Mulheres proativas contra o câncer O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, tem essa data especial para discutir o papel da mulher na sociedade e lembrar das operárias de uma fábrica de tecidos americana que no mesmo dia, em 1857, fizeram uma greve para reivindicar melhores condições de trabalho. Mais de um século e meio depois, muitas coisas mudaram no cotidiano das mulheres, mas essas transformações não ficaram apenas nas questões trabalhistas e igualitárias. Hoje, no século 21, as mulheres estão mais conscientes sobre como cuidar da saúde e a importância da prevenção contra o câncer. De acordo com a Oncologista Clínica do IOP, Dra. Ana Cléa Santos Andrade, atualmente as mulheres são mais proativas durante todo o período do tratamento, quando confirmado diagnóstico de uma neoplasia maligna. “A paciente chega ao consultório mais informada sobre a doença, e se mostra mais participativa em decisões durante todo o processo do diagnóstico às opções de tratamento. A mulher tem mais liberdade e se sente mais segura em questionar o quão seja possível manter a intenção curativa do tratamento, preservando a qualidade de vida. A mulher do novo século tem ciência que a medicina evoluiu e que há opções terapêuticas que lhe permitem manter sua estética, fertilidade e feminilidade.” A globalização e a internet vêm auxiliando na disseminação das informações sobre a prevenção das principais neoplasias que acometem as mulheres. Segundo a médica, o preconceito sobre a doença também diminuiu e com a queda deste tabu há um aumento na rede de apoio entre as mulheres que já sofreram com o câncer ou já tiveram alguém com diagnóstico de câncer. Os blogs, as ONGs, comunidades em redes sociais possibilitam a troca de informações, dicas e conselhos. “As mulheres se preocupam com as formas de evitar a doença mais precocemente, e por causa disso há uma tendência ao aumento de diagnóstico das neoplasias em seu estádio mais precoce, com maior chance de curabilidade. A notícia de um tratamento ou uma forma diagnóstica de sucesso se espalha mais facilmente”, diz a oncologista. Paralelo a esta busca constante no autocuidado, as mulheres contam com o avanço da medicina em relação a mudar o curso das formas de câncer feminino mais incidentes, com estratégias que vão além da detecção precoce. Hoje há mais estratégias preventivas que no século passado, a exemplo do impacto da descoberta de vacina contra cepas carcinogênicas do Papilomavírus humano (HPV) no número de casos de câncer de colo de útero e do avanço da oncogenética na determinação de perfil genético de famílias com tumores de origem hereditária. Entre os principais fatores de risco para os principais tipos de câncer que são diagnosticados em mulheres estão tabagismo, alcoolismo, ingestão de alimentos industrializados em excesso, obesidade e sedentarismo. “Noto em consultório, uma grande preocupação pela população feminina em relação à genética para o câncer, principalmente diante de caso anterior de neoplasia na família, mas vale ressaltar que os tumores hereditários corroboram com a minoria dos casos diagnosticados de câncer, dentre 5-10% dos tumores. Infelizmente, não noto esta mesma preocupação na perda de peso, dieta saudável e prática de exercícios, nem no pedido de ajuda para abandono do tabaco, e é claro que isso me preocupa muito, uma vez que aumentam o número de dados em estudos do quanto de redução de risco do câncer tais mudanças de condutas podem proporcionar mesmo nos pacientes que já tiveram um câncer.” Nos últimos anos há aumento da prevalência de obesidade, e além de doenças cardiorrespiratórias e metabólicas, este aumento reflete em aumento de risco de neoplasia. Obesidade está intimamente ligada ao câncer. Dados do INCA estimam que aproximadamente 15 mil dos 596 mil novos casos de câncer para 2016 estejam relacionados a sobrepeso/obesidade. “A oncogenética tem papel fundamental para intervir nas famílias de risco do tumor hereditário e felizmente isto já faz parte do nosso cotidiano, tanto com profissionais capacitados, quanto com possibilidade de exames genéticos outrora inexistentes em nosso país e agora disponíveis em nossa cidade, mas a prática regular de exercícios físicos e o cuidado com a alimentação reduzindo a obesidade, intimamente ligada ao câncer, são de extrema importância para manter uma vida saudável”, finaliza Dra. Ana Cléa.