XVI ENCONTRO DIDÁTICO CIENTÍFICO DO CURSO DE MEDICINA CADERNO DE RESUMOS 17, 18 e 19 de Junho de 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO CAMPUS MORRO DO CRUZEIRO 1 CADERNO DE RESUMOS XVI ENCONTRO DIDÁTICO CIENTÍFICO DO CURSO DE MEDICINA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Ouro Preto, MG 2 XVI ENCONTRO DIDÁTICO CIENTÍFICO DO CURSO DE MEDICINA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Marcone Jamilson Freitas Souza Reitor Célia Maria Fernandes Nunes Vice-Reitora ESCOLA DE MEDICINA Márcio Antônio Moreira Galvão Diretor George Luiz Lins Machado Coelho Vice-Diretor COLEGIADO DE MEDICINA Fausto Aloísio Pedrosa Pimenta Presidente XV ENCONTRO DIDÁTICO CIENTÍFICO DO CURSO DE MEDICINA João Milton Martins Oliveira Penido Presidente Docente Ana Cláudia dos Santos Presidente Discente ESCOLA DE MEDICINA OURO PRETO – MINAS GERAIS 3 PREFÁCIO A construção deste Caderno por mim e pela Comissão Organizadora do XVI Encontro Didática Científico (EDC) da Escola de Medicina (EMED) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) representa a solidificação da experiência adquirida por nós e por todos os acadêmicos e professores participantes do evento, que o tornaram possível e tão gratificante. Experiência esta que, ao final de cada edição, aumenta ainda mais a satisfação em ver o ganho de conhecimentos em se tratando de assuntos acadêmicos e de cunho reflexivo, o que contribui na formação de estudantes com capacidade de elaboração de trabalhos científicos de qualidade e formação de opinião sobre diversos assuntos relacionados à graduação e, mesmo, à futura profissão e condições encontradas no universo profissional e social que nos aguarda. O Encontro Didático Científico faz parte da minha história na Universidade Federal de Ouro Preto desde o princípio. Inicialmente como acadêmica do primeiro período participando apenas como apresentadora, o que foi de um grande acréscimo a vida de acadêmica. Depois, dentro da equipe organizadora, o que me fez perceber, ainda mais, a plenitude e importância do evento pra Escola de Medicina e para todos os seus estudantes. Atualmente participamos do Encontro em praticamente todos os períodos do curso, em cada momento com apresentações distintas, o que acrescenta ainda mais conhecimento em diversas áreas e modalidades de apresentação, nos preparando para eventos futuros em que representaremos a Universidade. Nos primeiros momentos entramos em contato com o público, aprendemos a “enfrentar” todo um auditório e, a partir dali, a cada edição vivenciamos um novo aprendizado e aprimoramento do que foi visto. Nessa XVI edição do EDC foram apresentados trabalhos de grande valia, tivemos a apresentação de palestras extremamente construtivas, grupos de discussão e participação da Secretaria Municipal de Saúde de Ouro Preto. O que percebo é o crescimento constante de um evento que nasceu juntamente com a Escola de Medicina da UFOP e, com ele, acadêmicos mais preparados para realização de um curso de excelência. É uma grande honra fazer parte da construção e da história do Encontro Didático Científico. Allana Silva Mamédio Acadêmica do Sexto Período do curso de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto. 4 CADERNO DE RESUMOS REALIZAÇÃO: ESCOLA DE MEDICINA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO COMISSÃO ORGANIZADORA Professora Dra. Adriana Maria de Figueiredo (UFOP) Professor Dr. João Milton Martins Oliveira Penido (UFOP) Professor Dr. Leonardo Santos Bordoni (UFOP) Professora Dra. Olívia Maria de Paula Alves Bezerra (UFOP) Acadêmica de Medicina Allana Silva Mamédio (UFOP) Acadêmica de Medicina Mariana Fontes Pereira (UFOP) Acadêmica de Turismo Lídia Martins Gomes (UFOP) CADERNO DE RESUMOS ORGANIZADO POR Professora Dra. Adriana Maria de Figueiredo (UFOP) Acadêmica de Medicina Allana Silva Mamédio (UFOP) Acadêmica de Medicina Jùlia Taira Sarti Pena (UFOP) Acadêmico de Medicina Arthur Vieira Piau (UFOP) Acadêmica de Turismo Júlia Martins Gomes (UFOP) 5 SUMÁRIO Apresentações orais de trabalhos Disciplina Saúde e Sociedade – POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO: A EXPERIÊNCIA DA XV CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE COM ENFOQUE NO EIXO “RELAÇÃO PÚBLICO-PRIVADO - 11 MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA: UMA ANÁLISE SOBRE A SAÚDE NO CAMPO - 13 REGULAMENTAÇÃO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE EM CONTRASTE COM A INCIPIENTE ABORDAGEM DESSAS PRÁTICAS NO CURRÍCULO DE MEDICINA - 15 O MÉDICO E O ESTUDANTE DE MEDICINA FRENTE À MORTE - 17 OS DETERMINANTES SOCIAIS NO PROCESSO DE SAÚDE E DOENÇA DA POPULAÇÃO NEGRA - 19 O ESTIGMA DA HANSENÍASE E AS DIVERSAS PRESPECTIVAS ACERCA DO ASSUNTO - 21 Disciplina Práticas em Serviços de Saúde II CONVERSANDO SOBRE CUIDADOS COM O CORPO: EXPERIÊNCIA COM ADOLESCENTES ESCOLARES EM SANTA RITA DE OURO PRETO - 23 AÇÕES EDUCATIVAS EM SAÚDE DIRECIONADAS AOS DIABÉTICOS COM BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO E SEUS FAMILIARES EM ANTÔNIO PEREIRA, DISTRITO DE OURO PRETO – MG - 25 EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UMA ABORDAGEM SOBRE A SEXUALIDADE PARA OS ADOLESCENTES DA ESCOLA ESTADUAL DE OURO PRETO, MINAS GERAIS – 27 UTILIZAÇÃO DA SALA DE ESPERA COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE, TENDO-SE COMO PRINCÍPIO FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO EM SAÚDE, NA UBS CAIC, DISTRITO DE CACHOEIRA DO CAMPO, OURO PRETO.29 6 QUALIFICANDO O CUIDADO: TROCA DE EXPERIÊNCIAS ENTRE ACADÊMICOS DE MEDICINA DA UFOP E AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE DA UBS ANTÔNIO DIAS SOBRE A SAÚDE E A VIDA DO IDOSO NO BRASIL - 31 Disciplina Epidemiologia nos Serviços de Saúde PREVALÊNCIA DAS MORBIDADES POR CAPÍTULO DO CID-10 EM OURO PRETO, UMA ABORDAGEM DEMOGRÁFICA. – 33 MORTALIDADE ESPECÍFICA PARA IDADE E SEXO DE OURO PRETO – 35 MORTALIDADE INFANTIL TARDIA NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO,MG – 37 MORTALIDADE PROPORCIONAL COMPARATIVA ENTRE ZONA RURAL E URBANA DE OURO PRETO NO PERÍODO DE 2009 A 2014 – 39 RELAÇÃO ENTRE PESO E SEXO DOS INDIVÍDUOS NOS ÓBITOS PERINATAIS E NEONATAIS – 41 DIAGRAMA DE CONTROLE DE DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS: ANÁLISE DE CASOS DE VARICELA NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO ENTRE OS ANOS DE 2006 A 2013 – 43 MORTALIDADE POR CAUSA BASE NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO – MG – 45 CURVA DE MORTALIDADE PROPORCIONAL E ÍNDICE DE GUEDES NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO, 2008-2014 – 47 Disciplina Modelos Explicativos do Processo de Saúde e Doença ANÁLISE DOS DETERMINANTES SOCIAIS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA ASSOCIADOS À QUALIDADE DE VIDA DO ESTUDANTE DE MEDICINA - 49 ESQUISTOSSOMOSE ENDÊMICA EM MINAS GERAIS: DESAFIOS E DESCOBERTAS FRENTE À GEOGRAFIA MÉDICA - 51 A GEOGRAFIA DA FOME E O MANGUEBEAT - 53 GEOGRAFIA VORAZ: A TRANSFORMAÇÃO DO MAPA DA FOME - 55 INIQUIDADES EM SAÚDE NO BRASIL: DEFINIÇÃO, REALIDADE, PERSPECTIVAS E SOLUÇÕES. SERÁ ESSA, REALMENTE, A NOSSA MAIOR DOENÇA? - 57 O PÊNFIGO FOLIÁCEO ENDÊMICO E SUA INTERRELAÇÃO HISTÓRICOGEOGRÁFICA NA REGIÃO DE ANTÔNIO PEREIRA - 59 TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA NA INGLATERRA: UMA ANÁLISE SOB O ENFOQUE DAS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS. - 61 POLÍTICAS DE DROGAS E TERRITORIALIZAÇÃO DOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E DROGAS NO BRASIL - 63 7 Temas Livres ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E HISTOLÓGICOS DO CÂNCER DE COLO UTERINO – 65 CASO CLÍNICO: BÓCIO MERGULHANTE – 67 UM ESTUDO DE CASO DE CISTO DE CORDÃO ESPERMÁTICO – 69 CORRELAÇÃO ENTRE O TRANSTORNO DO PÂNICO E ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS – 70 CUIDADOS COM A EDUCAÇÃO SEXUAL DE ADOLESCENTES DA ESCOLA MUNICIPAL MONSENHOR JOÃO CASTILHO BARBOSA NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO, MINAS GERAIS – 72 REGULAMENTAÇÃO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE EM CONTRASTE COM A INCIPIENTE ABORDAGEM DESSAS PRÁTICAS NO CURRÍCULO DE MEDICINA – 74 FASCIITE NECROZANTE: RELATO DE CASO EM PEDIATRIA NA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE OURO PRETO, MG – 76 INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO EM LACTENTE – 78 PNEUMONIA COMUNITÁRIA COM DERRAME PARAPNEUMÔNICO EM CRIANÇA DE 2 ANOS – 79 PREMATURIDADE E ATRASO DO DESENVOLVIMENTO LOCOMOTOR – 81 ABORDAGEM MULTIPROFISSIONAL DA VÍTIMA DE ABUSO INFANTIL – 83 SÍNDROME DE CHARGE: RELATO DE CASO CLÍNICO – 85 A IMPORTÂNICA DO RASTREIO DA SÍNDROME POLIGLANDULAR AUTOIMUNE EM PACIENTES COM DIABETES MELITO TIPO I – 87 BAIXA ESTATURA EM ADOLESCENTE – RELATO DE CASO – 89 ABORDAGEM DIAGNÓSTICA E PROPEDÊUTICA DA INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA: UM RELATO DE CASO – 90 ASPECTOS HISTOPATOLÓGICOS DA SILICOSE: A RELEVÂNCIA CLÍNICA PARA A REGIÃO DOS INCONFIDENTES – 92 TECNOLOGIAS SOCIAIS PARA A SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA: AÇÕES INTERSETORIAIS ENTRE ESCOLA E UNIDADE DE SAÚDE – 93 ANEMIA FERROPRIVA GRAVE: RELATO DE CASO DO CENTRO DE SAÚDE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO – 95 TIREOPATIAS NA POPULAÇÃO – PREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO – 97 Disciplinas Medicina Geral da Criança I e II ABORDAGEM INTEGRAL AO PACIENTE PEDIÁTRICO COM DOENÇA FALCIFORME - 99 ANEMIA FALCIFORME: UM RELATO DE CASO - 101 8 ASPIRAÇÃO DE CORPO ESTRANHO EM PRÉ-ESCOLAR: UM RELATO DE CASO - 103 AVALIAÇÃO COGNITIVA EM PACIENTE PEDIÁTRICO – RELATO DE CASO - 105 RELATO DE CASO: CÓLICA DO RECÉM-NASCIDO - 107 CORRELAÇÃO ENTRE RINITE ALÉRGICA E SÍNDROME DO RESPIRADOR ORAL: RELATO DE CASO - 108 DERMATITE SEBORREICA NO LACTENTE: RELATO DE CASO - 110 SUSPEITA DE SÍNDROME DE PRADER-WILLI – RELATO DE CASO - 112 PROPEDÊUTICA AUDITIVA NEONATAL E RELAÇÃO COM HIPOACUSIA E OTITE MÉDIA NA INFÂNCIA - 114 CASO DE ARTRITE SÉPTICA EM CRIANÇA DE SEIS ANOS, NA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE OURO PRETO, MINAS GERAIS - 116 PÊNFIGO FOLIÁCEO ENDÊMICO COMPLICADO EM PACIENTE PEDIÁTRICO DO DISTRITO DE ANTÔNIO PEREIRA, OURO PRETO-MG – RELATO DE CASO - 118 A IMPORTÂNCIA DA PUERICULTURA PARA O DESENVOLVIMENTO NORMAL DA CRIANÇA - 120 ACOMPANHAMENTO DE OBESIDADE EM CRIANÇA DE OITO ANOS – UM RELATO DE CASO - 122 EPILEPSIA ASSOCIADA A CONVULSÕES NÃO-EPILÉPTICA PSICOGÊNICAS – UM RELATO DE CASO - 124 PNEUMONIA GRAVE ADQUIRIDA NA COMUNIDADE DE ETIOLOGIA BACTERIANA – 126 SÍFILIS CONGÊNITA: UM RELATO DE CASO - 128 SÍNDROME DE CHARGE: RELATO DE CASO CLÍNICO - 130 BAIXA ESTATURA EM ADOLESCENTE – RELATO DE CASO - 132 Disciplina Clínica Cirúrgica ATRESIA DE VIAS BILIARES - 134 MANEJO CLÍNICO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DE PACIENTES OBESOS COM INDICAÇÃO CIRÚRGICA - 136 ABORDAGEM HOSPITALAR DO PACIENTE COM ESOFAGITE CÁUSTICA 138 A EVOLUÇÃO CIRÚRGICA NA TETRALOGIA DE FALLOT - 140 ABORDAGEM DIAGNÓSTICA E TERAPÊUTICA DO ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO EM PACIENTES DO SEXO FEMININO - 142 RELATO DE CASO DE CORONARIOPATIA EM PACIENTE COM HISTÓRICO DE INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO - 144 9 SÍNDROME DO DESFILADEIRO TORÁCICO: UMA REVISÃO TEÓRICOMETODOLÓGICA PARA O MÉDICO GENERALISTA - 146 Disciplinas Medicina Geral de Adultos I e II VULNERABILIDADE EM SAÚDE: ABORDAGEM DE DOIS CASOS DE SÍFILIS ADQUIRIDA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA - 148 DISIDROSE: UM RELATO DE CASO - 150 MANEJO CLÍNICO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DE PACIENTES OBESOS COM INDICAÇÃO CIRÚRGICA - 152 REMOÇÃO DE CERUME NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE AMARANTINA, OURO PRETO-MG: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA - 152 RESUMO CEFALEIA TENSIONAL: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL E PROPEDEUTICA – RELATO DE CASO. - 156 RELATO DE CASO DE CORONARIOPATIA EM PACIENTE COM HISTÓRICO DE INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO - 158 A NEFROPATIA DIABETICA:UM CENÁRIO DE ELEVADO RISCO CARDIOVASCULAR - 160 ABORDAGEM DA ARTRITE REUMATÓIDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: RELATO DE CASO - 162 TRATAMENTO MULTIPROFISSIONAL DE DOR NEUROPÁTICA PÓS-AVE EM PACIENTE DA UBS BANDEIRANTES – MARIANA/MG - 164 SUSPEITA DE SÍNDROME DE MARFAN EM PACIENTE DE 46 ANOS COM ATEROMATOSE DIFUSA GRAVE, UM RELATO DE CASO. - 166 TROMBOEMBOLISMO PULMONAR: RELATO DE CASO - 168 ABORDAGEM CLÍNICA DA NEFROLITÍASE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: UM ESTUDO METABÓLICO - 170 AVALIAÇÃO DE PACIENTE COM DEFORMIDADE ESTRUTURAL E FUNCIONAL EM RIM DIREITO SUGESTIVA DE HIPOPLASIA RENAL CONGÊNITA - 172 10 APRESENTAÇÕES ORAIS – DISCIPLINA SAÚDE E SOCIEDADE APRESENTAÇÃO ORAL DE TRABALHO POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO: A EXPERIÊNCIA DA XV CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE COM ENFOQUE NO EIXO “RELAÇÃO PÚBLICO-PRIVADO Adriana Maria de Figueiredo ([email protected]) André Luiz Mussi ([email protected]) Danilo Corrêa de Oliveira ([email protected]) Ed Maciel Andrade Rodrigues ([email protected]) Fábio Lemos ([email protected]) Felipe Vieira Guarçoni ([email protected]) José Sérgio Lopes Teixeira ([email protected]) Thiago Madureira Brandão ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: Políticas públicas de saúde correspondem a um conjunto de ações, disposições legais e orçamentárias geradas no marco de procedimento e instituições governamentais. São legitimadas através de legislações ou regulações e promovem mudanças no comportamento de instituições e indivíduos em relação a um problema setorial ou temático (DUNN, 1993). O Brasil possui um intenso histórico de alterações das políticas públicas de saúde, reflexo de sua instabilidade política, principalmente durante o século XX, período a partir do qual começaram a ser observadas medidas governamentais relativas à melhoria da qualidade de vida da população. OBJETIVOS: Realizar uma análise sócio-jurídica de teor crítico e descritivo acerca da evolução do histórico recente das políticas públicas de saúde do país, abordando os eixos temáticos da XV Conferência Nacional de Saúde, a ser realizada em 2015, com ênfase em um eixo específico: “A Relação Público-Privado”. DISCUSSÃO: As recentes mudanças normativas experimentadas pelo país, quando observadas à luz do direito à saúde, assumem relevância dentro do contexto de universalização promovido a partir da Constituição Federal de 1988. Sendo assim, a idealização de políticas públicas, inclusive de saúde, que é consubstanciada na elaboração e publicação de leis e demais atos normativos emanados pelos poderes competentes, deve ser objeto de discussão entre os envolvidos na prestação dos serviços públicos de saúde. Com isso, se faz necessário um espaço de reflexão e debates acerca da repercussão sócio-jurídica e econômica destas diretrizes, uma vez que vinculam a atuação da Administração e, por conseguinte, a utilização do sistema pelo usuário. A XV Conferência Nacional de Saúde é este espaço, em que gestores públicos e população podem dialogar, posicionando-se a respeito de eixos específicos definidos a priori para direcionar os debates. Dos eixos abordados na Conferência, a Relação Público-Privado será discutida neste trabalho; A CNS se posiciona contra o artigo 142 da Lei nº 13.097, de 19 de janeiro de 2015. Tal 11 lei permite a participação direta e indireta de setores privados ou de capital estrangeiro na assistência à saúde. Tal fato reflete a contradição existente no artigo que estimula a contratação de serviços privados e rompe com os preceitos da universalização, na medida em que o público ao qual se destinam os planos assistenciais privados é bastante seleto. Isso produz desdobramentos substanciais no que tange a desigualdade social. Por fim, questiona-se o interesse capitalista das empresas privadas relacionado à garantia da assistência social adequada à população brasileira no que se refere às políticas públicas de saúde. CONCLUSÕES: Em face do que foi exposto, é possível depreender que a análise sócio-jurídica será ferramenta essencial para a compreensão da senda política que envolve as diretrizes sanitárias contemporâneas no país. A partir da análise da pauta prevista para a XV Conferência Nacional de Saúde acredita-se ser possível assimilar os principais eixos de controvérsias e debates enfrentados pelo país, quer seja da perspectiva da Administração Pública, do setor privado empresarial ou do usuário. Palavras chave: Saúde Pública, Conferências de Saúde, Participação Social. Referências: NUNES, Everardo Duarte. Sobre a história da saúde pública: idéias e autores. Ciênc. saúde coletiva vol.5 no.2, Rio de Janeiro, 2000. Disponível http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232000000200004> em < Acesso em 2 de junho de 2015. BARROS, Ana Iva Corrêa Brum; FREITAS, Rayana de Carvalho; SOARES, Gilmar dos Santos. NOTA CIENTÍFICA: A EVOLUÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL E A AMPLITUDE E COMPLEXIDADE DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. Revista Conexão (AEMS), v. 9, p. 838-844, 2012. Disponível em <http://www.aems.edu.br/conexao/edicaoanterior/Sumario/2012/downloads/2012/saude/NOTA %20CIENT%C3%8DFICA%20A%20EVOLU%C3%87%C3%83O%20DA%20SA%C3%9AD E%20P%C3%9ABLICA%20NO%20BRASIL%20E%20A%20AMPLITUDE%20E%20COMP LEXIDADE%20DO%20SISTEMA%20%C3%9ANICO%20DE%20SA%C3%9ADE.pdf> Acesso em 2 de junho de 2015. 12 APRESENTAÇÃO ORAL DE TRABALHO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA: UMA ANÁLISE SOBRE A SAÚDE NO CAMPO Adriana Maria de Figueiredo ([email protected]) Carolina Ponciano Gomes de Freitas ([email protected]) Isabela Maria Silva Santos ([email protected]) Mariana Pereira Tsukuda ([email protected]) Renato Duarte Padrão ([email protected]) Samuel Inácio Oliveira ([email protected]) Thaís Guimarães Miranda Xavier ([email protected]) Wesley dos Santos Alves ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil INTRODUÇÃO: Segundo Santos e Hennington (2013), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é um dos mais importantes movimentos sociais do mundo e o principal movimento social do campo no Brasil. No país, surgiu em 1984 e está presente em 23 estados brasileiros e no Distrito Federal, organizando mais de 1,5 milhão de pessoas. Os objetivos do movimento são a luta pela terra, pela reforma agrária e por uma sociedade mais justa e fraterna. Nos assentamentos organizados pelo MST, a cooperação – entendida como ação social, organizada ou espontânea, articulada por objetivos comuns para solucionar problemas concretos – tem sido utilizada como princípio fundamental no processo organizativo, não apenas no âmbito da organização e gestão do processo produtivo, mas também nas outras dimensões da vida cotidiana, entre elas os cuidados com a saúde (Scopinho; 2010). No entanto, conforme Santos e Hennington (2013), a produção científica no Brasil ainda é insuficiente para explicar as complexas relações existentes entre as condições de saúde desses grupos e seus determinantes, por isso é de grande importância o estudo acerca desse tema. OBJETIVOS: Analisar as principais dificuldades no âmbito da saúde encontradas em assentamentos e/ou acampamentos do MST, e, identificar as estratégias desenvolvidas pelos trabalhadores para manter e/ou promover a saúde. DISCUSSÃO: De acordo com Carneiro (2007), as famílias que moram em bairros da cidade procuram mais vezes por atendimento se comparados aos assentamentos e acampamentos. Isso pode estar relacionado às maiores facilidades no acesso aos serviços de saúde para quem mora na cidade em comparação com os moradores do campo. Para a grande maioria das famílias da cidade, o Sistema Único de Saúde (SUS) vem atendendo suas necessidades, visto que são acompanhadas pelos agentes de saúde do Programa Saúde da Família (PSF). Em contrapartida, para a maior parte das famílias assentadas e das acampadas, o SUS não cumpre seu papel, devido ao menor acesso às políticas públicas, como a de saneamento, por exemplo. Além de enfrentar a baixa qualidade dos serviços, a população do campo considera-se discriminada e com muitas dificuldades para ser atendida na forma e nos horários disponíveis das áreas urbanas. Diante deste contexto, segundo Ricardo (2011), os trabalhadores rurais utilizam práticas curativas (uso de medicamentos sintéticos, “benzimentos” e remédios caseiros obtidos através de plantas e animais) como possível alternativa à dificuldade de acesso à assistência médica e medicamentos. Estas práticas curativas se 13 desenvolvem por meio de particulares concepções do processo saúde-doença-cuidado, o que deve ser levado em consideração pelos profissionais de saúde quando busca-se uma integração entre os saberes próprios dos usuários e aqueles oriundos da formação biomédica. Além disso, uma outra estratégia dos moradores de assentamentos seria a luta por saúde por meio da conscientização dos trabalhadores para a necessidade de se organizarem coletivamente e reivindicar do Estado a efetividade de uma política de saúde pública conforme determina a Constituição (Santos e Hennington; 2013). CONCLUSÃO: Pode-se perceber a presença de muitas dificuldades no que tange a saúde no campo. É em torno destas dificuldades que as comunidades desenvolvem sua própria concepção de saúde e refletem esta concepção em uma prática diária. Verifica-se ainda que, a criação de políticas públicas de acesso à saúde direcionada a essas comunidades faz-se necessária. Além disso, nota-se que a bibliografia disponível ainda é pouca, e mais estudos na área devem ser realizados. Palavras-chave: MST; Assentamento; Acampamento; Saúde no campo; Plantas medicinais. Referências: CARNEIRO, Fernando Ferreira. A Saúde no Campo: das políticas oficiais à experiência do MST e de famílias de “bóias frias” em Unaí, Minas Gerais, 2005. Universidade Federal de Minas Gerais – Escola de Veterinária, 2007. RICARDO, Letícia Mendes. O uso de plantas medicinais na medicina popular praticada em assentamentos do MST do estado do Rio de Janeiro: uma contribuição para o SUS. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, fevereiro de 2011. SANTOS, Júlio César Borges dos; HENNINGTON, Élida Azevedo. Aqui ninguém domina ninguém: sentidos do trabalho e produção de saúde para trabalhadores de assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Caderno Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 8, n. 9, p. 1595-1604, ago. 2013. SCOPINHO, Rosemeire Aparecida. Condições de vida e saúde do trabalhador em assentamento rural. Ciência & Saúde Coletiva, n. 15 (Supl. 1), p. 1575-1584, 2010. 14 APRESENTAÇÕES ORAL DE TRABALHO REGULAMENTAÇÃO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE EM CONTRASTE COM A INCIPIENTE ABORDAGEM DESSAS PRÁTICAS NO CURRÍCULO DE MEDICINA Gustavo Meirelles Ribeiro ([email protected]) Ana Carolina Lara Pimenta Figueiredo ([email protected]) Cristina Letícia Passos De Souza ([email protected]) Flávio Augusto Paes De Oliveira ([email protected]) Guilherme Neves De Azevedo ([email protected]) Julia Taira Sarti Penha ([email protected]) Maria Cecília Landim Nassif ([email protected]) Raíssa Eda De Resende ([email protected]) Thomás Mucida Dos Santos Lacerda Soares ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A crescente demanda por práticas complementares e integrativas de saúde no Brasil culminou na elaboração de uma Política Nacional pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que regulamenta a incorporação destas práticas no serviço médico. Concomitantemente, médicos e demais profissionais da saúde relatam carência de preparação adequada no que se refere à medicina complementar. OBJETIVO: Apontar a contradição existente entre o aumento da procura pelas Práticas Integrativas, bem como da necessidade de conhecimento e capacitação dos médicos, e a incipiente abordagem dessas práticas nas faculdades de Medicina. DISCUSSÃO: No Brasil, a legitimação de novas terapias de atenção à saúde se iniciou a partir da década de 80, principalmente após a criação do SUS. Este processo se baseou no posicionamento da Organização Mundial de Saúde (OMS) de incentivar seus Estados Membros a formularem e implementarem políticas públicas para uso racional e integrado da Medicina Complementar e Alternativa (MCA) nos sistemas nacionais de atenção à saúde, de forma suplementar às práticas medicinais tradicionais. Diversos eventos e documentos tiveram destaque na tentativa de se regulamentar a política terapêutica brasileira, mas a institucionalização das práticas como Política Nacional teve sua consolidação com a publicação da Portaria GM nº 971, em 03 de maio de 2006, que instituiu, no âmbito do SUS, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNIC). De acordo com o estudo realizado por Thiago SCS e Tesser CD (2010), expressiva parcela dos médicos da Estratégia de Saúde da Família são favoráveis à incorporação dessas práticas no SUS e defendem seu ensino de forma mais incisiva nas faculdades de medicina, o que viabilizaria a maior capacitação desses profissionais. Pode-se observar, por meio da análise de currículos de graduação em medicina, que, atualmente, a abordagem de PICs nas faculdades é ínfima. Direcionada para promover mudanças necessárias no campo acadêmico médico, estabeleceu-se a resolução Nº 3 do Ministério da Educação, de 20 de junho de 2014, (que possui a lei 8080/90 como orientação para seu desenvolvimento), a qual institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação de Medicina. Esta resolução afirma, em determinada altura de suas descrições, que é necessário o compartilhamento do processo terapêutico e negociação do tratamento com a possível inclusão das práticas populares de saúde, que podem ter sido testadas ou que não causem dano, descrevendo-se nessa sentença as PICs. Desta forma, observa-se que as diretrizes foram formuladas a fim de sanar 15 demandas da sociedade e do SUS. CONCLUSÃO: A crescente demanda por PICs requer maior capacitação dos médicos para que possam melhor instruir e atender seus pacientes. Uma das possíveis maneiras de prover conhecimento a respeito destas práticas seria uma sistemática abordagem na graduação em Medicina, com a inserção de matérias afins nas ementas e grades curriculares do curso. Palavras-chaves: educação médica, SUS, terapias alternativas. Referências: SIMONI, Carmen de; BENEVIDES, Iracema. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC SUS Trajetórias de avanços e desafios: Revista APS, v.10, n.1, p. 90-91, jan./jun. 2007. THIAGO, Sônia de Castro S and TESSER, Charles Dalcanale. Percepção de médicos e enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família sobre terapias complementares. Rev. Saúde Pública [online]. 2011, vol.45, n.2, pp. 249-257. Epub Jan 26, 2011. ISSN 0034-8910. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102011005000002. 16 APRESENTAÇÃO ORAL DE TRABALHO O MÉDICO E O ESTUDANTE DE MEDICINA FRENTE À MORTE Leonardo Santos Bordoni ([email protected]) Andrezza Resende Dias ([email protected]) Bruna Carvalho Oliveira ([email protected]) Izabela Fernandes Leonardi ([email protected]) Mariana Luchesi Faria de Melo Campos ([email protected]) Priscilla Delasalle Ribeiro ([email protected]) Stefânia Carolina Sousa Castanheira ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A morte é uma das problemáticas mais discutidas da condição humana, tendo demandado investigação para seu enquadramento ao longo da história do pensamento ocidental. Nesse contexto, inserem-se os estudantes de medicina e os médicos que confrontarão ou confrontam a morte cotidianamente e podem não estar aptos a lidar com o tabu relacionado a esse tema. OBJETIVO: Refletir e discutir sobre os fundamentos construídos no estudante de medicina e no profissional médico para enfrentar a temática da morte. DISCUSSÃO: A mudança do ambiente do morrer, que passou de domiciliar para o hospitalar, solitariamente rodeado por profissionais e equipamentos, potencializou o desejo utópico de imortalidade, de busca constante pela superação desse símbolo da finitude humana. Diante dessa situação, o médico assume cada vez mais o papel de protagonista onipotente para manter a vida do paciente a qualquer custo, decidindo tecnicamente o momento da morte e as circunstâncias do morrer. Nesse sentido, a racionalidade atribuída à graduação de medicina reforça tais condutas e faz o médico defrontar-se com a frustração, visto que a ocorrência da morte e de doenças letais é inevitável. Consequentemente, o distanciamento e a frieza tomam corpo, dada a repetição dessas experiências frustrantes. Quando se forma médico, o profissional pode não estar apto a lidar com tais situações e, diante disso, carregará consigo as pressões advindas do peso do sofrimento e da morte de seus pacientes, o que pode lhe gerar uma tensão emocional crônica. Sabe-se que uma porcentagem relevante dos médicos recém-formados apresenta dificuldades em noticiar seus pacientes sobre doenças terminais e atribui essa responsabilidade a psicólogos, religiosos ou outros profissionais. Além disso, existem divergências de opiniões entre os estudantes de medicina, os médicos recémformados e os médicos em atuação quanto à aceitação da morte como um processo natural e o fim de um ciclo. É notório o menor assentimento dos alunos, uma vez que não possuem tamanha convivência com pacientes no estado terminal. O contrário é observado na maioria dos médicos atuantes, que apresentam uma aceitação melhor quanto à temática e a tratam como algo intrínseco à vida. Essa concepção é importante, pois leva o profissional a reconhecer a morte como uma fase natural da sua existência e a aprender a conviver com ela. CONCLUSÃO: Portanto, o quadro analisado ressalta a ideia da necessidade de construção de formas para lidar com as situações de 17 morte, de maneira mais empírica. Isso deve ser buscado durante todo o curso, por meio de uma equipe especializada e pragmática, afinal, o preparo inadequado do médico gera consequências negativas para profissionais, pacientes e familiares. Palavras-chave: morte, consternação, tanatologia. Referências: 1.MARTA, Gustavo Nader. et al. O estudante de Medicina e o médico recém-formado frente à morte e ao morrer. Revista Brasileira de Educação Médica. São Paulo, v. 33, n. 3, p. 405-416, jan./mar. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010055022009000300011&script=sci_arttext>. Acesso em: 15 de maio de 2015. 2.BLASCO, Pablo González. O médico perante a morte. Revista Brasileira de Cuidados Paliativos. São Paulo, v. 2, n. 4, p. 7-12, 2009. Disponível em: <http://www.sobramfa.com.br/artigos/2009_dez_o_medico_perante_a_morte_rbcp.pdf.> Acesso em: 15 de maio de 2015. 18 APRESENTAÇÃO ORAL DE TRABALHO OS DETERMINANTES SOCIAIS NO PROCESSO DE SAÚDE E DOENÇA DA POPULAÇÃO NEGRA Adriana Maria de Figueiredo ([email protected]) Amanda Pontes Nader ([email protected]) Cecília Salazar Ulacia ([email protected]) Clarissa Leite Braga ([email protected]) Felipe Mazilão Fajardo Maranha ([email protected]) Fernanda Louzada Amaral Rocha ([email protected]) Mateus Jorge Nardelli ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A relação entre etnia e qualidade da saúde tem sido discutida atualmente, uma vez que a raça é uma das variáveis sociais que traz em si uma carga das construções históricas e culturais, representando um importante determinante da falta de equidade em saúde entre os grupos sociais do país. A população negra, embora seja a maioria no Brasil, sofre restrições no acesso a serviços de saúde e, estes, quando disponibilizados, são de pior qualidade e menor resolutividade. Analisando-se o contexto de iniquidades em saúde, em relação a população negra sugere-se a importância do conhecimento dos determinantes sociais na realização de intervenções e programas voltados para o combate às desigualdades em saúde. A prática dessas ações é um dos maiores desafios do Sistema Único de Saúde (SUS). OBJETIVO: Analisar a influência dos determinantes socioeconômicos e biológicos no processo de saúde e doença da população negra. DISCUSSÃO: O SUS é a atual forma de organização das atenções sanitárias no Brasil, principalmente no que tange à prevenção, tratamento e promoção da saúde. Assim, pelos seus princípios e diretrizes, a proposta do SUS seria estender o atendimento em saúde a todos os cidadãos com inclusão e qualidade. Contudo, é notório que a população negra brasileira não tem suas necessidades devidamente atendidas pelas políticas públicas propostas. Isso pode ser comprovado por dados do Censo de 2010, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 2006 (PNAD) e do relatório Saúde Brasil 2005: uma análise da situação da saúde, que elencam alguns condicionantes da situação sanitária desse segmento populacional. A alta taxa de analfabetismo e o baixo índice de adesão de pretos e pardos ao ensino superior compõem o que se pode chamar de fator educacional. Uma maior carência de saneamento básico na população negra é causa do fator saneamento básico e condições de moradia. A média salarial que é quase metade do rendimento de brancos, juntamente com a alta taxa de desemprego, reúnem-se no fator econômico. Esses, correlacionados com pré-disposições biológicas, são responsáveis por agrupar a população negra como grupo de risco para diversos agravos à saúde. Dessa forma, a carência de políticas específicas para doenças que afetam mais os negros e a renegação das condições socioeconômicas desses pacientes no processo de saúde foram em parte solucionados pela formalização da “Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: uma política para o SUS”. No entanto, as falhas persistem também na realização prática dessa cartilha publicada pelo Ministério da Saúde. Por último, tendo em vista a persistência do predominante modelo biologicista que foca numa medicina curativa e negligencia as disparidades das populações no processo de adoecimento, faz-se necessário uma humanização no contexto da saúde brasileira, sobretudo no que tange à população negra. CONCLUSÃO: Os 19 determinantes sociais possuem suma importância no processo saúde-doença da população negra, de modo que a promoção de saúde desse grupo étnico requer não somente uma reestruturação no modelo de atendimento, mas também uma reestruturação social, de modo a reduzir as diferenças socioeconômicas. Palavras-chaves: população negra, iniquidade na saúde, condições sociais. Referências: GOLDENBERG, P., MARSIGLIA, RMG e GOMES, MHA., orgs. O Clássico e o Novo: tendências, objetos e abordagens em ciências sociais e saúde [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2003. 444 p. ISBN 85-7541-025-3. Disponível em SciELO Books. CRIOLA. Participação e controle social para equidade em saúde da população negra. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em < http://www.criola.org.br/pdfs/publicaçoes/controle_social.pdf>>. Acesso em 25 Mai 2015. 20 APRESENTAÇÃO ORAL DE TRABALHO O ESTIGMA DA HANSENÍASE E AS DIVERSAS PRESPECTIVAS ACERCA DO ASSUNTO Leonardo Cançado Monteiro Savassi ([email protected]) Carolina Belfort Resende Fonseca ([email protected]) Edson Vander Ribeiro Junior ([email protected]) Fernanda Melazzo Nascimento Santos ([email protected]) Igor Carley Silva Justino ([email protected]) Inês Gonçalves Freitas ([email protected]) Marina Sammarco Eziliano ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A hanseníase, anteriormente denominada “lepra”, é uma enfermidade crônica e infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Apesar de possuir registros antigos de sua ocorrência, essa enfermidade foi descoberta em 1873 pelo cientista Hansen. A doença é curável e afeta primordialmente a pele, podendo atingir nervos periféricos e outros órgãos. A hanseníase é transmitida principalmente por meio das vias respiratórias superiores de pacientes multibacilares - com muitos bacilos - não tratados, sendo que o trato respiratório é também a mais provável via de entrada do M. leprae no corpo. OBJETIVO: Analisar as características gerais da hanseníase; abordar seus marcos fundamentais; relatar o histórico da doença, sua perspectiva social e seu estigma; apresentar a perspectiva do adoecido perante sua situação; esclarecer a importância da difusão do conhecimento da doença para o sucesso de seu tratamento e para a manutenção do doente inserido no meio social. DISCUSSÃO: A visão preconceituosa da sociedade perante a hanseníase predomina e se relaciona erroneamente nas incapacidades físicas visíveis do doente. Tal estigma está fortemente relacionado ao termo “lepra” e à visão da doença pela bíblia cristã a partir da tradução errônea do termo “tsaraath”, persistindo ao longo dos últimos milênios. Ao analisar a hanseníase na história e as mudanças da sociedade, afirma-se que essa visão denuncia o desconhecimento das formas de transmissão, da existência de um tratamento competente e até mesmo da possibilidade de cura. Ademais, como uma doença negligenciada e cercada por certo isolamento social, a hanseníase possibilita a síntese comoção particular e subjetiva nos acometidos por ela. Essas impressões variam de acordo com a realidade de cada doente, porém, predomina a percepção negativa acerca do assunto resultando em sua estigmatização. CONCLUSÃO: Ainda hoje o estigma da hanseníase está presente no meio social e, certamente, retarda o sucesso do tratamento ao influenciar de forma negativa a qualidade de vida do adoecido – tanto física quanto psicologicamente. A informação visando o maior conhecimento da população sobre as características principais da hanseníase seria um modo de evitar a marginalização do doente, ou seja, o isolamento social e dessa maneira influenciar de forma positiva a vida dos acometidos e o desenvolvimento cientifico acerca do assunto. Palavras-chaves: hanseníase, estigma, relações sociais. 21 REFERÊNCIAS: BAIALARDI, KS. O estigma da hanseníase: relato de experiência em grupo com pessoas portadoras. Hansen Int. 2007, 32(1): p. 27-36. DE CASTRO, SMS; WATANABE, HAW. Isolamento compulsório de portadores de hanseníase: memória de idosos. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.16, n.2, p.449-487, abr.-jun./2009. 22 APRESENTAÇÕES ORAIS – DISCIPLINA PRÁTICAS EM SERVIÇOS DE SAÚDE II APRESENTAÇÃO ORAL DE TRABALHO CONVERSANDO SOBRE CUIDADOS COM O CORPO: EXPERIÊNCIA COM ADOLESCENTES ESCOLARES EM SANTA RITA DE OURO PRETO Olívia Maria de Paula Alves Bezerra ([email protected]) Bianca Hellen Sousa Martins ([email protected]) Camila Eugênia Fonseca Passos ([email protected]) Carolina Bretas Araújo ([email protected]) Caroline Luchesi Pauletti ([email protected]) Gabriel Rodrigues Couto ([email protected]) Júlia Viegas Alves ([email protected]) Junio Cesar Costa ([email protected]) Maria Rita Alves Barbosa de Paiva ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA: O cuidado com o corpo na adolescência é importante, pois esta é uma fase de formação de identidade. Assim, a educação em saúde permite a promoção de um desenvolvimento responsável dos adolescentes quanto ao seu corpo e seus atos. Um aspecto da formação da identidade é a sexualidade, porém, em Santa Rita de Ouro Preto, a relação do adolescente com a pedra sabão também se mostra relevante, visto que esta é a principal matéria prima das atividades econômicas locais. Visando a promoção do cuidado com o corpo e o estreitamento da relação entre UBS e comunidade, elegemos a escola como locus privilegiado para intervenção. CENÁRIO: O distrito de Santa Rita de Ouro Preto, em Ouro Preto-MG, é conhecido por possuir grandes jazidas de pedra sabão. A manufatura dessa matéria prima é a principal atividade econômica local. Entretanto, essa atividade pode causar doenças respiratórias, preocupando o sistema de saúde. A Escola Estadual José Leandro foi escolhida para intervenção, pois nela estão matriculados alunos de todos os subdistritos e muitos destes são expostos à poeira da pedra sabão. A partir da demanda da coordenação pedagógica da escola e pensando no cuidado com o corpo, também foi abordado o tema sexualidade. DESENVOLVIMENTO: Houveram dois encontros com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio, um para a discussão das questões relacionadas à pedra sabão e outro à sexualidade, sempre pensando no cuidado com o corpo. Nestes, foi utilizada a filosofia fundamentada na educação conscientizadora/problematizadora, que respeita o conhecimento prévio do aluno e busca trazê-lo à discussão. No primeiro, foi feita uma exposição dialogada sobre pedra sabão e doenças relacionadas ao seu beneficiamento bem como foi destacada a importância econômica e cultural do distrito. Ao final da atividade, foi feito um quiz e apresentada uma peça anatômica de pulmão suíno para consolidação e concretização do conhecimento. O segundo encontro foi preparado de acordo com a demanda dos alunos a partir de perguntas depositadas em uma caixa colocada na 23 escola. Assim, buscou responder à maioria das questões e terminou com o esclarecimento de dúvidas remanescentes coletiva e individualmente. Ao final de cada encontro os estudantes e a coordenação da escola avaliaram por escrito a atividade, sendo convidados também a fazer críticas e sugestões. PRINCIPAIS RESULTADOS: Nos encontros foi observado postura de concentração e interesse dos estudantes, bem como conhecimento prévio e facilidade ao responder o quiz sobre pedra sabão. Nesse encontro houve receio em abordar o assunto e em discutir possíveis mudanças no manuseio da matéria prima, principalmente por aqueles que vivenciam a realidade. Na conversa sobre sexualidade, foram comuns dúvidas sobre AIDS, masturbação e uso de preservativo. Nas atividades, contamos com a participação de funcionários da escola e de agentes de saúde da UBS. Houve feedback positivo sobre as oficinas nas avaliações. CONCLUSÕES: Devido ao grande interesse dos alunos nas atividades, percebemos a importância da existência de espaços que abordem o cuidado com o corpo nas escolas, em parceria com o serviço de saúde. Palavras-chaves: Educação em saúde, pedra sabão, sexualidade, adolescência. Referências: BEZERRA, Olívia Maria P. A. et al. Talcose entre artesãos em pedra-sabão em uma localidade rural do Município de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, nov/dez. 2003. . Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v19n6/a19v19n6.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2015 SOUSA NETO, Ariel et al. Programa de educação pelo trabalho para a saúde nas escolas: oficina sobre sexualidade. Rev. bras. educ. med., Rio de Janeiro, v. 36, n. 1, supl. 1, p. 86-91, mar. 2012 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010055022012000200012&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 14 abr. 2015. 24 APRESENTACÃO ORAL DE TRABALHO AÇÕES EDUCATIVAS EM SAÚDE DIRECIONADAS AOS DIABÉTICOS COM BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO E SEUS FAMILIARES EM ANTÔNIO PEREIRA, DISTRITO DE OURO PRETO - MG Adriana Maria de Figueiredo ([email protected]) Frederico Starling Leão ([email protected]) Guilherme Augusto Sousa Batista ([email protected]) Livya Isabella Teles de Oliveira Lima ([email protected]) Mariana Campos Belo Moreira ([email protected]) Matheus Augusto de Araújo Baeta Vaz ([email protected]) Matteus Murta Lage ([email protected]) Mayra Fonseca Borges ([email protected]) Mona Rezende Ferreira Holanda ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA: O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica relacionada a altos níveis de glicemia associada a distúrbios metabólicos. Atualmente configurase como um problema de saúde pública, figurando entre as quatro principais causas de morte no país, sendo a principal causa de cegueira adquirida dentre outras comorbidades relacionadas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde a concordância entre ações do doente envolvendo a ingestão de medicação, o seguimento da dieta, as mudanças no estilo de vida e as recomendações de profissionais capacitados caracteriza a adesão ao tratamento, essencial para a prevenção de agravos da enfermidade. Identificou-se no distrito de Antônio Pereira, após a aplicação de um questionário, que das 112 pessoas com diabetes, 34 (25,76%) foram enquadradas, no que tange ao tratamento, em baixa adesão ou provável baixa adesão. Esse grupo foi o alvo da intervenção. CENÁRIO: A Unidade Básica de Saúde de Antônio Pereira conta com uma população distrital estimada em 4.508 habitantes (SIAB/OUT-2014) e segundo a equipe da Estratégia de Saúde da Família, soma-se a esse número cerca de 20% a mais de população flutuante. Com isso percebese uma sobrecarga da equipe e da Unidade Básica de Saúde o que inviabiliza atualização dos cadastros do HiperDia, bem como o acompanhamento minucioso de cada paciente diabético. Identifica-se a falta de recursos humanos e físicos para a promoção da educação em saúde dos diabéticos, método descrito na Carta de Ottawa como importante no processo de modificação dos determinantes da saúde do indivíduo em benefício à própria saúde. DESENVOLVIMENTO: O projeto consistiu da realização de três visitas domiciliares e de três encontros do grupo operativo, sendo que as duas frentes de trabalho ocorreram concomitantemente, abordando os mesmos temas. Os pacientes foram selecionados mediante sua categorização como provável baixa adesão ao tratamento. Os temas discutidos abordavam os aspectos fisiológicos da doença, o enfoque à dieta, mudanças nos hábitos de vida e a terapia farmacológica. PRINCIPAIS RESULTADOS: O objetivo do grupo era sensibilizar, por meio de estratégias de educação em saúde, os diabéticos 25 com baixa adesão ao tratamento acerca da importância deste envolvimento. Sobre isso as percepções obtidas pelos alunos foram repassadas à equipe de saúde e possíveis intervenções mediadas pelos profissionais foram discutidas. CONCLUSÃO: Ao término do projeto foram suscitadas discussões acerca de algumas barreiras ao cuidado integral, longitudinal e preventivo de certas enfermidades como o DM. Percebemos que há uma necessidade de um acompanhamento do diabético de maneira contínua e co-participativa que mescla elementos da própria vivência, do conhecimento construído e compartilhado socialmente, do paciente, incluem também recortes do discurso biomédico tornando o tratamento mais interessante ao indivíduo (Garro, 1995)¹. Outro fator dificultador são as relações de trabalho em saúde, sendo que a própria organização do sistema se saúde baseada no atendimento da livre demanda acaba sobrecarregando as equipes de saúde e engessando os processos de intervenção com base na promoção e prevenção. Palavras-chaves: diabetes mellitus, educação em saúde, visita domiciliar Referências BARSAGLINI, RA. As representações sociais e a experiência com o diabetes: um enfoque socioantropológico. Editora Fiocruz, 2011. [1] GUSMÃO JL, MION Jr. D. Adesão ao tratamento – conceitos. Rev. Bras Hipertens vol.13(1): 2325, 2006 26 APRESENTACÃO ORAL DE TRABALHO EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UMA ABORDAGEM SOBRE A SEXUALIDADE PARA OS ADOLESCENTES DA ESCOLA ESTADUAL DE OURO PRETO, MINAS GERAIS Bruno Francia Maia Athadeu ([email protected]) Débora de Oliveira Antunes Rocha ([email protected]) Erick Veiga Franco da Rosa ([email protected]) Isabella Pereira de Sousa ([email protected]) Letícia Coelho Teixeira ([email protected]) Oscar Campos Lisboa ([email protected]) Paulo Eduardo Lopes Ferreira ([email protected]) Renata Durães Vaz de Melo Barreto ([email protected]) Palmira de Fátima Bonolo ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Identificação do problema: A sexualidade na adolescência ainda é vinculada a tabus e preconceitos. Tais fatores somados à falta de informação adequada acerca do assunto – na escola e no ambiente familiar - tornam os jovens um grupo de alta vulnerabilidade à gravidez precoce e ao contágio por doenças sexualmente transmissíveis (CERQUEIRA-SANTOS, 2010). Diante disso, ações no plano da educação sexual na adolescência tornam-se importantes. Cenário: Os autores foram discentes do segundo período do curso de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto e estudantes do nono ano do ensino fundamental e terceiro ano do ensino médio. A ação em educação sexual foi realizada na Escola de Estadual de Ouro Preto e envolveu os alunos do nono e terceiro anos como público-alvo. Desenvolvimento: Diante de revisão de literatura e da análise situacional por meio de coleta de dúvidas dos estudantes, percebeu-se uma falha no conhecimento destes sobre assuntos relacionados à sexualidade, às transformações do corpo, às doenças sexualmente transmissíveis, à gravidez e aos métodos contraceptivos. A fim de amenizar esse déficit, foram realizados encontros que consistiram na explanação dos temas supracitados e das perguntadas levantadas além da execução de uma oficina sobre o uso do preservativo masculino. A utilização de dinâmicas interativas e de uma linguagem acessível foi implementada visando-se uma maior adesão dos jovens ao projeto. Ao fim deste, foi aplicado um questionário para se avaliar o conhecimento assimilado a partir do percentual de acertos. Além disso, os alunos também foram avaliados durante a oficina sobre o uso de preservativos por meio de um check-list contendo seis passos principais. A meta de acertos foi estabelecida como uma média igual ou superior a 70% com a finalidade de quantificar a efetividade do projeto. Principais resultados: As turmas do nono e terceiro ano obtiveram como média de acertos no questionário 80,3% e 85,3%, respectivamente. Já na oficina do preservativo, a turma do nono ano não apresentou aluno voluntário para repetir o uso do preservativo, enquanto que os voluntários do terceiro ano demonstraram boa fixação do conhecimento reproduzindo corretamente a maioria dos passos tendo como erro mais comum a retirada da camisinha após o uso. Conclusão: Diversas influências socioculturais fazem da sexualidade um tema abordado muitas vezes de forma superficial no ambiente escolar, o que pode ser revisto com intervenções que promovam a educação sexual. A partir da análise dos resultados, pode-se concluir que o projeto foi representativo devido ao percentual significativo de acertos. Ademais, é importante destacar a importância da educação 27 sexual promovida nas escolas voltada para a prevenção e proteção de adolescentes, familiarizandoos com os princípios da atenção primária à saúde, especialmente para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Palavras-chave: sexualidade, adolescência, educação em saúde. Referências: VIEGAS, Cláudia Mara de Almeida Rabelo; RABELO, Cesar Leandro de Almeida. Principais considerações sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIV, n. 94, nov. 2011. CERQUEIRA-SANTOS, Elder; PALUDO, Simone dos Santos; DEI SCHIRO, Eva Diniz Bensaja; KOLLER, Sílvia Helena. Gravidez na adolescência: análise contextual de risco e proteção. Psicol. estud. [online], 2010, vol. 15, n.1, pp. 72-85. 28 APRESENTACÃO ORAL DE TRABALHO UTILIZAÇÃO DA SALA DE ESPERA COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE, TENDO-SE COMO PRINCÍPIO FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO EM SAÚDE, NA UBS CAIC, DISTRITO DE CACHOEIRA DO CAMPO, OURO PRETO. Leonardo Cançado Monteiro Savassi ([email protected]) Eduardo Mesquita de Souza ([email protected]) Joyce Aparecida Resende Parreiras ([email protected]) Júlia de Carvalho Machado ([email protected]) Laís Martins de Abreu ([email protected]) Pedro Martins Correa ([email protected]) Suzy Mairy Pessoa Figueiredo ([email protected]) Tiago Medeiros Pravato ([email protected]) Yargos Rodrigues Menezes ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA: A política nacional de humanização do sistema único de saúde (PNH) - HumanizaSUS - tem como eixo norteador a dinâmica de melhoria da atenção básica a partir de diretrizes ético-estético-politicas, objetivando alcançar a qualificação da atenção e da gestão em saúde no SUS. Essa política transversal tem como fundamento maior, em seu eixo estético, estabelecer a construção da comunicação entre usuários do sistema e os profissionais da estratégia de saúde da família. Tem-se, portanto, que a execução deficitária dessas diretrizes tornase mecanismo propulsor para o comprometimento da promoção e prevenção da saúde. CENÁRIO: O projeto foi uma ação realizada na Unidade Básica de Saúde CAIC, em Cachoeira do Campo, no distrito de Ouro Preto. Após a realização do diagnóstico situacional, identificou-se que o eixo estético da unidade não estava em consonância com as propostas da PNH, visto que o principal local de execução do acolhimento e do exercício pratico de integração de informações – a sala de espera – apresentava técnicas de comunicação em saúde destoantes da proposta de atenção integral ao usuário. DESENVOLVIMENTO: Dessa forma, o projeto “Utilização da sala de espera como instrumento de educação em saúde”, tem a priori, o objetivo de tornar a sala de espera, por meio de técnicas em comunicação em saúde, como um local efetor, no qual a transmissão de informações colabore para que, ocorra a priorização do acolhimento da atenção, buscando maior resolubilidade na resposta às necessidades dos usuários. Para isso, o projeto objetivou tornar esse espaço subutilizado como mecanismo difusor das diretrizes da humanização, por meio de vídeos interativos, murais informativos e educativos. Dessa forma, utilizou-se técnicas oriundas da visão cognitivista da ciência da informação, afim de explorar na transmissão da informação três níveis de comunicação que, segundo Barthes (1990), são o nível informativo (se adequando de acordo com a realidade da população local); o nível simbólico, que corresponde ao nível da significação daquela informação para a população; e o nível da significância, que 29 corresponde à observação da razão analítica acerca da informação. RESULTADOS: O projeto teve como resultados mudanças estruturais como: novo layout do ambiente (visando transmitir informações mais acessíveis sobre a estrutura da unidade); reforma do cantinho das crianças; disponibilização de um vídeo informativo sobre os serviços da unidade e sobre determinadas doenças comuns ao local; além de instalar nos acentos da sala de espera suportes com poemas. CONCLUSÃO: Observou-se, a satisfação dos usuários da sala de espera quanto ao novo ambiente, visto que esse se mostrou mais acessível e confortável frente a estrutura anterior. Isso pode ser constatado tendo-se como ferramenta a avalição dos pacientes acerca das transformações feitas na unidade, a partir da aplicação de um questionário contendo oito questões de múltipla escolha, com trinta usuários do sistema, e na quantificação das respostas afirmativas. Palavras-chaves: sala de espera, humanização, comunicação em saúde. Referencias: Ministério da Saúde/Política Nacional de Humanização. Relatório Final da Oficina HumanizaSUS. Brasília: Ministério da Saúde; 2004. MORAES, Alice Ferry de. A diversidade cultural presente nos vídeos em saúde. Interface (Botucatu), Botucatu , v. 12, n. 27, p. 811-822, Dec. 2008 . 30 APRESENTAÇÃO ORAL DE TRABALHO QUALIFICANDO O CUIDADO: TROCA DE EXPERIÊNCIAS ENTRE ACADÊMICOS DE MEDICINA DA UFOP E AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE DA UBS ANTÔNIO DIAS SOBRE A SAÚDE E A VIDA DO IDOSO NO BRASIL CLARISSA RODRIGUES NARDELI ([email protected]) ANNA ELISA BORGES BARCELOS ([email protected]) ALICE SOARES TRINDADE ([email protected]) GIULIANA DIAS MACHADO ([email protected]) IZABELA WASHINGTON DE SOUZA PEREIRA ([email protected]) THAÍS DE MEIRA ALVES ([email protected]) JOANA GLÓRIA PIMENTA RESENDE ([email protected]) RAÍSA BECKER ([email protected]) LEONARDO CANÇADO MONTEIRO SAVASSI ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil Identificação do problema: O acelerado envelhecimento da população brasileira é um desafio enfrentado pelo sistema de saúde, vista a dificuldade de efetuar um atendimento integralizado e contínuo em meio às consultas individuais. No sistema de saúde vigente, os agentes comunitários de saúde (ACS) propiciam a comunicação entre a Unidade Básica de Saúde (UBS) e a comunidade, sendo fundamentais na promoção da saúde do idoso. Cenário: Na área de cobertura da UBS Antônio Dias, município de Ouro Preto, observou-se alta população de idosos. No decorrer do diagnóstico situacional, realizado durante a disciplina de Práticas em Serviços de Saúde II (PSSII), foi citada pelos seis ACS a dificuldade em lidar com idosos deprimidos. A partir deste cenário, elaborou-se um projeto de intervenção cujo objetivo foi aprimorar as habilidades técnicas dos ACS e potencializar suas ações na atenção ao idoso, enfatizando aqueles pacientes depressivos da UBS Antônio Dias. Desenvolvimento: Realizou-se revisão bibliográfica acerca do acolhimento e atendimento integral do idoso na atenção primária à saúde (APS), tomados como base teórica para a análise dos dados fornecidos pelos ACS. Sucederam-se três encontros na UBS entre ACS e acadêmicos de medicina da disciplina PSSII, os quais realizaram grupos de discussões, através da pedagogia crítica, com a aplicação de dois casos clínicos. Realizou-se anonimamente um pré e pós-teste, estruturados com sete questões objetivas e uma questão dissertativa, com conteúdo acerca da saúde do idoso e do papel dos ACS em seu cuidado. Os resultados foram processados e comparados. Fez-se lista de frequência a fim de observar a adesão dos ACS ao projeto. Disponibilizou-se termos de consentimento livre e esclarecido (TCLE) para os ACS. Resultados: Todos os ACS concordaram em participar do projeto e assinaram o TCLE. Ao longo dos três encontros observou–se a adesão de todos os participantes. Percebeu-se após a aplicação dos questionários que os ACS no pós-teste mudaram algumas posturas. Anteriormente, na recusa do idoso em receber sua visita eles iam embora, e no pós-teste a opção foi por tentar convencimento do idoso. Quanto à comunicação, anteriormente acreditavam que a linguagem não fazia tanta diferença e posteriormente afirmaram que buscar falar o mais claramente possível era o melhor. Quanto a conselhos alimentares, os ACS no questionário pós- teste assinalaram mais opções quanto aos tipos de aconselhamento que deviam fazer. Conclusões: Pôde-se identificar conhecimento prévio dos ACS no tratamento dos idosos da comunidade. Mesmo sentindo-se 31 limitados na tentativa de contribuir para a qualidade de vida dos idosos, na maioria das situações, às medidas tomadas por eles foram corretas. Outras condutas foram aperfeiçoadas visando uma abordagem eficiente do idoso. A metodologia da participação ativa é uma importante ferramenta na construção do conhecimento, pois a troca de experiências refletiu em mudanças de ponto de vista dos integrantes do grupo e dos ACS. Palavras-chaves: idoso, agente comunitário de saúde, saúde Referências: MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2008. GARCIA. M. A. A. et al. A atuação das equipes de saúde da família junto aos idosos. Revista APS, v.9, n.1, p. 4-14, jan. /jun. 2006. Disponível em: <http://www.ufjf.br/nates/files/2009/12/Atuacao.pdf> Acesso em 5 de Maio de 2015 Quebra de Página 32 APRESENTAÇÕES DE PÔSTER – DISCIPLINA EPIDEMIOLOGIA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE APRESENTAÇÃO DE PÔSTER PREVALÊNCIA DAS MORBIDADES POR CAPÍTULO DO CID-10 EM OURO PRETO, UMA ABORDAGEM DEMOGRÁFICA. Débora Cristina de Freitas Batista ([email protected]) Kelly Cordeiro ([email protected]) Leila Batista Pena ([email protected]) Maria Teresa Sol ([email protected]) Ruan Schott Wondollinger ([email protected]) George Luiz Lins Machado Coelho ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: As primeiras revisões da classificação do CID diziam respeito somente às causas de morte e a partir da Sexta Revisão, em 1948, suas finalidades se expandiram passando a incluir doenças não fatais e as morbidades. A quantificação da prevalência das morbidades em uma comunidade é essencial para a vigilância epidemiológica e controle de doenças e agravos, tanto transmissíveis quanto não transmissíveis. OBJETIVO: Quantificar as morbidades notificadas no município de Ouro Preto no período entre 2006 e 2013 e classificá-las quanto à sua prevalência nos meios urbano e rural e quanto aos capítulos do CID-10. MÉTODOS: Foram selecionadas as 3497 morbidades notificadas em Ouro Preto, presentes na base de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificações (SINAN) entre 2006 e 2013. Estas foram agrupadas segundo capítulos do CID-10 (I - Algumas doenças infecciosas e parasitárias; VI Doenças do sistema nervoso; X - Doenças do aparelho respiratório; XV - Gravidez, parto e puerpério; XVIII - Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte; XIX - Lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas externas; XX - Causas externas de morbidade e de mortalidade; XXI - Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde). Utilizando os programas Microsoft Office Excel 2007 e Epi Info 7 foram calculadas as frequências dos eventos e, a partir destas, o cálculo das prevalências, apresentadas em gráficos, de acordo com as áreas rural e urbana. RESULTADOS: A prevalência por 10.000 habitantes encontrada de acordo com os capítulos foi de 276,89 para o capítulo XX; 202,89 para o I; 6,54 para o XXI; 6,40 para o VI; 3,13 para o XIX e 1,70 para o conjunto dos capítulos X, XV e XVII, denominados como outros. Em relação à área, a prevalência dos agravos na região urbana foi de 610,00 por 10.000 habitantes, enquanto da região rural foi de 284,91 por 10.000 habitantes. CONCLUSÕES: A partir dos dados obtidos, observase que as maiores prevalências foram relacionadas aos capítulos I - Algumas doenças infecciosas e parasitárias e XX - Causas externas de morbidade e de mortalidade, como esperado diante da realidade epidemiológica brasileira. Além disso, houve maior prevalência dos agravos na área 33 urbana, podendo ser reflexo de um melhor sistema de notificações nesta região. Entendemos a importância da vigilância epidemiológica para um município, diante disso agradecemos à Secretaria de Saúde de Ouro Preto pela coleta e disponibilização dos dados utilizados neste presente estudo. Palavras-chaves: Cid-10, morbidade, epidemiologia. Referências: MINISTÉRIO DA SAÚDE. Sistema de informações Sobre Mortalidade do SUS (SIM/SUS). Disponível em: <http://www2.datasus.gov.br>. Acesso em 09 de Junho de 2015. SCHRAMM, Joyce Mendes de Andrade et al . Transição epidemiológica e o estudo de carga de doença no Brasil. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 9, n. 4, p. 897-908, Dec. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em 12 de Junho de 2015. 34 APRESENTAÇÃO DE PÔSTER MORTALIDADE ESPECÍFICA PARA IDADE E SEXO DE OURO PRETO George Luiz Lins Machado Coelho ([email protected]) Jaqueline S. Vieira ([email protected]) Jéssica L. Paula ([email protected]) Mariana S. Lopes ([email protected]) Renata C. Resende ([email protected]) Sarah V. Fialho ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A taxa de mortalidade é um importante parâmetro demográfico obtido pela relação entre o número de mortos de uma população e um determinado espaço de tempo, frequentemente representada como o número de óbitos por cada 10000 habitantes. Existem vários fatores epidemiológicos que podem influenciar a taxa de mortalidade, entre eles sexo, estado nutricional, doenças, condição física, social e econômica de cada habitante, fenômenos climatológicos, entre outros. A taxa de mortalidade é normalmente apresentada em gráficos ou tabelas com dados a respeito da mortalidade em relação a diferentes grupos etários, o que permite obter um quociente de mortalidade. Neste trabalho será abordada a taxa de mortalidade específica considerando a variável idade e sexo. OBJETIVO: Relacionar a mortalidade específica por idade e sexo no município de Ouro Preto no período de 2001-2014. MÉTODOS: Realizaram-se coletas de dados através do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) concedido pela Prefeitura de Ouro Preto do período de 2001-2014 ( entre 2001 e 2007, período 1; e entre 2008 e 2014, período 2) , sendo que os dados dos anos de 2002, 2006 e 2007 não estavam presentes no SIM. Os resultados foram processados com o programa Excel 2010 e EpiInfo formulando informações estatísticas sobre a taxa de mortalidade específica por sexo (Masculino e Feminino) e grupo etário ( < 1 ano, 1-4 anos, 5-9 anos, 10-14 anos, 15-19 anos, 20-29 anos, 30-39 anos, 40-49 anos, 50-59 anos, 60-69 anos, 70-79 anos e > ou = 80 anos) em um total de 4523 óbitos na cidade de Ouro Preto. RESULTADO: No primeiro período, foi encontrada uma taxa mortalidade específica para o sexo feminino de 395,489 e para o sexo masculino de 218,513. No segundo período, foi encontrada uma taxa de mortalidade específica para o sexo feminino de 395,489 e para o sexo masculino de 469,399. Quanto a taxa de mortalidade específica por idade, no período 1, foram encontrados os seguintes resultados: menor que 1 ano = 556; 1 a 4 anos = 36,5; 5 a 9 anos = 12,6; 10 a 14 anos = 8,9; 15 a 19 anos = 24,5; 20 a 29 anos = 43,8; 30 a 39 anos = 76,9; 40 a 49 anos = 146,1; de 50 a 59 anos = 365,4 ; 60 a 69 anos = 646,2; 70 a 79 anos = 1598,8; igual ou maior que 80 anos =3602,3. Já a taxa de mortalidade específica por idade, no período 2, foram encontrados os seguintes resultados: menor que 1 ano = 800; 1 a 4 anos = 42,9; 5 a 9 anos =19,6; 10 a 14 anos = 16,2; 15 a 19 anos= 78,5; 20 a 29 anos =92,7; 30 a 39 anos=167,3; 40 a 49 anos= 306,8; de 50 a 59 anos= 629,2; 60 a 69 anos = 1121,9; 70 a 79 anos =2532; igual ou maior a 80 anos = 6638,9 CONCLUSÃO: Em Ouro preto, na taxa de mortalidade 35 varia pouco entre os sexos. Quanto à faixa etária, a população, assim como no restante do país, está em processo de envelhecimento, com taxa de mortalidade maior em indivíduos de idade avançada. No entanto ainda necessita de intervenção buscando reduzir a mortalidade infantil. PALAVRAS-CHAVE: Mortalidade; Grupos Etários; Fatores Epidemiológicos REFERÊNCIAS: MINISTÉRIO DA SAÚDE. Sistema de informações Sobre Mortalidade do SUS (SIM/SUS). Disponível em: <http://www2.datasus.gov.br>. Acesso em 02 de Junho de 2015. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Informações sobre os municípios brasileiros. Disponível em : http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?lang=&codmun=314610&search=mina s-geraisouro-preto|infograficos:-dados-gerais-do-municipio. Acesso em 02 de junho de 2015. APOIO: Secretaria Municipal de saúde de Ouro Preto 36 APRESENTAÇÃO DE PÔSTER MORTALIDADE INFANTIL TARDIA NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO, MG George Luiz Lins Machado Coelho ([email protected]) Amanda Cristina Virgílio Alves ([email protected]) Henriq ue Martins Aranda Caldeira ([email protected]) Laura Rabelo Silva ([email protected]) Lucas Arantes Siqueira ([email protected]) Rúbia Santos Freitas ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: Mortalidade infantil tardia (MIT) é conceituada como a morte que ocorre entre 28 dias e 1 ano. Esta taxa é um dos indicadores mais sensíveis das condições de vida e saúde de uma população. Numa situação real é impossível reduzir a taxa de MIT a zero, pois algumas crianças nascem com doenças incompatíveis com a vida. Os outros casos de mortalidade são decorrentes de três fatores principais: (1) más condições socioeconômicas (prejuízo à nutrição, higiene e cuidados gerais, além de escolaridade materna), (2) falta de acesso a serviços de saúde infantil (imunização, puericultura, reidratação oral) e (3) falta ou má qualidade de acesso à assistência perinatal (pré-natal, parto e atenção neonatal). Devido à sua importância como indicador das condições de vida e saúde da população, faz-se necessária uma coleta de dados extensa e específica para que todos possam ser analisados. OBJETIVOS: Analisar o impacto das condições sociais familiares no índice de MIT no município de Ouro Preto, MG. METODOLOGIA: Avaliação de informações acerca da MIT no município de Ouro Preto, MG no período de 1999 a 2014 através dos dados contidos no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) disponíveis no DataSUS. Foram utilizadas variáveis para análise de comparação e frequência realizada por meio do programa EpiInfo, sendo estes parâmetros óbitos por ano e escolaridade da mãe. RESULTADOS: Baseados nas análises e nas reproduções em gráficos foram verificados 39 óbitos no período de 1999 a 2014, sendo que o ano de 2001 foi o que apresentou o maior número de mortes (6 no total). Durante este período, observou-se uma diminuição da MIT. Além disso, constatou-se que o fator escolaridade tem relação inversa com o número de óbitos. CONCLUSÃO: Infere-se que a escolaridade materna exerce impacto direto no número de óbitos, quanto maior a escolaridade, menor o número de mortes. Porém tal análise foi limitada devido à deficiência de algumas informações acerca desta variável no banco de dados analisado. Outra limitação da pesquisa foi a ausência de elementos referentes ao pré-natal, renda familiar e imunização do bebê que são determinantes para o estudo da MIT, dessa forma não se pôde concluir os motivos principais pelas quais essa taxa diminuiu durante o período analisado. Referências: 37 1. Manual de Instruções para o preenchimento da Declaração de Óbito / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise de Situação de Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 2. DataSUS. Disponível em: < http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=060701>. Acesso em 12 de junho de 2015. Palavras-chave: Mortalidade Infantil. Saúde Pública. Epidemiologia. 38 APRESENTAÇÃO DE PÔSTER MORTALIDADE PROPORCIONAL COMPARATIVA ENTRE ZONA RURAL E URBANA DE OURO PRETO NO PERÍODO DE 2009 A 2014 George Luiz Lins Machado Coelho ([email protected]) Augusto Almeida e Fonseca ([email protected]) Gabriela Cunha Arantes ([email protected]) Mateus Silva de Carvalho ([email protected]) Rachel Zarnowski ([email protected]) Yohanna Bastani de Mattos ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A mortalidade proporcional de um local representa o peso que determinado distrito ou bairro tem sobre a mortalidade total do município. Tais dados são úteis para a alocação e distribuição adequadas de recursos financeiros e profissionais totais do município em cada uma de suas regiões, segundo a demanda de cada uma, de forma a aperfeiçoar e dinamizar o serviço de saúde pública, segurança e outros serviços nas mesmas. Sendo assim, sua atualização é crucial para a aplicabilidade dos dados. OBJETIVOS: Determinar as taxas de mortalidade proporcionais em cada um dos distritos e/ou bairros de Ouro Preto entre 2009 e 2014, realizando um comparativo entre as áreas rurais e urbanas que acuse as diferenças geradas por essa variável nos índices de mortalidade. MÉTODOS: Foram selecionados e agrupados os números relativos às mortalidades dos bairros e distritos do município de Ouro Preto a partir das informações presentes na base de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do SUS (SIM-SUS) entre os anos de 2009 a 2014. A partir de tais dados, foi feita a proporção de mortes (%) por bairro ou distrito / mortalidade total do município de Ouro Preto. Feito isso, utilizou-se o software Epi Info™ 7 e o programa Microsoft Excel para a interpretação, organização e posterior análise das informações coletadas e construção de gráficos explicativos. RESULTADOS: Na área urbana, os bairros que mais contribuíram para a mortalidade foram: Alto da Cruz (6,3%); São Cristóvão (5,35%); Cabeças (4,9%); Morro Santana (4,9%) e Antônio Dias (4,7%). Já entre os distritos, considerados aqui como a zona rural do município, os locais com maiores valores foram os seguintes: Cachoeira do Campo (11,2%); Santa Rita (4,5%); Amarantina (4,2%); Antônio Pereira (3,9%) e Santo Antônio do Leite (2,3%). Finalmente, as taxas de mortalidade proporcional por área mostram que as localidades urbanas representaram 56,33% das mortes totais e as rurais contribuiram com 38,28% das mesmas, e ainda, que outras 52 localidades (agrupam-se aqui áreas rurais e urbanas com números ínfimos para serem considerados) totalizaram 7,77%. CONCLUSÃO: Os dados proporcionais apontam para uma maior recorrência de mortalidade nas áreas urbanas de Ouro Preto, apesar da maior taxa individual pertencer a uma localidade rural, o distrito de Cachoeira do Campo. Tal fato pode ser oriundo de diversas taxas sociais que afetam essa variável, como por exemplo a maior violência nas áreas urbanas, o estresse gerado pela vida nas mesmas, entre outros, ainda que o acesso aos serviços de saúde e a conscientização popular sobre o tema sejam tradicionalmente maiores nessas áreas que nas áreas rurais. Palavras chave: mortalidade, epidemiologia, saúde pública. 39 Referências: BÓS A. J.G., EpiInfo Sem Mistérios: Um Manual Prático, EDIPUCRS, 2004. Disponível em: <ebooks.pucrs.br/edipucrs/epiinfo.pdf>. Acesso em 12 de Junho de 2015. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Sistema de informações Sobre Mortalidade do SUS (SIM/SUS). Disponível em: <http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php>. Acesso entre 9 e 15 de Junho de 2015. Apoio: Secretaria Municipal de Saúde de Ouro Preto 40 APRESENTAÇÃO DE PÔSTER RELAÇÃO ENTRE PESO E SEXO DOS INDIVÍDUOS NOS ÓBITOS PERINATAIS E NEONATAIS George Luiz Lins Machado Coelho ([email protected]) Bárbara Rodrigues Toneli ([email protected]) Bernardo Santos Corrêa ([email protected]) Frederico Starling Leão ([email protected]) Mariana Campos Belo Moreira ([email protected]) Pedro Calazans Rabelo ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A epidemiologia aplicada nos serviços de saúde constitui um dos pilares do desenvolvimento de políticas de saúde pública. Por meio da coleta e análise de dados provenientes de determinada população pode-se identificar fatores sociais e biológicos que influenciam no processo de adoecimento dos indivíduos e quais as estratégias mais eficientes na promoção da saúde em caráter integral, universal e igualitário previstos pelas diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). OBJETIVOS: O estudo em questão objetiva comprovar, por meio de análises estatísticas, a influência do peso e do sexo dos indivíduos nos óbitos perinatais e neonatais no município de Ouro Preto (MG), documentados entre 2008 e 2013 pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). METODOLOGIA: A metodologia utilizada nesse trabalho foi a comparação de dados estatísticos no intuito de analisar a influência das variáveis peso e sexo no número de óbitos perinatais e neonatais. A relação e a análise das variáveis foram feitas através dos dados disponibilizados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do DataSus, utilizando- se o programa Epi Info 7, “destinado ao uso por profissionais de saúde que conduzem investigações de epidemias, administração de bancos de dados para vigilância de saúde pública e outras tarefas. É também banco de dados para uso geral e aplicações estatísticas” (Bós, 2012). RESULTADOS: O número de óbitos perinatais e neonatais observados entre 2008 e 2013 foi maior na faixa de peso menor do que 2500g, considerado peso limítrofe de risco. Também foi observado que o número de óbitos entre os indivíduos do sexo masculino foi maior em relação ao número de óbitos perinatais e neonatais do sexo feminino. CONCLUSÃO: O baixo peso contribui para maior incidência de óbitos perinatais e neonatais, já que essa variável se relaciona ao desenvolvimento de síndromes que diminuem a sobrevida dos indivíduos, como a síndrome do desconforto respiratório (ALMEIDA et al., 2008). Em relação ao sexo, o fator protetor do sexo feminino é atribuído ao amadurecimento mais rápido do pulmão e, consequentemente, a menores complicações respiratórias (RIBEIRO et al., 2009). As diferenças de mortalidade encontradas entre as variáveis comparadas apontam para a necessidade de identificação e aplicação de políticas de saúde que ampliem os cuidados gestacionais. 41 Palavras chave: mortalidade, perinatal, neonatal Referências: BÓS A. J.G., EpiInfo Sem Mistérios: Um Manual Prático. EDIPUCRS, 2004. Disponível em: <ebooks.pucrs.br/edipucrs/epiinfo.pdf>. Acesso em 12 de junho de 2015. RIBEIRO A. M., Fatores de Risco para Mortalidade Neonatal em Crianças com Baixo Peso ao Nascer. Rev. Saúde Pública vol.43 no.2 São Paulo Apr. 2009 Epub Feb 13, 2009. Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS. Informações de Saúde- Estatísticas VitaisMortalidade e Nascidos Vivos: nascidos vivos desde 1994. http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sinasc/cnv/nvuf.def. Acesso em 16 de junho de 2015 Apoio: Secretaria Municipal de Saúde de Ouro Preto. 42 APRESENTAÇÃO DE PÔSTER DIAGRAMA DE CONTROLE DE DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS: ANÁLISE DE CASOS DE VARICELA NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO ENTRE OS ANOS DE 2006 A 2013 Denise Xavier ([email protected]) Evanilde Santos ([email protected]) Mirelly Cota Quites ([email protected]) Natália Pimenta ([email protected]) Tatiane Nicolela Prata Costa ([email protected]) George Luiz Lins Machado ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INDRODUÇÃO: Doenças infectocontagiosas são doenças infecciosas em que o agente patogênico é transmitido diretamente, sem necessidade de um veículo ou vetor. A infecção ocorre através do toque, beijo, relação sexual, pela disseminação de gotículas ao tossir ou espirrar ou infecção transplacentária. Em Ouro Preto, Minas Gerais, cidade com população estimada em 2014 de aproximadamente 73.700 habitantes, no período de 2006 a 2012 obteve-se 168 óbitos por doenças infectocontagiosas, o que evidencia a importância do estudo sobre essas doenças. Segundo dados da DataSus, umas das doenças infectocontagiosas mais notificadas no período de 2006 a 2013 foi a varicela. Esta doença cursa com o surgimento de exantema de aspecto maculopapular e distribuição predominantemente na face e tronco, que, após algumas horas, torna-se vesicular, evolui rapidamente para pústulas e, posteriormente, forma crostas – de 3 a 4 dias. Pode ocorrer febre moderada e prurido (coceira), é frequente. Em crianças, geralmente, é uma doença benigna e autolimitada. Em adolescentes e adultos, o quadro clínico é mais grave e sujeita a complicações, como pneumonia. Se uma gestante adquirir varicela, existe um risco de lesão fetal grave. Nesse sentido, métodos epidemiológicos, como o diagrama de controle, auxiliam na vigilância epidemiológica, prevenção e controle de surtos/ epidemias. OBJETIVO: Demonstrar a aplicabilidade e a importância de um diagrama de controle na identificação e prevenção de surtos/epidemias de doenças contagiosas. METODOLOGIA:. Utilizando dados SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) referentes ao período de 2006 a 2013, fornecidos pelo Município de Ouro Preto, fez-se a análise dos dados por meio do Excel 2010 e o EpiInfo. Foi utilizado também as informações do CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) para a classificações das doenças e agravos. RESULTADOS: Conforme observado na análise do Diagrama de Controle, verificou-se que no município de Ouro Preto os maiores números de casos foram registrados nos meses de setembro no período de 2008 e 2011. CONCLUSÃO:. A varicela é uma doença viral de caráter sazonal, com maior número de casos no final do inverno e início da primavera, porém pode ocorrer durante todo o ano (Inverno: De 21 de junho a 23 de setembro. Primavera: De 23 de setembro a 21 de dezembro). Os dados da literatura batem com o observado no município de Ouro Preto no período de setembro, sendo o ano de maiores notificações 2008 e 2011.O diagrama de controle é um método quantitativo para diferenciar epidemia de endemia, que 43 consiste na representação gráfica da distribuição da média mensal e desvio-padrão dos valores da frequência (incidência ou casos) observada, em um período de tempo. Muito usado na vigilância de doenças transmissíveis agudas e as de caráter sazonal. É essencial a detecção precoce de epidemias/surtos para a adoção de medidas de controle que visam a diminuição de casos e óbitos, além da prevenção de novos episódios. Palavras chave: Diagrama de Controle, Varicela, Ouro Preto REFERÊNCIAS 1. www.datasus.govss.br/cid10 2. www2.datasus.gov.ta/datasus 44 APRESENTAÇÃO DE PÔSTER MORTALIDADE POR CAUSA BASE NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO - MG George Luiz Lins Machado Coelho ([email protected]) Aline Souza de Oliveira ([email protected]) Allana Silva Mamédio ([email protected]) Arthur Corradi Lavarini ([email protected]) Manainy Avezani Miranda Carrilho ([email protected]) Thiago Guimarães Teixeira ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região em um período de tempo. A taxa de mortalidade específica por causas selecionadas (Coeficiente de mortalidade específica por causas selecionadas) é o número de óbitos pela causa específica, expresso por 100 mil habitantes, ocorridos em determinado local e período. Estima o risco de uma pessoa morrer pela causa selecionada, usada para subsidiar processos de planejamento, gestão e avaliação de políticas de saúde tendentes a reduzir o número de óbitos por grupos específicos e selecionados de causas e, ainda, ordenar as causas de óbito por sua frequência. A taxa apresenta certas limitações já que as bases de dados sobre mortalidade ainda apresentam expressivas variações de cobertura, entre as Unidades da Federação, gerando sub enumeração de óbitos. Além de ocorrer o preenchimento incorreto da "causa da morte”, no atestado médico do óbito, o que resulta em estatísticas também incorretas, que exigem cautela na utilização. OBJETIVOS: Estimar a taxa de mortalidade proporcional por causa da população do município de Ouro Preto, Minas Gerais, no período de 1999 a 2014, baseando na classificação em capítulos do CID-10 e fornecer dados à Secretaria de Saúde Municipal de Ouro Preto para capacitar projetos de planejamento, gestão e avaliação de políticas de saúde visando redução o numero de óbitos por causa especifica. MÉTODOS: Pesquisa no banco de dados SIM, fornecido pela secretaria municipal de saúde (SMS) de Ouro Preto, Minas Gerais, com dados classificados e organizados por causa especifica (CID10) e obtenção de população total por meio do DATASUS. Análise estatística dos dados utilizando o software Epiinfo. RESULTADOS: As análises do período de 1999-2014 demonstraram que a mortalidade específica por capítulos do CID-10 com maior prevalência foram por doenças do aparelho circulatório (Cap. IX), seguidas de neoplasias (Cap. II) e sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte (Cap. XVIII), respectivamente. No primeiro período analisado (1999-2006), os capítulos prevalentes foram IX, II e X (Doenças do aparelho respiratório), respectivamente. Já no segundo período analisado (2007-2014), os capítulos prevalentes foram IX, II e XVIII, respectivamente. CONCLUSÕES: A partir da análise feita da mortalidade específica por capítulos em um período único (1999-2014) e separadamente em dois períodos (1999-2006 e 20072014) foi possível concluir que as doenças do aparelho circulatório permanecem como principal problema de saúde pública, acarretando em alta taxa de mortalidade. Além disso, as neoplasias ocuparam o segundo lugar nos dois períodos analisados. Já em relação à terceira causa mais prevalente de mortalidade, observou-se que as doenças respiratórias predominavam no primeiro 45 período, mas no segundo período o lugar foi ocupado pelos sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte. Dessa forma, são necessários planejamento, gestão e avaliação de políticas públicas de saúde principalmente para as doenças circulatórias e neoplasias que prevalecem em ambos os períodos. Vale ressaltar também, a importância na melhoria das atenções primária, secundária e terciária para que a mortalidade por todas as causas tenha redução significativa. Palavras chave: mortalidade, classificação, epidemiologia Referências 1. DATASUS - Ministério da Saúde - Secretaria Executiva. Disponível em: http://www.datasus.gov.br 2. Mortalidade por Capítulos CID-10. Disponível em: http://www.saude.sc.gov.br/cgi/sim/dydescr2.htm 46 APRESENTAÇÃO DE PÔSTER CURVA DE MORTALIDADE PROPORCIONAL E ÍNDICE DE GUEDES NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO, 2008 - 2014 George Luiz Lins Machado-Coelho ([email protected]) Frederico Prado Abreu ([email protected]) Lucas Rocha Delatorre ([email protected]) Poliana Elisa Assunção ([email protected]) Victor Hugo CarvalhoFoureaux([email protected]) Wagney Mendes Leal ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina . Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil INTRODUÇÃO: Em 1959, Nelson Moraes, estudando a mortalidade proporcional para idades: menores de 1 ano, 1 a 4, 5 a 19, 20 a 49 e 50 anos e mais, propôs um novo indicador, a Curva de Mortalidade Proporcional (CMP), como uma alternativa ao índice de Swaroop e Uemura, que considera unicamente a faixa de etária de 50 anos ou mais. O formato da CMP é um indicador do nível sanitário de uma região, podendo assumir quatro formas: de N invertido, L (ou J invertido), V (ou U) e J. Estas formas correspondem, respectivamente, a condições de vida e saúde muito baixas, baixas, regulares ou elevadas.Por se tratar de uma representação gráfica,a CMP não possibilita a percepção de diferenças sutis ocorridas em curtos períodos de tempo ou quando se compara trabalhos com gráficos em escalas diferentes. Procurando eliminar estas desvantagens, Guedes e Guedes propuseram, em 1973, uma quantificação numérica do indicador, atribuindo pesos para cada ponto da curva de acordo com a vulnerabilidade ao óbito de cada faixa etária. Pontos positivos foram atribuídos para a proporção de mortes nas idades acima de 50 anos, já que seu aumento revela melhoria de saúde e pontos negativos para a proporção de mortes nas idades abaixo de 50 anos, já que seu aumento revela piora do nível de saúde. O valor obtido, denominado Indicador Quantitativo da Mortalidade Proporcional, ou Índice de Guedes (IG) varia de 40 pontos negativos a um máximo de 50 pontos positivos. OBJETIVOS: Calcular o IG para cada ano no período de 2008 a 2014 no município de Ouro Preto, Minas Gerais, e comparar através da Curva de Mortalidade Proporcional o nível sanitário nos anos de 2008 e 2014. MÉTODOS: Para o cálculo do IG foi atribuído um peso para a mortalidade proporcional de cada grupo etário em cada ano do período 2008 a 2014, da forma que se segue: menores de 1 ano, peso -4, 1 a 4 anos, peso -2, 5 a 19 anos, peso -1, 20 a 49 anos, peso -3 e 50 anos ou mais, peso +5. O somatório da multiplicação entre a mortalidade no grupo e o peso, dividido por 10, representa o IG naquele ano. Para a confecção da curva de mortalidade proporcional, os mesmos grupos etários foram representados como cinco pontos no eixo das abscissas de um gráfico cartesiano, sendo a percentagem de óbitos representada no eixo das ordenadas. RESULTADOS: Dentre os anos do período analisado, o que obteve o menor IG foi 2008, com +26,975, o ano de maior IG foi 2012, com +32,609. As CMP para os anos de 2008 e 2014 mostraram-se semelhantes, ambas com o formato de J, compatível 47 com elevado nível de saúde. A média do IG no período estudado foi +30.463. CONCLUSÕES: O uso do IG como quantificador numérico da Curva de Mortalidade Proporcional permite melhor interpretação das mudanças ocorridas numa mesma localidade, bem como o acompanhamento da evolução do nível de saúde ao longo do tempo. No município de Ouro Preto, em todos os anos do período analisado o IG estava acima de +26, valor compatível com um nível de saúde alto e uma CMP em forma de J. Observou-se um aumento do IG nos anos de 2008 a 2012, com pico em 2012, permanecendo estável nos anos de 2013 e 2014. Palavras-chave: estatísticas de mortalidade, indicadores de saúde, epidemiologia REFERÊNCIAS: DA SILVA GUEDES, José; DA SILVA GUEDES, Marilda Lauretti. Quantificação do indicador de Nelson de Moraes (curva de mortalidade proporcional). Revista de Saúde Pública, v. 40, n. 6, p. 951-961, 2006. YUNES, João; RONCHEZEL, Vera Shirley Carvalho. Evolução da mortalidade geral, infantil e proporcional no Brasil. Rev. Saúde públ, p. 3-48, 1974. 48 APRESENTAÇÕES DE PÔSTERES – DISCIPLINA MODELOS EXPLICATIVOS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA APRESENTAÇÃO DE PÔSTER ANÁLISE DOS DETERMINANTES SOCIAIS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA ASSOCIADOS À QUALIDADE DE VIDA DO ESTUDANTE DE MEDICINA Arthur Vieira Piau¹ Bruno Jhônatan Costa Lima¹ Hallan Reis Trindade¹ Hertz Bezerra Alves¹ Profª Drª Olívia Maria de Paula Alves Bezerra² INTRODUÇÃO: A exposição dos acadêmicos de medicina a uma carga horária saturada, a um tempo reduzido de entretenimento, relações grupais conflituosas e períodos de descanso abaixo da média indicada são causas importantes da deturpação da qualidade de vida (QV) dos alunos das escolas de medicina no Brasil e no mundo. A redução da QV, por sua vez, pode estar enquadrada na pré-patogênese de afecções psicológicas e físicas. OBJETIVO: Descrever o impacto da qualidade de vida no âmbito da determinação biopsicossocial do adoecimento enquadrado na situação de vida do acadêmico de medicina. METODOLOGIA: Revisão não sistemática da literatura científica por meio do uso dos descritores “qualidade de vida” e “estudante de medicina” na Scielo. DISCUSSÃO: A observância dos estudos dos determinantes sociais, psicológicos e biológicos de tal processo é de foco fundamental na compreensão dos determinantes da QV do estudante de medicina. O uso do protocolo Whool-bref da Organização Mundial da Saúde explicita bem nos estudos a baixa QV, e as estratégias elencadas não colaboram para a melhora do quadro. Embora haja planos que visem desafogar as pressões inerentes ao curso, é evidenciado por uma série de estudos sua ineficácia e a progressiva deterioração da QV O impacto destas estratégias e serviços, entretanto, necessita ser esclarecido e discutido, e incrementado em suas extensões e desambiguações. CONCLUSÃO: A exposição ao sofrimento humano, à morte, e ao desconhecimento de determinados temas, bem como outras situações difíceis, colaboram para que o estudante se desestabilize em âmbito de sua saúde. Assim, observa-se que os determinantes sociais pré-patogênicos envolvem os estudantes nas suas mais amplas esferas, contribuindo de maneira considerável para o adoecimento. Dessa forma, as instituições de ensino, em associação as imposições sociais vigentes, possuem uma corresponsabilidade no processo de desenvolvimento saúde-doença em que os próprios acadêmicos estão envolvidos. REFERÊNCIAS: FLECK, Marcelo PA et al. Aplicação da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100). Rev saúde pública, v. 33, n. 2, p. 198-205, 1999. ALVES, João GB et al. Qualidade de vida em estudantes de Medicina no início e final do curso: avaliação pelo Whoqol-bref. Rev Bras Educ Med, v. 34, n. 1, p. 91-6, 2010. 49 ZONTA, Ronaldo; ROBLES, Ana Carolina Couto; GROSSEMAN, Suely. Estratégias de enfrentamento do estresse desenvolvidas por estudantes de medicina da Universidade Federal de Santa Catarina. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 30, n. 3, p. 147-153, 2006. CARDOSO, Hígor Chagas et al. Avaliação da qualidade do sono em estudantes de medicina. Rev Bras Educ Med, v. 33, n. 3, p. 349-55, 2009. DE SOUSA FURTADO, Eliane; DE OLIVEIRA FALCONE, Eliane Mary; CLARK, Cynthia. Avaliação do estresse e das habilidades sociais na experiência acadêmica de estudantes de medicina de uma universidade do Rio de Janeiro. Interação em Psicologia (Qualis/CAPES: A2), v. 7, n. 2, 2003. FIEDLER, Patrícia Tempski. Avaliação da qualidade de vida do estudante de medicina e da influência exercida pela formação acadêmica. 2008. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. ¹ Discente do 4º período, Escola de Medicina, Universidade Federal de Ouro Preto ² Docente do Setor de Saúde Coletiva da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto 50 APRESENTAÇÃO DE PÔSTER ESQUISTOSSOMOSE ENDÊMICA EM MINAS GERAIS: DESAFIOS E DESCOBERTAS FRENTE À GEOGRAFIA MÉDICA Orientadora: Olívia Maria de Paula Alves Bezerra ([email protected]) Juliana Souza Amorim ([email protected]) Luiz Eduardo de Freitas Xavier ([email protected]) Marina Dias Gomes Bar Infante ([email protected]) Paula Figueiredo Oliveira ([email protected]) Paula Ohana ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A esquistossomose foi elencada pela Organização Mundial da Saúde como uma doença parasitária endêmica em mais de 70 países, sendo considerada a segunda parasitose mais devastadora socioeconomicamente, de acordo com dados publicados pela FIOCRUZ (2012). O estado de Minas Gerais foi classificado, juntamente com o Nordeste brasileiro, como uma região de foco endêmico da doença no Brasil, direcionando uma série de pesquisas epidemiológicas com intuito de compreender os fatores que condicionam a manutenção dessa endemia no território brasileiro. Dentre esses, a análise dos fatores socioambientais relacionados à endemia da esquistossomose mostra-se importante parâmetro de estudo da doença no Brasil e no mundo. OBJETIVOS: Compreender a correlação da elevada incidência da esquistossomose em Minas Gerais com fatores socioambientais das regiões estudadas. DESENVOLVIMENTO: Conforme relatos da literatura, a esquistossomose está intrinsecamente relacionada ao ambiente, às condições sanitárias e de educação em saúde, bem como ao desenvolvimento socioeconômico de determinada região. Uma pesquisa publicada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais apontou que o grau de desenvolvimento socioeconômico desfavorável, aliado a fatores como microclima e topografia específicos, apresentou relação direta com a maior incidência de esquistossomose em cinco regiões de Minas Gerais, em relação às regiões vizinhas. Isto é, fatores ambientais como a vegetação, umidade, temperatura e topografia locais foram determinantes para a maior incidência dessa doença. Assim como foi comprovada que as regiões mineiras de maior incidência de esquistossomose também apresentavam a população com menor poder aquisitivo e grau de escolaridade, confirmando a perspectiva da prevalência dessa parasitose em regiões com menor grau de desenvolvimento. CONCLUSÃO: Dados da literatura disponível sobre a incidência e prevalência de esquistossomose têm sido confirmados em estudos epidemiológicos brasileiros, que correlacionaram regiões de menor desenvolvimento socioeconômico e fatores ambientais específicos. Esses resultados são determinantes para o norteamento das políticas de saúde coletiva e programas de combate a parasitoses no país, apontando para a necessidade de se compreender o ambiente como fator determinante na resolução do processo saúde-doença. PALAVRAS-CHAVE: Esquistossomose, processo saúde-doença e geografia médica. 51 REFERÊNCIAS: MARTINS, F. Toledo. Mapeamento do risco da esquistossomose o estado de Minas Gerais, usando dados ambientais e sociais. São José dos Campos, 2009. Instituto Oswaldo Cruz, Matéria: Saiba mais sobre a esquistossomose; disponível em: http://www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=envia_materia&sid=32&infoid=1493. Acesso: 06 de junho de 2015. 52 APRESENTAÇÃO DE PÔSTER A GEOGRAFIA DA FOME E O MANGUEBEAT Olivia Maria de Paula Alves Bezerra ([email protected]) Bruno Roberto Freiria ([email protected]) Graciela Larissa Amaral Rievers ([email protected]) Melissa Maia Bittencourt ([email protected]) Thayanne Cotta Almeida ([email protected] Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: O pensamento e as teorias científicas, elaboradas e desenvolvidas pelo influente médico, nutricionista, professor, geógrafo, cientista social, político, escritor e ativista brasileiro Josué de Castro, continuam atuais. Provavelmente, deve-se a uma rara conjugação de fatores a permanência da obra de Josué de Castro entre as mais significativas contribuições para a compreensão do fenômeno da fome, suas causas e consequências, objetos principais e centrais de todo o seu trabalho. Aliar esses ideais de Josué de Castro aos de Chico Science, cantor e compositor brasileiro, é levantar os questionamentos de ambos quanto à miséria e ao descaso sofrido no Nordeste. Com a obra A Geografia da Fome, Josué de Castro denuncia as desgraças sociais do Recife. E Chico Science, faz o mesmo com o movimento Manguebeat, que representa o movimento musical e cultural que objetivou abordar as más condições sociais da população e o “resgate” das tradições culturais que estavam esquecidas. OBJETIVOS: Relacionar obras de caráter denunciador da realidade das condições de vida da população, como no livro Geografia da Fome e do movimento Manguebeat, destacando a atenção ao entendimento dos determinantes dessas mazelas. METODOLOGIA: Foram realizadas consultas em artigos relacionados à temática fome e determinantes de desigualdades sociais, em fontes como Pubmed e Scielo, referências como Livro Geografia da Fome, e documentários como o “Documentário do Nordeste” e “Josué de Castro-Cidadão do Mundo”. RESULTADOS: O estudo da fome, primeiramente denunciada por Josué de Castro, retratou que este fenômeno envolve fatores históricos como imperialismo econômico e comércio internacional, com prioridade exclusiva na produção, distribuição e consumo de produtos alimentares com fins meramente econômicos, em detrimento de interesses na saúde pública. Esse fator histórico se torna ainda mais proeminente no Nordeste, fundamentando em Pernambuco (1990), a criação do movimento MangueBeat (“batida do mangue”), que dentre os principais colaboradores estão Chico Science que inspirados por Josué de Castro, objetivavam através da música contestar o descaso sofrido pela cultura local, a desigualdade entre as pessoas e também sobre o abandono do mangue no estado. Dessa forma, objetivava incluir jovens em projetos culturais, permitindo a essas pessoas visibilidade por seu próprio protagonismo. Esse movimento, associado ao “ciclo do caranguejo”, descrito por Josué de Castro, mostra a vida de pessoas que buscam no mangue sua sobrevivência, estabelecendo um paradoxo no qual são submetidas a condições de descaso em um local considerado rico e diverso como o mangue, mantendo o estereotipo de que tudo no mangue é caranguejo, inclusive a lama e o homem. CONCLUSÃO: O caráter denunciador de condições de descaso e fome foi primeiramente retratado por Josué de Castro, e posteriormente por Chico Science, no MangueBeat. Mesmo com obras que traduzam essa realidade e tentem combatê-la, é um cenário que ainda 53 persiste no nosso país, destacando que são consequência de uma desestruturação socioeconômica secular, que exige estratégias coletivas e enérgicas para sua resolução. PALAVRAS-CHAVE: fome, desigualdades, Nordeste REFERÊNCIAS: TESSER, Paula. Mangue Beat: húmus cultural e social. Logos, v. 26, 2007. Disponível em:< http://www.logos.uerj.br/PDFS/26/05_PAULA_TESSER.pdf >. Acesso em: 01 de maio de 2015. Geografia da Fome/ Josué de Castro. – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. 54 APRESENTAÇÃO DE PÔSTER GEOGRAFIA VORAZ: A TRANSFORMAÇÃO DO MAPA DA FOME Olívia Maria de Paula Alves Bezerra ([email protected]) Deborah Gomes Fernandes ([email protected]) Gabriela Santana Ataliba([email protected]) Leonardo Mendes Mesquita ([email protected]) Vinícius de Abreu Rocha ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: Significativas mudanças emergiram nos últimos 50 anos em nível global. Sobremaneira, a ciência nutricional se desenvolveu a ponto de elucidar, em escala global, a equação que descreve e justifica a fome e seus fatores intrínsecos. No Brasil, a introdução da fome na agenda intelectual se deu através da obra de Josué de Castro, ímpar em sua multiplicidade e inovação. Mais do que debruçar-se sobre a fome, o fez de forma singular no autoproclamado “método geográfico”. A partir do pioneirismo de Castro e sua “Geografia da Fome”, emergem novas análises situacionais da nutrição no Brasil, fazendo-se possível a observação das tendências evolutivas desse cenário, em evidência da transição nutricional que doravante se instala no país. MÉTODOS: Exploração e análise crítica da literatura correlata à questão da fome, no que tange à geografia médica aplicada à nutrição, ao trabalho de Josué de Castro e à transição nutricional no Brasil. A literatura foi selecionada nas bases de dados SciELO, PubMed e Google Acadêmico com as seguintes palavras-chave: "fome", " Josué de Castro", "geografia da fome". DISCUSSÃO: A obra Geografia da Fome, de Josué de Castro, traz uma análise dos reflexos da fome em um Brasil subdesenvolvido, com uma economia tipicamente colonial, afirmando que fome e subdesenvolvimento são, na realidade, a mesma coisa. Segundo o autor, o Brasil possuia cinco áreas alimentares, com alimentação baseada em produtos típicos e que os habitantes refletiam, biologicamente, o tipo de dieta a que se submetiam. Essa análise traz, pela primeira vez, os conceitos de fome endêmica e fome epidêmica. Ainda de acordo com o autor, “A vitória contra a fome constitui um desafio à atual geração – como um símbolo e como um signo da vitória integral contra o subdesenvolvimento". Sem dúvida, a situação alimentar e nutricional do Brasil mudou muito após Castro, e para compreensão desse processo é necessária uma análise de diferentes determinantes demográficos que se alteraram: aumento da população urbana e da expectativa de vida; redução na taxa de natalidade e mortalidade infantil, entre outros. Além disso, deve-se analisar cada macrorregião, bem como as nuances entre as zonas rural e urbana. Os dados atuais são favoráveis à reversão dos problemas associados à desnutrição, mas ainda persistem as formas severas da desnutrição em algumas regiões. O dilema atual é lidar ao mesmo tempo com situações aparentemente contraditórias, a desnutrição e a obesidade, sobre a qual observam-se distribuições heterogêneas entre regiões e gêneros. CONCLUSÕES: O Brasil é um país heterogêneo em relação à distribuição dos determinantes socioeconômicos da desnutrição, e ao mesmo tempo que 55 se assiste à redução contínua dos casos de desnutrição, também são observadas prevalências crescentes de excesso de peso. Tanto a desnutrição quanto a obesidade acarretam problemas diretos à saúde e, por isso, a promoção da alimentação saudável constitui uma das estratégias de saúde pública de vital importância para o enfrentamento dos problemas alimentares e nutricionais do contexto atual. PALAVRAS-CHAVE: Desnutrição, obesidade, transição nutricional. REFERÊNCIAS: ABRÃO, Luciano Rogério do Espírito Santo. O Espectro da Fome: se metade da humanidade não dorme, é por medo da outra metade que não come. Espaço em Revista. Janeiro, 2009. Disponível em www.revistas.ufg.br/index.php/espaco/article/download/13669/9095. Acesso em 30 de maio de 2015. FILHO, Malaquias Batista. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup.1):S181-S191, 2003. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/csp/v19s1/a19v19s1.pdf. Acesso em 28 de maio de 2015. 56 APRESENTAÇÃO DE PÔSTER INIQUIDADES EM SAÚDE NO BRASIL: DEFINIÇÃO, REALIDADE, PERSPECTIVAS E SOLUÇÕES. SERÁ ESSA, REALMENTE, A NOSSA MAIOR DOENÇA? Olívia Maria de Paula Alves Bezerra ([email protected]) Bruno Carlos Caixeta ([email protected]) Jaquelyne A. S. L. Ferreira da Silva ([email protected]) Matheus Martins Oliveira ([email protected]) Matheus Silva de Castro ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A proposta de universalização da saúde mediante o surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS) trouxe consigo o desafio de “reduzir as desigualdades sociais e regionais” no que tange a equidade em saúde. Para se compreender as Iniquidades em Saúde existentes no Brasil se faz necessário o domínio de dois conceitos: Igualdade e Equidade. Igualdade seria a distribuição homogênea, independente de fatores sociais, de recursos, bens e serviços sociais. O conceito de equidade em saúde é recente, formulado por Margaret Whitehead, e incorpora a noção de justiça à distribuição igualitária. Em outras palavras “tratar desigualmente os desiguais” (BARBOSA, R), ou ainda que a heterogeneidade social conduz a uma desigualdade de necessidades. OBJETIVOS: Apresentar e analisar criticamente as iniquidades em saúde e suas causas existentes no Brasil, bem como propor soluções para as mesmas. DISCUSSÃO: As iniquidades são o traço mais marcante da situação da saúde no Brasil. Ao analisarmos as diferenças epidemiológicas regionais temos um clareamento sobre a existência dessa característica. A exemplo disso, a mortalidade infantil, cuja média nacional em 2004 foi de 23,1 por mil nascidos vivos (NV), segundo dados do Ministério da Saúde, em comparação às médias regionais, observase taxas inferiores a 10 por mil NV em alguns municípios do Sul e Sudeste e valores maiores do que 50 por mil NV em áreas do Nordeste. Esse fato deve-se a existência de parcelas consideráveis da população brasileira que sofrem de “problemas geradores de importantes iniquidades de saúde como o desemprego, a falta de acesso à moradia digna, ao sistema de saneamento básico, a serviços de saúde e de educação de qualidade e a um meio ambiente protegido”. Sendo assim, uma forma de analisar a equidade em saúde não é a riqueza total de um país, mais sim como esta se distribui. “No caso do Brasil o fardo é duplo, pois além de apresentar graves iniquidades na distribuição da riqueza há grandes setores de sua população vivendo em condições de pobreza que não lhes permite ter acesso a mínimas condições e bens essenciais à saúde”. Esse panorama se agrava, pois os avanços nos conhecimentos dos determinantes sociais da saúde não proporcionam o avanço necessário para sanar as iniquidades, principalmente pela “debilidade das relações entre o processo de produção do conhecimento e o processo de tomada de decisão sobre políticas”. CONCLUSÕES: Apesar dos avanços consideráveis nas últimas décadas do conhecimento acerca das iniquidades em saúde existente no Brasil e seus determinantes sociais, tal avanço não se refletiu 57 de forma direta em melhoras de políticas que visem sanar tais diferenças. O SUS promoveu uma melhora significativa dos índices de saúde gerais no Brasil, mas se analisarmos diferenças regionais e até mesmo entre regiões distintas de municípios a iniquidade é evidente. Então para que as políticas em saúde promovam, concisamente, a equidade se faz necessário o “fortalecimento do processo democrático de definição destas políticas, multiplicando os atores envolvidos”, apresentando então condições para que haja “acesso equitativo a informações e conhecimentos pertinentes”. PALAVRAS-CHAVE: Iniquidade na Saúde, Desigualdade em Saúde, Brasil. REFERÊNCIAS: BUSS, Paulo M.; FILHO, Alberto Pellegrini. Iniquidades em saúde no Brasil, nossa mais grave doença: comentários sobre o documento de referência e os trabalhos da Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(9):2005-2008, set, 2006. FLEURY, Sonia. Iniquidades nas políticas de saúde: o caso da América Latina. Revista de Saúde Pública 29(3). 243-50, 1995. 58 APRESENTAÇÃO DE PÔSTER O PÊNFIGO FOLIÁCEO ENDÊMICO E SUA INTERRELAÇÃO HISTÓRICOGEOGRÁFICA NA REGIÃO DE ANTÔNIO PEREIRA Iuri Ferrari Del Favero ([email protected]) Luiz Lima ([email protected]) Ray Almeida de Pinho Tavares ([email protected]) Rogério Canuto ([email protected]) Orientadora: Olívia Maria de Paula Alves Bezerra ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto. Ouro Preto, Minas Gerais. INTRODUÇÃO: O pênfigo é uma doença autoimune e de caráter vesicobolhoso que pode acometer membranas, mucosas e pele. Todas as formas de pênfigo caracterizam-se pela perda de adesão celular, levando à acantólise. O pênfigo foliáceo endêmico é um dos tipos de pênfigo, conhecido como fogo selvagem. Como toda patologia autoimune, este apresenta predisposição genética, mas só se desencadeia mediante influências ambientais. Estudos sugerem que a saliva do mosquito borrachudo, S. nigrimanum, possa ser um fator influente. Outra possibilidade é a de que o contato com compostos cristalinos tais como urato monossódico, beta-amilóide, sílica e alúmen também sejam indutivos. Em Antônio Pereira, distrito da cidade de Ouro Preto- MG, a prevalência da doença na população é elevada, segundo dados da UBS local, quando comparada ao índice mineiro e ao índice goiano. OBJETIVO: Criar hipóteses, de acordo com as características históricas e geográficas da região de Ouro Preto, em especial do distrito de Antônio Pereira, que associem possíveis causas à elevada prevalência de fogo selvagem na localidade. MÉTODOS: Baseou-se no projeto de intervenção intitulado “Pênfigo: uma abordagem social” feito por alunos de medicina da UFOP no primeiro semestre de 2014 e exposto no 14º EDC, onde foram colhidos dados na UBS local de Antônio Pereira que direcionam os resultados das buscas. Além disso, foram pesquisados artigos nas plataformas Scielo e Pubmed com palavras-chaves “pênfigo foliáceo”, “epidemiologia” e “Regiões endêmicas” bem como artigos relacionados ao tema nos Anais Brasileiros de Dermatologia. RESULTADOS: Em estudos realizados pela Universidade Federal de Minas Gerais nos anos de 2005 e 2006, foram observados 256 casos de pênfigo foliáceo endêmico no estado mineiro, remetendo a uma prevalência da enfermidade de 1,22 para cada 100.000 habitantes (Pimentel, Luciana Cônsoli Fernandes, 2008). Em Goiás, onde a doença é considerada endêmica, a prevalência na população rural é de 8,6 para cada 100.000 habitantes, enquanto na população urbana é de 3,5 para os mesmos 100.000 (Silvestre MC, Netto JCA, 2005). Em Antônio Pereira, segundo dados colhidos na UBS local, no ano de 2014 existiam 16 casos conhecidos. Segundo o Censo IBGE/2010, a população do distrito é de 4.441 habitantes. Dessa forma, é possível estimar a prevalência do fogo selvagem no local, que se aproxima de 1 caso para cada 278 habitantes. CONCLUSÃO: A prevalência no distrito ouro-pretano é muito acima dos 59 estados de MG e GO. Antônio Pereira localiza-se a 16 km de Ouro Preto e possui elevada vocação mineradora, sediando importantes lavras de minério de ferro. Tal atividade, remanescente histórico do período colonial, é, ainda hoje, a principal fonte econômica da região. A exposição a compostos minerais pela população, advinda dessa elevada atividade mineradora, pode ser um importante fator ambiental que predisponha à doença. Ainda, seria interessante pesquisar a possível presença do mosquito borrachudo e suas áreas de procriação na região de Antônio Pereira, de forma a facilitar uma correlação geográfica com os casos de pênfigo foliáceo endêmico no local. Palavras-chave: pênfigo, endemia, epidemiologia REFERÊNCIAS: - PIMENTEL, L. C. F. Perfil sociodemográfico e distribuição dos casos de pênfigo foliáceo endêmico nas diferentes regiões do estado de Minas Gerais, no período de 2005 a 2006. Faculdade de Medicina da UFMG. Belo Horizonte, MG. 2008. - FAVERO, I. F. D., et al. Pênfigo: uma abordagem social. Faculdade de Medicina da UFOP. Ouro Preto, MG. 2014. 60 APRESENTAÇÃO DE PÔSTER TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA NA INGLATERRA: UMA ANÁLISE SOB O ENFOQUE DAS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS Olívia Maria de Paula Alves Bezerra ([email protected]) Jéssica de Oliveira Jacintho ([email protected]) João Lucas de Carvalho Gomes ([email protected]) Julia Taira Sarti Penha ([email protected]) Monique Vieira de Moura ([email protected]) Vinicius Scandiuzzi ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto Ouro Preto – Minas Gerais, Brasil. Introdução: À medida que ocorrem mudanças do estágio de desenvolvimento demográfico e socioeconômico de uma população, há mudanças nos padrões de adoecimento e morte da mesma, caracterizando, assim, a transição epidemiológica. Objetivos: O presente trabalho tem como objetivo analisar a transição epidemiológica decorrente do aumento da riqueza e da qualidade de vida possibilitados pela nova configuração socioeconômica a partir da primeira revolução industrial inglesa, demonstrando as mudanças ocorridas devido à industrialização, e suas mudanças sociais. Discussão: No período pré-industrial, a população inglesa vivia em condições precárias, como se constata por dados que relatam pequena expectativa de vida e alta taxa de mortalidade. Em função da pobreza, os índices de morbi-mortalidade por doenças infectoparasitárias eram altos tendo em vista que tais enfermidades estão relacionadas a fatores como saneamento básico, higiene e nutrição. Com a industrialização, iniciou-se um processo de transição epidemiológica caracterizado pela redução da incidência de doenças infecciosas e aumento de doenças crônicas e neoplásicas à medida que a população obtinha maior acesso aos fatores citados anteriormente. A configuração socioeconômica resultante da industrialização permitiu mobilidade social e, com o passar dos anos, redução da pobreza, o que pode ser corroborado pelo aumento verificado do PIB (GDP) per capita. As segunda e terceira revoluções industriais também influenciaram significativamente o perfil epidemiológico inglês e contribuíram expressivamente para a redução da pobreza e consequente redução da incidência de doenças infecciosas, e para o aumento da expectativa de vida com consequente aumento de doenças crônicas. Com isso, houve uma reorganização do sistema de saúde, o qual passou a lidar com novos padrões demográfico, de morbidade e mortalidade. Conclusão: A epidemiologia inglesa se mostrou altamente influenciada por fatores econômicos decorridos ao longo de sua história. As revoluções industriais contribuíram para um aumento da expectativa e da qualidade de vida em função da melhora das condições socioeconômicas da população as quais resultaram em um novo perfil epidemiológico e em uma nova configuração do sistema de saúde. PALAVRAS-CHAVE: transição epidemiológica; industrialização; qualidade dc vida. 61 REFERÊNCIAS: [1] PORTER, G.R. The Progress of the Nation. 1 ed. 1847. [2] THOMAS WOODS JR. A Myth Shattered: Mises, Hayek, and the Industrial Revolution - How Did the Industrial Revolution Affect Living Standards?. Foundation for Economic Education, 01 de Novembro de 2001. Disponível em: <http://fee.org/freeman/detail/a-myth-shattered-miseshayek-and-the-industrial-revolution>. Acesso em: 29 de Maio de 2015. 62 APRESENTAÇÃO DE PÔSTER POLÍTICAS DE DROGAS E TERRITORIALIZAÇÃO DOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E DROGAS NO BRASIL Olívia Maria de Paula Alves Bezerra ([email protected]) Beatriz Pimenta ([email protected]) Jéssica Lage ([email protected]) Lara Eponina Reis ([email protected]) Vinícius Leite da Costa ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A Conferência do ópio e a crescente industrialização geraram a necessidade de medidas públicas que contivessem o consumo de drogas no Brasil. Entretanto tais medidas seguiram o viés proibicionista, só admitindo a inserção do usuário na problematização das drogas a partir de 1989 com a aplicação das políticas de redução de danos no país. Apesar do progressivo manejo da questão dos psicoativos na esfera da saúde pública, o governo só iniciou os investimentos em Centros de Atenção Psicossocial específicos para Álcool e Drogas em 2002, tendo os mesmos distribuição desproporcional pelo território brasileiro. OBJETIVOS: Demonstrar, através de dados oficiais do Ministério da Saúde, a territorialização do atendimento a dependentes de drogas psicoativas no país. DISCUSSÃO: Os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) se dividiram em modalidades por porte e finalidade através da Lei Federal 10.261 de 2001 e nesse contexto surgem os CAPS Ad como centros para tratamento de desordens advindas do uso e dependência de substância psicoativas. A territorialização das práticas em saúde é uma importante ferramenta para o entendimento das demandas locais e assim planejamento situacional adequado. Entretanto, analisando-se dados de concentração territorial de CAPS Ad e as estatísticas de uso e apreensão de drogas em diversas regiões observa-se a ineficácia no atendimento em Saúde Mental em várias regiões do país. CONCLUSÃO: A distribuição dos CAPS Ad no território nacional, bem como toda a rede CAPS, corrobora o princípio de que os investimentos públicos em saúde não levam em conta meramente as demandas locais. No que tange aos distúrbios relacionados ao uso e dependência de substâncias psicoativas observa-se uma subestimação do problema nas regiões Norte, Centro-Oeste e em cidades com menos de 150.000 habitantes. PALAVRAS-CHAVE: Serviços de Saúde Mental, Dependência de Substâncias, Gestão em Saúde REFERÊNCIAS: 63 P C, Luma; S J, Isabel; S B, Ayana; L S S, Edite; Y D, Sérgio - Legalização de drogas sob a ótica da bioética da proteção; Rev. bioét. (Impr.). 2013; 21 (2): 365-74. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Disponível em: < http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/sm_sus.pdf >. Acesso entre 01 e 06 de Junho de 2015. 64 APRESENTAÇÔES ORAIS E PÔSTER - TEMA LIVRE APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E HISTOLÓGICOS DO CÂNCER DE COLO UTERINO Luciana Hoffert Castro Cruz ([email protected]) Raísa Becker ([email protected]) Jaquelyne A. S. L. Ferreira da Silva ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: O câncer de colo uterino se configura como um problema de saúde pública importante no Brasil, país em que a taxa de mortalidade por essa neoplasia é elevada, diferentemente do que ocorre em países desenvolvidos. Apesar da incidência elevada da neoplasia maligna cervical, esse tipo de câncer possui menor potencial de agressão em relação aos outros, seu tratamento é eficaz e sua evolução é lenta. OBJETIVOS: Sintetizar as principais mudanças histológicas causadas pela metaplasia e neoplasia no epitélio de revestimento da região de colo uterino e dos seus principais fatores de risco, após revisão bibliográfica da literatura científica atual. DISCUSSÃO: A superfície interna do canal cervical (endocérvice) é revestida por epitélio simples prismático, que contém pequenas glândulas responsáveis pela secreção do muco cervical. Este é um epitélio delgado e sensível a agressões externas. A superfície externa do colo uterino (ectocervice) é revestida por epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado (escamoso), idêntico ao epitélio que forma a mucosa vaginal, sendo mais resistente a agressões. O ectocervice possui quatro camadas: basal, parabasal, intermediária e superficial. A junção escamo-colunar (JEC) é a união entre o epitélio simples prismático endocervical e o epitélio escamoso ectocervical. O termo ectopia é utilizado quando a JEC encontra-se além do limite anatômico do canal cervical, na região ectocervical. Por ser mais fino e delicado, resiste menos às agressões do meio ectocervical e vaginal. Quando ocorre a ectopia, o organismo irá, de forma natural, tentar recompor o epitélio original por meio de dois mecanismos fisiológicos: reepitelização direta ou metaplasia (transformação de um tipo de epitélio diferenciado com em outro tipo de epitélio diferenciado). A metaplasia em si não é considerada uma lesão neoplásica, entretanto, durante o processo, o colo uterino torna-se mais vulnerável a ação de fatores oncogênicos, fazendo com que a JEC com metaplasia imatura seja mais susceptível à transformação neoplásica. Dentre os fatores oncogênicos responsáveis pela transformação neoplásica de um epitélio com metaplasia, o 65 papilomavírus humano (HPV) é, sem dúvida, o mais importante. A combinação de infecção pelo HPV e metaplasia escamosa pode levar ao surgimento da neoplasia intra-epitelial cervical (NIC), que, eventualmente, evoluem para carcinoma invasivo. O HPV está relacionado com 90% das NIC. Por isso, os hábitos sexuais da população associados ao baixo conhecimento do tema influenciam também na prevalência desse de câncer em uma população. CONCLUSÃO: As mesmas mulheres que deixam de realizar o exame preventivo são certamente as que estão morrendo vítimas de câncer do colo do útero. Essa proximidade de fatores reduz a cadeia explicativa da mortalidade por câncer do colo do útero principalmente às desigualdades sociais. Por isso, o conhecimento dos fatores de risco e do exame preventivo pela população é a principal forma de diminuir os índices de mortalidade por essa neoplasia no país. PALAVRAS-CHAVE: Câncer do útero, Esfregaço vaginal e Saúde da mulher. . REFERÊNCIAS: CAETANO, Rosângela et al . Custo-efetividade no diagnóstico precoce do câncer de colo uterino no Brasil. Physis, Rio de Janeiro , v. 16, n. 1, p. 99-118, July 2006 . MELO, Simone Cristina Castanho Sabaini de et al . Alterações cito patológicas e fatores de risco para a ocorrência do câncer de colo uterino. Rev. Gaúcha Enferm. (Online), Porto Alegre , v. 30, n. 4, p. 602-608, Dec. 2009 . 66 APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE CASO CLÍNICO: BÓCIO MERGULHANTE Paulo César Rodrigues Pinto Corrêa ([email protected]) Fausto Aloísio Pedrosa Pimenta ([email protected]) Aline Souza de Oliveira ([email protected]) Allana Silva Mamédio ([email protected]) Poliana Elisa Assunção ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: O bócio mergulhante é uma afecção rara da tireoide, a qual tem desafiado cirurgiões. Atualmente há incidência de 4% a 7% da população geral. Consiste em uma glândula aumentada de tamanho, peso e volume, invadindo o tórax, total ou parcialmente. É mais incidente no sexo feminino, principalmente acima de 60 anos. Estima-se que corresponda a apenas 1% dos casos de bócio, sendo responsável por cerca de 7% dos tumores do mediastino e 3% a 20% das tireoidectomias. Costuma apresentar quadro crônico, de evolução lenta e caráter insidioso, podendo ser assintomático em até 65% dos casos. Quando sintomático, geralmente manifesta-se por meio de massa cervical palpável e sintomas de compressão das estruturas adjacentes, como dispneia e disfagia progressivas e síndrome da veia cava superior, podendo ocorrer insuficiência respiratória aguda. Não são comuns alterações da função tireoidiana, contudo, quando elas ocorrem o hipertireoidismo é mais comum que o hipotireoidismo. A grande maioria representa massas benignas no mediastino superior e anterior, sendo o risco de malignidade de 2,5% a 15%. RELATO DE CASO CLÍNICO: G.G.J., sexo feminino, 76 anos, procura atendimento na Unidade Básica de Saúde Bauxita queixando-se de bócio com incomodo na região cervical, palpitação, dispneia, tosse seca, disgeusia com “sensação de amargo”, dor nas regiões epigástrica e retroesternal com piora após alimentação, associada à episódios de constipação e dor localizada de intensidade leve na região posterior das pernas. Relata histórico de hipertensão arterial sistêmica (HAS) sem lesão de órgão alvo, diabetes mellitus tipo II (DM2) insulinodependente com associação a medicação de uso oral, diagnóstico anterior de angina e hipotireoidismo. Ex-tabagista, com histórico de 46 anos fumando com interrupção há 20 anos. Paciente independente e com autonomia parcial. Ao exame clínico há achado de massa indicativa de bócio na região cervical anterior esquerda, tórax com expansibilidade reduzida e MMII com sinal de Cacifo positivo (+). Foram avaliadas radiografias (Rx) tomografia computadorizada (TC) de tórax recentes. As hipóteses diagnósticas inicias foram: bronquite crônica (DPOC) a esclarecer, bócio multinodular mergulhante associado a dispneia como componente mecânico e desvio de traqueia, aumento da área cardíaca, DM2 e HAS. DISCUSSÃO: O diagnóstico final do bócio mergulhante inclui avaliação hormonal, tireoidograma, Rx, TC e ressonância nuclear magnética (RNM). O tratamento é cirúrgico, uma vez que o tratamento conservador costuma não ter sucesso. Para G.G.J. foi indicado tireoidectomia, ainda aguardando liberação médica. A cirurgia geralmente apresenta baixas taxas de morbidade e de mortalidade, e ainda devem ser considerados os riscos de 67 malignidade e da ocorrência de insuficiência respiratória aguda. Os resultados do tratamento cirúrgico costumam ser satisfatórios, com resolução completa dos sintomas, de forma que a morbidade relacionada à cirurgia é maior quando feita tireoidectomia total e há maior mortalidade quando o procedimento é realizado em situações de urgência por obstrução aguda. Referências: 1. Maia FRF, Araújo LR. Bócio mergulhante, quando operar? Arq. Bras. Endócrino Metabol 2002; 46 (6): 708-15. 2. Semiologia Médica - Celmo Celeno Porto - 6ª Edição. Editora Guanabara e Koogan. 2009; 3. Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. Autoria: Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Elaboração .Final: 25 de agosto de 2005 Participantes: Arap SS, Montenegro FLM, Michaluart Jr. P, Tavares MR, Ferraz AR. Bócio Atóxico: Diagnóstico e Tratamento 68 APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE UM ESTUDO DE CASO DE CISTO DE CORDÃO ESPERMÁTICO Fátima Lúcia Guedes Silva ([email protected]) Vitor Antonacci Condessa ([email protected]); Janaína Jubé Uhlein ([email protected]); Renata Barbosa Nogueira Gibram ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, Minas Gerais INTRODUÇÃO: O cisto de cordão espermático é um acometimento raro em recém-nascidos, mas de grande relevância na clínica pediátrica, sendo um dos diagnósticos diferenciais da hérnia inguinal. Portanto, tem-se como objetivo apresentar um caso clínico de um lactente de 60 dias com cisto no funículo espermático direito e apresentar uma revisão atualizada sobre o tema. Para isso, foi feito estudo exploratório por meio de pesquisa bibliográfica nas plataformas eletrônicas PubMed e Scielo. RELATO DO CASO CLÍNICO: Paciente foi internado com abaulamento irredutível, na região inguinal e suspeita diagnóstica de hérnia inguinal direita. Paciente em bom estado geral, aleitamento materno exclusivo, sem náuseas. Exame físico revelou abdome plano, ruídos hidroaéreos e presença de tumefação inguinal direita móvel, dolorosa, de contornos lisos, sem sinais flogísticos. O exame genitourinário apresentou testículos eutópicos. Solicitada ultrassonografia de parede abdominal. Os resultados da ultrassonografia, feita com transdutor linear de 7,5 e 12,0 Mhz, foram: ausência de hérnia inguinal bilateralmente; linfonodos de aspecto reacional na região inguinal de aspecto benigno; sem indícios de lesão muscular regional; cistos simples e confluentes de funículo espermático direito, com formação ovalada, de paredes finas e regulares, com conteúdo anecóico, abaulando focalmente o canal inguinal homolateral. Na internação foram realizadas analgesia farmacológica e não farmacológica. A internação teve duração de um dia e o paciente se manteve em bom estado geral. O diagnóstico foi presença de linfonodo reacional na região inguinal direita e de cisto de funículo espermático direito. Paciente foi encaminhado para a cirurgia pediátrica. DISCUSSÃO: O cisto de cordão espermático é um tipo menos comum de hidrocele em que há o fechamento do processo vaginal acima do testículo e abaixo do anel inguinal interno e aparece na ultrassonografia como uma coleção fluida ao longo do cordão. A sintomatologia é semelhante ao da hérnia inguinal, sendo assim um diagnóstico diferencial dessa patologia. Palavras-Chave: Cordão Espermático, Hidrocele Testicular, Hérnia Inguinal Referências: SALEMIS, N. S., et al. Large dermoid cyst of the spermatic cord presenting as an incarcerated hernia: a rare presentation and literature review. Hernia, v.14, n.3, p.321-323, 2010. LINIGER, B.; FLEISHMANN, A.; ZACHARIOU, Z. Benign cystic lesions in the testis of children. Journal of pediatric urology v.8, n.3, p.226-233, 2012. 69 APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE CORRELAÇÃO ENTRE O TRANSTORNO DO PÂNICO E ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS Luciana Hoffert Castro Cruz ([email protected]) Géssica Mendes de Almeida ([email protected]) Jordana Mol Teixeira Vieira ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: O transtorno do pânico (TP) caracteriza-se pela ocorrência de ataques de pânico inesperados e recorrentes com sensação de terror e há ocorrência de hiperventilação. Segundo a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM V, 2014), o transtorno do pânico pertence à classe dos transtornos de ansiedade e suas causas ainda não estão bem esclarecidas. Acredita-se que existam disfunções no sistema serotoninérgico. Um dos sintomas comuns nos ataques de pânico são alterações na frequência respiratória, possivelmente devido aos transportadores de serotonina estarem presentes em membranas pulmonares humanas. Ainda, acredita-se que os núcleos da rafe, majoritariamente serotoninérgicos, atuem como quimiorreceptores centrais, que detectam alterações das concentrações de dióxido de carbono e do pH do sangue e podem alterar indiretamente a frequência respiratória. OBJETIVO: Descrever a relação entre o transtorno de pânico, o padrão respiratório e os neurotransmissores. DISCUSSÃO: A relação entre o TP e a hiperventilação pode ser observada de três maneiras distintas: a hiperventilação pode ser causa do transtorno do pânico, pode ser consequência dessa doença ou até mesmo um correlato entre eles. Estudos recentes evidenciam que a hiperventilação associada à alcalose respiratória desencadeia sinais somáticos que podem levar a sintomas de medo e ansiedade. Além disso, a concentração de dióxido de carbono ativa áreas cerebrais desencadeando sintomas de sufocamento e, assim, pode levar a uma crise de transtorno do pânico. Foi evidenciado que ataques do pânico surgem no tronco cerebral, devido ao aumento de impulsos nervosos sobre o sistema nervoso autônomo, ou ainda que os ataques de pânico induzidos por CO2 atua principalmente na formação reticular do bulbo e ponte. Essas alterações são caracterizadas por disfunção no sistema serotoninérgico, uma vez que a serotonina atua em várias áreas do corpo, como as relacionadas aos transtornos de ansiedade e à respiração. Assim, a ausência desse neurotransmissor ou de seus receptores em outros neurônios pode alterar o funcionamento normal do organismo. Nesse caso essa deficiência no sistema serotoninérgico pode atuar na fonte do medo, em decorrência da função cerebral alterada ou dificultando o controle nos desvios de pH e CO2, com consequente alteração da respiração normal. CONCLUSÕES: O transtorno do pânico deve ser visto como alterações das interações dos vários circuitos cerebrais, podendo levar a modificações nas concentrações de serotonina, atuando no sistema respiratório do individuo. É valido ressaltar que essa suspeita é ainda mais evidente quando se observa uma redução da 70 hiperventilação de pacientes com transtorno do pânico após a administração de fármacos inibidores seletivos da receptação de serotonina. PALAVRAS CHAVE: Transtorno do pânico, hiperventilação e sistema serotoninérgico. REFERÊNCIAS: HODGES, M. R.; RICHERSON, G. B. The role of medullary serotonin (5-HT) neurons in respiratory control: contributions to eupneic ventilation, CO2 chemorreception, and thermoregulation. Journal off Applied physiology, Wisconsin, 108: 1425-1432, may. 2010. SARDINHA, Aline; FREIRE, Rafael Christophe da Rocha; ZIN, Walter Araújo; NARDI, Antônio Egidio. Manifestações respiratórias do transtorno de pânico: causas, consequências e implicações terapêuticas. Jornal Brasileiro de Pneumologia, Rio de Janeiro, 17 de março. 2009, 35(7): 698708. 71 APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE CUIDADOS COM A EDUCAÇÃO SEXUAL DE ADOLESCENTES DA ESCOLA MUNICIPAL MONSENHOR JOÃO CASTILHO BARBOSA NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO, MINAS GERAIS Professora Palmira de Fátima Bonolo ([email protected])¹ Clarissa Queiroz Gonçalves ([email protected])² Felipe Guerra Quintão ([email protected])² Isabella Gomes Santos ([email protected])² Jaqueline Iara Doneda ([email protected])² Lucas Wendell da Cruz ([email protected])² Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA: Reconhece-se que o conhecimento sobre a sexualidade sofre influência cultural, religiosa, educacional e socioeconômica. Somando-se a isso, a falta de diálogo e a dificuldade da escola em abordar o tema contribuem para fazer dos adolescentes um importante grupo de risco e vulnerabilidade. Dessa maneira, a abordagem sobre gravidez precoce e doenças sexualmente transmissíveis deve receber atenção especial. CENÁRIO: Os atores sociais envolvidos foram os discentes da Escola de Medicina, que elaboraram o projeto, a direção e os alunos das duas turmas de nono ano da Escola Municipal Monsenhor João Castilho Barbosa do município de Ouro Preto, MG, sendo os últimos o público alvo desta intervenção. DESENVOLVIMENTO: A partir da análise situacional e revisão de literatura percebemos que não havia informação adequada ou suficiente para os adolescentes a respeito do tema da sexualidade, que envolve questões relativas ao corpo, gravidez, doenças sexualmente transmissíveis e sua prevenção. Visando promover saúde por meio da educação sexual, foram realizadas oficinas educativas acerca dos temas levantados pelos próprios alunos. As oficinas foram construídas pelos discentes do curso de Medicina baseadas em material científico atualizado e apresentadas aos alunos com linguagem acessível e de forma lúdica. Para avaliar a efetividade do projeto, foram aplicadas avaliações, teórica e prática ao término das oficinas. Os índices utilizados para quantificar o aprendizado foram: percentual de acerto das questões teóricas e reprodutibilidade do uso correto do preservativo masculino. A partir da definição do método avaliativo, estabelecemos como meta atingir um percentual de acerto médio nas avaliações de pelo menos 70%. PRINCIPAIS RESULTADOS: As turmas A e B obtiveram como percentual de acerto médio 79,5% e 79,6% na avaliação teórica, respectivamente. Além disso, os seis alunos que se voluntariaram a reproduzir a técnica de uso do preservativo masculino conseguiram nota máxima na avaliação por meio de um checklist. CONCLUSÃO: Diante dos resultados, concluise que a intervenção foi efetiva, uma vez que as metas foram alcançadas com êxito, considerando também que o questionário avaliativo teve uma elaboração com um grau elevado de dificuldade. Por fim, faz-se necessário salientar a importância de abordar sexualidade nas escolas, uma vez que essa permeia várias esferas da vida humana e a falta de conhecimento do tema pode implicar em agravos à vida e à saúde do adolescente. Palavras-chave: sexualidade; adolescência; educação sexual. 72 Referências: FERREIRA, R. A.; FERRIANI, M. G. C.; MELLO, D. F.; CARVALHO, I. P.; CANO, M. A., OLIVEIRA L. A.. Análise espacial da vulnerabilidade social da gravidez na adolescência. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2012. TAQUETTE, S. R.; VILHENA, M. M.; PAULA, M. C.. Doenças sexualmente transmissíveis na adolescência: estudo de fatores de risco. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 2004. 73 APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE REGULAMENTAÇÃO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE EM CONTRASTE COM A INCIPIENTE ABORDAGEM DESSAS PRÁTICAS NO CURRÍCULO DE MEDICINA Gustavo Meirelles Ribeiro ([email protected]) Ana Carolina Lara Pimenta Figueiredo ([email protected]) Cristina Letícia Passos De Souza ([email protected]) Flávio Augusto Paes De Oliveira ([email protected]) Guilherme Neves De Azevedo ([email protected]) Julia Taira Sarti Penha ([email protected]) Maria Cecília Landim Nassif ([email protected]) Raíssa Eda De Resende ([email protected]) Thomás Mucida Dos Santos Lacerda Soares ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A crescente demanda por práticas complementares e integrativas de saúde no Brasil culminou na elaboração de uma Política Nacional pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que regulamenta a incorporação destas práticas no serviço médico. Concomitantemente, médicos e demais profissionais da saúde relatam carência de preparação adequada no que se refere à medicina complementar. OBJETIVO: Apontar a contradição existente entre o aumento da procura pelas Práticas Integrativas, bem como da necessidade de conhecimento e capacitação dos médicos, e a incipiente abordagem dessas práticas nas faculdades de Medicina. DISCUSSÃO: No Brasil, a legitimação de novas terapias de atenção à saúde se iniciou a partir da década de 80, principalmente após a criação do SUS. Este processo se baseou no posicionamento da Organização Mundial de Saúde (OMS) de incentivar seus Estados Membros a formularem e implementarem políticas públicas para uso racional e integrado da Medicina Complementar e Alternativa (MCA) nos sistemas nacionais de atenção à saúde, de forma suplementar às práticas medicinais tradicionais. Diversos eventos e documentos tiveram destaque na tentativa de se regulamentar a política terapêutica brasileira, mas a institucionalização das práticas como Política Nacional teve sua consolidação com a publicação da Portaria GM nº 971, em 03 de maio de 2006, que instituiu, no âmbito do SUS, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNIC). De acordo com o estudo realizado por Thiago SCS e Tesser CD (2010), expressiva parcela dos médicos da Estratégia de Saúde da Família são favoráveis à incorporação dessas práticas no SUS e defendem seu ensino de forma mais incisiva nas faculdades de medicina, o que viabilizaria a maior capacitação desses profissionais. Pode-se observar, por meio da análise de currículos de graduação em medicina, que, atualmente, a abordagem de PICs nas faculdades é ínfima. Direcionada para promover mudanças necessárias no campo acadêmico médico, estabeleceu-se a resolução Nº 3 do Ministério da Educação, de 20 de junho de 2014, (que possui a lei 8080/90 como orientação para seu desenvolvimento), a qual institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação de Medicina. Esta resolução afirma, em determinada altura de suas descrições, que é necessário o compartilhamento do processo terapêutico e negociação do tratamento com a possível inclusão das práticas populares de saúde, que podem ter sido testadas ou que não causem dano, descrevendo-se 74 nessa sentença as PICs. Desta forma, observa-se que as diretrizes foram formuladas a fim de sanar demandas da sociedade e do SUS. CONCLUSÃO: A crescente demanda por PICs requer maior capacitação dos médicos para que possam melhor instruir e atender seus pacientes. Uma das possíveis maneiras de prover conhecimento a respeito destas práticas seria uma sistemática abordagem na graduação em Medicina, com a inserção de matérias afins nas ementas e grades curriculares do curso. Palavras-chaves: educação médica, SUS, terapias alternativas. Referências: SIMONI, Carmen de; BENEVIDES, Iracema. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC SUS Trajetórias de avanços e desafios: Revista APS, v.10, n.1, p. 90-91, jan./jun. 2007. THIAGO, Sônia de Castro S and TESSER, Charles Dalcanale. Percepção de médicos e enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família sobre terapias complementares. Rev. Saúde Pública [online]. 2011, vol.45, n.2, pp. 249-257. Epub Jan 26, 2011. ISSN 0034-8910. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102011005000002. 75 APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE FASCIITE NECROZANTE: RELATO DE CASO EM PEDIATRIA NA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE OURO PRETO, MG. Fátima Lúcia Guedes ([email protected]) Mariana Cardoso Gomes Segato ([email protected]) Tamara Resende Costa ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil INTRODUÇÃO: Fasciite Necrozante é um quadro de infecção bacteriana de partes moles,rapidamente progressivo,com extensa necrose,que acomete tecido subcutâneo e fáscia muscular,associada a altos índices de mortalidade.Tem como porta de entrada picada de insetos/aracnídeos,cirurgias,traumas ou propagação hematogênica.Os sinais característicos são:área eritematosa e localizada inicialmente,dor desproporcional às alterações da pele e edema tecidual, seguidas de cianose local, formação de bolhas hemorrágicas e necrose.Pode haver febre alta,taquicardia,mialgias,alteração do estado mental e resposta pobre à antibioticoterapia.Os achados laboratoriais podem ser inespecíficos:leucocitose,baixos níveis de hemoglobina,elevação da Proteína C Reativa (PCR) e da Creatinofosfoquinase.É difícil estabelecer o diagnóstico pois a infecção poupa inicialmente as camadas superficiais da pele e mantém sua integridade.O exame de imagem é essencial para identificação do sítio da infecção e sua extensão.O tratamento e principal fator prognóstico é realizado com antibioticoterapia endovenosa de amplo espectro,suporte hemodinâmico e desbridamento cirúrgico precoce. RELATO DO CASO CLÍNICO: L.J.C.B,8 anos,sexo feminino,foi admitida na Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto com queixa de cefaleia,calafrios, dor e manchas no membro inferior direito,disseminadas pelo corpo há dois dias.Apresentava febre,prostação,dificuldade para deambular,placas hipercrômicas e halos hiperêmicos em dorso do pé e tornozelo direitos.Ao exame físico,estava eupneica,sonolenta, mas obedecia a comandos verbais,não havia sinais meníngeos.À internação,iniciou-se antibioticoterapia precoce.Houve piora do estado geral,das dores e do estado de consciência; presença de febre, taquicardia, taquipneia; piora das lesões, com formação de bolhas e regiões de necrose.Foram realizados desbridamentos da lesão,a qual se tornou de bom aspecto,sem infecção.Os achados laboratoriais foram: elevação da PCR e da glicemia de jejum,diminuição de hemácias e da hemoglobina.Foram realizados exames complementares: sorologia para Febre Maculosa, Dengue, Leptospirose e Hepatite A,todos não reagentes;Ecodoplercardiograma;Exame de Fundo de Olho;Radiografia de tórax,todos sem alterações.Devido à febre persistente desde a admissão,suspenderam-se os antibióticos,o que resultou em melhora do quadro e cessação da febre.Fez-se enxerto de pele parcial,totalmente viável.A paciente foi acompanhada por equipe multidisciplinar, essencial para a tomada de condutas adequadas e bom prognóstico.DISCUSSÃO: Apesar dos sintomas inespecíficos,as características da lesão assemelhavam-se às da Fasciite Necrozante.Devido ao agravamento do quadro e à rápida evolução das lesões foi realizado desbridamento, adiado devido a fatores externos,o que pode ter contribuído para agravamento do quadro.A febre diária e persistente foi devido à antibioticoterapia,comprovada pela melhoria no quadro após sua suspensão.Não se pode excluir a presença de bactérias mesmo com sorologia negativa,devido à antibioticoterapia 76 prolongada.Para melhorar a acurácia clínica, seria essencial exploração mais rica das condições sociais da paciente e seu cotidiano. PALAVRAS-CHAVE: Fasciite Necrozante, criança, desbridamento. REFERÊNCIAS: Schiavetto, R.R., Cancian, L.R.L., Haber, D.M., Maniglia, M.P., Maniglia, C.P., Fernandes, A.M. Cervical Necrotizing Fasciitis in Infant: Case Report. International Archives of Otorhinolaryngology. v.12, n.4, p. 596-599. São Paulo, 2008. Soares, T.H., Penna, J.T.M., Penna, L.G., Machado, J.A., Andrade, I.F. Almeida, R.C., Vianna, L.S.B. Necrotizing Fasciitis (NF) diagnosis and treatment: two cases report. Revista Médica de Minas Gerais, 18(2): 136-140. Belo Horizonte, 2008. 77 APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO EM LACTENTE Célia Maria da Silva ([email protected]) Gustavo Moura da Mata Machado Ferreira Pinto ([email protected]) Isabela Gonzaga Silva ([email protected]) Rafael Candido Mota ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: O manejo adequado de agravos importantes durante a infância, como anemia e infecções do trato urinário (ITU), é essencial para garantia de um desenvolvimento e crescimento adequados. A ITU em geral possui maior incidência em mulheres, porém nessa faixa etária a incidência se inverte devido a maior prevalência de má formações congênitas do trato urinário no sexo masculino. Agravos desse quadro podem levar sepse, pielonefrite e hidronefrose. RELATO DO CASO CLÍNICO: Paciente KLC, 2 anos de idade, atendido no ambulatório de Pediatria do Centro de Saúde da Universidade Federal de Ouro Preto para consulta de puericultura e acompanhamento de quadro anterior de infecção do trato urinário (ITU). Apresentou a primeira ITU aos sete meses de idade, com recorrência do quadro quatro meses depois, apresentando febre, vômitos e urina malcheirosa. Em ambos os casos, a internação hospitalar foi necessária, com prescrição de antibioticoterapia específica. No primeiro episódio, constatou-se a presença de Escherechia coli na urina, com mais de 300.000 colônias/campo. O ultrassom de vias urinárias (USVU) demonstrou hidronefrose grau II do rim direito. Desde a resolução da última infecção, prosseguiu assintomático. A repetição do USVU constatou regressão da hidronefrose. DISCUSSÃO: Nos meninos, a maioria das ITUs acontecem durante o primeiro ano de vida, causadas principalmente por bactérias colônicas, destacando-se a Escherechia coli (80-90% dos casos). Nessa faixa etária, a razão menino: menina é de 2,8-5,4:1. São essencialmente ascendentes, podendo causar cistite, ureterite e pielonefrite. Devem ser pesquisadas uropatias e disfunções vesicais em todas as crianças que apresentem surtos de ITU. Apesar de presentes em 60%-90% dos casos, não ocorreram nesse paciente. A ITU pode causar obstrução do fluxo urinário, gerando hidronefrose. No entanto, conforme evidenciado nesse caso, a resolução da obstrução em seus estágios iniciais é capaz de recuperar a função renal normal. Palavras-chaves: INFECÇÃO DO TRATO GENITAL, HIDRONEFROSE, INFECÇÕES BACTERIANAS. REFERÊNCIAS: 1. LEÃO, E. et al. Pediatria Ambulatorial. 5 ed. Belo Horizonte: COOPMED, 2013. 2. KUMAR, Vinay. et al. Robbins & Cotran: Bases Patológicas das Doenças. 8.ed. Traduzido por Patrícia Dias Fernandes… et al. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. Tradução de: Robbins and Cotran Robbins basic pathology, 8th ed. 78 APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE PNEUMONIA COMUNITÁRIA COM DERRAME PARAPNEUMÔNICO EM CRIANÇA DE 2 ANOS. Larissa Silveira GUSMÃO ([email protected]) Neila Caroline Alves AMARAL ([email protected]) Talita Ribeiro MONTEIRO ([email protected]) Cibelle Ferreira LOUZADA ([email protected])2 Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. RESUMO: A pneumonia é um processo inflamatório do tecido pulmonar desencadeada geralmente por microorganismos, sendo a sintomatologia característica do processo inflamatório e também apresenta sinais mais específicos de acordo com o agente etiológico causador. Em crianças de até 5 anos, os agentes bacterianos mais comuns são o Streptococcus pneumoniae; Haemophilus influenzae e Staphylococcus aureus, presentes na comunidade. A incidência estimada pela Organização Mundial de Saúde é de 156 milhões de episódios de Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) por ano em crianças menores de 5 anos. A complicação mais frequente da PAC na infância é o derrame pleural parapneumônico caracterizado pelo desequilíbrio entre a formação e a remoção do fluído pleural, com acúmulo de líquido no espaço pleural. O presente relato descreve o caso de uma criança de 2 anos, internada na Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto, apresentando pneumonia com derrame pleural complicado em pulmão esquerdo, admitida com episódios de febre, crises de tosse, dispneia, dor abdominal, constipação e anúria. À internação foram realizados exames laboratoriais e de imagens que revelaram quadro de derrame pleural extenso à esquerda e infecção bacteriana, sendo, portanto submetida à antibioticoterapia, oxigenoterapia, drenagem pleural e fisioterapia respiratória. Após 21 dias de internação, paciente recebeu alta em bom estado geral, sem dificuldades respiratórias, febre ou sinais de infecção, com pequena, porém, significativa melhora dos exames radiológicos, devido ao lento processo de recuperação da pneumonia complicada adquirida. PAC em crianças menores de 5 anos apresenta sintomatologia variável de acordo com a faixa etária acometida, sendo que até os 3 anos os quadros são pouco específicos, podendo ser confundidos com sepse, meningite e infecção do trato urinário. Pode-se observar presença de gemidos, toxemia, cianose, má perfusão periférica, febre ou hipotermia e também infecções gastrointestinais como distensão abdominal, vômitos, diarreia e constipação. Um derrame pleural é sugerido por sinais unilaterais, por expansão torácica diminuída, submacicez à percussão e murmúrios vesiculares diminuídos ou ausentes. Denomina-se como não complicado quando o fluido é estéril, e complicado quando há invasão pelo agente infeccioso. A medição da saturação de oxigênio (SpaO2) é particularmente importante com níveis abaixo de 92%, indicando doença grave, sendo necessária a internação. Exames de imagem, como a radiografia de tórax, e laboratoriais, como hemograma, são úteis e necessários, para que a conduta seja embasada tanto pelos sinais clínicos, quanto pelos resultados dos exames. Neste caso, é imprescindível que se faça a antibioticoterapia preconizada, oxigenioterapia e outros procedimentos como a toracocentese e a drenagem do líquido pleural. Ressalta-se a importância da correta e precoce abordagem terapêutica, a qual deve ser baseada nas evidências clínicas e nos exames subsidiários, visando a não progressão e agravamento da doença, os quais trazem 79 consequências não somente para os pacientes e familiares em questão como também para os profissionais da saúde envolvidos. PALAVRAS CHAVE: Pneumonia, derrame pleural, pediatria. REFERÊNCIAS: 1) BALFOUR-LYNN IM, ABRAHAMSON E, COHEN G, HARTLEY J, KING S, PARIKH D, SPENCER D, THOMSON AH, URQUHART D.BTS guidelines for the management of pleural infection in children. Thorax 2005;60:i1-i21 doi:10.1136/thx.2004.030676. 2) PEREIRA RR, BOAVENTURA LR, DIAS MF, IBIAPINA CC, ALVIM CG. Derrame pleural parapneumônico: aspectos clínico-cirúrgicos e revisão da literatura. Rev Med Minas Gerais 2014; 24 (Supl 2): S31-S37. 80 APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE PREMATURIDADE E ATRASO DO DESENVOLVIMENTO LOCOMOTOR Cibelle Ferreira Louzada ([email protected]) Lívia Maria de Oliveira Gomes ([email protected]). Mariana Oliveira Teixeira ([email protected]). Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. RESUMO Introdução: De acordo com a OMS, em 2012, a prevalência de partos de recém-nascidos prétermo (RNPT) no Brasil foi de 11,7%. Esse percentual coloca o país no mesmo patamar de outros que são de baixa renda, onde a prevalência é de 11,8%. Apesar disso, a taxa de sobrevivência de recém-nascidos (RN) considerados de extrema prematuridade, idade gestacional (IG) menor do que 28 semanas, vem aumentando e se aproximando da taxa de sobrevivência dos países desenvolvidos. Os avanços tecnológicos aumentaram a sobrevida de RN com IG cada vez menor, entretanto, a imaturidade dos órgãos pode comprometer a saúde da criança (Campos, 2013). Dentre as complicações associadas à prematuridade, destaca-se o atraso no desenvolvimento neuropsicomotor (Leão et al, 2013). Relato do caso clínico: A.D.M.A, sexo masculino, 2 anos, apresentando atraso do desenvolvimento motor. Nascido na Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto-MG de parto vaginal, com IG de 28 semanas e 3 dias, Apgar de 4 no primeiro minuto e 7 no quinto minuto, peso igual a 1090 gramas, classificado como muito baixo peso e adequado para a IG. Transferido para a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de São João Del Rey nas primeiras 24 horas de vida, com hipótese diagnóstica de doença da membrana hialina e sepse neonatal precoce, onde permaneceu por 2 meses. Iniciou o acompanhamento com o Serviço de Pediatria no Centro de Saúde Bauxita aos 2 meses e 13 dias de idade cronológica. Aos 7 meses de idade corrigida (Idco) foi identificado atraso do desenvolvimento motor. O lactente foi encaminhado para o Serviço de Fisioterapia, sendo diagnosticada diplegia espástica. O paciente começou a engatinhar aos 1 ano e 7 meses de Idco e permanecia sem andar até o momento da última consulta, aos 1 ano e 8 meses de Idco, sendo identificada dificuldade em transferir o peso para os membros inferiores quando se posicionava em pé com apoio. Discussão: O desenvolvimento motor da criança pode ser considerado um processo de múltiplas causas, uma vez que fatores próprios do organismo, como a maturação dos órgãos e o ambiente são capazes de interagir para o seu curso (Smith, Thelen, 2003; Cattuzzo et al, 2012). Os comportamentos motores são específicos para cada IG e a cada semana de gestação ocorre maturação que atua na melhoria da funcionalidade do corpo (Malina et al, 2004). Uma segunda abordagem sobre o desenvolvimento evidencia que fetos do sexo masculino desenvolvem-se mais lentamente do que aqueles do sexo feminino, sendo esse atraso em torno de duas semanas (Papalia e Olds, 2000). Justificando os maiores índices de complicações respiratórias e mortalidade entre meninos prematuros do que entre meninas com a mesma IG (Ribeiro et al, 2009). Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, devido as inúmeras complicações a que um RNPT está submetido, deve haver uma organização ambulatorial, sendo fundamental o trabalho em equipe. As consultas de acompanhamento devem ser compostas por uma equipe multiprofissional - fonoaudióloga, fisioterapeuta, nutricionista, psicóloga, enfermeira. Além disso, os RNPT têm direito ao acompanhamento de médicos especializados – neurologista pediátrico, oftalmologista e otorrinolaringologista. 81 PALAVRAS-CHAVES: Prematuridade; Desenvolvimento; Locomotor. REFERÊNCIAS CAMPOS, C.M.C; SOARES, M.M.A; CATTUZZO, M.T. O efeito da prematuridade em habilidades locomotoras e de controle de objetos de crianças de primeira infância. Motriz: rev. educ. fis., Rio Claro, v. 19, n. 1, p. 22-33, Mar. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S198065742013000100003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 15 de maio de 2015. LEÃO, E. et al. Pediatria Ambulatorial. 5 ed. Belo Horizonte: Ed Coopmed, 2013. P. 161–180. 82 APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE ABORDAGEM MULTIPROFISSIONAL DA VÍTIMA DE ABUSO INFANTIL. Fátima Lúcia Guedes ([email protected]) Danilo Jorge da Silva ([email protected]) Luciana Regina de Souza Carvalho ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: Em qualquer tipo de abuso ou maus-tratos, estará comprometida a aprendizagem, capacidade de comunicação e estado nutricional que, em suma, irão prejudicar o desenvolvimento adequado da criança e do adolescente. Os tipos de maus-tratos podem ser divididos em físico, psíquico, negligência, sexual e síndrome de Münchausen e constituem uma importante questão de saúde global, com relatos da organização mundial de saúde (OMS) que apontam prevalência de algum tipo de abuso durante a infância em 25% da população adulta. RELATO DO CASO CLÍNICO: Paciente pediátrica em elevado risco social e vítima de maus tratos com repetidas tentativas de suicídio, episódios de automutilação, labilidade emocional, intolerância a frustrações, queda no desempenho escolar e relações afetivas familiares disfuncionais. A paciente foi internada em ala pediátrica no Hospital Santa Casa da Misericórdia na cidade de Ouro Preto-MG, admitida após tentativa de autoextermínio, com hipótese diagnóstica de depressão. Em anamnese, revelou quadro compatível com negligência infantil e abuso sexual, tendo sido acionado o conselho tutelar e assistência psicológica hospitalar. A paciente foi referenciada para acompanhamento psiquiátrico no centro de atenção psicossocial infantil (CAPSI) e, após as intervenções da equipe multiprofissional apresentou significativa melhora dos sinais e sintomas observados, tendo recebido alta hospitalar. A família encontra-se em acompanhamento pelo conselho tutelar. DISCUSSÃO: Diante de uma suspeita de abuso a vítima deverá ser afastada dos possíveis agressores tendo a internação da paciente garantido que as agressões não se perpetuassem ou se agravassem durante o curso de investigação do estado de saúde física e mental da paciente. Deve-se, também, considerar que na maior parte dos casos, o abusador é um familiar ou membro próximo da família da vítima, o que demanda apoio de uma equipe composta por múltiplos profissionais e entidades – conselho tutelar, assistência social, pediatria, psicologia e psiquiatria – para resguardar a segurança e bem estar físico e mental da vítima. A paciente em questão apresenta várias características comuns aos casos de abuso infantil que só podem ser colhidas por meio da escuta atenta e de uma avaliação global do indivíduo, via anamnese completa que leve em consideração: o estado atual de saúde da criança ou adolescente; o contexto em que transcorreu o fenômeno apresentado; as relações familiares, sociais e escolares às quais se submete a vítima; além dos possíveis fatores culturais que fortalecem a prática do abuso. No transcorrer do caso, o sistema de referência e contra referência permitiu uma clara comunicação entre os múltiplos profissionais envolvidos, fato que reforça a importância não apenas da disponibilidade desses profissionais, mas do uso adequado das guias e de um sistema que garanta um diálogo ágil e bem articulado entre as equipes. Palavras chave: Maus-Tratos Infantis, Pediatria, Defesa da Criança e do Adolescente. 83 Referências 1 – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Child maltreatment. Fact Sheet nº50. Dezembro, 2014. 3 – SILVANY, Célia Maria Stolze. A semiologia do paciente pediátrico vítima de abuso in SILVA, Luciana Rodrigues. Diagnóstico em Pediatria. Guanabara Koogan, 3009. 84 APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE SÍNDROME DE CHARGE: RELATO DE CASO CLÍNICO Fátima Lúcia Guedes Silva([email protected]) Letícia Rodrigues Silva([email protected]) Miriam Cláudia Cardoso dos Santos Marçal ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A Síndrome de CHARGE é uma desordem genética autossômica dominante, complexa e rara, tipicamente causada por mutações na proteína ligadora do cromodomíniohelicase-DNA 7, que está relacionada à organização da cromatina. Foi descrita pela primeira vez por Hall que, em 1979, verificou a combinação de atresia de cóanos com outras malformações congênitas. Dois anos depois, Pagon e colaboradores propuseram o acrônimo CHARGE para descrever estes achados: coloboma (malformação congênita, que pode afetar diversas estruturas oculares - C); cardiopatia congênita (heart malformation -H); atresia de cóanos (atresia of the choanae - A); atraso no crescimento e/ou desenvolvimento (retardation of growth and development - R); anomalias genitais (genital anomalies - G); anomalias do ouvido (ear anomalies - E). RELATO DE CASO CLÍNICO: Criança, 5 anos, sexo feminino, acompanhada no Centro de Saúde da UFOP para puericultura, encaminhamento para fisioterapia, relato de rinite alérgica e dificuldade de ganho ponderoestatural pela mãe. Diagnosticada com Síndrome de CHARGE. Nascida a termo, com 38 semanas, parto cesáreo, natural de Ouro Preto. Apgar 9/10 no 1°/5° minuto, com 47cm e 2920g, adequada para idade gestacional, perímetro cefálico de 32cm. Apresentava ao nascimento coloboma de íris, fissura nasolabial unilateral direita (lábio leporino sem fenda palatina), operada aos 6 meses de idade. Desenvolvimento neuropsicomotor não adequado para a idade, entre percentil 75 e 90, demonstrando atraso neurológico. À ectoscopia a paciente apresentou bom estado geral, reativa ao exame, consciente, fácies sindrômica, hidratada, normocorada, acianótica e anictérica. Pele e unhas sem alterações. Presença de hipertricose. Temperatura axilar de 35ºC. No momento da consulta, pesava 13,800g, possuía 94cm de estatura e perímetro cefálico de 44cm. Ao exame do aparelho respiratório apresentou tórax simétrico, eupneica, frêmito toracovocal de distribuição fisiológica, som claro pulmonar à percussão, murmúrio vesicular e roncos de transmissão à ausculta. Ritmo cardíaco regular, bulhas normorítmicas e normofonéticas. Abdome não doloroso à palpação superficial e profunda, fígado e baço não palpáveis, ruídos hidroaéreos presentes. Genitália externa infantil. Geno valgo. DISCUSSÃO: A paciente é pré-escolar com alimentação adequada e imunizações em dia. Coloboma de íris, e lábio leporino corrigido. Devido ao baixo desenvolvimento da fala, a possibilidade de hipoacusia deve ser investigada e a criança foi encaminhada para 85 otorrinolaringologia. Os valores antropométricos estão abaixo do adequada para a sua idade. Este é um sinal comum também encontrado na Síndrome de CHARGE. Ao final da consulta, foi pedido encaminhamento para a fisioterapia e a mãe foi orientada acerca de prevenção de acidentes. Como a mãe demonstrava preocupação em relação à chegada do inverno e relatava que a criança usualmente apresenta muitas afecções nasais nessa época, foi receitado budesonida nasal 50mcg 32% para redução da inflamação e inchaço da mucosa nasal e solução salina hipertônica. Palavras-chaves: CHARGE syndrome, coloboma, nasofaringe. Referências: Hsu, P. et al. CHARGE syndrome: a review. J Paediatr Child Health, v. 50, n. 7, p. 504-11, Jul 2014. ISSN 1440-1754. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24548020>. Vissers, L. E. et al. Mutations in a new member of the chromodomain gene family cause CHARGE syndrome. Nat Genet, v. 36, n. 9, p. 955-7, Sep 2004. ISSN 1061-4036. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15300250>. 86 APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE A IMPORTÂNCIA DO RASTREIO DA SÍNDROME POLIGLANDULAR AUTOIMUNE EM PACIENTES COM DIABETES MELITO TIPO I Fabiana Alves Nunes Maksud ([email protected]) Andrezza Resende Dias ([email protected]) Lívia Maria de Oliveira Gomes ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A Síndrome Poliglandular Autoimune (SPGA), pode ser caracterizada como a associação entre duas doenças autoimunes, sendo pelo menos uma delas de origem endócrina. A associação entre Diabetes Melito Tipo 1 (DMT1), tireoidite de Hashimoto ou doença de Addison, doenças endócrinas autoimunes, e outras de origem não endócrina, como a doença celíaca, o vitiligo e o lúpus eritematoso sistêmico, podem culminar na SPGA. Estudos evidenciam que cerca de 33,34% dos pacientes com DMT1 manifestam uma forma de SPGA próximo ao diagnóstico ou ao longo da evolução da doença. A importância do diagnóstico precoce da SPGA possibilita uma melhora na abordagem clínica destes pacientes. RELATO DE CASO: Paciente A.R.D., sexo feminino, 21 anos, portadora de Tireoidite de Hashimoto, Vitiligo e DMT1. Aos 16 anos, a paciente notou uma proeminência na região cervical anterior, acompanhada de astenia e emagrecimento. Procurou atendimento na clínica médica, no qual se constatou elevação dos resultados de T3 e T4 livres e diminuição de TSH, além de ultrassonografia indicando hipertrofia da glândula tireoide. Evoluiu posteriormente para um quadro de hipotireoidismo. Após oito meses a paciente com 17 anos notou o aparecimento de uma mancha hipocrômica localizada próxima à linha axilar posterior esquerda que apresentou aumento levando-a a procurar atendimento dermatológico. Foi acompanhada pela dermatologista e ao surgimento de lesões nos lóbulos das orelhas foi diagnosticado o vitiligo. Próximo aos 18 anos, A.R.D. procurou atendimento médico relatando xerostomia, polidipsia, poliúria, polaciúria e emagrecimento acentuado. Após o exame de glicemia capilar apontando um valor de 560mg/dL, tal paciente foi internada e submetida a diversos exames. Após alterações expressivas destes, a paciente foi diagnosticada com DMT1. Atualmente, A.R.D. se encontra com tireoidite, vitiligo e DMT1 controlados e utiliza-se da insulina Glargina para o tratamento do Diabetes. DISCUSSÃO: Diante do relato, verifica-se que a paciente pode se enquadrar na descrição de SPGA, uma vez que, possui três disfunções autoimunes, incluindo duas de caráter endócrino. Para a confirmação da Síndrome, ainda não clinicamente evidente nesta paciente, deve-se fazer o rastreamento de autoanticorpos associados à tireoidite, ao vitiligo e ao diabetes. A descoberta de pacientes diagnosticados com a SPGA oferece a possibilidade de melhorar e individualizar o tratamento de pacientes, como a do caso relatado, uma vez que os sinais e os sintomas do DMT1 podem estar associados a outras patologias. Nesse caso podem ser observadas hipoglicemias de repetição associadas ao hipotireoidismo autoimune, hiperglicemia como indício de doença de Graves, anemia decorrente de deficiência de ferro por doença celíaca, entre outras manifestações. Dessa forma, pela frequência e pelo impacto que as patologias autoimunes podem exercer sobre a qualidade de vida do doente com DMT1, justificase a realização de rastreio para a SPGA. Além disso, tais relatos suscitam o interesse pelo desenvolvimento de pesquisas e terapias específicas, gerando melhorias no tratamento e prevenção das várias doenças autoimunes existentes. 87 Palavras-Chaves: Poliendocrinopatias Autoimunes, Diabetes Mellitus, Tireoidite Autoimune Referências: GOUVEIA, Sofia. et al. Screening for autoimmune polyglandular syndrome in a cohort of patients with type 1 diabetes mellitus. Arq Bras Endocrinol Metab. 2013; 57/9. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24402020. Acesso em 27 de maio de 2015. CUTOLO, Maurizio. Autoimmune polyendocrine syndromes. Autoimmunity Reviews. 2014; V. 13; p. 85–89. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24055063. Acesso em 27 de maio de 2015. 88 APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE BAIXA ESTATURA EM ADOLESCENTE - RELATO DE CASO Maira Kroetz Boufleur([email protected]) Felipe Sabec Folgueral ([email protected]) Paulo Henrique Castanha Miranda([email protected]) Cibelle Ferreira Louzada ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: Cerca de 10% dos adolescentes brasileiros apresentam algum distúrbio de crescimento. A criança cujo canal de crescimento encontra-se abaixo do percentil três ou de dois desvios-padrão da média estatural para sua idade deve ser investigada. O crescimento é o principal indicador de saúde da criança e a curva desta, seu “espelho”. A avaliação clínica baseia-se na ideia de variabilidade, e que esta pode ser tanto biológica quanto social e cabe ao clínico estabelecer se a criança está dentro ou fora de determinados parâmetros normais. Por se tratar de uma afecção freqüente, é necessário que o médico esteja apto a analisar e compreender os achados antropométricos presentes no paciente pediátrico. RELATO DE CASO: W.M.F.,14 anos e seis meses, chega ao atendimento de pediatria acompanhado do pai que queixa: “Meu filho está crescendo pouco para idade”. Pai relata preocupação com desenvolvimento estatural do filho, alimentação inadequada e fadiga demasiada para a idade. Nega passado mórbido. Nega complicações gestacionais. Cartão de vacinas sem preenchimento dos dados antropométricos anteriores. Ao exame físico: BEG, fácies infantil, P= 33,5Kg; h= 1,43m(Z= -3); IMC=16,07 (-2 > Z > 0); PA= 110X60 mmHg. Tanner G1P1, com orquidometria de três centímetros de diâmetro; comprimento peniano de seis centímetros. Aos exames solicitados apresentou idade óssea de 12 anos e 6 meses; hipocalcemia e deficiência de Somatomedina (IGF-1). Hipóteses Diagnósticas: adolescente eutrófico, alimentação inadequada; deficiência de GH ou insensibilidade ao GH; Hipoparatireoidismo. Encaminhamos W.M.F. ao endocrinologista pediátrico. DISCUSSÃO: O acompanhamento do crescimento da criança em peso, estatura e perímetro cefálico é uma das ações básicas de saúde de maior impacto e deve fazer parte de toda consulta pediátrica, o que possibilita o acompanhamento dos pais e do pediatra quanto ao desenvolvimento da criança, possibilitando corrigir eventuais desvios patológicos. É importante o reconhecimento da baixa estatura bem como a investigação da causa e o tratamento ou encaminhamento caso seja necessário. O retorno do paciente possibilitou uma melhor investigação do caso, efetivando a relação médico-paciente de forma positiva. Palavras-chaves: estatura-idade; adolescente, transtorno de crescimento. REFERÊNCIAS 1 – LEÃO, E.; CORREA, E.J.- Pediatria Ambulatorial. Editora COOPMED. 5ª edição, 2008. 2 – OLIVEIRA, R.G.de. - Blackbook Pediatria. Blackbook. Editora Belo Horizonte, MG. 3ª EDIÇÃO. 2005. APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE 89 ABORDAGEM DIAGNÓSTICA E PROPEDÊUTICA DA INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA: UM RELATO DE CASO Aline Joice Pereira Gonçalves Nicolato ([email protected]) Daniel Guilherme de Oliveira e Silva ([email protected]) Fábio Fernandes de Mendonça ([email protected]) Guilherme Angelo dos Santos Silva ([email protected]) Pedro Gadbem Bobst ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A infecção do trato urinário (ITU) se caracteriza, fundamentalmente, pela multiplicação de microrganismos em qualquer segmento do aparelho urinário, destacando-se como umas das patologias infecciosas mais frequentes em pediatria (PEDIATRIA AMBULATORIAL, 2013). Os principais agentes etiológicos pertencem ao grupo de microrganismos constituintes da microbiota intestinal, podendo ocorrer, também, infecções por vírus ou fungos. Em relação à epidemiologia, as crianças do sexo masculino apresentam maior suscetibilidade à ITU nos primeiros doze meses de vida, posteriormente sendo mais acometidas aquelas do sexo feminino. A anamnese e exame físico bem conduzidos irão direcionar o diagnóstico, já os exames de urina rotina e Gram de gota de urina fresca não centrifugada reforçarão a suspeita, porém, a confirmação da ITU só poderá ser concluída através da cultura da urina, que evidenciará a proliferação significativa de microrganismos no trato urinário. A avaliação morfofuncional do trato urinário está recomendada após o primeiro episódio confirmado de infecção urinária e se justifica pela frequente associação entre ITU e anomalias anatômicas e funcionais do trato urinário. A maioria das crianças com infecção urinária apresenta prognóstico excelente, no entanto caso a abordagem seja realizada de maneira inadequada, podem surgir sérias complicações. RELATO DO CASO CLÍNICO: trata-se de paciente do sexo masculino, 8 anos e 10 meses de idade com história de infecção do trato urinário ocorrida, aproximadamente, com 1 ano e 6 meses, além de queixa atual de urina espumosa e disúria. O tratamento para a primo-infecção foi realizado em regime de internação hospitalar, tendo sido feito controle de cura, porém sem propedêutica de imagem preconizada. A partir das informações coletadas durante a consulta, verificou-se a necessidade de investigar provável ITU e proteinúria advinda de possível lesão renal, tomando-se como conduta a solicitação de alguns exames: urina rotina, urocultura, Gram de gota de urina não centrifugada, ureia, creatinina e ultrassom renal e de vias urinárias. DISCUSSÃO: Dada a frequente associação entre anomalias congênitas do trato urinário em pacientes com histórico de ITU na infância, sua busca torna-se parte da abordagem a esses pacientes. Dessa maneira, o foco de atenção no cuidado da criança com ITU deve não somente se relacionar ao diagnóstico e tratamento do episódio infeccioso agudo, mas atentar-se, também, para o correto manejo do quadro, a fim de evitar as complicações advindas de uma ITU mal conduzida, como a formação de cicatrizes renais, a insuficiência renal, além de diminuir o custo e tempo de internação e melhorar consideravelmente o prognóstico da doença renal na infância e na vida adulta. Visa-se, portanto, discutir os principais aspectos relacionados à abordagem clínica e diagnóstica, diagnósticos diferenciais e a conduta do caso em questão. PALAVRAS CHAVE: ITU, anomalias congênitas, diagnóstico. REFERÊNCIAS: 90 1. KOCH, Vera H.; ZUCCOLOTTO, Sandra M.C. Infecção do trato urinário. Em busca das evidências. São Paulo: Jornal de Pediatria, Vol.79, Supl.1, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jped/v79s1/v79s1a11.pdf>. Acesso em 23/05/2015 às 19h:37min. 2. LEÃO, et col. Pediatria Ambulatorial, 5ª Ed. Belo Horizonte: Coopmed, 2013. 91 APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE ASPECTOS HISTOPATOLÓGICOS DA SILICOSE: A RELEVÂNCIA CLÍNICA PARA A REGIÃO DOS INCONFIDENTES Luciana Hoffert Castro Cruz ([email protected]) Laís Martins de Abreu ([email protected]) Oscar Campos Lisboa ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil INTRODUÇÃO: A silicose é uma pneumoconiose, um tipo de fibrose pulmonar causada pela inalação de partículas inorgânicas de sílica cristalina, sendo considerada atualmente como a principal doença ocupacional no mundo. Há extrema relevância clínica e econômica para o país, uma vez que o número de trabalhadores em atividades de mineração bem como em atividades industriais que liberam partículas de sílica com potencial tóxico é considerável. OBJETIVOS: Descrever os aspectos histopatológicos do pulmão quando acometidos pela silicose, correlacionando as alterações morfológicas presentes no pulmão e a sintomatologia apresentada pelo paciente. DISCUSSÃO: A silicose geralmente manifesta-se sob a forma de pneumoconiose fibrosante nodular lentamente progressiva. Os indivíduos mais afetados são aqueles expostos direta e maciçamente à poeira com sílica, como mineradores e jateadores de areia. A patogenia deve-se a inalação das partículas de quartzo, cristobalito e tridimito que se depositam nos bronquíolos respiratórios e alvéolos pulmonares causando um processo inflamatório e fibrose. O contato com as células epiteliais de revestimento broquioloalveolares ou a ativação de macrófagos leva a formação de radicais livres que as lesarão, aumentando a ativação de macrófagos e a proliferação das células epiteliais. Se mantida a exposição às partículas, haverá a evolução do quadro para alveolite, com perda da integridade da barreira epitelial. Ao exame radiológico, inicialmente, a silicose se caracteriza pela presença de diminutos nódulos nas porções superiores dos pulmões. Com a evolução da doença, os nódulos podem coalescer, formar cicatrizes colágenas e fibroses maciças progressivas, podendo apresentar calcificações em “casca de ovo”. Os nódulos presentes no interstício pulmonar apresentam uma estrutura central acelular formada por tecido cartilaginoso hialino, que pode ou não estar calcificado, envolto por uma camada concêntricas de fibras colágenas mais condensadas. Há também a presença de partículas de sílica birrefringentes. A silicose quando presente pode apresentar sintomas como dispneia aos esforços, tosse não produtiva e expectoração pela manhã, dores torácicas não-localizadas, episódios de bronquite e queixas de ordem geral, tais como tontura, fraqueza e sudorese. CONCLUSÃO: O conhecimento da anatomia, histologia e fisiologia pulmonar é imprescindível para o entendimento da silicose, tornando mais fácil a compreensão dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente. Palavras-Chave: silicose, pulmões, histologia. Referências: TERRA FILHO, Mario; SANTOS, Ubiratan de Paula. Silicose. Jornal Brasileiro de Pneumologia. São Paulo Kumar,V; Abbas, A. K; Fausto, N. Robbins & Cotran:Patologia -Bases Patológicas das Doenças. 7ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004 92 APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE TECNOLOGIAS SOCIAIS PARA A SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA: AÇÕES INTERSETORIAIS ENTRE ESCOLA E UNIDADE DE SAÚDE Adriana Maria de Figueiredo ([email protected]) Célia Maria Fernandes Nunes ([email protected]) Thaislene Ferraz ([email protected]) Priscila Cintra ([email protected] Isabela Gonzaga Silva ([email protected]) Maira Kroetz Boufleur ([email protected]) Christiane Vieira Lopes ([email protected]) Adriene Acsa de Souza ([email protected]) Heloisa Costa Lages ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto. Ouro Preto, Minas Gerais. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA: A gravidez na adolescência revela tensões inerentes à socialização adolescente, em equilíbrio tênue entre a gradativa autonomia juvenil e a assunção da função educativa parental. As mudanças no estatuto infantil, o redirecionamento da autoridade parental, as novas normas educativas, as transformações nas relações de gênero e entre gerações compõem um novo cenário social e familiar (BRANDÃO e HEILBORN, 2006) no qual a identidade de gênero e as escolhas e comportamentos sexuais são fundamentados. CENÁRIO: O projeto surgiu da prática da educação em saúde desenvolvida em Unidade de Atenção Primária em Saúde (UAPS) de Ouro Preto iniciada no contexto da disciplina de graduação da medicina “Práticas em Serviços de Saúde II” em parceria com o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) – finalizado em dezembro de 2014 – e pelo Programa de Educação Tutorial (PET) do Curso de Pedagogia. O tema “Sexualidade e Gravidez na Adolescência” configurou-se demanda conjunta da Escola Estadual e da Equipe da UAPS e implicou na realização de ações educativas voltadas para os profissionais de saúde e para a comunidade, bem como ações educativas na escola. DESENVOLVIMENTO: O projeto se desenvolve por meio da intersetorialidade entre a saúde e a educação. Produz tecnologias sociais (seminários, oficinas, grupos operativos, vídeos e impressos educativos), com auxílio da metodologia da educação popular em intervenções voltadas para as necessidades de educação em saúde sexual e reprodutiva no contexto da unidade de ESF, envolvendo a população adscrita e a comunidade escolar. PRINCIPAIS RESULTADOS: O trabalho é conduzido de forma participativa e intersetorial, com a inclusão dos jovens moradores da localidade selecionada para o desenvolvimento do projeto como bolsistas de iniciação científica júnior, estudantes e professores dos cursos de medicina e de pedagogia e profissionais da Unidade de Saúde e da Escola. Neste primeiro semestre de 2015 estão sendo realizadas na escola oficinas e dinâmicas para o apoio da autoestima e para o autoconhecimento com os estudantes do ensino médio. Nessa primeira etapa, a equipe coletou as sugestões que serão transformadas em atividades voltadas para o cuidado em saúde e para esclarecimento de dúvidas em rodas de conversa, dinâmicas de grupo, exposição de filmes e debates. Ao final do semestre, serão levantadas perspectivas de futuro, contribuindo para a definição de escolhas profissionais e de continuidade de estudos pelos estudantes do ensino médio. 93 CONCLUSÕES: A colaboração entre estudantes de graduação dos dois cursos e com os estudantes de ensino médio, baseadas em metodologias participativas une interesses comuns e aproximam os universos. A construção de conhecimentos de realiza na confrontação das teorias e metodologias desenvolvidas na esfera acadêmica com as soluções e tecnologias desenvolvidas na dinâmica dos serviços, mediadas pelas concretas realidades de vida da população. Neste cenário de ensino/aprendizagem, a vivência é a chave para a mobilização dos conteúdos e para a formulação de práticas de saúde integradas e contextualizadas. Palavras-Chaves: Educação em Saúde; Sexualidade; Ação Intersetorial Referências: 1. BRANDAO, Elaine Reis; HEILBORN, Maria Luiza. Sexualidade e gravidez na adolescência entre jovens de camadas médias do Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 7, Julho 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102311X2006000700007&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 2 out 2013 2. VASCONCELOS, E. M. Educação Popular e a Atenção à Saúde da Família. São PauloSobral:Hucitec/UVA, 2001. 94 APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE ANEMIA FERROPRIVA GRAVE: RELATO DE CASO DO CENTRO DE SAÚDE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Célia Maria da Silva ([email protected]) Isabella Gomes Santos ([email protected]) Waleska Giarola Magalhães ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil INTRODUÇÃO: A anemia ferropriva é uma frequente morbidade que acomete principalmente lactentes, grávidas, nutrizes e adolescentes e que pode ser prevenida e tratada de formas simples e econômicas. Porém, continua sendo um problema de saúde pública no mundo, principalmente nos países em desenvolvimento. Como complicações para as crianças, a anemia ferropriva pode acarretar em atraso do desenvolvimento e do crescimento, tendo possíveis sequelas mesmo após tratamento. RELATO DE CASO: Paciente de 1 ano e 3 meses, sexo masculino, encaminhado para o centro de saúde da UFOP com condição de anemia ferropriva grave, com hemoglobina de 6mg/dL. A criança teve aleitamento materno exclusivo até os 10 meses de idade, sendo posteriormente alimentada apenas com leite de vaca até 1 ano e 1 mês, quando apresentou um desmaio. Para o caso, fora sugerida transfusão sanguínea, porém optou-se por uma postura mais conservadora, realizando-se terapia medicamentosa com sulfato ferroso e introdução de alimentação complementar, evoluindo para grande melhora do paciente, ainda em tratamento. DISCUSSÃO: O presente caso ilustra um perfil comumente observado na prática clínica e na literatura médica. Crianças entre seis meses e dois anos de idade, faixa etária a qual pertence o paciente, apresentam risco duas vezes maior para desenvolver a doença do que aquelas entre 25 e 60 meses. Apesar de ser preconizada a suplementação preventiva com sulfato ferroso, além da complementação da amamentação com outros alimentos a partir dos 6 meses de idade, a referida criança não teve esse incremento nutricional, evoluindo para a anemia ferropriva grave. Um aporte nutricional adequado de ferro é essencial para o correto crescimento e desenvolvimento do organismo e resistência a infecções na infância, uma vez que esse é um período de formação que apresenta acentuada velocidade de crescimento e que necessita de substrato energético variado. Em casos muito graves, a transfusão sanguínea é uma opção de tratamento eficaz e mais rápida, contudo é uma alternativa agressiva e que envolve riscos. Diante da evolução do paciente, concluise que a suplementação terapêutica de ferro (alimentar e medicamentosa) tem se mostrado efetiva como medida de tratamento de anemia ferropriva grave. Outro aspecto questionável foi que, mesmo após as consultas de pré-natal e consultas esporádicas nas unidades de saúde mais próximas, a alimentação proporcionada à criança era inadequada, o que sugere uma possível assistência em saúde de má qualidade como fator agravante, além da condição socioeconômica da família. Palavras-chave: Anemia ferropriva, desenvolvimento infantil, lactente. 95 Referências: OSÓRIO, M. M. Fatores determinantes da anemia em crianças. Jornal de Pediatria (Rio de Janeiro); 78(4): 269-278, 2002. SILVA, D.G., PRIORE, S.E. & FRANCESCHINI, S. C. Risk factors for anemia in infants assisted by public health services: the importance of feeding practices and iron supplementation. Jornal de Pediatria (Rio de Janeiro); 83:149-56, 2007. 96 APRESENTAÇÃO TEMA LIVRE TIREOPATIAS NA POPULAÇÃO - PREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO Fabiana Alves Maksud ([email protected]) Letícia Rodrigues Silva ([email protected]) Lívia Maria de Oliveira Gomes ([email protected]) Luiz Eduardo de Freitas Xavier ([email protected]) Miriam Cláudia Cardoso dos Santos Marçal ([email protected]) INTRODUÇÃO: As tireopatias são um conjunto de disfunções tireoidianas (hipo ou hipertireoidismo), que acometem 0,5 a 1% da população geral mundial e 2 a 4% dos indivíduos acima de 65 anos. Entre as suas principais causas, destacam-se as doenças autoimunes, fatores genéticos e ambientais. No Brasil, a deficiência nutricional de iodo já assumiu destaque como fator predisponente, e ainda é considerada a maior causa de bócio no mundo, principalmente nas áreas montanhosas da Ásia. Encontram-se em estudos outros fatores ambientais como contato com mercúrio, benzeno, chumbo e outros que podem contribuir para o desenvolvimento de distúrbios na tireoide. OBJETIVOS: Verificar a prevalência de tireopatias no Brasil e no mundo com base em estudos epidemiológicos e correlacioná-las com as características socioambientais das regiões de estudo, a fim de se determinar os principais fatores de risco para desenvolvimento da doença. DISCUSSÃO: A tireoide tem papel importante na regulação de numerosos processos metabólicos do organismo, o que justifica a variedade de sintomas apresentados pela alteração funcional dessa glândula, impactando diretamente na qualidade de vida dos pacientes. Uma pesquisa realizada no Nordeste brasileiro constatou que a dieta carente em iodo e o consumo de mandioca apresentavam potencial bociogênico. Aliada ao aspecto dietético dos distúrbios, o caráter genético dessas doenças, como a herança de doença tireoidiana autoimune familial também contribui significativamente para a prevalência da doença. A pesquisa também confirmou que o Brasil apresenta uma tendência mundial de distribuição da doença, que incide principalmente em mulheres e caucasianos. Embora esse conjunto de doenças apresente manifestações variáveis, o seu diagnóstico é relativamente simples, sendo suspeitado através de anamnese e exame físico e confirmado através de exames de imagem e dosagens anormais dos hormônios. CONCLUSÃO: A considerável prevalência de tireopatias na população brasileira e mundial associada à fatores de risco evitáveis aponta para a necessidade de se reformular medidas preventivas e de controle dessas enfermidades. Entretanto, a complexa fisiopatologia das tireopatias requer estudos aprofundados na área a fim de se compreender de maneira mais objetiva medidas efetivas de controle da doença e risco de exposição ambiental. Palavras-chave: Glândula tireoide, Tireoidite, Iodo. 97 Referências: PONTES, A.A.N. et al. Prevalência de Doenças da Tireóide em Uma Comunidade do Nordeste Brasileiro. Arq Bras Endocrinol Metab 2002;46/5:544-549. PEREIRA, T.M.M et al. Avaliação da Função Tireoidiana dos Pacientes Atendidos no Laboratório Integrado de Análises Clínicas – LIAC - Natal/RN. NewsLab - edição 67 – 2004. 98 APRESENTAÇÕES ORAIS – DISCIPLINAS MEDICINA GERAL DE CRIANÇAS I E II APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL ABORDAGEM INTEGRAL AO PACIENTE PEDIÁTRICO COM DOENÇA FALCIFORME Célia Maria da Silva ([email protected]) Amália Assis de Freitas ([email protected]) Luciana Silva de Godoy ([email protected]) Najla Braz da Silva Vaz ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil INTRODUÇÃO: A anemia falciforme é uma desordem genética de grande importância clínica e epidemiológica cuja característica principal é a herança do gene da globina beta S (gene ßs). Os fenômenos vaso-oclusivos e a hemólise crônica são os principais determinantes das manifestações clínicas. Mesmo a alteração principal estar restrita aos eritrócitos do sangue, trata-se de doença sistêmica que pode acometer qualquer órgão. O presente artigo visa atentar para importância do diagnóstico precoce e controle da doença falciforme na infância, pela recorrência de internações e complicações advindas da Doença Falciforme. RELATO DO CASO CLÍNICO: Trata-se de um relato de caso de uma paciente de 4 anos de idade, com Anemia Falciforme, controlada pelo uso de hidroxiuréia, atendida na Unidade Básica de Saúde de Amarantina, em Ouro Preto, Minas Gerais, com acompanhamento no Hemominas em Belo Horizonte. Paciente com 8 internações prévias devido a complicações da Doença falciforme (DF), dentre elas: por anemia não controlada e ITU; por desidratação; por piora do estado geral da paciente e agravamento da anemia com necessidade de transfusão sanguínea. Em Ultrassom realizado previamente, paciente possui litíase biliar, sem indicação cirúrgica. Mãe pai possuem o traço falciforme, sem conhecimento prévio. Em consulta realizada no dia 19/05/2015, criança em bom estado geral, reativa ao exame, presença de sopro sistólico grau I/VI panfocal e discreta esplenomegalia. Demais exames dentro do padrão da normalidade. A vacinação estava incompleta; alimentação adequada; desenvolvimento neuropsicomotor e pondero-estatural adequados e DF controlada pelo uso de hidroxiuréia (HU). A conduta foi manter o medicamento em uso e orientações com relação aos sinais de alerta. Paciente realizou no dia 22/05/2015 exames para acompanhamento da doença e da dose de hidroxiureia, no Hemominas em Belo Horizonte, os resultados alterados foram: Hemoglobina: 8,72 g/dL; Hematócrito: 24%; Reticulócitos: 6%. DISCUSSÃO: O evento fisiopatológico básico da AF é a mutação de ponto (GAG por GTC) no gene da globina beta da hemoglobina (Hb), originando a formação da Hb S, que, em situação de desoxigenação, sofre polimerização de suas 99 moléculas, com falcização das hemácias, ocasionando encurtamento da vida média dos glóbulos, eventos repetidos de vaso-oclusão, episódios de dor e lesão crônica e progressiva de órgãos, resultando em piora da qualidade de vida e aumento da taxa de mortalidade. Até o momento presente, o HU foi o único medicamento que, efetivamente, teve impacto na diminuição das manifestações clínicas. Anemia Falciforme é um importante problema de saúde pública no Brasil. Em Minas Gerais a incidência do traço falciforme é de 3,3% e a da Doença Falciforme é de, aproximadamente, 1:1.400 recém-nascidos triados. Os municípios de Ouro Preto e Mariana apresentam em torno de 22 casos de anemia falciforme. A doença falciforme determina elevadas taxas de morbidade e mortalidade, principalmente nos primeiros 5 anos de vida, sendo necessário o diagnóstico precoce e acompanhamento adequado na infância. PALAVRAS-CHAVE: anemia falciforme, diagnóstico precoce, saúde pública. REFERÊNCIAS: FERNANDES, A. P. P. C., JANUARIO, J.N., CANGUSSU, C. B., MACEDO D. L., VIANA, M. B. Mortality of children with sickle cell disease: a population study. Jornal de Pediatria da SociedadeBrasileira de Pediatria, 2010. BEHRMAN, Nelson; RICHARD E; KLIEGMAN, Robert; JENSON, Hal B. - Tratado de Pediatria - 17ª edição, Editora Elsevier, 2005. 100 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL ANEMIA FALCIFORME: UM RELATO DE CASO Navarro Santos Gribel ([email protected]) Carolina de Almeida e Silva ([email protected]) Flávia Pádua Tavares ([email protected]) Mariane Habib Sales de Paula ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil INTRODUÇÃO: A anemia falciforme é uma doença genética autossômica recessiva na cadeia beta da hemoglobina (HbA) que leva a produção da hemoglobina da hemácia falciforme (HbS). A anemia falciforme está associada a diferentes graus de anemia, a hemólise de eritrócitos e à obstrução de pequenos capilares, causando crises dolorosas, danos aos principais órgãos e aumento da vulnerabilidade a infecções graves. Para evitar os episódios dolorosos e prejudiciais, causados pela vaso-oclusão, deve-se realizar um aconselhamento aos pais sobre métodos preventivos dos fatores desencadeantes, como evitar frio, limitar a prática de exercícios extenuantes, evitar a desidratação, estresse e grandes altitudes. O diagnóstico é confirmado pelo exame de eletroforese de hemoglobina, realizado na triagem neonatal (teste do pezinho) sendo gratuito no Sistema Único de Saúde. RELATO DO CASO CLÍNICO: I.S.F, masculino, 3 anos, pré-escolar, melanodermo, natural de Mariana (MG). Chega à consulta em 05 de maio de 2015, acompanhado da mãe para controle da anemia falciforme. Mãe relata diagnóstico de anemia falciforme no teste do pezinho e início do uso de medicação penicilina V oral e ácido fólico aos 3 meses de idade. Criança faz acompanhamento trimestral no Hemominas. I.S.F. apresenta crises álgicas recorrentes, que iniciam geralmente em membros inferiores e abdômen, com dificuldade de movimentação. Mãe foi orientada a controlar a dor intercalando medicamentos com efeito analgésico, como Paracetamol e Ibuprofeno. Paciente necessitou de internações por crises de dor em quatro ocasiões, com média de oito a dez dias de internação. Última internação em 16 de março de 2015, com alta em 24 de março de2015. Mãe relata que a criança vem se apresentando muito cansada após a última internação, limitando as atividades diárias, como ir à creche e brincar. DISCUSSÃO: A detecção precoce da anemia falciforme possibilita o acompanhamento da criança antes do surgimento dos sintomas e suas complicações. O tratamento visa a profilaxia antibiótica desde os 3 meses de vida até os 5 anos de idade, imunização contra pneumococo e Haemophilus influenzae B e tratamento imediato quando ocorre infecções. Estas ações têm como objetivo aumentar a sobrevida das crianças. PALAVRAS-CHAVE: Anemia, Falcização, Tratamento REFERÊNCIAS: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Manual de Diagnóstico e Tratamento de Doenças Falciformes. Brasília, 2002. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/anvisa/diagnostico.pdf>. 101 Felix AA, Souza HM, Ribeiro SBF. Aspectos epidemiológicos e sociais da doença falciforme. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2010; 32(3): 203-208. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151684842010000300006&lng=en. Epub June 25, 2010>. 102 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL ASPIRAÇÃO DE CORPO ESTRANHO EM PRÉ-ESCOLAR: UM RELATO DE CASO Prof. Navarro Santos Gribel Bianca Silveira ([email protected]); Fernanda Linhares de Carvalho Pereira ([email protected]); Gustavo Moreira Madeira ([email protected]); Jorge Costa Ribeiro ([email protected]); Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP Ouro Preto - MG Acidentes na infância são importante causa de morbimortalidade no mundo, dentre os principais acidentes destaca-se a aspiração de corpo estranho - ACE. Estatísticas demonstram que a ACE aparece como a principal causa de morte acidental nos domicílios em menores de 6 anos. Em crianças está associada à falha no reflexo de fechamento da laringe, controle inadequado da deglutição e particularmente ao hábito de levar objetos à boca. O descuido dos pais com determinados objetos passíveis de aspiração, como pequenos brinquedos e certos alimentos são fatores predisponentes importantes. G.V.S.S, masculino, 2 anos e 5 meses, recebido no Hospital Monsenhor Horta (Mariana–MG) no dia 04/05/2015 após ter sido previamente atendido na Unidade de Pronto Atendimento - UPA - do mesmo município e ter sido encaminhado para internação devido à suspeita de aspiração de corpo estranho. Verificou-se durante a anamnese que a criança engasgou com amendoim no dia 26/04/2015, iniciando desde então quadro de tosse crônica incessante, com episódios agudos. Paciente levado à UPA por três ocasiões sendo-lhe prescrito anti-histamínicos, corticoide oral e antibiótico sem nenhuma melhora. Ao exame físico apresentou bom estado geral, acianótico, afebril, com dispneia leve, retração de fúrcula esternal e subcostal e murmúrio vesicular diminuído em região basal do hemitórax direito. FC 80 bpm, FR 55 irpm, PA 90x60 mmHg, Temperatura axilar 37ºC, e saturação em ar ambiente de 97%. Foi solicitado RX de tórax (04/05/2015) que evidenciou região de atelectasia em base pulmonar direita. Hemograma (06/05/2015) constatou como alterações leucócitos 14200 células/mm³ e plaquetas 563000/mm³; PCR 7 mg/L. Paciente encaminhado para broncoscopia, internado por 4 dias aguardando transferência para hospital de referência. Reavaliado (07/06/2015) apresentando quadro estável, bom estado geral, dispneia leve com crises de tosse seca; paciente estava com dieta livre, em uso de Salbutamol spray e realizando fisioterapia respiratória. Transferido nessa mesma data para a Santa Casa (Belo Horizonte-MG) para realização de broncoscopia. A ACE é uma situação prevenível que requer programas educacionais dirigidos aos pais, tanto na orientação dos hábitos que predispõem ao acidente nesta faixa etária, quanto no ensino das noções básicas das técnicas de desobstrução de via aérea alta. A retirada endoscópica de corpos estranhos aspirados pelas vias aéreas é um tratamento eficaz e rápido, mas existem riscos. Essa retirada depende de centros especializados em endoscopia respiratória ou perioral, no entanto, no Brasil, existem poucos centros capazes de realizar broncoscopias de urgência. PALAVRAS-CHAVE: corpos estranhos, broncoscopia, pediatria 103 REFERÊNCIAS: • FIGUEIREDO, Ricardo Rodrigues et al. Corpos estranhos de fossas nasais: descrição de tipos e complicações em 420 casos. Revista Brasileira Otorrinolaringologia,São Paulo, v. 72, n. 1, p.37-39, fev. 2006. • LIMA, Alexandre Garcia de. Broncoscopia para remoção de corpo estranho: onde está o atraso? Jornal Brasileiro de Pneumologia. São Paulo, p. 77-79. nov. 2008. • Fraga AMA, Reis MC, Zambon MP, Toro IC, Ribeiro JD, Baracat ECE. Aspiração de corpo estranho em crianças: aspectos clínicos, radiológicos e tratamento broncoscópico. J Bras Pneumol. 2008;34(2). • SOUSA, Sílvia Teresa Evangelista Vidotto de et al. Aspiração de corpo estranho por menores de 15 anos: experiência de um centro de referência do Brasil. J. bras. pneumol.. 2009, vol.35, n.7, pp. 653-659. • Cassol V, Pereira AM, Zorzela LM, Becker MM, Barreto SS. Corpo estranho na via aérea de crianças. J Pneumol. 2003;29(3):139-44. 104 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL AVALIAÇÃO COGNITIVA EM PACIENTE PEDIÁTRICO – RELATO DE CASO Orientadora: Ana Maria Cardoso Autores: Fernanda Pinheiro Manhães ([email protected]) Luisa Guimarães Hofner ([email protected]) Luiz Gustavo Minaré Conessa ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto Ouro Preto, Minas Gerais INTRODUÇÃO: A dificuldade escolar mantém-se entre as sete principais queixas mais frequentes nos ambulatórios e consultórios de pediatria¹.O baixo desempenho escolar pode estar ligado a diversos fatores, tanto como problemas perinatais e determinadas doenças ao longo dos primeiros anos de vida, como às dinâmicas escolares e familiares ou ligado a fatores nutricionais e características do próprio indivíduo. "Estatísticas nacionais acerca dos fatores médicos associados à dificuldade escolar ainda são escassas, dificultando a implantação de medidas, sejam elas de natureza preventiva, curativa ou de suporte.”¹ RELATO DO CASO CLÍNICO: Paciente: I. J. M. B., 12 anos e 6 meses, sexo masculino, natural de Ouro Preto, procura atendimento na Unidade Flor-de-Lis (Padre Faria) acompanhado da mãe, com queixa de desatenção escolar. Trata-se de um paciente já em acompanhamento pelo CAPS infantil devido ao rendimento escolar. Ao atendimento, demonstra fácil distração e timidez. Não há queixas de nenhuma outra comorbidade. Apresenta dificuldade de fala, escrita lentificada e leitura passo-a-passo. Dificuldade de interpretar o que lê. Mini mental com resultado de 12. Anamnese especial e o exame físico não apontaram nenhuma alteração. Histórico de hipóxia ao nascimento com aspiração de mecônio e icterícia. Teve internação neonatal por 7 dias, mãe P5G6A1, parto vaginal. Meninas = 4 Meninos = 1. Hipóteses diagnósticas: Desenvolvimento cognitivo abaixo do ideal para idade: Déficit cognitivo associado a hipóxia ou Síndrome do X Frágil? Condutas: Encaminhamento ao neurologista, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo e requerimento de relatório do acompanhamento multiprofissional no CAPSi e da escola. DISCUSSÃO: Nos casos em que há suspeita de comportamento patológico é fundamental que se investigue a doença para assim melhorar a qualidade de vida do paciente e da família. “O uso de testes práticos e validados, como o Mini-Exame do Estado Mental, pode alertá-lo para a existência de problemas cognitivos e/ou psicossociais subjacentes”³. Dentre as diversas possíveis causas de dificuldade de aprendizado, o paciente apresentava uma história de hipóxia neonatal e a probabilidade de ser síndrome do X frágil. Sabe-se que esta é a causa mais comum de retardo mental herdável com comprometimento cognitivo de leve a moderado e possui uma incidência de 1/4000. Já a hipóxia neonatal possui uma prevalência de 2,9 a 7,6%, podendo levar ao comprometimento do sistema nervoso, causando problemas de comportamento e atraso 105 no desenvolvimento psicomotor do indivíduo. As principais intervenções tendo em vista as hipóteses diagnósticas do caso complexo estão no âmbito do aconselhamento e da orientação familiar para o caso de uma doença genética e o acompanhamento rotineiro do paciente para o caso de uma encefalopatia por hipóxia que possa vir a apresentar outras patologias associadas ao quadro. É preciso um acompanhamento multidisciplinar do paciente com pediatra, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e psicólogo para garantir a melhor evolução e minimização de impactos frente aos déficits de desenvolvimento cerebral da criança. PALAVRAS-CHAVE: Cognição, Aprendizado, Pediatria. REFERÊNCIAS: 1) Araújo, A. P. Q. C.Avaliação e manejo da criança com dificuldade escolar e distúrbio de atenção. Jornal de Pediatria, 78(Suppl. 1), S104S110. Retrieved April 12, 2015. 2) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL. Dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento. Brasília, 2006 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL 106 RELATO DE CASO: CÓLICA DO RECÉM-NASCIDO Ana Maria Cardoso - [email protected] Felipe Sabec Folgueral – [email protected] Maira Kroetz Boufleur – [email protected] Paulo Henrique Castanha Miranda – [email protected] Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais INTRODUÇÃO: Prestar atendimento ao binômio puérpera-recém-nascido é um grande desafio e demanda paciência, empatia e disponibilidade para elucidar possíveis dúvidas. As principais queixas estão relacionadas ao lidar com o choro excessivo da criança nas primeiras semanas até o sexto mês. Muitas vezes, tais queixas estão relacionadas com a cólica do lactente, que culmina em uma criança irritadiça e desconfortável, gerando preocupação na família (KOMINSKY, 2004). RELATO DE CASO: D.L.C.S., 3 meses, acompanhado da mãe, chega com as seguintes queixas: 1) cólica abdominal e 2) estado gripal. Sobre a primeira, informa piora do quadro de dor abdominal à noite, com fácies álgica, tendo como fatores de melhora o decúbito ventral, a massagem abdominal e o uso de simeticona. Sem alterações na consistência das fezes. Criança em aleitamento materno exclusivo (AME). Sobre a segunda queixa, nega febre. Relata tosse e congestão nasal. Ao exame físico, peso de 6,976Kg – Score Z (-2; 0) – comprimento de 62cm – Score Z (-2; 0) – e perímetro cefálico de 43cm – Score Z (2; 3). Sem alterações ao exame físico. DISCUSSÃO: Ao se deparar com uma criança lactente, com vacinação em dia, DNPM e alimentação adequados e que apresente tais sintomas, pensa-se em primeiro momento nas seguintes hipóteses diagnósticas: 1) cólica do recém-nascido e 2) RGE. Devido à idade do paciente, o quadro de DRGE torna-se uma opção distante, pela alta probabilidade em ser fisiológico (OLIVEIRA, 2005). Tem-se, então, a necessidade de trabalhar com a primeira hipótese, sendo necessária orientação quanto à alimentação da mãe, vide D.L.C.S. estar em AME (LEÃO, 2005). PALAVRAS-CHAVE: 1) Cólica; 2) Recém-Nascido; 3) Integralidade em Saúde REFERÊNCIAS: 1 – LEÃO, E.; CORREA, E.J.Pediatria Ambulatorial. Editora COOPMED. 4ª edição, 2005. 2 – OLIVEIRA, R.G. de. Blackbook Pediatria. Blackbook. Editora. Belo Horizonte, MG. 3ª EDIÇÃO. 2005. 3 – KOMINSKY, F.S.; KIMURA, A.F. Cólica em recém-nascido e lactente: revisão bibliográfica. Revista Gaúcha de Enfermagem. 25 (2):147-56, Porto Alegre, 2004. APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL 107 CORRELAÇÃO ENTRE RINITE ALÉRGICA E SÍNDROME DO RESPIRADOR ORAL: RELATO DE CASO Fátima Lúcia Guedes Silva ([email protected]) Adelie Nicolli Martins Gai ([email protected]) Luísa Martino Avelar ([email protected]) Rafaela Arantes ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil INTRODUÇÃO: A frequência das afecções respiratórias, como a rinite alérgica (RA) e síndrome do respirador oral (SRO), na prática pediátrica é bastante elevada, tendo pico de incidência na faixa puberal. A inter-relação entre ambas e as múltiplas complicações necessitam que seja feito o diagnóstico o quanto antes para evitar tanto as complicações. O tratamento se baseia no controle ambiental, imunoterapia, farmacológico, no caso da RA, e identificação e correção dos fatores causais, no caso da SRO. Ambas afetam o indivíduo em todo o âmbito biopsicossocial. RELATO DO CASO CLÍNICO: G.A.O, masculino, 12 anos e 8 meses. Realizado primeira consulta e 2 retornos onde se acompanhou queixas principais relacionadas a “marcas no corpo” e “crises de nariz”. Foi relatado que o adolescente possuía uma mancha na região da virilha, rinorreia e episódios alérgicos há vários anos. Relatou cansaço e em retornos, roncos altos e episódio compatível com apneia do sono. Na história pregressa: sofrimento fetal ao nascimento e a criança não foi amamentada. Doenças prévias: bronquite (1 ano). História socioeconômica: mora com mãe, irmão mais novo e padrasto. Anteriormente morava com avós maternos, tio e a companheira do tio, esta praticou maus tratos com o adolescente. Exames físicos: fáscies de respirador oral. Em 1º consulta: mancha hipercrômica, descamativa. Rinoscopia: desvio de septo. Hipóteses diagnósticas: adolescência com crescimento e desenvolvimento adequados, tinea púbis, rinite, respirador oral, apneia do sono. Condutas: tratar a tinea púbis, tentativa de tratar a rinite alérgica com esquemas diferentes, encaminhamento para otorrinolaringologista. Orientações para a idade, para filho e mãe. DISCUSSÃO: A rinite é considerada a doença crônica mais comum da infância e adolescência. A RA frequentemente está associada a distúrbios na respiração, respirador bucal, otite média secretora, conjuntivite, sinusite e asma. A RA pode ser caracterizada por uma inflamação das membranas nasais, induzida por exposição a alérgenos. A classificação da rinite deve levar em consideração a duração e a gravidade dos sintomas, incluindo os aspectos de qualidade de vida. O diagnóstico é basicamente clínico. O tratamento da RA se baseia em controle ambiental, tratamento farmacológico e imunoterapia específica. A avaliação do impacto psicossocial do paciente com RA não deve ser negligenciado. A respiração oral pode ser considerada uma síndrome, pois incorpora vários sintomas como alterações orofaciais, posturais, oclusais e distúrbios de comportamento. Define-se por respirador oral, o paciente que respira exclusiva ou predominantemente pela boca, quando em vigília, há pelo menos três meses. A investigação causal da respiração oral e sua posterior correção podem ocasionar regressões espontâneas das deformidades, principalmente em crianças menores. O tratamento do paciente com RA e respiração oral requer uma equipe multiprofissional. Observou-se nesse caso a prevalência de atopias e problemas respiratórios em paciente não amamentado (possibilita que a 108 criança desenvolva adequadamente as estruturas orofaciais). O diagnóstico precoce em uma criança respiradora oral evita futuras complicações individuais, e custos elevados à família e ao Estado. PALAVRAS-CHAVE: Respiração Bucal, Rinite alérgica, medicina do adolescente REFERÊNCIAS: NOGUEIRA, K.T.; PIRES, J.C.S. Rinite: a conduta no adolescente. Rev. Adolescência & Saúde, v.6, n.3. Set/2009. CAMPANHA, S.M.A.; FREIRE, L.M.S.; FONTES, M.J.F. O impacto da asma, da rinite alérgica e da respiração oral na qualidade de vida de crianças e adolescentes. Revista CEFAC, São Paulo, v.10, n.4, pág. 513-519. Out-dez/2008. APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL DERMATITE SEBORREICA NO LACTENTE: RELATO DE CASO 109 Mônica Versiani Nunes Pinheiro de Queiroz ([email protected]) Helena Távora de Senna Albuquerque Guimarães([email protected]) Maria Alice Matias Cardoso([email protected]) Paulo Henrique de Melo Figueiredo Neto([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil INTRODUÇÃO: A dermatite seborreica no lactente inicia-se nas primeiras semanas de vida e caracteriza-se por lesões autolimitadas, eritematodescamativas ou crostosas, que acometem primeiramente as chamadas áreas seborreicas, especialmente o couro cabeludo, a face, regiões retroauricular, pré-esternal e aréas intertriginosas, em que as lesões podem inflamar e exsudar. A etiologia não está clara. A dermatite seborreica pode ser dependente de hormônios ou em decorrência de proliferação exacerbada de espécies residentes de Malassezia furfur. Apresenta prevalência de 1 a 2% na população geral. Existem duas formas clínicas: a do lactente e a do período pós-puberal. Relato do caso clínico: Paciente do gênero feminino, 1 mês e 27 dias, natural de Ouro Preto – MG, realizou a primeira consulta de puericultura no dia 08 de abril de 2015. Na caderneta da criança consta que nasceu de parto cesáreo, após 40 semanas de gestação, Apgar em 1 e 5 minutos foram, respectivamente 8 e 9. Peso ao nascer de 3,140 kg, 50 cm de comprimento e perímetro cefálico de 35 cm. Segundo informação materna não houve intercorrências durante ou após a gestação. Informante relata que criança apresenta descamação na pele. Criança em bom estado geral, fácies atípicas, anictérica, acianótica, com implantação adequada dos fâneros. Peso atual 4,904 kg, 59 cm de comprimento, IMC de 14,1 kg/m² e perímetro cefálico de 40 cm, esses dados avaliados na curva de crescimento se mostram adequado para idade. Lesões descamativas, de coloração esbranquiçada, sem odor, em couro cabeludo, região retroauricular, pavilhão auricular, membros superiores, tronco e região de fralda, não há sintomas sistêmicos e irritação associados. As lesões cutâneas descritas no exame físico sugerem o diagnóstico de dermatite seborreica e como tratamento foi prescrito uso de óleo mineral 30 minutos antes do banho, passar em todas as regiões acometidas até melhora das lesões. Discussão: A dermatite seborreica do lactente inicia-se com lesões eritematodescamativas, assintomáticas, na região das fraldas, e o quadro pode se tornar disseminado. O diagnóstico diferencial nessa fase inclui a dermatite atópica, psoríase, histiocitose de células de Langerhans, dermatite das fraldas e "fenômeno Leiner" da imunodeficiência. O tratamento da crosta láctea em lactentes geralmente pode ser administrado com o uso de emolientes como óleo mineral ou azeite de oliva tópico, aplicados uma ou duas vezes por dia conforme a necessidade, uma vez que a dermatite seborreica do lactente é autolimitada e esse tratamento auxiliará na hidratação da pele e remoção das crostas. O recomendado é orientar e tranquilizar os familiares da criança. Se o tratamento for necessário por mais de 3 meses, deve-se considerar que a dermatite seborreica seja recalcitrante. Deve-se tomar mais cuidado em lactentes, nos quais o uso de um corticosteroide tópico de baixa potência deve ser reservado para casos recalcitrantes e graves. Se o lactente não responder à hidrocortisona tópica, recomenda-se consultar um 110 dermatologista. Antifúngicos sistêmicos devem ser reservados para casos graves e evitados em lactentes e crianças. PALAVRAS-CHAVE: Dermatite, seborreia, lactente REFERÊNCIAS: 1. Freire, LMS. Diagnostico diferencial em pediatria – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008, p259-262. 2. Poindexter, G.B., M.D.; Burkhart, C.N., M.D.; Morrell, D.S., M.D. Therapies for Pediatric Seborrheic Dermatitis. Pediatric annals, Thorofare, v. 38, n. 6, p. 333-8, 06 2009. APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL 111 SUSPEITA DE SÍNDROME DE PRADER-WILLI – RELATO DE CASO ANA MARIA DE JESUS CARDOSO ([email protected]) ² BERNARDO ARANTES NEVES DE ABREU ([email protected]) ¹ FILIPE NAPPI MATEUS ([email protected])¹ GIOVANN VIEGAS RODRIGUES FERNANDES ([email protected])¹ ¹ Discentes do 8º período do curso de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP; ² Orientadora e Docente da disciplina Medicina Geral da Criança II do curso de Medicina da UFOP Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil INTRODUÇÃO: A Síndrome de Prader-Willi (PWS) é uma desordem genética com repercussão multissistêmica, caracterizada por hipotonia grave, com comprometimento da sucção e dificuldades de alimentação em lactentes. Em seguida, na fase pré-escolar ocorre a ingestão alimentar excessiva e, consequentemente, o desenvolvimento gradual de obesidade mórbida que pode estender-se até a vida adulta. A hiperativação das regiões subcorticais associadas com a fome e a hipoativação das regiões responsáveis pela saciedade faz com que a ingestão alimentar seja prolongada e, com isso, desenvolve-se a hiperfagia. Somada à insaciedade, a deficiência do hormônio do crescimento (GH) favorece o desenvolvimento da obesidade. Endocrinologicamente, é possível observar também a redução do fator de crescimento insulina-símile I (IGF-I) responsável pelo ganho estatural e melhora do desempenho cognitivo. Hipogonadismo está presente em ambos os sexos e se manifesta com hipoplasia genital, desenvolvimento puberal incompleto, e, na maioria das vezes, infertilidade. Distúrbios comportamentais são comuns e são caracterizados por comportamentos compulsivos, manipuladores e transgressores. Dismorfismos faciais, como fissuras palpebrais em forma de amêndoa, ponte nasal estreita, estrabismo e escoliose muitas vezes estão presentes. RELATO DO CASO: Paciente do sexo masculino de 5 anos, atendido na Unidade Básica de Saúde de Passagem de Mariana, município de Mariana, Minas Gerais, com inadequação alimentar, obesidade grave, dificuldades de socialização e discalculia e disartria. Durante a anamnese apresentou comportamento tímido e retraído, resistente à realização dos exames clínicos. Ao exame físico pesou 37kg e mediu 1,165 m; IMC de 27,26kg/m² (obesidade grave). Apresentou fronte ampla, orelhas aumentadas, pescoço encurtado, implantação baixa do cabelo, hirsutismo, mãos e pés desproporcionalmente menores à constituição corpórea e revelou um palato ogival. Aparelhos respiratório, cardiovascular e geniturinário sem alterações. Hipótese diagnóstica de PWS. DISCUSSÃO: O paciente 112 relatado apresenta obesidade, dismorfismo facial, atraso de desenvolvimento, defeitos na articulação da fala, pés e mãos pequenos, totalizando 4 pontos (3 critérios maiores e 2 menores) na tabela do consenso de 1993. Essa pontuação não configura a somatória necessária para um diagnóstico clínico, tornando remota a hipótese inicial de PWS. Contudo, as alterações encontradas elevam a suspeita de uma síndrome genética, sendo de extrema importância a avaliação de um geneticista para a realização de teste molecular genético do diagnóstico definitivo. O controle do ganho excessivo de peso e a reposição de GH, caso necessário, são um dos aspectos mais importantes do tratamento de PWS. No caso do paciente, estabeleceu-se conduta multidisciplinar, com acompanhamento da nutrição, endocrinologia, neurologia, psicologia, fonoaudiologia, genética, além do pediátrico. A abordagem correta e o esclarecimento da família, neste caso, são fundamentais para a manutenção da conduta clínica estabelecida para o paciente. PALAVRAS-CHAVE: discalculia, hiperfagia, obesidade REFERÊNCIAS: 1. CASSIDY, S. B.; SCHWARTZ, S.; MILLER, J. L.; DRISCOLL, D. J.; Prader-Willi syndrome. Genetics in Medicine, Vol. 14(1), p: 10–26, Set/2011; 2. KIM, S. J.; MILLER, J. L.; KUIPERS, P. J.; GERMAN, J. R.; BEAUDET, A. L.; SAHOO, T.; DRISCOLL, D. J.; Unique and atypical deletions in Prader–Willi syndrome reveal distinct phenotypes. European Journal of Human Genetics, Vol. 20, p: 283–290, Nov/2011; 113 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL PROPEDÊUTICA AUDITIVA NEONATAL E RELAÇÃO COM HIPOACUSIA E OTITE MÉDIA NA INFÂNCIA Ana Maria Jesus Cardoso ([email protected]) Breno Muriel de Oliveira Fonseca ([email protected]) Daniel Magalhães Nobre ([email protected]) Henrique Resende Rodrigues ([email protected]) Pedro Fonseca Abdo Rocha ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil INTRODUÇÃO: A otite média em lactentes está relacionada a sérias consequências na infância como a hipoacusia e a dificuldade na aquisição da fala. O tratamento adequado das otites médias nos três primeiros anos de vida é de extrema importância, pois essa é a fase de maior desenvolvimento da linguagem. Por volta dos 18 meses, o vocabulário da criança tem, em média, 50 palavras. Aos três anos, já atinge 1.000 palavras. Sendo assim, é fundamental que o sistema auditivo esteja íntegro, principalmente nesta faixa etária, a fim de que o processo de desenvolvimento da linguagem se torne de maneira adequada. Por conta disso, é consenso estabelecido pelo National Institute of Health (NIH) que a triagem auditiva neonatal seja feita com o exame das Emissões Otoacústicas (EOA) e, os casos negativos sejam submetidos à segunda triagem confirmatória com o exame dos potenciais evocados auditivos de tronco cerebral (BERA). RELATO DO CASO: Paciente do sexo masculino, 07 anos, natural de Ouro Preto - MG procurou a Unidade Básica de Saúde Flor de Lis, bairro Padre Faria, a fim de solicitar encaminhamento para oftalmologia, por vermelhidão em ambos os olhos. É acompanhado por otorrinolaringologista, semestralmente, por conta de uma infecção de ouvido, quando ainda era recém-nascido. O BERA foi realizado, porém não detectou nenhuma alteração auditiva. Um novo exame audiológico foi solicitado, mas ainda não foi realizado. Nega uso de medicamentos, histórico de cirurgias e intercorrências perinatais. Ao exame físico paciente apresentava-se em bom estado geral, hígido, orientado em tempo e espaço. Frequência cardíaca: 70 bpm; frequência respiratória: 22 irpm; temperatura: 36,4ºC; relação IMC por idade, escore Z=0. Fácies atípica e implantação correta das orelhas. Ausência de linfonodos palpáveis. Conjuntivas normocoradas. Orofaringe bem hidratada e pouco eritematosa. Aparelhos respiratório, cardiovascular e exame abdominal nada digno de nota. Ao exame do aparelho geniturinário, presença de hipospádia distal. Paciente possui hipertricose em antebraços, costas, ombros e buço. Foi observado ao longo da consulta certa dificuldade em responder aos comandos verbais, sendo necessária a repetição com volume mais elevado da voz. O paciente compreendia os comandos, entretanto apresentava dificuldade na fala. DISCUSSÃO: A ocorrência de otites médias até os três anos de idade, têm significativa contribuição no desenvolvimento do déficit auditivo na infância, além da dificuldade na fala que a condição impõe à criança. Assim, a triagem auditiva neonatal torna-se de extrema importância, a fim de possibilitar o diagnóstico e o tratamento precoces do déficit auditivo, prevenindo as possíveis consequências como a dificuldade da fala na infância, como foi o caso do paciente em questão. 114 PALAVRAS-CHAVE: otite, média, hipoacusia, desenvolvimento da linguagem REFERÊNCIAS: 1 Lubianca Neto, J. F.; Hemb, L.; Silva, D. B. Systematic literature review of modifiable risk factors for recurrent acute otitis media in childhood. J Pediatr (Rio J), v. 82, n. 2, p. 87-96, 2006 Mar-Apr 2006. ISSN 0021-7557. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16614761 >. 2 Balbani, A. P.; Montovani, J. C. [Impact of otitis media on language acquisition in children]. J Pediatr (Rio J), v. 79, n. 5, p. 391-6, 2003 Sep-Oct 2003. ISSN 0021-7557. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14557838 >. 115 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL CASO DE ARTRITE SÉPTICA EM CRIANÇA DE SEIS ANOS, NA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE OURO PRETO, MINAS GERAIS Ana Cláudia dos Santos¹ ([email protected]) Débora Dumont Cruz Nunes¹ ([email protected]) Elen Cristina da Mata¹ ([email protected]) Célia Maria da Silva² ([email protected]) Thomás Viana de Souza² ([email protected]) (1) Universidade Federal de Ouro Preto, discente (2) Universidade Federal de Ouro Preto, orientadora Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil INTRODUÇÃO: A artrite séptica (AS) foi descrita por Thomas Smith em 1874, que foi capaz de demonstrar que crianças portadoras de infecção articular tinham um risco muito grande de vida ou sequelas graves. É definida como uma infecção osteoarticular que pode apresentar mortalidade acima de 50%. O Staphylococcus aureus é mais comum em todos os grupos etários, sendo que a etiologia microbiana é confirmada em três quartos dos casos (NELSON, 2009, p.2434). De acordo com a literatura americana, a incidência de AS em crianças varia de, aproximadamente, 5,5 a 12 casos por 100.000 indivíduos, sendo o quadril a articulação mais acometida, seguida pelo joelho, ombro e cotovelo. RELATO DO CASO CLÍNICO: R.M.T.,6 anos, 21kg, residente em Ouro Preto, Minas Gerais, admitida na UPA no dia 10/05/2015 apresentando febre, dor, edema e dificuldade de movimentação do membro inferior esquerdo após trauma em joelho esquerdo. Foi medicada com Ceftriaxona 80mg/kg/dia e, no dia 11/05/2015 foi internada na Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto devido à piora do quadro. Continuava apresentando sinais locais de inflamação e evoluía com febre alta, tendo sido diagnosticada com Osteomielite. Iniciou-se Oxacilina+Ceftazidina (200mg/kg/dia e 150mg/kg/dia de 8/8 hs) e solicitou-se avaliação da cirurgia devido à necessidade de drenagem do local, mantendo apenas a Oxacilina (200mg/kg/dia).No dia 13/05/2015 a cultura do líquido sinovial mostrou a presença de raros cocos Gram positivos e houve a substituição do antibiótico pela Vancomicina 40 mg/kg/dia 6/6h.Não havendo alteração do quadro, foi realizada a drenagem da exsudato inflamatório na articulação e no osso com melhora do estado geral e persistência de dor à mobilização do membro. DISCUSSÃO: A anatomia e a circulação nas extremidades dos ossos longos resultam na predileção da bactéria de origem sanguínea. O fluxo nessa área é lento e proporciona o ambiente ideal para essa proliferação. Uma vez que o foco bacteriano se estabelece, fagócitos migram para o local e produzem um exsudato inflamatório (NELSON, 2009, p.2435). É possível notar, em crianças mais velhas, a presença de febre, dor, eritema, edema e calor local. Em metade dos pacientes, é possível perceber a incapacidade de marcha, claudicação e dor à 116 mobilização do membro acometido. O PCR e o VHS são bons marcadores de eficácia do tratamento e a radiografia da área acometida é sempre o primeiro estudo de imagem (NELSON, 2009, p.2434). A antibioticoterapia empírica diminuiu a mortalidade, embora a morbidade permaneça elevada. O prognóstico da doença está intimamente relacionado ao tempo de demora no diagnóstico e ao tratamento empregado. Atualmente preconizase a punção articular como forma de identificar o agente causador, além de poder identificar a presença de células polimorfonucleares, confirmando infecção. Quando o patógeno é identificado, ajustes apropriados são feitos, se necessário. A drenagem cirúrgica está indicada sempre que houver presença ou suspeita de coleção purulenta no osso ou na articulação. Segundo Graça et al (1993), a artrotomia e drenagem apresentou bons resultados em seus estudos e são tanto melhores quanto mais precocemente são realizados. PALAVRAS-CHAVE: artrite infecciosa, osteomielite, sepse REFERÊNCIAS: -GRAÇA, R.; CORDEIRO, D.X.; OLIVEIRA, L.P.. Artrotomia e drenagem no tratamento da artrite séptica aguda. Rev. Bras. Ortop. Rio de Janeiro, Vol. 28, Nº 6 Junho, 1993. - KOTZIAS NETO, A.; OLIVEIRA, M.A.; STIPP, W.N.;. Avaliação do tratamento da artrite séptica do quadril. Rev. Bras. Ortop. São Paulo , v. 46, supl. 4, p. 14-20, 2011 . 117 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL PÊNFIGO FOLIÁCEO ENDÊMICO COMPLICADO EM PACIENTE PEDIÁTRICO DO DISTRITO DE ANTÔNIO PEREIRA, OURO PRETO-MG – RELATO DE CASO Ana Cláudia dos Santos¹ ([email protected]) Débora Dumont Cruz Nunes¹ ([email protected]) Elen Cristina da Mata¹ ([email protected]) Thomás Viana de Souza² ([email protected]) Célia Maria da Silva² ([email protected]) (1) Universidade Federal de Ouro Preto, discente (2) Universidade Federal de Ouro Preto, orientador INTRODUÇÃO: O pênfigo foliáceo endêmico (PFE) é uma doença autoimune, crônica e endêmica em algumas regiões do Brasil. A prevalência é de 1 caso em 300 mil pessoas. O PFE incide principalmente em adultos jovens e adolescentes que vivem próximo a córregos e rios, em áreas rurais, sem predileção por sexo ou raça. No território brasileiro, ocorre sobretudo nas regiões centro-oeste, sul e sudeste. Os principais fatores desencadeantes são: imunológico, genético e ambiental. O PFE possui etilogia desconhecida, provocada por autoanticorpos patogênicos antiepiteliais responsáveis pelo fenômeno da acantólise. A terapêutica mandatória é imunossupressora e responsável pelas principais complicações na evolução da doença. RELATO DE CASO: Realizouse o acompanhamento de paciente L.F.C.G., masculino, 12 anos, com diagnóstico de PFE há 4 anos, confirmado em biopsia de tecido cutâneo, oriundo de Antônio Pereira – Ouro Preto, admitido no Hospital Santa Casa de Misericórdia–Ouro Preto (HSCM-OP) dia 10/03/2015 ao dia 07/04/2015. Os dados foram obtidos em prontuários antigos e em informações colhidas na UBS de origem. Em uso crônico de Prednisona 15mg/dia, Dapsona 50mg/dia e Clobetazol creme. Foi internado em várias ocasiões por infecções, sendo a presente internação (10/03) voluntária, devido à ausência temporária da mãe que é drogaditca. Ao exame físico: 48,5kg, estado geral preservado, apresenta fácies cushingóide, manchas e placas descamativas na pele em todo o corpo, telangectasias, circulação colateral evidente, estrias rosáceas e abcesso em glúteo direito drenando espontaneamente. Iniciou-se tratamento com Amoxicilina + Clavulanato via oral (VO) 1500mg/dia, evoluindo com piora do quadro e troca da antibioticoterapia para Ceftriaxona 1g/dia endovenosa (EV) e, posteriormente para Cefepime 2-4g/dia + Vancomicina 2g/dia (EV). Após resultados da hemocultura e culutra de secreção do abcesso positivas para Staphylococcus aureus e Staphylococcus epdiermidis respectivamente, a terapia foi descalonada para Oxacilina 8g/dia. Evoluiu com melhora progressiva do quadro e continuava internado até o fim deste relato (07/04). 118 DISCUSSÃO: O PFE demanda monitorização contínua, já que as infecções advindas da imunossupressão podem ser fatais. Os fatores sociais e psicológicos que envolvem a doença são de extrema relevância, uma vez que a adicção materna pode desprover o paciente de cuidados momentaneamente, além do aspecto cutâneo predispor ao isolamento e preconceito social, mesmo não se tratando de uma afecção contagiosa. Apesar de se tratar de uma condição rara, o distrito de Antônio Pereira apresenta alta prevalência de PFE: são 14 casos em 3500 habitantes. Os fatores ambientais chamam atenção nessa região, destacando-se: a exposição ao mercúrio, devido à extração de ouro; o contato com a sílica livre cristalina, devido à atividade mineradora; e à picadura do mosquito da família dos simulídeos, que se reproduzem em córrego local. Com isso, destaca-se a necessidade de que estudos sejam realizados, bem como um acompanhamento mais próximo do paciente e do desenvolvimento dessa enfermidade na região. PALAVRAS-CHAVE: Pênfigo, autoimunidade, sepse. REFERÊNCIAS: CUNHA, Paulo R.; BARRAVIERA, Silvia Regina.C.S. Educação Médica Continuada. Dermatoses bolhosas auto-imunes*, An. Bras. Dermatol. vol.84 no.2 Rio de Janeiro Mar./Apr. 2009 AOKI Valéria; Rivitti, Evandro A.; ITO, Luci Mari; HANS-FILHO, Gunter; DIAZ. Perfil histórico da imunopatogenia do pênfigo foliáceo endêmico (fogo selvagem) / Historical profile of the immunopathogenesis of endemic Pemphigus Foliaceus (Fogo selvagem). Na. Bras. Dermatol. Vol. 80 no3; p.287-292; São Paulo 2005-06 119 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL A IMPORTÂNCIA DA PUERICULTURA PARA O DESENVOLVIMENTO NORMAL DA CRIANÇA Fátima Lucia Guedes Silva ([email protected]) Adelie Nicolli Martins Gai ([email protected]) Luísa Martino Avelar ([email protected]) Rafaela Arantes ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil INTRODUÇÃO: A puericultura constitui-se em um dos pilares da saúde materno infantil, e há inúmeros recursos apoiados em evidências científicas que devem guiar o profissional quanto aos procedimentos mais efetivos na consulta clínica. (BLANK, 2003). O acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento infantil pelo serviço de saúde através da puericultura deve ser feito de forma regular, de modo que seja possível a detecção precoce de alterações, viabilizando as devidas condutas em tempo hábil, com o objetivo de proporcionar à criança oportunidades para um desenvolvimento adequado durante toda a infância. RELATO DO CASO CLÍNICO: MCRL, lactente, feminino, natural e procedente de Mariana, negra. 1ª consulta: levada pelos pais à Unidade de Atenção Primária em Saúde Santo Antônio, Mariana-MG, para consulta de puericultura com questionamentos sobre a higiene dos órgãos genitais da criança, sobre o choro mais intenso durante a madrugada e a frequência de defecação. Ao exame físico notou-se lesões brancas distribuídas em toda a mucosa bucal. Hipóteses diagnósticas de RN a termo, adequado para a Idade Gestacional, Desenvolvimento Neuropsicomotor adequado para a idade, desinformação dos pais sobre higiene de região genital feminina, aleitamento materno não exclusivo, com uso de fórmula, monilíase, cólicas do lactente. Conduta: Orientações gerais, Simeticona gotas, Miconazol tópico na região bucal. 2ª consulta: melhora da monilíase. Ao exame físico notaram-se lesões papulosas e descamativas em área genital, poupando as áreas de flexão. Hipóteses diagnósticas de Dermatite amoniacal. Conduta: Hidrocortisona tópica e orientações. 3ª consulta: aparecimento de lesões vesiculares, no rosto com descamação e exantema iniciando no queixo e progressivamente atingindo todo o rosto, orelhas, pescoço e pele áspera. Hipóteses diagnósticas de Dermatite Seborreica. Conduta: Óleo de semente de uva 5% + Ureia 3% + creme hidratante neutro 240mL e orientações. 4ª consulta: houve considerável melhora das lesões e negam queixas. Conduta: orientações gerais. DISCUSSÃO: O cuidado à criança, ou a qualquer outra fase do ciclo vital humano, é complexo, multidimensional e sofre influência de diversos e distintos fenômenos nas ações do cuidar. (LEISSMANN, 2005). Os fatores socioambientais devem ser abordados no atendimento da puericultura, considerando a criança como fruto do seu meio social. Quando os questionamentos sobre o desenvolvimento da criança, o estilo de vida, problemas psicológicos e o ambiente familiar fazem parte da prática do profissional, desenvolve-se a base da promoção à saúde e melhora a relação com a família2. (BRASIL, 2004). (...) a cultura reflete nos modos da criança ser cuidada na família e na comunidade e, que, no cuidado à criança haverá sempre as marcas do saber cultural e do saber técnico120 científico. (SOUSA e ERDMANN, 2012). Quando os questionamentos sobre o desenvolvimento da criança, o estilo e as condições de vida, problemas psicológicos e o ambiente familiar fazem parte da prática do profissional, desenvolve-se a base da promoção à saúde e pode-se melhorar a relação com a família. (BRASIL, 2005). PALAVRAS-CHAVE: Cuidado da Criança, Desenvolvimento Infantil, Serviços de Saúde do Lactente REFERÊNCIAS: 1BLANK, D. A puericultura hoje: um enfoque apoiado em evidências. J. Pediatr. [online]. 2003, Supl. 1, pp. S13-22 2SOUSA, Francisca Georgina Macedo de; ERDMANN, Alacoque Lorenzini. Qualificando o cuidado à criança na Atenção Primária de Saúde. Rev. bras. enferm. [online]. 2012, vol.65, n.5, pp. 795-802. 121 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL ACOMPANHAMENTO DE OBESIDADE EM CRIANÇAS DE OITO ANOS – UM RELATO DE CASO Mônica Versiani Nunes Pinheiro de Queiroz ([email protected]) Lauanny Ribeiro Aguiar ([email protected]) Linamar Salomé Sant’Ana Machado ([email protected]) Lorena Caroline Lima de Oliveira ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil A obesidade infantil é atualmente considerada a doença que mais cresce no mundo e a de mais difícil tratamento, o que a torna um importante problema de saúde pública. Estudos demonstram que fatores comportamentais e ambientais são os principais responsáveis pelo aumento dramático da obesidade nas últimas 2 décadas, embora a genética seja também crucial na regulação do peso corporal. A prevenção do ganho de peso excessivo em crianças é de extrema importância para enfrentar a epidemia de obesidade, já que crianças obesas tendem a se tornar adultos obesos. O objetivo deste trabalho é apresentar um caso de criança de 8 anos obesa e discutir as possíveis repercussões da doença em sua vida, especialmente a gravidade da mesma a longo prazo. M.E.P.C., sexo Feminino, 8 anos. Compareceu à clínica de pediatria na UBS São Cristóvão, acompanhada pela mãe. Esta relatou que a criança foi diagnosticada com sobrepeso e dislipidemia há 1 ano, e desde então fez acompanhamento com nutricionista durante 4 meses, porém não se adaptou à dieta proposta e abandonou o tratamento. Ao ser interrogada, a paciente afirmou gostar muito de comer, mesmo que não esteja realmente com fome, pois se sente bem. Tem uma dieta com excesso de carboidratos e gorduras, e tem o hábito de almoçar 3 vezes. Ao exame físico constatou-se peso de 36,6 kg, Z escore entre 2 e 3; Altura de 1,25 m, Z escore entre 0 e -1; IMC de 21,5, Z escore entre 2 e 3, Percentil >97; Circunferência Abdominal: 60 cm; PA sentada e em ortostatismo: 110 x 65 mmHg. De acordo com os critérios estabelecidos pelas Diretrizes Brasileiras de Obesidade (2010), foi levantada a hipótese diagnóstica de obesidade infantil. A conduta, portanto, envolveu instruções sobre dieta alimentar e atividades físicas, tendo em vista modificações pontuais nos hábitos de vida da paciente, cujos dados foram minunciosamente colhidos durante a anamnese. Na segunda consulta, realizada após 1 mês, a mãe relatou que a criança não se adaptou às mudanças de dieta propostas e continuou comendo em excesso. Ao exame físico constatou-se que a paciente teve um ganho ponderal de 650g, e 1 cm na altura, permanecendo acima do percentil 97 do IMC. Novas instruções foram transmitidas à mãe e à criança, além de esclarecimentos sobre a gravidade da doença e a necessidade do tratamento precoce. Sabe-se que a obesidade infantil pode acarretar muitas comorbidades para o paciente a curto, médio e longo prazo, como problemas osteomusculares, prejuízos na autoestima e nas relações sociais e elevação do risco cardiovascular. A partir do caso é possível observar a dificuldade de aderência ao tratamento proposto e a necessidade de acompanhamento regular da paciente para escolha da propedêutica adequada. Importante 122 atentar para o objetivo do tratamento da obesidade infantil, que deve propiciar que a criança mantenha o peso enquanto avança em seu canal de crescimento, o que evita déficits nutricionais que possam atrapalhar seu desenvolvimento. Nota-se também a importância do apoio integral e multidisciplinar à criança e à família, para melhor adesão ao tratamento, que é essencial à redução da morbi-mortalidade associada à obesidade. REFERÊNCIAS: SILVA, Y.M.P ; COSTA, R.G; RIBEIRO, R.L. Obesidade Infantil: Uma revisão Bibliografica. Saude & Ambiente em Revista, Duque de Caxias, v.3,n.1, p. 0115, jan-jun 2008 ´RODRIGUES, Lucia Gomes. Obesidade Infantil: Associação do grau de Adiposide com Fatores de Risco para Doenças Cardiovasculares. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: pos-graduação em Saude da Criança/ Instituto Fernandes Figueira (IFF/ FIO CRUZ), p. 193, 1998. 123 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL EPILEPSIA ASSOCIADA A CONVULSÕES NÃO-EPILÉPTICA PSICOGÊNICAS - UM RELATO DE CASO Navarro Santos Gribell ([email protected]) Aihancreson Kirchoff Vaz Oliveira ([email protected]) Ludmila Moreira Cruz ([email protected]) Rayanna Mara de Oliveira Santos Pereira ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil INTRODUÇÃO: A epilepsia é uma doença crônica caracterizada por convulsões repetidas provocadas por descargas elétricas excessivas, anormais e idiopáticas no cérebro. No entanto, como trazido por Brodtkorp (2013), esse quadro pode ser imitado por fenômenos motores, sensitivos, autonômicos e funções comportamentais, como síncopes, ataques de hiperventilação e crises não-epilépticas psicogênicas (CNEP). As CNEP são associadas a um histórico familiar de epilepsia e doenças mentais, à comorbidades de doenças psiquiátricas durante a vida do paciente (Vicentiis et al,2005) e, em crianças, a um ambiente familiar inadequado (Valente et al, 2011). RELATO DE CASO CLÍNICO: Paciente L.M.V.M, de 11 anos do sexo masculino, natural de Ouro Preto. Chega ao consultório com queixa de crises de epilepsia. O diagnóstico de epilepsia foi dado há cerca de 4 anos. De acordo com a mãe do paciente, sua primeira crise teve duração de 4 horas, levando-a a procurar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). A tomografia computadorizada (TC) e o eletroencefalograma (EEG) apresentaram-se normais. O uso exclusivo de carbamazepina levou a melhora do quadro. As crises estão associadas a quadros de ansiedade levando o paciente a ficar inconsciente. O paciente relata que sofreu uma injúria na região cervical, com associação temporal à primeira crise epiléptica. Exame físico sem alterações. A conduta em relação a primeira consulta foi: dosagem sérica de carbamazepina (CBZ); pedido de eletroencefalograma com mapeamento cerebral; retorno com o resultado dos exames; e manutenção de vínculo para definição de diagnóstico. Na segunda consulta a mãe relatou que após a chegada de uma viagem o paciente encontrava-se muito agitado e teve uma crise com duração de 20 minutos. Após retornar da crise paciente relatou que não conseguia se mover, mas consciente. O EEG evidenciou a presença de ondas teta e ondas agudas difusas, compatíveis com o diagnóstico de epilepsia. A dosagem sérica da CBZ foi de 7,44mcg/mL. Na terceira consulta o paciente veio acompanhado pela avó e no seu relato informa que o paciente não sabe quem é o pai, recebe menos atenção da mãe do que o irmão reclama dos vários relacionamentos da mãe, apresenta dificuldades escolares e sofre bullying na escola. Tendo-se uma descrição mais detalhada das crises, o diagnóstico 124 de CNEP foi feito, mantendo-se o diagnóstico de epilepsia devido às alterações no EEG. DISCUSSÃO: Na literatura há grande interseção entre os diagnósticos de epilepsia e de CNEP: de acordo com Krishnan et al (2011), 25-30% dos pacientes inicialmente diagnosticados com epilepsia na verdade apresentam CNEP e entre 5 e 40% dos pacientes com CNEP apresentam a epilepsia como uma comorbidade. Dessa forma, percebe-se que o diagnostico realmente é difícil e se faz após uma atenção integral ao paciente, à família e ao meio em que eles estão inseridos, após a criação de vínculo e o esclarecimento da história clínica. O prognóstico de CNEP é bom quando a doença é identificada na infância, com até 92% dos casos apresentando o fim ou a redução considerável das crises (Yi et al, 2014), mas a associação à epilepsia é vista como um fator preditivo negativo (Durrant et al, 2011). PALAVRAS-CHAVE: Epilepsia, Ansiedade, Eletroencefalograma REFERÊNCIAS: BRODTKORB E. (2013). Common imitators of epilepsy. Acta Neurol Scand Suppl. (196):5-10. doi: 10.1111/ane.12043. Disponível em: http://<www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23190285> Acesso em 17 de maio de 2015 VALENTE et al (2011) Semiology of psychogenic nonepileptic seizures: Age-related differences. Epilepsy and Behavior. May 2013, Volume 27, Issue 2, Pages 292-295 Disponível em: <http://www.epilepsybehavior.com/article/S1525-5050(13)000516/fulltext.>Acesso em 17 de maio de 2015 125 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL PNEUMONIA GRAVE ADQUIRIDA NA COMUNIDADE DE ETIOLOGIA BACTERIANA Mônica Versiani Queiroz ([email protected]) Bruna Ferraz Lima ([email protected]) Eric Morais da Costa Braga ([email protected]) Gabriela Ribeiro Salim Nogueira ([email protected]) Izabela Zarnowski Passos ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil INTRODUÇÃO: A Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) decorre de um processo inflamatório que é a resposta do hospedeiro ao agente agressor. O quadro clínico é semelhante, independente do agente etiológico – tosse, febre e dificuldade respiratória. Os mais importantes fatores de risco são: a desnutrição, a baixa idade e as co-morbidades. A importância da identificação da gravidade da doença está no fato de que a partir dos sinais de gravidade, será indicada a internação do paciente. A taquipnéia e a tiragem são achados do exame físico sempre presentes nos pacientes com pneumonia grave. Já em relação à conduta terapêutica, as crianças maiores de 2 anos podem ser tratadas em ambulatório e a conduta medicamentosa neste caso, deveria ser pela introdução de oxacilina associada a cloranfenicol ou a cefalosporina de terceira geração. RELATO DE CASO CLÍNICO: Paciente F.S.T., 2 anos e 10 meses, sexo masculino, natural de Ouro Preto, acompanhado da mãe com queixa de episódios de febre termometrada de 38,0 a 38,5° há 2 dias, associada com tosse, coriza hialina e dispnéia importante. Em história patológica pregressa, apresentou: episódio de pneumonia bacteriana sem internação, quadro de infecção viral alta recente, anemia ferropriva prévia. Imunização completa segundo informação da mãe. História familiar de diabetes mellitus em tias paternas e bronquite em tias maternas. F.S.T. mora com a mãe, a irmã mais velha e o pai e passa maior parte do dia em uma creche. Ao exame físico: hiporreativo, prostrado, febril, anictérico, acianótico, hidratado e com presença de sinais de atopia. Sinais vitais: frequência cardíaca de 126 bpm, frequência respiratória de 42 irpm, temperatura axilar de 37,7° e saturação entre 91 e 94%. Dados antropométricos: peso: 16,200 Kg, altura 1,0 metro, IMC: 16,2. Z escore para altura e peso: entre 0 e 2 e z escore para IMC entre 0 e 1. Exame respiratório: presença de tiragens intercostais e subdiafragmática, retração de fúrcula esternal, batimento de aletas nasais, à ausculta: presença de sibilos e crepitação em bases pulmonares. Hipótese diagnóstica: PAC. Conduta: Solicitação de Internação em serviço de urgência. DISCUSSÃO: Uma vez que a incidência anual de PAC é elevada, dos quais de 7 a 13% necessitam de internação, o caso mostrou-se relevante, uma vez que a conduta e o diagnóstico correto implicam diminuição das internações e economia de 126 gastos públicos. A hipótese diagnóstica e a conduta foram condizentes com a literatura e o tema escolhido, de grande relevância devido ao elevado risco de mortalidade da doença. PALAVRAS-CHAVE: Pneumonia, urgência, pediatria. REFERÊNCIAS: Diretrizes Brasileiras em Pneumonia Adquirida na Comunidade em Pediatria – 2007. J Bras Pneumol. 2007; 33 (Supl 1): S31-S60. Pediatria Ambulatorial - 5ª Edição Ennio Leão, Edison José Corrêa, Joaquim Antônio César Mota e Marcos Borato Viana Editora COOPMED - 2013. 127 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL SÍFILIS CONGÊNITA: UM RELATO DE CASO¹ Filipe Mateus Costa Teixeira² Francisco Patrus Ananias de Assis Pires² Iara Proença Xavier² Túlio Felício da Cunha Rodrigues² Navarro Santos Gribel³ ¹ Trabalho realizado na disciplina de Medicina Geral de Crianças- Escola de Medicina UFOP; na unidade básica de saúde do distrito de Passagem de Mariana – Mariana (MG) 2. Acadêmicos do curso de Medicina – UFOP ³ Médico Pediatra da UBS Passagem de Mariana; Professor substituto da disciplina Medicina Geral de Crianças – UFOP INTRODUÇÃO: A sífilis é uma doença infecciosa, de notificação compulsória, causada pelo Treponema pallidum e apresenta taxas de transmissão vertical de aproximadamente 100%. A sífilis congênita, um dos subtipos, consiste na disseminação hematogênica do agente infeccioso da gestante não tratada ou inadequadamente tratada para o seu concepto, por via transplacentária. No Brasil essa enfermidade ainda permanece como um importante problema de saúde pública. OBJETIVO: Apresentação de um caso de sífilis congênita em um lactente de 2 meses. RELATO DE CASO: L.C.P.S., 2 meses de vida, sexo masculino, compareceu no dia 13/04/15 à UBS de Passagem de Mariana. A queixa principal, relatada pela mãe, consistia em cólicas frequentes e dificuldade de amamentar. A mãe afirmou que assim que o bebê começa a mamar, já se iniciam os sinais de cólica gastrointestinal, com choro forte, preensão palmar e flexão de membros inferiores. Ao exame físico, apresentava-se em bom estado geral, afebril, acianótico, anictérico e dados vitais normais. Ao fim da consulta, chegamos às hipóteses diagnósticas de erro alimentar, intolerância à lactose e alergia alimentar. Assim sendo, houve a prescrição de Colikids (5 gotas, uma vez ao dia) e de Soymilk, em substituição às fórmulas lácteas usadas anteriormente. Dois dias após essa consulta (15/04/15), retornaram à UBS, em virtude do aparecimento repentino de lesões vesiculares nas extremidades dos membros do bebê. Houve a suspeita de disidrose, e foi prescrito pasta d’agua. Duas semanas mais tarde, dia 29/04/15 foi internado, em estado irritado, com choro forte, distensão abdominal com presença de circulação colateral, além das lesões bolhosas em mãos e pés. Após a realização de exames foi confirmada sífilis congênita, sendo iniciado tratamento endovenoso. CONCLUSÃO: É importante que os profissionais de saúde estejam preparados para incluir a sífilis congênita no diagnóstico diferencial de quadros clínicos que se apresentam nas fases iniciais da vida. O diagnóstico precoce é um fator essencial para a cura da enfermidade e para a redução de possíveis sequelas. 128 REFERÊNCIAS: * LEÃO, E. et col – Pediatria Ambulatorial – 5ª Ed– Belo Horizonte. Guanabara Koogan. 2013. * KLIEGMAN, R.m. et col. – Nelson, Tratado de Pediatria– 18ª Ed. Saunders. 2009. 129 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL SÍNDROME DE CHARGE: RELATO DE CASO CLÍNICO Fátima Lúcia Guedes Silva ([email protected]) Letícia Rodrigues Silva ([email protected]) Miriam Cláudia Cardoso dos Santos Marçal ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil INTRODUÇÃO: A Síndrome de CHARGE é uma desordem genética autossômica dominante, complexa e rara, tipicamente causada por mutações na proteína ligadora do cromodomínio-helicase-DNA 7, que está relacionada à organização da cromatina. Foi descrita pela primeira vez por Hall que, em 1979, verificou a combinação de atresia de cóanos com outras malformações congênitas. Dois anos depois, Pagon e colaboradores propuseram o acrônimo CHARGE para descrever estes achados: coloboma (malformação congênita, que pode afetar diversas estruturas oculares - C); cardiopatia congênita (heart malformation -H); atresia de cóanos (atresia of the choanae - A); atraso no crescimento e/ou desenvolvimento (retardation of growth and development - R); anomalias genitais (genital anomalies - G); anomalias do ouvido (ear anomalies - E). RELATO DE CASO CLÍNICO: Criança, 5 anos, sexo feminino, acompanhada no Centro de Saúde da UFOP para puericultura, encaminhamento para fisioterapia, relato de rinite alérgica e dificuldade de ganho ponderoestatural pela mãe. Diagnosticada com Síndrome de CHARGE. Nascida a termo, com 38 semanas, parto cesáreo, natural de Ouro Preto. Apgar 9/10 no 1°/5° minuto, com 47cm e 2920g, adequada para idade gestacional, perímetro cefálico de 32cm. Apresentava ao nascimento coloboma de íris, fissura nasolabial unilateral direita (lábio leporino sem fenda palatina), operada aos 6 meses de idade. Desenvolvimento neuropsicomotor não adequado para a idade, entre percentil 75 e 90, demonstrando atraso neurológico. À ectoscopia a paciente apresentou bom estado geral, reativa ao exame, consciente, fácies sindrômica, hidratada, normocorada, acianótica e anictérica. Pele e unhas sem alterações. Presença de hipertricose. Temperatura axilar de 35ºC. No momento da consulta, pesava 13,800g, possuía 94cm de estatura e perímetro cefálico de 44cm. Ao exame do aparelho respiratório apresentou tórax simétrico, eupneica, frêmito toracovocal de distribuição fisiológica, som claro pulmonar à percussão, murmúrio vesicular e roncos de transmissão à ausculta. Ritmo cardíaco regular, bulhas normorítmicas e normofonéticas. Abdome não doloroso à palpação superficial e profunda, fígado e baço não palpáveis, ruídos hidroaéreos presentes. Genitália externa infantil. Geno valgo. DISCUSSÃO: A paciente é pré-escolar com alimentação adequada e imunizações em dia. Coloboma de íris, e lábio leporino corrigido. Devido ao baixo desenvolvimento da fala, a possibilidade de hipoacusia deve ser investigada e a criança foi encaminhada para otorrinolaringologia. Os valores antropométricos estão abaixo do adequada para a sua 130 idade. Este é um sinal comum também encontrado na Síndrome de CHARGE. Ao final da consulta, foi pedido encaminhamento para a fisioterapia e a mãe foi orientada acerca de prevenção de acidentes. Como a mãe demonstrava preocupação em relação à chegada do inverno e relatava que a criança usualmente apresenta muitas afecções nasais nessa época, foi receitado budesonida nasal 50mcg 32% para redução da inflamação e inchaço da mucosa nasal e solução salina hipertônica. PALAVRAS-CHAVE: CHARGE syndrome, coloboma, nasofaringe REFERÊNCIAS: Hsu, P. et al. CHARGE syndrome: a review. J Paediatr Child Health, v. 50, n. 7, p. 504-11, Jul 2014. ISSN 1440-1754. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24548020>. Vissers, L. E. et al. Mutations in a new member of the chromodomain gene family cause CHARGE syndrome. Nat Genet, v. 36, n. 9, p. 955-7, Sep 2004. ISSN 10614036. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15300250>. 131 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL BAIXA ESTATURA EM ADOLESCENTE – RELATO DE CASO Maira Kroetz Boufleur¹ ([email protected]) Felipe Sabec Folgueral¹ ([email protected]) Paulo Henrique Castanha Miranda¹ ([email protected]) Cibelle Ferreira Louzada² ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil ¹ Acadêmicos do 8º período de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto ² Docente Orientador da Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO: Cerca de 10% dos adolescentes brasileiros apresentam algum distúrbio de crescimento. A criança cujo canal de crescimento encontra-se abaixo do percentil três ou de dois desvios-padrão da média estatural para sua idade deve ser investigada. O crescimento é o principal indicador de saúde da criança e a curva desta, seu “espelho”. A avaliação clínica baseia-se na ideia de variabilidade, e que esta pode ser tanto biológica quanto social e cabe ao clínico estabelecer se a criança está dentro ou fora de determinados parâmetros normais. Por se tratar de uma afecção frequente, é necessário que o médico esteja apto a analisar e compreender os achados antropométricos presentes no paciente pediátrico. RELATO DE CASO: W.M.F.,14 anos e seis meses, chega ao atendimento de pediatria acompanhado do pai que queixa: “Meu filho está crescendo pouco para idade”. Pai relata preocupação com desenvolvimento estatural do filho, alimentação inadequada e fadiga demasiada para a idade. Nega passado mórbido. Nega complicações gestacionais. Cartão de vacinas sem preenchimento dos dados antropométricos anteriores. Ao exame físico: BEG, fácies infantil, P= 33,5Kg; h= 1,43m (Z= -3); IMC=16,07 (-2 > Z > 0); PA= 110X60 mmHg. Tanner G1P1, com orquidometria de três centímetros de diâmetro; comprimento peniano de seis centímetros. Aos exames solicitados apresentou idade óssea de 12 anos e 6 meses; hipocalcemia e deficiência de Somatomedina (IGF-1). Hipóteses Diagnósticas: adolescente eutrófico, alimentação inadequada; deficiência de GH ou insensibilidade ao GH; Hipoparatireoidismo. Encaminhamos W.M.F. ao endocrinologista pediátrico. DISCUSSÃO: O acompanhamento do crescimento da criança em peso, estatura e perímetro cefálico é uma das ações básicas de saúde de maior impacto e deve fazer parte de toda consulta pediátrica, o que possibilita o acompanhamento dos pais e do pediatra quanto ao desenvolvimento da criança, possibilitando corrigir eventuais desvios patológicos. É importante o reconhecimento da baixa estatura bem como a investigação da causa e o tratamento ou encaminhamento caso seja necessário. O retorno do paciente possibilitou uma melhor investigação do caso, efetivando a relação médico-paciente de forma positiva. PALAVRAS-CHAVE: estatura-idade; adolescente, transtorno de crescimento REFERÊNCIAS: 132 1 – LEÃO, E.; CORREA, E.J.- Pediatria Ambulatorial. Editora COOPMED. 5ª edição, 2008. 2 – OLIVEIRA, R.G.de. - Blackbook Pediatria. Blackbook. Editora Belo Horizonte, MG. 3ª EDIÇÃO. 2005. 133 APRESENTAÇÕES ORAIS DE TRABALHO – DISCIPLINA CIRURGIA APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL ATRESIA DE VIAS BILIARES Iure Kalinine Ferraz de Souza Bernardo Arantes Neves de Abreu Fernanda dos Santos da Silva Filipe Nappi Mateus Giovanny Viegas Rodrigues Fernandes Simone Alves Edmundo Thaís Borges Finotti Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, Minas Gerais – Brasil. INTRODUÇÃO: A atresia das vias biliares (AVB) é a causa isolada mais comum de icterícia neonatal patogênica e constitui uma das principais causas de Transplante Hepático (TxH) em crianças. Possui duas formas de apresentação, de acordo a época em que ocorre a obliteração da árvore biliar: a perinatal e a congênita. Além do transplante hepático, a cirurgia de Kasai é o único tratamento efetivo para a doença. OBJETIVO: Realizar uma revisão bibliográfica sistematizada, elucidando os conhecimentos mais recentes quanto à fisiopatogênese da AVB, estabelecendo critérios diagnósticos, as possíveis formas de tratamento e o prognóstico dos pacientes submetidos às intervenções terapêuticas. DISCUSSÃO: A AVB é frequentemente um achado de autópsia e, apesar dos inúmeros estudos realizados, sua etiopatogenia não foi completamente elucidada. Os avanços que ocorreram por meio da evolução da imunologia, da genética e do modelo animal demonstram a participação de processos infecciosos, imunes, autoimunes, genéticos, epigenéticos, embriológicos, vasculares e da morfogênese na fisiopatologia da obstrução biliar. A AVB manifesta-se nas primeiras semanas de vida com icterícia, acolia fecal e colúria. O diagnóstico precoce e a intervenção cirúrgica, realizados preferencialmente antes dos 60 dias de vida, são fundamentais, caso contrário o prognóstico relaciona-se à necessidade de TxH ou morte nos primeiros 3 anos de vida. Contudo, a cirurgia tardia nesses pacientes continua sendo um problema em todo o Brasil, fazendo com que a sobrevida global esteja abaixo do nível desejado. Outro fator nacional comprometedor é que o número de TxH ainda está abaixo da demanda populacional, apesar de os resultados de sobrevida pós-transplante serem semelhantes aos obtidos em países desenvolvidos. CONCLUSÕES: O diagnóstico precoce é essencial uma vez que permite a reparação cirúrgica pela portoenterostomia de Kasai capaz de restaurar o fluxo biliar, evitar o aumento do dano do fígado com agravamento da doença hepática e impedir ou postergar o TxH. Palavras-chave: atresia biliar, portoenterostomia hepática, transplante de fígado. 134 Referências: BEZERRA, J. A.; SPINO, C.; MAGEE, J. C.; SHNEIDER, B. L.; ROSENTHAL, P.; WANG, K. S.; ERLICHMAN, J.; HABER, B.; HERTEL, P. M.; KARPEN, S. J.; KERKAR, N.; LOOMES, K. M.; MOLLESTON, J. P.; MURRAY, K. F.; ROMERO, R.; SCHWARTZ, K. B.; SHEPHERD, R.; SUCHY, F. J.; TURMELLE, Y. P.; WHITINGTON, P. F.; MOORE, J.; SHERKER, A. H.; ROBUCK, P. R.; SOKOL, R. J.; Use of corticosteroids after hepatoportoenterostomy for bile drainage in infants with biliary atresia: the START randomized clinical trial. JAMA, Vol. 311 (17), p. 17501759. EUA, março/2014; RIVERA, C. J.; DAHEL, K. S. J.; FORTINSKY, K. J.; GOZDYRA, P.; BENCHIMOL, E. I.; International Incidence and Outcomes of Biliary Atresia. JPGN, Vol. 56 (4). Europa, abril/2013. 135 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL MANEJO CLÍNICO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DE PACIENTES OBESOS COM INDICAÇÃO CIRÚRGICA Luciana Van Den Bergen Bruna Ferraz Lima Eric Morais da Costa Braga Gabriela Ribeiro Salim Nogueira Helena Távora de Senna Albuquerque Guimarães Izabela Zarnowski Passos Lauanny Ribeiro Aguiar Linamar Salomé Sant´Ana Machado Lorena Caroline Lima de Oliveira Maria Alice Matias Cardoso Paulo Henrique de Melo Figueiredo Neto Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. INTRODUÇÃO: O Brasil tem cerca de 18 milhões de pessoas consideradas obesas. A obesidade é fator de risco para uma série de doenças, como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, entre outras. Nesse contexto, a cirurgia bariátrica (CB) tem se mostrado uma técnica de grande auxílio na condução clínica de alguns casos. São candidatos para o tratamento cirúrgico os pacientes com IMC maior que 40 Kg/m² ou com IMC maior que 35 Kg/m² associado à comorbidades (hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes tipo 2, apneia do sono, entre outras). Os resultados esperados com a cirurgia bariátrica incluem: perda de peso, melhora das comorbidades relacionadas e da qualidade de vida. A previsão da epidemia de obesos com indicação cirúrgica impõe ao clínico aprimorar os conhecimentos sobre as complicações clínicas do procedimento objetivando alcançar um manejo pré e pós-operatório adequado. Este trabalho se propõe a revisar o manejo clínico pré e pós-operatório de pacientes obesos com indicação cirúrgica. RELATO DO CASO CLÍNICO: M.A.F., 47 anos, sexo feminino, comparece ao ambulatório de Clínica Médica na Unidade Básica de Saúde São Cristóvão (Ouro Preto – MG) solicitando encaminhamento para Oftalmologia e Endocrinologia. Notou ganho de peso há 15 anos após nascimento de uma das filhas. Não pratica atividades físicas e possui dieta inadequada. Hipertensa, diabética, obesa grau III. Relata dispneia ao esforço. Informa dor nos membros inferiores ao caminhar. Disúria há 4 meses. Frequência cardíaca de 83 bpm e respiratória de 25 irpm e pressão arterial de 150x100 mmHg. Saturação de O₂ de 93%, sem alterações no exame do aparelho respiratório e cardiovascular. IMC de 52.29 kg/m². DISCUSSÃO: É um recurso consistente nos casos de obesidade grave com falha de tratamento clínico, proporcionando, aos pacientes, redução nos índices de mortalidade e melhora de comorbidades clínicas, como se demonstrou em estudo observacional de dez anos de seguimento. As complicações pósoperatórias mais comuns são tromboembolismo pulmonar, deiscência da sutura, fístulas, estenoses, infecções e hemorragia (mais comuns no pós-operatório precoce), hérnia e torção de alça intestinal (mais comuns no pós-operatório tardio). O acompanhamento ocorrerá por meio de consultas ambulatoriais, orientações nutricionais e exames laboratoriais para detectar precocemente alterações metabólicas e nutricionais. A frequência do acompanhamento deve ser individualizada e baseada no tipo de cirurgia e 136 comorbidades do paciente. Diante de um quadro clínico como da paciente supracitada, é função do clínico apoiar e auxiliar O paciente durante o pré-operatório, objetivando o controle das doenças associadas. Além disso, o pós-operatório também deve ser seguido por esse especialista, uma vez que o sucesso cirúrgico só é estabelecido após 5 anos, quando são alcançados todos os resultados esperados. Palavras-chaves: Obesidade, tratamento cirúrgico, acompanhamento clínico. Referências: Diretrizes brasileiras de obesidade 2009/2010 / ABESO - Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. - 3.ed. - Itapevi, SP : AC Farmacêutica, 2009. Fandino, Julia; Benchimol, Alexander K.; Coutinho, Walmir F.; Appolinário, José C. Cirurgia Bariátrica: aspectos clínico-cirúrgicos e psiquiátricos. R. Psiquiatr. RS, 26'(1): 47-51, jan./abr. 2004. 137 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL ABORDAGEM HOSPITALAR DO PACIENTE COM ESOFAGITE CÁUSTICA Iure Kalinine Amália Assis de Freitas Elen Cristina da Mata Felipe Sabec Folgueral Luciana Silva de Godoy Natália Dias do Nascimento Vanessa Almeida de Camargos Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO: A esofagite cáustica é caracterizada pela inflamação e edema presentes no esôfago na fase aguda, em que se segue a fibrose parcial ou total do órgão e outras complicações. É resultado da ingestão de substâncias com características de base ou ácido forte, por ingestão acidental em crianças e frequentemente como atentados suicidas em adultos. A distribuição etária é bimodal, ocorrendo a sua maioria em crianças abaixo de 5 anos e em adultos jovens entre 20 e 30 anos (BRONSTEIN, 2008). No Brasil há poucos estudos estatísticos sobre a real incidência desta condição. OBJETIVOS: Realizar revisão bibliográfica não sistematizada com ênfase na elaboração de uma abordagem sistemática do paciente de acordo com as classificações e tratamentos atuais a fim de facilitar a abordagem do paciente vítima da ingestão de cáusticos em âmbito hospitalar por meio de fluxogramas. DISCUSSÃO: O diagnóstico é baseado na história e nos achados clínicos. É importante saber o tipo de substância ingerida, a quantidade, tempo de ingestão e se já realizou algum procedimento prévio. No exame físico deve-se avaliar a existência, localidade e gravidade das lesões. Os exames diagnósticos incluem os laboratoriais e os de imagem, sendo a Endoscopia Digestiva Alta o exame primordial na abordagem diagnóstica e propedêutica do doente. Sua realização deve acontecer tão cedo quanto possível, logo que o paciente estiver estabilizado e sem evidências de perfuração. O esquema de tratamento para injúria cáustica varia e não existe consenso em sua abordagem (LUPA, 2009). No tratamento hospitalar, o paciente com suspeita de ingestão cáustica deverá ser triado como alta prioridade devido à necessidade de atendimento e avaliação imediata. Devem-se solicitar exames laboratoriais e acompanhar os sinais vitais a fim de verificar possíveis sinais de choque ou distúrbios metabólicos. O uso de medicamentos ou técnicas eméticas não deve ser utilizado. A lavagem gástrica com sondas de grosso calibre está contraindicada. O tratamento abrange a abordagem clínica, endoscópica e em alguns casos, cirúrgica. A escolha da técnica cirúrgica ou intervenção endoscópica adequadas é individualizada e serão guiadas pelo quadro clínico do paciente e achados à endoscopia de acordo com a classificação de Zargar modificada. CONCLUSÃO: A abordagem sistematizada orientada por fluxograma realizada nesta monografia vem para facilitar a lida com tais pacientes, já que os dados presentes na literatura atual são escassos em condutas direcionadas às vítimas de ingestão de cáusticos. 138 Palavras-chaves: Esofagite; Cáusticos; Queimaduras químicas. Referências: BRONSTEIN AC, SPYKER DA, CANTILENA LR Jr, GREEN JL, Annual Report of the American Association of Poison Control Centers' National Poison Data System (NPDS): 25th Annual Report. Clin Toxicol (Phila). Dec 2008; 46(10):927-1057; LUPA, M.; MAGNE, J.; GUARISCO, J. L.; AMEDEE, R.. Update on the diagnosis and treatment of caustic ingestion. The ochsner jornal. 9:54-59, 2009; 139 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL A EVOLUÇÃO CIRÚRGICA NA TETRALOGIA DE FALLOT Iure Kalinine Ferraz de Sousa Ana Cláudia dos Santos Débora Dumont Cruz Nunes Najla Braz da Silva Vaz Samira Karolyne da Silva Romão Sara Helena Resende Carvalho Washington Miguel Almeida Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO: A Tetralogia de Fallot (TF) é a cardiopatia congênita cianótica mais comum. Clinicamente, os pacientes apresentam quatro características principais: Estenose pulmonar, defeito no septo ventricular, dextroposição de aorta e hipertrofia do ventrículo direito. Dentre as complicações desta patologia estão a hipóxia, a cianose e a policitemia. Apresentações clínicas mais graves demandam intervenção cirúrgica nos primeiros dias de vida, havendo controvérsia para a escolha da cirurgia paliativa ou corretiva, ou nos primeiros meses de vida, onde é geralmente corretiva. Intervenções na adolescência e vida adulta podem ser feitas quando não há muitas repercussões clínicas. OBJETIVOS: Realizar uma revisão não sistemática da literatura sobre os principais aspectos cirúrgicos relacionados à TF, destacando os procedimentos mais realizados, as indicações e contraindicações de cada modalidade cirúrgica, as particularidades que as envolvem e as inovações da técnica. METODOLOGIA: Foram analisados 30 artigos com as seguintes palavras chaves: Tetralogia de Fallot, Reparo Cirúrgico e Cardiopatias congênitas, e seus correspondentes na língua inglesa. Os periódicos responsáveis pelas publicações dos artigos estavam indexados nas seguintes bases: SCOPUS, Elsevier, PubMed, Web of Science e SciELO. RESULTADOS: O desenvolvimento da técnica cirúrgica efetiva da tetralogia adveio em 1944 através do shunt de Blalock-Taussig. Entretanto, a cura completa só aconteceu em 1954, após o advento da circulação extracorpórea. Os procedimentos cirúrgicos mais realizados na atualidade de acordo com a idade são: Procedimentos temporários em neonatos como o Shunt com tubo Gore-Tex de fora da artéria aorta para a artéria pulmonar ou colocação de cateter para dilatação da valva pulmonar; Reparo completo aos 3-6 meses de vida com o fechamento do septo ventricular defeituoso, remoção do músculo espesso no ventrículo direito, reparo da valva pulmonar e colocação de tubo do ventrículo direito para artéria pulmonar principal, em caso de artéria coronária anormal; Cateterização em adolescentes e adultos para dilatar a valva ou artéria pulmonar. A decisão de corrigir a TF no primeiro ano de vida pressupõe que o grupo cirúrgico tenha grande experiência. Do contrário, é mais prudente adotar a conduta da correção da TF em dois tempos. O futuro da cirurgia está na substituição da valva pulmonar através de procedimento percutâneo para colocação de cateter transpulmonar Melody. Resultados parciais parecem ser muito promissores com redução significativa na insuficiência pulmonar e tamanho do ventrículo direito, assim como o aumento da tolerância a exercícios. CONCLUSÃO: Trata-se de uma cardiopatia congênita bem estabelecida na literatura, com a primeira descrição anatômica atravessando séculos. Todavia, o desenvolvimento de uma técnica cirúrgica efetiva é relativamente recente, existindo alguns aspectos controversos, como os critérios de 140 escolha da cirurgia. Observa-se uma evolução na técnica e uma tendência a ser cada vez menos invasivas, gerando mnores índices de complicações e maior qualidade de vida. Palavras chaves: Cirurgia, cianose e tetralogia de Fallot. Referências: AL HABIB, H.F.; JACOBS J.F.;MAVROUDIS C.; TCHERVENKOV, C.I.; O’BRIEN, S.M.; MOHAMMADI, S. Contemporary patterns of management of Tetralogy of Fallot: data from the Society of Thoracic Surgeons Database. Ann Thorac Surg ;90:813–20. Boston, 2010. VILLAGANE, J.; FEINSTEIN,J.A; DUBIN, A.M.; DAVID R.; KAUFMAN, B.; JENKINS, K.J; WLASH, E.P.; GEVA, T.; VINCENT, R.; TOWBIN, J.A.; COHEN, M.S.; FRASER, C.; DEARANI, J.; GRAHAM, J.; THOMAS, P.Hot Topics in Tetralogy of Fallot. Journal of the American College of Cardiology, Vol.62(23), p.21552166. Boston, 2013. 141 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL ABORDAGEM DIAGNÓSTICA E TERAPÊUTICA DO ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO EM PACIENTES DO SEXO FEMININO Iure kalinine Ferraz de Souza Clayton Marcos dos Santos Daniel Guilherme de Oliveira e Silva Fábio Fernandes de Mendonça Guilherme Angelo dos Santos Silva Paulo Henrique Castanha Miranda Pedro Gadbem Bobst Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO: Dentre as classificações de abdome agudo encontradas na literatura, o abdome agudo hemorrágico (AAHE) é aquela que decorre de um sangramento na cavidade abdominal, sendo este um problema de etiologia diversa. As causas de hemorragia intra-abdominal podem incluir traumatismo abdominal, ruptura de aneurisma da aorta ou de alguma artéria visceral, neoplasias malignas de vísceras sólidas, processos inflamatórios erosivos e, nas mulheres, as afecções ginecológicas e obstétricas. O conhecimento dos fatores de risco e das possíveis etiologias, juntamente com a suspeita clínica, facilita a assistência médica a esses pacientes, contribuindo para melhor prognóstico. OBJETIVOS: Realizar uma revisão de literatura não sistemática, bem como ilustrar e auxiliar a abordagem do paciente de acordo com as diretrizes diagnósticas e terapêuticas atuais. METODOLOGIA: Revisão da literatura mais recente sobre os assuntos relevantes para esse tema. Foram pesquisados os termos hemoperitoneum, ectopic pregnancy, rupture, ovarian cyst, uterine rupture, liver e spleen combinados ou separados nas bases de dados PubMed® e Scielo®. Artigos de revisão, coorte e relatos de casos foram colhidos, sendo utilizados apenas aqueles que apresentavam informações relevantes. DISCUSSÃO: A obtenção pormenorizada da história e do exame físico permite avaliar o quadro clínico, que apresenta como principal sintoma a dor abdominal, podendo haver, ainda, alterações hemodinâmicas e do padrão respiratório, além de pele pálida, fria e úmida. Em caso de sangramento persistente, o paciente pode manifestar hipotensão arterial, taquicardia, agitação e redução do débito urinário. Ao exame físico devem-se buscar sinais de irritação peritoneal, visceromegalias, massas palpáveis e sopros, podendo surgir equimoses, Sinal de Cullen e de Gray-Turney. Os exames laboratoriais podem quantificar o sangramento e suas repercussões, sendo indicados de acordo com a provável causa da hemorragia, gravidade e presença de doenças associadas. No hemograma pode-se encontrar redução de hemoglobina, hematócrito, plaquetas e leucocitose. Além disso, deve-se realizar o estudo global da coagulação. Os métodos de imagem tais como a ultrassonografia (US), tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética, tem permitido o diagnóstico na maioria dos casos. Já a videolaparoscopia encontra indicação nos casos cuja laparotomia é duvidosa e nas afecções cuja correção cirúrgica é viável por esse método. Em relação às causas ginecológicas os sintomas mais comuns são amenorreia e sangramento vaginal irregular, podendo-se encontrar, ao exame físico, alterações anexiais. Quanto ao diagnóstico laboratorial, pode ser necessária US, βHCG, urinálise, TC e avaliação hormonal, sendo a indicação coerente com a suspeita clínica. O tratamento se dá por meio da ressuscitação 142 volêmica e hemostasia da patogênese. CONCLUSÕES: Por se tratar de uma doença frequente e com várias etiologias, é fundamental que o profissional de saúde saiba realizar o diagnóstico precoce e o manejo adequado. Diante disso, uma boa anamnese e exame físico, aliados à correta utilização de exames laboratoriais e avaliação cirúrgica adequada são essenciais. Palavras-chave: Abdome Agudo, Dor Abdominal, Hemorragia Gastrointestinal. Referências: AURÉLIO P. M. et al. Abdome Agudo Ginecológico. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ, 2009; BRUNETTI A. et al. Abdome Agudo. Medicina Ribeirão Preto; 40 (3): 358-67, 2007. 143 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL RELATO DE CASO DE CORONARIOPATIA EM PACIENTE COM HISTÓRICO DE INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO Alexandre Barbosa Andrade Amália Assis de Freitas Ana Cláudia dos Santos Débora Dumont Cruz Nunes Elen Cristina da Mata Luciana Silva de Godoy Najla Braz da Silva Vaz Samira Karolyne da Silva Romão Sara Helena Resende Carvalho Washington Miguel Almeida Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO:No Brasil, as doenças do aparelho circulatório (DAC) representaram um terço de todos os óbitos e quase 30% do total de mortes na faixa etária de 20 a 59 anos de idade, atingindo a população adulta em plena fase produtiva.Entre as DAC, destacamse as doenças cerebrovasculares (DCBV) e as doenças isquêmicas do coração (DIC).Com isso, tanto a prevenção de danos quanto o acompanhamento das afecções cardíacas se faz essencial para o bom prognóstico e evolução do paciente cardiopata. RELATO DO CASO CLÍNICO:Paciente V.R.S, sexo masculino, 45 anos, residente em AmarantinaMG, compareceu para consulta ambulatorial na Unidade Básica de Saúde (UBS) de origem no dia 20/05/2015.Procurou os serviços da clínica médica para acompanhamento de evento cardíaco prévio: Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) no dia 14/11/2014.Nesta ocasião, apresentou alterações no ECG compatíveis com IAM de parede inferior em atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Amarantina, sendo imediatamente encaminhado para o Hospital das Clínicas da UFMG (HCUFMG).Realizou-se Intervenção Coronária Percutânea (ICP) com colocação de stent na coronária direita.O ecocardiograma realizado no dia 17/11/2014 mostrou alterações condizentes com o IAM recente.Recebeu alta no dia 18/11/2014 com solicitações de exames laboratoriais, medicações de uso regular e orientações para acompanhamento ambulatorial.Retornou ao HC-UFMG para teste ergométrico (02/03/2015), sem sinais de isquemia; e no dia 25/03/2015 para refazer exames laboratorias e novo ECG para controle.À consulta ambulatorial na UBS de Amarantina, dia 20/05/2015, paciente relatava a redução do tabagismo, de gorduras e álcool.Trabalha como pedreiro e relata precordialgia durante esforço físico.Possui história familiar negativa para cardiopatias.Não apresentou alterações à ectoscopia e exame físico.Com isso, as hipóteses diagnósticas foram: coronariopatia com histórico de IAM; tabagismo, etilismo, alimentação inadequada e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) a investigar. Na conduta, mantiveram-se as medicações e dobrou-se a dose de Enalapril; solicitou-se exames complementares de rotina, espirometria com prova broncodilatadora, 144 encaminhou-se à nutrição e fez-se orientações ao paciente quanto ao tabagismo, etilismo, sedentarismo e dieta. DISCUSSÃO:A prevenção das doenças cardiovasculares se inicia com a avaliação do risco seguida por uma investigação acerca dos hábitos de vida.Quanto ao tratamento emergencial, a ICP é o método capaz de restaurar o fluxo coronário em mais de 90% dos casos, além de reduzir a taxa de reinfarto e aumentar a sobrevida.No entanto, tão importante quanto o tratamento emergencial do paciente na vigência do IAM, é o acompanhamento ambulatorial do mesmo. O reforço das mudanças dos hábitos de vida; o manejo das medicações; a revisão da função cardíaca e parâmetros laboratoriais se faz essencial para seu bom prognóstico. O desafio na criação de um vínculo apropriado, embasado pela confiança e uma boa relação médico-paciente é de grande valia e jamais deve ser menosprezado. Palavras-chaves: Revascularização miocárdica, Isquemia miocárdica, doença das coronárias. Referências: ANDRADE, Jadelson Pinheiro de et al . Programa nacional de qualificação de médicos na prevenção e atenção integral às doenças cardiovasculares. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo , v. 100, n. 3, p. 203-211, Mar. 2013 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066782X2013000300001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 29 de Mai. 2015. CARDOSO, Cristiano de Oliveira et al . Angioplastia primária no infarto agudo do miocárdio: existe diferença de resultados entre as angioplastias realizadas dentro e fora do horário de rotina?. Rev. Bras. Cardiol. Invasiva, São Paulo , v. 18, n. 3, p. 273280, 2010 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S217983972010000300008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 30 de Mai. 2015. 145 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL SÍNDROME DO DESFILADEIRO TORÁCICO: UMA REVISÃO TEÓRICOMETODOLÓGICA PARA O MÉDICO GENERALISTA Iure Kalinine Ferraz de Souza Ana Clarisse da Costa Porta Andressa Harpis Bastos Eliana Ferndandes Maia Emilia Calil Silva Júlia Carvalho Oliveira Maira Kroetz Boufleur Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO A Síndrome do Desfiladeiro Torácico (SDT) é uma entidade clínica causada pela compressão contínua ou intermitente de estruturas neurovasculares em seu trajeto no canal (desfiladeiro) torácico para os membros (Klaassen et al, 2013). Esta comorbidade é reconhecida há mais de um século, no entanto, ainda representa uma das entidades mais controversas na medicina (Povlsen et al, 2010). OBJETIVOS Compreender e sistematizar a abordagem do paciente com SDT, habilitando futuros médicos generalistas a reconhecerem os principais pontos pertinentes à síndrome e à conduta a ela prescrita. DISCUSSÃO A SDT é uma condição que envolve uma grande variedade de etiologias e inúmeras apresentações clínicas, tornando-a condição de difícil diagnóstico e tratamento. A síndrome é classificada em dois grandes grupos: vascular e neurogênico, sendo este o tipo mais comum, respondendo por 95% dos casos. A SDT pode ter sintomas nervosos e/ou vasculares, de acordo com sua classificação. Os sintomas nervosos podem acometer sensibilidade, motricidade e trofismo, manifestando-se com dor de intensidade e caráter variáveis e localização imprecisa, seguida de fraqueza, parestesia, principalmente em mãos e dedos. Já os sintomas vasculares caracterizam-se por sensação de peso, dor e ingurgitamento da extremidade superior, aumento da temperatura da pele, cianose, edema, turgência venosa, especialmente em ombro e região peitoral. O diagnóstico dessa síndrome é essencialmente clínico, com propedêutica complementar ampla à investigação, porém, até hoje, nenhum exame foi considerado padrão ouro para diagnose. O tratamento conservador é frequentemente a conduta inicial e procura aliviar os sintomas. Em geral, o tratamento cirúrgico da SDT tem indicação formal em apenas 15% dos casos, geralmente quando a síndrome é decorrente de anomalias ósseas sintomáticas ou complicações vasculares, ou na falha do tratamento clínico. As complicações cirúrgicas são baseadas em possíveis lesões vasculares e/ou neurológicas, porém, a despeito de resultados satisfatórios, muitos pacientes não retornam às suas atividades laborais. Além disso, estudos recentes demostram a ausência de evidências dos efeitos benéficos para alívio de dor referentes a intervenções, sejam elas cirúrgicas ou não, em comparação à progressão natural da síndrome. CONCLUSÕES A SDT é uma entidade complexa em termos de etiologia, fisiopatologia, diagnóstico e manejo. No entanto, pode ser suspeitada a partir de um bom exame clínico, permitindo diagnóstico precoce e reabilitação. Palavras-chave: Síndrome do Desfiladeiro Torácico. Medicina Geral. Procedimentos cirúrgicos torácicos. 146 Referências: KLAASSEN, Z.; SORENSON, E.; TUBBS, R. S.; ARYA, R.; MELOY, P.; SHAH, R.; SHIRK, S.; LOUKAS, M. Thoracic outlet syndrome: a neurological and vascular disorder. Clinical Anatomy, 2013. Disponível em:< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed>. Acesso em: 19 maio 2015. POVLSEN,B.; BELZBERG,A.; HANSSON, T.; DORSI, M. Treatment for thoracic outlet syndrome. Cochrane Database of Systematic Reviews, 2010. Disponível em:< http://www.cochrane.org/CD007218/NEUROMUSC_treatment-for-thoracic-outletsyndrome>. Acesso em: 22 maio 2015. 147 APRESENTAÇÕES DISCIPLINAS MEDICINA GERAL DE ADULTOS I E II APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL VULNERABILIDADE EM SAÚDE: ABORDAGEM DE DOIS CASOS DE SÍFILIS ADQUIRIDA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA Ivan Batista Coelho Aihancreson Kirchoff Vaz Oliveira Breno Muriel de Oliveira Fonseca Daniel Magalhães Nobre Fernanda Pinheiro Manhães Henrique Resende Rodrigues Ludmila Moreira Cruz Pedro Fonseca Abdo Rocha Rayanna Mara de Oliveira Santos Pereira Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO: A sífilis é uma doença infecciosa, sistêmica e de evolução crônica quando não tratada. A evolução clínica da doença alterna períodos de atividade com características clínicas, imunológicas e histopatológicas distintas (sífilis primária, secundária e terciária) e períodos de latência (sífilis latente). É causada pelo Treponema pallidum, uma espiroqueta transmitida principalmente pelas vias sexual e vertical. Por ser uma doença prevenível, a medida mais efetiva de controle da sífilis consiste em oferecer uma assistência de saúde adequada. RELATO DE CASO: Paciente do sexo masculino, 17 anos de idade, homoafetivo, procurou a atenção primária à saúde apresentando exame VDRL recente com resultado reagente (1:16). Queixava-se de mal-estar, astenia, cefaleia, além de lesão em região genital. Ao exame físico, foram identificados sinais de sífilis em fase de secundarização. O tratamento foi imediatamente iniciado com Azitromicina, sendo este o fármaco de escolha devido à indisponibilidade da Penicilina G Benzatina na rede pública local. Em razão do diagnóstico, o paciente foi aconselhado a orientar o seu parceiro a procurar atendimento médico devido ao risco de estar infectado. Seguindo as instruções, o parceiro, sexo masculino, 20 anos de idade, apresentou-se à mesma unidade de atenção primária para pesquisa sorológica de doenças sexualmente transmissíveis (DST), estando com bom estado geral, sem sinais ou sintomas. O exame VDRL deste segundo paciente mostrou-se reagente com baixa titulação (1:2) e seu quadro clínico foi sugestivo de sífilis latente por tempo indeterminado. A abordagem terapêutica foi efetuada assim que realizado o diagnóstico da doença, atentando-se ao seu estadiamento. DISCUSSÃO: A sífilis adquirida está entre as DST mais prevalentes no Brasil e desde 2010 é uma doença de notificação compulsória em todo o território nacional. A história dos dois pacientes apresentados por este relato de caso configura um cenário de diversas condições de vulnerabilidade e risco, as quais delinearam os aspectos inerentes às 148 condutas médicas adotadas. Compreender os fatores que deixaram esses pacientes em situação de fragilidade e expostos ao adoecimento, bem como as suas probabilidades de exposição à infecção, foi um instrumento imprescindível para a efetividade da ação do aconselhamento. Além da abordagem sindrômica apropriada para cada paciente conforme o estadiamento da doença, esses dois casos demandaram medidas de controle epidemiológico, que visam à prevenção de reinfecções e à identificação de contatos sexuais prévios, dado o risco de estarem infectados. Considerando os diversos aspectos de vulnerabilidade em saúde associados com a prevalência de DST em estratos populacionais particularizados, os grupos considerados de risco para estes agravos devem receber informações sobre a prevenção das DST e ter fácil acesso a uma assistência médica humanizada e de qualidade. As ações de prevenção, como a adoção de práticas sexuais seguras, são peças chaves para o controle da sífilis adquirida, que, se não tratada, pode levar a sérios danos neurológicos, cardiovasculares e até mesmo ao óbito. Palavras-chave: atenção primária à saúde; sífilis; vulnerabilidade em saúde. Referências: 1. AVELLEIRA, J.C.R.; BOTTINO, G. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, v. 81, n. 2, p. 111-126, 2006. 2. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Curso de Vigilância Epidemiológica das DST de Notificação Compulsória: Sífilis e Síndrome do Corrimento Uretral Masculino. 1 ed. Brasília: Editora MS, 2010. 232 p. 149 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL DISIDROSE: UM RELATO DE CASO Roberto Veloso Gontijo Bianca Silveira Carolina de Almeida e Silva Fernanda Linhares de Carvalho Pereira Filipe Mateus Costa Teixeira Flávia Pádua Tavares Francisco Patrus Ananias de Assis Pires Gustavo Moreira Madeira Iara Proença Xavier Jorge Costa Ribeiro Mariane Habib Sales de Paula Túlio Felício da Cunha Rodrigues Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO: Dermatite disidrótica ou disidrose é uma forma relativamente comum de dermatite crônica, que afeta as mãos e os pés. Ela é caracterizada por agrupamentos recorrentes de vesículas medindo 1 a 2 milímetros nas palmas das mãos, solas dos pés e faces laterais dos dedos. As vesículas persistem por 2 a 3 semanas e retornam em intervalos variáveis. É comum ocorrer prurido associado às erupções. RELATO DO CASO: S.C.M.R., sexo feminino, 23 anos, faiodermo, residente em Amarantina, Ouro Preto (MG). Chega à consulta na unidade Básica de saúde de Amarantina, em 29/04/2015, queixando de alergia no pé esquerdo. História da moléstia atual: Lesão em face extensora do pé esquerdo há 1 mês, pruriginosa, dolorosa em ocasião do prurido. Inicialmente a lesão era semelhante a uma “bolha d’água” que estourou e depois progrediu em tamanho. Sem outras queixas nos demais sistemas. Exame físico: Lesão em porção medial plantar do pé esquerdo, com diâmetro de 3,5 x 3 centímetros. Dermatoscopia: Presença de vesículas, fissuras e perda de continuidade da epiderme. Hipótese diagnóstica: Dermatite disidrótica. Conduta: Dexametasona pomada e retorno em 1 semana. Retorno em 06/05/15: Melhora da lesão, porém surgiram mais algumas vesículas e lesão ainda é pruriginosa. Paciente utilizou a Dexametasona como prescrito. Condutas: manter Dexametasona e retorno em 1 semana para reavaliação da lesão. Retorno em 13/05/15: A lesão piorou apesar do uso da pomada adequadamente. Paciente afirma que as vesículas aumentaram em número, romperam e feriram e na noite anterior ocorreu prurido intenso. Sente dor local e nega mudanças na rotina ou contato com substâncias químicas. Exame físico: Lesão de 5 x 5 centímetros, em face medial plantar do pé esquerdo. Dermatoscopia: lesão eritematosa, com fissuras e perda da continuidade da epiderme, vesículas solitárias ou agrupadas, e em maior número do que em consultas anteriores. Conduta: Clobetazol 0,05% pomada, solução de 50 ml de vinagre/ 1 litro de água 2 vezes ao dia e retorno em 150 uma semana. Paciente não retornou. DISCUSSÃO DO CASO: A disidrose atinge igualmente ambos os sexos e manifesta-se predominantemente em brancos (acima de 80%). A etiologia da dermatite disidrótica é desconhecida. Vários fatores de risco têm sido investigados. O diagnóstico é essencialmente clínico, não sendo necessária a realização de exames complementares. A resolução tende a acontecer sem qualquer tratamento na maioria dos casos, e a recorrência é frequente. O tratamento consiste em medidas gerais de mudança de estilo de vida como lavagem cuidadosa das mãos e pés, aplicação frequente de emolientes e precauções de contato direto com substâncias irritantes. Se a lesão persistir, inicia-se o uso de corticosteroides tópicos, e em caso de não haver melhora pode ser iniciado corticosteroide oral. O controle do prurido pode ser atingido com imersões em vinagre e anti-histamínicos orais. Palavras-chaves: Atenção Primária, Dermatite, Prurido. Referências: MINELLI, L.; FLORIÃO, R.; STERNICK, M.; GON, A. S. Disidrose: aspectos clínicos, etiopatogênicos e terapêuticos. Anais Brasileiros de Dermatologia. 2008; 83(2):107-15. Dermatite disidrótica. Disponível em: <http://brasil.bestpractice.bmj.com/bestpractice/monograph/91.html>. Acesso em: 2 jun. 2015. 151 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL MANEJO CLÍNICO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DE PACIENTES OBESOS COM INDICAÇÃO CIRÚRGICA Luciana Van Den Bergen Bruna Ferraz Lima Eric Morais da Costa Braga Gabriela Ribeiro Salim Nogueira Helena Távora de Senna Albuquerque Guimarães Izabela Zarnowski Passos Lauanny Ribeiro Aguiar Linamar Salomé Sant´Ana Machado Lorena Caroline Lima de Oliveira Maria Alice Matias Cardoso Paulo Henrique de Melo Figueiredo Neto Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO: O Brasil tem cerca de 18 milhões de pessoas consideradas obesas. A obesidade é fator de risco para uma série de doenças, como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, entre outras. Nesse contexto, a cirurgia bariátrica (CB) tem se mostrado uma técnica de grande auxílio na condução clínica de alguns casos. São candidatos para o tratamento cirúrgico os pacientes com IMC maior que 40 Kg/m² ou com IMC maior que 35 Kg/m² associado à comorbidades (hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes tipo 2, apneia do sono, entre outras). Os resultados esperados com a cirurgia bariátrica incluem: perda de peso, melhora das comorbidades relacionadas e da qualidade de vida. A previsão da epidemia de obesos com indicação cirúrgica impõe ao clínico aprimorar os conhecimentos sobre as complicações clínicas do procedimento objetivando alcançar um manejo pré e pós-operatório adequado. Este trabalho se propõe a revisar o manejo clínico pré e pós-operatório de pacientes obesos com indicação cirúrgica. RELATO DO CASO CLÍNICO: M.A.F., 47 anos, sexo feminino, comparece ao ambulatório de Clínica Médica na Unidade Básica de Saúde São Cristóvão (Ouro Preto – MG) solicitando encaminhamento para Oftalmologia e Endocrinologia. Notou ganho de peso há 15 anos após nascimento de uma das filhas. Não pratica atividades físicas e possui dieta inadequada. Hipertensa, diabética, obesa grau III. Relata dispneia ao esforço. Informa dor nos membros inferiores ao caminhar. Disúria há 4 meses. Frequência cardíaca de 83 bpm e respiratória de 25 irpm e pressão arterial de 150x100 mmHg. Saturação de O₂ de 93%, sem alterações no exame do aparelho respiratório e cardiovascular. IMC de 52.29 kg/m². DISCUSSÃO: É um recurso consistente nos casos de obesidade grave com falha de tratamento clínico, proporcionando, aos pacientes, redução nos índices de mortalidade e melhora de comorbidades clínicas, como se demonstrou em estudo observacional de dez anos de seguimento. As complicações pósoperatórias mais comuns são tromboembolismo pulmonar, deiscência da sutura, fístulas, estenoses, infecções e hemorragia (mais comuns no pós-operatório precoce), hérnia e torção de alça intestinal (mais comuns no pós-operatório tardio). O acompanhamento 152 ocorrerá por meio de consultas ambulatoriais, orientações nutricionais e exames laboratoriais para detectar precocemente alterações metabólicas e nutricionais. A frequência do acompanhamento deve ser individualizada e baseada no tipo de cirurgia e comorbidades do paciente. Diante de um quadro clínico como da paciente supracitada, é função do clínico apoiar e auxiliar O paciente durante o pré-operatório, objetivando o controle das doenças associadas. Além disso, o pós-operatório também deve ser seguido por esse especialista, uma vez que o sucesso cirúrgico só é estabelecido após 5 anos, quando são alcançados todos os resultados esperados. Palavras-chaves: Obesidade, tratamento cirúrgico, acompanhamento clínico. Referências: Diretrizes brasileiras de obesidade 2009/2010 / ABESO - Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. - 3.ed. - Itapevi, SP : AC Farmacêutica, 2009. Fandino, Julia; Benchimol, Alexander K.; Coutinho, Walmir F.; Appolinário, José C. Cirurgia Bariátrica: aspectos clínico-cirúrgicos e psiquiátricos. R. Psiquiatr. RS, 26'(1): 47-51, jan./abr. 2004. 153 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO PÔSTER REMOÇÃO DE CERUME NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE AMARANTINA, OURO PRETO-MG: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Roberto Veloso Gontijo Bianca Silveira Carolina de Almeida e Silva Fernanda Linhares de Carvalho Pereira Filipe Mateus Costa Teixeira Flávia Pádua Tavares Francisco Patrus Ananias de Assis Pires Gustavo Moreira Madeira Iara Proença Xavier Jorge Costa Ribeiro Mariane Habib Sales de Paula Túlio Felício da Cunha Rodrigues Universidade Federal de Ouro Preto IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA: Alto índice de procura pelo procedimento de remoção de cerume, e de encaminhamento para otorrinolaringologista com esta finalidade, na Unidade Básica de Saúde de Amarantina, Ouro Preto, MG. Entretanto, a espera por um encaminhamento para o especialista em questão dura em média quatro meses. CENÁRIO: O cerume é uma substância produzida no canal auditivo, que é a parte mais externa do sistema auditivo, localizada entre a membrana timpânica e o orifício da orelha, e tem como função proteger a pele do canal auditivo externo de danos provocados pela água, traumas, corpos estranhos e infecções. O acúmulo de cerume, em grande parte das vezes, é assintomático, mas pode, ocasionalmente, causar sintomas incômodos, tais como a perda de audição, coceira, desconforto ou sensação de orelha obstruída, zumbido e tonturas. Uma das causas mais comuns de entupimento do canal auditivo por cera é o uso de cotonetes ou outros objetos com intuito de limpar o conduto. O processo normal de envelhecimento também pode ser um fator de risco, uma vez que pessoas mais velhas produzem um cerume mais duro e menos lubrificado. DESENVOLVIMENTO: O cerume deve ser removido sempre que o paciente apresentar algum dos sintomas descritos anteriormente. Existem basicamente três modos para se remover o excesso de cerume dos condutos auditivos: ceruminolíticos, irrigação, e remoção mecânica. Na UBS de Amarantina, foram realizados pelo grupo doze procedimentos de remoção de cerume, da seguinte maneira: primeiramente ocorria a avaliação do paciente sobre a real necessidade da remoção e em qual(is) conduto(s) havia entupimento; sendo necessário o procedimento, havia a prescrição do uso de um ceruminólítico (Cerumin®), por sete dias, com o objetivo de amolecer o cerume e facilitar a posterior remoção; passados os sete 154 dias, o paciente retornava à UBS, e, assim, era realizada a remoção pelo método de irrigação, que consiste em jatos de soro fisiológico morno por meio de uma seringa no conduto auditivo externo. PRINCIPAIS RESULTADOS: Completa satisfação dos pacientes com os resultados obtidos, havendo plena melhora dos sintomas que apresentavam antes da remoção do cerume. Outro ponto de destaque foi a rapidez no atendimento, sem a necessidade de esperar longos períodos por um atendimento com especialista. Nenhum paciente atendido evoluiu para as complicações possíveis do procedimento. CONCLUSÕES: Os resultados foram gratificantes para os pacientes, para o grupo que realizou o procedimento, e também para a unidade de saúde, visto que os problemas foram solucionados e também houve uma redução da fila de espera para atendimento com otorrinolagologista. Apesar de ser um procedimento simples, o mais seguro é evitar o seu uso em casa, sem assistência de um profissional treinado, pois há riscos de perfuração do tímpano e infecção do ouvido se a irrigação for feita de forma errada. Palavras-chaves: remoção, cerume, unidade básica de saúde. Referências: MCCARTER, D. F.; COURTNEY, A. U.; POLLART, S. M. Cerumen impaction. Am Fam Physician, United States, v. 75, n. 10, p. 1.523-1.528, May 2007. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Procedimentos / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2011. Disponível em < http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad30.pdf>. Acesso em 03 de Junho de 2015. 155 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL RESUMO CEFALEIA TENSIONAL: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL E PROPEDEUTICA – RELATO DE CASO. Orientador: Allan Calsavara Adelie Nicolli Gay Gessica Santana Morotta Ludyanne Silva Gomes Luísa Martino Avelar Priscila Cintra Campos Rafaela Arantes Taylane Gloria Magalhaes Coelho Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO: A cefaleia é uma condição incapacitante prevalente, muitas vezes sem diagnóstico e tratamento adequados. Afeta mais as mulheres e tem maior frequência nos anos de maior produtividade. No Brasil as cefaleias crônicas reúnem 90% das cefalalgias encontradas nos ambulatórios. É estimado que apenas 16% dos pacientes com cefaleia tensional e 56% dos pacientes com enxaqueca procurem atendimento médico, sendo mais comum as mulheres buscarem assistência por esse motivo. Saber discernir a Cefaleias tensionais (CT) de seus diagnósticos diferenciais e criar uma relação de confiança com o paciente para que o tratamento seja eficaz e duradouro é essencial. RELATO DE CASO: Paciente parda, solteira, 38 anos, Auxiliar de serviços gerais. Natural de Mariana – MG. Queixa de dor de cabeça frequente. Relata que último episódio de dor forte foi há 10 dias. Compareceu à Policlínica, foi medicada e recomendada a procurar um Clinico Geral. No último mês tem sentido dores constantes, toma remédios sempre, iniciam na região occipital e laterais da cabeça. Sensação de compressão na região da face e torcicolos eventuais. Sensação de gotejamento pós nasal. Exame físico: Linfonodos submandibulares aumentados, musculatura cervical dolorida. Hipótese Diagnóstica (HD): Cefaleia tensional. Sinusite crônica. Rastreamento para DM II e síndrome metabólica Conduta: TC de seios da face Nortriptilina 25mg. Orientação a paciente para observar se não desenvolve cefaleia por privação de analgésicos. Foram realizados 4 retornos da paciente, ela conseguiu realizar os exames pedidos e seguir as condutas e orientações passadas. Descartou-se a HD de Sinusite e confirmou-se a Cefaleia Tensional (CT)com base na sintomatologia, no TC de seios da face e na boa resposta da paciente ao antidepressivo. Foi realizado ECG para o uso da medicação, o qual estava normal. DISCUSSÃO: O diagnóstico diferencial de cefaleia, apesar de eminentemente clínico, pode ser difícil e necessita de uma abordagem estruturada, de atenção e tempo ao paciente. A grande maioria das cefaleias pode ser diagnosticada com uma boa anamnese e um exame físico detalhado. As primeiras diferenciações a se fazer é se a cefaleia é recente ou antiga e se há sinais de alerta. Dentre as cefaleias antigas sem sinais de alerta 156 têm-se os diagnósticos diferenciais aventados para a paciente do relato: Enxaqueca, sinusite crônica. Alteração na articulação temporomandibular, uso excessivo de medicação, pós trauma, CT, em salvas. Os principais diagnósticos aventados no caso da paciente foram: sinusite crônica e CT. A estratégia de tratamento para CT conhecida tem base empírica e pode ser dividida em prevenção, profilaxia e tratamento do episódio agudo. Sendo na parte de prevenção evitar desencadeamentos, o tratamento profilático a fisioterapia e o uso de antidepressivos como a aminitriptilina em doses baixas (1075mg/dia). O tratamento farmacológico para o episódio agudo pode ser atribuído a analgésicos simples (utilizados como primeira droga de escolha para casos leves ou moderados), anti-inflamatórios não esteroides ou relaxantes musculares (possuem efeitos limitados). Como alternativa não medicamentosa tem-se a acupuntura. Palavras chave: cefaleia, cefaleia tensional, diagnóstico diferencial. Referências: Santos, C. M. T e colaboradores. Cefaleia Tensional. Grupo Editorial Moreira Jr. Recebido para publicação em 03/2007. Aceito em 08/2007. http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?id_materia=3758&fase=imprime. Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. Projeto Diretrizes. Cefaleias em Adultos na Atenção Primária à Saúde: Diagnóstico e Tratamento. Elaboração Final: 30 de junho de 2009 157 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL RELATO DE CASO DE CORONARIOPATIA EM PACIENTE COM HISTÓRICO DE INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO Alexandre Barbosa Andrade Amália Assis de Freitas Ana Cláudia dos Santos Débora Dumont Cruz Nunes Elen Cristina da Mata Luciana Silva de Godoy Najla Braz da Silva Vaz Samira Karolyne da Silva Romão Sara Helena Resende Carvalho Washington Miguel Almeida Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO: No Brasil, as doenças do aparelho circulatório (DAC) representaram um terço de todos os óbitos e quase 30% do total de mortes na faixa etária de 20 a 59 anos de idade, atingindo a população adulta em plena fase produtiva.Entre as DAC, destacamse as doenças cerebrovasculares (DCBV) e as doenças isquêmicas do coração (DIC).Com isso, tanto a prevenção de danos quanto o acompanhamento das afecções cardíacas se faz essencial para o bom prognóstico e evolução do paciente cardiopata. RELATO DO CASO CLÍNICO: Paciente V.R.S, sexo masculino, 45 anos, residente em AmarantinaMG, compareceu para consulta ambulatorial na Unidade Básica de Saúde (UBS) de origem no dia 20/05/2015.Procurou os serviços da clínica médica para acompanhamento de evento cardíaco prévio: Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) no dia 14/11/2014.Nesta ocasião, apresentou alterações no ECG compatíveis com IAM de parede inferior em atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Amarantina, sendo imediatamente encaminhado para o Hospital das Clínicas da UFMG (HCUFMG).Realizou-se Intervenção Coronária Percutânea (ICP) com colocação de stent na coronária direita.O ecocardiograma realizado no dia 17/11/2014 mostrou alterações condizentes com o IAM recente.Recebeu alta no dia 18/11/2014 com solicitações de exames laboratoriais, medicações de uso regular e orientações para acompanhamento ambulatorial.Retornou ao HC-UFMG para teste ergométrico (02/03/2015), sem sinais de isquemia; e no dia 25/03/2015 para refazer exames laboratorias e novo ECG para controle.À consulta ambulatorial na UBS de Amarantina, dia 20/05/2015, paciente relatava a redução do tabagismo, de gorduras e álcool.Trabalha como pedreiro e relata precordialgia durante esforço físico.Possui história familiar negativa para cardiopatias.Não apresentou alterações à ectoscopia e exame físico.Com isso, as hipóteses diagnósticas foram: coronariopatia com histórico de IAM; tabagismo, etilismo, alimentação inadequada e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) a investigar. Na 158 conduta, mantiveram-se as medicações e dobrou-se a dose de Enalapril; solicitou-se exames complementares de rotina, espirometria com prova broncodilatadora, encaminhou-se à nutrição e fez-se orientações ao paciente quanto ao tabagismo, etilismo, sedentarismo e dieta. DISCUSSÃO: A prevenção das doenças cardiovasculares se inicia com a avaliação do risco seguida por uma investigação acerca dos hábitos de vida.Quanto ao tratamento emergencial, a ICP é o método capaz de restaurar o fluxo coronário em mais de 90% dos casos, além de reduzir a taxa de reinfarto e aumentar a sobrevida.No entanto, tão importante quanto o tratamento emergencial do paciente na vigência do IAM, é o acompanhamento ambulatorial do mesmo. O reforço das mudanças dos hábitos de vida; o manejo das medicações; a revisão da função cardíaca e parâmetros laboratoriais se faz essencial para seu bom prognóstico. O desafio na criação de um vínculo apropriado, embasado pela confiança e uma boa relação médico-paciente é de grande valia e jamais deve ser menosprezado. Palavras-chaves: Revascularização miocárdica, Isquemia miocárdica, doença das coronárias. Referências: ANDRADE, Jadelson Pinheiro de et al . Programa nacional de qualificação de médicos na prevenção e atenção integral às doenças cardiovasculares. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo , v. 100, n. 3, p. 203-211, Mar. 2013 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066782X2013000300001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 29 de Mai. 2015. CARDOSO, Cristiano de Oliveira et al . Angioplastia primária no infarto agudo do miocárdio: existe diferença de resultados entre as angioplastias realizadas dentro e fora do horário de rotina?. Rev. Bras. Cardiol. Invasiva, São Paulo , v. 18, n. 3, p. 273280, 2010 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S217983972010000300008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 30 de Mai. 2015. 159 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO PÔSTER A NEFROPATIA DIABETICA:UM CENÁRIO DE ELEVADO RISCO CARDIOVASCULAR João Milton Martins de Oliveira Penido Bernardo Arantes Neves de Abreu Clayton Marcos dos Santos Daniel Guilherme de Oliveira e Silva Fábio Fernandes de Mendonça Fernanda dos Santos da Silva Filipe Nappi Mateus Giovanny Viegas Rodrigues Fernandes Guilherme Ângelo dos Santos Silva Pedro Gadbem Bobst Simone Alves Edmundo Thaís Borges Finotti Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO: A nefropatia diabética é a principal causa de Doença Renal Crônica e de ingresso em diálise em países desenvolvidos. No Brasil e em outros países em desenvolvimento é competitiva com outras causas de doença renal crônica ao ingresso em diálise. A nefropatia diabética é uma complicação microvascular dos diabetes mellitus tipo 1 e 2 caracterizada na fase inicial, pela presença de “microalbuminúria persistente” um marcador de lesão, progressão, comprometimento da função renal e do risco de morte prematura por doença cardiovascular. Cerca de 30 a 40% dos diabéticos com nefropatia diabética desenvolverão doença renal crônica, necessitando de diálise em 10 a 20 anos. RELATO DE CASO: W. P. S., masculino, 40 anos, chega à Unidade Básica de Saúde de Passagem de Mariana, município de Mariana, MG com a queixa principal de inchaço nas pernas de carater progressivo há 1 ano. Portador diabetes mellitus tipo 2 e de hipertensão arterial de difícil controle. Estado geral comprometido, afebril, anêmico, anictérico, acianótico, desnutrido, em anasarca e hipertenso. Diagnóstico: nefropatia diabética, hipertensão arterial sistêmica, doença renal crônica: Estágio G3b, categoria de albuminúria A3: alto risco cardiovascular. DISCUSSÃO: O descontrole metabólico, o estado nutricional precário, o distúrbio hidroeletrolitico, a anemia, a hipertensão arterial sistêmica não controlada, a categoria de albuminúria e o estágio de doença renal crônica caracterizam um cenário de elevada morbi-mortalidade. Nos ambulatórios da Atenção Primária, a nefropatia diabética deve ser investigada em todo indivíduo ao diagnóstico de diabetes mellitus. A nefropatia diabética se manifesta clinicamente com proteinúria, hipertensão arterial e progressivo comprometimento da função renal levando a um cenário de alto risco cardiovascular. Palavras-chave: nefropatia diabética, síndrome nefrótica, risco cardiovascular; Referências: 160 GANSEVOORT, RON T., et al. "Chronic kidney disease and cardiovascular risk: epidemiology, mechanisms, and prevention." The Lancet 382.9889 (2013): 339-352. RAMALHO, VITOR, et al. "Síndrome Nefrótica no Diabetes Mellitus: Um Verfremdungseffekt." Rev Port Nefrol Hipert 20.1 (2006): 61-66. 161 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO PÔSTER ABORDAGEM DA ARTRITE REUMATÓIDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: RELATO DE CASO Allan Jefferson Cruz Calsavara Autores: Adélie Nicole Martins Gai Géssica Santana Marota Jordan Mariano de Souza Araújo Ludyanne da Silva Gomes Luisa Martino Avelar Priscila Cintra Campos Rafaela Arantes Taylane Glória Magalhães Coelho Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO: A Artrite Reumatóide (AR) é uma doença inflamatória sistêmica crônica, de etiologia desconhecida, marcada por uma poliartrite simétrica periférica. A AR tem uma prevalência de 0,5 a 1% dos adultos, é duas ou três vezes maior em mulheres que em homens e pode ocorrer em qualquer idade, mas antes dos 45 anos é incomum. Os sintomas resultam da inflamação das articulações, tendões e bursas e pode apresentar diversas manifestações extra-articulares, incluindo fadiga, nódulos subcutâneos, anemia e elevação dos reagentes de fase aguda. RELATO DE CASO CLÍNICO: G.B.L.C., 47 anos, casada, do lar. Compareceu à Unidade Básica de Saúde do Santo Antônio- MarianaMG com queixa de artralgia e rigidez matinal principalmente em articulações do joelho, cotovelo, interfalangianas proximais e metacarpofalangianas, simétricas e com duração de mais de 1 hora. Refere que os sintomas iniciaram há mais de 10 anos evoluindo com piora progressiva do quadro e dificuldade de deambulação. Em exames solicitados anteriormente, FAN e Fator reumatóide estavam negativos. Paciente portadora de Diabetes Mellitus tipo 2, Hipertensão arterial sistêmica e Dislipidemia. Ao exame físico, PAS: 150x90mmhg, IMC: 31,44. Teste de Tinel e Phalen negativos. Presença de edema, hiperemia, calor e dor nas articulações do joelho, cotovelo, interfalangianas proximais e metacarpofalangianas. A presente foi encaminhada aos serviços de reumatologia e nutrição, orientada sobre vacinação pendente e solicitado novamente FAN e FR. Retorno 1: Resultados constataram FR positivo, FAN negativo e PCR elevada. Foi encaminhada a fisioterapia e marcado retorno para início do metotrexato. Retorno 2: Trouxe raio-X de punho que não houve alterações. Prescrito Metotrexato 2,5 mg (3cp 1x por semana), Nimesulida 100mg (1 cp 1x ao dia), Prednisona 5mg (3cp 1x ao dia), Ácido Fólico 5mg (1cp 1x por semana) e orientada sobre retorno semanal para acompanhamento da terapêutica. Retorno 3: (Após 1 semana do início do uso de Metotrexato): Relatou melhora parcial da sintomatologia e negou outras queixas. DISCUSSÃO: O diagnóstico da AR foi baseado segundo a ACR 2010 que conta com os seguintes critérios: Envolvimento articular: >10 articulações (5 pontos); Sorologia: FR positivo em título alto (3 pontos); Provas de fase aguda: PCR alterado ( 1 ponto) e Duração dos Sintomas: ≥ 6 162 semanas (1 ponto). Total: 10 pontos. A soma da pontuação maior ou igual a 6 é considerada definitiva para o diagnóstico de AR. Os objetivos principais do tratamento são prevenir ou controlar a lesão articular, a perda de função e diminuir a dor, tentando maximizar a qualidade de vida destes pacientes. A abordagem terapêutica começa com a educação do paciente e de seus familiares sobre sua doença, acompanhamento multidisciplinar, preferencialmente sob a orientação do reumatologista. O tratamento medicamentoso consiste no uso de antiinflamatórios não hormonais, doses baixas de glicocorticóides, até no máximo 15 mg de prednisona ao dia e drogas modificadoras do curso da doença, como o Metotrexato. Palavras-chave: Artrite Reumatóide, Doença crônica, Qualidade de vida. Referências: GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis. Cecil Medicina. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. Vol II. ALETAHA, Daniel et al. Arthritis & Rheumatism. American College of Rheumatology: 2010. Vol. 62. Disponível em: https://www.rheumatology.org/practice/clinical/classification/ra/2010_revised_criteria_ classification_ra.pdf 163 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO PÔSTER TRATAMENTO MULTIPROFISSIONAL DE DOR NEUROPÁTICA PÓS-AVE EM PACIENTE DA UBS BANDEIRANTES – MARIANA/MG Mirian Santana Barbosa Ana Clarisse da Costa Porta Andressa Harpis Bastos Eliana Ferndandes Maia Felipe Sabec Folgueral Emilia Calil Silva Júlia Carvalho Oliveira Maira Kroetz Boufleur Natália Dias do Nascimento Paulo Henrique Castanha Miranda Vanessa Almeida de Camargos Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO A dor é uma das sequelas mais perturbadoras pós-acidente vascular encefálico (AVE), ocorrendo em 19-74% dos pacientes (KIM, 2009). Os sintomas geralmente aparecem 1 a 2 meses após a lesão vascular, com grande variabilidade clínica – desde cefaleia aguda a ombro doloroso – o que a torna condição frequentemente subdiagnosticada e desvalorizada, especialmente em doentes com alterações da sensibilidade, da percepção espacial ou da comunicação, nos quais a interpretação das queixas e o exame físico podem constituir um verdadeiro desafio para o médico (GASPAR & ANTUNES, 2010). As principais drogas usadas na dor neuropática são os antidepressivos tricíclicos e os bloqueadores de canal de sódio, também usados como anticonvulsivantes. Além de medicamentos podem se requerer medidas neurocirúrgicas, bloqueios anestésicos e as terapias fisiátricas, psicológicas e ocupacionais - que colaboram na recuperação funcional. (GALVÃO, 2005) Nesse sentido, o presente trabalho visa relatar um caso de diagnóstico de dor neuropática pós-AVE e sucesso terapêutico obtido através de uma atuação multidisciplinar. RELATO DE CASO Paciente J.R.O., 60 anos, sexo masculino, compareceu ao serviço médico da UBS Bandeirantes, Mariana/MG, com queixa de cefaleia persistente há cerca de 1 mês, com sensações de “choque” em dimídio esquerdo. Ao averiguar a história clínica do paciente, foram constatados 2 episódios pregressos de AVE, o último há 3 meses. Ao exame físico, apresentou disestesia e alodinia mecânica em abdome, membro superior, face, pescoço e tórax esquerdos, redução da força muscular 4/5 em antebraço esquerdo e referência de dores musculares semelhantes a câimbras. Optou-se pela prescrição de Carbamazepina (CBZ) e Amitriptilina e encaminhamento à fisioterapia e à assistência social – por tratarse de um caso de baixo nível cognitivo e risco social. Após cerca de 15 sessões, obtevese contra-referência da fisioterapia de melhora absoluta da condição clínica. 164 DISCUSSÃO A dor é um problema clínico relevante após o AVE, representando um dos principais limitadores da qualidade de vida e do potencial de recuperação funcional. O diagnóstico é complexo e os benefícios comparativos entre os fármacos ainda apresentam poucas evidências. A CBZ atua na dor neuropática bloqueando os canais de sódio e reduzindo portanto a frequência e a propagação de impulsos excitatórios ectópicos; no entanto, estudos apontam que a CBZ é mais efetiva nas dores paroxísticas e lancinantes do que nos sintomas alodínicos. Já a gabapentina é descrita em alguns estudos como um medicamento mais seguro e de melhor eficácia na dor central pós-AVE; além da pregabalina, que é uma droga que vem se mostrando promissora para tratamento da dor neuropática. Ademais, alguns estudos têm sugerido como fator de bom prognóstico a mobilização precoce do membro afetado, contexto no qual a fisioterapia assume seu papel fundamental. Pelo exposto, a abordagem desse tipo de dor mostra-se complexa e exige do clínico a competência de reconhecer a sua prevalência e relevância, além de perceber os processos multifatoriais envolvidos, sabendo optar pelo melhor esquema disponível àquele paciente e lançar mão das diversas estratégias disponíveis na rede de assistência. Palavras chave: Dor neuropática, acidente vascular encefálico e dor crônica. Referências: GALVÃO, A.C.R. Dor neuropática: tratamento com anticonvulsivantes. São Paulo: Segmento Farma, 2005. Disponível em:<simbidor.com.br/publicacoes/cadernos_dorneuropatica.pdf>. Acesso em 05/03/2015. GASPAR, A.T.; ANTUNES, F. Dor crónica após acidente vascular cerebral. Sinapse, Lisboa, N.º 2, volume 10, p. 38-44, nov./2010. Disponível em:< http://cgmdesign.fatcow.com/spn/pdf/Sinapse/Sinapse_Vol10_N2_Nov10.pdf>. Acesso em 06/06/15. 165 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO PÔSTER SUSPEITA DE SÍNDROME DE MARFAN EM PACIENTE DE 46 ANOS COM ATEROMATOSE DIFUSA GRAVE, UM RELATO DE CASO. Luciana Van Den Bergen Bruna Ferraz Lima Eric Morais da Costa Braga Gabriela Ribeiro Salim Nogueira Helena Távora de Senna Albuquerque Guimarães Izabela Zarnowski Passos Lauanny Ribeiro Aguiar Linamar Salomé Sant’Ana Machado Lorena Caroline Lima de Oliveira Maria Alice Matias Cardoso Paulo Henrique Melo Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO: A Síndrome de Marfan é um distúrbio hereditário autossômico dominante causado por mutações no gene da fibrilina-1. Afeta o tecido conjuntivo, com perda do tecido elástico. Tem prevalência de 1/20000. Possui alto grau de variabilidade clínica, com manifestações osteomusculares, oculares e cardiovasculares. O diagnóstico clínico é baseado na história familiar e por meio de critérios maiores e menores. Apesar da complexidade desses critérios, todo clínico deve estar atento a possíveis manifestações da síndrome, já que a incidência não é tão rara e a conduta especializada pode melhorar a sobrevida. As complicações cardiovasculares são as principais responsáveis pela mortalidade, tornando necessário o enfoque nessas apresentações. Este trabalho visa apresentar relato de caso de uma paciente com doença cardiovascular precoce, ateromatose grave de aorta e história familiar impactante de morte súbita de três irmãos na quarta década de vida, onde foi pertinente a investigação da síndrome. RELATO DE CASO: IER, mulher, 46 anos com história pregressa de ateromatose difusa grave, insuficiência arterial periférica, fibrilação atrial crônica, hipertensão arterial sistêmica leve há 10 anos e dislipidemia leve. Possui história familiar de morte súbita por eventos cardiovasculares de três irmãos em sua faixa etária; não há informação sobre Síndrome de Marfan em parentes. Na ocasião da consulta, usava: Captopril, Propranolol, Anlodipino, Varfarina e Sinvastatina, e demonstrava bom controle da pressão arterial e do perfil lipídico. Ao exame físico, apresentava afecções osteomusculares sugestivas de Síndrome de Marfan, como cifoescoliose e aracnodactilia e relação altura/envergadura: 0,95. Além disso, bulhas arrítmicas, sinais de hipoperfusão nos pés e pulsos distais finos. Durante raciocínio clínico para diagnóstico diferencial da ateromatose aórtica grave em adulto jovem, a Síndrome de Marfan apresentou-se como uma das possibilidades, sendo então revistos critérios diagnósticos, refeito exame físico direcionado que, ao demonstrar características compatíveis, motivou encaminhamento para especialista em genética – que 166 aguarda confirmação de exame laboratorial. Além da hipótese de Síndrome de Marfan, consideramos deficiência de apolipoproteínas, alterações da homocisteína, mutação em Fator V de Leiden, entre outros. As vasculites foram descartadas por exames. Solicitamos também exames para doença coronariana e estudos de grandes vasos, devido à preocupação com eventos cardiovasculares graves. DISCUSSÃO: A variabilidade fenotípica na Síndrome de Marfan é grande e algumas características só surgem tardiamente, dificultando diagnóstico precoce. A paciente em questão apresenta algumas das manifestações tipicas da síndrome, osteomusculares e cardiovasculares, e história familiar compatível com afecções cardiovasculares possivelmente congênitas. Dessa forma é importante salientar a importância da atenção primária na suspeita clínica e diagnóstico precoce da Síndrome de Marfan e a partir daí é fundamental o acompanhamento multidisciplinar, visando evitar ou amenizar as possíveis complicações, que variam desde dores inespecíficas até morte súbita. Palavras chave: Síndrome de Marfan; Aterosclerose; Fenótipo. Referências: Graziella F. B. Cipriano et al. Avaliação antropométrica e musculoesquelética de pacientes com síndrome de Marfan, Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 15, n. 4, p. 291-6, jul./ago.2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141335552011000400006&script=sci_arttext. Acesso em 29/05/2015. Pamela Oliva N et al. Síndrome de Marfán. Rev. méd. Chile, Santiago v.134 n.11 nov. 2006. Disponível em: http://www.scielo.cl/scielo.php?pid=S0034-98872006001100014&script=sci_arttext. Acesso em 29/05/2015. 167 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL TROMBOEMBOLISMO PULMONAR: RELATO DE CASO Paulo César Rodrigues Pinto Corrêa Bernardo Arantes Neves de Abreu Clayton Marcos dos Santos Daniel Guilherme de Oliveira e Silva Fábio Fernandes de Mendonça Fernanda dos Santos da Silva Filipe Nappi Mateus Giovanny Viegas Rodrigues Fernandes Guilherme Ângelo dos Santos Silva Pedro Gadbem Bobst Simone Alves Edmundo Thaís Borges Finotti Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO: O Tromboembolismo Pulmonar juntamente com a Trombose Venosa Profunda constituem o Tromboembolismo venoso. É considerada uma situação clínica grave, com alta mortalidade e é considerado uma das três principais causas cardiovasculares de morte. O diagnóstico do Tromboembolismo Pulmonar é difícil, principalmente quando este ocorre concomitantemente com insuficiência cardíaca franca ou pneumonia. A história clínica mais comum é a falta de ar inexplicável. CASO CLÍNICO: Paciente L.S.S, 74 anos, sexo feminino, compareceu no dia 11/06/2014 na Unidade de Atenção Primária de Saúde Passagem, no distrito de Passagem de Mariana, Mariana- Minas Gerais queixando-se de dor nas costas. Na consulta, relatou ter sido internada no dia 21/05/2014 para tratamento de pneumonia, no exame físico apresentou hiperfonese de B2, crepitação em terço inferior dos pulmões e edema de membro inferior esquerdo, com empastamento de panturrilha esquerdo e sinal de Romans positivo a esquerda. Na ocasião foi levantada a hipótese de Trombose venosa profunda com evolução para Tromboembolismo Pulmonar. A paciente foi internada por dez dias e o tromboembolismo venoso foi confirmado por Ecodoppler de membro inferior esquerdo. A paciente passou a fazer uso de Marevan, 5 mg, uma vez ao dia. Desde então, faz acompanhamento periódico de coagulograma. DISCUSSÃO: A trombofilia contribui para o risco de trombose venosa e quando um trombo venoso se desaloja de seu local de formação, ele pode embolizar para circulação arterial pulmonar. As principais anormalidades decorrentes do Tromboembolismo Pulmonar são a hipoxemia, o aumento da resistência vascular pulmonar, a hiperventilação alveolar, o aumento da resistência das vias respiratórias e a diminuição da complacência pulmonar. A avaliação clínica é difícil, a suspeita de coexistência de Tromboembolismo Pulmonar pode ocorrer caso não haja melhora clínica, apesar do tratamento clínico convencional da doença concomitante. Quando se há suspeita de Trombose Venosa Profunda ou de Tromboembolismo Pulmonar deve-se avaliar a probabilidade clínica dessas doenças. O diagnóstico é confirmado 168 através de exames como o Dímero D, quando a probabilidade para Tromboembolismo Pulmonar for baixa, e os exames de imagem, quando essa probabilidade for alta, como a ultrassonografia venosa, a tomografia de tórax e a cintilografia pulmonar. O tratamento depende da estratificação de risco que se baseia na instabilidade hemodinâmica, na disfunção de ventrículo direito: quando há normotensão e ventrículo direito normal optase por anticoagulação ou filtro na veia cava inferior; quando há normotensão mais hipocinesia de ventrículo direito necessita-se de uma terapia individualizada; quando há hipotensão deve-se optar por anticoagulação com trombólise ou embolectomia. Palavrasc-chave: Embolia pulmonar, tromboembolia pulmonar; Referências: BRAUNWALD, Eugene, ed et al.; Medicina Interna de Harrison, 18 Ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2013 RIBEIRO, Marcelo Andrade; NETTO, Pedro Garbes e LAGE, Silvia Gelas. Desafios na profilaxia do tromboembolismo venoso: abordagem do paciente crítico. Rev. bras. ter. intensiva [online]. 2006, vol.18, n.3, pp. 316-319. ISSN 1982-4335. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-507X2006000300016. 169 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL ABORDAGEM CLÍNICA DA NEFROLITÍASE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: UM ESTUDO METABÓLICO João Milton Martins Oliveira Penido Carla Gomes de Paiva Caroline Ferreira Vieira Geiza das Dores Conceição Juliana Oliveira Pedrosa Laís Sato dos Santos Larissa Meireles Braga Luana Almeida Silveira Ligiane Figueiredo Falci Márcio Massao Santana Sueto Mariana Fontes Pereira Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO: A nefrolitíase afeta 5 a 15% da população e sua prevalência na população geral vem aumentando. Estima-se alta recorrência após o primeiro episódio. A literatura correlaciona a nefrolitíase ao desenvolvimento de doenças sistêmicas, e aumento do risco cardiovascular. Possui morbidade importante, pois, cerca de 30% dos pacientes necessitam de hospitalização. Sua etiologia multifatorial envolve fatores alimentares, de hábitos de vida, urinários, genéticos e outros. RELATO DE CASO: R.M., masculino, 34 anos, natural de Belo Horizonte, procedente de Amarantina (MG), casado, caucasiano. Paciente compareceu ao Posto de Saúde Antônio Dias município de Ouro Preto/MG referindo dor periumbilical com irradiação para região lombar e testículo direito. Foi atendido na Unidade Pronto Atendimento (UPA) com crise de cólica renal há 8 dias. História de hipertensão arterial há 3 anos. A ultrassonografia abdominal solicitada em caráter de urgência evidenciou cálculo de 4,7mm no terço superior do rim direito. Rins de tamanho normais. Medicado para alívio da dor, evoluiu com melhora parcial da síndrome dolorosa, referindo desconforto na região lombar direita. Negou febre, cefaleia, náuseas, vômitos, alterações do jato urinário, hematúria, disúria e polaciúria. Nega história familiar de nefrolitíase e outras comorbidades. Nega traumas, cirurgias prévias, internações, transfusão sanguínea. Vacinação em dia. Exames realizados na UPA: hemograma normal, urina rotina (UR) e pH 5,0, sem alterações do sedimento urinário. Em uso de losartan 50mg/dia para controle da pressão arterial. Ao exame clínico bom estado geral, afebril, pressão arterial: 110/80mmHg. Desconforto a palpação do 170 hemiabdome direito. Foi medicado para alívio da dor e em adição, recebeu orientações sobre o diagnóstico da moléstia atual e sua condição de saúde. Solicitado exame de urina, gram de gota de urina não centrifugada e creatinina sérica. O paciente retornou para consulta com melhora clínica substancial. Exames solicitados normais. Orientado quanto a importância de aumentar a ingestão hídrica (2L ao dia), diminuir o consumo de sal, de proteína animal e manter dieta normal em cálcio. Foi solicitado o estudo metabólico em amostras de sangue e urina 24h. Paciente retorna com os resultados do estudo metabólico, relatando outros dois episódios de cólica renal. Estudo Metabólico: 1-sangue: níveis normais de ácido úrico, cálcio, creatinina, fósforo, magnésio, potássio e sódio 2-urina de 24h: níveis alterados de cálcio e de ácido úrico. Diagnóstico Metabólico: hipercalciúria e hiperuricosúria idiopáticas. Conduta: orientações dietéticas, hidroclorotiazida (HCTZ) 25mg ao dia e citrato de potássio 5g ao dia. DISCUSSÃO: A abordagem clínica de indivíduos com diagnóstico de nefrolitíase recorrente (metabolicamente ativos) pode ser realizada na atenção primária. A relevância do diagnóstico metabólico em pacientes metabolicamente ativos pode nos conduzir a etiologia da causa metabólica e direcionar as orientações terapêuticas específicas e profiláticas. Palavras-chave: Nefrolitíase, hipercalciúria, atenção primária. Referências: Godman, L. et al. Cecil Medicina – Tratado de Medicina Interna 23ªed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009; Meneses JA. Experiência brasileira em litíase renal In: Calculose Renal Fisiopatologia diagnóstico e tratamento. Ed. Nestor Schor, Ita Pfeferman Heiberg, São Paulo: Sarvier, 1995 (33): 307-314. 171 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL AVALIAÇÃO DE PACIENTE COM DEFORMIDADE ESTRUTURAL E FUNCIONAL EM RIM DIREITO SUGESTIVA DE HIPOPLASIA RENAL CONGÊNITA João Milton Martins Oliveira Penido Carla Gomes de Paiva Caroline Ferreira Vieira Geiza das Dores Conceição Juliana Oliveira Pedrosa Laís Sato dos Santos Larissa Meireles Braga Ligiane Figueiredo Falci Luana Almeida Silveira Márcio Massao Santana Sueto Mariana Fontes Pereira Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO: Deformidades estruturais e funcionais de um ou ambos dos rins podem ser decorrente de alterações congênitas (Congenital Anomalies of Kidney and Urinary Tract - CAKUT), vasculares ou infecciosas. Entre as CAKUT, a hipoplasia renal consiste na diminuição do número de néfrons e ductos e/ou redução no tamanho do néfron, o que pode acarretar em hipertensão arterial sistêmica (HAS). Diante de um encontro ocasional de uma deformidade estrutural e funcional a avaliação clínica somada a um plano de cuidados específicos e tratamento são medidas importantes na prevenção e preservação da função renal do rim não comprometido. Será relatado e discutido caso sobre o achado de deformidade estrutural e funcional em rim direito, HAS e infecção do trato urinário (ITU) recorrente. RELATO DE CASO: Paciente, feminina, 35anos, casada, atendida no ambulatório portando ultrassonografia (US) de abdome total solicitada após ter apresentado um episódio de dor lombar direita, quando foi medicada com antibiótico diante da suspeita de ITU. História de episódios recorrentes de ITU sendo que um deles demandou hospitalização. A US evidenciou atrofia em rim direito. Ao exame clínico, assintomática, bom estado geral, aferição da pressão arterial (PA) resultando em 154 x 98 mmHg, sem alterações nos demais sistemas. Exames de sangue e urina inalterados. Conduta: Solicitadas Cintilografia Renal Estática e Dinâmica. A Cintilografia Renal Dinâmica evidenciou na Curva de Fluxo Sanguíneo Renal, fluxo sanguíneo renal assimétrico, estando reduzido em rim direito e eficiente em rim esquerdo. Na Curva Renográfica, rim esquerdo apresenta eliminação e depuração eficiente enquanto rim direito é atrofiado, com depuração severamente reduzida e eliminação eficiente. A Cintilografia Renal Estática mostrou rim esquerdo sem evidências de lesões cicatriciais e/ou expansivas com função tubular relativa aumentada. Já o rim direito possui reduzido volume, sem evidências de lesões cicatriciais e/ou expansivas, estando sua função tubular relativa severamente diminuída. Orientações sobre seu estado de saúde e medidas gerais de prevenção de ITU. Medicada com Losartana 50mg, uma vez ao dia, e dieta com restrição de sódio. Recomendada a aferição diária da PA no Posto de Saúde e não se obteve controle pressórico. Então, retirado a Losartana e introduzido o diurético tiazídico (HCTZ) 25mg por dia, o que resultou em ótimo controle da PA. DISCUSSÃO: A história 172 de ITU, HAS e achado radiológico de rim atrófico conduziu a investigação para as hipóteses diagnósticas de Rim Hipoplásico Congênito, Refluxo Vésicoureteral, ITU de repetição e Doença Renovascular. A ausência de lesões cicatriciais e/ou expansivas no rim direito e falta de resposta do tratamento da HAS com o uso de Losartana permitiu concluir que a maior probabilidade diagnóstica seria a de rim hipoplásico congênito, associado a episódios de ITU recorrentes em paciente sexualmente ativa e HAS responsiva a diurético tiazídico e dieta hipossódica. Considerando o controle da HAS, a não evidência de ITU e a preservação funcional do rim vicariante, as medidas adotadas na condução clínica do caso passaram a ser direcionadas ao cuidado conservador. Palavras-chave: Nefrologia; Hipertensão Arterial; Anomalias Congênitas. Referências: Godman, L. et al. Cecil Medicina – Adaptado à realidade Brasileira, 23ªed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009; Barros, E. Gonçalves, L.F. Nefrologia no Consultório, Porto Alegre: Artmed, 2006. 173