estágio supervisionado iii o conhecimento pela prática no

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27 a 30 de Agosto de 2014.
ESTÁGIO SUPERVISIONADO III: O CONHECIMENTO PELA PRÁTICA NO
PROCESSO DE ENSINAR E DE APRENDER PROBABILIDADE NO ENSINO
MÉDIO
LUCAS, Talmo Moraes
Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Cachoeiro de Itapemirim
[email protected]
SILVA, Marcos Rafael Semprini
Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Cachoeiro de Itapemirim
[email protected]
ZANON, Thiarla Xavier Dal-Cin
Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Cachoeiro de Itapemirim
[email protected]
Resumo:
O artigo versa sobre as atividades desenvolvidas na disciplina de Estágio Supervisionado
III, realizadas no Centro Estadual Interescolar “Átilla de Almeida Miranda” durante o
primeiro semestre de 2014. Nele ressaltamos a importância do estágio supervisionado para
a formação do futuro professor, abordando as possibilidades de aprendizado ocorridas
neste período através da prática de ensinar e de aprender matemática. Pontuamos também
as condições do local em que foi realizada a atividade, já que um ambiente escolar
adequado é de grande importância no processo de ensino e de aprendizagem. Descrevemos
aqui as atividades de coparticipação e também as de regência, momentos nos quais nos
aproximamos ainda mais de nossa futura profissão, ajudando a compreender a
complexidade das instituições de ensino e da sala de aula, complexidade que nos leva a
buscar novas metodologias de ensino.
Palavras-chave: estágio supervisionado; futuro professor; aprendizagem; prática.
1. Introdução
A disciplina de estágio supervisionado é um elemento necessário e imprescindível à
formação do futuro professor, pois é justamente o momento em que o profissional
conhecerá as expectativas do mercado de trabalho, tendo a oportunidade de aliar a teoria à
prática e de começar a buscar alguma resposta para essas perguntas que surgem. Além da
importância mencionada, o estágio também é disciplina obrigatória no curso de
Licenciatura em Matemática.
VI SEMAT – Seminário da Licenciatura em Matemática
Ifes - Instituto Federal do Espírito Santo, Campus Cachoeiro de Itapemirim/ES – 27 a 30 de Agosto de 2014.
Durante o período de estágio supervisionado percebemos as dificuldades
encontradas pelos alunos na disciplina de matemática, bem como a dificuldade de trabalho
do professor. No período em que foram feitas as atividades de observação, coparticipação e
regência, a escola estava em reforma, tornando ainda mais complicado o processo de
ensino e de aprendizagem, com o constante barulho das obras, a mudança de salas que, às
vezes era necessária, e até mesmo a sujeira gerada pela obra.
Assim, as possibilidades e facilidades propiciadas pelo estágio supervisionado no
acesso ao ambiente escolar, devidamente guiado por profissionais experientes, possibilitam
um mundo de descobertas no campo da educação. É o momento de conhecer, experimentar
e colher informações, métodos e experiências de nossos pares. O estágio é destinado a
acrescentar ao licenciando a experiência docente, proporcionando a complementação de
sua "postura de estudioso e pesquisador", integrando seu currículo. Nesse sentido, a seguir
passamos a relatar aspectos das atividades de observação, coparticipação e regência
desenvolvidas no CEI “Áttila de Almeida Miranda” em turmas do ensino médio, tendo
como tema norteador as relações entre o professor e o futuro professor de matemática, suas
práticas e a pesquisa como aprimoramento da docência.
2. Atividades de observação
Nossas atividades de observação da disciplina de estágio supervisionado III, foram
realizadas no Centro Estadual Interescolar “Átilla de Almeida Miranda” – CEI - durante o
primeiro semestre de 2014. A escola encontra-se situada no bairro Vila Rica, na cidade de
Cachoeiro de Itapemirim. Ela está localizada na rua principal do bairro e é servida por
linhas regulares de ônibus, tornando-a um local de fácil acesso. Seu ambiente externo é
muito bom, principalmente devido à proximidade com o Centro Integrado de Operações da
Polícia Militar e da Guarda Municipal. A escola oferece Ensino Médio e cursos Técnicos.
O funcionamento da escola é das 7h00min às 22h20min, pois possui turmas no
matutino, vespertino e noturno, atendendo tanto ao Ensino Médio, como também a um
curso de Educação Profissional e Técnica Integrado ao Ensino Médio com habilitação em
Vendas. Seu público é o mais diverso possível, no tocante à classe social, com
predominância da classe média baixa. São principalmente moradores dos bairros vizinhos à
escola com alguns alunos de outros bairros, porém em menor quantidade, sendo que os
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alunos que moram afastados da escola, necessitam de transporte público para ter acesso ao
local.
O espaço escolar estava em reforma durante todo o período do estágio, mas ainda
assim foi possível observar que seu espaço é amplo, tanto no pátio quanto nas salas. O
pátio interno é onde ficam a cantina da escola e o refeitório, ambos terceirizados. Além
disso, a escola possui uma quadra poliesportiva, que estava em obras para a colocação de
cobertura. A escola também possui um pequeno espaço com mesas para jogos (xadrez e
ping-pong) na entrada principal.
Ainda quanto à estrutura física, a escola possui uma biblioteca com material tanto
para os alunos quanto para os professores, um auditório/teatro, uma sala de vídeo, um
laboratório de física, química e biologia, com diversos materiais para ensino dessas
disciplinas, uma sala de informática, uma sala para atendimento de portadores de
necessidades especiais e uma sala de ensino de idiomas (inglês), que é uma atividade em
parceria com a SEDU, o Centro Estadual de Idiomas.
As turmas acompanhadas, 1ª série V1, 2ª série V1 e 3ª séries VI, V1 e V2, como
esperado tem grandes diferenças, algumas possuem um rendimento melhor que as outras,
mesmo tendo um único professor regente, por isso o ritmo de desenvolvimento das
atividades tinha que ser ponderado pelo professor de acordo com a turma. Mas com uma
visão geral das turmas, foi possível perceber que os alunos geralmente ficam espontâneos
na maior parte do tempo. Conversam entre si e com os professores frequentemente.
Algumas brincadeiras acontecem durante o período das aulas, assim como a presença de
um linguajar coloquial constante. Mesmo assim, as aulas não parecem passar em branco. A
maioria dos alunos sempre estava atenta quando o professor começava a explicar ou a
passar algum exercício, sempre com um teor animado.
Durante o tempo em que pudemos observar a atuação do professor, percebemos
que, normalmente, o modo de atuação é tradicional, com aulas expositivas e com
exercícios de fixação. Normalmente ao início de um novo conteúdo, o professor explicava
as bases teóricas no quadro branco e aplicava alguns exercícios de fixação, normalmente
para correção ainda dentro de sala de aula. Era comum o professor utilizar exercícios
adicionais, diferentes daqueles do livro didático, principalmente nas turmas de 3ª séries,
normalmente com atividades do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM ou de
vestibulares de universidades.
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Quanto à aprendizagem, observamos que a maioria dos alunos atuava e participava
das aulas, seja através de perguntas, questionamentos ou mesmo resolvendo os exercícios e
ou opinando sobre eles. Infelizmente, observamos também que existem alunos que mesmo
sendo incentivados e tendo como incentivo adicional a nota, deixavam de fazer suas
atividades, sendo que esta atitude era mais comum nos alunos repetentes, porém não
exclusiva destes.
Alguns alunos apresentavam mais facilidade no domínio da matéria, outros nem
tanto e a maioria relatava não dominava muito bem a matemática. Como forma de
equalizar e tornar as turmas mais homogêneas, era comum os alunos sentarem em duplas
ou mesmo grupos de 4 ou 5 para resolverem os exercícios. Todas as atividades eram
registradas no próprio caderno do aluno. Quanto às atividades, os alunos tinham permissão
para usar calculadora em sala de aula, inclusive do celular, porém durante as provas não
era permitido utilizar a calculadora do celular.
3. Atividades de coparticipação
Acompanhamos as aulas de matemática, atuando agora diretamente com o
professor regente, auxiliando nas atividades, acompanhado a rotina de trabalho do
professor e as diversas turmas com suas particularidades.
Para o trabalho de coparticipação, acompanhamos o planejamento, no qual os
professores relatavam uns aos outros o conteúdo com qual estavam trabalhando e
conversavam sobre os conteúdos que iriam ser trabalhados ainda. Conversavam também
sobre as datas de provas, sobre o desenvolvimento dos alunos e sobre outros assuntos
diversificados. Durante este trabalho, tivemos contato com o planejamento do professor
nas aulas que iríamos observar e também nas aulas que iríamos atuar tanto na
coparticipação quanto na regência de turma. Com isso, atingimos um dos objetivos do
estágio de acordo com Pimenta e Lima (2010), para elas, o estágio supervisionado visa
desenvolver atividades que possibilitem o conhecimento, a análise, a
reflexão do trabalho docente, das ações docentes, nas instituições, a fim
de compreendê-las em sua historicidade, identificar seus resultados, os
impasses que apresenta, as dificuldades. Dessa análise crítica, à luz dos
saberes disciplinares é possível apontar as transformações necessárias no
trabalho docente, nas instituições (PIMENTA; LIMA, 2010, p. 55).
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A coparticipação propiciou a imersão, agora mais profunda, na dinâmica da sala de
aula. Percebemos que os alunos acabavam tentando usar-nos como solucionadores de
problemas. Quando solicitavam nossa ajuda, era para resolver uma questão e não para tirar
dúvidas. Procuramos modificar isso, solicitando ao aluno que nos dissesse qual a dúvida, o
que não estava entendendo, para aí sim, auxiliá-lo.
A nossa participação nas aulas tornou a aula mais dinâmica, elevando o grau de
participação dos alunos em relação ao que havia sido observado anteriormente. O processo
de ensino aprendizagem foi avaliado de acordo com a participação e os exercícios.
4. Atividades de regência
Da mesma forma que na coparticipação, no período de regência atuamos
inicialmente preparando o plano de aula e buscando a aprovação do professor regente para
a atividade, corrigindo os eventuais erros e nos orientando. A regência foi realizada nas
turmas de Ensino Médio do professor regente, sendo preparadas atividades específicas para
cada turma acompanhada, já que as mesmas eram de séries diferentes.
Para este artigo daremos enfoque na atividade realizada nas turmas de 3ª série do
Ensino Médio, na qual desenvolvemos uma atividade envolvendo probabilidade, pois era o
assunto que estava sendo trabalhado pelo professor regente no período de desenvolvimento
da regência. Esta atividade teve como principal objetivo a sistematização do conteúdo, com
uma abordagem diferenciada por meio de brincadeira e desafios desenvolvidos com as
turmas. Dentro do conteúdo de probabilidade, buscamos aprimorar o entendimento sobre
espaço amostral e definição de eventos, para com isso calcularmos as probabilidades nos
lançamentos de dois dados.
Para o desenvolvimento da atividade utilizamos como referência o material
“Jogando e Ganhando”, encontrado na Experimentoteca, que é um Laboratório de Ciências
que pretende racionalizar o uso de material experimental, da mesma maneira que uma
biblioteca pública facilita o acesso de um grande número de publicações a um público
extenso, desenvolvida pela equipe do Prof. Dietrich Schiel no Centro de Divulgação
Científica e Cultural da Universidade de São Paulo.
Para realização da atividade, a sala foi dividida em grupos, sendo que cada grupo
trabalhou com dois dados. Os alunos receberam os comandos escritos para o cumprimento
da tarefa e em seguida explicamos como deveria ser operada. Inicialmente os alunos
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escolhiam um número do espaço amostral (2 a 12) e faziam sua aposta. Em seguida,
lançavam os dados e, se a soma dos números mostrados nas faces de cima dos dados fosse
o número escolhido, o jogador ganhava um ponto. Para um enfoque no conteúdo de
probabilidade, pedimos que eles marcassem em uma tabela, conforme figura 1, os
resultados encontrados nos dados.
FIGURA 1: Número de resultados do lançamento dos dados
Cada um dos participantes deveria realizar 10 lançamentos, e também anotar em
outra tabela (Figura 2) quantas vezes cada soma saiu.
FIGURA 2: Quantidade de repetições de cada soma
Foi também lembrado aos alunos que a probabilidade de um evento ocorrer é o
quociente do número de casos favoráveis pelo número de casos possíveis. Assim, a
probabilidade da soma ser 2 é 1/36, isto é, das 36 possibilidades para a soma, somente 1 é
favorável (quando os dois dados apresentarem simultaneamente 1 na face de cima).
Pontuamos também que a possibilidade de não ocorrer a soma 2 por exemplo é de 35/36,
ou seja, 1 - 1/36. Fizemos questionamentos tais como: Qual a probabilidade da soma ser
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12? Em qual número se deve apostar para ter a maior probabilidade de vencer? Por quê? E
para concluir a atividade, pedimos que eles refizessem a tabela conforme a figura 1, com as
probabilidades de cada uma das possíveis somas.
A principal dificuldade, além de uma audiência considerável de alunos, foi
justamente trabalhar sob os olhares do professor regente. Parecia que estávamos sendo
julgados ou que poderíamos errar justamente na presença do professor. No entanto, atuar
com os alunos não foi tão difícil. Cremos que a maior dificuldade estava em nós mesmos.
O novo ou desconhecido, causa certo desconforto, e isso já era esperado.
Os alunos muitas vezes se confundiam sobre o que era espaço amostral, evento
favorável, entre outras expressões e termos matemáticos, mas ao final compreendiam
através da experimentação o que cada um significava dentro da atividade abordada.
Observamos durante a regência que, atualmente no Brasil,
Além de novos saberes e competências, a sociedade atual espera que a
escola também desenvolva sujeitos capazes de promover continuamente
seu próprio aprendizado. Assim, os saberes e os processos de ensinar e
aprender tradicionalmente desenvolvidos pela escola mostram-se cada
vez mais obsoletos e desinteressantes para o aluno. O professor, então,
vê-se desafiado a aprender a ensinar de modo diferente do que lhe foi
ensinado (FIORENTINI, 2005, p. 89).
Despertar outra pessoa para algo é sempre um desafio. Mais ainda quando estamos
aprendendo. Por esse motivo, conforme íamos trabalhando com os conteúdos, tentamos
trazer o saber teórico para aplicações contextualizadas, que fizessem sentido para os
alunos, ou que pudessem despertá-los.
5. Conclusão
Mais que o cumprimento de uma etapa, vemos o estágio como o papel fundamental
no crescimento e desenvolvimento do futuro docente. Pois o estágio possibilita que a
relação entre os saberes teóricos e os saberes práticos ocorra durante todo
o percurso da formação, garantindo, inclusive, que os alunos aprimorem
sua escolha de ser professores a partir do contato com as realidades de
sua profissão (PIMENTA e LIMA, 2010, p. 56).
Além disso, o estágio foi justamente o melhor momento que tivemos para conhecer
uma escola, seus componentes, suas dificuldades. O novo sempre foi e sempre será um
desafio em nossas vidas. É natural que o temamos, porém não devemos nos deixar dominar
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por ele. Ao iniciar mais esta etapa do estágio, não sabíamos o que nos aguardava, nem
mesmo o quanto essa experiência nos enriqueceria.
Assim, acreditamos que construímos alguns conhecimentos pela prática no
processo de ensinar e aprender probabilidade no Ensino Médio. Aprendemos que cada
turma é única em suas particularidades, mesmo que estejam em uma mesma série. Cada
aluno possui uma demanda, uns são mais atenciosos, mais abertos, outros são mais tímidos
e tem receio de se comunicar.
Também foi um momento de reconhecimento de que os planos são essenciais em
nossas vidas diárias, assim como o planejamento em nossa vida docente. Não é possível
atuar como professor sem nos prepararmos previamente. O planejamento é a ferramenta
que permitirá superar as dificuldades, transpor os obstáculos e sairmos vitoriosos.
Reconhecemos também que nós, como futuros professores, somos somente uma
parte desta imensa engrenagem que é a educação. Mesmo que tracemos os maiores e
melhores planos, mesmo que tenhamos total domínio de todo conteúdo, não devemos nos
esquecer que quando aprendemos, ensinamos e quando ensinamos, nós também
aprendemos. Temos sempre que nos fazer humildes e reconhecer que mesmo como quase
formandos, e após, como professores, não devemos deixar jamais de aprender.
6. Referências Bibliográficas
FREITAS, Maria Teresa Menezes. et. al. O desafio de ser professor de matemática hoje
no Brasil. In: FIORENTINI, Dário. NACARATO, Adair Mendes. (org.) Cultura,
formação e desenvolvimento profissional de professores que ensinam matemática:
investigando e teorizando a partir da prática. 4 ed., São Paulo: Musa, 2005, p. 89-105.
Jogando e Ganhando. Disponível em
<http://www.cdcc.usp.br/exper/medio/matematica/matematica_medio/5_jogando_e_ganha
ndo_p.pdf> Acesso em 03/06/2014.
PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência: questões e
propostas. 4 ed., São Paulo: Cortez, 2009.
PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência. 5 ed., São
Paulo: Cortez, 2010.
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