Variação geográfica e evolução da genitália masculina em

Propaganda
56º Congresso Brasileiro de Genética
Resumos do 56º Congresso Brasileiro de Genética • 14 a 17 de setembro de 2010
Casa Grande Hotel Resort • Guarujá • SP • Brasil
www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2
311
Variação geográfica e evolução da genitália masculina
em Drosophila cactófilas
Kokudai, CBS1; Santos, CG1; Sene, FM1, 2; Manfrin, MH1
Programa de Pós-Graduação em Biologia Comparada, Depto. de Biologia, FFCLRP, USP
Depto. de Genética, FMRP, USP
[email protected]
1
2
Palavras-chave: Análise elíptica de Fourier; variabilidade interpopulacional; edeago; grupo repleta; populações naturais.
A evolução rápida e divergente da genitália masculina é um dos padrões mais gerais de diversificação morfológica
em animais com fertilização interna. Todavia, as causas desta diversificação são pouco conhecidas. Considerando as três hipóteses centrais de evolução da genitália, a da chave-e-fechadura prediz padrões de divergência da
variação geográfica relacionados à seleção favorecendo o reconhecimento espécie-específico, portanto, seria esperado que não houvesse variabilidade intraespecífica entre populações alopátricas. As hipóteses de pleiotropia e
de seleção sexual, contudo, predizem algum nível de variação geográfica, refletindo diferentes pressões de seleção
sexual ou deriva genética. Para testar essas predições, nós investigamos a variação geográfica na morfologia de 122
edeagos provenientes de seis populações naturais com distribuição alopátrica de Drosophila serido e D. antonietae
(grupo repleta) e uma localidade de simpatria entre as duas espécies, por meio de análise elíptica de Fourier. A
análise de variância multivariada (MANOVA), considerando 10 variáveis de forma e uma variável de tamanho,
identificou diferentes níveis de variação geográfica, independentemente da condição de alopatria ou simpatria
(Wilks lambda=0,00967, F(77, 630.65)=9.5726, p=0,00001). As populações de D. antonietae analisadas, mesmo em simpatria, não apresentaram variação interpopulacional significativa, possivelmente devido ao fluxo gênico interpopulacional ao longo de sua distribuição geográfica, como sugerido por análises moleculares prévias. Já as populações de D. serido, conhecidamente politípicas para vários marcadores, apresentaram diferentes graus de variação
interpopulacional, sendo que a população encontrada em simpatria com D. antonietae não diferiu significativamente das outras populações alopátricas analisadas. Esses resultados rejeitam a hipótese de chave e fechadura, e
podem sugerir tanto a seleção sexual quanto a pleiotropia como hipóteses para explicar os padrões de evolução
da genitália nestas espécies. A variabilidade interpopulacional observada pode, também, ser determinada por fatores históricos, por se tratarem de duas linhagens evolutivas independentes e, pelo menos na diversificação da
morfologia do edeago, a condição de simpatria não parece desempenhar um papel determinante nestas espécies.
Apoio financeiro: Programa de Pós-Graduação em Biologia Comparada, Fapesp, Capes, CNPq, Finep, USP.
Download