular é parte fundamental na avaliação clínica inicial do paciente. Existem diversos escores de risco, dentre os quais o de Framingham, SCORE, PROCAM e Reynolds, sendo que o recomendado atualmente pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) é o escore de Framingham2-5. O escore de Framingham, baseado em variáveis clínicas e laboratoriais, avalia o risco cardiovascular em 10 anos e classifica o paciente em baixo, médio e alto risco. Porém a própria SBC recomenda a identificação de fatores agravantes para a reclassificação do paciente, a fim de reestratificá-lo mais acuradamente1,2,6. Recentemente, a Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC), na diretriz de prevenção, recomenda o uso do SCORE risk para a determinação do risco cardiovascular do paciente e, com ela, a determinação de metas terapêuticas7. Porém, sabe-se que tanto o escore de Framingham quanto o SCORE apresentam limitações na real identificação dos pacientes de alto risco cardiovascular, sendo por vezes necessária a reclassificação com marcadores de exames complementares6,8,9. O objetivo deste trabalho é avaliar o valor preditivo do escore de Framingham isolado e do SCORE risk em identificar o alto risco cardiovascular em pacientes já sabidamente de alto risco. Métodos Estudo retrospectivo, com análise de 144 prontuários de pacientes atendidos no ambulatório da residência médica em cardiologia do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro, RJ, no ano de 2011. Este trabalho é parte do projeto de pesquisa aprovado pelo CEP da instituição sob nº 02391712.80000.5265. Do total, 72 pacientes foram considerados de alto risco baseado na presença de doença arterial coronariana diagnosticada, doença vascular e diabetes mellitus. O diagnóstico de doença arterial coronariana foi definido pela história de infarto agudo do miocárdio prévio ou Fernandes et al. Valor Preditivo do Escore de Framingham evidência angiográfica de doença arterial coronariana. Para o diagnóstico de diabetes mellitus, foi necessária a presença de duas medidas de glicemia de jejum >126 mg/dL em amostras distintas ou o uso de hipoglicemiantes orais. Foi calculado o escore de Framingham utilizando as variáveis: idade, sexo, valor da pressão arterial sistólica, tratamento de hipertensão arterial, colesterol total, HDL colesterol e tabagismo corrente. A classificação do risco cardiovascular pelo escore de Framingham está assim determinada: baixo, se risco <10% em 10 anos; intermediário, entre 10-20% e alto se >20%. Pelo SCORE risk os pacientes são considerados de alto risco cardiovascular quando >5%. Na análise estatística as variáveis contínuas foram expressas em média e desvio-padrão e as dicotômicas em frequência absoluta e relativa. Foi utilizado o programa estatístico Statistica 8 da StatSoft, Tucson, Texas. ABREVIATURAS E ACRÔNIMOS •AHA – American Heart Association • ESC – Sociedade Europeia de Cardiologia • SBC – Sociedade Brasileira de Cardiologia Resultados Dos 144 pacientes, foram separados 72 pacientes de alto risco cardiovascular: 39 (53,4%) do sexo masculino, média de idade de 59,0±9,5 anos. Dentre os fatores de risco cardiovascular, a hipertensão arterial sistêmica foi a mais prevalente com 91,8%, seguida do diabetes mellitus (46,5%) e do tabagismo corrente (36,9%) (Tabela 1). Os pacientes apresentaram média de 129,0±22,0 mmHg e 78,0±14,0 mmHg de pressão arterial sistólica e diastólica, respectivamente. Em relação às variáveis lipídicas, apresentaram: colesterol total 187,0±59,0 mg/dL; HDL 43,0±11,0 mg/dL; LDL 110,0±41,0 mg/dL; e triglicerídeos 187,0±117,0 mg/dL. Na identificação do risco cardiovascular pelo escore de Framingham, 32 (44,4%) pacientes foram classificados de baixo risco cardiovascular (probabilidade de eventos <10%), 27 (37,5%) de risco intermediário (entre 10-20%) e 13 (18,1%) de alto risco (Figura 1). Na análise de predição de risco, o escore de Framingham isolado identificou somente 18,1% dos pacientes de alto risco, sendo que dos 81,9% restantes, 44,4% foram estratificados erroneamente como de baixo risco. Em relação aos pacientes avaliados pelo SCORE risk, 26 (36,1%) pacientes foram considerados de alto risco; quando avaliados os dois escores associados, de 72 pacientes, somente 29 (40,3%) pacientes apresentavam critérios de alto risco pelo menos por um escore de risco (Figura 2). 5 6 Fernandes et al. Valor Preditivo do Escore de Framingham Int J Cardiovasc Sci. 2015;28(1):4-8 Artigo Original Tabela 1 Características da população estudada Sexo masculino 53,4% Idade (anos) (média ± DP) 59,0±9,5 Pressão arterial sistólica (mmHg) (média ± DP) 129,0±22 Pressão arterial diastólica (mmHg) (média ± DP) 78,0±14 HAS 91,8% DM 46,5% Tabagismo corrente 36,9% DAC 72,6% IAM prévio 56,1% Figura 2 Percentagem de pacientes estratificados pelo risco cardiovascular calculado pelo SCORE risk. Colesterol total (mg/dL) (média ± DP) 187,0±59 Discussão HDL (mg/dL) (média ± DP) 43,0±11 LDL (mg/dL) (média ± DP) 110,0±41 Triglicerídeos (mg/dL) (média ± DP) 187,0±117 A estratificação do risco cardiovascular é a principal ferramenta clínica para a prevenção de eventos cardiovasculares, sendo recomendada a sua realização logo na primeira consulta. Framingham risco baixo 44,4% Framingham risco intermediário 37,5% Framingham risco alto 18,1% SCORE risco alto 36,1% HAS - hipertensão arterial sistêmica; DM - diabetes mellitus; DAC - doença arterial coronariana; IAM - infarto agudo do miocárdio; HDL - lipoproteína de alta densidade; LDL - lipoproteína de baixa densidade; DP - desvio-padrão Figura 1 Percentagem de pacientes estratificados pelo risco cardiovascular calculado pelo escore de Framingham O escore de Framingham é o mais utilizado e o recomendado pela American Heart Association (AHA) e pela SBC, enquanto o SCORE risk é recomendado pela ESC. Ambos utilizam para a predição do risco cardiovascular variáveis clínicas, como idade e a pressão arterial; e variáveis laboratoriais, como nível de colesterol total1,2,6,7. Devido à limitação desses escores em identificar fidedignamente o risco cardiovascular dos pacientes, existem variáveis laboratoriais e complementares por imagem que reclassificam o paciente em uma graduação maior de risco cardiovascular, como creatinina >1,5 mg/dL, a presença de hipertrofia ventricular esquerda ao eletrocardiograma, o escore de cálcio >100, o aumento da espessura íntima-média e a microalbuminúria6,10. Alguns trabalhos já demonstraram que o escore de Framingham apresenta algumas falhas em identificar pacientes suscetíveis aos eventos cardiovasculares até mesmo pelo fato de não colocar como variável o tratamento da hipercolesterolemia, visto que diversos pacientes chegam ao consultório em uso de estatina para prevenção primária11. A realização de Doppler de carótidas em pacientes assintomáticos e classificados pelo Framingham como Int J Cardiovasc Sci. 2015;28(1):4-8 Artigo Original Fernandes et al. Valor Preditivo do Escore de Framingham de baixo risco evidenciou que 38,0% apresentavam aspectos ultrassonográficos de alto risco, seja pelo aumento da espessura média-intimal seja pela presença de placas carotídeas. Outro estudo demonstrou que 59,0% dos pacientes classificados de baixo risco pelo escore de Framingham apresentavam placa identificável pelo Doppler de carótidas12,13. pacientes estudados já estavam em uso de estatina e antihipertensivos para prevenção secundária o que poderia subestimar o risco em alguns pacientes, porém não de forma tão significativa. A utilização dos reclassificadores como proteína C-reativa, HDL, HbA1C, escore de cálcio coronariano e espessura média-intimal leva à identificação de risco maior em pacientes previamente subestratificados14,15. Na população estudada, que já é determinada como de alto risco cardiovascular, o escore de Framingham não teve capacidade suficiente para identificar adequadamente os indivíduos, e a avaliação do SCORE risk associado aumentou discretamente a identificação destes pacientes. Em trabalho recentemente publicado, 33,8% e 40,4% dos pacientes classificados como de baixo risco pelo escore de Framingham e SCORE risk, respectivamente, apresentavam evidência de placa aterosclerótica coronariana identificada pela angiotomografia, ressaltando-se que nessa população os pacientes eram sintomáticos16. Deve-se destacar que os desfechos em relação ao escore de Framingham é o infarto agudo do miocárdio (IAM) e a morte por doença coronariana; e no SCORE risk é somente óbito por doença coronariana. Alguns dos Conclusão Potencial Conflito de Interesses Declaro não haver conflitos de interesses pertinentes. Fontes de Financiamento O presente estudo não teve fontes de financiamento externas. Vinculação Acadêmica O presente estudo não está vinculado a qualquer programa de pós-graduação. Referências 1. 2. 3. 4. 5. Greenland P, Alpert JS, Beller GA, Benjamin EJ, Budoff MJ, Fayad ZA, et al; American College of Cardiology Foundation/ American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. 2010 ACCF/AHA guideline for assessment of cardiovascular risk in asymptomatic adults: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. Circulation. 2010;122(25):e584-636. D’Agostino RB Sr, Vasan RS, Pencina MJ, Wolf PA, Cobain M, Massaro JM, et al. General cardiovascular risk profile for use in primary care: the Framingham Heart Study. Circulation. 2008;117(6):743-53. Conroy RM, Pyörälä K, Fitzgerald AP, Sans S, Menotti A, De Backer G, et al. Estimation of ten-year risk of fatal cardiovascular disease in Europe: the SCORE project. Eur Heart J. 2003;24(11):987-1003. Assmann G, Cullen P, Schulte H. 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