TolerÂncia de a bicidas pós-emergentes

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UNIJUI- UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
DIEGO MARTINS
TOLERÂNCIA DE AMENDOIM FORRAGEIRO (Arachis pintoi cv. Alqueire) À
APLICAÇÃO DE HERBICIDAS PÓS-EMERGENTES.
Ijuí-RS
2010
2
DIEGO MARTINS
TOLERÂNCIA DE AMENDOIM FORRAGEIRO (Arachis pintoi cv. Alqueire) À
APLICAÇÃO DE HERBICIDAS PÓS-EMERGENTES.
Trabalho
de
Conclusão
de
curso
apresentado ao Curso de Agronomia,
Departamento de Estudos Agrários da
Universidade Regional do Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul.
Orientador: Prof. Adriano Rudi Maixner
Ijuí-RS
2010
3
TERMO DEAPROVAÇÃO
DIEGO MARTINS
TOLERÂNCIA DE AMENDOIM FORRAGEIRO (Arachis pintoi cv. Alqueire) À
APLICAÇÃO DE HERBICIDAS PÓS-EMERGENTES.
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Agronomia da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, defendido perante a banca abaixo subscrita.
Ijuí, 22 de Dezembro de 2010.
Prof. Msc. Adriano Rudi Maixner................................................................................................
DEAg./UNIJUI- Orientador.
Eng. Agrônomo César Oneide Sartori..........................................................................................
DEAg/UNIJUI.
4
DEDICATÓRIA
À Deus, que me guiou nesta trajetória, aos meus pais
Vanderlei e Marilei pela educação e incentivo que
sempre me deram e minha namorada Josi, pela atenção,
companheirismo e apoio dedicados a mim durante esta
jornada.
5
AGRADECIMENTOS
À Deus por iluminar e indicar o melhor caminho a seguir.
Aos meus pais Vanderlei e Marilei, por sempre estarem ao meu lado, pelo incentivo e
companheirismo, por muitas vezes abrirem mãos de seus sonhos a favor dos meus, obrigado
por tudo.
À minha namorada Josinéia Taís Dalcin, pelo apoio durante esses anos de graduação,
pelo carinho, atenção que sempre me dedicou, por todos os momentos de dúvidas e angustias
que esteve ao lado me incentivando.
Aos amigos Mailson do Amaral Batista, Eduardo Fronza, Anderson Marcelo Nunes de
Oliveira, Pablo de Freitas Pereira e Renan Pedro Donadel, Adriano Weber, Almir Vorpagel,
Fabiano Martins, Rodrigo Baldissera e Uilian Wunder pelo apoio e companheirismo na
realização deste trabalho e nesta trajetória que foi a graduação, muito obrigado a todos vocês.
Ao Professor Adriano Rudi Maixner pela confiança depositada na realização deste
trabalho, pela dedicação e orientação.
Aos amigos que não foram citados, mas de que de alguma forma contribuíram para
esta conquista, muito obrigado.
6
RESUMO
O uso de leguminosas forrageiras em pastagens tem como principais vantagens a
incorporação de nitrogênio no sistema solo-planta-animal e a os altos valores nutritivos com
elevados teores de proteínas e minerais. O amendoim forrageiro da espécie Arachis pintoi é
uma planta herbácea, perene, com seu crescimento rasteiro e estolonífero. É uma leguminosa
genuína da América do Sul, que vem sendo utilizada no norte, centro-oeste e sul do Brasil.
Apresenta um estabelecimento lento, levando aproximadamente 12 meses para iniciar o
pastejo, o que propicia o surgimento de plantas invasoras. O manejo químico é uma
alternativa para auxiliar no desenvolvimento do amendoim, porém não há no mercado
herbicida específico para Arachis pintoi. Por esta razão, o presente trabalho tem o objetivo de
verificar a toxicidade de herbicidas pós-emergentes em amendoim forrageiro utilizados em
leguminosas como soja e feijão. O experimento foi conduzido no Instituto Regional de
Desenvolvimento Rural (IRDeR)/(UNIJUI), em Augusto Pestana –RS. O delineamento
experimental utilizado foi o de delineamento inteiramente casualizado, composto de oito
tratamentos, e seis repetições. Os tratamentos foram compostos pelos seguintes herbicidas e
respectivas doses: clorimuron etílico, 40,0 g.ha-1; cloransulam metílico, 35,7 g.ha-1; paraquate,
1,5 l.ha-1; glifosato , 2,0 l.ha-1; bentazona+imaxamoxi, 1,0 l.ha-1; glifosato+imazetapir, 2,0l.ha1
; tepraloxidim, 0,37 l.ha-1; testemunha sem herbicida. A fitotoxicidade foi estimada por três
avaliadores aos 7, 14, 21, 28, 35, 42 e 49 dias após a aplicação (DAA). As avaliações foram
baseadas na escala quantitativa percentual proposta por Frans et al.(1986). Clorimuron etílico,
bentazoma+imazamoxi, tepraloxidim e cloransulam metílico apresentam reduzido grau de
toxicidade sobre mudas de Arachis pintoi, e permitem a recuperação (rebrote) da leguminosa.
Glifosato e glifosato+imazetapir apresentaram injúrias severas a moderadas em Arachis
pintoi, e não devem ser usados para o controle de plantas invasoras em pastagens desta
forrageira. Paraquate causou injúrias severas às plantas, mas permitiu a recuperação lenta da
área foliar.
Palavras chaves: amendoim forrageiro, toxicidade, herbicidas pós-emergentes.
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Plantas daninhas controladas pelo princípio ativo glifosato. ................................................. 16
Tabela 2. Plantas daninhas controladas pelo princípio ativo cloransulam metílico. ............................. 17
Tabela 3. Plantas daninhas controladas pelo princípio ativo paraquate. ............................................... 18
Tabela 4. Plantas daninhas controladas pelo princípio ativo clorimuron etílico. .................................. 19
Tabela 5. Plantas daninhas controladas pelo princípio ativo bentazona + imazamoxi.......................... 20
Tabela 6. Plantas daninhas controladas pelo princípio ativo tepraloxidim. .......................................... 21
Tabela 7. Plantas daninhas controladas pelo princípio ativo glifosato + imazetapir............................. 22
Tabela 8. Princípios ativos, produto comercial, modos de ação, doses do produto comercial (PC) e
dose equivalente do princípio ativo (PA). DEAg/UNIJUI, 2010. ......................................................... 23
Tabela 9. Resumo de dados climáticos vigentes durante o período experimental. DEAg/UNIJUI, 2010.
............................................................................................................................................................... 24
Tabela 10. Médias da fitotoxicidade provocada por princípios ativos pós-emergentes em Arachis
pintoi cv. Alqueire. DEAg/UNIJUI, 2010. ............................................................................................ 26
Tabela 11. Médias de massa seca de raízes e aérea de Arachis pintoi cv. Alqueire submetido à
aplicação de herbicidas pós-emergentes. DEAg/UNIJUI, 2010. .......................................................... 27
8
LISTA DE APÊNDICES
Apêndice A. Coleta das mudas. ............................................................................................................ 32
Apêndice B. Preparação do solo. .......................................................................................................... 32
Apêndice C. Plantio das mudas. ............................................................................................................ 33
Apêndice D. Avaliação da toxicidade. .................................................................................................. 33
Apêndice E. Toxicidade do princípio ativo cloransulam metílico. ....................................................... 34
Apêndice F. Toxicidade do princípio ativo clorimuron etílico. ............................................................ 35
Apêndice G. Toxicidade do princípio ativo glifosato. .......................................................................... 36
Apêndice H. Toxicidade do princípio ativo paraquate. ......................................................................... 37
Apêndice I. Toxicidade do princípio ativo glifosato+imazetapir. ......................................................... 38
Apêndice J. Toxicidade do princípio ativo bentazona+imazetapir. ...................................................... 39
Apêndice K. Toxicidade do princípio ativo tepraloxidim. .................................................................... 40
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10
1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 11
1.1 IMPORTÂNCIAS DAS PASTAGENS TROPICAIS E DO USO DE
LEGUMINOSAS FORRAGEIRAS DE VERÃO................................................................ 11
1.2 O AMENDOIM FORRAGEIRO (Arachis pintoi) ......................................................... 11
1.2.1 Potencial de produção do amendoim forrageiro no Rio Grande do Sul .......................... 12
1.2.2 Entraves à utilização do amendoim forrageiro ................................................................ 13
1.3 O CONTROLE QUÍMICO DAS PLANTAS INVASORAS COMO OPÇÃO DE
MANEJO ................................................................................................................................. 13
1.4 PRINCÍPIOS ATIVOS COM POTENCIAL PARA UTILIZAÇÃO .......................... 14
2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 23
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 25
CONCLUSÃO......................................................................................................................... 28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 29
10
INTRODUÇÃO
As pastagens nativas do Rio Grande do Sul são disponibilizadas como recurso
forrageiro para ovinos e bovinos, abrangendo cerca de 48 % do território agrícola do estado
(IBGE, 1996). Entre as pastagens, destacam-se as espécies leguminosas, que tem como
principal característica a incorporação de nitrogênio no sistema solo-planta-animal e, ainda,
apresenta altos valores nutritivos com elevados teores de proteínas e minerais.
O amendoim forrageiro da espécie Arachis pintoi é uma planta herbácea, perene,
com seu crescimento rasteiro e estolonífero. É uma leguminosa genuína da América do Sul,
que vem sendo utilizada no norte, centro-oeste e sul do Brasil.
Especialmente no Rio Grande do Sul, a cultivar Alqueire vem demonstrando
desempenhos satisfatórios devido a sua tolerância a temperaturas baixas. Sua implantação
mais comum é a partir de mudas, condicionando a prática ao preparo solo. Apresenta um
estabelecimento lento, levando aproximadamente 12 meses para iniciar o pastejo, o que,
aliado ao preparo do solo necessário, propicia o surgimento de plantas invasoras, que de
forma direta e indireta prejudicam seu estabelecimento ao competirem por luminosidade, água
e demais nutrientes que são essenciais para um bom desenvolvimento da leguminosa.
Apesar dos métodos culturais e mecânicos de manejo de plantas invasoras serem
preferidos, o uso de herbicidas é uma alternativa para auxiliar no desenvolvimento do
amendoim forrageiro. Existem herbicidas recomendados para diversas culturas de espécies
leguminosas, porém não há herbicida específico recomendado para o amendoim forrageiro.
Por esta razão, o presente trabalho tem o objetivo de verificar, em amendoim
forrageiro, a fitotoxicidade de herbicidas pós-emergentes recomendados para outras espécies
leguminosas (como soja, feijão e amendoim).
11
1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.1
IMPORTÂNCIAS
DAS
PASTAGENS
TROPICAIS
E
DO
USO
DE
LEGUMINOSAS FORRAGEIRAS DE VERÃO
As pastagens tropicais têm importância fundamental no que se refere à pecuária de
corte e produção de leite no Rio Grande do Sul, tendo em vista que são essenciais para que
ambas as atividades tenham sucesso.
No estado a agropecuária é bastante representativa, tendo um rebanho bovino de 14,2
milhões de cabeças, entre gado de corte e de leite, sendo este o segundo maior rebanho
comercial do mundo (SCP, 2006). Da mesma forma, a bacia leiteira do estado vem crescendo
nos últimos anos, onde se concentra na região noroeste do Estado. Com isso surge a
necessidade de se ter opções de pastagens para atender a demanda da produção de leite, bem
como a adaptação das mesmas, já que o Rio Grande do Sul possui grande diversidade entre
suas microrregiões.
O uso de leguminosas se torna uma opção viável, pois é uma espécie que beneficia o
sistema solo-planta-animal, propicia um aumento da qualidade da dieta pelo teor elevado de
proteína bruta e boa digestibilidade e com isso a ocorrência do incremento na produção
animal, além aumentar a fertilidade do solo pela fixação do nitrogênio por bactérias do gênero
Rhizobium, proporcionando dessa maneira uma economia da adubação nitrogenada.
Conforme Sample (1974) as leguminosas valorizam as pastagens devido ao enriquecimento
do solo.
1.2 O AMENDOIM FORRAGEIRO (Arachis pintoi)
O amendoim forrageiro é uma leguminosa originária de países da América do Sul
tais como Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Brasil. Foi difundido no ano de 1954 pelo
Prof. Geraldo C. Pinto, no município de Belmonte, localizado no estado da Bahia.
Posteriormente foi distribuída para outros países a partir de amostras de sementes e estolões.
Esta leguminosa é uma planta herbácea perene, apresenta crescimento rasteiro, sendo
estolonífera, variando a altura entre 20 a 40 cm. Possui raiz pivotante, atingindo até 30 cm de
profundidade. O amendoim forrageiro apresenta uma característica que difere das demais
forrageiras que é a localização dos pontos de crescimento próximos ao nível do solo, o que
confere a boa tolerância ao pastejo.
12
O reconhecimento comercial veio através de países como Austrália e Estados
Unidos, no momento em que alguns acessos foram submetidos a estudos pelo Centro
Internacional de Agricultura Tropical- CIAT. Pela qualidade semelhante às leguminosas de
clima temperado, foi qualificada por diversos pesquisadores como forrageira prolífera de alta
qualidade (MONTENEGRO & PINZÓN,1997).
Entre as cultivares de amendoim forrageiro destaca-se no Rio Grande do Sul a cv.
Alqueire-1. No ano de 1992, foram levadas 100 plantas germinadas à Fazenda Alqueire, no
município de Rio Pardo, RS, com a finalidade de serem submetidas a testes. A adaptação das
plantas às geadas ocorreu naturalmente em função do forte inverno, também evidenciou
grande resistência ao pastejo. A cultivar foi lançada no mercado através da UFGRS, com o
apoio da EMATER. No Rio Grande do Sul, representa a cultivar mais estuda até o momento,
já tendo sido avaliada em diversos ecossistemas e teve destaque quando comparados a outros
acessos (DAMÉ et al., 1998).
1.2.1 Potencial de produção do amendoim forrageiro no Rio Grande do Sul
O amendoim forrageiro apresenta plenas condições de produção no Rio Grande do
Sul, pois é uma planta que, no que diz respeito ao teor de proteína bruta, digestibilidade e
consumo animal, possui muita qualidade, contendo um elevado valor nutritivo. O
conhecimento da adaptação regional torna-se indispensável para que posa ser usado com
sucesso (LIMA et. al., 2003).
Nas folhas do amendoim o teor de proteína bruta atinge um nível que varia de 13% a
18%, variável durante o ano, ou seja, períodos com maior ocorrência de estiagem e chuva. A
produção de matéria seca do amendoim forrageiro chega a 4000 kg de MS/ha/ano, porém há
fatores que podem interferir no rendimento desta leguminosa, como no momento da
implantação, quando esta, feita em espaçamentos maiores além de produzir menor quantidade
de fitomassa verde proporciona maior incidência de plantas invasoras (MACHADO et. al.,
2005).
A produção de feno pode ser uma boa alternativa, pois esta espécie possui alta
digestibilidade (em torno de 64%), fato este que viabiliza a prática de fenação para
alimentação animal (LADEIRA et. al., 2002). O que agrega renda ao produtor e é mais uma
alternativa de alimento para os animais em épocas de escassez forrageira. Além de apresentar
13
boa produção de forragem, possui um elevado incremento na produção animal em função de
bons conteúdos de proteínas e disgestibilidade.
1.2.2 Entraves à utilização do amendoim forrageiro
A adoção e ampliação das áreas de amendoim forrageiro por parte dos produtores
passam por alguns entraves, a citar: a implantação com preparo convencional da área, feita
por propagação vegetativa através de mudas; e estabelecimento inicial lento que propicia a
ocorrência de plantas invasoras. Outro fator que leva alguns produtores a resistirem a adoção
desta espécie é o fato de ser pouco tradicional nesta região e pouco conhecimento sobre a
cultura.
A implantação do amendoim forrageiro pode dar-se por propagação sexuada e
assexuada. A primeira opção é feita com a utilização de sementes maduras, com 15 a 18
meses após o plantio. Porém existem dificuldades de colher as sementes, pois se trata de uma
espécie cujas sementes crescem e se desenvolvem abaixo da superfície do solo (geotropismo).
Para Fisher & Cruz (1994), os custos operacionais de colheita oneram o preço da
semente no mercado, fato que normalmente leva ao emprego do material vegetativo para o
estabelecimento de novas áreas. Na propagação vegetativa são utilizadas mudas preparadas
em viveiro com 20 cm de altura e transplantas à campo com 30 a 35 dias de idade
(MONTENEGRO & PINZON, 1997). Este tipo de implantação exige maior mão-de-obra, e
grandes cuidados quanto ás condições climáticas correntes.
Por apresentar um estabelecimento lento o amendoim forrageiro propicia a incidência
de plantas daninhas, que competem por luminosidade, água e nutrientes que são essenciais
para um bom desenvolvimento da planta e acabam comprometendo o estande de plantas.
Segundo Bruyn (2003), o crescimento inicial lento de uma cultura compromete a rápida
cobertura do solo, prejudicando o aproveitamento da pastagem no mesmo ano de implantação.
1.3 O CONTROLE QUÍMICO DAS PLANTAS INVASORAS COMO OPÇÃO DE
MANEJO
Existem várias maneiras de se manejar uma pastagem com a finalidade de combater
as plantas invasoras que irão interferir no desenvolvimento da pastagem e em conseqüência na
sua produção.
14
Segundo Rizzardi et. al. (2004), o controle de plantas invasoras consiste em adotar
práticas que resultam na redução da infestação por estas plantas, mas não necessariamente na
sua completa erradicação. O controle de plantas invasoras pode ser feito de forma mecânica
ou através da utilização de herbicidas (ARGEL E VILLARREAL, 2004). No método
mecânico, pode ser feito através de capinas, roçadas e até a utilização de animais, de forma
estratégia. Em pastagens pode ser utilizado roçadeira para o corte de forragem, com isso além
de baixar a altura do pasto, as espécies indesejadas também são cortadas, o que acaba
proporcionando um rebrote vigoroso das forragens (Deuber, 1997). Porém a eficiência que se
busca no combate de plantas invasoras se dá não apenas por meio mecânico ou químico, mas
sim em uma combinação de distintas práticas e meios, onde se busca a valorização dos
recursos disponíveis e baixo custo.
Para que o método químico possa ser utilizado, é necessário que a pastagem, bem
como as demais culturas, seja tolerante ao herbicida, e que se por ventura venha apresentar
alguma fitotoxicidade, tenha a recuperação devida para que seu desenvolvimento fenológico
seja normal. Segundo Rizzardi et al (2004), herbicidas são substâncias químicas usados para
matar ou suprimir o crescimento de plantas, além de serem consideradas substâncias químicas
capazes de selecionar populações de plantas. Porém para o controle químico não há produto
registrado para amendoim forrageiro (PEREZ, 2004). Com isso torna-se imprescindível o
conhecimento de produtos que poderão virem a ser utilizados em Arachis pintoi.
1.4 PRINCÍPIOS ATIVOS COM POTENCIAL PARA UTILIZAÇÃO
Existem inúmeros produtos para cada tipo de cultura ou espécies que são registrados
para o devido uso, porém para Arachis pintoi não há um produto no mercado registrado. Com
isso várias pesquisas testaram princípios ativos pós-emergentes, demonstraram produtos que
selecionaram ou que danificaram o amendoim forrageiro. Silveira (2007), ao avaliar a
toxicidade de herbicidas latifolicidas pós-emergentes obteve resultados que indicaram a
elevada fitoxicidade de glifosato (32,9%) e imazapique (31,7%). No mesmo experimento, os
princípios ativos paraquate, cloransulam, clorimuron etílico e lactofen apresentaram baixos
índices de toxicidade, variando de 12 a 17%.
Glifosato é um princípio ativo não seletivo de ação sistêmica e pertence ao grupo
químico glicina substituída. É composto por sal de isopropilamina (glifosato) e pelo
equivalente ácido de N-(fosfonometil) glicina (glifosato). O produto é absorvido pelas plantas
15
daninhas pelas folhas e caulículos novos, sendo transportado por toda a planta, agindo em
sistemas enzimáticos e desta forma inibindo a síntese de aminoácidos. Glifosato é um
princípio ativo pós-emergente para controle de espécies anuais de folha larga e estreita
(Tabela 1) e não possui atividade residual no solo (MONSANTO..., 2009). Podem-se citar
produtos comerciais que compõem este princípio ativo, Roundup Transorb®, Rodeo®,
Trop®, Glifos®.
16
Tabela 1. Plantas daninhas controladas pelo princípio ativo glifosato.
Nome vulgar
Nome científico
Folhas estreitas
Capim-rabo-de-burro
Andropogon bicornis
Aveia-preta
Avena strigosa
Braquiarão
Brachiaria brizantha
Capim-braquiária
Brachiaria decumbens
Capim-marmelada
Brachiaria plantaginea
Capim-carrapicho
Cenchrus echinatus
Grama- seda
Cynodon dactylon
Tiririca
Cyperus rotundus
Capim-amargoso
Digitaria insularis
Capim-pé-de-galinha
Eleusine indica
Azevém
Lolium multiflorum
Grama-boiadeira
Luziola peruviana
Grama-batatais
Paspalum notatum
Capim-da-roça
Paspalum urvillei
Capim-colonião
Panicun maximun
Milheto
Pennisetum americanum
Capim-favorito
Rhynchelitrum repens
Milho
Zea mays
Folhas largas
Caruru-roxo
Amaranthus hybridus
Carrapicho-rasteiro
Acanthospermum australe
Apaga-fogo
Alternanthera tenella
Caruru
Amaranthus viridis
Picão-preto
Bidens pilosa
Trapoeraba
Commelina benghalensis
Buva
Conyza bonariensis
Falsa-serralha
Emilia sonchifolia
Leiteiro
Euphorbia heterophylla
Picão-branco
Galinsoga parviflora
Corda-de-viola
Ipomoea quamoclit
Nabo
Raphanus sativus
Maria-mole
Senecio brasiliensis
Fedegoso-branco
Senna obtusifolia
Guanxuma
Sida cordifolia
Erva-lanceta
Solidago chilensis
Erva-de-touro
Tridax procumbens
Trevo
Trifolium repens
Ervilhaca
Vicia sativa
Fonte: Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná-SEAB
17
Cloransulam metílico é um princípio ativo seletivo e sistêmico pertencente ao grupo
das sulfonanilida triazolopirimidina, tendo na sua composição o ingrediente Methyl-3-chloro2-(5-ethoxy-7-fluorol
[1,2,4]
triazolo[1,5c]
pyrimidin-2-yl)
sulfonamido
benzoato
(cloransulam metílico). É um herbicida pós-emergente recomendado para o controle de
plantas infestantes de folhas largas na cultura da soja, o que está evidenciado na Tabela 2. Um
exemplo de produto comercial que possue este princípio ativo é Pacto®.
Tabela 2. Plantas daninhas controladas pelo princípio ativo cloransulam metílico.
Nome vulgar
Nome científico
-1
Controla, na dose de 35,7 g.ha do produto formulado,
equivalente a 30 gramas de ingrediente ativo por hectare, as
seguintes plantas infestantes
Picão preto
Bidens pilosa
Carrapichão
Xanthium strumarium
Corda-de-viola
Ipomoea grandfolia
-1
Dose de 47,6 g.ha do produto formulado, equivalente
a 40 gramas de ingredientes ativo.ha-1, controla as plantas
infestantes acima descritas e mais as seguintes plantas:
Guanxuma
Sida rhombifolia
Trapoeraba
Commelina benghalensis
Fonte: Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná-SEAB
Paraquate é um princípio ativo não seletivo e possui ação não sistêmica sendo esta de
contato e pertence ao grupo químico Bipiridílio, é composto por 1,1’-dimethyl-4,4’bipyridinium (paraquate). A absorção pela planta se dá por via foliar e através de outros
tecidos (SYNGENTA... 2009). É um produto pós-emergente com aplicações em folhas largas
e estreitas (Tabela 3), não possui atividade residual no solo e, dessa maneira, as plantas
daninhas que emergirem após a aplicação não serão controladas. Os produtos comerciais que
podem ser citados com este princípio ativo são Gramoxone 200® e Laredo®.
18
Tabela 3. Plantas daninhas controladas pelo princípio ativo paraquate.
Nome vulgar
Capim papua
Capim milha
Capim pé de galinha
Capim carrapicho
Capim rabo de galo
Azevém
Caruru
Picão preto
Beldroega
Poaia branca
Fedegoso branco
Trapoeraba
Serralha
Maria pretinha
Amendoim bravo
Picão branco
Nome científico
Brachiaria plantaginea
Digitaria sanguinalis
Eleusine indica
Cenchrus echinatus
Setaria geniculata
Lolium multiflorum
Amaranthus retroflexus
Bidens pilosa
Portulaca oleracea
Richardia brasiliensis
Senna obtusifolia
Commelina benghalensis
Sonchus oleraceus
Solanum americanum
Euphorbia heterophylla
Galinsoga parviflora
Fonte: Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná-SEAB
Clorimuron etílico é um princípio ativo seletivo e sistêmico que pertence ao grupo
químico
sulfoniluréias,
é
composto
pelo
principio
ativo
Ethyl2-(4-chloro-6-
methoxypyrimidin-2-ylcarbamoylsulfamoyl) benzoate (clorimuron etílico). É recomendado
para controlar plantas daninhas de folhas largas na cultura da soja (Tabela 4). A absorção
ocorre através das folhas e raízes tendo translocação por toda planta. Atua inibindo a enzima
acetolactato sintase (ALS), responsável pela síntese dos aminoácidos vanila, leucina e
isoleucina, como conseqüência desta inibição a produção de proteínas e divisão celular são
afetadas (DUPONT..., 2009). Produtos comerciais como Caput® e Garbor®, também
possuem este princípio ativo em suas composições.
19
Tabela 4. Plantas daninhas controladas pelo princípio ativo clorimuron etílico.
Nome vulgar
Nome científico
-1
Aplicar doses de 60 a 80g.ha do produto formulado (15 a 20g.ha-1 do
ingrediente ativo) em pós-emergência da soja e das plantas infestantes
abaixo indicadas, utilizado as doses menores para baixas infestações ou
plantas daninhas em estágios de 2 a 4 folhas, e doses maiores para
estágios de 4 a 6 folhas ou altas infestações
Carrapicho rasteiro
Acanthospermum australe
Carrapicho de carneiro
Acanthospermum hispidum
Mentrasto
Ageratum conyzoides
Caruru
Amaranthus hybridus
Caruru-roxo
Amaranthus viridis
Picão preto
Bidens pilosa
Erva palha
Blainvillea latifólia
Erva quente
Spermacoce latifólia
Trapoeraba
Commelina benghalensis
Desmódio
Desmodium tortuosum
Picão branco
Galinsoga parviflora
Fazendeiro
Hyptis lophanta
Cheirosa
Hyptis suaveolens
Corda de viola
Ipomoea aristolochiaefolia
Estrelinha
Melampodium perfoliatum
Losna branca
Parthenium hysterophorus
Nabo
Raphanus raphanistrum
Feijão miúdo
Vigna unguiculata
-1
Aplicar dose de 80 g.ha do produto formulado (20g.ha-1 do ingrediente
ativo) em pós-emergência da soja e das plantas infestantes no estágio
de 2 a 4 folhas, indicadas abaixo:
Fedegoso-branco
Senna obtusifolia
Calopogônio
Calopogonium muconoides
Leiteira
Euphorbia heterophyla
Falsa-serralha
Emilia sonchifolia
Erva de touro
Tridax procumbens
-1
Aplicar dose de 40 g.ha produto formulado (10 g.ha-1 do ingrediente
ativo) para manejo das seguintes plantas infestantes
Buva
Conyza bonariensis
Nabo
Raphanus sativus
Maria-mole
Senecio brasiliensis
Fonte: Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná-SEAB
20
Bentazona +imazamoxi é um princípio ativo latifolicida de ação sistêmica e de
contato, pertence ao grupo químico das imidazolinonas e benzotiadiazinas e é composto pelo
ingrediente ativo 3-isoprooyl-1H-2,1,3-benzothiadiazin-4(3H)-one2,2-dioxine(Benzatona) e
(RS)-2(4-isopropyl-4-methyl-5-oxo-2-imidazolin-2-yl)-5-methoxymethylnicotic(Imazamoxi).
Possui duplo mecanismo de ação que interfere na fotossíntese, paralisando a elaboração de
carboidratos e com a interrupção da síntese de aminoácidos que interrompe o crescimento. É
um produto seletivo para a cultura do feijão, atua no controle de folhas largas (Tabela 5) e sua
forma de absorção ocorre via foliar e radicular, sendo aplicado em pós-emergência. Amplo®
é um produto comercial que possuem esse princípio ativo.
Tabela 5. Plantas daninhas controladas pelo princípio ativo bentazona + imazamoxi.
Nome vulgar
Leiteiro
Apaga-fogo
Beldroega
Buva
Carrapicho-de-carneiro
Carrapichão
Caruru
Corda-de-viola
Guanxuma
Joá-de-capote
Maria-pretinha
Nabo
Picão-branco
Picão-preto
Trapoeraba
Nome científico
Euphorbia heterophylla
Alternanthera tenella
Portulaca oleracea
Erigeron bonariensis
Acanthospermum hispidum
Xanthium cavanilesii
Amaranthus hybridus
Ipomoea aristolochiaefolia
Sida rhombifolia
Nicandra physaloides
Solanum nigrum
Raphanus raphanistrum
Galinsoga parviflora
Bidens pilosa
Commelina benghalensis
Fonte: Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná-SEAB
Tepraloxidim é um princípio ativo seletivo de ação sistêmica pertencente ao grupo
químico oxima ciclohexanodiona e possui na sua composição o principio ativo (EZ)-(RS)-2{1-[(2E)-3-chloroallyloxyimino]propyl}-3-hydroxy-5-perhydropyran-4-ylcyclohex-2-em-1one (tepraloxodim). É um produto sistêmico para as culturas do algodão, feijão e soja. Após a
aplicação o principio ativo é absorvido, onde ocorre um processo de translocação, fazendo
que o produto inibir de forma rápida a enzima ACCase, bloqueando a reação inicial da rota
metabólica da síntese de lipídios o acarreta a paralisação do crescimento. O produto comercial
com o principio ativo citado é Aramo 200®.
21
Tabela 6. Plantas daninhas controladas pelo princípio ativo tepraloxidim.
Nome vulgar
Capim-papuã*
Capim-colchão*
Capim-milhã*
Capim-camalote*
Timbete*
Capim-custódio*
Milheto*
Capim-pé-de-galinha*
Azevém**
Aveia**
Capim-massambara***
Milho****
Nome científico
Brachiaria plantaginea
Digitaria horizontalis
Digitaria sanguinalis
Rottboelia exaltata
Cenchrus echinatus
Pennisetum setosum
Pennisetum americanum
Eleusine indica
Lolium multiflorum
Avena sativa
Sorghum halepense
Zea mays
Fonte: Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná-SEAB
Glifosato + imazetapir é um princípio ativo não seletivo de ação sistêmica que
pertence aos grupos químicos imidazolinona e glicina substituída. É composto pelo
ingrediente ativo equivalente ácido do (RS)-5-ethyl-2-(4-isopropyl-4-methyl-5-oxo-2omidazolin-2-yl)nicotinic acid (imazetapir) e equivalente ácido do N-(phosphonomethyl)
glycine (glifosato) e [sal de isopropilamina (240g/L)]. É um herbicida sistêmico e a forma de
absorção é via foliar e radicular, atuando na interrupção da síntese de valina, leucina e
isoleusina e no decréscimo dos aminoácidos aromáticos tryptrophan, tirosine e
phennylalanine, que são necessários para a síntese protéica e também na inibição da
fotossíntese e na síntese de acido nucléico. Atua no controle de folhas largas e estreitas,
conforme a Tabela 7. O produto comercial com este princípio ativo é Alteza 30 SL®.
22
Tabela 7. Plantas daninhas controladas pelo princípio ativo glifosato + imazetapir.
Nome vulgar
Nome científico
Folhas Largas
Amendoim-bravo
Euphorbia heterophylla
Buva
Conyza bonariensis
Carrapicho-rasteiro
Acanthospermum australe
Banburral
Hyptis suaveolens
Erva-quente
Spermacoce latifólia
Guanxuma
Sida rhombifolia
Guanxuma-dourada
Sida urens
Nabiça
Raphanus raphanistrum
Picão-preto
Bidens pilosa
Poaia-branca
Richardia brasiliensis
Falsa-serralha
Emilia sonchifolia
Trapoeraba
Commelina benghalensis
Apaga-fogo
Alternanthera tenela
Folhas Estreitas
Capim-Braquiária
Brachiaria decumbens
Capim Milha
Digitaria horizontalis
Capim Papua
Brachiaria plantaginea
Milheto
Pennisetum americanum
Fonte: Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná-SEAB
23
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em estrutura coberta com sombrite no Instituto Regional
de Desenvolvimento Rural (IRDeR) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul (UNIJUI), localizado no município de Augusto Pestana –RS. O IRDeR está
situado a 28º 26’ 30” de latitude sul e 54º.00’ 58” de longitude oeste, com altitude equivalente
a 400 metros.
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, composto de
oito tratamentos (princípios ativos dos herbicidas + testemunha sem herbicida), apresentados
na Tabela 8, e seis repetições (mudas). Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância e teste de comparação de médias por Tukey, ao nível de 5% de probabilidade
através do programa SAS (2001).
Tabela 8. Princípios ativos, produto comercial, modos de ação, doses do produto comercial
(PC) e dose equivalente do princípio ativo (PA). DEAg/UNIJUI, 2010.
Princípios ativos
Clorimuron etílico
Cloransulan metílico
Paraquate
Glifosato
Bentazona+imazamoxi
Glifosato+imazetapir
Tepraloxidim
Produto
Comercial
Classic
Pacto
Gramoxone 200
Roundup Transorb
Amplo
Alteza 30 SL
Aramo 200
Modo de
Ação
Sistêmico
Sistêmico
Contato
Sistêmico
Sistêmico
Sistêmico
Sistêmico
Dose do PC
Dose do PA
40,0 g.ha -1
35,7 g.ha -1
1,5 g.ha -1
2,0 g.ha -1
1,0 g.ha -1
2,0 g.ha -1
0,37 g.ha -1
10,0 g.ha -1
30,0 g.ha -1
300,0 g.ha -1
1296,0g.ha-1
628,0 g.ha -1
540,0 g.ha -1
74,0 g.ha -1
Foram utilizadas mudas de Arachis pintoi cv. Alqueire com porção de raiz,
provenientes de área de multiplicação (matrizeiro) com cinco anos de estabelecimento. As
mudas foram colhidas e plantadas em 12 de fevereiro de 2010, em sacos plásticos contendo 1
litro de solo. O solo utilizado, classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico Típico
(unidade de mapeamento Santo Ângelo), foi coletado em área já estabelecida de Amendoim
Forrageiro (Arachis pintoi cv. Alqueire), em perfil de 0-20 cm de profundidade, e peneirado
(malha de 5 mm) para a uniformização do substrato das mudas. Foi realizada análise química
no Laboratório de Análises de Solos da UNIJUI e os resultados são apresentados no Anexo A.
Após o plantio, as mudas foram alocadas em estrutura coberta com sombrite (50% de
transparência), permanecendo por quinze dias, para que tivessem o mínimo de
desenvolvimento. Durante todo o período experimental, o regime de irrigação adotado foi por
24
aspersão, realizado em dois momentos do dia (manhã e tarde), totalizando uma precipitação
de 12 mm semanalmente. Os dados climáticos vigentes durante o experimento são resumidos
na Tabela 9.
Tabela 9. Resumo de dados climáticos vigentes durante o período experimental.
DEAg/UNIJUI, 2010.
Precipitação (mm)
Meses
Temperatura Média (°C)
Média
Ocorrida Mínima Máxima Média
25 anos
Temperatura Absoluta (°C)
Mínima
Máxima
Janeiro
144,4
262,9
18,2
30,4
24,3
11,6
34,0
Fevereiro
146,8
277,7
19,4
31,4
25,4
11,2
37,4
Março
115,3
72,0
16,2
29,7
22,9
11,6
33,0
Abril
143,0
179,2
13,4
26,4
19,9
7,9
33,7
Fonte: Instituto Regional de Desenvolvimento Rural (IRDeR/DEAg/UNIJUI), 2010.
Os herbicidas foram aplicados quinze dias após o plantio (25/02/2010). As
aplicações foram realizadas ao ar livre com pulverizador pressurizado com CO2, com bico tipo
leque (110.02E), operado na pressão de 2 bar e com volume de calda de 200 l.ha-1 . A água
utilizada foi analisada pela Central Analítica do Departamento de Biologia e Química da
UNIJUÍ e os resultados presentes no Anexo B.
A fitotoxicidade foi estimada aos 7, 14, 21, 28, 35, 42 e 49 dias após a aplicação
(DAA), através de avaliações visuais baseadas na escala quantitativa percentual proposta por
Frans et al.(1986) (Anexo C), variando de zero (sem efeito) a 100 (morte completa da planta).
Adicionalmente, tais avaliações foram revisadas através de fotografias de cada muda. Nessa
reavaliação, à medida que ocorria o reestabelecimento da estrutura aérea das plantas (folhas e
caule), após a injúria inicial provocada pelos herbicidas, foram atribuídas notas decrescentes
de fitotoxicidade (recuperação total da planta = nota zero).
Aos 49 DAA, as mudas foram separadas em parte aérea e raiz. As raízes foram
lavadas em água corrente para a retirada do excesso de solo. Ambas as partes das plantas
foram colocadas em estufa de ar forçado a 50ºC até atingirem peso constante e pesadas.
25
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 10 são apresentadas as médias de fitotoxicidade dos princípios ativos
aplicados em mudas de Arachis pintoi cv. Alqueire. Verifica-se que aos 7 DAA, as plantas
tratadas com cloransulam metílico, bentazona+imazamoxi, clorimuron etílico e tepraloxidim,
apresentaram os menores percentuais de injúria (1,3 a 4,4 %). Os tratamentos com glifosato e
paraquate provocaram os danos mais severos às plantas, apresentando toxicidades de 96,3% e
92,2%, respectivamente, superiores aos demais. Esses resultados se assemelham aos
encontrados por Severino & Christoffoleti (2001), que afirmam que produtos provenientes de
glicina substituída são pouco seletivos a Arachis pintoi e, portanto, não devem ser indicados
para esta cultura. Essa toxicidade elevada desde o princípio do período experimental se deve
ao fato, também, pelo modo de ação sistêmica do herbicida. O produto transloca-se pela
planta, podendo atingir o sistema de raízes. O grupo químico que compõem paraquate
(bipiridílio) atua na inibição do fotossistema I e a morte das plantas que entram em contato
com o principio ativo se dá por numerosos processos (reações de oxidação, produção de
radicais livres, oxidação de clorofilas). Há, porém, a possibilidade de o paraquate, sendo
aplicado em jato dirigido, ter efeitos fitotóxicos menores. Glifosato+imazetapir apresentou
injúrias intermediárias, com destruição de 33,6% da parte aérea das plantas mas, da mesma
forma, pode ter maior seletivo ao amendoim forrageiro por ser um produto indicado para
aplicação em jato dirigido.
Aos 14 DAA, o tratamento com glifosato atingiu percentual de injúria de 99,2%,
superior aos demais, causando a morte total das plantas a partir desta avaliação (100% de
injúria). Os tratamentos com cloransulam metílico, bentazona+imazamoxi, clorimuron etílico
e tepraloxidim, não apresentaram diferença significativa, com danos ao amendoim forrageiro
variando de 0,8 a 4,7% e que diminuíram progressivamente até o final do período
experimental (49 DAA). Os resultados são inferiores aos encontrados por Silveira (2007)
testando cloransulam e clorimuron etil em Arachis pintoi, com níveis de toxicidade menores
que 20% e sem diferenças quanto à testemunha.
Dos 7 DAA aos 14 DAA, apenas paraquate e glifosato+imazetapir demonstraram
redução do efeito tóxico nas plantas. Isso permite considerar que apesar de causarem injúrias
aos tecidos vegetais não provocam a morte completa das plantas, permitindo o rebrote. Nas
avaliações que seguiram (21 DAA a 49 DAA), as mudas tratadas com paraquate retomaram
seu desenvolvimento vegetativo vagarosamente. Os resultados são semelhantes aos
encontrados por Silveira (2007), que registrou injúrias de 12,08%. Por outro lado, tais
26
resultados diferem dos obtidos por Coppetti (2009) que, ao avaliar a sensibilidade do
amendoim forrageiro a herbicidas pós-emergentes, constatou que paraquate, ocasionou danos
severos em Arachis pintoi (92,75%), não diferindo significativamente do Roundup Transorb®
(glifosato) (100%). A elevada injúria sofrida pelas plantas tratadas com paraquate nos
primeiros períodos do experimento (7 e 14 DAA) possivelmente está ligada ao fato de as
mudas serem plantas jovens, que não possuem um sistema de raízes desenvolvidos
totalmente, bem como, devido ao transplante, encontrando-se em condição de estresse
fisiológico. Além disso, por tratar-se de produto de ação não-sistêmica (de contato) e sem
ação residual, permite a manutenção de partes vegetativas nas mudas, aquelas não alcançadas
pelo herbicida, que rebrotam e reestabelecem área foliar.
O tratamento com glifosato+imazetapir manteve toxicidade variável de 32 a 51,2%
durante o período experimental, ocasionando injúrias consideráveis às mudas de amendoim
forrageiro. De forma semelhante, Coppetti (2009), avaliando o mesmo produto e espécie
forrageira, registrou danos de até 100%.
Os tratamentos compostos por tepraloxidim, cloransulam metílico, clorimuron etílico
e bentazona+imazamoxi foram os menos prejudiciais ao amendoim forrageiro, podendo este
fato estar relacionado na forma de metabolismo e a seletividade da espécie em relação aos
grupos químicos que cada princípio ativo possui.
Tabela 10. Médias da fitotoxicidade provocada por princípios ativos pós-emergentes em
Arachis pintoi cv. Alqueire. DEAg/UNIJUI, 2010.
Tratamentos
Épocas de avaliação
21 DAA
28 DAA 35 DAA
7 DAA
14 DAA
4,4 c
4,7 d
4,1 d
3,0 d
42 DAA
49 DAA
1,6 c
0,7 c
0,4 c
Cloransulam
metílico
Clorimuron
etílico
Glifosato
2,7 c A
2,9 d A
2,7 d A
0dB
0cB
0cB
0cB
96,3 a B
99,2 a A
100 a A
92,2 a A
84,1 b A
77,7 b AB
100 a A
41,2 b
CD
100 a A
30,5 b
CD
100 a A
Paraquate
100 a A
54,1 b
BC
33,6 b
32,1 c
36,2 c
33,9 c
32 b
42,3 b
51,2 b
1,3 c A
0,8 d B
0,3 d C
0dC
0cC
0cC
0cC
2,1 c A
1,6 d AB
1,2 d ABC
0,4 d BC
0cC
0cC
0cC
Glifosato
+ imazetapir
Bentazona +
imazamoxi
Tepraloxidi
m
22,7 c D
* Médias seguidas de letras minúsculas distintas, nas colunas, e maiúsculas, nas linhas, indicam diferença
significativa (Tukey, 5%).
DAA: Dias após a aplicação.
27
Na Tabela 11 são apresentadas as médias do peso de massa de parte aérea e de raízes
do amendoim forrageiro. Além do glifosato, os tratamentos com paraquate e
glifosato+imazetapir apresentaram os menores pesos de raízes e parte aérea. Os tratamentos
cloransulam metílico, clorimuron etílico, bentazona + imazamoxi e tepraloxidim obtiveram os
maiores resultados. Estes resultados indicam que os mesmos tratamentos que apresentaram
menores injúrias às mudas permitiram desenvolvimento radical e aéreo das plantas até o final
do experimento.
Tabela 11. Médias de massa seca de raízes e aérea de Arachis pintoi cv. Alqueire submetido à
aplicação de herbicidas pós-emergentes. DEAg/UNIJUI, 2010.
Tratamento
Cloransulam metílico
Clorimuron etílico
Glifosato
Paraquate
Glifosato+imazetapir
Bentazona+ imazamoxi
Tepraloxidim
Massa de Raízes (g)
1,5 ab
1,6 ab
0b
0,4 b
0,4 b
2,4 a
2,7 a
Massa de Parte Aérea (g)
3,1 a
3,1 a
0b
0,7 b
0,4 b
3,7 a
4,3 a
Médias seguidas de letras minúsculas distintas indicam diferença significativa (Tukey, 5%).
28
CONCLUSÃO
Clorimuron etílico, bentazoma+imazamoxi, tepraloxidim e cloransulam metílico
apresentam reduzido grau de toxicidade sobre mudas de Arachis pintoi, e permitem a
recuperação (rebrote) da leguminosa.
Glifosato e glifosato+imazetapir apresentaram injúrias severas a moderadas em
Arachis pintoi, e não devem ser usados para o controle de plantas invasoras em pastagens
desta forrageira.
Paraquate causou injúrias severas às plantas, mas permitiu a recuperação lenta da área
foliar.
29
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32
Apêndice A. Coleta das mudas.
Apêndice B. Preparação do solo.
33
Apêndice C. Plantio das mudas.
Apêndice D. Avaliação da toxicidade.
34
Apêndice E. Toxicidade do princípio ativo cloransulam metílico.
7 DAA
14DAA
21DAA
35 DAA
42 DAA
49 DAA
28 DAA
35
Apêndice F. Toxicidade do princípio ativo clorimuron etílico.
7 DAA
14DAA
21DAA
35 DAA
42 DAA
49 DAA
28 DAA
36
Apêndice G. Toxicidade do princípio ativo glifosato.
7 DAA
14DAA
21DAA
35 DAA
42 DAA
49 DAA
28 DAA
37
Apêndice H. Toxicidade do princípio ativo paraquate.
7 DAA
14DAA
21DAA
35 DAA
42 DAA
49 DAA
28 DAA
38
Apêndice I. Toxicidade do princípio ativo glifosato+imazetapir.
7 DAA
14DAA
21DAA
35 DAA
42 DAA
49 DAA
28 DAA
39
Apêndice J. Toxicidade do princípio ativo bentazona+imazetapir.
7 DAA
14DAA
21DAA
35 DAA
42 DAA
49 DAA
28 DAA
40
Apêndice K. Toxicidade do princípio ativo tepraloxidim.
7 DAA
14DAA
21DAA
35 DAA
42 DAA
49 DAA
28 DAA
41
ANEXO A- Laudo de análise de solo.
42
ANEXO B- Laudo de análise de água utilizada nas pulverizações.
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