CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO – UNICENP MARCIO LUIS SOTTILE FRANÇA ESTUDO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELO CHORUME DO ATERRO CONTROLADO DE MORRETES – PR CURITIBA 2007 MARCIO LUIS SOTTILE FRANÇA ESTUDO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELO CHORUME DO ATERRO CONTROLADO DE MORRETES – PR Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Gestão Ambiental do curso de mestrado Profissional em Gestão Ambiental, Centro Universitário Positivo (UnicenP). Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Janissek Co-orientador: Prof. Dr. Klaus Dieter Sautter CURITBA 2007 TÍTULO: “ESTUDO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELO CHORUME DO ATERRO CONTROLADO DE MORRETES-PR”. ESTA DISSERTAÇÃO FOI JULGADA ADEQUADA COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM GESTÃO AMBIENTAL (área de concentração: gestão ambiental) PELO PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO AMBIENTAL DO CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO – UNICENP. A DISSERTAÇÃO FOI APROVADA EM SUA FORMA FINAL EM SESSÃO PÚBLICA DE DEFESA, NO DIA 31 DE JULHO DE 2007, PELA BANCA EXAMINADORA COMPOSTA PELOS SEGUINTES PROFESSORES: 1) Prof. Paulo Roberto Janissek - UnicenP - (Presidente); 2) Prof. Klaus Dieter Sautter, UnicenP – Co-orientador; 3) Prof. Dimitrios Samios, examinador externo, da Universidade do Rio Grande do Sul, Instituto de Química, Departamento de Físico-Química; 4) Profª. Eliane Carvalho Vasconcelos, UnicenP; 5) Profª. Ana Flávia Locateli Godoi, UnicenP; . CURITIBA – PR, BRASIL PROF. MAURÍCIO DZIEDZIC COORDENADOR DO PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO AMBIENTAL 17 A Deus A Flavia e à Marina, minhas razões de viver. A minha mãe Beatriz e ao meu pai Sergio. Aos meus irmãos Marcelo e Mauro. AGRADECIMENTOS Ao Ruy e à Marilda, pois souberam entender e suprir a minha ausência nos cuidados com a Marina; Ao meu orientador Prof. Dr. Paulo Roberto Janissek, por todos os ensinamentos, a atenção, a motivação, o entusiasmo, a dedicação, a paciência e, acima de tudo, a amizade; Ao meu co-orientador Prof. Dr. Klaus Dieter Sautter pelos ensinamentos e a amizade; Ao Coordenador do Programa de Mestrado em Gestão Ambiental, Prof. Dr. Mauricio Dziedzic; A Profª. Drª Selma Cubas e a Denise Teixeira Bregunce, pela ajuda no Laboratório de Saneamento; A Eunice Maria da Silva, pela presteza dedicada durante o curso. Ao Leonardo da Silva Mendes, pelos contatos feitos em Morretes. Ao amigo Tiago Silvestro Bocalon, pela ajuda prestada nos laboratórios. À Débora Toledo Ramos pela paciência e ajuda nas análises químicas. A Karla H. Preussler pelas trocas de informações. Ao Luis Fernando Moro Milléo pela disponibilidade e o apoio. Ao Pedro Henrique da Silva Rodrigues pelas análises dos solos. Aos alunos da disciplina de poluição dos solos. A todos os professores do Programa de Mestrado em Gestão Ambiental. Pelas amizades que fiz durante o curso. “A Terra pode oferecer o suficiente para satisfazer as necessidades de todos os homens, mas não a ganância de todos os homens.” Mahatma Gandhi RESUMO Os impactos ambientais causados pelo chorume nos corpos d’água e no solo em volta do Aterro Controlado de Morretes - PR, que apresenta área de 2.148,36 km2 e recebe aproximadamente 6 toneladas de resíduos sólidos diariamente foram avaliados. Foram feitas coletas nos meses de fevereiro, correspondente ao final da temporada de aumento significativo de turistas, e abril de 2007. Na primeira coleta o chorume apresentou valores mais elevados de pH (8,46), Demandas Química e Bioquímica de Oxigênio (DQO 4160 mg/L e DBO 585 mg/L) e sólidos totais (11473 mg/L). Os coliformes totais e termotolerantes, determinados somente na primeira coleta, também apresentaram valores elevados (1,6 X 105 e 2,4 X 104 respectivamente). Já na segunda coleta, o chorume apresentou valores mais elevados de sólidos (11473 mg/L), alcalinidade (1100 mg CaCO3/L) e metais pesados (Cromo 0,5 mg/L e Chumbo 3,2 mg/L). Para os corpos d’agua, os valores mais elevados foram observdos na segunda coleta, e para o ponto de menor altimetria, localizado em uma área de banhado. Para as amostras de solo, coletadas em diferentes profundidades próximas aos corpos d’agua, os teores de metais pesados e matéria orgânica também foram mais elevados no ponto de menor altimetria. Assim, na maior profundidade amostrada (70 a 100 cm) foram encontrados altos teores de metais (chumbo 132, zinco 290 e cobre 230 mg/kg solo). O conjunto de resultados indica a influência da sazonalidade e que a falta de impermeabilização do solo ocasiona a contaminação pelo chorume através do lençol freático que aflora no ponto de menor altimetria. Palavras-chave: Resíduos Sólidos, Aterro Controlado, Chorume, Impacto ambiental ABSTRACT The environmental impacts caused by the Morretes landfill leachate in the soil and surface water were studied. Morretes is a touristy city of Paraná State in Brazil and its landfill has 2.148,36 km2 of total area and daily receives approximately 6 tons of solid waste. Samples of leachate and surface waters were collected in February, related to the end of high tourist season, and April of 2007. For the February collected leachate were found the more basic pH value (8,46), highest results in the Chemical and Biochemical Oxigen Deman (COD 4160 mg/L and BOD 585 mg/L) and solid contend (11473 mg/L) The total and fecal coliforms, analyzed only for the February samples, presented high values (1,6 X 105 e 2,4 X 104 respectively). For the April collected sample it was found the highest values for the solids contend (11473 mg/L), alkalinity (1100 mg CaCO3/L) and heavy metal (Chrome 0,5 mg/L and Lead 3,2 mg/L) parameters. For the surface water samples, the highest values results were found in the April sampling and for the lowest altimetry point. Samples of the soil close to the water points were also collected at four deep layers, and the heavy metals and organic matter contend were highest for the lowest altimetry point and notably different for the others regions. As a result, in the lower soil layer sampled (70-100 cm) it was found greatest values for the lead, zinc and copper contend (132, 290 e 230 mg/kg, respectively). The overal results are indicative of the tourist season influence and that the landfill studied, without soil isolation is causing leacheate contamination thought the underground water that comes out in the lowest altimetry point. Key-words: Solid waste, Landfill, leachate, environmental Impact LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 – Método da trincheira..............................................................................36 FIGURA 2 – Método da escavação progressiva........................................................37 FIGURA 3 – Método da área......................................................................................38 FIGURA 4 – Balanço hidrológico da formação do líquido percolado.........................46 FIGURA 5 – Dinâmica dos metais pesados no solo..................................................56 FIGURA 6 – Localização do município de Morretes no Estado do Paraná...............70 FIGURA 7 A – Vista do Aterro Controlado de Morretes.............................................72 FIGURA 7 B – Plano altimétrico do município de Morretes destacando a área do Aterro..........................................................................................................................72 FIGURA 8 – Identificação dos pontos de coleta de chorume, águas superficiais e solo.............................................................................................................................76 FIGURA 9 – Ponto 1 – Área de coleta de água em um córrego à montante do Aterro..........................................................................................................................77 FIGURA 10 – Ponto 2 – Área de coleta de água em um córrego do aterro..............78 FIGURA 11 – Área mostrando as condições do ponto 3 (chorume) na segunda coleta..........................................................................................................................79 FIGURA 12 – Ponto 4 – área de coleta de água em um córrego a jusante do aterro..........................................................................................................................80 FIGURA 13 – Ponto 5 – área de coleta de água em área de banhado.....................81 FIGURA 14 – Valores obtidos para a DBO................................................................94 FIGURA 15 – Teor de matéria orgânica nos solos...................................................101 FIGURA 16 – Teor de Pb nos solos.........................................................................101 FIGURA 17 – Teor de Ni nos solos..........................................................................101 FIGURA 18 – Teor de Zn nos solos.........................................................................101 FIGURA 19 – Teor de Cu nos solos.........................................................................102 FIGURA 20 – Procedimento gráfico adotado para calcular a alcalinidade do ponto 3................................................................................................................................106 FIGURA 21 – Curva potenciométrica do ponto 1 da primeira coleta.......................106 FIGURA 22 – Curva potenciométrica do ponto 2 da primeira coleta.......................107 FIGURA 23 – Curva potenciométrica do ponto 4 da primeira coleta.......................107 FIGURA 24 – Curva potenciométrica do ponto 5 da primeira coleta.......................108 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Composição gravimétrica dos resíduos sólidos de alguns países (%).25 TABELA 2 – Composição dos resíduos sólidos gerados no Brasil (%).....................25 TABELA 3 – Composição do chorume em aterros com diferentes idades................42 TABELA 4 – Resultados obtidos para os parâmetros analisados por diferentes pesquisadores.............................................................................................................64 TABELA 5 – Parâmetros físico-químicos obtidos para os pontos 1, 2, 3, 4 e 5 no Aterro Controlado de Morretes, PR.............................................................................91 TABELA 6 – Coliformes totais e termotolerantes no Aterro Controlado de Morretes, PR...............................................................................................................................92 TABELA 7 – Valores de DQO encontrados nas duas coletas realizadas no Aterro Controlado de Morretes, PR.......................................................................................95 TABELA 8 – Relação DQO/DBO no Aterro Controlado de Morretes, PR..................97 TABELA 9 – Concentração de metais pesados no chorume no Aterro Controlado de Morretes, PR ..............................................................................................................98 TABELA 10 – Resultados obtidos para o solo e os corpos d’água no Aterro Controlado de Morretes, PR.......................................................................................99 TABELA 11 – Alcalinidade do chorume e dos corpos d’água no Aterro Controlado de Morretes, PR.............................................................................................................105 TABELA 12 – Resumo dos parâmetros avaliados que poderiam indicar contaminação do Aterro Controlado de Morretes, PR..............................................109 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnica C: Carbono Cd: Cádmio CH4: Metano CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente Cr: Cromo Cu: Cobre DBO: Demanda bioquímica de oxigênio DQO: Demanda química de oxigênio EIA: Estudo de Impacto Ambiental IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPT: Instituto de Pesquisas Tecnológicas N: Nitrogênio NBR: Norma Brasileira Registrada NH3: Nitrogênio amoniacal Ni: Níquel NMP: Número mais provável O2: Oxigênio Pb: Chumbo pH: Potencial hidrogeniônico RIMA: Relatório de Impacto de Meio Ambiente t: Tonelada Zn: Zinco SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................16 2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................20 2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS.........................................................................................20 2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ..................................................21 2.3 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ..............................................24 2.3.1 Quantificação ...................................................................................................24 2.3.2 Composição gravimétrica .................................................................................24 2.3.3 Características físicas e químicas ....................................................................26 2.3.4 Aspectos microbiológicos .................................................................................27 2.4 OS RESÍDUOS SÓLIDOS E OS IMPACTOS AMBIENTAIS...............................28 2.4.1 Impacto ambiental do solo................................................................................28 2.4.2 Impacto ambiental das águas...........................................................................29 2.4.3 Impacto ambiental do ar ...................................................................................30 2.5 MÉTODOS DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS .......................32 2.5.1 Destinação a céu aberto...................................................................................32 2.5.2 Aterro controlado..............................................................................................32 2.5.3 Aterro sanitário .................................................................................................34 2.5.3.1 Tipos de aterros sanitários ............................................................................34 2.5.4 Métodos de disposição de resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários.....35 2.5.4.1 Método da trincheira......................................................................................35 2.5.4.2 Método da escavação progressiva ou método da meia encosta...................36 2.5.4.3 Método da área ou aterro tipo superficial ......................................................37 2.6 CHORUME..........................................................................................................38 2.6.1 Composição .....................................................................................................40 2.6.2 Geração............................................................................................................43 2.7 POLÍTICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO ESTADO DO PARANÁ .....................47 2.8 CONTAMINAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS...............................................50 2.8.1 Padrões de qualidade da água e limites para o lançamento de efluentes .......52 2.8.2 Parâmetros de qualidade da água ...................................................................54 2.8.2.1 Potencial Hidrogeniônico (pH).......................................................................54 2.8.2.2 Demanda Química de Oxigênio (DQO) .........................................................55 2.8.2.3 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) .....................................................55 2.8.2.4 Metais pesados .............................................................................................55 2.8.2.5 Sólidos...........................................................................................................60 2.8.2.6 Condutividade ...............................................................................................60 2.8.2.7 Coliformes totais e termotolerantes ...............................................................61 2.8.3 Matéria orgânica do solo ..................................................................................61 2.9 ESTUDO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS ..........................................................62 3 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................70 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA...........................................................................70 3.1.1 GEOLOGIA ......................................................................................................73 3.1.2 GEOMORFOLOGIA .........................................................................................73 3.1.3 PEDOLOGIA ....................................................................................................73 3.1.4 CLIMA ..............................................................................................................74 3.1.5 VEGETAÇÃO ...................................................................................................74 3.1.6 HIDROGRAFIA ................................................................................................75 3.2 COLETA DAS AMOSTRAS E PARÂMETROS ADOTADOS ..............................75 3.3 ACONDICIONAMENTO E TRANSPORTE DAS AMOSTRAS ............................82 3.4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS DO CHORUME E DOS CORPOS DÁGUA .....................................................................................................83 3.4.1 Determinação do pH ........................................................................................83 3.4.2 Determinação da DQO .....................................................................................83 3.4.3 Determinação da DBO .....................................................................................84 3.4.4 Determinação da condutividade elétrica...........................................................84 3.4.5 Determinação da alcalinidade e poder tamponante .........................................84 3.4.6 Determinação dos sólidos totais.......................................................................85 3.4.7 Determinação dos metais pesados nos corpos d’água ....................................85 3.4.8 Determinação dos coliformes totais e termotolerantes.....................................86 3.5 ANÁLISES DO SOLO..........................................................................................87 3.5.1 Determinação da matéria orgânica ..................................................................87 3.5.2 Determinação dos metais pesados no solo......................................................88 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................89 4.1 ESTIMATIVA DE GERAÇÃO DO CHORUME ....................................................89 4.2 pH........................................................................................................................89 4.3 CONDUTIVIDADE ELÉTRICA ............................................................................90 4.4 SÓLIDOS TOTAIS ..............................................................................................91 4.5 COLIFORMES TOTAIS E TERMOTOLERANTES (NMP/100mL) ......................92 4.6 DBO ....................................................................................................................93 4.7 DQO ....................................................................................................................94 4.8 ANÁLISE DE METAIS PESADOS.......................................................................98 4.8.1 Comparação interlaboratorial ...........................................................................98 4.8.2 Metais pesados no chorume, solo e corpos d’agua .........................................99 4.9 TEOR DE MATÉRIA ORGÂNICA E DE METAIS PESADOS NOS SOLOS......101 4.10 ALCALINIDADE ..............................................................................................104 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..............................................................111 6 REFERÊNCIAS....................................................................................................113 16 1 INTRODUÇÃO O ser humano sempre produziu resíduos em suas atividades diárias. Porém, essa produção acentuou-se após a Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra no século XVIII, devido à formação de um intenso mercado consumidor dos mais variados produtos. O crescimento urbano, a industrialização e a conseqüente elevação dos patamares de consumo vêm provocando o aumento da geração de resíduos sólidos, principalmente nas regiões metropolitanas, impondo grandes demandas, tanto pela quantidade, quanto pelas características dos resíduos gerados. (SILVA, 2002). As características de consumo da sociedade moderna instituíram problemas de degradação ambiental por lançamentos cada vez maiores e indiscriminados de dejetos líquidos, sólidos e gasosos, de origens comerciais, industriais ou residenciais ao meio ambiente. A geração crescente de resíduos sólidos urbanos, associada a uma falta de investimentos no setor de saneamento, leva à propagação da disposição dos resíduos em locais como córregos, rios ou, ainda, terrenos distantes. Em grande parte, estas disposições finais são desprovidas de técnicas adequadas de tratamento, instituindo agravantes ambientais como a contaminação de mananciais de águas superficiais e/ou subterrâneas (GOMES, 2005). A geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil sempre foi uma questão problemática devido a grande quantidade gerada, a falta de disposição final e tratamentos adequados. Com o crescimento populacional das cidades, o aumento do poder aquisitivo das pessoas, o desenvolvimento industrial e um maior poder de consumo das populações, ocorreu um incremento na geração de resíduos sólidos urbanos o que acarretou em uma preocupação, por parte de governos e municípios, no sentido 17 de tentar destinar adequadamente os resíduos sólidos urbanos em áreas próprias para tal fim, para que eles não causem impactos ambientais como, principalmente, a poluição dos rios e dos solos. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2002, a população brasileira era de aproximadamente 176 milhões de habitantes, produzindo diariamente cerca de 126 mil toneladas de resíduos sólidos. Quanto à destinação final, os dados obtidos pelo PNSB, indicam que 69% dos municípios brasileiros depositam seus resíduos sólidos em “lixões”, somente 17% informam que utilizam aterros sanitários e 13% dispõem seus resíduos em aterros controlados. Esse cenário é decorrente da política ambiental adotada no país. Segundo Lima (2005), muitos são os fatores que influenciam a origem e formação do lixo no meio urbano, e a distinção destes mecanismos é uma tarefa complexa e de difícil realização. São eles: • número de habitantes do local; • área relativa de produção; • condições climáticas, pois no verão e no inverno o consumo de certos produtos é predominante; • hábitos e costumes da população; • nível educacional; • poder aquisitivo; • tipo de equipamento de coleta; • disciplina e controle dos pontos produtores; • leis e regulamentações específicas. 18 É importante destacar que um dos fatores decisivos na produção de resíduos sólidos refere-se à economia, pois quando ocorrem variações no setor, seus reflexos são imediatamente percebidos nos locais de disposição e tratamento dos mesmos. Se o sistema econômico entra em desaquecimento e as fábricas e o comércio reduzem suas atividades, certamente haverá redução na quantidade de resíduos. O oposto também é verdadeiro, apesar de, nestes casos, haver uma tendência para a estabilização depois de determinado período de tempo, quando se atinge determinado nível de consumo. O fato mais preocupante é que a população mundial está crescendo em ritmo acelerado, com previsão de duplicação nos próximos vinte ou trinta anos. Isso implica na expansão automática da industrialização – pois maiores quantidades de alimentos e bens de consumo serão necessários para atender a esta nova demanda, o que irá gerar inevitavelmente consideráveis volumes de lixo. O não tratamento dessa massa pode contribuir significativamente para a degradação da biosfera, em detrimento da qualidade de vida em nosso planeta. (LIMA, 2004). Os resíduos sólidos no meio urbano, por serem inesgotáveis devido a inúmeros fatores, tais como o crescimento populacional e econômico, transformaram-se em sérios problemas para os gestores responsáveis pela limpeza e saúde pública, bem como da gestão ambiental, pois diariamente, milhares de toneladas de resíduos de diversas origens e natureza são descartados no meio ambiente, necessitando de uma destinação correta e segura, que minimize os impactos inerentes à sua presença e decomposição. (ROCHA, 2006) Pelo exposto, esse trabalho tem como objetivos analisar se há impactos ambientais nos corpos d’água gerados pelo chorume do Aterro Controlado de Morretes, localizado no Município de mesmo nome, no estado do Paraná que está 19 em operação desde 1994 e apresenta área de 2.148,36 m2 e contribuir para o seu gerenciamento, por meio do levantamento (diagnóstico) da situação atual e a partir dela sugerir ações de minimização dos impactos ambientais. 20 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS Segundo a Norma Brasileira Registrada (NBR) 10.004 (2004) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), os resíduos sólidos apresentam estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso, soluções técnicas e economicamente inviáveis em face de melhor tecnologia disponível. Pereira Neto (1999) propõe que resíduo urbano seja definido como uma massa heterogênea, resultante das atividades humanas, os quais podem ser reciclados e parcialmente utilizados, gerando, entre outros benefícios, proteção a saúde pública, economia de energia e de recursos naturais. Já Fonseca (1999) define lixo, como sendo um conjunto de resíduos sólidos, resultantes das atividades diárias do homem na sociedade. D’ Almeida e Vilhena (2000) definem resíduos sólidos como os restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis. Conforme Lima (2001), resíduos sólidos são materiais heterogêneos (inertes, minerais e orgânicos) resultantes das atividades humanas e da natureza, os quais podem ser parcialmente utilizados. 21 Cunha e Guerra (2002) definem lixo, como todos os resíduos sólidos imprestáveis, tais como o domiciliar (restos de alimentos, plásticos, papel e papelão, vidros, latas, madeiras, entre outros) e o hospitalar (composto não só por resíduos hospitalares, mas, também, pelos resíduos de farmácias, de biotérios e de laboratórios de pesquisas). Para Teixeira et al. (1991)1 apud Ferruccio (2003), a definição da ABNT é muito ampla e equivoca-se ao incluir líquidos como resíduos sólidos. A norma poderia incluir os líquidos juntamente com os resíduos sólidos para efeito de tratamento, mas não simplesmente denomina-lo de resíduos sólidos. Para Lima (2004), resíduos sólidos, comumente conhecidos como lixo, são todo e qualquer resíduo que resulte das atividades diárias do homem na sociedade. Estes resíduos compõem-se basicamente de sobras de alimentos, papéis, papelões, plásticos, trapos, couros, madeira, latas, vidros, lamas, gases, vapores, poeiras, sabões, detergentes, e outras substâncias descartadas pelo homem no meio ambiente. Segundo o dicionário Aurélio (2005) lixo é tudo o que não presta e se joga fora ou coisas inúteis, velhas, sem valor. Lixo também pode ser definido como resíduos que resultam de atividades domésticas, industriais, comerciais, etc. Neste trabalho, a palavra resíduo está associada ao conceito de lixo, ou seja, tudo o que é produzido pelas atividades humanas. 2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Considerando-se o critério de origem e produção, Lima (2004) classifica os resíduos sólidos em: 1 TEIXEIRA, E. N., NUNES, C. R., OLIVEIRA, S. Revisão Crítica das Normas sobre Resíduos Sólidos. Parte 1. Saneamento Ambiental, 1991. 22 Residencial: também chamado de resíduo domiciliar e doméstico, são os resíduos gerados por sobras de alimentos, produtos deteriorados, embalagens em geral, retalhos, jornais e revistas, papel higiênico, fraldas descartáveis, etc. Comercial: são os resíduos originados nos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, tais como supermercados, bancos, restaurantes, lanchonetes, lojas, entre outros, gerando resíduos como restos de comida, papéis, copos plásticos, entre outros. Industrial: são os resíduos resultantes das atividades industriais. O tipo de resíduo varia de acordo com o ramo de atividade da indústria, sendo considerados perigosos ou não. Público: são os resíduos originados nos serviços de limpeza urbana, como restos de poda e produtos da varrição das áreas públicas, limpeza de praias e galerias pluviais, resíduos de feiras livres, etc. De serviços de saúde: são os resíduos gerados em hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, etc. Seu acondicionamento, armazenamento, coleta e disposição final exigem atenção especial devido aos riscos que podem oferecer. De construção: são os resíduos sólidos gerados em construções civis. Considerando-se a periculosidade dos resíduos sólidos, ou seja, as características apresentadas pelo resíduo em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, que podem representar potencial de risco à saúde pública e ao meio ambiente, a NBR 10.004 (2004) assim classifica os resíduos sólidos: 23 Classe I – resíduos perigosos São aqueles que representam periculosidade, conforme definido anteriormente, ou uma das características seguintes: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade. Classe II – não perigosos São aqueles que não se enquadram na classificação de resíduos Classe I. Os resíduos de classe II são subclassificados em: Classe II A – não inertes São aqueles que não se enquadram na classificação de resíduos Classe I – perigosos ou de resíduos classe II – B – Inertes. Os resíduos classe II – A – não inertes podem ter as seguintes propriedades: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. Classe II B – inertes São quaisquer resíduos que quando amostrados de uma forma representativa, segundo a NBR 10.007 (ABNT, 2004), e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada, à temperatura ambiente, conforme a NBR 10.006 (ABNT, 2004) não alterem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspectos como: cor, turbidez, dureza e sabor. 24 2.3 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Caracterização dos resíduos sólidos segundo Bidone e Povinelli (1999): 2.3.1 Quantificação A quantificação da geração de resíduos sólidos urbanos é baseada em índices relacionados ao número de habitantes atendidos pelo sistema de coleta e ao volume de resíduos gerados, materializando a denominada produção “per capita’” de lixo. Representa, assim, a quantidade de resíduos sólidos gerada por habitante em um período de tempo específico, geralmente um dia, e é expressa em kg/hab.dia. E é de fundamental importância para orientar o planejamento de instalações e equipamentos que farão parte componente do serviço de coleta e transporte de resíduos de determinada comunidade. 2.3.2 Composição gravimétrica A composição gravimétrica representa o percentual de cada componente em relação ao peso total da amostra de lixo analisada. Os componentes mais utilizados na determinação da composição gravimétrica são a matéria orgânica, o papel, o papelão, o plástico, a madeira, o vidro, o alumínio, a borracha, o couro, o metal ferroso e não-ferroso, entre outros. Na TABELA 1, observa-se que no Brasil, na Alemanha e na Holanda a composição dos resíduos sólidos é caracterizada pela matéria orgânica; não ocorrendo o mesmo com os Estados Unidos, onde o principal componente dos resíduos sólidos é o papel. Esse fato deve-se ao grande consumo de comida pronta que o estadunidense ingere diariamente. 25 TABELA 1 – Composição gravimétrica dos resíduos sólidos de alguns países (%) COMPOSTO BRASIL ALEMANHA HOLANDA EUA MAT.ORG. 65 61,2 50,3 35,6 VIDRO 3 10,4 14,5 8,2 METAL 4 3,8 6,7 8,7 PLÁSTICO 3 5,8 6 6,5 PAPEL 25 18,8 22,5 41 FONTE: MONTEIRO et al. (2001) No Brasil, a composição dos resíduos sólidos apresenta, de forma geral, sua maior fração em matéria orgânica. Esse dado refere-se, sobretudo, aos hábitos alimentares da população brasileira, conforme demonstra a TABELA 2. TABELA 2 – Composição dos resíduos sólidos gerados no Brasil (%) TIPO DE MATERIAL (%) MATÉRIA ORGÂNICA 52 PAPEL 25 PLÁSTICO 3 METAL 2 VIDRO 2 OUTROS 16 FONTE: IPT/CEMPRE (2002) A quantidade de lixo proveniente de fontes residenciais, que constitui em nossos dias um dos problemas básicos de saúde pública, varia consideravelmente 26 em composição e quantidade. As variações dependem do status econômico, composição étnica, costumes sociais, características climáticas, locais, hábitos populacionais, entre outros. 2.3.3 Características físicas e químicas A composição física dos resíduos sólidos apresenta as porcentagens (geralmente em peso) das várias frações dos materiais constituintes do lixo. Essas frações normalmente distribuem-se em matéria orgânica, papel, papelão, trapos, couro, plástico duro, plástico mole, metais ferrosos, metais não-ferrosos, vidro, borracha, madeira e outros. O conhecimento dessa composição é essencial para a definição das providências a serem tomadas com os resíduos, desde a sua coleta até o seu destino final, de uma forma sanitária economicamente viável, considerando que cada comunidade gera resíduos diversos. A composição química dos resíduos sólidos engloba principalmente a quantificação de parâmetros como os elementos carbono, nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, cobre, zinco, ferro, manganês, sódio e enxofre que compõem o elenco básico de macro e micronutrientes, a relação C:N, o pH e as concentrações de sólidos totais, fixos e voláteis. Essa caracterização é de fundamental importância, uma vez que a partir dela é possível viabilizar o reaproveitamento do material orgânico bruto após a sua degradação, que pode ser aeróbia ou anaeróbia, como corretivo ou fertilizantes de solos pobres, gás metano utilizado em biodigestor, entre outros. Do total de resíduos sólidos urbanos produzidos diariamente, tomam-se amostras das quais retira-se 1 g de material, para submeter aos procedimentos de laboratório, como análise térmica, matéria orgânica, entre outros. Evidentemente a consistência estatística dos 27 resultados dependerá de um acompanhamento sistemático aos resíduos gerados e analisados, com o estabelecimento de um espectro amostral que espelhe com precisão a composição do lixo em estudo (BIDONE e POVINELLI ,1999). 2.3.4 Aspectos microbiológicos Os aspectos microbiológicos dos resíduos sólidos estão, principalmente, relacionados à fração orgânica que os compõem, uma vez que a sua reciclagem pode se realizar por meio da decomposição biológica, levada a efeito pelos microorganismos saprófitos ou decompositores naturalmente existentes no meio. Os processos de decomposição são, em essência, processos de nutrição e respiração (aeróbia, em presença do oxigênio, e anaeróbia, na ausência deste) dos microorganismos. A decomposição da fração orgânica de uma dada massa de lixo pode se dar, assim, por processo aeróbio ou anaeróbio. Na primeira hipótese, a decomposição é muito mais rápida, resultando em subprodutos como gás carbônico, sais minerais de nitrogênio, fósforo, potássio e outros macro ou micronutrientes solúveis em água e facilmente assimiláveis pelo sistema radicular das plantas, e alguns compostos orgânicos de mais lenta biodegradabilidade, geralmente de natureza fibrosa ou coloidal, bons condicionantes do solo, como é o caso do húmus natural. A decomposição anaeróbia é lenta, gerando subprodutos em estágios intermediários de degradação, como a amônia e os ácidos orgânicos, que são nocivos e contaminantes, e gases, como o gás metano, o gás sulfídrico, malcheiroso, conferindo efeito estético indesejado e toxicidade. (BIDONE e POVINELLI, 1999). 28 2.4 OS RESÍDUOS SÓLIDOS E OS IMPACTOS AMBIENTAIS Segundo a Resolução CONAMA n° 001 considera-se impacto ambiental qualquer alteração nas propriedades físicas, químicas e biológicas do ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem: a saúde, a segurança, e o bem estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do ambiente e a qualidade dos recursos naturais. 2.4.1 Impacto ambiental do solo O lixo, disposto inadequadamente, sem qualquer tratamento, pode poluir o solo, alterando suas características físicas, químicas e biológicas, constituindo em um problema de ordem estética e, mais ainda, em uma séria ameaça à saúde pública. Por conter substâncias de alto teor energético e, por oferecer disponibilidade simultânea de água, alimento e abrigo, o lixo é preferido por inúmeros organismos vivos, a ponto de algumas espécies o utilizarem como nicho ecológico. Classificam-se em dois grandes grupos os seres que habitam o lixo: os macrovetores, como por exemplo, ratos, baratas, moscas e mesmo animais de maior porte, como cães, aves, gatos, suínos. No segundo grupo dos microvetores, estão os vermes, bactérias, fungos e vírus, sendo estes últimos os de maior importância epidemiológica por serem patogênicos e, portanto, uma ameaça real à sobrevivência do homem. (LIMA, 2004). Além disso, o lixo pode conter componente tóxico aos microorganismos, plantas e animais. Os resíduos domésticos contêm pilhas, por exemplo. Os resíduos industriais, às vezes despejados sem nenhum controle em 29 lixões, podem conter metais pesados, óleos, graxas e componentes orgânicos tóxicos, como pesticidas, solventes, ácidos, entre outros (FONSECA, 2005). 2.4.2 Impacto ambiental das águas A disposição dos resíduos sem os devidos cuidados pode ocasionar problemas de poluição das coleções hídricas superficiais e/ou subterrâneas presentes na área de despejo e adjacências. No caso das áreas de disposição de resíduos urbanos, a poluição dos cursos d’água superficiais pode ocorrer pelo escoamento do chorume ou pelo lixo carreado pelas chuvas, quando este não se encontra bem compactado e coberto. Atingindo os lençóis d’água subterrâneos – fonte de abastecimento de água para a população em muitos locais – o chorume poderá poluir poços, podendo provocar endemias, desencadear surtos epidêmicos ou provocar intoxicações, se houver a presença de organismos patogênicos e substâncias tóxicas em nível acima do permissível. Por ser comum na carga do chorume a presença de microorganismos indicadores de poluição fecal, as águas superficiais receptoras de chorume também podem ter seu uso limitado. (SISINNO et al.,2000) Os mecanismos de poluição das águas ocorrem a partir do momento em que os resíduos industriais e domésticos são lançados indiscriminadamente nos cursos d’água, como forma de destinação final. Tal comportamento pode ocasionar uma série de perturbações como aumento da turbidez, formação de bancos de lodo ou de sedimentos inertes, variações nos gradientes de temperatura, entre outros. O aumento da temperatura da água diminui a quantidade de O2 que ela pode reter em solução. Desta forma, os seres que habitam o meio aquático necessitam consumir 30 maiores volumes de água para conseguir o oxigênio exigido pelo metabolismo. Outro tipo de impacto é a descarga do chorume nas águas, que provoca depressão do nível de oxigênio, elevando a DBO (demanda bioquímica de oxigênio). Quando o oxigênio dissolvido desaparece ou é reduzido a níveis baixos, os organismos aeróbios são quase que totalmente exterminados, cedendo lugar aos anaeróbios, responsáveis pelo desprendimento de gases, como CH4 e NH3, sendo este último tóxico para a maioria das formas de vida superiores, provavelmente por reduzir a atividade do ciclo do ácido cítrico do cérebro, pois a amônia interfere em várias fases deste ciclo pela inibição de diversas enzimas que atuam no processo respiratório celular (OTTAWAY, 1982). 2.4.3 Impacto ambiental do ar Considerando a definição de resíduos sólidos, verifica-se que todos os efluentes gasosos e particulados emitidos para a atmosfera, oriundos das mais diversas atividades do homem no meio urbano, podem ser considerados como lixo. Na medida em que estas substâncias apresentem concentrações maiores que os índices normais suportáveis e que sua simples presença possa produzir ou contribuir para a produção de efeitos danosos ao homem e ao meio ambiente, nestas condições, pode-se afirmar que estas substâncias são causadoras de poluição atmosférica. Nos lixões, o ar pode ser contaminado pelos odores provenientes da biodegradação da matéria orgânica. O ar também pode ser contaminado pela fumaça resultante da combustão provocada ou espontânea. A combustão espontânea pode ocorrer devido ao metano (resultante da degradação anaeróbia da matéria orgânica). A combustão também pode ser provocada por catadores ou pessoas interessadas em reduzir o volume da massa do lixo. Nos dois casos, a 31 combustão de um material tão heterogêneo produz densa e irritante fumaça escura, muito desagradável à vizinhança, a qual pode conter substâncias tóxicas. (LIMA, 2004). Quando a matéria orgânica encontrada no lixo é fermentada por microorganismos dentro de determinados limites de temperatura, teor de umidade e acidez, em um ambiente sem oxigênio, ocorre a produção do biogás. O metano, componente predominante do biogás, é um gás inflamável que pode formar com o ar uma mistura explosiva, tornando comum a combustão espontânea do lixo nas áreas de despejo de resíduos sólidos urbanos. Mesmo depois da desativação das áreas de disposição final de resíduos sólidos urbanos, em algumas delas o metano continua a ser produzido lentamente durante um longo período de tempo. A queima proposital que ocorre em alguma áreas de despejo com o intuito de diminuir o volume dos resíduos depositados também constitui uma fonte de poluição do ar, além de incômodo e de causar problemas de visibilidade criados pela fumaça e cinzas produzidas. Dependendo da ação dos ventos, da temperatura e da volatilidade dos compostos, o ar também pode ser contaminado a média e longas distâncias. Uma conseqüência direta deste fato é a chuva ácida: o cloro (Cl) liberado nas reações que ocorrem na degradação dos compostos organoclorados vai para a atmosfera. Ao entrar em contato com a umidade do ar (H2O), o cloro cai novamente sob a forma de chuva ácida, contendo ácidos sulfúrico e nítrico, assim como o ácido sulfídrico (H2S), que depois de liberado, também é convertido em chuva ácida (SISINNO, 2000). 32 2.5 MÉTODOS DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS De acordo com Bidone e Povinelli (1999), os métodos de disposição final de resíduos sólidos são: 2.5.1 Destinação a céu aberto É uma forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos, na qual estes são simplesmente descarregados sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. Essa forma de disposição facilita a proliferação de vetores (moscas, mosquitos, baratas, ratos), geração de maus odores, poluição das águas superficiais e subterrâneas pelo lixiviado – mistura do chorume (líquido), gerado pela degradação da matéria orgânica, com a água da chuva – além de não possibilitar o controle dos resíduos que são encaminhados para o local de disposição. 2.5.2 Aterro controlado É uma forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo, na qual precauções tecnológicas executivas adotadas durante o desenvolvimento do aterro, como o recobrimento dos resíduos com argila (na maioria das vezes sem compactação), aumentam a segurança do local, minimizando os riscos de impactos ao meio ambiente e à saúde pública. Embora seja uma técnica preferível à destinação a céu aberto, não substitui o aterro sanitário; é uma solução economicamente compatível (não completamente adequada) para municípios pequenos que não dispõem de equipamentos compactadores (sua maior dificuldade). Entretanto, esta forma de disposição produz, em geral, poluição localizada, pois similarmente ao aterro sanitário, a extensão da área de disposição é 33 minimizada. Porém, geralmente não dispõe de impermeabilização de fundo, podendo comprometer a qualidade das águas subterrâneas, nem sistemas de tratamento de chorume ou dispersão dos gases gerados (IPT-CEMPRE, 2000). Segundo Monteiro et al. (2001), por não possuir sistema de tratamento de chorume, esse líquido fica retido no interior do aterro. Assim, é conveniente que o volume de água de chuva que entre no aterro seja o menor possível, para minimizar a quantidade de chorume gerado. Isso pode ser conseguido empregando-se material argiloso para efetuar a camada de cobertura provisória e executando-se uma camada de impermeabilização superior quando o aterro atinge sua cota máxima operacional. Também é conveniente que a área de implantação do aterro controlado tenha um lençol freático profundo, a mais de três metros do nível do terreno (MONTEIRO et al., 2001). Normalmente um aterro controlado é utilizado para cidades que coletem até 50t/dia de resíduos sólidos, sendo desaconselhável para cidades maiores (MONTEIRO et al., 2001). Os aterros controlados diferem-se dos lixões por serem constantemente recobertos com uma camada de terra; em geral, esse procedimento obedece a intervalos de tempo relativamente curtos. O solo não é impermeabilizado e nem sempre o aterro possui sistema de drenagem de líquidos percolados, tampouco a captação de gases formados pela decomposição da matéria orgânica (MUÑOZ, 2002). 34 Apesar de altamente impactante, este método, segundo o IPT/CEMPRE (2000), é preferível ao lixão, mas devido aos problemas ambientais que causa e aos seus custos de operação, é de qualidade bastante inferior ao aterro sanitário. 2.5.3 Aterro sanitário O aterro sanitário é uma forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo, dentro de critérios de engenharia e normas operacionais específicas, proporcionando o confinamento seguro dos resíduos (normalmente recobrimento com argila selecionada e compactada em níveis satisfatórios), evitando danos ou riscos à saúde pública e minimizando os impactos ambientais. Esses critérios de engenharia mencionados materializam-se no projeto de sistemas de drenagem periférica e superficial para afastamento de águas de chuva, de drenagem de fundo para a coleta de lixiviado, de sistema de tratamento de lixiviado drenado, de drenagem e queima dos gases gerados durante o processo de bioestabilização da matéria orgânica. 2.5.3.1 Tipos de aterros sanitários Aterros sanitários convencionais: são utilizados basicamente para disposição de resíduos classes II e III, sem controle efetivo sobre formas diferenciadas de descarga e compactação, podendo ocorrer alguma forma de compactação prévia de materiais recicláveis, como papel, papelão, vidros, plásticos e metais (IWAI, 2005). Aterros projetados para máximo aproveitamento de biogás: é uma situação inexistente no Brasil, porém bastante comum em alguns países europeus. Nesses casos, são necessários projetos especiais. Como exemplo, a elevação da 35 altura ou profundidade das camadas de resíduos, células individuais (aterros celulares) em que os resíduos são dispostos sem camadas intermediárias de cobertura (TCHOBANOGLOUS et al., 1993). Aterros sanitários como unidade em um sistema integrado de tratamento: corresponde propriamente a diferenciações no método de operação, separando-se o conteúdo orgânico para ser disposto no mesmo.O processo de biodegradação pode ser acelerado pelo aumento da umidade, seja por meio da recirculação do chorume ou por adição de lodos de sistemas de tratamento de esgotos ou estrume de animais (preferencialmente ruminantes). O material degradado pode ser posteriormente removido e empregado como material de cobertura e as células escavadas podem ser novamente ocupadas (TCHOBANOGLOUS et al., 1993). 2.5.4 Métodos de disposição de resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários 2.5.4.1 Método da trincheira É aplicado quando o local do aterro for plano ou levemente inclinado, e quando a produção diária de lixo, preferencialmente, não ultrapassar 10 t. Normalmente, o espalhamento dos resíduos é realizado manualmente, sem compactação, com a utilização de equipamentos manuais, inclusive sem a entrada dos operadores na parte interna da trincheira propriamente dita. O material proveniente da escavação é utilizado no recobrimento dos resíduos, o que é feito, preferencialmente, a cada dia, com tolerância para freqüências menores somente em circunstâncias especiais (BIDONE e POVINELLI, 1999). 36 Preenchida a trincheira, com a parte superior devidamente nivelada, a sobra da escavação é transportada para um bota-fora ou utilizada na melhoria das vias de acesso ao parque do aterro, passando-se à escavação da trincheira seguinte contígua à anterior. É interessante depositar o material escavado sobre a trincheira aterrada, pois acelera os recalques e compacta a massa de lixo (FIGURA 1). Para Lima (2004), este método fundamenta-se na abertura de trincheiras no solo, onde o lixo é disposto no fundo, compactado e posteriormente recoberto com terra. FIGURA 1 – Método da trincheira Fonte: LIMA (2004) 2.5.4.2 Método da escavação progressiva ou método da meia encosta Para Bidone e Povinelli (1999), esse método é utilizado em áreas secas e de encostas, normalmente aproveitando-se o material escavado do próprio local na cobertura do lixo. O aterro é executado depositando-se um certo volume de lixo no solo o qual é compactado por um trator de esteira em várias camadas, até 3 ou 4 m de altura. Em seguida, o trator escora, na parte oposta da operação, o material para a cobertura do lixo compactado, formando as células sanitárias. 37 Após a conclusão do aterro, com o “selamento” superficial e a reconstituição da morfologia do local, a área pode ser utilizada em atividades menos restritivas do ponto de vista ambiental. O método da escavação progressiva segundo Lima (2004), é empregado em áreas planas onde o solo natural oferece boas condições para ser escavado e utilizado como material de cobertura. Inicialmente a rampa é escavada no próprio solo onde o lixo é disposto e compactado pelo trator. Este deve operar no sentido ascendente, formando, assim, a célula. No final do dia o material recortado é utilizado para fazer o recobrimento da célula (FIGURA 2). FIGURA 2 – Método da escavação progressiva FONTE: LIMA (2004) 2.5.4.3 Método da área ou aterro tipo superficial Segundo Bidone e Povinelli (1999), a técnica de execução de aterro em área é utilizada quando a topografia local permite o recebimento/confinamento dos resíduos sólidos, sem a alteração de sua configuração natural (FIGURA 3). Nessas áreas, os resíduos são descarregados e compactados, formando uma elevação tronco-piramidada, que recebe o recobrimento com solo ao final da 38 operação de um dia. A primeira elevação constitui o paramento necessário para o prosseguimento da célula, em qualquer sentido. Em virtude da falta de locais disponíveis, muitas vezes tornou-se necessário, principalmente nas grandes metrópoles, o aproveitamento de áreas baixas e úmidas, como pântanos, alagados e mangues, para a construção de aterros sanitários. Para Lima (2004), o método da área é comumente empregado em locais onde a topografia se apresenta de forma irregular e o lençol freático está no limite máximo. A formação da célula do aterro por este método exige o transporte e a aquisição de terra para cobertura. Em alguns casos se faz necessária a construção de diques de obtenção ou valas de retenção de água pluviais. FIGURA 3 – Método da área FONTE: LIMA (2004) 2.6 CHORUME Segundo Ehrig (1992), o lixiviado, percolado ou chorume pode ser caracterizado como a parte líquida da massa de resíduos, que percola através desta, carreando materiais dissolvidos ou suspensos, que constituirão cargas poluidoras ao meio ambiente. Na maioria dos aterros sanitários, o chorume é composto pelo líquido que entra na massa de resíduos, proveniente de fontes externas, tais como: sistema de drenagem superficial, chuvas, lençóis freáticos, 39 nascentes e além daqueles resultantes da decomposição dos resíduos sólidos. A sua formação se dá pela digestão da matéria orgânica, por ação de enzimas produzidas por bactérias. A função dessas enzimas é solubilizar a matéria orgânica para que a mesma possa ser assimilada pelas células bacterianas. Segundo D’Almeida e Vilhena (2000), o chorume é o líquido escuro, turvo e malcheiroso proveniente do armazenamento e tratamento do lixo, mas não é raro se deparar com outras denominações, como: sumeiro, chumeiro, lixiviado, percolado, entre outras. A geração do chorume e seu escoamento, sem que receba o tratamento e disposição adequados, são sem dúvida nenhuma, um dos problemas ambientais e de saúde pública mais relevantes associados ao lixo. Fadini e Fadini (2001) e Silva (2002) descrevem o chorume como sendo um líquido escuro de odor fétido que escoa de locais de disposição final de lixo. É o resultado da umidade presente nos resíduos, da água gerada durante a decomposição dos mesmos e também das chuvas que percolam através da massa do material descartado. É um líquido com alto teor de matéria orgânica e que pode apresentar metais pesados provenientes da decomposição de embalagens metálicas e pilhas. Já para Domingues (2005)2 apud Rocha (2006), o chorume é um líquido de cor escura, odor desagradável e elevado poder de poluição; é uma substância resultante da decomposição natural dos resíduos orgânicos. Em áreas onde ocorre a disposição dos resíduos sólidos, caso não seja drenado e devidamente tratado, este líquido pode penetrar no subsolo e contaminar águas superficiais com metais pesados e diversas outras substâncias nocivas à saúde pública e ao meio ambiente. 2 DOMINGUES, M. M. O., O aporte da comunidade escolar à coleta diferenciada de resíduos sólidos domiciliares. Dissertação de Mestrado – UFU. Uberlândia, 2005. 40 Diversos fatores contribuem para a quantidade e a qualidade do percolado gerado em áreas de disposição de resíduos. A pluviometria é um fator fundamental na análise da quantidade de percolado a ser produzido. 2.6.1 Composição Segundo Tchobanoglous (1993), quando a água percola por meio da massa de lixo aterrada de resíduos, que está em decomposição, material biológico e componentes químicos são carregados para a solução. A composição química do chorume, segundo o autor, varia muito, dependendo da idade do aterro e dos eventos que ocorreram antes da amostragem. Para Christensen et al. (2001)3 apud Pacheco (2004), não é possível estabelecer uma composição fixa para o chorume, e dividem os compostos presentes no chorume em quatro grandes categorias: ● Matéria Orgânica Dissolvida (MOD): corresponde a macromoléculas como ácido húmicos e fúlvicos, lignina e ácidos graxos. Na fase ácida de decomposição quase a totalidade desses compostos têm massa molecular menor que 500 daltons, enquanto na fase metanogênica esse número sobe para 1000 daltons. A presença de substância húmicas e fúlvicas no chorume em grandes quantidades faz com que este apresente características bem definidas. ● Compostos Orgânicos Xenobióticos: (COX): constituem-se de hidrocarbonetos aromáticos, compostos halogenados, compostos fenólicos, álcoois, aldeídos, cetonas e ácidos carboxílicos, além de outras substâncias caracteristicamente tóxicas, presentes em concentrações muito menores que os compostos húmicos e 3 CHRISTENSEN, T.; KJELDSEN, P.; BJERG, P. L.; JENSEN, D. L.; CHRISTENSEN, J. B.; BAUN, A.; ALBRECHTSEN, H.; HERON, G. Biogeochemistry of landfill leachate plumes. Applied Geochemistry. V. 16, 2001. 41 fúlvicos, porém com toxicidade muitas vezes maior que os outros componentes presentes no chorume. ● Macrocomponentes Inorgânicos: caracterizam-se por apresentar substâncias inorgânicas essenciais em grandes quantidades, como sódio, potássio, cálcio, magnésio, ferro, cloretos, sulfato e amônio. A elevada concentração desses compostos está associada à sua alta solubilidade em água, variando consideravelmente sua concentração ao longo das várias fases de decomposição do chorume. ● Metais Pesados: estes compostos em geral estão presentes em pequenas concentrações, as quais ainda diminuem ao longo dos anos. O sulfeto formado na fase metanogênica pode reagir com grande quantidade desses metais. Uma pequena parcela presente no chorume está na forma complexada e outro fator importante é a presença de colóides. Metais pesados tem alta afinidade com colóides e por isso são adsorvidos na matéria orgânica dissolvida presentes no chorume. Pouco se conhece acerca da qualidade do chorume proveniente dos aterros sanitários existentes no Brasil segundo Cintra et al. (2005). A composição físicoquímica dos percolados, mostrados na Tabela 3, dependem da idade do aterro por que os processos de degradação dos resíduos estão condicionados à existência de oxigênio. O desenvolvimento dos processos de degradação pode ser retratado pelo quociente entre DBO5/DQO encontrado no chorume. O impacto produzido pelo chorume sobre o meio ambiente está diretamente relacionado com sua fase de decomposição. O chorume de aterros novos, quando recebe quantidades significativas de águas pluviais, apresenta pH ácido, alta demanda bioquímica de oxigênio (DBO), alta demanda química de oxigênio (DQO), 42 entre diversos compostos potencialmente tóxicos. Com o passar dos anos, há uma redução significativa da biodegradabilidade devido à conversão em gás metano e CO2 de parte dos componentes biodegradáveis (SERAFIM et al., 2003). A tabela 3 apresenta a composição do chorume em aterros com diferentes idades: A composição química do chorume varia muito dependendo da idade do aterro e dos eventos que ocorreram antes da amostragem. Se o chorume é coletado durante a fase ácida, o pH será baixo, porém, parâmetros como DBO5, DQO e metais pesados deverão ser elevados. Contudo, durante a fase metanogênica o pH varia entre 6,6 e 7,5 e os valores de DBO5, DQO e metais pesados deverão ser significativamente menores. TABELA 3 – Composição do chorume em aterros com diferentes idades. IDADE DO ATERRO PARÂMETROS DBO (mg/L) DQO (mg/L) pH FÓSFORO TOTAL (mg/L) ALCALINIDADE (CaCO3) DUREZA (CaCO3) NITRATO (mg/L) CÁLCIO (mg/L) CLORO (mg/L) SÓDIO (mg/L) POTÁSSIO (mg/L) SULFATO (mg/L) MANGANÊS (mg/L) MAGNÉSIO (mg/L) FERRO (mg/L) ZINCO (mg/L) COBRE (mg/L) CÁDMIO (mg/L) CHUMBO (mg/L) Fonte: IPT – CEMPRE 2002. 1 ANO 7.500 – 28.000 10.000 – 40.000 5,2 – 6,4 25 – 35 800 – 4.000 3.500 – 5.000 0,2 – 0,8 900 – 1.700 600 – 800 450 – 500 295 – 310 400 – 600 75 – 125 160 – 250 210 – 325 10 – 30 - 5 ANOS 4.000 8.000 6,3 12 5.810 2.200 0,5 308 1.330 810 610 2 0,06 450 6,3 0,4 < 0,5 < 0,05 0,5 16 ANOS 80 400 6,6 – 7,5 8 2.250 540 1,6 109 70 34 39 2 0,06 90 0,6 0,1 < 0,5 < 0,05 0,5 43 2.6.2 Geração Segundo Castilhos et al. (2003), os lixiviados são líquidos provenientes de três fontes principais: umidade natural dos resíduos sólidos, água de constituição dos diferentes materiais que sobram durante o processo de decomposição e líquido proveniente de materiais orgânicos. O conhecimento dos volumes de lixiviados gerados em aterros sanitários é essencial para a definição dos processos de implantação de sistemas de tratamento dos lixiviados e destinação, sistema de coleta e destinação dos lixiviados. Para Qasim (1994)4 apud Iwai (2005) o fluxo de água em um aterro sanitário leva consigo vários materiais dissolvidos e suspensos. Geralmente, quanto maior os fluxos de água por meio dos resíduos sólidos, mais contaminantes são carreados. Portanto é imprescindível o conhecimento dos parâmetros que podem ser empregados para quantificar a geração de chorume. Segundo Monteiro et al. (2001), esses parâmetros são: Precipitação Precipitação é entendida como toda água que provém do meio atmosférico e atinge a superfície terrestre. Diferentes formas de precipitação são neblina, chuva, granizo, orvalho, geada e neve, formas que se diferenciam em função do estado em que a água se encontra. A medição da precipitação geralmente é realizada com pluviômetros instalados na região estudada, ou se utiliza o dado de pluviometria fornecida pelas estações situadas nas proximidades dos aterros analisados. Evaporação O processo de evaporação é definido como a taxa de transferência para a atmosfera, da fase líquida para a fase de vapor, da água contida em um reservatório 4 QASIM, S. R., Sanitary Landfill Leachate – Generation, Control and Treatment. Technomic Pub. Co.,1994. 44 natural qualquer ou em um domínio definido na escala experimental. A evaporação da água para a atmosfera depende de vários fatores, tais como as condições climatológicas e de relevo, a umidade, a velocidade do vento, a disponibilidade de água e energia, a vegetação e as características do solo. Escoamento superficial O escoamento superficial representa a parte do ciclo hidrológico que estuda o deslocamento das águas de superfície da Terra. É a lâmina de água formada pelo excesso de água da chuva que não é infiltrado no solo e que se acumula inicialmente nas pequenas depressões do microrrelevo. O escoamento superficial sobre o solo saturado é formado por pequenos filetes de água que em razão da gravidade está escoando para os pontos mais baixos do solo. Se a água que escoa pela superfície encontra uma superfície de solo não saturado pode se infiltrar novamente. Vários fatores podem afetar o processo de escoamento superficial, e os principais seriam a declividade do terreno e as características de infiltração do solo. Infiltração O processo de infiltração é definido como o fenômeno de penetração da água nas camadas do solo, movendo-se impulsionada pela gravidade para as cotas mais baixas, por meio dos vazios, até atingir uma camada suporte, formando a água do solo. Como o solo é um meio poroso, toda a precipitação se infiltra até o solo chegar ao estado de saturação superficial. A produção do chorume em áreas de disposição final não aparece imediatamente após a disposição dos resíduos; sua manifestação é posterior a um determinado período do início da disposição das primeiras células. A decomposição 45 biológica do lixo é responsável pela produção de gases e pela produção e composição do chorume, que depende fundamentalmente da fase em que o processo de decomposição se encontra (IPT/CEMPRE, 2000). Conforme Ehrig (1992) e Lechner (1994), o volume de lixiviados produzido em aterros sanitários, controlados ou lixões depende dos seguintes fatores: • Precipitação na área do aterro: será a lâmina de água, precipitada nesta área, que determinará os volumes de lixiviados potenciais de contaminação; • Escoamento superficial: a operação ideal consistiria na condução através de drenagens para pontos mais baixos e para fora da área de resíduos; • Infiltração subterrânea: no caso de aterros sanitários tecnicamente bem concebidos, não deverá existir infiltração subterrânea; • Umidade natural da massa de resíduos: quanto maior a umidade, maior será o grau de geração de lixiviados; • Grau de compactação dos resíduos: resíduos que sofrem compactação periódica por trator de esteira em um aterro controlado por exemplo, liberam maior quantidade de percolado do que aqueles dispostos soltos nos aterros ou lixões; • Capacidade de retenção de umidade no solo: o solo que apresenta grande capacidade de reter umidade propicia a saturação da zona permeável com maior rapidez, por conseqüência, o escoamento na superfície do mesmo será em maior intensidade e infiltração nula, já que foi atingida a capacidade de campo. De maneira geral, segundo Carvalho (2001), a quantificação do percolado que alcança a base dos resíduos sólidos (Lv) é fundamentada no balanço hídrico e calculado a partir da seguinte equação: 46 Lv = P – R – AS – ET onde: Lv = Volume que passa pela base do aterro; P = Precipitação; R = Volume perdido pelo escoamento superficial; AS = Volume de água absorvido pelos resíduos; ET = Volume perdido por evapotranspiração. A Figura 4 apresenta um esquema generalizado da formação do líquido percolado: FIGURA 4 – Balanço hidrológico da formação do líquido percolado. Fonte: FARQUHAR (1988) Schalch (1984) 5 apud Oliveira (2001), estudando a produção e as características do chorume em processo de decomposição de resíduos sólidos urbanos, com experimentos em laboratório, verificou que a quantidade de chorume produzido por 12 kg de resíduos foi de 90 mL para cada 20 dias. 5 SCHALCH, V., Produção e características do chorume em processo de decomposição de lixo urbano. Dissertação de Mestrado em Hidráulica e Saneamento – USP. São Carlos, 1984. 47 2.7 POLÍTICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO ESTADO DO PARANÁ Desenvolvimento social, garantia de saúde e bem-estar das populações estão ligados diretamente ao saneamento ambiental. Sem uma política de gerenciamento integrado de resíduos sólidos, não será possível evitar a deterioração do meio ambiente, que já alcança níveis extremamente preocupantes. Grande parte do problema de degradação ambiental é ocasionada pelo tratamento inadequado dos resíduos sólidos nos centros urbanos, especialmente quanto à sua disposição (PARANÁ, 2003). Segundo estimativas do governo do Estado, com uma população de 9 563 458 habitantes (2005), sendo 7 786 084 habitantes na zona urbana, a geração de resíduos sólidos urbanos (incluindo os resíduos de construção civil) no Paraná é de aproximadamente 8 000 ton/dia. A política de resíduos sólidos no Estado do Paraná visa principalmente a “eliminação de 100% dos lixões no Estado e a redução de 30% dos resíduos gerados, por meio da convocação de toda a sociedade, objetivando: mudança de atitude, hábitos de consumo, combate ao desperdício, incentivo à reutilização, reaproveitamento dos materiais potencialmente recicláveis por meio da reciclagem” (PARANÁ, 2003). Para alcançar estas metas é imprescindível implementar as seguintes ações: ► Estimular o estabelecimento de parcerias entre o Poder Público, setor produtivo e a sociedade civil, por meio de iniciativas que promovam o desenvolvimento sustentável; ► Implementar a gestão diferenciada para resíduos domiciliares, comerciais, rurais, industriais, construção civil, de estabelecimento de saúde, podas e similares e especiais; 48 ► Estimular a destinação final adequada dos resíduos sólidos urbanos de forma compatível com a saúde pública e conservação do meio ambiente; ► Implementar programas de educação ambiental, em especial os relativos a padrões sustentáveis de consumo; ► Adotar soluções regionais no encaminhamento de alternativas ao acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos; ► Licenciar, fiscalizar, e monitorar a destinação adequada dos resíduos sólidos, de acordo com as competências legais; ► Preservar a qualidade dos recursos hídricos pelo controle efetivo e pelo levantamento periódico dos descartes de resíduos em áreas de preservação ambiental; ► Estimular a implantação de unidades de tratamento e destinação final de resíduos industriais; Entre as técnicas apresentadas para a destinação final dos resíduos sólidos, a tecnologia mais econômica e que vem de encontro à Legislação e a realidade da situação sócio-econômica dos municípios paranaenses é a forma de aterro sanitário, sendo esta, a técnica mais recomendada atualmente no país (PARANÁ, 2003). De acordo com os levantamentos realizados pelo governo do Estado, 211 municípios paranaenses já dispõem seus resíduos em aterros sanitários. A maioria deles já operando e outros em fase final de implantação. Desse total, 114 aterros sanitários foram implantados. Com a constituição de dois consórcios intermunicipais, esses aterros atendem atualmente 116 municípios (PARANÁ, 2003). 49 Os demais Municípios paranaenses buscaram fontes alternativas de recursos, visando solucionar o problema ambiental decorrente da disposição final inadequada de seus resíduos. Um dos principais desafios para o estado do Paraná será dar a destinação final adequada aos resíduos sólidos urbanos gerados em todos os 399 municípios, bem como, a recuperação dos passivos ambientais por meio de tecnologias adequadas. Entre as técnicas recomendadas pela Política de Resíduos Sólidos do Estado do Paraná (PARANÁ, 2003), está a implantação de aterros sanitários nos Municípios que ainda destinam inadequadamente seus resíduos sólidos urbanos, além da reciclagem e do reuso, buscando soluções isoladas ou regionalizadas entre os Municípios. Com a eliminação de todos os lixões existentes no Estado, um grande passo estará sendo dado em direção à preservação do meio ambiente, a melhoria da qualidade de vida e da saúde do povo paranaense, bem como propiciará a retirada de famílias que hoje vivem em lixões, em condições sub-humanas, dando-lhes oportunidades dignas de trabalho e de saúde, por meio da implementação de programas específicos de coleta seletiva e reciclagem (PARANÁ, 2003). Os projetos a serem desenvolvidos deverão se adequar à realidade de cada Município, considerando desde o tipo de solo e a população urbana, até os instrumentos técnicos e financeiros disponibilizados pelas administrações municipais. As obras a serem implantadas deverão ser projetadas e executadas de acordo com as normas vigentes e as tecnologias mais modernas do país 50 compatibilizadas com o sistema de tratamento de efluentes (chorume), o isolamento da área por meio de cerca e cortina arbórea, sistema de drenagem de águas pluviais e poços de monitoramento de lençol freático, entre outro. (PARANÁ, 2003). No entendimento do Governo do Estado, as seguintes ações devem ser implementadas para que Municípios que ainda dispõem seus resíduos sólidos urbanos em lixões a adequarem-se a Lei Estadual 12.493/99: ► Elaborar EIA-RIMA de acordo com o disposto na Resolução CONAMA 308/02 (Anexo I), entre outras; ► Elaborar projetos de aterros sanitários; ► Implementar obras de infra-estrutura dos aterros sanitários; ► Diminuir o volume de resíduos sólidos gerados. 2.8 CONTAMINAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS De toda a água disponível no planeta, 97,5% é salgada, espalhada por oceanos, mares, lagos salgados e aqüíferos salinos. Dos 2,5% de água doce, mais de dois terços estão indisponíveis ao ser humano, pois ficam contidos em geleiras, neves, gelos e subsolos congelados. Da água doce disponível para consumo humano, apenas uma proporção minúscula é encontrada na superfície terrestre, em rios, lagos, aqüíferos, no solo, no ar, entre outros (CLARKE e KING, 2005). A qualidade das águas superficiais está diretamente relacionada ao seu uso e às atividades antrópicas. A contaminação dos corpos d’água afeta diretamente a saúde pública e coloca em risco a vida de centenas de espécies de animais que 51 vivem nesses ambientes aquáticos ou que fazem uso dessa água para a sobrevivência (LIMA, 2004). As águas que correm na natureza contêm substâncias dissolvidas e em suspensão. O conceito de poluição da água é apresentado como uma mudança na qualidade da água que a torna menos apropriada para o uso do que originalmente era (HENNIGAN, 19736 apud ROCHA, 2005). A contaminação dos recursos hídricos é um dos principais problemas ambientais da atualidade; de modo semelhante, a maior parte das outras formas de contaminação ambiental tem origem no crescimento e no desenvolvimento urbano das últimas décadas. Segundo Hennigan (1973) apud ROCHA (2005), contaminação é o resultado de qualquer adição ao seu ciclo natural, que altere sua qualidade a grau tal que se restrinja ou impeça sua utilização. As principais fontes responsáveis pela degradação dos recursos hídricos, estão relacionadas com o crescimento demográfico, os impactos produzidos pelas indústrias devido à expansão econômica, o aumento das áreas agrícolas e o conseqüente impacto causado pelo uso excessivo de agrotóxicos e fertilizantes, a ocupação irregular do solo, a falta de tratamento sanitário do lixo, a falta ou a insuficiência de saneamento básico causando a poluição pelo esgoto in natura e resíduos sólidos oriundos das cidades e, finalmente, a visão imediatista das políticas públicas e a falta de conscientização do problema existente (LIMA, 2005). No entanto, tais causas podem ser minimizadas se a população se conscientizar sobre a importância da utilização adequada dos recursos hídricos e medidas sejam adotadas para a proteção dos mananciais. Porém, para que isso 6 HENNIGAN, R. D., Orígenes y control de la contaminacion ambiental. México: Compañia Editorial Continental, 1973. 52 ocorra são necessárias medidas como: estudar e adotar um gerenciamento adequado com a observância das peculiaridades regionais e de ocupação do solo, aproveitar racionalmente os recursos hídricos, incentivar o reuso e o reciclo da água, fomentar intercâmbios internacionais em vista da existência de bacias hidrográficas que se estendem por outros países, visar a parceria entre Municípios e Estados no gerenciamento dos recursos hídricos, entre outros (ROCHA, 2005). Com relação às águas subterrâneas, estas também estão ameaçadas de contaminação, pois as águas da chuva podem dissolver e transportar muitos elementos e compostos retidos nos solos para os corpos d’água subterrâneos. Deste modo, os depósitos de resíduos sólidos e de resíduos industriais perigosos e os agrotóxicos utilizados em larga escala na agricultura representam uma das principais formas de contaminação dos solos e, conseqüentemente, das águas superficiais e subterrâneas (LIMA, 2005). 2.8.1 Padrões de qualidade da água e limites para o lançamento de efluentes Devido principalmente à implantação progressiva de atividades econômicas e ao adensamento populacional de forma desordenada, a ação antrópica vem ocasionando diversos impactos sobre os recursos hídricos, provocando reflexos no ciclo hidrológico quanto na quantidade e na qualidade da água disponível para consumo humano. A poluição das águas tem como origens diversas fontes associadas ao tipo de uso e ocupação do solo, entre as quais destacam-se: ● efluentes domésticos; ● efluentes industriais; ● mineração; 53 ● acidental; ● entre outras O Conselho Nacional do Meio Ambiente por meio da Resolução CONAMA 357/2005, no seu artigo 1º, dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes nos corpos d’água, que as águas doces, salobras e salinas brasileiras são classificadas segundo a qualidade requerida para os seus usos preponderantes, em 13 classes de qualidade. A área pesquisada enquadra-se na classe III, ou seja, águas que podem ser destinadas ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado; à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; à pesca amadora; à recreação de contato secundário; e a dessedentação de animais. De acordo com a mesma Resolução, as águas doces de classe III obedecerão aos seguintes padrões e condições de potabilidade: I – Condições de qualidade de água: a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido. b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes; c) óleos e graxas: virtualmente ausentes; d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes; e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes; f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato secundário não deverá ser excedido um limite de 2500 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência 54 bimestral. Para dessedentação de animais criados confinados não deverá ser excedido o limite de 1000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 4000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com periodicidade bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; h) cianobactérias para dessedentação de animais: os valores de densidade de cianobactérias não deverão exceder 50.000 cel/mL, ou 5mm3/L; i) DBO 5 dias a 20°C até 10 mg/L O2; j) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/L O2; l) turbidez até 100 unidades nefelométricas de turbidez (UNT); m) cor verdadeira:até 75 mg Pt/L; e n) pH: 6,0 a 9,0. 2.8.2 Parâmetros de qualidade da água 2.8.2.1 Potencial Hidrogeniônico (pH) Por definição, pH é uma medida de concentração de íons hidrônio (H+) em uma solução, sendo expresso como co-logaritmo da atividade dos íons H+, dado em uma escala de 0 a 14. É importante parâmetro de acompanhamento do processo de decomposição dos resíduos sólidos urbanos, indicando a evolução da degradação microbiológica da matéria orgânica e a evolução global do processo de estabilização da massa de resíduos. O pH é um parâmetro que fornece dados relativos às condições ambientais de um dado corpo hídrico, uma vez que as características relativas à acidez, a neutralidade e a alcalinidade da água fornecem subsídios para a interpretação da qualidade ambiental dos recursos hídricos analisados. 55 2.8.2.2 Demanda Química de Oxigênio (DQO) A demanda química de oxigênio é um teste amplamente utilizado para avaliar a carga poluidora de efluentes domésticos e industriais, que é dada pela quantidade total de oxigênio necessária para a oxidação da matéria orgânica a dióxido de carbono e água. O método baseia-se no fato de que todos os compostos orgânicos, com poucas exceções, podem ser oxidados pela ação de agentes oxidantes fortes em condições ácidas. O parâmetro é útil para indicar a presença de substâncias orgânicas resistentes ao ataque biológico e a existência de condições tóxicas (MONTEIRO et al., 2001). 2.8.2.3 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) A determinação da Demanda Bioquímica de Oxigênio é um teste empírico no qual procedimentos padronizados de laboratório são usados para determinar a demanda relativa de oxigênio em efluentes, águas residuárias e águas poluídas. O teste mede o oxigênio necessário à degradação bioquímica de material orgânico e o oxigênio utilizado para oxidar material inorgânico (MONTEIRO et al., 2001). 2.8.2.4 Metais pesados A expressão metal pesado é comumente utilizada para designar metais classificados como poluentes, englobando um grupo muito heterogêneo de metais, semi-metais e mesmo não metais como o selênio. (CETESB, 2001) Porém, alguns destes metais pesados em pequenas proporções são essenciais à vida dos organismos como, por exemplo, ferro, cobre, manganês e níquel, mas, quando estes elementos apresentam-se em grandes concentrações, podem alcançar níveis tóxicos às plantas e aos organismos. 56 Os metais pesados são altamente reativos do ponto de vista químico, o que explica a dificuldade de encontrá-los em estado puro na natureza. Normalmente apresentam-se em concentrações muito pequenas, associados com outros elementos químicos, formando minerais em rochas (ALLOWAY, 1993). CADEIAS TRÓFICAS AR METAIS PESADOS VEGETAÇÃO SOLO VOLATILIZAÇÃO COM COMPOSTOS ORGÂNICOS E OUTRO ÂNIONS SUPERFÍCIES DE ARGILA E HUMUS ADSORÇÃO COMPLEXAÇAO PRECIPITAÇÃO TRANSFORMAÇÃO PARA OUTRO CONTAMINANTE FORMAÇÃO DE MINERAIS MOBILIZAÇÃO COPRECIPITAÇÃO COM OUTROS ELEMENTOS ÁGUAS DE DRENAGEM E RIOS FIGURA 5 – Dinâmica dos metais pesados no solo. Fonte: Garcia e Dorronsoro (2002). A concentração de metais pesados no meio ambiente, com sua disseminação no solo, na água e na atmosfera tem sido motivo de crescente preocupação no 57 mundo. Os metais pesados podem ser percolados por meio do chorume; o chorume mistura-se com a água da chuva infiltrando-se no solo e quando alcança o lençol freático pode contaminar a água subterrânea. A possível contaminação dos corpos d’água tem conseqüências que perduram por tempo indeterminado e são de difícil controle. Os metais que são incorporados no solo podem seguir diferentes vias de fixação, liberação ou transporte, segundo a representação da figura 6. Os metais podem ficar retidos no solo, seja dissolvidos em solução ou fixados por processos de adsorção, complexação e precipitação. Também, podem ser absorvidos pelas plantas e, assim, serem incorporados às cadeias tróficas, ou também podem passar para a atmosfera por volatização ou mover-se para águas superficiais ou subterrâneas (MUÑOZ, 2002). As principais características de alguns metais, citadas por Damasceno (1996), são: Cádmio (Cd): com densidade 8,6 g/cm3; é utilizado em indústrias de galvanoplastia, na fabricação de baterias, em tubos de televisão, lâmpadas fluorescentes, utilizado, também, como pigmento e estabilizador de plásticos polivinílicos. As águas não poluídas contêm menos do que 1mg/L de Cd, e no caso de contaminação das águas superficiais, esta se dá por descarga de resíduos industriais e lixiviação de aterro sanitário, ou de solos que recebem lodo de esgoto. As principais vias de exposição ao Cd são os alimentos, a água para o consumo humano, ar, cigarros e exposição industrial. Os efeitos de intoxicação aguda por Cd são muitos sérios, entre eles: hipertensão, problemas nos rins, destruição dos tecidos dos testículos e destruição dos glóbulos vermelhos do sangue. Acredita-se que grande parte da ação fisiológica do Cd é devida a sua similaridade ao Zn; o Cd 58 pode substituir o Zn em algumas enzimas, causando alterações e impedindo a atividade catalítica de tais enzimas. Chumbo (Pb): com densidade de 11,34 g/cm3; é utilizado na fabricação de baterias, sendo usado, também, na gasolina, em pigmentos, munição e soldas. O teor de Pb em rios e lagos encontra-se na faixa de 1 a 10mg/L, porém valores maiores tem sido registrado onde a contaminação tem ocorrido como resultado de atividades industriais. As principais vias de exposição ao Pb são água para consumo humano, alimentos, ar, cigarros. A toxidade aguda causada pelo Pb provoca várias disfunções nos rins, no sistema reprodutivo, fígado, no cérebro e sistema nervoso central. A vítima pode ter dores de cabeça e dores musculares, sentindo-se facilmente cansada e irritada e a toxicidade moderada pode causar anemia. Cromo (Cr): com densidade de 7,19 g/cm3; é usado na fabricação de ligas metálicas empregadas na indústrias de transporte, construções e fabricação de maquinários, na fabricação de tijolos refratários; utilizado, também, na industria têxtil, fotográfica e de vidros. Os níveis de Cr na água, geralmente, são baixos (9,7mg/L), embora níveis maiores já tenham sido relatados como conseqüência do lançamento nos rios de resíduos contendo este metal. O Cr é um elemento essencial ao ser humano, que se mostra necessário para o metabolismo da glicose, lipídeos e para a utilização de aminoácidos em vários sistemas; parece ser necessário, também, para a prevenção de diabete e arteriosclerose. As principais vias de exposição ao Cr são água para consumo humano, alimentos, ar, cigarros. A forma hexavalente do Cr é reconhecida como carcinogênica, causando câncer no trato digestivo e nos pulmões, podendo causar, também, dermatites e úlceras na pele e nas narinas. A níveis de 10 mg/kg de peso corporal o Cr6+ pode causar necroses no fígado, nefrites e morte, e a níveis inferiores podem ocorrer irritações na mucosa gastrointestinal. 59 Cobre (Cu) – tem densidade de 8,96 g/cm3 e é essencial aos animais e vegetais. A ingestão em demasia pode acarretar irritação e corrosão da mucosa, problemas hepáticos, renais e irritação do sistema nervoso. Níquel (Ni): com densidade de 8,90 g/cm3; é utilizado na produção de ligas, na indústria de galvanoplastia, na fabricação de baterias juntamente com o Cd (baterias Ni-Cd), em componentes eletrônicos, produtos de petróleo, pigmentos e como catalisadores para hidrogenação de gorduras. Problemas significantes de contaminação de águas com Ni estão associados com a descarga de efluentes industriais contendo altos níveis desse metal. Normalmente os níveis de Ni nas águas superficiais variam entre 5 a 20mg/L. As principais vias de exposição ao Ni são água para consumo humano, alimentos, ar, exposição industrial, cigarros. O Ni, relativamente, não é tóxico e as concentrações a que, normalmente, o homem encontra-se exposto são aceitáveis. As concentrações tóxicas de Ni podem causar muitos efeitos, entre eles, o aumento da interação competitiva com cinco elementos essenciais (Ca, Co, Cu, Fe, e Zn) provocando efeitos mutagênicos pela ligação do Ni aos ácidos nucléicos, indução de câncer nasal, pulmonar e na laringe e indução ao aparecimento de tumores malignos nos rins e também apresentar efeitos teratogênicos. Zinco (Zn): com densidade de 7,14 g/cm3; é empregado na galvanização de produtos de ferro; utilizado em baterias, fertilizantes, lâmpadas, televisores e aros de rodas; componentes de Zn, são usados em pinturas, plásticos, borrachas, em alguns cosméticos e produtos farmacêuticos. O Zn é um elemento essencial, com uma média diária necessária de 10 a 20 mg; tem uma função na síntese e metabolismo de proteínas e ácidos nucléicos e na divisão mitótica das células. Este material tende a ser menos tóxico que os outros metais pesados, porém, os sintomas de 60 toxidade por Zn são vômitos, desidratação, dores de estômago, náuseas, desmaios e descoordenação dos músculos. O Zn mostra uma relação fortemente positiva sobre o Cd, a hipertensão induzida pelo Cd pode ser reduzida pelo Zn. Problemas ambientais envolvendo os recursos hídricos subterrâneas estão muito associados às emissões e/ou manuseio de metais pesados, substâncias como hidrocarbonetos e solventes orgânicossintéticos (principalmente clorados), do que propriamente às excessivas cargas orgânicas degradáveis (elevada DQO), responsáveis, em geral, por maiores riscos às águas subterrâneas. 2.8.2.5 Sólidos A concentração total dos minerais dissolvidos na água serve como índice geral da utilização da água para diversos usos. A concentração de sais nas águas varia em função de fatores tais como a concentração inicial nas águas que percola do solo o que, por sua vez, varia com a quantidade da água da chuva, temperatura, evaporação, entre outros. A água com demasiado teor de minerais dissolvidos não é conveniente para certos usos. Contendo menos de 500 mg/L de sólidos dissolvidos é, em geral, satisfatória para usos domésticos e para fins industriais (CARVALHO, 2001). 2.8.2.6 Condutividade A condutividade de uma amostra é a medida de sua capacidade de conduzir corrente elétrica sendo dependente do número e do tipo de espécies iônicas nela dispersas. De fato, a concentração total, a mobilidade, a valência das espécies e a temperatura da solução tem grande importância na determinação da condutividade de uma amostra líquida (SILVA e OLIVEIRA, 2001). 61 2.8.2.7 Coliformes totais e termotolerantes Os coliformes totais são bactérias presentes no intestino do homem e de animais de sangue quente, entretanto, podem também estar associados à vegetação e ao solo. Algumas espécies podem se multiplicar no solo ou na água. Os coliformes termotolerantes, constituindo subgrupo das bactérias coliformes, são comumente utilizados como indicador de contaminação fecal, dada sua ocorrência restrita em fezes humanas e outros animais de sangue quente. A detecção dessas bactérias indica o risco da presença de organismos patogênicos (CARVALHO, 2001). A utilização do método de determinação de coliformes como indicador de poluição fecal em água, deve-se ao fato de o número de coliformes presentes na água apresentar, com o passar do tempo, decréscimo praticamente igual ao decréscimo do número de bactérias intestinais patogênicas. O coeficiente de mortalidade é, então, praticamente igual para a E. coli quanto para as bactérias patogênicas. Outros membros do grupo coliforme, como o A. aerogenes, têm uma resistência um pouco maior, a taxa de mortalidade é, então, um pouco menor. De forma geral, a taxa de mortalidade de coliformes é semelhante a taxa de mortalidade das bactérias patogênicas (BATALHA, 1998 7 apud SILVA, 2007). 2.8.3 Matéria orgânica do solo A matéria orgânica do solo (MOS) é definida exclusivamente como resíduos de plantas e animais decompostos. Porém, a maioria dos métodos analíticos de determinação da MOS não destingue entre resíduos de plantas e animais 7 BATALHA, B., Controle de qualidade de água para consumo humano: bases conceituais e operacionais. São Paulo: CETESB, 1998. 62 decompostos ou não decompostos, que passem através da peneira de 2mm (DOORAN e JONES, 1996). Magdoff (1992) definiu MOS em sentido amplo, como organismos vivos, resíduos de plantas e animais pouco ou bem decompostos, que variam consideravelmente em estabilidade, susceptibilidade ou estágio de alteração. 2.9 ESTUDO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS Define-se impacto ambiental, segundo a Resolução nº 357/05 do CONAMA, como a alteração das propriedades físico-químicas e biológicas do meio ambiente, alteração esta provocada direta ou indiretamente por atividades humanas, as quais afetam saúde, segurança, bem-estar da população, atividades sócio-econômicas, biota, condições estéticas e sanitárias do meio e qualidade dos recursos. Por ser cada vez mais abundante, diversificado e, por apresentar potencial valor agregado, a disposição dos resíduos sólidos urbanos torna-se um problema altamente complexo, principalmente quando a sua disposição final não é adequada (GAIESKI, 1989). Os resíduos sólidos podem conter substâncias químicas com características tóxicas, dentre elas os metais pesados presentes em diversos materiais provenientes de indústrias, funilarias, atividades agrícolas, laboratórios, hospitais e residências. A contaminação por metais pesados apresenta um amplo espectro de toxicidade que inclui efeitos neurotóxicos, hepatotóxicos, nefrotóxicos, teratogênicos, carcinogênicos ou mutagênicos (BIDONE e POVINELLI, 1999). Segundo Munn (1979)8 apud Lopes et al. (2003), a avaliação dos impactos ambientais é uma atividade desenvolvida para identificar e predizer o impacto de dispositivos legais, políticas, programas, projetos e procedimentos operacionais sobre o meio biogeográfico, a saúde humana e o bem estar do cidadão. No caso dos 8 MUNN, R. E. Environmental Impact Assessment. Principles and Procedures. John Willey e Sons, 1979. 63 aterros, vários dos impactos podem ser minimizados desde a concepção do projeto até a seleção de áreas para sua implantação. Os critérios utilizados pela comunidade técnica e ambiental, para o processo de seleção da área, visam proporcionar condições de minimizar o espalhamento da contaminação. Um solo pode ser considerado “limpo” quando a concentração de um elemento ou substância de interesse ambiental é menor ou igual ao valor de ocorrência natural. Esta concentração é denominada como valor de referência de qualidade. Entretanto, a área será considerada contaminada se, entre outras situações, as concentrações de elementos ou substâncias de interesse ambiental estiverem acima de um dado limite denominado valor de intervenção, indicando a existência de um risco potencial de efeito deletério sobre a saúde humana. Havendo necessidade de uma ação imediata na área, deve ser executada uma investigação detalhada e adotadas medidas emergenciais, visando a minimização das vias de exposição como a restrição do acesso de pessoas à área e suspensão do consumo de água subterrânea (CETESB, 2001). Contaminante é todo elemento estranho, não natural ao meio e que podem causar danos à saúde humana e/ou ao meio ambiente (SCHNOOR, 1996 9 apud NAGALLI, 2005). 9 SCHNOOR, J. Environmental Modeling. Wiley Intersciense, 1996. Muñoz (2002) Silva (2002) Tartari (2003) Brito (2005) Nagalli (2005) Campos (2002) Sisinno e Moreira (1996) Paschoalato (2000) Carvalho (2000) AUTOR Silva (2002) Tartari (2003) Brito (2005) Gomes (2005) Iwai (2005) Nagalli (2005) Campos (2002) Sisinno e Moreira (1996) Paschoalato (2000) Cintra (2001) AUTOR 0,002 0,013-0,733 0,01 78,4 0,01 Cd 6,76-9,7 7,23 - 8,06 7,6 - 7,8 8,16-8,25 8 6,5 – 7,9 pH 0,1-0,2 0,1 0,004-0,251 Cr 2.800 33 – 940 1.050-18.320 287 (mg/L) DBO 0,02-0,03 0,01 0,03 0,014-0,596 14,3 0,03 0,25 0,02 - 0,05 0,11 - 0,19 0,1 0,03 – 2,68 Ni DQO 0,05 0,2-0,4 0,213-1,275 0,25 0,03 - 0,08 0,17-0,34 0,05 0,2 0,001-5,9 48,2 0,06 Zn 99 - 1.601 3.455-3.470 39,1 - 413,3 1.748 - 3.212 2.883 2100 - 22200 5.200 91 – 5200 3.940- 29.920 933 0,043-0,605 0,1 Pb 150 8,2 - 59,30 701,6 - 947,0 1.088 7612 - 20088 400 - 3.560 48-931 4.611 SÓLIDOS METAIS PESADOS (mg/L) Cu 11.610 4840 - 12260 0,14-6,64 9,13 µS/cm CONDUTIVIDADE PARÂMETROS TABELA 4 – Resultados obtidos para os parâmetros analisados por diferentes pesquisadores. 64 65 Sisinno e Moreira (1996) avaliaram as concentrações de Cd, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb e Zn no líquido percolado (chorume) e em compartimentos ambientais (águas superficiais e subterrâneas, solos e sedimentos) da área do aterro controlado do Morro do Céu (Niterói – RJ). A qualidade dos corpos d’água localizados nas proximidades desse aterro foi também avaliada com base na análise de outros parâmetros físico-químicos e microbiológicos complementares (pH, DBO, DQO e coliformes.). Os resultados encontrados mostram que as maiores concentrações dos metais são observadas no solo do sítio limítrofe ao aterro e no sedimento da vala do aterro, indicando tendência à retenção destes elementos nesses locais. Da mesma forma, a qualidade das águas superficiais e subterrâneas é ruim, destacando-se a presença de coliformes nas amostras analisadas, além da evidência – nas águas superficiais – de grande carga de compostos orgânicos expressos pelos valores de DQO (5.200 mg/L) e DBO (2.800 mg/L), e das concentrações de Fe (6,4 mg/L),Mn (2,4 mg/L), Ni (0,12 mg/L) e Zn (0,23 mg/L) acima dos limites permissíveis pela legislação ambiental. Paschoalato (2000) analisou alguns parâmetros de líquidos percolados no Lixão de Serrana e no Aterro Controlado de Dumont, ambos em Ribeirão Preto. No Lixão de Serrana foram feitas 10 coletas e no Aterro de Dumont, uma coleta. O pH apresentou variação de 6,5 a 7,9 (Lixão de Serrana) e 7,91 (Aterro de Dumont), que indicam uma fase avançada de degradação da matéria orgânica. A DBO variou entre 33 e 940 mgO2/L para as duas áreas e a DQO entre 91 e 5.200 mgO2/L. Os metais pesados apresentaram as seguintes variações: ferro (4,291 a 125,3 mg/L), manganês (0,122 a 13,75 mg/L), zinco (0,001 a 5,970 mg/L) e níquel (0,030 a 2,681 mg/L). 66 Carvalho (2001) avaliou o transporte de contaminantes no lixão de Viçosa (MG) tendo por base a DBO, a DQO, sólidos totais, coliformes termotolerantes e metais pesados (Zn, Cd e Cu). Os resultados são, respectivamente: 48, 2 mg/L, 78, 4 mg/L, 14, 3 mg/L, 2,35 x 102, 4,28 x 10 NMP/100 mL e 0,002, 0,001, 0, 0,027 mg/L. Oliveira (2001) avaliou a qualidade da água subterrânea abaixo do depósito de resíduos sólidos municipais de Botucatu/SP, determinando alguns parâmetros indicadores de poluição ambiental. A metodologia empregada consistiu na determinação dos metais pesados (Cd, Pb, Cr, Ni e Zn), DQO e pH do líquido coletado em extrator de solução do solo e piezômetro, com amostragens de 45 em 45 dias. Os resultados obtidos na determinação dos parâmetros indicam poluição ambiental dos metais pesados (Cd, Pb, Cr, Ni e Zn). Contaminação do lençol freático por Cd e Pb, e da solução do solo por Cd, Pb e Cr. Apontam, também, para que sejam priorizados estudos que controlam os processos construtivos e operacionais de aterros sanitários eficientes e de baixo custo para comunidades de pequeno e médio porte. Estudos realizados por Cintra et. al. (2002), no aterro controlado de Bauru, mostraram que a qualidade do chorume obtido no poço coletor apresentou variações significativas ao longo das amostragens efetuadas durante o período de seis meses. Para as amostragens de chorume a DBO variou de 1.050 mg/L a 18.320 mg/L, e a DQO entre 3.940 mg/L e 29.920 mg/L. Portanto, houve uma variação expressiva da DBO, acima de 1000%, e da DQO, acima de 500%, o que pode estar correlacionado aos índices pluviométricos. Em 2002, Campo avaliou o chorume produzido no Aterro Sanitário de Piraí (RJ) utilizando os seguintes parâmetros: pH, DQO, DBO, alcalinidade, 67 condutividade, sólidos totais, coliformes totais e fecais e metais pesados (Cd, Cu e Zn). Os resultados foram: 8,0, 933 mg/L, 287 mg/L, 3.540 mg/CaCO3, 9,13 mS/cm, 4.611 mg/L, 24 x 104 NMP/100 mL, 9,0 x 104 NMP/100 mL, 0,01 mg/L, 0,03 mg/L e 0,06 mg/L, respectivamente. Os resultados obtidos evidenciam um chorume em avançado estado de degradação. Muñoz (2002) avaliou os níveis de metais pesados no solo do Aterro Sanitário e Incinerador de Ribeirão Preto. Para tal, utilizou os metais Cu, Pb, Cd, Zn e Cr. Os resultados foram: o Cd variou entre 0,013 e 0,733 mg/kg; o Pb entre 0,043 e 0,605 mg/kg; o Cr entre 0,004 e 0,251 mg/kg; o Zn entre 0,213 e 1,275 mg/kg e o Cu entre 0,014 e 0,596 mg/kg. Silva (2002) caracterizou o chorume do Aterro Sanitário Metropolitano de Gramacho, localizado em Duque de Caxias – RJ em maio e outubro de 2001. Os resultados foram os seguintes: na primeira coleta o pH foi de 8,16, a DBO 150 mg/L, a DQO 3.455 mg/L e os metais pesados (Cd, Pb, Ni, Zn e Cr) <0,01, <0,1, 0,1, 0,35 e 0,2 mg/L respectivamente. Na segunda coleta os valores foram: pH 8,25, DBO 150, DQO 3.470 e metais <0,01, <0,1, 0,25, 0,25 e 0,1 mg/L respectivamente para Cd, Pb, Ni, Zn e Cr. Os testes de avaliação da ecotoxicidade mostraram-se valiosos indicadores para inferir o impacto do lançamento do efluente bruto e tratado no corpo receptor, a Baía de Guanabara, cuja qualidade ambiental está bastante comprometida. Nos estudos feitos por Tartari (2003) para verificar os impactos ambientais em três pontos do riacho próximo ao Aterro Sanitário de Novo Hamburgo (RS), os parâmetros analisados foram DBO, DQO e metais pesados (Zn, Ni, Cu e Cr). Os valores variaram entre 8,2 e 59,3 mg/L para DBO, 39,1 e 413, 3 mg/L para DQO e 0,03 a 0,08 (Zn), 0,02 a 0,05 (Ni), 0,02 a 0,03 (Cu) e o Cr apresentou valor de 0,1 68 em todas as coletas. Para o líquido percolado foram avaliados a DBO, a DQO, os sólidos totais e os metais citados. Os resultados foram: 278,6 mg/L, 1.976, 4 mg/L, 2.335 mg/L e 0,78, 1,06, 0,7 e 0,8 mg/L. No Aterro Sanitário da Caximba, localizado no município de Curitiba (PR), o estudo feito por Brito (2005) analisou os parâmetros DQO, DBO, pH, metais pesados e coliformes nas águas do Rio Iguaçu. Foram feitas três coletas entre agosto e setembro de 2005. Os resultados foram confrontados com a Resolução CONAMA 357/05 e estão listados a seguir: o pH variou entre 7,6 e 7,8; a DBO entre 701,66 e 947,0; a DQO entre 1.748,40 e 3.212,0. Os metais analisados foram Cd, Pb, Cu, Ni e Zn. O valor encontrado para o Cd foi de 0,002, para o Pb 0,05 e para o cobre 0,01 nas três coletas; o Ni variou entre 0,11 e 0,19 e o Zn entre 0,17 e 0,34. Para coliformes totais a variação foi de 1,2 x 105 e 1,07 x 106; já os coliformes fecais variaram entre 6,0 x 104 e 4,3 x 105. Chegou a conclusão que o tratamento do chorume não é eficaz. Gomes (2005) realizou um estudo no Aterro Controlado da Caturrita em Santa Maria – RS para verificar a qualidade do chorume produzido e se os corpos d’água receptores apresentavam impactos ambientais. Para o chorume os valores foram de 1.088 mg/L para DBO, 2.883 mg/L para DQO, 11.610 µS/cm para condutividade. Para os corpos d’água, a DQO variou entre 1, 6 e 667 mg/L; a DBO entre 0,5 e 227 mg/L; a condutividade entre 23 e 2.970 µS/cm e concluiu que os corpos d’água estão impactados com o máximo permitido pela Portaria SSMA 05/89. Iwai (2005) analisou o percolado do Aterro Controlado de Bauru levando em consideração os parâmetros pH, DBO, DQO, sólidos totais, alcalinidade e condutividade. A variação dos resultados foi a seguinte: pH entre 7,23 e 8,06; DBO 69 400,0 e 3.560 mg/L; DQO entre 2.100 e 22.200 mg/L; sólidos totais 7.612 e 20.088 mg/L e condutividade entre 4.840 e 12.260 µS/cm – 20ºC. Nos estudos de Nagalli (2005), realizado nos aterros de Jacarezinho e Barra do Jacaré, para analisar os impactos ambientais causados pelo chorume nos corpos d’água, os resultados foram os seguintes: o pH variou entre 6,76 e 9,70; a DBO entre 48 e 931 mg/L, a DQO entre 99 e 1601, a condutividade entre 0,14 e 6,64 mS/cm. Os resultados dos metais foram: Cd: n.d, Cu: 0,03, Zn: 0,05 e Pb variou entre 0,2 e 0,4. O autor concluiu que, apesar de haver tratamento do líquido percolado, este não ocorre em níveis satisfatórios, pois não atendem os padrões legais de emissão de efluentes. Rocha (2006) fez um estudo sobre os impactos ambientais gerados pelos resíduos sólidos nas águas superficiais em Uberlândia em duas estações distintas: uma seca e outra chuvosa e concluiu que há impactos ambientais nas águas devido aos valores encontrados: a DQO variou entre 8,0 e 411 mg/L; a DBO variou entre 5,0 e 223 mg/L.. 70 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA O aterro controlado em estudo está localizado no município de Morretes, no estado do Paraná, próximo ao litoral, nas coordenadas geográficas 25º 28' 37'' S e 48º 50' 04'' W, distanciando 70 km de Curitiba, capital do Estado. A área do Município é de 687,54 km2, com uma população de 16. 857 habitantes (IBGE, 2006). Os Municípios que fazem limite com Morretes são: Campina Grande do Sul, Antonina, Quatro Barras, Piraquara, São José dos Pinhais, Guaratuba e Paranaguá. (FIGURA 6) MATO GROSSO DO SUL MORRETES PARAGUAI SÃO PAULO ARGENTINA OCEANO ATLÂNTICO SANTA CATARINA FIGURA 6 – Localização do Município de Morretes no Estado do Paraná. Fonte: IBGE Estima-se que a população de Morretes produza cerca de 10,2 toneladas de resíduos sólidos urbanos diariamente. Desse total, aproximadamente 6 toneladas são depositadas no Aterro Controlado de Morretes (ABRELPE, 2006). Segundo informações de comerciantes locais, ocorre um incremento de 70% no número de 71 turistas em alta temporada (verão), o que influencia a geração de resíduos sólidos e, conseqüentemente, o aumento da geração de chorume. De acordo com dados da Secretaria de Meio Ambiente de Morretes, existe um Plano de Gestão de Resíduos Sólidos composto da coleta de lixo normal e de coleta seletiva, programada e divulgada nas comunidades. O lixo hospitalar é coletado por veículos especiais e transportado para o município de Paranaguá, onde ocorre sua descontaminação e posteriormente destinado para um aterro Classe 2. O lixo normal é destinado ao Aterro Controlado e o de coleta seletiva é destinado à reciclagem. O aterro controlado está em operação desde 1994 e apresenta uma área de 2.148,36 m2. Está localizado no bairro de Sapitanduva, distante três quilômetros do centro urbano de Morretes. No local existe sistema de segurança de entrada com portões que são mantidos por profissionais da prefeitura, evitando-se dessa forma o livre acesso de pessoas. Entretanto não se observa à existência de sistemas de controle ou tratamento do chorume produzido, nenhum tipo de drenagem de gases (metano). Por ser um aterro controlado, não há sistema de impermeabilização de solos, o que representa grande risco de contaminação da água subterrânea. Da mesma forma, como acontece até em aterros sanitários, no local foi possível observar a presença de vetores que podem afetar a população residente nesse entorno. Detalhes do local podem ser observados nas FIGURAS 7A obtidas no local, e na FIGURA 7B, representando o plano altimétrico do aterro controlado de Morretes (área branca), situado em um fundo de vale, nas proximidades do Rio Sapitanduva, afluente do Rio Nhundiaquara. As cotas altimétricas representam a altitude em relação ao nível do mar 72 FIGURA 7A – Vista do Aterro Controlado de Morretes. Fonte: Leonardo Mendes. FIGURA 7B – Plano altimétrico do Município de Morretes destacando a área do aterro. Fonte: Prefeitura Municipal de Morretes. 73 3.1.1 GEOLOGIA Constitui-se de granitos intrusivos e rochas algonquianas como quartzitos, itabiritos, filitos e calcários, aflorando principalmente na parte norte. (MAACK, 1968) 3.1.2 GEOMORFOLOGIA Formando uma pequena planície constituída por depósitos sedimentares marinhos e terrígenos recentes, com uma espessura que pode chegar a 100 metros com predominância de areias e argilas. Sua largura varia de 10 a 20 quilômetros, tornando-se um pouco mais larga nas proximidades da Baía de Paranaguá. As altitudes deste trecho de relevo situam-se entre 0 e 10 metros e, nos pontos mais distantes do mar, chegam a ter 20 metros. 3.1.3 PEDOLOGIA Segundo Maack (1968), são encontrados os seguintes tipos de solos: Podzólico distrófico: solo mineral, não hidromórfico, com horizonte subsuperficial “B”, caracterizado por apresentar incremento de argila em relação ao horizonte superficial “A”. Pode ser considerado como solo bem desenvolvido. Com exceção de rochas efusivas, como basalto e diabásio, pode ser derivado de inúmeros materiais geológicos. Litólico distrófico: solo não hidromórfico raso, constituído por horizonte “A” e “rocha viva”, ou alterada ou sobre horizonte “C”. Ocorre geralmente em relevo forte ondulado e montanhoso e pode originar-se dos mais variados materiais. Por isso, suas características morfológicas, físicas e químicas são bem variadas. Pode ter 74 textura média e argilosa, com ou sem cascalhos, sendo que algumas vezes é pedregoso e rochoso. Cambissolo distrófico: compreende solo mineral, não hidromórfico, pouco desenvolvido. Situa-se em ambientes de encostas. Pode estar associado aos latossolos, podzólicos e solos litólicos. Devido a estas diferenças, pode ser subdividido em rasos, pouco profundos e profundos. Quanto à fertilidade, é bastante variável e depende do material de origem. 3.1.4 CLIMA Morretes está localizada em área de clima subtropical, onde predominam temperaturas amenas. Entre os fatores que interferem na característica climática do Município destacam-se a localização em relação ao Trópico de Capricórnio, e a altitude média. Na classificação de Köppen, Morretes apresenta clima do tipo Cfa, ou seja, Mesotérmico úmido (temperaturas médias inferiores a 25°C), com chuvas bem distribuídas ao longo do ano e verão quente. Janeiro é o mês mais quente, com temperatura média de 19,6°C e o mês mais frio é julho, com médias térmicas em torno de 10°C. No mês de fevereiro, período da primeira coleta, a temperatura máxima foi de 28 ºC e a mínima 20 ºC, com precipitação de 128 mm. Em abril, mês da segunda coleta, as temperaturas registradas foram de 26 ºC e 18 ºC respectivamente, com precipitação de 118 mm (SIMEPAR, 2007). 3.1.5 VEGETAÇÃO Caracterizada pela Floresta Ombrófila Densa Tipo de vegetação caracterizada por fanerófitos, cujas alturas médias variam de 20 a 30m, em 75 função das características locais, além de lianas lenhosas e epífitos em abundância que os diferenciam das outras classes de formações. Sua característica ecológica principal reside nos ambientes ombrófilos, que marcam a região. Assim sendo, a característica ombrotérmica da Floresta Ombrófila Densa está presa aos fatores climáticos tropicais de elevadas temperaturas (médias de 25ºC) e de alta precipitação bem distribuída durante o ano, 2000 a 3000 mm, o que determina uma situação bioecológica praticamente sem período biologicamente seco (0 a 60 dias secos). A ocorrência de geadas é eventual, portanto as árvores em geral não apresentam mecanismos de proteção contra seca e/ou frio, assim como é reduzido o número de espécies deciduais. 3.1.6 HIDROGRAFIA A área de estudo está localizada na Bacia Hidrográfica do Rio Nhundiaquara. Entre os seus afluentes, destaca-se o Rio Sapitanduva, localizado na área do Aterro Controlado de Morretes. 3.2 COLETA DAS AMOSTRAS E PARÂMETROS ADOTADOS A coleta das amostras foi realizada em dois períodos do ano de 2007, a primeira em 28 de fevereiro (verão) e a segunda em 20 de abril (outono), perfazendo um total de 10 amostras, sendo duas amostras de chorume e oito amostras de águas superficiais. Nas duas datas citadas houve um período longo de estiagem. Pretendeu-se, dessa forma, verificar se os possíveis indicadores de contaminação teriam concentrações diferenciadas devido ao maior número de turistas nos meses de verão e, assim, influenciar os resultados por meio de uma maior ou menor concentração dos parâmetros analisados. Foram coletadas amostras de chorume e 76 águas superficiais distribuídas em área anterior, próxima e após a extensão do aterro como mostram as figuras 8, 9, 10, 11, 12 e 13 a seguir: Ponto C Ponto D Ponto 5 Ponto 4 Ponto 3 Ponto 2 Ponto B Ponto 1 Ponto A FIGURA 8 – Identificação dos pontos de coleta das amostras de chorume, águas superficiais e solo. Fonte: Google Earth Os pontos de coleta possuem diferentes características, como pode ser observado na descrição a seguir: 77 Ponto 1: local de coleta de água em um córrego localizado à montante do Aterro Controlado de Morretes, apresentando altitude aproximada de 20 m. Apresenta coordenadas geográficas 25° 27’ 39’’ de latitude Sul e 48° 49’ 36’’ de longitude oeste. Este ponto é utilizado como referência para as análises dos corpos d’água. Não sofre interferência do aterro, mas a montante do ponto de coleta estão localizadas algumas residências (FIGURA 9). FIGURA 9 – Ponto 1 - Área de coleta de água em um córrego a montante do Aterro. Fonte: Marcio França. 78 Ponto 2: apresenta coordenadas geográficas 25° 27’ 37’’ de latitude Sul e 48° 49’ 37’’ de longitude oeste e está localizado em frente a área de coleta do chorume, em um pequeno canal a uma altitude entre 18 e 20 m aproximadamente. É o ponto mais próximo geograficamente e, portanto, considerado adequado para evidenciar possíveis alterações ocasionadas pelo chorume (FIGURA 10). FIGURA 10 – Ponto 2 - área de coleta de água em um córrego do Aterro. Fonte: Marcio França 79 Ponto 3: localizado nas coordenadas geográficas 25º 27’ 38’’ S e 48° 49’ 30’’ W, área onde foi coletado o chorume, escolhida por ser o único a apresentar um volume considerável de chorume que permitisse a coleta. Observou-se uma maior quantidade de líquido na 2ª coleta em relação à primeira (FIGURA 11). Figura 11 – Ponto 3 - Área mostrando as condições do ponto 3 (chorume) na segunda coleta. Fonte: Marcio França 80 Ponto 4: local de coleta de água corrente situado à jusante do Aterro Controlado de Morretes, apresenta coordenadas geográficas 25° 27’ 30’’ de latitude Sul e 48° 49’ 35’’ de longitude oeste e altitude aproximada de 17 metros. Observase claramente a ausência de vegetação na margem esquerda do córrego (FIGURA 12). Figura 12 – Ponto 4 – área de coleta de água em um córrego a jusante do aterro. Fonte: Marcio França 81 Ponto 5: local de coleta de água localizado em uma área de banhado, na parte lateral do Aterro Controlado de Morretes com uma altitude de 15 metros. Apresenta coordenadas geográficas 25° 27’ 32’’ de latitude Sul e 48° 49’ 30’’ de longitude oeste. Ao contrário do ponto 1, observou-se uma menor quantidade de líquido na segunda coleta em relação à primeira (FIGURA 13). Figura 13 – Ponto 5 – área de coleta de água em área de banhado. Fonte: Marcio França Os pontos A, B, C e D referem-se a amostras de solo que foram coletadas nas proximidades dos pontos citados anteriormente para a confecção de um trabalho da disciplina de poluição do solo. 82 3.3 – ACONDICIONAMENTO E TRANSPORTE DAS AMOSTRAS Foram coletadas amostras de chorume e de águas superficiais com volumes de 3 litros para cada ponto. Em locais onde a profundidade era pequena, a coleta foi feita com o auxílio de um Becker de 250 mL. Os frascos utilizados foram de vidro âmbar esterilizado, tomando o cuidado de utilizar um volume de água coletada de aproximadamente 4/5 da capacidade total do frasco, a fim de ser possível uma agitação correta. Para as análises de coliformes totais e termotolerantes as amostras foram coletadas em frascos adequados e imediatamente acondicionadas em caixas térmicas com gelo, sendo assim mantidas até a entrega para o Laboratório Frischmann Aisengart, que será denominado neste trabalho de Laboratório Externo. Neste Laboratório também foram realizadas as análises de DBO e DQO para todos os pontos e metais pesados para o chorume (ponto 1) na primeira coleta. Nos Laboratórios de Análises Químicas do Centro Universitário Positivo (UnicenP) foram feitas as análises físico-químicas, objetivando-se quantificar os seguintes parâmetros: pH, DBO, DQO, alcalinidade, sólidos totais e metais pesados (cromo, chumbo e níquel). Os parâmetros citados se baseiam na Resolução CONAMA 357/2005 e foram selecionados por apresentarem maiores possibilidades de se obter indicativos de contaminação dos corpos d’água, uma vez que na massa dos resíduos sólidos urbanos é comum a presença de diversos compostos orgânicos e inorgânicos que, em sua decomposição ou alteração do seu estado químico, fornece indicativos de contaminação. 83 3.4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS DO CHORUME E DOS CORPOS DÁGUA 3.4.1 Determinação do pH A determinação do pH foi feita in situ e de maneira eletrometricamente. O pH foi medido no pH-metro Quimis (Q-400H). Antes de sua utilização o aparelho foi calibrado no local com os tampões 4,0 e 7,0. 3.4.2 Determinação da DQO A determinação da DQO é utilizada para estimar a quantidade de matéria orgânica em efluentes e corpos d’água. As análises de DQO para todos os pontos de coletas foram feitas no Laboratório Externo, de acordo com APHA, 1998. Seguindo orientações, as amostras não foram acidificadas, pois foram encaminhadas para análise no mesmo dia. Na primeira coleta a DQO foi analisada na Central Analítica do UnicenP, após cinco dias, tendo as amostras coletadas permanecido sob refrigeração, sem no entanto, estarem acidificadas. A demanda de oxigênio consumido pelos materiais presentes no efluente e nos corpos d’água que estão sujeitos a oxidação, foi realizada por meio de um forte oxidante químico, neste caso, o dicromato de potássio. No procedimento foi realizada a digestão da amostra por 2 horas a 150 graus, utilizando-se frascos contendo as soluções dos reagentes da marca HACH. A leitura dos dados foi feita em um colorímetro DR/890 da marca HACH, cujos resultados são expressos diretamente em mg/L. Na segunda coleta a DQO foi analisada no Laboratório de Saneamento do UnicenP após três dias. Neste caso, as amostras foram acidificadas com ácido sulfúrico concentrado e, também, mantidas sob refrigeração. O princípio do método 84 foi o mesmo, no entanto foram obtidas curvas de calibração com padrões contendo ftalato de potássio em concentrações para fornecer uma DQO de 20 a 900 mg/L (corpos d’água) e 1.000 a 5.000 mg/L (chorume). As amostras foram tratadas de maneira semelhante ao método anterior, sendo os seus valores lidos em absorbância no aparelho espectrofotômetro V 1600 da marca Pró-Análise e, por meio da equação da reta da curva de calibração, obteve-se a DQO. As análises foram realizadas em duplicata no Laboratório da Central Analítica e em triplicata nos demais. 3.4.3 Determinação da DBO A determinação da DBO foi feita no Laboratório Externo segundo o método descrito pelo Standard Methods for Examination of Water and Wastwater (1998). 3.4.4 Determinação da condutividade elétrica O resultado da condutividade elétrica, expressos em mS/cm foi obtido diretamente no local de coleta das amostras utilizando-se um condutivímetro da marca Instrutherm CD 860, mergulhando-se o eletrodo na amostra a ser medida. 3.4.5 Determinação da alcalinidade e poder tamponante Utilizou-se o método da titulação potenciométrica, reagindo 100 mL da amostra com solução de ácido sulfúrico 0,02N até pH 4,0. O pH foi determinado após cada adição do ácido (intervalos de 0,05 mL). Os resultados obtidos foram 85 tratados de forma gráfica, sendo o volume de equivalência encontrado pelo método diferencial. Por esse procedimento foi possível obter a alcalinidade do chorume, expressa em MgCaCO3/L. Para a análise do chorume, a amostra foi diluída 10 vezes. 3.4.6 Determinação dos sólidos totais A determinação dos sólidos totais foi feita em duplicata utilizando-se para cada ponto 50 e 100 mL. Utilizou-se o método proposto por Silva e Oliveira (2001). 100 mL de amostra homogeneizada (VA) foram medidos e adicionadas a uma cápsula previamente tratada e pesada (A = peso da cápsula). Foi deixado em estufa a 100 ºC por 12 horas. Depois da evaporação, a cápsula com o resíduo foi resfriada em um dessecador e pesada (B = peso da cápsula com o resíduo após a secagem). Para o cálculo dos sólidos totais utilizou-se a fórmula 1000 (B – A) ST = VA 1000 onde: ST = sólidos totais (mg/L); VA = volume da amostra (mL); A = peso da cápsula (g); B = peso da cápsula com o resíduo após a secagem (g). 3.4.7 Determinação dos metais pesados nos corpos d’água No Laboratório Externo os metais pesados Cr, Ni, Zn, Cd e Pb foram avaliados somente para o chorume (ponto de coleta 3). A metodologia utilizada 86 para as análises seguiu a descrita pela Agência de Proteção Ambiental (EPA, 1994). Nesse método, a abertura das amostras é realizada com uma mistura dos ácidos fluorídrico, nítrico e clorídrico e a análise realizada por Espectrometria de Absorção Atômica (A.A). No Laboratório Central Analítica do UnicenP, os metais Cr, Pb e Ni foram avaliados no chorume e nos corpos d’água, para as duas coletas, pelo método da Espectrometria de Absorção Atômica (A.A.) com chama de ar acetileno utilizando-se um equipamento da marca Shimadzu AA 6800. Para tanto a abertura das amostras foi feita segundo o método descrito pela CETESB (2004). Depois de homogeneizadas, foram retiradas 100 mL de cada amostra e transferidas para um béquer de 250 mL. Foi adicionado 4 mL de HNO3 concentrado e evaporado em chapa de aquecimento até cerca de 10 mL. Deixou-se esfriar à temperatura ambiente e adicionou-se 2,5 mL de HCl concentrado. Cobriu-se com vidros de relógio por cerca de 30 minutos em refluxo, mantendo-se o volume com água deionizada. Após essa etapa, evaporou-se até cerca de 10 mL. As amostras digeridas foram transferidas para um balão volumétrico de 50 mL, aferindo-se o volume com água deionizada. Para cada ponto o procedimento foi repetido em duplicata. 3.4.8 Determinação dos coliformes totais e termotolerantes A determinação do Número Mais Provável (NMP) de coliformes em uma amostra é efetuada a partir de aplicação da técnica de tubos múltiplos. Consiste na inoculação de volumes decrescentes da amostra em meio de cultura adequado ao crescimento dos microrganismos pesquisados, sendo cada volume inoculado em 87 uma série de tubos. Por sucessivas diluições da amostra, são obtidos inóculos, cuja semeadura fornece resultados negativos em pelo menos um tubo da série em que os mesmos foram inoculados e a combinação de resultados positivos e negativos permite a obtenção de uma estimativa da densidade das bactérias pesquisadas, por meio da aplicação de cálculos de probabilidade. Para análises de águas, tem sido utilizado preferencialmente o fator 10 de diluição, sendo inoculados múltiplos e submúltiplos de 1 mL da amostra, usando séries de 5 tubos para cada volume a ser inoculado. As amostras diluídas para a contagem total de bactérias foram semeadas em caldo lactosado simples. Os tubos que apresentaram produção de gás foram considerados positivos e a cultura foi utilizada para a realização de testes confirmativos. Esta análise foi realizada em caldo lactosado-bile verde brilhante, a 2%, onde, também, verificou-se a produção de gás. O NMP de coliformes por cem mililitros foi determinado pela quantidade de tubos positivos, relacionados em tabelas disponibilizadas pela Associação Americana de Saúde Pública (APHA, 1992). Esta análise foi realizada no Laboratório Externo. 3.5 ANÁLISES DO SOLO 3.5.1 Determinação da matéria orgânica As amostras de solo foram obtidas de um trabalho em andamento desenvolvido por alunos e professores da disciplina de poluição de solos. Parte dos resultados desse trabalho, ou seja, o teor de metais pesados encontrados para o solo foi utilizado para complementar os dados e auxiliar na discussão dessa dissertação. Segundo informação dos autores, as amostras de solo foram coletadas 88 em profundidades de 0 a 20 cm, 20 a 40 cm, 40 a 70 cm e 70 a 100 cm no segundo semestre de 2006. As amostras de solo foram secas em estufa a 105 ºC, moídas em moinho e peneiradas em peneira com abertura da malha de 2 mm. Os cadinhos de cerâmica de 30 mL foram pesados e, posteriormente, foi adicionado 0,5g de solo de cada amostra. Foram levados a mufla e aquecidos por 4 horas a 750 °C. Posteriormente os cadinhos foram pesados e a diferença entre o peso inicial e o peso final corresponde ao teor de matéria orgânica do solo. (DAVIES, 1974 10 apud SILVA et al., 1999). 3.5.2 Determinação dos metais pesados no solo As análises de metais pesados foram realizadas em um projeto desenvolvido na disciplina de Poluição do Solo. Várias amostras de solo do aterro de Morretes e no entorno foram coletadas para esse projeto. Os pontos apresentados nesse trabalho estão especificados na figura 9, sendo escolhidos por representarem os pontos de solo mais próximos dos locais de coleta dos corpos dágua. No projeto, as análises foram realizadas no laboratório de A.A. da Central Analítica, sendo a metodologia analítica utilizada semelhante à descrita para os corpos dágua, sendo utilizado 1,0 g de solo para cada análise. 10 DAVIES, B. E., Loss-on-ignition as an Estimate of Soil Organic Matter. Soil Sci. Soc. Am. Proc., 1974. 89 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 ESTIMATIVA DE GERAÇÃO DO CHORUME A estimativa da geração do chorume foi feita comparando o Aterro Controlado de Morretes com o Aterro Sanitário da Caximba, localizado em Curitiba –PR. Ambos os locais apresentam características semelhantes quanto ao clima. Foram levados em consideração dois fatores: o tamanho da área e a quantidade de resíduos depositada no aterro. O Aterro Sanitário da Caximba possui uma área de 407.000 m2, no qual são depositados aproximadamente 2.400 t. de resíduos sólidos, gerando diariamente 800.000 L de chorume. O Aterro Controlado de Morretes apresenta uma área de 2.150 m2, resultando em uma produção de 4.226 L de chorume diariamente. Pelo método da quantidade de resíduos, chega-se a uma produção de 2.000 L de chorume diariamente no Aterro Controlado de Morretes, pois ele recebe aproximadamente 6 t. de resíduos diariamente. Pode-se concluir que, pelo método da estimativa, o Aterro Controlado de Morretes produz diariamente entre 2.000 e 4.226 L de chorume diariamente. 4.2 pH O impacto produzido pelo chorume sobre os recursos hídricos está diretamente relacionado com sua fase de decomposição. Apesar de o aterro ter 13 anos, as características do seu pH ainda remetem a um ambiente em processo de oxidação da matéria orgânica presente no lixo, o que pode favorecer a contaminação por esse composto (ROCHA, 2006). Com base na tabela 5, pode-se observar que o ponto 3 (percolado) apresentou valores de pH entre 7,57 e 8,46, revelando que o líquido é 90 predominantemente alcalino. Estes valores são relatados por Oliveira e Jucá (2004) como característico de percolados de resíduos em fase metanogênica de degradação. Dessa forma, os valores experimentais do aterro de Morretes indicam que os resíduos sólidos estariam em fase avançada de degradação da matéria orgânica. O ponto 2, localizado bem próximo da área onde foi coletado o chorume apresentou mudança significativa da primeira para a segunda coleta. Esta pode estar associada ao fluxo de percolado que pode estar escoando na direção do ponto. Assim, na primeira coleta onde o pH do chorume era 8,46, essa alcalinidade foi suficiente para alterar o pH do ponto 2. Na segunda coleta, como o pH do chorume não era tão alcalino, o pH do ponto 2 não foi alterado ficando semelhante aos pontos 1, 4 e 5. Para os demais pontos, não houve grandes variações evidenciando que não foram afetados pelo chorume nas condições experimentais utilizadas. Os valores encontrados para os corpos d’água estão dentro do limite permitido pela Resolução CONAMA 357/05 que estabelece uma faixa de pH entre 6,0 e 9,0. É importante ressaltar que a Resolução CONAMA apresenta um intervalo muito grande para o pH, o que torna difícil uma conclusão mais contundente baseada na norma, pois mesmo o chorume está dentro do intervalo estabelecido. 4.3 CONDUTIVIDADE ELÉTRICA Observa-se na tabela 5 que o ponto 3 apresentou queda na condutividade elétrica da primeira para a segunda coleta. Este fato pode estar associado a uma menor concentração iônica, pois foi observado no ponto de coleta maior volume de percolado, ocasionado pela precipitação pluviométrica que diluiu o chorume, conforme as condições de coleta descritas. Os pontos 1, 2 e 4 não apresentaram grandes variações na condutividade. Porém o ponto 5, apresentou aumento na 91 condutividade da primeira para a segunda coleta (30% aproximadamente), o que pode estar associado ao aumento da concentração de sais, como cloretos, sulfatos e outros sais minerais presentes em restos de alimentos e bebidas (temperos, conservantes, corantes, adoçantes, entre outros). TABELA 5 – Parâmetros Físico-Químicos obtidos para os pontos 1, 2, 3, 4 e 5, no Aterro Controlado de Morretes, PR.. PARÂMETROS Especif. pontos de coleta pH Temp (°C) Condutividade (µS/cm – 20°C) Sólidos (mg/L) Coleta 1 Coleta 2 Coleta 1 Coleta 2 Coleta 1 Coleta 2 Coleta 1 Coleta 2 1 (REF.) 6,51 6,73 24 22 0,35 0,36 120 4166 2 8,28 6,65 28 22 0,39 0,36 155 180 3 Chorume 8,46 7,57 40 26 1,20 1,00 9429 11473 4 6,64 6,9 30 24 0,36 0,37 160 4484 5 6,18 6,43 28 23 1,04 1,34 569 6101 Conama / 6,0 a 9,0 357 Fonte: Marcio França - - 4.4 SÓLIDOS TOTAIS Com base na tabela 5, pode-se observar o aumento significativo (2000% em relação à média) na quantidade de sólidos totais para todos os pontos na primeira coleta em relação à segunda coleta, exceto para o ponto 2. Para os pontos 1, 2 e 4 como a condutividade não foi alterada significativamente entre as coletas, esses sólidos podem se referir à concentração de matéria orgânica e argila provenientes do solo, na água coletada. Já nos pontos 3 e 5 pode ter ocorrido uma alteração 92 também do conteúdo iônico, uma vez que a condutividade foi alterada nesses pontos. 4.5 COLIFORMES TOTAIS E TERMOTOLERANTES (NMP/100mL) As análises de coliformes foram realizadas com o intuito de verificar uma possível contaminação dos corpos dágua pelo chorume, tendo em vista que o percolado apresenta alta carga microbiológica, proveniente dos resíduos orgânicos. A análise de coliformes é utilizada rotineiramente para indicar esta contaminação, Os resultados microbiológicos das amostras foram avaliados somente na primeira coleta. Observa-se na tabela 6, para o percolado foi de 1,6 x 105 NMP/100 mL para coliformes totais e de 2,4 x 104 NMP/100 mL para coliformes termotolerantes (Escherichia coli). Os valores elevados podem ter origem, principalmente, nos papéis higiênicos, fraldas descartáveis e dejetos no aterro. (ROCHA, 2006) TABELA 6- Coliformes totais e termotolerantes no Aterro Controlado de Morretes, PR. AMOSTRAS COLIFORMES TOTAIS COLIFORMES TERMOTOLERANTES PERCOLADO 1,6 X 105 2,4 X 104 CORPOS D’ÁGUA 5,0 X 102 - 5 X 103 1,1 X 102 – 8,0 X 102 CONAMA 357 5 X 103 1,0 X 103 Fonte: Laboratório Externo Para os corpos d’água os resultados variaram de 5,0 x 102 a 5,0 x 103 para os coliformes totais e 1,1 x 102 a 8,0 x 102 para coliformes termotolerantes. Os valores encontrados para os corpos d’água estão dentro do permitido pela Resolução 357/05 do CONAMA, ou seja, abaixo de 5.000 NMP/100 mL para coliformes totais e 1.000 NMP/100 mL para coliformes termotolerantes, classificando-se como classe II 93 em relação a este parâmetro, não estando estes pontos sofrendo influência significativa do chorume. Lima (2000) estudou o chorume do lixão do Roger em João Pessoa (PB) em área antiga e recente e obteve as seguintes variações: coliformes totais entre 104 e 106 e coliformes termotolerantes entre 102 e 105. Já Carvalho (2001) encontrou nos estudos sobre o lixão de Viçosa, as seguintes variações para o percolado: 4,3 x 104 a 1,23 x 108 e de 1,3 x 104 a 2,4 x 106 para coliformes totais e termotolerantes respectivamente. Na caracterização do chorume do Aterro da Muribeca, Paes (2003) encontrou valores variando entre 4,0 x 102 e 2,4 x 108 para coliformes totais e 1,1 x 105 e 2,4 x 108 para coliformes termotolerantes. Nas análises dos corpos d’água feitas por Silva (2007) em uma área de disposição de resíduos sólidos em Curitiba, a variação de coliformes totais foi de 1,3 x 103 a 1,6 x 106. Observa-se que os resultados dos autores citados estão muito acima do permitido pela legislação (classe II), enquanto que os resultados desta pesquisa demonstram estar em conformidade com a legislação. 4.6 DBO Observa-se na FIGURA 14 que o valor da DBO, encontrado na primeira coleta, para o chorume foi de 300 mg/L. Já os corpos d’água apresentaram variação entre 5,0 (pontos 1 e 2), 10,0 (ponto 4) e 30,0 mg/L (ponto 5). Os valores encontrados no ponto 5 foram superiores ao estabelecido pela Resolução CONAMA 357/05 para águas da classe II, porém ficando dentro dos parâmetros para águas de classe III. De fato, Carvalho (2001) encontrou valores de DBO entre 9,6 e 317, 6 mg/L para águas superficiais no antigo lixão de Viçosa (MG). Na segunda coleta, o valor da DBO para o chorume foi de 585 mg/L. Para os corpos d’água, os valores variaram entre 10,0 (pontos 1, 2 e 4) e 45,0 mg/L (ponto 94 5). Estes resultados corroboram Rocha (2006) que encontrou valores de DBO entre 5,0 e 223 mg/L no lixão de Uberlândia. Já Tartari (2003) nos estudos nas águas superficiais em um riacho no Aterro Sanitário de Novo Hamburgo encontrou valores entre 8,2 e 59,3 mg/L. Os elevados valores para o ponto 5 (325% acima da média) estão relacionados às concentrações de materiais orgânicos presentes no próprio ponto, conforme a tabela 6; uma vez que este ponto não é um corpo d’água corrente. Elevados valores de matéria orgânica comprometem a qualidade da água, devido a diminuição do oxigênio dissolvido e o aumento de microorganismos. DBO (mg/L) 700 585 600 500 400 300 300 200 100 5 10 5 10 10 10 30 45 Ponto 4 Ponto 5 0 Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 COLETA 1 COLETA 2 FIGURA 14 – Demanda Bioquímica de Oxigênio, no Aterro Controlado de Morretes, PR. Fonte: Laboratório Externo 4.7 DQO Conforme descrito nos materiais e métodos, para cada coleta a DQO foi analisada em dois laboratórios com o objetivo de se ter um referencial para os 95 nossos resultados. Na primeira coleta a DQO foi analisada no Laboratório Externo e na Central Analítica do UnicenP; Na segunda coleta, no Laboratório Externo e no Laboratório de Saneamento do UnicenP. TABELA 7 – Valores de DQO encontrados nas duas coletas realizadas no Aterro Controlado de Morretes, PR. Externo Ponto C. Analítica Lab. Saneamento 1ª COLETA 2ª COLETA 1ª Coleta 2ª Coleta 1 26,0 19,2 25,0 436,7 2 20,0 51,0 10,0 520,9 3 1950,0 1892,5 3430,0 4160,5 4 76,0 23,9 12,0 350,0 5 108,0 367,4 31,0 435,0 Resultados obtidos nos Laboratórios UnicenP / Externo Fonte: Laboratório Externo e Marcio França Apesar das metodologias utilizadas serem diferentes, os resultados deveriam ser semelhantes para o mesmo ponto, no entanto pode-se observar na tabela 7 que os resultados não são concordantes. Na primeira coleta, para o ponto 5, o valor encontrado para a DQO foi 3,4 vezes superior na Central Analítica. Exceto para o ponto 1, onde valores aproximados foram encontrados nos dois laboratórios, nos demais pontos os valores são inconsistentes, sendo superiores (pontos 2 e 5) ou inferiores (pontos 3 e 4). Para a segunda coleta, todos os pontos apresentaram valores bem superiores para o Laboratório de Saneamento do UnicenP chegando a ser 23 vezes superior (Ponto 1). Essas diferenças são surpreendentes e indicam que mais estudos comparativos precisam ser feitos para elucidar estas discrepâncias. A princípio, uma das causas pode ter sido a acidificação das amostras, que ocorreu na segunda coleta para as análises do UnicenP e não para o Laboratório Externo. No 96 entanto causa estranheza, pois a acidificação é um procedimento recomendado para a conservação das amostras. Esperávamos maior discrepância nos resultados da primeira coleta, onde a análise foi realizada após cinco dias. Portanto, para a discussão dos resultados da DQO, serão utilizados os dados referentes ao Laboratório Externo, pois o mesmo procedimento analítico foi adotado nas duas coletas; além disso, o Laboratório possui certificação ISO 9001. Observa-se na tabela 7 que o ponto 3 apresentou valores de DQO próximos entre as duas coletas, mostrando que não foi alterado significativamente no período. O valor muito superior aos demais pontos indica a contaminação do líquido. Nos pontos 2 e 5 a DQO aumentou consideravelmente no período (aproximadamente 150%), o que pode ser indício da grande deposição de resíduos no verão (alta temporada) o que gerou uma maior quantidade de chorume. O ponto 2 está localizado próximo a formação superficial do chorume; já o ponto 5, que não é um córrego, sofre contaminação do chorume por meio do lençol freático que aflora a superfície neste ponto. O ponto 1, por ser referência no trabalho e estar localizado à montante do aterro, pode estar recebendo influência das moradias localizadas próximas. O ponto 4, localizado a jusante do ponto 2 apresentou valores superiores na primeira coleta e inferiores na segunda em relação ao ponto citado. Portanto, pode estar sofrendo contaminação do aterro por meio de processos diferentes aos observados no ponto 5 (primeira situação) ou diluição pelo córrego (segunda situação). Nos estudos feitos por Tartari (2003) para verificar os impactos ambientais em três pontos do riacho próximo ao Aterro Sanitário de Novo Hamburgo (RS), os valores variaram entre 39,1 e 413, 3 mg/L para DQO. ROCHA (2006) encontrou valores entre 8,0 e 411,0 mg/L nos estudos feitos nas águas superficiais 97 de uma área de disposição de resíduos em Uberlândia, corroborando os resultados apresentados por Harmsen (1983)11 apud Oliveira e Jucá (2004), que identificou a presença de compostos com baixa biodegradabilidade em amostras de percolados oriundos de um aterro de resíduos sólidos em metanogênese. Os resultados das amostras observados na tabela 7 evidenciam a contaminação dos corpos d’água podendo ser comprovada pelos altos valores de DQO encontrados principalmente no ponto 5. TABELA 8 – Relação DQO/DBO no Aterro Controlado de Morretes, PR. PONTO 1ª COLETA 2ª COLETA DBO (mg/L) DQO (mg/L) DQO/DBO (mg/L) DBO (mg/L) DQO (mg/L) DQO/DBO (mg/L) 1 (REF) 2 5 26 5,2 10 19,2 1,9 5 20 4 10 51 5,1 3 300 1950 6,5 585 1892,5 3,2 4 10 76 7,6 10 23,9 2,4 5 30 108 3,6 45 367,4 8,1 Observa-se na tabela 8 que os pontos 3 e 4 apresentaram aumento na relação DQO/DBO na primeira coleta; já na segunda coleta os mesmos pontos apresentaram queda na relação DQO/DBO. No ponto 5 houve um aumento da relação DQO/DBO (125%), o que pode corresponder ao deslocamento do chorume para esse ponto. 11 HARMSEN, J. Identification of organic compounds in leachate from a waste tip. Water Research, 1983. 98 4.8 ANÁLISE DE METAIS PESADOS 4.8.1 Comparação interlaboratorial Na tabela 9 são apresentados os resultados de análises feitas em 2 laboratórios. O objetivo de realizar análises do chorume também em um laboratório externo era fazer uma comparação interlaboratorial para avaliar a qualidade e a confiabilidade das análises realizadas nos laboratórios do Unicenp. Observa-se uma grande diferença entre os teores de metais pesados encontrados nos laboratórios do UnicenP e pelo Laboratório Externo. Essa diferença é intrigante, pois na abertura das amostras pelo Laboratório Externo foi utilizado ácido fluorídrico, o que deveria ocasionar teores maiores. Assim, novas comparações precisam ser realizadas para que a questão possa ser elucidada. Serão considerados neste trabalho os nossos resultados, pois foram analisados todos os pontos, ao contrário do Laboratório Externo onde só o primeiro ponto foi analisado. Tabela 9 – Concentração de metais pesados no chorume do Aterro Controlado de Morretes, PR. PONTO 3 Metais 1ª COLETA (mg/L) 2ª COLETA Lab. Externo Cr Ni Pb Zn Cd Central Analítica Máximo 0,368 Mínimo 0,323 Máximo 0,063 Mínimo 0,034 Máximo 2,242 Mínimo 1,572 0,060 0,058 <0,001 0,133 < 0,001 Fonte: Laboratório Externo e Marcio França ____ ____ Média 0,345 Média 0,048 Central Analítica Máximo 0,463 Média 0,499 Mínimo 0,536 Máximo 0,122 Mínimo 0,094 Média Máximo 3,171 1,907 Mínimo 3,171 ____ ____ Média 0,108 Média 3,171 ___ ___ 1 ND ND corpos d água amostrados 160 4484 1a coleta 2a coleta 34,3 43,3 49,2 44,4 31,6 37,7 34,0 35,4 569 6101 5 ND ND ND ND 5 54,9 42,9 44,7 290,2 3(a) - Chorume ND ND teor de zinco (mg/L) pontos de coleta 2 4 ND – Não detectado 35,8 41,3 51,7 38,3 00-20 20-40 40-70 70-100 SOLO profundidade amostrada (cm) 155 180 pontos de coleta 2 4 46 14 8 10 teor de zinco (mg/kg) pontos de coleta A B C D 120 4166 1 coleta a 2 coleta a 1 16 10 12 14 10 10 14 12 10 14 teor de 12sólidos10(mg/L) teor de matéria orgânica (%) pontos de coleta A B C D corpos d água amostrados 00-20 20-40 40-70 70-100 SOLO profundidade amostrada (cm) 0,133 - 3 (a) 1 (a) 0,974 1,481 2,508 2,664 pontos de coleta 2 4 2,157 3,509 5 11,8 58,0 62,2 70,0 89,5 75,4 88,9 84,3 58,0 88,9 46,7 230,4 ND ND ND ND ND ND ND ND teor de Cromo (mg/L) pontos de coleta A B C D 42,3 13,0 15,2 11,1 teor de cobre (mg/kg) pontos de coleta A B C D 0,805 2,5 1 14,1 40,6 33,9 76,3 26,6 34,2 37,3 64,1 30,4 36,8 47,8 25,8 25,9teor de 31,4 49,4 132,1 chumbo (mg/L) teor de chumbo (mg/kg) pontos de coleta A B C D 0,345 0,499 3 (a) 1 (a) ND ND 1 10,9 13,8 15,3 9,4 A ND ND ND ND pontos de coleta 2 4 13,3 11,9 17,9 12,4 17,3 15,1 teor16,0 de níquel 16,3 (mg/L) teor de níquel (mg/kg) pontos de coleta B C ND ND 5 99,7 18,2 16,7 25,1 D TABELA 10 – Resultados das análises de metais obtidos para o solo e os corpos d’água no Aterro Controlado de Morretes. 4.8.2 Metais pesados no chorume, solo e corpos d’agua 99 100 Na segunda coleta os teores de metais pesados foram superiores à primeira coleta, como mostra a tabela 10, indicando um comportamento claramente associado ao período de maior geração de resíduos. Como a disposição de resíduos foi maior na primeira coleta, a decomposição de resíduos não é imediata. Nas análises de metais pesados, detectou-se a presença de chumbo em todos os pontos referentes aos corpos d’água conforme demonstra a tabela 9. Os demais metais como o Ni e o Cr não foram detectados. O comportamento do Pb em corpos d’água é uma combinação de precipitação e complexação aos ligantes orgânicos e inorgânicos, sendo o grau de mobilidade do Pb dependente do estado físico-químico dos complexos formados: - associação a ligantes inorgânicos e orgânicos: a hidrólise dos precipitados (fosfato de chumbo e sulfeto de chumbo) em valores de pH próximo a 6 solubiliza o Pb como Pb(OH)+. O Pb(OH)2 insolúvel não é formado até pH igual a 10. A pH igual a 6 os íons Pb2+ e Pb(OH)+ estão presentes em concentrações aproximadamente iguais, já a pH igual a 8 predomina Pb(OH)+. O chumbo forma quelatos moderadamente fortes com os ligantes inorgânicos que contém S, N e O. - associação a particulados: o chumbo mostra variados níveis de ligação (15 a 83% aos sólidos suspensos. Na água para consumo humano a especiação físicoquímica do Pb indica que pouco ou nada desse metal é encontrado na forma de íon livre) (DAVIES, 1990) 101 4.9 TEOR DE MATÉRIA ORGÂNICA E DE METAIS PESADOS NOS SOLOS Os gráficos a seguir mostram o teor de matéria orgânica e de metais pesados nos solos. Os solos foram coletados em pontos próximos aos corpos d’água com o objetivo de se analisar possíveis interferências do chorume nos mesmos. Teor de Matéria Orgânica Teor de Pb nos solos 40 120,0 mg / kg 150,0 % (m/m) 50 30 20 10 D 90,0 60,0 30,0 D C C B 0 00-20 B 0,0 A 20-40 00-20 40-70 faixa de p 70-100 rofundida de (cm) 20-40 A 40-70 faixa de p 70-100 rofundida de (cm) FIGURA 15 – Teor de matéria orgânica no solo. Fonte: Marcio França FIGURA 16 – Teor de Pb nos solos. Fonte: Trabalho de poluição dos solos. Teor de Ni nos solos Teor de Zn nos solos 120,0 300,0 270,0 240,0 210,0 mg / kg mg / kg 90,0 180,0 60,0 150,0 30,0 120,0 90,0 D C B 0,0 00-20 20-40 A 40-70 faixa de p 70-100 rofundida de (cm) 60,0 D 30,0 C B 0,0 00-20 20-40 A 40-70 faixa de p 70-100 rofundida de (cm) FIGURA 17 – Teor de Ni nos solos. FIGURA 18 – Teor de Zn nos solos. Fonte: Trabalho de poluição dos solos. Fonte: Trabalho de poluição dos solos. 102 Teor de Cu nos solos 240,0 210,0 180,0 mg / kg 150,0 120,0 90,0 60,0 D 30,0 C B 0,0 00-20 20-40 faixa de p A 40-70 70-100 rofundida de (cm) FIGURA 19 – Teor de Cu nos solos. Fonte: Trabalho de poluição dos solos. O eixo das concentrações de metais dos gráficos das figuras 16 a 19 foram confeccionados em escalas diferentes, otimizando o valor para cada metal. Dessa forma, a comparação entre as concentrações dos diferentes metais precisa ser realizada levando em conta os valores e não as alturas dos eixos. Pode se observar que, em todos eles, o ponto D apresentou maior concentração de metais, este fato pode estar associado à proximidade do ponto D em relação ao ponto 5. Observa-se na figura 15 que os valores dos pontos A, B e C são semelhantes. No ponto D ocorre uma grande concentração de matéria orgânica na superfície devido ao fato deste ponto estar localizado em uma área de banhado, onde ocorre uma elevada concentração de matéria orgânica no solo. 103 Houve uma grande diferença nos teores de chumbo encontrados nos quatro pontos coletados, como demonstrado na figura 16. O ponto D apresenta elevadas concentrações em quase todas as profundidades analisadas. Este fato pode estar associado à grande concentração de matéria orgânica neste ponto e, também, à incidência de chorume que pode estar se deslocando. Ao se comparar os valores obtidos com os valores de referência (CETESB, 2001), observa-se que, na maioria dos pontos, os níveis encontrados apresentaram-se inferiores aos níveis considerados de intervenção para uso agrícola, residencial e industrial, definidos respectivamente como, 200 mg/kg, 350 mg/kg e 1.200 mg/kg (MUÑOZ, 2002). É importante ressaltar que, na Alemanha, os valores de referência para solos não contaminados é de 0 a 200 mg/kg (HAMILTON, 200012 apud MUÑOZ, 2002). Horizontes superficiais dos solos têm grande afinidade para acumular Pb proveniente de deposições atmosféricas ou de fontes industriais e agrícolas devido principalmente a sua baixa solubilidade e forte adsorção ao solo (ALLOWAY,1993). Na figura 17 a concentração de níquel não apresentou grandes variações com exceção do ponto D na profundidade 0 a 20 cm. Este fato pode estar associado à concentração de matéria orgânica na superfície para este ponto. Assim pode estar ocorrendo a complexação ou a adsorção do metal neste ponto. Observa-se na figura 18 que os pontos A, B e C não apresentaram diferenças significativas entre os perfis e os pontos amostrados. Já o ponto D apresentou uma maior concentração de zinco na profundidade 70 a 100 cm. Este fato pode estar associado ao deslocamento do chorume para este ponto. 12 HAMILTON, E. I., Environmental variables in a holistic evaluation of land contaminated by historic mine wastes: a study of multi-element mine waste in West Devon, England, using arsenic as an element of potential concer to human health. The Science of the Total Environment, 2000. 104 A figura 19 demonstra uma grande diferença nos teores de cobre encontrados nos quatro pontos coletados. Os valores variaram de 11,10 a 230, 41 mg/kg. No ponto C, o perfil do solo não apresentou diferenças nas concentrações. No ponto A, a maior concentração de cobre ocorreu na superfície. Já nos pontos B e D as concentrações deste metal ocorreram na maior profundidade amostrada. Chama a atenção a diferença significativa para o ponto D que é cerca de 4 vezes maior em relação à superfície. Em todas as amostragens a maior concentração de metais ocorreu no ponto D, localizado próximo ao ponto 5. Com base nas tabelas, esta concentração ocorreu na superfície (0 a 20 cm) e na maior profundidade (70 a 100 cm). Este fato pode estar associado à mobilidade dos metais, devido à diferença na capacidade de retenção dos componentes das diversas camadas e à complexação e a quelação da matéria orgânica; por outro lado, pode estar ocorrendo um fluxo de chorume para este ponto. 4.10 ALCALINIDADE É a capacidade que o sistema tem de tamponamento, acarretando um certo equilíbrio nos valores de pH. Decorrem da presença de carbonatos, bicarbonatos e hidróxidos, quase sempre de alcalinos e alcalinos terrosos (sódio, potássio, cálcio e magnésio, entre outros), amônia e ácidos orgânicos voláteis. Grandes teores de alcalinidade provêm de despejos de indústrias têxteis, químicas, lavanderias e curtumes, onde ocorre a inibição da ação de microorganismos presentes nos processos biológicos de tratamento e interferir com a autodepuração dos corpos d’água (SOUZA, 2003). 105 Para todas as amostras coletadas, foi realizada uma titulação potenciométrica com ácido sulfúrico. Por meio deste procedimento, foi possível avaliar a alcalinidade do chorume que está expressa na Tabela 12. TABELA 11 – Alcalinidade do chorume e dos corpos d’água no Aterro Controlado de Morretes, PR. ALCALINIDADE (mg/CaCO3) COLETA PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO 5 1 380 180 1000 460 600 2 380 260 1100 200 700 Fonte: Marcio França Observa-se na tabela 11 que o ponto 3 (chorume) apresentou uma pequena variação (10%) da alcalinidade da primeira para a segunda coleta. Estes valores estão abaixo dos encontrados por Campos (2002) que reportou resultados de 3.540 mgCaCO3 para o chorume no Aterro Sanitário de Piraí (RJ) Para as amostras dos demais pontos, a titulação potenciométrica foi realizada com o propósito de avaliar uma possível influência do chorume, tendo em vista que o pH observado para a primeira coleta foi alcalino. Por meio das curvas potenciométricas, reproduzidas nos gráficos das figuras 17 a 20, foram observadas se as amostras aquosas possuíam ou não capacidade tamponante e, também, para melhor comparação entre elas e qual o volume de ácido necessário para atingir o pH 4,0. 106 1a Derivada 1,600 1,400 1,200 d pH / d V 1,000 0,800 0,600 0,400 0,200 0,000 0,000 0,500 1,000 1,500 2,000 2,500 3,000 3,500 4,000 4,500 5,000 Volume FIGURA 20 – Procedimento gráfico adotado para calcular a alcalinidade do ponto 3. Fonte: Marcio França curva potenciométrica ponto 03 7,5 7 6,5 6 pH 5,5 5 4,5 4 3,5 3 0 0,5 1 1,5 2 2,5 Volume de ácido adicionado FIGURA 21 – Curva potenciométrica do ponto 1 da primeira coleta. Fonte: Marcio França 3 107 curva potenciométrica ponto 02 7,5 7 6,5 6 pH 5,5 5 4,5 4 3,5 3 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 Volume de ácido adicionado FIGURA 22 – Curva potenciométrica do ponto 2 da primeira coleta. Fonte: Marcio França curva potenciométrica ponto 04 7,5 7 6,5 6 pH 5,5 5 4,5 4 3,5 3 0 0,5 1 1,5 2 2,5 Volume de ácido adicionado FIGURA 23 – Curva potenciométrica do ponto 4 da primeira coleta. Fonte: Marcio França 3 108 curva potenciométrica ponto 05 7 6,5 6 pH 5,5 5 4,5 4 3,5 3 0 1 2 3 4 5 6 Volume de ácido adicionado FIGURA 24 – Curva potenciométrica do ponto 5 da primeira coleta. Fonte: Marcio França 7 f) e) d) c) b) a) 585,0 [2] 1.950,0 [1] 11.473 [2] DBO (mg/L) DQO (mg/L) SÓLIDOS TOTAIS (mg/L) 2,495 4.166 26,0 10,0 0,36 6,51 VALOR Ponto (1) (b) 5 [2] 5 [2] 5 [2] 5 [2] 5 [2] 3,509 6.101 367,4 45,0 1,34 8,28 d) c) 2 [1] VALOR ENCONTRADO PONTO [COLETA] Refere-se à porcentagem equivalente em relação ao ponto referência. Refere-se à porcentagem equivalente de chorume encontrado no ponto; Refere-se ao valor encontrado no ponto citado no item anterior; Refere-se ao ponto e à coleta para o maior valor encontrado nos demais pontos; É o valor referência utilizado no trabalho; Refere-se ao maior valor encontrado para o chorume e em que coleta ele ocorreu; (mg/L) PESADOS 3,171 [2] 1,20 [1] CONDUTIVIDADE (mS/cm – 20°C) Pb 8,46 [1] pH METAIS VALOR CHORUME [COLETA] a) PARÂMETRO CONTROLADO DE MORRETES, PR 110 53 18 7 111 97 % DO CHORUME e) 40 46 1.313 350 272 27 % ACRÉSCIMO DA REFERÊNCIA f) TABELA 12 – RESUMO DOS PARÂMETROS AVALIADOS QUE PODERIAM INDICAR CONTAMINAÇÃO DO ATERRO 109 110 Pode-se observar na tabela 13, que o ponto 5 apresentou as maiores alterações dos parâmetros analisados, principalmente na segunda coleta. Este fato pode estar associado à sazonalidade, pois foram feitas coletas no final da alta temporada, onde ocorre uma maior geração de resíduos sólidos, e na baixa temporada, onde a produção de resíduos sólidos diminui. Já para o chorume, esta observação não é válida, ou seja, as alterações se distribuíram em ambas as coletas. Desta forma, o ponto 5 é mais adequado para amostragens que visem avaliar o impacto no entorno do aterro. Seria interessante a realização de outras coletas e análises de outros parâmetros para que haja um diagnóstico mais completo. 111 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES A análise, o estudo dos dados e as informações apresentadas neste trabalho permitem as seguintes conclusões: ● Devido às diferenças encontradas entre os Laboratórios, seria necessário realizar mais análises, incluindo padrões e, também, amostrar em um 3º laboratório para confrontar os dados. ● pela estimativa da geração do chorume comparando proporcionalmente com o aterro Sanitário da Caximba, há um grande volume gerado e, que, no entanto, não é observado na superfície. Podemos afirmar com base nos valores estimados que este líquido esteja percolando no solo e chegando ao lençol subterrâneo. ● os valores encontrados para o pH, a DBO e a DQO estão de acordo com a idade do Aterro, conforme referência demonstrada neste trabalho. ● os valores encontrados para o pH, a DBO e a DQO estão de acordo com o tempo de operação de 13 anos do Aterro, conforme referência demonstrada neste trabalho. ● o ponto 5 é o mais comprometido pela contaminação causada pelo chorume para a maioria dos fatores analisados. Possivelmente está associado com a contaminação do lençol freático devido a infiltração do chorume no solo, uma vez que não há impermeabilização de fundo. ● de todos os metais pesados analisados (Pb, Cr, Ni) apenas o chumbo foi detectado nos corpos d’água. Tendo em vista que vários parâmetros foram alterados, é inegável que o Aterro Controlado de Morretes, pela sua própria concepção está ocasionando 112 impactos nas áreas próximas. A recomendação é que a prefeitura realize amostragens do local e viabilize estudos para a concepção de um aterro sanitário, onde os métodos de engenharia são mais adequados, como estão fazendo os municípios de Paranaguá e Guaratuba e que tome decisões político-ambientais ao que se refere as ações mitigadoras dos impactos em curso. Sugestões para a Prefeitura de Morretes: ● o aterro controlado é um método inadequado de disposição de resíduos sólidos, pois pode comprometer o meio ambiente; ● estabelecer um programa regular de análises do local, mesmo após o encerramento do Aterro, pois ainda haverá formação de chorume. ● após o encerramento do Aterro, pode ser utilizado o método da fitorremediação da área. ● procurar destinar seus resíduos em aterro sanitário próprio ou procurar parcerias com outros Municípios, pois este é considerado o método mais seguro para destinação dos resíduos. 113 6 REFERÊNCIAS ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. 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