UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO ACADÊMICO EM TURISMO E HOTELARIA ALESSANDRA FELINI ANÁLISE DOS FATORES INTRÍNSECOS DO MARKETING DE DESTINO QUE POTENCIALIZAM O SEGMENTO DO TURISMO DE LUXO EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ - SC BALNEÁRIO CAMBORIÚ 2014 UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria - PPGTH Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria ALESSANDRA FELINI ANÁLISE DOS FATORES INTRÍNSECOS DO MARKETING DE DESTINO QUE POTENCIALIZAM O SEGMENTO DO TURISMO DE LUXO EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ - SC Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Turismo e Hotelaria. Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos da Silva Flores BALNEÁRIO CAMBORIÚ 2014 UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria - PPGTH Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria ALESSANDRA FELINI ANÁLISE DOS FATORES INTRÍNSECOS DO MARKETING DE DESTINO QUE POTENCIALIZAM O SEGMENTO DO TURISMO DE LUXO EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ - SC Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em Turismo e Hotelaria e aprovada pelo Programa de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria, da Universidade do Vale do Itajaí, Campus Balneário Camboriú. Área de Concentração: Planejamento e Gestão do Turismo Aprovada em: 25/ 02/ 2014 BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Prof. Dr. Luiz Carlos da Silva Flores (Orientador) Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) _____________________________________________ Profa. Dra. Sara Joana Gadotti dos Anjos Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) _____________________________________________ Profa. Dra. Fabrícia Durieux Zucco Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) ______________________________________________ Prof. Dr. Júlio da Costa Mendes Universidade do Algarve/ Portugal RESUMO O marketing turístico e o marketing de destino enfrentam muitos desafios diante do processo de estruturação e reconhecimento do setor como fundamental para a percepção da necessidade e importância de gerir os produtos e serviços dos destinos turísticos. Por outro lado, trata-se de um segmento promissor, haja vista os efeitos da globalização, que influenciou o aumento do movimento de pessoas entre diferentes destinos no mundo. As mudanças econômicas e sociais criam vários novos segmentos no turismo, e a exemplo, o segmento de turismo de luxo, um tópico ainda pouco estudado. Frente a esse contexto temático, o objetivo principal deste trabalho foi analisar os fatores intrínsecos do destino Balneário Camboriú, município localizado no estado de Santa Catarina, para a inserção do segmento de turismo de luxo, de acordo com a opinião de seus agentes intervenientes. O estudo caracterizou-se por ter uma abordagem qualitativa, na qual a coleta de dados para a pesquisa consistiu na realização de entrevistas pessoais em profundidade com os principais agentes intervenientes envolvidos na gestão do turismo no referido município. Foram entrevistados 12 (doze) gestores responsáveis pelas empresas e organizações que intervêm no turismo local de forma a compreender o objeto de estudo pesquisado. Os resultados alcançados através da avaliação da análise de conteúdo e análise de discurso foram que os principais fatores que permitem a inserção do segmento de turismo de luxo no destino Balneário Camboriú são: a marina, a gastronomia, as baladas, as belezas naturais e a construção civil. Palavras-chave: Turismo de Luxo; Marketing Turístico; Marketing de Destino; Balneário Camboriú; Agentes Intervenientes. ABSTRACT Tourism marketing and destination marketing face many challenges, in view of the process of its structuring, and recognition of the sector as fundamental to the perception of the need and importance of managing the products and services of tourism destinations. Despite these challenges, tourism is a promising segment due to the effects of globalization, which has led to increased movement of people around the world. The economic and social changes have created several new segments in tourism, such as higher class or luxury tourism, a topic that is still not well studied. In view of this context, the main objective of this study was to analyze the intrinsic factors of the destination of Balneário Camboriú, a municipality located in the state of Santa Catarina, as a potential market for the luxury tourism segment, according to the views of the stakeholders. The study uses qualitative approaches in which the data collection consisted of personal interviews with the main stakeholders in the tourism management of this municipality. In order to gain a better understanding of the object of this study, interviews were carried out with twelve (12) managers responsible for the companies and organizations involved in local tourism. The responses were submitted to content analysis and discourse analysis, revealing that the main factors that enable the tourism destination of Balnéario Camboriú to be inserted in the luxury tourism segment are: the marina, the gastronomy, the nightlife, the natural beauty, and the civil construction industry. Keywords: Luxury Tourism; Tourism Marketing; Destination Marketing; Balneário Camboriú; Stakeholders. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Terminologias mais usadas no marketing em turismo e seus principais autores..... 18 Figura 2 - A roda dinâmica de agentes de turismo ................................................................... 23 Figura 3 - Fases da Pesquisa ..................................................................................................... 63 Figura 4 - Síntese dos procedimentos de confiabilidade e validade ......................................... 73 Figura 5 - Mapa do Brasil – localização de Balneário Camboriú na região Sul ...................... 75 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Os 8Ps do marketing de hospitalidade e turismo ................................................... 25 Quadro 2 - Segmentos do mercado turístico ............................................................................ 38 Quadro 3 - Principais áreas de estudo e assuntos relacionados ................................................ 40 Quadro 4 - Luxo tradicional x Luxo contemporâneo ............................................................... 48 Quadro 5 - Participantes da pesquisa ........................................................................................ 61 Quadro 6 - Exemplo de padrão de classificação das entrevistas .............................................. 69 Quadro 7 - Distâncias de Balneário Camboriú ......................................................................... 76 Quadro 8 - Atrações Naturais: Praias ....................................................................................... 79 Quadro 9 - Atrações Naturais: Parques e Morros ..................................................................... 80 Quadro 10 - Equipamentos ....................................................................................................... 81 Quadro 11 - Perfil dos agentes intervenientes .......................................................................... 99 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AMA - American Marketing Association BC – Balneário Camboriú BLTA - Brazilian Luxury Travel Association B2B - Business-to-business CVBs – Conventions and Visitors Bureaus DAFO - Debilidades, Ameaças, Fortalezas e Oportunidades DMAI - Destination Marketing Association International EMBRATUR - Instituto Brasileiro de Turismo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ILTM – International Luxury Travel Market MTUR - Ministério do Turismo OMT - Organização Mundial do Turismo PIB – Produto Interno Bruto SANTUR - Santa Catarina Turismo SA SINDISOL - Sindicato dos hotéis, restaurantes, bares e similares de Balneário Camboriú e região SINDUSCON - Sindicato dos Construtores de Balneário Camboriú SWOT - Strenghts Weaknesses Opportunities Threats TIA - Travel Industry Association WTCC - World Travel & Tourism Council SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9 1.1. Objetivos ........................................................................................................................ 13 1.1.1. Objetivo Geral............................................................................................ 13 1.1.2. Objetivos Específicos ................................................................................ 13 1.2. Justificativa .................................................................................................................... 13 2. REVISÃO DA LITERATURA................................................................................... 15 2.1. Marketing turístico ....................................................................................................... 15 2.1.1. Análise do Ambiente de Marketing ........................................................... 27 2.2. Marketing de destino ......................................................................................................... 28 2.3. Gestão estratégica e planejamento em turismo .................................................................. 32 2.3.1. Segmentação do Mercado Turístico ............................................................ 37 2.4. Turismo de luxo ................................................................................................................. 39 2.4.1. Tendências que afetarão o Turismo de Luxo ............................................... 54 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.............................................................. 57 3.1. Caracterização da pesquisa ............................................................................................ 57 3.2. Participantes da pesquisa ............................................................................................... 59 3.3. Técnica de coleta de dados ............................................................................................ 62 3.4. Tratamento e análise de dados ....................................................................................... 63 3.4.1. Fase 1 – Definição das características da pesquisa .................................... 63 3.4.2. Fase 2 – Consultas e Pesquisas Preliminares ............................................. 64 3.4.3. Fase 3 – Consultas e Pesquisas Semiestruturadas (com roteiro) ............... 65 3.4.4. Fase 4 – Consolidação dos Materiais e Análise das Entrevistas................ 66 3.4.5. Fase 5 - Validação...................................................................................... 71 3.4.6. Fase 6 – Discussão dos Resultados ............................................................ 74 4. CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DA PESQUISA............................................. 75 4.1. Economia de Balneário Camboriú ..................................................................................... 77 4.1.1. Atrações ....................................................................................................... 78 4.1.2. Serviços........................................................................................................ 83 5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................... 87 5.1. Sobre Características Gerais do Capítulo ...................................................................... 87 5.2. Análise dos dados .......................................................................................................... 88 5.2.1. Bloco 1 - Fatores Intrínsecos do Turismo de Luxo em Balneário Camboriú de acordo com seus agentes intervenientes. ............................................................................. 88 5.2.2. Bloco 2 - Opinião dos entrevistados referente a fatores pré-relacionados 96 5.2.3. Bloco 3 - Questões relacionadas ao entrevistado e sua interação com o poder público local ................................................................................................................... 97 5.2.4. Bloco 4 - Perfil dos entrevistados .............................................................. 99 5.3. Discussão dos Resultados ............................................................................................ 101 5.4. Validação dos Resultados pelos Entrevistados ............................................................ 104 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 106 REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 109 APÊNDICE A – Roteiro de Entrevistas ................................................................................ 121 APÊNDICE B - Instrumento de validação junto a entrevistados .......................................... 124 9 1. INTRODUÇÃO De acordo com a Cartilha “Mais Turismo Mais Desenvolvimento”, em 2012, o turismo brasileiro cresceu 6%, dois pontos percentuais acima da média mundial anual. No turismo internacional, o segmento de negócios, eventos e convenções estava em alta e os serviços são elogiados em quesitos como hospitalidade, gastronomia e hotelaria (MTUR, 2013). Esse crescimento reflete positivamente nos indicativos de empregabilidade e no Produto Interno Bruto (PIB) nacional (COOPER et al., 2008), bem como benefícios e vantagens são importantes fatores para fomentar o desenvolvimento do setor turístico no Brasil. Entretanto, os resultados positivos mostram também algumas peculiaridades em segmentos do turismo, como por exemplo, o turismo de luxo. O relatório da International Luxury Travel Market, baseado em dados da Organização Mundial do Turismo (OMT), indica que turistas de luxo correspondem a 3% do movimento de turistas no mundo, representando 25% dos gastos em viagens internacionais. O estudo também mostra que as viagens de luxo geraram 25 milhões de viagens mundialmente e US$ 180 bilhões em gastos, ou US$ 7.200 por viagem. O gasto médio diário do turista de luxo é oito vezes maior que dos turistas convencionais. Nas últimas duas décadas o segmento de luxo começou a atrair investimentos, constituindo-se como um mercado novo e lucrativo. De acordo com o relatório elaborado pela MCF Consultoria sobre o Panorama Mundial do Mercado de Luxo, o segmento cresceu entre 12% e 18% anualmente nesta última década, apresentando taxas de crescimento superiores nos países emergentes, como China e Rússia (MTUR, 2011). No Brasil, esse segmento do turismo, ou seja, o turismo de luxo, também tem se destacado, e seus indicativos revelam uma proporção de duas a três vezes o crescimento do PIB (TEJON, 2010). “Antigamente reservados aos círculos da burguesia rica, os produtos de luxo progressivamente „desceram‟ à rua” (LIPOVETSKY; ROUX, 2003, p. 15), o que significa dizer que, o inacessível finalmente se tornou acessível. O turismo de luxo é tendência que vem para incrementar os setores da cadeia produtiva do turismo, porém, tem sido pouco pesquisado no mundo acadêmico e científico (TEJON, 2010), haja vista a contemporaneidade do tema. Diante desta evidente oportunidade de crescimento, o Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR) atua junto a Brazilian Luxury Travel Association (BLTA) para fortalecer e incrementar os destinos de Luxo no país. A BLTA surgiu diante da crescente melhora dos produtos e serviços brasileiros, com 10 a missão de “tornar o Brasil um destino de Luxo reconhecido internacionalmente”. Criada em 2008, ela reúne os mais sofisticados hotéis, resorts e operadoras de turismo. De diferentes categorias, cada um oferece uma rara experiência dentro da diversidade que é o Brasil. O Vila Naiá, por exemplo, é um hotel singular que consegue reproduzir no Sul da Bahia o encanto e o charme das vilas de pescadores, com o requinte de um estabelecimento de padrão internacional (BLTA, 2013). Em um painel de especialistas de mídias de luxo no Festival de Miami em 2011, os executivos da indústria concordaram que o mercado de luxo da América Latina está pronto para um crescimento estelar em um futuro próximo, em médio prazo. Eles disseram que o boom econômico do Brasil, Colômbia, Chile, Argentina e México estão reforçando o poder de compra dos consumidores e o apetite por produtos de luxo. Porém, de acordo com os painelistas, o marketing para ricos latino-americanos deve ser feito de forma diferente do que na Europa, Ásia ou em outras partes do mundo. Eles concordam que na América Latina, as marcas devem treinar a equipe para envolver os clientes de uma forma "mais quente, mais íntima e mais humilde" do que em outros mercados (CASTANO, 2011). De acordo com Nadine Hennigs et al (2013), empresas de luxo internacionais são desafiadas pela identificação e satisfação de necessidades e desejos comuns dos segmentos de mercado globais. Apesar dos bens de luxo se tornarem disponíveis a uma ampla gama de consumidores, o modelo de consumo conspícuo tradicional foi transformado em uma nova sensibilidade de luxo experimental, que é marcado por uma mudança na forma que os consumidores definem luxo. O Brasil vem sendo invadido, segundo D‟Angelo (2006), periodicamente por novas marcas e destinos de luxo desde a década de 1990, quando houve a estabilização da moeda e a abertura da economia. Esse processo acabou por caracterizar o país como o segundo melhor mercado emergente para os produtos turísticos, ficando atrás apenas do mercado asiático. As estimativas do setor de luxo brasileiro para o fechamento do ano de 2013 eram de um faturamento de R$ 23,5 bilhões. No ano de 2012 o faturamento atingiu a cifra de R$ 20,5 bilhões. E para 2014 foi previsto um crescimento no mercado, em torno de 10% a 15% (D‟ANGELO, 2006). Para os próximos seis anos, segundo o especialista na área, Claudio Diniz (2013), são bastante promissores os segmentos de hotelaria de luxo, gastronomia, aviação executiva, construção civil de alto padrão e o segmento náutico. O especialista também salienta que, este último, é pouco explorado, apesar da riqueza da costa brasileira, complementando que, a demanda de executivos por hotéis de luxo vem crescendo no país. “Tudo que é francês nós copiamos. Os europeus e os americanos querem algo que tenha o 11 DNA do Brasil. O mundo quer uma marca brasileira de luxo que represente a história brasileira do luxo” (DINIZ, 2012, pag.58). Hemzo e Silva (2009) confirmaram que com um luxo mais democrático o consumidor deixa de interessar-se somente por ostentação e reconhecimento social, partindo em busca do prazer, do belo e de satisfação individual, sejam eles adquiridos por meio de produtos e serviços de alto luxo, ou produtos e serviços de luxo acessível. Sentimentos como beleza, autoconfiança e alegria passam a ser as características mais associadas ao consumo, e valores como hedonismo, um mundo de beleza e senso de realização, ganham proeminência. Essa realidade motivou a presente pesquisa, no que tange a busca para compreender este “novo luxo” e inseri-lo na realidade local. Partiu-se do princípio de que as localidades turísticas necessitam cada vez mais de um eficiente gerenciamento mercadológico e uma identidade clara e definida. Nesse ínterim, surgem as estratégias de marketing direcionadas ao marketing turístico, o qual desempenha um papel fundamental como mecanismo de articulação entre a oferta e a demanda dos destinos turísticos. Como objeto de estudo foi selecionado a cidade de Balneário Camboriú (BC), localizada no estado de Santa Catarina. Esta seleção se deu principalmente pelo interesse em se observar o cenário existente nessa cidade nos dias atuais. Segundo o “Atlas do Desenvolvimento Humano 2013”, a renda per capita média de Balneário Camboriú cresceu 105,33% nas últimas duas décadas, passando de R$791,69 em 1991 para R$1.563,49 em 2000 e R$1.625,59 em 2010, e o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Balneário Camboriú foi de 0,845 em 2010 (ATLAS BRASIL,2013). Entre 2000 e 2010, a dimensão que mais cresceu em termos absolutos foi Educação (com crescimento de 0,121), seguida por Longevidade e por Renda. Ainda, conforme informe da Prefeitura Municipal (2014), Balneário Camboriú, localizado no litoral da região centronorte de Santa Catarina, é conhecido como a Capital Catarinense do Turismo. Além das praias paradisíacas e dos atrativos turísticos modernos e inovadores, a cidade possui comércio forte e atuante. É um dos 65 destinos indutores classificado pelo Ministério do Turismo (MTur). Por toda a orla, há infraestrutura como bares e restaurantes, que oferecem culinária típica da região litorânea. Balneário Camboriú também abriga os edifícios mais altos de Santa Catarina, além dos mais luxuosos. Atualmente, o maior residencial da cidade (e também do Brasil) tem 164 metros de altura, mas deve ser superado em breve por outro, de 240 metros, em fase de obras pela construtora FG Empreendimentos. Ao perceber o desenvolvimento de um turismo de luxo na região, a construtora saiu de Blumenau e consolidou-se no mercado formado principalmente 12 por compradores do Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (ATLAS BRASIL, 2013). Diante desta realidade, por meio do levantamento e verificação da oferta do destino, comparados a opinião de seus agentes intervenientes, buscaram-se os fatores que contribuem para a inserção da cidade no nicho de mercado do turismo de luxo. Para tal, observaram-se os componentes do destino citados por Buhalis (2000), este modelo é frequentemente referido quando se discute a competitividade de marketing de destino. Nele o autor coloca que a maioria dos destinos compreendem um núcleo de componentes, que podem ser caracterizados com os “6 As” como estrutura (Atrações, Acessibilidade, Serviços, Pacotes disponíveis, Atividades e Serviços auxiliares). Portanto, um destino pode ser considerado como uma combinação de todos os produtos, serviços e, finalmente, as experiências fornecidas localmente. Com base nessa estrutura procurou-se abranger todos os componentes do destino através da avaliação de seus agentes intervenientes do turismo. Esses agentes intervenientes do turismo, assim chamados nesse trabalho, são definidos como aqueles que intervêm na atividade turística de uma localidade, ou seja, os turistas, a comunidade local, o Estado (Governo e instituições públicas), as organizações não governamentais e as empresas turísticas (OMT apud MADEIRA, 2010). No presente estudo, que tem como foco principal o nicho de turismo de luxo em Balneário Camboriú, foram escolhidos como sujeitos da pesquisa os agentes que intervinham diretamente neste segmento em termos de oferta, excluindo assim a opinião do turista. Considerado como uma ferramenta de gestão (BLUMBERG, 2005), o marketing de destino é definido como o esforço global de identificar o que o destino tem para ofertar; seu mercado-alvo, ou seja, os indivíduos que possuem dinheiro, tempo e desejo de viajar para conhecer este destino e a melhor forma de persuadir e fidelizar os clientes identificados (KASTENHOLZ, 2002). Conforme Seaton (1996), esse é o ponto nevrálgico do marketing turístico, uma vez que seu campo de investigação, o destino, congrega e suporta todos os diferentes interesses envolvidos na atividade turística. Logo, tanto a sua aplicação como o entendimento da sua dinâmica exige a compreensão desses interesses, os quais estão diretamente relacionados à complexa organização formada pelos agentes intervenientes do turismo nos destinos. Portanto, neste trabalho busca-se identificar a resposta para a seguinte pergunta de pesquisa: quais os fatores intrínsecos de Balneário Camboriú – SC que favorecem a inserção no segmento do turismo de luxo no destino, na percepção dos agentes intervenientes do turismo? 13 1.1.Objetivos Neste tópico definem-se os objetivos do trabalho, classificados em geral e específicos, que orientam todos os esforços de pesquisa e alcance dos resultados. 1.1.1. Objetivo Geral Analisar os fatores intrínsecos do marketing de destino que potencializam o segmento do turismo de luxo em Balneário Camboriú na percepção dos agentes intervenientes. 1.1.2. Objetivos Específicos Descrever as características da oferta do destino turístico Balneário Camboriú, quanto aos atrativos, serviços e infraestrutura; Identificar os agentes intervenientes do destino Balneário Camboriú no segmento do luxo; Identificar os fatores do marketing de destino segundo modelo de analise proposto por Buhalis; Analisar os fatores do marketing de destino segundo percepção dos agentes intervenientes do turismo de Balneário Camboriú. 1.2. Justificativa Frente ao exposto, a presente pesquisa visa contribuir para que o destino de Balneário Camboriú defina com clareza a identidade e a marca do local, pois se acredita que os empresários do segmento de luxo devem estar atentos ao comportamento do mercado, principalmente para aproveitar as oportunidades vindouras. Segundo as previsões da Organização Mundial do Turismo (OMT) e da World Traveland Tourism Council (WTTC), a América Latina poderá tornar-se o novo “Eldorado turístico”. A América do Sul vai receber 58 milhões de turistas até 2030, conforme relatório da OMT, denominado “O turismo até 2030”. Grande parte das viagens internacionais será realizada por turistas provenientes das economias emergentes, e o WTTC prevê que o gasto turístico na região vá crescer 7,5%, até o ano 2021, atingindo os 55 mil milhões de euros (OMT, 2011). Tem-se observado nos consumidores da classe média um aumento nos níveis de gosto e qualidade (SILVERSTEIN; FISKE; BUTMAN, 2008). Novas políticas de pagamento, 14 como o financiamento, facilitaram o acesso dessa camada da população ao luxo. Fatores como a democratização do consumo de luxo e o aumento no padrão de vida da classe média culminaram no surgimento do chamado Novo Luxo (GALHANONE, 2008). Consumidores tendem a pagar mais por produtos em categorias que eles julgam importantes e, desse modo, os hábitos de compra não estão mais diretamente relacionados ao nível de renda do consumidor (SILVERSTEIN; FISKE; BUTMAN, 2008). Mudanças culturais como o aumento no nível educacional, a participação da mulher no mercado de trabalho e mudanças na estrutura familiar (aumento dos números de divórcios e de casais sem filhos, homens e mulheres casando-se cada vez mais tarde, entre outros) contribuíram para um aumento na renda discricionária do lar e, portanto, a renda disponível para gastar com produtos e serviços supérfluos. A compra e o consumo se dão não só pela ostentação nesse novo cenário, mas muito mais pelo prazer que se espera pelo uso de uma marca de prestígio (LIPOVETSKY, 2007). No círculo acadêmico, esse assunto, o luxo, até pouco tempo rejeitado, começou a ser visto como elemento integrante da sociedade ocidental, por sua importância como objeto que compreende um significado de sonho, exclusividade, recompensa, identidade, emoção e encantamento. Mas, ainda há obstáculos, e a razão é fácil de entender: “Num momento em que metade do mundo está mal nutrida e o verdadeiro combate é pela igualdade de oportunidades, a ostentação do luxo ofende e escandaliza" (CASTARÈDE, 2005, p.27). Esse quadro problematiza-se ainda mais quando se observa que, tradicionalmente, no segmento turístico, as ações de marketing concentram-se no aumento da visitação. Essa abordagem não reconhece as necessidades e limitações de cada destino, bem como as suas características geográficas, ambientais e socioculturais. Em contraste ao marketing, a literatura voltada para o planejamento se concentra mais sobre os impactos do turismo e no desenvolvimento do turismo, limitando, e muitas vezes ignorando, a dinâmica do mercado e as exigências de empresários no destino e do lugar de origem (RYAN, 1991; BURNS, 1999). Ryan (1991) explica que as empresas e os governos têm aplicado apenas parte do mix de marketing para o turismo (ou seja, a promoção), e pouca atenção é dada para os outros componentes do marketing (RYAN, 1991). Dessa forma, a presente pesquisa contribui com os conhecimentos acadêmicos sobre o assunto por apresentar-se como um tema interessante e pouco abordado nos meios acadêmicos, bem como se sentiu a necessidade de compreender melhor o mercado turístico e o segmento de turismo de luxo na dinâmica de Balneário Camboriú. A seguir será apresentada a revisão de literatura sobre a temática estudada. 15 2. REVISÃO DA LITERATURA O presente capítulo tem como principal objetivo apresentar uma revisão da literatura sobre os temas que sustentam a pesquisa: o marketing; o marketing de destinos turísticos; e o turismo de luxo. Para tanto, salienta-se que, o conceito de marketing de destinos turísticos – principal temática deste estudo –, está relacionado ao de marketing, e para compreensão do primeiro, faz-se necessário uma extensa análise sobre as particularidades do marketing de lugares e de cidades. No que tange ao turismo de luxo, uma área temática ainda pouco estudada, observase que é necessário verificar os elementos que o circunda, e a partir desses dados, estudar a sua relação com as organizações de gestão de destino. Acredita-se que esse percurso teórico possa contribuir para verificar se Balneário Camboriú pode ser um destino com potencial para o segmento do turismo de luxo. 2.1. Marketing turístico O termo marketing é derivado da palavra inglesa market, que tem como significado a palavra “mercado”. Nesse segmento, marketing trata da relação adequada entre o produto e o mercado. De acordo com a American Marketing Association (AMA), marketing é “a atividade, conjunto de instruções e processos para a criação, comunicação, entrega e troca de ofertas que tenham valor para o consumidor, clientes, parceiros e sociedade de um modo geral” (AMA, 2013). A complementar, Kotler (2000, p.29) destaca que esse “é um processo social por meio do qual as pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor comum”. Para Ferrel e Hartline (2000), o marketing adquire diferentes definições. Para aqueles que não trabalham com marketing, este é apenas uma função dos negócios, dentre outras, tais como: produção; pesquisa; administração geral; recursos humanos; e contabilidade. Nesse segmento conceitual, a meta do marketing é conectar a organização aos clientes. Enquanto que aqueles que executam tarefas de marketing tendem a vê-lo como um processo de gerenciamento do fluxo de produtos do local de concepção para o local de consumo. Nessa segunda concepção, o marketing está relacionado à satisfação das necessidades humanas e sociais, portanto, está atrelado ao padrão de vida das pessoas, não só em termos de aumento do consumo e da prosperidade, mas também em termos do bem-estar da sociedade. Em 1950, após as Grandes Guerras Mundiais, o mercado começou a exigir variedade. O lema da década de 50 foi: "tenha o produto certo e mantenha os custos baixos". 16 Isso refletiu o início de um mercado e mídia de massa. Ajzental (2008) destaca que na década de 1960 começaram os debates sobre a ampliação dos conceitos de marketing. Esse debate teve como marco os artigos publicados por Kotler e Levy (1969), que os acrescentaram às organizações empresariais e também às sociais. Em âmbito teórico, Lazer (1969) escreveu sobre as dimensões sociais dos negócios, enquanto Luck (1969) limitava o escopo de marketing apenas aos processos de negócios e atividades que resultem em transação de mercado. Kotler e Levy (1969) insistiam na ideia geral da troca, enquanto Ferber (1970) já visualizava que o marketing deveria diversificar sua atuação em campos de política pública e social. Em âmbito prático, em 1970 perpetuava-se ainda no marketing um mecanismo de causa e efeito, haja vista que o mercado reagia aos estímulos dos anunciantes. Mas, já se pôde observar uma evolução. Passava-se a considerar desejos e necessidades de segmentos mais específicos, servindo para enquadrar as pessoas em determinados padrões típicos de comportamento. Assim, as empresas, que eram dirigidas às vendas, empregavam suas energias para modificar a mente do consumidor no sentido de se adaptarem ao produto. Em 1980, consolida-se o conceito de nicho de mercado. O fundamento era chegar mais perto do cliente, ou seja, conhecer e dominar determinados segmentos de mercados. Contudo, nessa época o conceito de marketing transcende o foco no consumidor e passa a integrar as questões sociais mais amplas. Nesse sentido, nasce o conceito de marketing de relacionamento e busca-se a fidelização do cliente por meio de uma política empresarial de comércio. A partir da década de 1990, a competitividade contribui para consolidar os conceitos de marketing de relacionamento e canal de marketing – uma estratégia de marketing que visa disponibilizar produtos ou serviços ao consumidor de acordo com a sua exigência. Assim, as empresas passam a aderir ao princípio de relacionamento cooperativo com outras organizações, e surgem, então, as parcerias que vão refletir atualmente no conceito de fusão entre grandes marcas de um determinado segmento. Na atualidade, o marketing já não se resume às ações a serem executadas a partir de um plano, mas sim a uma consciência que permeia todos os integrantes de uma empresa, desde as recepcionistas até o diretor. Desse modo, o marketing passou a ser a própria forma de a empresa operar. Para tanto, as funções do marketing remetem a duas finalidades primordiais. Uma permeia a identificação de nichos de mercado ou oportunidades de demanda, inadequadamente satisfeitas pelas ofertas existentes, seja da própria empresa seja de seus concorrentes. Outra consiste em conquistar e preencher esses nichos com o mínimo de 17 recursos e custos operacionais (RICHERS, 2000). Embora o marketing tenha uma relação mais estreita com organizações com fins lucrativos, as organizações que não visam ao lucro também aderem a uma política de marketing. Portanto, hoje, o marketing é adotado por instituições lucrativas e não lucrativas, e visa ao estudo dos fenômenos que ocorrem no intercâmbio de valores econômicos, sociais, morais ou políticos, nos quais ele é utilizado para vender ideias, com o intuito de melhorar a qualidade de vida. Os autores Kotler e Levy (1969) defendem a implantação do conceito de marketing a todas as organizações, tradicional ou não. Assim, as estratégias de marketing para obter-se lucro passaram a ser aplicadas por inúmeras organizações sem fins lucrativos com o propósito de atingirem os objetivos e metas traçados pela política das empresas. Skinner (2008) traça um paralelo entre o surgimento e desenvolvimento de pesquisas de marketing de lugares com o surgimento do marketing de serviços, como por áreas distintas dentro do marketing. No entanto, segundo ele, a própria área do tópico permanece confusa, uma vez que, termos usados para descrever seus vários fenômenos associados não foram claramente definidos, há pouco consenso sobre qual é o tipo de marketing ou marca que melhor se aplica a lugares, e a literatura não resolveu as diferenças de marketing / marca de indivíduos, lugares e nações inteiras, levando assim a confusão tanto para os acadêmicos quanto para os profissionais. Saber aproveitar toda a potencialidade do turismo em seu aspecto de empreendimento é um dos maiores desafios encontrados pelo marketing, que, sendo bem aplicado, gera resultados positivos e lucrativos a curto e médio prazo, ou se mal implantado e desenvolvido, pode apenas significar gastos de grandes quantias em dinheiro, com ações que não efetivam a marca do município no seu campo promocional. Para tanto, faz-se imprescindível estudar modelos e ações de boas práticas do marketing ligado ao campo do turismo, para que se possa disseminar uma nova cultura de empreendimentos de sucesso nessa área. O estudo da aplicação do marketing no turismo é essencial para o desenvolvimento de um município, visto que propicia a compreensão dessa ferramenta voltada ao setor turístico e identifica como as ações de marketing auxiliam uma Administração Pública, tornando um investimento a melhor forma de incitar o potencial turístico de uma cidade. Para tanto, inicia-se o planejamento de marketing como um estudo do destino turístico, pois esse pode ter vários atrativos que façam com que as pessoas se desloquem de seus lares para visitá-los. Ter uma clara classificação dos atrativos naturais e culturais locais e 18 de possível desenvolvimento de outros, faz com que a administração a partir do destino comece a pensar claramente em seu marketing. Porém ainda mais recente que o estudo do marketing, o marketing turístico procura se adaptar através da aplicação de conceitos da administração de marketing adequados à indústria do turismo. Vale salientar que em turismo, o marketing é encontrado com várias terminologias e tipos: marketing turístico; marketing de cidades; marketing de lugares; marketing de destinos; marketing de destinos turísticos; marketing de hospitalidade e turismo; marketing de turismo; marketing de relacionamento; marketing do produto turístico; entre outros. Na figura 1 são demonstradas algumas dessas terminologias, com foco nas mais usadas no marketing em turismo e em seus principais autores. A partir do conteúdo exposto é possível perceber que o marketing no turismo é uma área de estudo muito jovem, o que acarreta várias discussões para todos os envolvidos no ensino, na pesquisa e no estudo dessa temática. A própria área temática tem certa deficiência e indefinição em termos conceituais. Figura 1 - Terminologias mais usadas no marketing em turismo e seus principais autores Fonte: Elaborado pela autora. A princípio Kotler e Levy (1969) incluíram o marketing turístico no segmento de produtos/serviços “sem fins lucrativos”. Posteriormente percebeu-se que o turismo é diferente de outras indústrias ou atividades, pois o serviço prestado constitui uma amálgama que pode incluir componentes como: o transporte; alojamento; comida; bebida; atrações; visitas culturais; que geralmente são fornecidas por diferentes empresas e instituições. Esses componentes podem ser vendidos direta e separadamente aos turistas. 19 O marketing visto como uma associação a localidades e regiões tem se tornado uma atividade central na gestão regional, pois consegue gerar vantagens competitivas. Essas vantagens passam por uma diferenciação do destino, valorizando o intangível e tornando único o que dele procede (COOPER; HALL, 2008). De acordo com Krippendorf (1971), o marketing turístico é baseado nas singularidades do produto que se originam na sua intangibilidade. Portanto, trata da adaptação sistemática e coordenada da política das empresas de turismo, tanto privadas como do Estado – no plano local, regional, nacional e internacional –, visando à plena satisfação das necessidades de determinados grupos de consumidores, obtendo, com isso, um lucro apropriado. Russchmann (1990) compreende, geralmente, o marketing como uma dimensão da gestão empresarial. No caso do turismo, essa visão deve ser ampliada, uma vez que, não somente as empresas, mas também as instituições cooperativas e o Estado fornecem importantes serviços turísticos. Dessa forma, os responsáveis pelo marketing turístico são: as empresas individuais; as instituições cooperativas; e o Estado. Pensar o marketing para um espaço turístico pressupõe a compreensão da atividade de turismo (EJARQUE, 2009; FONT, 2009; LANQUAR, 2001; MIDDLENTON; CLARK, 2002; PRETOCCHI, 2004), com o intuito de pensar em como planejá-la e geri-la (BIGNE; FONT; ANDREU, 2000), analisando e mensurando a atividade, assim como elaborando ferramentas para compreender os impactos que a gestão do marketing pode ter sobre o espaço. O marketing turístico deve ter como estratégia básica conhecer bem os seus clientes reais e potenciais para, a partir desse conhecimento, desenvolver produtos que venham a satisfazer seus desejos e necessidades (MIDDLENTON; CLARK, 2002; PETROCCHI, 2004). O marketing turístico se caracteriza por uma oferta constituída por uma infinidade de produtos turísticos e por uma importante demanda no território geográfico. A oferta é basicamente constituída pela indústria de transporte (aérea, rodoviária, ferroviária, marítima e lacustre), pela indústria de alojamento (hotéis, campings e colônias), pelas indústrias complementares (agências de viagens, restaurantes, cafés, bares, casas noturnas, cinemas, teatros, museus) e pelos recursos turísticos (naturais, históricos, artísticos, gastronômicos e culturais, entre outros). Enquanto que a demanda é constituída por turistas nacionais e internacionais (GOUVEA; YAMAUCHI, 1999). A indústria turística insere-se no setor dos serviços e apresenta algumas características particulares que pressupõem uma abordagem de marketing diferente da que tradicionalmente se considera para o produto, destacando-se a sua intangibilidade, 20 inseparabilidade, produção e consumo simultâneo, heterogeneidade/variabilidade. Como características específicas do serviço turístico, citam-se o exposto: custo elevado; sazonalidade; interdependência; impacto na sociedade; e vulnerabilidade perante envolvente contextual (CUNHA, 2001). Nesse contexto, as características básicas que distinguem os serviços dos bens materiais, de acordo com adaptação realizada com base em Burke (1991), são intangibilidade, inseparabilidade, heterogeneidade, perecibilidade, unicidade, simultaneidade e sazonalidade, descritas a seguir: intangibilidade: os serviços não podem ser apreciados de forma material, pois não são vistos, tocados e dimensionados. Depois de ocorrerem, existem apenas como memórias, sem qualquer valor residual. inseparabilidade: os serviços prestam-se juntamente ao capital econômico e humano que os produz, sendo, portanto, inseparáveis. heterogeneidade: é a característica mais visível de todos os serviços – a uniformidade ou a estandardização são quase impossíveis, pois existe sempre algo de caráter mais subjetivo que os acaba distinguindo. perecibilidade: qualquer serviço "vive" no momento exclusivo em que é oferecido ao cliente, apesar de existirem serviços que mesmo que prestados no dia seguinte, no mesmo local e pelo mesmo empregado (por exemplo, a atenção prestada a um cliente na recepção de um hotel), este será já uma nova prestação na medida em que a capacidade de atender no dia anterior um cliente pelo empregado desapareceu no momento em que o cliente deixou de requerer o seu serviço. Em hotelaria, há uma frase significativa que sintetiza o contexto: “o quarto não vendido hoje, jamais voltará a ser vendido; amanhã volta a haver o mesmo número de quartos para vender”. unicidade: certos produtos, pela sua diferenciação, pelo seu exotismo, pela sua raridade ou pelo seu componente humano, cultural ou ambiental, são considerados únicos, facilitando o processo de diferenciação da concorrência. simultaneidade de produção e consumo: apesar de muitos dos produtos turísticos terem sido comercializados previamente, o seu consumo é realizado no local e no momento da produção. Esse fato implica que o canal de distribuição tenha de funcionar no sentido inverso ao sentido tradicional, uma vez que são os consumidores que têm de se deslocar ao local de consumo. sazonalidade: a maioria dos produtos está sujeita à sazonalidade, ou seja, à 21 flutuação na procura em diferentes épocas do ano, dias ou até horas. O maior desafio de gestão de marketing é diminuir o efeito da sazonalidade, mantendo um equilíbrio na procura durante todo o ano. Vale relembrar que na complexidade do produto turístico predominam elementos intangíveis, a qualidade com que esses elementos são fornecidos torna-se um dos atributos que os clientes mais valorizam. Considera-se, no entanto, que uma coisa é realçar a qualidade do serviço na promoção, outra os clientes a reconhecerem, o que depende do desempenho e das atitudes dos empregados e exige a prática de um verdadeiro marketing interno, através de sistemas de motivação, incentivo e de transparência na definição de funções e no estabelecimento de objetivos, o que facilita a comunicação com os clientes. Sobre o exposto, estão implícitos adequados métodos de estratégia e gestão, incluindo a formação profissional, essencialmente no posto de trabalho, para que o pessoal de contato direto com o público final que tem uma importância acrescida, esteja apto a prestar um serviço adequado às necessidades dos clientes. Uma diferença fundamental do marketing turístico em relação ao marketing dos demais setores de serviços é que a empresa turística deve ter a programação de prestação de serviços e de bens materiais, cabendo aos serviços o papel mais importante nessa combinação. Outra peculiaridade do marketing turístico é a de que o serviço não procura o consumidor, mas este é quem procura o serviço desejado. Portanto, a premissa básica é a de que o turismo implica não só gastos para sua efetivação, mas também disponibilidade de tempo livre para seu consumo (TEIXEIRA, 1977). Sobre o exposto, Trigueiro (1999) diz que o planejamento e a administração das atividades de turismo de uma localidade dependem significativamente de um esforço para a aplicação do marketing mix, o qual é composto pelas seguintes etapas: design urbano; infraestrutura; serviços básicos; eventos e atrações; pessoas e imagem; conforme descrito em detalhes a seguir: Design urbano: o design urbano diz muito sobre o caráter de uma cidade e redefine a maneira como esse é transmitido de uma geração para outra. Fornece informações sobre o local, refletindo seus valores históricos e culturais. Uma estratégia para melhorar um local é educar as autoridades públicas quanto aos princípios de conservação do patrimônio histórico e da arquitetura urbana da localidade. Infraestrutura: embora uma ótima e bem mantida infraestrutura não garanta o crescimento de uma localidade, a falta dela é uma deficiência grave. Para manter a qualidade 22 de vida (exigência principal do turista atual) e patrocinar a produtividade econômica, é necessário desenvolver e manter a infraestrutura do local. Para o segmento turístico, apenas as belezas naturais não garantem o desenvolvimento do negócio, é preciso que a administração turística invista na infraestrutura. A estratégia é a localidade oferecer um bom padrão de serviços, tais como: saneamento; transportes; energias convencionais e renováveis; limpeza pública; estradas conservadas e limpas; entre outras. Essas melhorias visam atrair e manter turistas na localidade. Serviços básicos: a capacidade de uma localidade em conquistar e manter turistas são bastante reduzidos, quando a sua fama é de possuir, por exemplo, um alto índice de criminalidade. Os turistas escolhem seus destinos levando em consideração a segurança da localidade. Afinal, o turista gosta de ser bem tratado (e paga para isso), estar em segurança, ter um atendimento com qualidade e, sobretudo, ser respeitado como cidadão. Uma estratégia de marketing é desenvolver programas de sensibilização e conscientização para a qualidade total dos serviços junto à população como um todo. Eventos e atrações: existe uma diferença entre dizer que uma determinada localidade funciona e dizer que ela é atraente. O termo atração se refere a características físicas, enquanto eventos têm a finalidade de diversão. A promoção sistemática dessas duas atividades é fundamental para atrair turistas. Os principais tipos de atração que uma localidade deve levar em consideração como estratégias de marketing são as belezas naturais, históricas e suas personagens famosas, parques temáticos, gastronomia, edifícios e monumentos, museus e praças etc. Os eventos são caracterizados como festivais de músicas e culturais, shows de artistas famosos, manifestações folclóricas, competições esportivas, entre outras. Pessoas: uma cidade pode possuir uma boa infraestrutura e uma diversificação de atrações e eventos, um design urbano diferencial e, mesmo assim, não ser bem-sucedida devido à imagem que os turistas têm de seus habitantes. A hospitalidade dos residentes de uma localidade pode afetar positiva ou negativamente a atratividade do local. Uma das estratégias de marketing é implantar um programa de conscientização da população, para que ela se envolva no contexto das atividades turísticas da localidade. Imagem: define-se imagem de uma localidade como a soma das crenças, das ideias e impressões que as pessoas têm do lugar. As imagens apresentam-se como uma simplificação de várias associações e informações ligadas à localidade. Logo, elas são produtos ou serviços de uma mente que tenta processar e “tirar a essência” de uma série de 23 dados sobre o local. A estratégia para divulgar a imagem de um local é conseguir deixar na mente dos turistas ou visitantes lembranças e saudades, de modo que ele seja um futuro agente de venda dessa localidade. Assim, as localidades que procuram conquistar e manter turistas, conceito fundamental da filosofia de marketing, como fator de desenvolvimento, devem investir plenamente na implantação do marketing mix (também denominado composto de marketing) como uma ação do marketing turístico. Além disso, Buhalis (2000) propõe que a comercialização de destino seja utilizada como um mecanismo estratégico em coordenação com planejamento e gestão para proporcionar adequados ganhos para todas as partes interessadas, e não simplesmente como uma ferramenta promocional. O autor sugere ainda que a fim de que este objetivo seja alcançado, os mais bem sucedidos como destinos competitivos serão aqueles que imporem uma formação eficaz dos recursos humanos, cooperarem com concorrentes e complementares para aprender com eles, empreenderem em marketing inovador e na pesquisa liderada, utilizando novas tecnologias e objetivos genéricos estratégicos. Buhalis (2000) argumenta que a implementação desses objetivos dependerá das relações entre os pares e das dinâmicas selecionadas. Na Figura 2, é possível apreciar o esquema utilizado pelo autor para evidenciar a dinâmica de relacionamento entre os distintos stakeholders dentro de um destino. Figura 2 - A roda dinâmica de agentes de turismo Fonte: Buhalis (2000, p.4). 24 A roda dinâmica dos stakeholders proposta por Buhalis (2000) demonstra que o desenvolvimento e a implementação dos objetivos estratégicos nos destinos dependem da relação entre os diferentes stakeholders existentes, mesmo que os interesses de alguns stakeholders possam conflitar com os interesses de outros, já que tendem a maximizar seus benefícios e diminuir suas responsabilidades perante os demais (BUHALLIS, 2000; SAUTEER; LEISEN, 1999). A imagem do destino é desenvolvida a partir de programas de investigação em marketing, que guiam a atividade promocional condizente à afirmação e à consolidação da imagem do destino. Buhalis (2000) identifica as contribuições da investigação em marketing para o marketing da área destino, da seguinte forma: a) identificação dos atributos que definem os segmentos de mercado; b) identificação dos atributos necessários para a afirmação do destino; c) avaliação e desenvolvimento da imagem do destino; d) segmentação do mercado e desenvolvimento dos marketings mix‟s correspondentes; e) diversificação de mercados; f) avaliação da elasticidade da procura; g) redução da sazonalidade pela segmentação de mercado; h) avaliação dos motivos que levam o turista a preterir um determinado destino; i) analisar a compatibilidade dos segmentos de mercado; j) avaliar canais de distribuição alternativos; k) avaliar os impactos turísticos e selecionar os segmentos certos; l) avaliar a efetividade do marketing e selecionar os canais de promoção certos. Nesse contexto é importante compreender que as sensações e as imagens formam o conjunto de representações dos produtos e serviços de luxo. O valor dessas representações para o consumidor é que permite que ele pague muito mais caro por um artigo que pode ser encontrado com características semelhantes a um custo menor. Portanto, a marca é impregnada de significados que não são visíveis. Com a economia globalizada, o setor de turismo necessita vislumbrar novas soluções que possam atender aos anseios, desejos e fantasias de seus clientes, com uma equipe de profissionais que saibam identificá-los corretamente, dando satisfação aos seus clientes. “Os homens de marketing das empresas de serviços devem estar aptos a reconhecer que o mercado ao se globalizar passa a exigir conhecimentos que levem a formular estratégias consistentes para evitar desastres financeiros” (KEEGAN et al, 1995, p. 47). Para Cobra (2001), com o impacto dos sistemas informatizados como a Internet, o setor de turismo necessita reavaliar o seu papel na criação e na administração da demanda de serviços de viagem, de lazer e hospitalidade. Como o produto turístico é uma combinação de ação e emoção em que os aspectos tangíveis e intangíveis se sobrepõem numa mistura entre o real e o imaginário, a criatividade do setor deve ser intensa. 25 O marketing no turismo consiste precisamente em identificar segmentos de mercado, promover o desenvolvimento de produtos turísticos e fornecer aos turistas potenciais informações sobre os produtos e serviços ofertados, ou seja, é necessário descobrir o que os turistas querem, desenvolver serviços turísticos adequados às necessidades e desejos deles, comunicá-los sobre os produtos e serviços disponíveis e fornecer informações sobre onde adquiri-los, de modo que o processo de troca entre a organização e os turistas resulte em lucros e satisfação (TRIGUEIRO, 2001). Cabe ressaltar que no marketing turístico os agentes locais estão envolvidos, ou devem ser envolvidos de forma efetiva no planejamento, gestão e controle das ações de marketing para o espaço turístico. Pois, deve-se buscar que o marketing turístico seja realizado de forma efetiva e com resultados positivos para todos os envolvidos (FONT, 2009; LANQUAR, 2001; MIDDLENTON, 2002). Além dos já conhecidos 4Ps de marketing (produto, preço, promoção e praça),há outros 4 Ps mais específicos ao marketing de hospitalidade e turismo. O marketing mix turístico está condicionado pelas particularidades características que emergem ao mercado turístico, conforme exposto no quadro a seguir: Quadro 1 - Os 8Ps do marketing de hospitalidade e turismo TRADICIONAL ADICIONAL * Produto * Pacotes * Preço * Programação * Praça (Local) * Pessoas * Promoção * Parceria Fonte: Morrison (2012, p.217). De acordo com Morrison (2012), os componentes do mix de marketing no turismo podem ser descritos conforme segue: a) produtos e serviços indicam a variedade de instalações e produtos que uma organização individual ou destino oferece aos clientes; b) pessoas ou anfitriões e hóspedes são os alicerces do sucesso e sobrevivência de uma organização de hospitalidade e turismo e representam as pessoas que ela emprega e aquelas a quem serve; c) pacotes, elemento que se resume a uma orientação de marketing, resultantes das descobertas das necessidades e desejos das pessoas para, então, montar e combinar destinos, serviços e instalações que correspondam às necessidades; 26 d) programação, que também está orientada para os clientes e representam os acontecimentos e atividades especiais criados para eles, tais como entretenimentos, festivais etc., sendo estes criados para aumentar os gastos ou a duração da estada dos clientes, ou para somar ao apelo pelos pacotes; e) distribuição ou local é como a organização planeja posicionar o produto ou trabalhar com outros grupos complementares no canal de distribuição. Para fornecedores, transportadoras e stakeholders, isso significa como utilizarão os intermediários do comércio de turismo (tanto on-line como off-line) para atingir os objetivos de marketing. Para os intermediários, significa os relacionamentos que têm com outros intermediários, fornecedores, transportadoras e stakeholders. f) o elemento de promoção ou mix promocional, normalmente representa a maior porcentagem do orçamento de marketing e envolve a necessidade maior de conselheiros e profissionais externos, devendo ser planejado em detalhes, com grande ênfase nos custos, nas responsabilidades e no cronograma. g) no sétimo elemento de parceria ou marketing cooperativo, tecnicamente seria correto incluir a parceria como parte de cada um dos outros 7Ps, entretanto, o plano de marketing deve discutir os tipos, custos e retornos financeiros dos programas de marketing cooperativo propostos (MORISSON, 2012). h) e, ao oitavo elemento do mix de marketing de turismo que seria a fixação de preços, deve-se atribuir uma atenção maior por se tratar de uma técnica de marketing e um determinante de lucros importante, sendo recomendada uma gestão de receita ou plano de fixação de preços abrangente que leve em consideração descontos, preços e tarifas especiais projetados para o período futuro e adequados aos produtos e serviços oferecidos (MORISSON, 2012). O trabalho de construção de uma marca é feito através de estratégias de marketing e diferenciação. Para tanto, vale salientar que os conceitos de legitimidade e identidade são inerentes às marcas de luxo, conceitos estes que caracterizam o diferencial dos produtos luxuosos ou sofisticados das marcas de consumo de massa. Lipovetsky e Rouk (2005, p.137) “afirmam que legitimidade das marcas do segmento de luxo é oriunda de duas características fundamentais, a tradição (legitimidade tradicional) ou a criação (legitimidade carismática).” Para tanto, faz-se relevante uma análise do ambiente de marketing, o qual será descrito a seguir. 27 2.1.1. Análise do Ambiente de Marketing Todos os conceitos sobre o turismo implicam na existência de um mercado turístico, “um conjunto de atividades econômicas em torno de produtos turísticos, através das quais diversos agentes buscam satisfazer suas necessidades e obter benefícios, transacionando tais produtos” (VAZ, 2001, p.17). Para compreender esse mercado, a teoria propõe uma segmentação, na qual o marketing é subdividido em ambiente interno, microambiente e o macroambiente. O ambiente interno segundo Vaz (2001) é representado pela própria organização turística, ou seja, o ambiente gerador do produto, dividido em organismos oficiais, as empresas que desenvolvem o turismo receptivo, as que desenvolvem o turismo emissivo e o grupo misto. Enquanto que o microambiente de marketing refere-se aos elementos próximos ao dia a dia do destino, ou seja, dos processos que afetam sua capacidade de prestar os serviços. Ele é composto pelos turistas e pelas empresas que formam o trade1 direta e indiretamente, com destaque para os fornecedores, intermediários, parceiros, concorrentes e operadoras. E, por fim, o macroambiente consiste nas forças sociais maiores que afetam todo o microambiente, que incluem os ambientes demográfico, econômico, natural, tecnológico, político-legal, sociocultural e ecológico. No caso do macroambiente, as tendências são identificadas por meio de estudos e observação dos hábitos de consumo dos turistas, visando prever o que ocorrerá no futuro, gerando expectativas relativas às oportunidades que podem ser aproveitadas pelo mercado. Segundo Trigueiro (2001), a administração de marketing turístico deve estar atenta às questões ambientais, com o objetivo de identificar novas oportunidades, descobrir as ameaças e desenvolver vantagens diferenciais com vistas ao fortalecimento turístico de uma localidade, fazendo para isso a distinção entre o microambiente e o macroambiente. Entende-se por microambiente de marketing turístico o conjunto de todos os mecanismos do mercado – fornecedores, intermediários comerciais, público e as organizações envolvidas no turismo – que afeta diretamente a atividade turística de uma localidade e que, em graus diferentes, pode ser controlado através de ações de marketing. [...] Por macroambiente de marketing turístico entende-se um sistema mais amplo, constituído pelo complexo demográfico, físico, tecnológico, político, econômico e sociocultural. Trata-se de variáveis não–controláveis diretamente, mas que interagem com o processo de desenvolvimento turístico de um local. (TRIGUEIRO, 2001, p.24). Na visão de Morrison (2012), o macroambiente de marketing de hospitalidade e turismo são eventos não controláveis e que irão moldar a forma como os negócios são feitos, 1 O trade turístico é um termo específico da área e muito utilizado comercialmente e que engloba as áreas econômicas envolvidas nas prestações de serviço para atender às necessidades comuns de todos os turistas, tais como transportadores, meios de hospedagem, agências de viagem, operadoras de turismo, organizadores de eventos entre outros (MOTA, 2001). 28 incluindo como fatores do ambiente de marketing: a concorrência; leis e regulamentos do governo; economia; tecnologia; sociedade e cultura; e prioridade e objetivos organizacionais. No caso desses fatores, os gerentes de marketing podem influenciar as ações, mas não controlá-las, devendo estar sempre atentos aos movimentos e atividades da concorrência. Já os fatores leis e regulamentos, economia, tecnologia e sociedade e cultura, influenciam diretamente o comportamento do consumidor que irá afetar a organização na definição do seu mixde marketing. Na criação e no ganho de valor do destino são necessárias adequações nas atividades do mix de marketing que possibilita as organizações turísticas enfrentar com eficiência todas as ameaças do ambiente de marketing e aproveitarem as oportunidades. Para melhor compreensão sobre marketing de destino, que é o caso do objeto do presente estudo, a seguir faz-se uma breve abordagem para melhor compreendê-lo. 2.2. Marketing de destino De acordo com a Organização Mundial do Turismo, um destino turístico ou simplesmente destino é um espaço físico onde o turista pernoita pelo menos uma vez, e cuja escala pode ir desde um país a uma região ou ilha, a uma cidade ou a um espaço dentro da própria cidade (OMT, 2010). Destinos turísticos são compreendidos por Buhalis (2000) como áreas geográficas definidas que oferecem um conjunto de produtos e serviços turísticos integrados que serão comercializados e consumidos pelos turistas sob a marca comum do destino. Assim, retomando o exposto pela OMT (2010), um destino turístico inclui todos os serviços de turismo, recursos, atrações, facilidades e serviços/produtos de suporte oferecidos aos visitantes durante o seu período de estadia. Para ser turístico, um destino deve enquadrar-se a padrões mínimos de hospitalidade, a começar pela qualidade de vida da população anfitriã. Infraestrutura, acessos, terminais de viagem, sinalização, comércio e serviços de informações, meios de hospedagem e de alimentação constituem o ambiente favorável ao ingresso e permanência do turista por tempo compensador, tanto para ele quanto para a comunidade local (BENI, 2001). A competitividade de destinos turísticos tornou-se uma área de interesse (MIKI; GÂNDARA; MEDINA-MUÑOZ, 2011) não só do meio acadêmico, mas de órgãos públicos em busca dos potenciais benefícios econômicos e sociais da atividade turística. No Brasil, o estudo da competitividade de destinos turísticos vem ganhando importância a partir do diagnóstico realizado pelo Ministério do Turismo, presente no Plano Nacional de Turismo 29 (2003 – 2007), que aponta a falta de estruturação do setor turístico como a causa de sua baixa competitividade (COSTA; HOFFMANN, 2006). O MTur vem mantendo o desenvolvimento da competitividade do produto turístico brasileiro entre suas diretrizes e seus objetivos gerais como forma de orientar suas políticas (MTUR, 2007). O crescimento do interesse pelo tema pode ser constatado também pelo aumento da literatura científica específica (CASTRILLÓN et al., 2011). Nos últimos anos, diversos modelos para aferir a competitividade de destinos turísticos foram desenvolvidos em âmbito internacional, entre os quais podem ser citados: Heath (2003); Dwyer e Kim (2003); Competitiveness Monitor (GOOROOCHURN; SUGIYARTO, 2004); Traveland Tourism Competitiveness Model (FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL, 2011). O Brasil também apresenta sua contribuição com dois modelos: Comp & tenible Model (MAZARO, 2007) e o Modelo Brasileiro (MTUR, 2008; 2009; 2010). Esse último foi desenvolvido pelo Ministério do Turismo em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Com a heterogeneidade dos públicos, em sua faixa-etária, gênero, fatores econômicos e interesses estão as dificuldades em saber como atrair a uma maior gama de turistas. Cada público-alvo é sensibilizado de uma forma, por um canal mais propício. E a concorrência entre destinos turísticos continua a intensificar-se. Com a substituição entre os destinos sendo difundida, requer-se a vantagem de ter a capacidade de gerir eficazmente todos os componentes do sistema de turismo, para garantir que o sucesso seja alcançado. Para auxiliar a atingir esse objetivo, muitos destinos criaram as Destination Management Organization ou Organização de Gestão do Destino (DMO), visando prover liderança para a gestão do turismo no destino. Apesar de os papéis das DMOs já terem sido explorados (PREZENÇA, 2005), ainda há muito a ser feito para se entender como a DMO pode ser mais eficazmente estruturada e operada, de modo a tornar o destino para o qual é responsável mais competitivo e, finalmente, bem sucedido. Mas, em vista da complexidade, da heterogeneidade e da complementaridade das atividades econômicas que compõem os serviços prestados ao turista, a competitividade de um destino turístico não pode ser avaliada a partir de uma única atividade econômica. Dessa forma, para análise da competitividade de destinos turísticos é necessária uma visão abrangente que considere os diversos fatores que direta ou indiretamente influenciam o seu desempenho (MIKI; GÂNDARA; MEDINA-MUÑOZ, 2011). Dessa forma, preconiza-se que os planejadores e gestores de um determinado destino turístico devam identificar em qual segmento de mercado se está mais capacitado para 30 atender, levantando e selecionando os atrativos de modo a analisar quais destes possuem maior singularidade, para que possa ser um diferencial que venha a satisfazer e atrair os visitantes (CHIAS, 2007; PETROCCHI, 2004). Kotler (1993) salienta que melhorar a imagem não é suficiente para garantir a prosperidade de uma cidade num conceito de destino turístico. É necessário desenvolver características especiais para satisfazer os moradores e atrair pessoas de fora. Há cidades que possuem atrações naturais (Rio de Janeiro), outras beneficiam de uma extraordinária herança de construções históricas (Atenas) e há ainda aqueles países que investem na construção de monumentos famosos como a Torre Eiffel em Paris, na França, o Empire State Building de Nova Iorque, Estados Unidos, ou o Taj Mahal na Índia. No que tange às questões para o desenvolvimento dos recursos humanos, sua função parece ser essencial em qualquer âmbito, tanto nas organizações quanto nos destinos. Na importância atribuída ao turismo sustentável, as questões relevantes remetem à participação de forças vivas no planejamento e na gestão dos destinos (BAPTISTA, 2003). Há ainda a preocupação com os recursos herdados, as questões econômicas, os condicionantes dos transportes, as novas modalidades de trabalho em benefício dos residentes e outras situações que permitam o bem-estar. Além disso, parecem importantes aquelas questões que promovam a participação e a integração das populações locais, individualmente ou em grupos, de forma que o turismo estabeleça um processo de interesse comunitário (BAPTISTA, 2003). A esse conceito de destino, está atrelado o exposto sobre marketing. Nesse sentido, ao partir da ideia de que o marketing é muito mais do que a soma de meras ações promocionais para gerar demanda, Font (2009) argumenta sobre a preocupação que os gestores devem ter com o uso das ferramentas de marketing para gerir destinos de forma responsável, contribuindo para um direcionamento adequado e que seus resultados sejam um reflexo das ações projetadas. Além disso, Horner e Swarbrooke (1996) argumentam que o marketing de destino envolve o uso de turismo como um meio para um fim e não um fim em si, por razões que incluem a melhoria da imagem de uma área para atrair indústrias, o aumento da gama de serviços e equipamentos disponíveis para a comunidade local, dando aos residentes locais mais orgulho da sua área local, fornecendo uma justificativa de financiamento de melhorias para o meio ambiente local, e tentando fazer com que o destino fique politicamente mais aceitável para os forasteiros. Embora seja amplamente reconhecido que o marketing contribui muito para o 31 desenvolvimento de destino (COOPER et al., 1998;HOWIE, 2003; PRIDEAUX;COOPER, 2002), o processo não é sempre fácil ou bem compreendido e é particularmente uma forma desafiadora da arte do marketing (BENNETT, 1999).Os desafios são relacionados com a complexidade do produto turístico e o número dos intervenientes envolvidos no marketing de destino. À medida que as definições de comercialização tanto de lugar e destino se intensificam, surge um grande desafio: a fragmentação da propriedade. Não há um único produto sobre o qual o produtor tem o controle total. O produto turístico é composto por organizações de diferentes tamanhos, governo, incluindo o meio ambiente natural. E a imagem de um destino pode ser afetada por eventos externos incontroláveis (BENNETT, 1999). Assim, existem muitas e diferentes partes interessadas envolvidas no processo, incluindo tanto organizações públicas e privadas, bem como os moradores locais, todos os quais, individualmente, têm pouco controle sobre a comercialização do produto. Essa falta de controle sobre as muitas organizações de marketing de produto turístico levaram o destino a concentrar-se, principalmente, sobre o aspecto promocional do mix de marketing (HORNER; SWARBROOKE, 1996). As definições sugerem que o marketing de destino deva satisfazer as necessidades de todas essas partes interessadas, bem como os segmentos-alvo. Assim, Prideaux e Cooper (2002) argumentam que o marketing de destino deva ocorrer não só do lado da demanda para aumentar o número de visitantes, mas também do lado da oferta para comercializar o destino a intermediários e aumentar o número de vendedores, por meio de investimentos em alojamento, entretenimento e infraestrutura, etc. Os autores, no entanto, notam que ao lado do marketing de destinos a oferta é uma subárea pesquisada, em oposição ao que exige o marketing. Na dimensão organizacional, além das maneiras como se processam as relações entre as organizações, enfatiza-se a necessidade de que elas sejam fundamentadas e consolidadas com base em uma distribuição simétrica de poder. É preciso, portanto, entre as organizações que constroem a coalizão da força-tarefa do sistema de gestão do turismo, um equilíbrio de forças, uma soma de interesses, e que se equilibrem as disputas por poder (SROUR, 1998; ADIZES, 2004; CARLZON, 2005). Quanto aos papéis, às funções e às responsabilidades dos atores, não é somente no turismo que se apresentam questionamentos, dúvidas e indefinições sobre a atuação do setor público. Essa situação abrange e afeta as atividades econômicas de maneira geral. 32 (HIRSCHMAN, 1961; RAMOS, 1989; SANTOS, 2004). Por isso é necessário compreender os conceitos de gestão estratégica e o planejamento turístico. 2.3. Gestão estratégica e planejamento em turismo O planejamento estratégico municipal pode se constituir em um instrumento de política pública relevante para o planejamento e desenvolvimento local e regional. Principalmente pelas dificuldades dos recursos financeiros nos municípios, pela obediência à Lei de Responsabilidade Fiscal, pela exigência do Estatuto da Cidade e pelas pressões dos munícipes e dos interessados na cidade. Tais interessados também podem ser chamados de atores sociais ou stakeholders, residentes ou não no município. Essas pressões podem ser minimizadas pela elaboração e implementação de um planejamento estratégico participativo nos municípios, pois pode propiciar o envolvimento coletivo dos cidadãos com seus anseios e pode descentralizar e compartilhar as decisões dos administradores locais. Cooper et al. (1998) identificaram os objetivos ou metas – que não devem ser conflitantes entre si –, para a estratégia. Esses objetivos estão presentes nos planos de desenvolvimento de turismo, dos quais se destacam: a alta qualidade oferecida ao cliente; fomento da prática do turismo; distribuição dos benefícios pela população receptora; desenvolvimento de projetos arquitetônicos e de paisagismo como forma de preservação dos recursos culturais e naturais; implementação de políticas e programas nos destinos, capazes de atrair turistas de todo o mundo; maximizar a entrada de divisas; atrair turistas com gasto médio diário elevado; promoção do emprego no destino; e criação de condições para que as regiões periféricas interrompam o recurso à emigração e elevem os seus níveis de rendimento e de emprego (COOPER et al., 1998). Essa perspectiva poderia ser recomendada aos responsáveis políticos dos países que pretendem apostar no turismo, enquanto indústria estruturante para as suas economias. Mas, se a aposta assentar exclusivamente no monoproduto Sol e Praia, por exemplo, alguns riscos se colocam. O marketing de destinos, para Lundberg (1990) e Kastenholz (2005), envolve o esforço global de identificar o que o destino tem para oferecer (quais os produtos), quais os grupos de pessoas têm o tempo, o dinheiro e o desejo de viajar para o destino (mercado-alvo), e qual a melhor forma de entrar em contato e convencê-los a viajar para esse destino. Por seu turno, pelo lado da procura, os consumidores tomam as suas decisões a partir do juízo que fazem acerca das variáveis relevantes do destino que irão visitar. Assim, relativamente à gestão estratégica e marketing dos destinos, Moutinho (2000) estuda as várias influências no processo de tomada de decisão do consumidor, bem como o seu 33 comportamento. O autor relaciona o preço com a qualidade e o valor percebido por parte do consumidor, apresenta os principais métodos de fixação de preços em turismo, encara a gestão da qualidade sob várias perspectivas e refere, neste domínio, a importância das principais técnicas de análise multivariada. A oferta turística inclui a qualidade de serviço, garantida pela oferta de mão-de-obra especializada – com competências e um nível de educação adequado – e preparada para responder às expectativas dos visitantes. Cada modelo de análise de destino, em específico, fornece contribuições particulares e possibilita, de acordo com seus indicadores e variáveis, a compreensão ou esquematização do objeto de análise. Buhalis (2000) fornece a visão geral de várias modelos para o marketing estratégico e gestão de destinos, entre elas, estrutura de 6 (seis) itens, também denominadas de 6 As que são: A1– Attractions (Atrações): naturais, artificiais, construídas propositadamente, patrimônio, eventos especiais; A2 – Accessibility (Acessibilidade):sistema de transporte inteiro composto de rotas, terminais e veículos; A3 – Amenities (Serviços):alojamento e restauração, instalações, varejo, outros serviços turísticos; A4 – Available packages (Pacotes disponíveis):pacotes pré-arranjado por intermediários e diretores; A5 – Activities (Atividades): todas as atividades disponíveis no local de destino e que os consumidores vão fazer durante a sua visita; A6 – Ancillary services (Serviços auxiliares): serviços utilizados pelos turistas, tais como bancos, telecomunicações, correios, quiosques, hospitais, etc. No entender de Buhalis (2000), para uma correta análise da amálgama que caracteriza um destino, é preciso considerar em primeiro lugar a complementaridade destes elementos, sendo a qualidade de cada um deles fundamental para o seu sucesso. Dando como exemplo um fraco serviço de restaurante ou de alojamento poderá contribuir para o declínio da satisfação do turista. Além disso, é de sublinhar que, apesar de os serviços turísticos serem essenciais para o desenvolvimento do setor, sem a existência de atrações, não conseguem vingar, pois são por elas motivados. Quer isto dizer que um hotel por si só, por exemplo, não é considerado uma atração turística, mas se um destino não tiver bons hotéis não se registrarão deslocações 34 turísticas e o setor não se expandirá (BUHALIS, 2000). De acordo com Buhalis (2000), a gestão estratégica e os objetivos de marketing para os destinos consistem em aumentar a prosperidade a longo prazo da população local; encantar os visitantes pela maximização da sua satisfação; maximizar a rentabilidade financeira das empresas locais e maximizar os efeitos multiplicadores; otimizar os impactos do turismo, assegurando um equilíbrio sustentável entre os benefícios econômicos e os custos socioculturais e ambientais. Este autor trata dos impactos relativos a cada fase do ciclo de vida do produto/destino turístico, evidenciando as características do destino, o marketing, os impactos econômicos, os impactos sociais e os impactos ambientais. A oferta turística tende a mudar para responder ao novo perfil dos turistas e para enfrentar a concorrência. A adoção de novos instrumentos e modelos de gestão e a procura de soluções inovadoras têm levado as empresas a modernizar-se e a reduzir custos (BUHALIS, 2000). Middleton e Clarke (2001) propõem 12 etapas para o marketing dos destinos: (1) pesquisa de dados e inteligência de marketing; (2) representação nos mercados de origem; (3) organização de Workshops e de “trade shows”; (4) viagens de familiarização (de jornalistas, agências de viagens e operadores turísticos); (5) manuais de vendas de viagens; (6) apoio com produção de literatura e distribuição; (7) participação em esquemas de marketing conjunto ou joint ventures; (8) sistemas de informação e de reservas; (9) apoio a novos produtos; (10) consórcios comerciais; (11) assistência e proteção ao consumidor; e (12) consultoria ao setor. Essas tarefas enquadram-se nas políticas governamentais, em termos de estratégia de marketing de turismo, para aumentar as receitas do turismo, para “atrair a procura por estação e por área do país”, para “proteger os interesses dos consumidores e aumentar a qualidade do produto e do ambiente do destino” e para “assegurar o desenvolvimento sustentável”, ou seja, o “crescimento inteligente” (MIDDLETON; CLARKE, 2001). Assim, importa definir as prioridades nesse domínio. Trata-se de um processo complexo que envolve pessoas, processos, design (do destino com a sua componente simbólica), filmes, utilização dos serviços Business-to-business (B2B), sistemas de gestão de destinos na web, consultoria, entre outros meios altamente dispendiosos, apesar dos recursos serem escassos. Os desafios impostos por um ambiente empresarial competitivo no setor turístico têm exigido a adoção de estratégias para a conquista e manutenção de mercados. Os gestores desse segmento precisam encontrar a melhor forma de criar valor superior para o cliente, proporcionando vantagem competitiva para a organização. 35 Riege e Perry (2000) apresentam três abordagens de estratégia para o turismo: 1) abordagem orientada para o consumidor; 2) abordagem para a competição; 3) e a orientação para as empresas. A abordagem orientada para o consumidor inclui a estratégia de marketing não diferenciada (total cobertura do produto/mercado), a qual focaliza nas expectativas dos mercados-alvo, ou seja, os esforços de marketing concentram-se nas necessidades e no comportamento de determinados segmentos-alvo. Na abordagem orientada para o consumidor pode-se referir igualmente à estratégia de marketing diferenciada (especialização do produto, especialização do mercado, ou especialização do produto/mercado), que procura identificar as características de diversos grupos de consumidores através do uso de instrumentos de marketing dirigidos a alvos específicos por criar e implementar uma abordagem de marketing e um programa que sejam ajustados às necessidades e às expectativas de um dado segmento (RIEGE; PERRY, 2000). Na abordagem para a competição (abordagem orientada para o competidor), o papel da estratégia de marketing é desenvolver, manter e defender a posição de uma organização. Para ganhar a liderança pela qualidade do produto, as organizações públicas e privadas devem esforçar-se para alcançar a liderança pelo custo/preço, pela diferenciação ou ainda na concentração em nichos de mercado (ex: ecoturismo ou turismo de massa, por via de pacotes de baixo custo) (RIEGE; PERRY, 2000). Na orientação para as empresas, tem-se como foco os desejos e os problemas dos intermediários e as necessidades da procura. Portanto, importa salientar o grau de envolvimento das organizações nos canais de distribuição entre continentes e as reações e respostas das organizações às estratégias de marketing e de distribuição dos intermediários. Assim, as organizações terão à sua disposição quatro estratégias possíveis: by-passing; cooperação; conflito; e adaptação. Em termos estratégicos, as parcerias público-privadas, no domínio da promoção, terão a ganhar se adotarem a perspectiva de Riege e Perry (2000), nos domínios acima referidos, distribuindo os recursos de marketing por produtos, regiões, segmentos e mercados. O conceito de planejamento inserido nas atuações de políticas públicas está diretamente relacionado ao processo de desenvolvimento que, se integrados, poderiam atingir todas as formas de planejamento – econômico, físico, social e cultural. Compreender o direcionamento da política turística local inserida em todo processo de planejamento sistêmico, permite enquadrar o turismo como uma atividade propulsora do desenvolvimento local, e não apenas como um setor subsidiário da economia (ANJOS, 2013). Segundo Anjos et al. (2013), a gestão e o planejamento são complementares, inter- 36 relacionados e dependentes no sentido da eficácia de ambos. A gestão de cada processo de planejamento precisa ser eficiente o suficiente para perseguir os objetivos propostos, e intrinsecamente flexíveis para acompanhar as mudanças dos ambientes internos e externos. O planejamento, por sua vez, precisa preocupar-se com a gestão de cada processo, que deve acontecer de forma contínua e sistêmica. O planejamento se configura como um processo cíclico retroalimentado constantemente, e mesmo se expressando linearmente no tempo, possibilita a geração de propostas e soluções num ambiente contínuo de tomada de decisões, tendo um caráter muito mais complexo do que uma sequência de atividades. A primeira fase quando se potencializa a marca do destino, de acordo com Morgan e Pritchard (2004), é o estudo de mercado, análise e recomendações estratégicas. Isso sugere que os elementos importantes estão relacionados com a situação dos fatores de análise, metas, objetivos e estratégia. Vários autores têm identificado a necessidade de uma orientação de longo prazo em marca de destino, por exemplo, Curtis (2001), Deffner e Metaxas (2005) e Pride (2002). Da mesma forma, Ritchie e Ritchie (2002) destacam a necessidade de uma abordagem mais holística e estratégica para o destino de marketing para atingir sustentável vantagem competitiva, em oposição a uma abordagem de promoção orientada. Já Rainisto (2004) destacou a importância das alternativas estratégicas para a incerteza futura. Inúmeras situações podem levar uma cidade a formular metodologicamente um planejamento estratégico municipal. Por exemplo, a possibilidade de criar um consenso sobre um modelo de futuro da cidade, segundo a percepção das mudanças que se produzem ao redor da mesma, de dar respostas às crises, à recessão dos setores básicos da economia territorial e também, de perseguir uma maior coesão e integração territorial. Essas situações podem facilitar a gestão estratégica das cidades (BORJA, 1995; ESTEVE, 2000). Os conceitos advindos do planejamento empresarial podem ser adotados pelos governos locais em razão das cidades estarem submetidas às mesmas condições e desafios que as empresas (ARANTES et al., 2000). Surge como uma ferramenta para afrontar a problemática urbana na medida em que permite a possibilidade para agir sobre as populações e os territórios; sobre a desigualdade, pobreza e informalidade; sobre infraestruturas urbanas e de mobilidade; sobre o espaço público; sobre a competitividade e a nova economia da cidade e seu relacionamento com a gestão urbana; sobre a sustentabilidade; e, finalmente, sobre a construção de um projeto de cidade (CIDEU, 2004). O planejamento estratégico pode ser situacional, mas exige uma metodologia adequada para sua elaboração (MATUS, 1997). Assim, a disposição dos ganhos adequados para todos os interessados, visão de longo 37 prazo e os impactos negativos do turismo para além da visitação são indicadores de uma orientação estratégica. Segundo Schiffman e Kanuk (2004), a segmentação de mercado é o primeiro passo numa estratégia de marketing, ela permite aos produtores evitar uma competição frontal em situação de mercado, através da diferenciação da sua oferta, trabalhando não só ao nível do preço, mas também do design, embalagem, método de distribuição e serviços associados. Somente após a segmentação estar concluída, torna-se vital selecionar um ou mais segmentosalvo, aplicar o marketing mixe, por fim, posicionar o produto no mercado, colocando-o a disposição do consumidor de acordo com os segmentos identificados. 2.3.1. Segmentação do Mercado Turístico Todas as pessoas que visitam um local necessitam de alimentação, estadia e muitas vezes gastam também na compra de produtos locais e em outros bens ou serviços. Todos esses gastos têm um fator multiplicador no emprego e na receita gerada pelos negócios. Esses visitantes supostamente gastam mais num local do que o custo em que se incorre por lhes fornecer os bens e os serviços. Assim uma cidade, do ponto de vista de consumo realizado, deveria tentar atrair os visitantes que gastam mais por dia e ficam o maior período de tempo. Definir o perfil dos turistas que já visitam ou que pretendem visitar uma localidade contribui no planejamento da oferta e diversificação dos produtos e serviços. Ajuda também a atender as expectativas dos visitantes e conseguir que retornem, ou que fiquem com uma imagem positiva da experiência que tiveram. Para isso, é importante entender o comportamento de compra e as motivações que fizeram os visitantes irem até outra cidade, região ou país (MTUR, 2010). Segmentar é dividir a demanda em grupos diferentes nos quais todos os clientes compartilham características relevantes que os distinguem de clientes de outros segmentos (LOVELOCK; WRIGHT, 2001). A sociedade está constituída por um número substancial de pessoas com necessidades básicas já satisfeitas e que estão canalizando seu tempo, dinheiro e esforços para satisfazer outras necessidades e desejos, como o lazer, a viagem, o turismo (TRIGO, 2003). Uma cidade precisa elaborar um conjunto de objetivos e estratégias em relação aos visitantes, em vez de promovê-los ao acaso. Uma vez definido o perfil dos visitantes, a cidade deve também definir a afluência média de visitantes para poder investir na infraestrutura adequada a este objetivo (KOTLER et al., 1993). Ainda sobre a segmentação, vale observar o exposto por Ignarra (2003), que esclarece que a demanda turística de milhões de 38 consumidores é constituída por inúmeros segmentos e esta segmentação pode ser feita através de vários critérios, conforme apresentado no Quadro 2. Quadro 2 - Segmentos do mercado turístico Critérios de segmentação Idade Nível de Renda Meio de Transporte Duração de Permanência Distância do mercado consumidor Tipo de grupo Sentido do fluxo turístico Condição geográfica da destinação política Aspecto cultural Grau de urbanização da destinação turística Motivação da viagem Segmentos Turismo infantil, juvenil, meia idade, terceira idade Turismo popular, de classe média, de luxo Turismo aéreo, rodoviário, ferroviário, marítimo, fluvial/lacustre Turismo de curta, média e longa duração Turismo local, regional, nacional, continental, intercontinental Turismo individual, de casais, de famílias, de grupos Turismo emissivo, receptivo Turismo de praia, de montanha, de campo, de neve Turismo étnico, religioso, histórico Turismo de grandes metrópoles, de pequenas cidades, rural, de áreas naturais Turismo de negócios, de eventos, de lazer, de saúde, educacional, de aventuras, esportivo, de pesca Fonte: adaptado de Ignarra (1999, p. 80-81apud MOTA, 2001). Mesmo diante de tantos segmentos, sabe-se que as possibilidades de enumerá-los são ainda maiores, considerando subsegmentos dentro daqueles expostos e segmentos agrupados ou cruzados, que uniriam mais de um segmento. Todo esse esforço de segmentar o mercado turístico é compensado diante das inúmeras vantagens advindas de sua aplicação: selecionar grupos homogêneos; permitir conhecer com detalhe as características e preferências da demanda turística real e potencial; influenciar a estrutura da oferta; melhorar a relação custobenefício dos esforços de marketing; elevar o índice de atendimento às expectativas do turista; permitir atenuar a sazonalidade (MOTA,2001). No que tange ao turismo de luxo, abordado nesta dissertação, vale observar que ele está incluso na segmentação do Nível de Renda ou também chamada de Segmentação Econômica, conforme se observa no quadro acima (Quadro 2). A segmentação por renda é bastante utilizada em todos os segmentos de negócios, e entender qual é o nível de renda dos visitantes que se deseja atrair se torna fundamental para a criação e oferta dos produtos e serviços de uma localidade. Conforme visto anteriormente, 39 Ignarra (1999) classificou o turismo de acordo com o nível de renda como: popular, de classe média e de luxo. Este tipo de segmentação considera normalmente a renda bruta mensal familiar do grupo de indivíduos de acordo com a hierarquização de suas receitas (MTUR, 2010). É quase sempre baseada no nível de renda dos indivíduos. Pela teoria microeconômica, sabe-se que quanto mais alto o poder aquisitivo, maior será o montante de produtos turísticos demandados. Assim, a renda dos consumidores é a mais importante variável econômica, juntamente com os preços dos bens e serviços turísticos. (LAGE, 1992) No intuito de segmentar mercados, muitas vezes optando por segmentações de elevado nível econômico, os agentes selecionam produtos turísticos sofisticados e luxuosos, elevando os preços de tal forma que o consumo daquele produto só será efetivado por uma distinta classe econômica de viajantes, para os quais o fator preço é irrelevante. (LAGE, 1992) O mercado de luxo começou a ser reconhecido a partir dos anos 80 e tem-se revelado como um tema de crescente interesse para os investigadores e profissionais da área. Este mercado tem aumentado consideravelmente, uma vez que o apetite por marcas de luxo para consumidores com elevada capacidade financeira também aumentou (FIONDA; MOORE, 2009). Além disso, com as variáveis econômicas em mudança, nos últimos anos ascenderam novos-ricos, e consequentemente, emergem novos consumidores de bens de luxo com diferentes motivações e necessidades (HEINE, 2012). Tendo em vista esta nova realidade, e para melhor compreender este segmento de luxo, a seguir tem-se uma abordagem sobre o tema. 2.4. Turismo de luxo Passa-se agora a outro conceito basilar deste trabalho, que culmina na descrição e fundamentação sobre o universo do luxo, a partir da sua definição, seus conceitos no Brasil e no mundo, origem, essência, mudanças e tipos. Essa análise se faz necessária para que se possa entender os paradigmas enfrentados pelo tema Turismo de Luxo. Na busca de maiores conhecimentos sobre o tema luxo, no início deste trabalho na coleta dos dados, verificaram-se inicialmente na base de dados EBSCO, 218 (duzentos e dezoito) publicações relacionadas ao “consumo de luxo”. Destes foram selecionados 113 (cento e treze), 55,66% artigos completos referentes ao tema e que eram artigos oriundos de revistas acadêmicas (revisadas por especialistas), contudo 105 (cento e cinco) foram excluídos por não se enquadrarem nos critérios estabelecidos. Na seleção final restaram 09 (nove), 0,05% artigos que foram utilizados no estudo. 40 Na utilização da palavra-chave “Hotel de Luxo” foram encontrados 7.794 (sete mil setecentas e noventa e quatro) publicações, que após a filtragem para textos completos e de revistas especializadas (escritas por especialistas) restaram 105 (cento e cinco) textos. Destes foram excluídos 90 (noventa) publicações por ser repetido, não serem artigos científicos ou não estarem em conformidade com o tema, restando assim 15 (quinze) artigos. Desta forma o trabalho realizou-se com um total de 24 (vinte e quatro) publicações, sendo 9 (nove) relacionadas ao “consumo de luxo” e 15 (quinze) relacionadas aos “hotéis de luxo”, oriundas desta base de dados (EBSCO), a qual apresenta publicações do período de 1996 a 2012 (Quadro 3). Quadro 3 - Principais áreas de estudo e assuntos relacionados ÁREA DE PUBLICAÇÃO/ ESTUDO PALAVRA-CHAVE 1-Luxury Hotels Marketing 2-Luxury Hotels Marketing 3-Luxury Hotels Marketing 4-Luxury Hotels Marketing 5-Luxury Hotels Marketing 6-Luxury Consumption Marketing 7-Luxury Consumption Marketing 8-Luxury Consumption Marketing 9-Luxury Hotels Marketing 10-Luxury Hotels Recursos Humanos 11-Luxury Hotels Recursos Humanos 12-Luxury Hotels Marketing 13-Luxury Hotels TI (Tec.da Inform.) 14-Luxury Consumption Marketing 15-Luxury Consumption Marketing 16-Luxury Consumption Marketing 17-Luxury Hotels Marketing 18-Luxury Consumption Marketing 19-Luxury Hotels Marketing 20-Luxury Consumption Marketing 21-Luxury Hotels Marketing 22-Luxury Hotels Marketing 23-Luxury Hotels Recursos Humanos 24-Luxury Consumption Marketing Fonte: base EBSCO, elaborado pela autora. ASSUNTO Comportamento do consumidor Comportamento do consumidor Comportamento do consumidor Comportamento do consumidor Comportamento do consumidor Comportamento do consumidor Comportamento do consumidor Comportamento do consumidor Comportamento do consumidor Comprometimento dos funcionários Motivação dos funcionários Comportamento do consumidor Desempenho dos sites Comportamento do consumidor Comportamento do consumidor Comportamento do consumidor Comportamento do consumidor Comportamento do consumidor Qualidade dos serviços(produto) Comportamento do consumidor Comportamento do consumidor Comportamento do consumidor Desenvolvimento de funcionários Comportamento do consumidor O discurso de desigualdade e a forma reducionista de operacionalizar as ferramentas de marketing impedem de desenvolver um mercado que apresenta enormes potenciais de crescimento, geração de renda e trabalho. Frente a essa perspectiva, e vislumbrando um 41 período de aumento do poder de compra e do nível de consumo, os profissionais do marketing e da publicidade se deparam com novas questões. Nesse contexto, passa a ser importante entender as peculiaridades e as potencialidades do mercado de luxo no Brasil e no Mundo. Até o momento, o paradigma do marketing de luxo tem sido baseado na suposição de que os bens de luxo deverão ser comercializados como exclusivos e prestigiosos - motivações extrínsecas para comprar. Entretanto, pouco esforço tem sido feito para atrair clientes intrinsecamente motivados. E esses consumidores não só crescem em número (KIM et al.,2003; SHELDON et al., 2004; GROUZET et al., 2005), como também estão interessados em consumo distinto e notável. Yann Truong (2010) descobriu que eles visam à qualidade e ao prazer, o que nenhum estudo anterior parece ter sugerido. Portanto, pensar o segmento de luxo em Balneário Camboriú, obriga a uma reflexão sobre o que foi o desenvolvimento da oferta turística no país, e sobre a transformação que o mercado observou nos últimos anos, fruto da crise financeira internacional, iniciada em 2008. A aceitação e legitimação do consumo de bens de prestígio dependem, em boa proporção, da cultura local (D‟ANGELO, 2004). Ademais, o marketing de destino facilita a realização da política de turismo, que deve ser coordenado com o plano de desenvolvimento estratégico regional. A comercialização de destinos também deve orientar o turismo para a otimização dos impactos e a maximização dos benefícios para a região. De acordo com Trigo (2009) é necessário que especialistas façam estudos para dimensionar a ação eficiente de uma região. Há vários tipos de aproveitamento possíveis, desde hotéis, condomínios de luxo, até núcleos de estada para a classe média e os mais pobres. Uma verdadeira democracia deve se estender a todos os campos. Nesse ínterim, a escolha do tema justifica-se pela importância que tanto o segmento do luxo como o marketing possuírem no contexto atual e, como podem trazer benefícios para uma localidade com a aplicação de suas ferramentas e estratégias. De acordo com Casterède (2005), o Brasil é um dos destinos preferidos do turismo de luxo, pois somente em 2003, recebeu mais de quatro milhões de turistas estrangeiros. Embora a economia mundial seja consistentemente flutuante e até mesmo esteja experimentando uma escala de significativa desaceleração (THE ECONOMIST, 2008; FORBES, 2008), muitos consumidores exigem luxo e estão dispostos a pagar preços mais altos por ele (BAKKER, 2005). O mercado respondeu a essa tendência, oferecendo uma ampla gama de produtos e opções de viagem de luxo (BAKKER, 2005). Assim, o mercado de luxo tornou-se um segmento importante na indústria de viagens e turismo. A chave para entrar nesse atraente mercado é estudar suas necessidades e os produtos e serviços que devem ser 42 oferecidos para se personalizar uma marca. Tendo em vista a dinâmica de crescimento no mercado de luxo e da disponibilidade de bens de luxo para uma gama maior de consumidores do que nunca, o mercado de luxo tem transformado a partir de seu modelo de consumo conspícuo tradicional para uma nova sensibilidade de luxo experiencial marcado por uma mudança na forma como os consumidores definem luxo. Num contexto global, é extremamente importante para pesquisadores e profissionais de marketing de luxo entender como os consumidores que compram luxo acreditam que o luxo é e como é sua percepção e valor do luxo no seu comportamento de compra. Wiedmann et al (2007) desenvolveram um arcabouço conceitual integrado de percepção de valor dos consumidores de luxo para pesquisadores e profissionais de marketing de produtos de luxo, que desejem medir as dimensões da percepção do consumidor de luxo como uma base geral para as estratégias de marketing para melhorar o valor de compra em diferentes segmentos de consumidores que abrangem todo o globo. O modelo mostra que as dimensões individuais e sociais, bem como financeiras e funcionais impactam significativamente a percepção de valor do consumidor de luxo e consumo a nível internacional. Como o luxo é uma construção subjetiva e multidimensional, uma definição do conceito de luxo deve seguir um entendimento integrador. Para seus propósitos, os autores definiram luxo como o mais alto nível de marcas de prestígio que abrange vários valores físicos e psicológicos. Para os autores é necessário levar em consideração para explicar o comportamento dos consumidores em relação às marcas de luxo, além de aspectos interpessoais como esnobismo e notabilidade, também aspectos pessoais, como hedonismo e motivos perfeccionistas, bem como condições situacionais (por exemplo, os fatores econômicos, sociais e políticos). O consumo de bens de luxo envolve a compra de um produto que represente valor ao indivíduo e seu grupo de referência. Além disso, uma percepção diferenciada do valor de luxo pode ser dependente do contexto cultural e das pessoas envolvidas. É comum e unânime entre os estudiosos a dificuldade de conceituar luxo, justamente porque muito do consumo de bens e serviços de luxo não segue os caminhos da racionalidade, ou seja, são escolhas emocionais. A tomada de decisão de consumo é movida pelo desejo, pelo sonho e pela necessidade de pertencer socialmente ou melhorar a autoestima. Refere-se aqui aos níveis superiores da Escala das Hierarquias das Necessidades de Maslow, ou seja, as necessidades de status e autoestima (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Os seres humanos sentem necessidades diversas, não só ao nível de sua sobrevivência ou subsistência, 43 mas também muito mais sofisticadas: de prazer; de imagem social; de posse; de prestígio. Sabe-se que a imagem social de uma pessoa depende, pelo menos em parte, dos produtos que compra e consome. O mesmo fenômeno ocorre com o seu autoconceito: as impressões do tipo de pessoa que ele sente que dependem, parcialmente, do que possui. Entre suas variadas definições, luxo é remetido ao significado original da palavra proveniente do latim luxus, que traz como sinônimos: abundância; refinamento; magnificência; ostentação (D‟ANGELO, 2006). Sem esquecer que, etimologicamente, a conceituação de luxo se dá pelo excesso (VILLAÇA; CASTILHO, 2006). O conceito do luxo é dinâmico e histórico, e pertence a uma sociedade em determinado momento e lugar. Na medida em que seu consumo é divulgado, deixa de representar uma distinção social. O luxo não está no objeto, mas no julgamento de um sujeito sobre o seu valor. O conhecimento sobre marcas de luxo é sofisticado e requer competências específicas. Nem todos os produtos de prestígio são necessariamente de luxo e dentro da categoria de luxo existe uma gradação de prestígio. O gosto, embora tenha uma parcela de origem individual, é moldado pelo meio, e isso vai influenciar as atitudes e os comportamentos de consumo e socialização. A teoria de Hábitos de Bourdieu fornece uma explicação baseada no espaço de posições sociais organizadas em torno de três dimensões: o volume total de capital social, cultural e econômico, sua composição e trajetória no tempo. A forma cultural do capital incorporada, o hábito, implica na assimilação de disposições culturais (STREHLAU, 2004). Allérès (2000) divide o mercado de luxo em três níveis: classe dominante; classe dirigente; e classe prospectiva. A Classe dominante, que procura sempre se diferenciar das demais classes sociais, buscando produtos novos e seletivos para afirmar sua “superioridade”. A Classe dirigente, que inclui pessoas de alto poder aquisitivo, que cultivam o consumismo e buscam no luxo o mesmo status da primeira camada, e são mais voltadas para as tendências, sendo denominados de “novos ricos”. E, a Classe prospectiva, que inclui as pessoas da classe média que seguem as tendências ditadas pelas grifes de luxo e buscam copiar as classes de maior poder aquisitivo e os formadores de opinião, como celebridades e pessoas socialmente conhecidas (ALLÉRÈS, 2000). Ou seja, o mercado de luxo não só se divide pelo poder aquisitivo, mas também pelo nível de cultura de cada um. Vigneron et al (2004) estabeleceram motivações para o consumo dos bens de luxo. Em resumo suas teorias compreendem: o desejo de ser único, de exclusividade e diferenciação; o desejo de melhorar o autoconceito, projetando sucesso e poder; o desejo de 44 exteriorizar a própria personalidade; a necessidade de marcar a filiação a um grupo social almejado; o hedonismo, o desejo de estímulos aos sentimentos e estados afetivos, busca do próprio prazer, deleite ao excitar positivamente os órgãos dos sentidos; o perfeccionismo, busca da melhor qualidade e de um desempenho superior; o desejo de ostentação, de exibição da riqueza ou da conquista de uma ascensão social; motivação emocional ou a busca de uma experiência excepcional como compensação ou autoindulgência; desejo de marcar-se como elite, como símbolo de status hereditário. De acordo com Allérès (1997), pela história que se encerra, pela importância que se reveste ao campo das necessidades e desejos, nenhum objeto, em nenhuma civilização é marcado pela neutralidade absoluta. Nenhum objeto é isolado em sua própria existencialidade. Tudo se conserva junto, num sistema cerrado e correspondências e assimilações, como a existência mais fatal, está formigada de símbolos, o homem mais realista vive de imagens. Entretanto, percebe-se que o objeto de luxo não é procurado apenas como símbolo que oferece prestígio e transmite poder. Ele também faz sonhar e representa uma espécie de reencantamento com o mundo. Isso significa que não se compra somente aquilo que é necessário, mas também o que transmite sensações, e o que dá prazer. Além disso, as representações envolvidas em um produto de luxo respondem a todas as necessidades hedonistas, de desejo, da sociedade moderna (ALLÉRÈS, 1997). Lipovetsky e Roux (2005) indicam o luxo como um conceito que, como foi proposto, pode ser expresso por diversos materiais, objetos, seres e lugares. Esses elementos perceptíveis assumem um valor simbólico específico, porque passam a representar os sentimentos e ideias que caracterizam o conceito de luxo. A relação entre os elementos de representação e a ideia de luxo é estabelecida por grupos qualificados e restritos, de acordo com os códigos culturais de uma época e um lugar. O luxo como valor simbólico é atribuído aos seres humanos, os quais detêm o privilégio de possuir e usufruir dos bens luxuosos seja por razões mágicas, religiosas, políticas ou, como é mais comum na atualidade, por riqueza ou poder econômico. O luxo, portanto, é um fenômeno social, que atua diretamente sobre o desejo de poder, distinção e legitimidade dos indivíduos. Decorre disso o seu grande valor comercial, tanto para as marcas quanto para os produtos, que são reconhecidos e divulgados como artigos de luxo. Os bens de luxo maximizam uma família de fatores racionais e irracionais, justificando as escolhas de consumo mais complexas: multiplicidade das influências; do ambiente imediato; do contexto; da cidade; e da liberação dos desejos profundos, dos sonhos e 45 fantasias. A forma de caracterizar o luxo depende muito do momento histórico em que encontra-se. Em todas as épocas, o uso de objetos de luxo se verifica, principalmente para marcar a fronteira entre uma classe social favorecida e o resto da população. Segundo o filósofo Gilles Lipovetsky (2007), um dos maiores pensadores atuais sobre o universo dos bens e serviços Premium, não há sociedade que rejeite o conceito de luxo. Desde o período paleolítico (muito antes do esplendor dos palácios), o homem tem tido comportamentos ligados ao luxo: adornos; festas; consumo despreocupado dos bens de reserva etc. Segundo Diniz (2012), também se sustenta que desde os primórdios, o luxo é a medição da riqueza de uma classe social e, até mesmo, de uma nação, haja vista que ninguém apostaria na confecção e venda de peças de luxo onde não houvesse, ao menos, perspectiva desse consumo. É preciso que se entenda que, do ponto de vista do consumidor, o artigo de luxo faz despertar sentimentos de desejo e admiração, tanto por ele quanto pelas demais pessoas do seu meio social, simplesmente, por usar uma peça que é referência de luxo. A partir daí, verifica-se que o valor de um artigo de luxo não está na sua utilidade (até porque ele é supérfluo), mas no sentimento despertado pelo consumidor, bem como na sua beleza e fantasia. O que está em jogo nessa relação de atração e poder, da qual emergiu o luxo, não é a sobrevivência e, tão pouco, é alguma necessidade básica e imediata, porque se trata de atração, de desejo e de poder, com base na ostentação. Há o exibicionismo declarado de um diferencial, que parece distinguir a coisa e o seu proprietário do prosaico ou comum, porque propõe algo extraordinário e inacessível. Todavia, mais que ostentar, atualmente, o poder supremo e irracional é indicado no ato de aviltamento dos bens de valor, que relaciona o caro e o atraente ao fútil e ao desperdício, como um sinal de superação de todas as esferas de poder sobre o restante do mundo pouco afortunado (BAUDRILLARD, 1995). A década de 1990 foi marcada por um surto de crescimento econômico que criou uma nova classe de pessoas ricas, especialmente nos EUA, e deu origem a “febre do luxo”. Daí pode-se especular que a ostentação e o exibicionismo tenham sido proporcionados pelo “novo dinheiro”, e não pelos ricos tradicionais, geralmente mais comedidos. Trata-se de uma nova idade do luxo, a qual se constituin um momento pós-moderno ou hipermoderno, globalizado, financeirizado. Até então, o setor do luxo escorava-se em sociedades familiares e em fundadores-criadores independentes. Esse ciclo terminou, dando lugar a gigantes mundiais, a grandes grupos com cifras de negócios colossais, cotados em bolsa e baseados em um vasto portfólio de marcas prestigiosas. O universo econômico e 46 empresarial do luxo mudou de escala: as tradicionais lutas de concorrência pelo prestígio são suplantadas pelas “guerras do luxo”, as operações de fusão e de aquisição, os movimentos de concentração e de reestruturação em vista da constituição de impérios industriais internacionais (LIPOVETSKY; ROUX, 2005). Levado por uma procura em forte expansão e marcado por uma concorrência feroz, o universo do luxo tende a aventurar-se em práticas análogas às observáveis nos mercados de massa: explosão dos custos de lançamento de novos produtos; comunicação de “choque” ou transgressiva; inflação de lançamentos de novos produtos; encurtamento da duração de vida dos produtos; aumento das ofertas promocionais no mercado dos perfumes e dos cosméticos; exigência de resultados financeiros em curto prazo. Ora, se antes para circular entre os bens de luxo havia a necessidade de exclusividade, trabalhos praticamente totalmente manuais e únicos, e se necessitava pertencer aos círculos da burguesia rica, hoje os produtos de luxo progressivamente “descerem a rua”. (LIPOVETSKY; ROUX, 2005). Atualmente, o setor constrói-se sistematicamente como um mercado hierarquizado, diferenciado, diversificado, em que um luxo de exceção coexiste com um luxo intermediário e acessível. Não há mais, portanto, um luxo, mas luxos em vários graus, para públicos diversos. Esses “novos ricos” trouxeram novas formas de consumo de bens de luxo, ao que Allérès (2000) define muito bem: Duas classes sociais se enfrentam através de seus códigos distintivos de reconhecimento social: aquela que pelo nascimento e pela história, persiste em guardar a distância, em guardar seus privilégios e marcar sua diferença pelo recurso a usos inacessíveis, e a outra, que tenta permanentemente esquecer as origens trabalhadoras, sonha em pertencer à classe dominante, copia seus usos e compensa a vacuidade de sua história com um frenesi de aquisições seletivas com o fim de apagar o fosso entre estas duas classes. [...] sem história, sem referências sócias particulares, uma grande parcela dessa nova classe da burguesia recuperará suas diferenças através de uma avidez consumidora sem precedentes (ALLÉRÈS, 2000, p.100). Não surpreende então que a década de 1990 tenha sido marcada por posturas contraditórias quanto ao luxo, pois inexiste um perfil único para os consumidores destes produtos. Para melhor compreender o exposto, Alléres (2000) apresenta uma categorização de luxo, seguindo três tipologias: luxo inacessível; luxo intermediário; e luxo acessível, descritos a seguir: O Luxo Inacessível é a categoria na qual se encontra a alta-costura, onde se criam e posicionam as grandes marcas. São objetos únicos e originais, comparados às obras de arte. Os valores que pautam essa categoria são a qualidade, a criatividade e a excelência. Rege-se por leis próprias do mercado sobre as quais apenas o produto interessa ao consumidor. A 47 relação com os clientes é personalizada e os mesmos constituem uma elite muito reduzida com poder econômico e gosto que os leva a consumir esse tipo de produto. O preço é muito elevado e a distribuição é limitada e seletiva. A comunicação baseia-se num contato claramente personalizado (ALLÉRÈS, 2000). O Luxo Intermediário constitui a declinação do luxo inacessível, são os produtos de gama alta. Nessa categoria inclui-se a alta-costura, a relojoaria e a joalheria. A produção é feita em séries limitadas e responde às necessidades dos consumidores. A qualidade é essencial nesse tipo de bens, desde a matéria-prima aos serviços de pós-venda. Não só o produto é importante como também a embalagem, pontos de venda, distribuição e o valor da marca frente às concorrentes. O preço é elevado, a distribuição limitada e a promoção deveriam ser inexistentes. Os clientes constituem uma elite ampla da classe alta e média alta, sendo o consumo destes bens frequentes para a primeira, e ocasional para a segunda. Esses bens possuem uma forte simbologia de diferenciação social, onde o status e o sentimento de pertença assumem especial valor. A comunicação desses produtos obedece às regras da comunicação dos bens de luxo, onde exigirá um esforço ao nível da determinação e escolha dos melhores suportes e das mensagens mais adequadas (ALLÉRÈS, 2000) O Luxo Acessível é produzido em séries indústrias, mas o número de exemplares é controlado. Na moda corresponde aos acessórios, incluindo também os cosméticos e fragrâncias. A qualidade continua sendo um critério essencial, no entanto, existem aspectos como a embalagem que assumem maior relevo nessa categoria do que nas anteriores, com vista a enaltecer o produto e a espelhar o valor da marca. O preço é uma variável que assume bastante importância, dependendo não só da sua relação com a qualidade, mas também do valor que o consumidor atribui ao produto. A distribuição é seletiva, mas muito mais ampla do que o luxo intermediário. O seu consumo é muito mais democrático, sendo acessível às classes médias, e está ligado a fatores aspiracionais, de necessidade de diferenciação e de pertencimento a uma classe social elevada. Nessa categoria os estudos de mercado assumem relevância e a atenção face à concorrência é muito elevada (ALLÉRÈS, 2000) Na literatura brasileira, Diniz (2012) diz que o luxo é conceituado de dois modos: tradicional e contemporâneo, conforme exposto no Quadro 4. O luxo tradicional é o serviço ou produto raro, exclusivo, desenvolvido para poucos, cuja confiança está na marca esculpida no produto. Já no luxo contemporâneo há um caráter subjetivo nos símbolos que caracterizam o luxo (raridade, exclusividade e de difícil obtenção), gerando uma carga emocional, oriunda da necessidade humana, de um significado pessoal. Em tempos de globalização, o luxo contemporâneo vai ficando cada vez mais em 48 evidência, porém, o luxo tradicional não deixará de existir, mas conviverá com esse novo luxo, o emocional. A Europa já fez essa transição do luxo tradicional para o contemporâneo. No Brasil, algumas pessoas já perceberam essa mudança, mas, como a cultura do luxo é muito recente no país2, observa-se ainda um atraso. Quadro 4 - Luxo tradicional x Luxo contemporâneo LUXO TRADICIONAL LUXO CONTEMPORÂNEO Membros de família tradicional, socialites, herdeiros de títulos e de grandes fortunas. Profissional bem-sucedido em qualquer área de atuação, conceituado pelo seu conhecimento e valor pessoal. Ostentação. Viagens para comprar, ver e ser visto.Nova York, Miami, Londres e Paris. Elegância com simplicidade. Viagens sensoriais, levando em consideração o emocional. Camboja, Vietnã, Machu Picchu, Amazônia e Fiji. Ser convidado para se sentar na primeira fila dos desfiles de moda e ser o centro das atenções. Sentar na primeira fila dos desfiles virou over. Chique é ser convidado para se sentar na primeira fila e sentar na terceira ou quarta fila dos desfiles, valorizando o anonimato. Não preciso mais aparecer para dizer quem sou. Festas de casamento cinematográficas com mil convidados. Festas de casamento simples, apenas com os melhores amigos. Valorização do morar em mansões enormes, em bairros tradicionalmente nobres, com inúmeros funcionários. Restaurantes caros e exuberantes, com chefes famosos. Ser visto nos restaurantes da moda é mais importante do que a própria comida. Valorização do morar em apartamentos (buscando segurança), não tão grandes, mas aconchegantes. Poucos funcionários. Em bairros perto das escolas dos filhos e próximos ao local de trabalho. Imóveis com um significado pessoal: vista deslumbrante, pomar no jardim. Restaurantes pequenos, fora do eixo dos grandes centros urbanos, com comidas feitas de maneira artesanal, sem conservantes, orgânica, com produção que respeita o meio ambiente, ou que traz memórias afetivas. Lutar para sair nas colunas sociais. Recusar sair nas colunas sociais. Valorização do trabalho. Passo muitas horas no meu trabalho, além de trabalhar os finais de semana. Eu sou insubstituível. A empresa não vive sem mim. Trabalho centralizador. Valorização da minha família. Passo muitas horas com minha família e meus amigos. Viajo nos finais de semana. Eu sou apenas mais um na empresa. Trabalho em equipe e descentralizado. Fonte: Adaptado de Diniz (2012) O sociólogo Domenico de Mais (2005) classifica o luxo contemporâneo em cinco 2 O mercado do luxo nacional tem apenas 20 anos, ou seja, ainda está em processo de amadurecimento. 49 elementos, na seguinte ordem de importância: tempo; autonomia; silêncio; beleza; e espaço. Diante dessa classificação, a viagem turística se encaixa perfeitamente, por que tem um objetivo especial, de sair do cotidiano e possibilitar o encontro com o novo, o diferente, o desconhecido, a satisfação sutil que proporciona o consumo e o luxo. Na vida moderna tanto a sensação de que o trabalho é estressante, quanto o constante corre-corre citadino fez priorizar a necessidade de lazer e de busca da felicidade, fora deste cotidiano. Há uma necessidade de fuga do espaço-tempo cotidiano. Assim, pode-se dizer que o turismo faz parte do mundo das mercadorias que atende as novas necessidades geradas pelo capitalismo, na sociedade de consumo. Como tantas outras mercadorias, são permeadas de símbolos, ícones, ideias e sonhos, mas o turismo é antes de tudo um conjunto de preconcepções e percepções de imagens e valores de significado cultural, construído para a compra e venda do produtoviagem. O ócio é ainda um desconhecido no mundo que tinha como referência o trabalho, mas emerge como novo paradigma. O limiar da “sociedade do ócio” (DE MASI, 2000), aponta paradoxalmente para a qualidade do trabalho, a flexibilidade, a criatividade, o uso do tempo livre. Durante muito tempo, ele foi condenado pelo capitalismo, que se interessava em não perder o tempo, aproveitá-lo ao máximo possível com o trabalho, comércio e consumo. Mas, vale observar que ócio, lazer e turismo são conceitos diferenciados. No que tange aos produtos de luxo, Danziger (2005) considera três grandes categorias: o Home Luxuries; Personal Luxuries; e Experential Luxuries. Na categoria de Home luxuries têm-se as artes e antiguidades, eletrônicos e equipamento de fotografia, tecidos, parede e revestimentos de janela, móveis, jardim, gramado, e produtos para o pátio, produtos de cozinha, utensílios de cozinha, casa de banho e produtos de construção, roupas de cama e mesa, louças e taças. Em Personal luxuries, encontram-se os automóveis de luxo, cosméticos, produtos de beleza e perfumes, vestuário de luxo, acessórios da moda de luxo, e relojoaria e joalheria. E, na categoria Experential luxuries são as experiências como viagens de luxo, restaurantes finos, entretenimentos como teatro, serviços de luxo, como spas, tratamentos de beleza, e/ou cirurgia plástica, serviço de arrumação e limpeza da casa, jardinagem e paisagismo (DANZIGER, 2005). Com um crescimento significativo da economia, o mercado de luxo vem aumentando exponencialmente nos últimos anos. Segundo pesquisa realizada pelas organizações GFK Brasil (a quarta maior empresa de pesquisa de mercado do mundo) em parceria com a MCF Consultoria, o crescimento no setor de luxo no Brasil em 2011 foi de 18%, fechando o ano com faturamento total projetado de R$ 18,54 bilhões. Em 2011, 64% das marcas disseram que 50 tiveram faturamento planejado ou acima do que haviam previsto. Nesse período, as marcas brasileiras representaram 70% do total do mercado de luxo da América Latina. Esse resultado é fruto de um crescimento dos últimos sete anos. Em 2012 foi esperado um aumento de 8% (R$ 20,1 bilhões). E em 2013 o mercado de luxo representava 3% do PIB nacional (GFK, 2014). De 2011 para 2012, o Rio de Janeiro teve o maior crescimento, saindo de um patamar de 30% para 62% em destino de investimentos das operações. Contudo, São Paulo, mesmo com uma queda de 5%, seguiu líder no segmento, com 65% de prioridade entre os turistas. Contudo, há de se observar também que nos últimos dois anos houve um crescimento significativo do turismo realizado em Belo Horizonte e também em Curitiba, esta última com crescimento de 13%para 27% (GFK, 2014) Curitiba destaca-se pelo seu elevado consumo per capita anual, que a coloca em 3º lugar no ranking nacional, ficando atrás apenas de Florianópolis e Porto Alegre. E quando o assunto é expansão de grandes marcas de luxo, Curitiba é a 3ª cidade mais citada, dessa vez ficando atrás apenas de Rio e São Paulo (GAZETA DO POVO, 2014). Balneário Camboriú encontra-se em localização privilegiada, entre estes 3 destinos. Em âmbito de público-alvo nacional, vale observar que o Brasil tem entre 800 mil a 1,2 milhões de pessoas que são consideradas consumidoras desse segmento. Para consolidar o Brasil como um destino de luxo mundial, algumas iniciativas foram tomadas, como o acordo da Embratur com a Brazilian Luxury Travel Association (BLTA). Trata-se de um acordo para divulgar os destinos brasileiros no exterior (OTTO, 2010). De acordo com a Pangaea Network,- rede de consultores de turismo que realizou pesquisa com agências, operadoras e especialistas em turismo de luxo no Brasil e mais sete países, entre eles a China, o Reino Unido e a França -, entre os brasileiros de empresas entrevistadas, 60% afirmaram que houve crescimento no setor do turismo de luxo em 2012 (WINGETER, 2013). Metade dos cerca de 800 entrevistados na pesquisa declarou que reserva mais de quatro viagens de luxo por ano para cada cliente, enquanto 33% possuem clientes que viajam entre duas e três vezes ao ano e apenas 16% vendem apenas uma viagem por cliente ao ano. A maior parte dos passageiros (69%) requisita pacotes completos, com hotel, transfers e tours. A pesquisa mapeou o perfil dos viajantes de luxo, com reservas realizadas na maioria por mulheres, para viagens em casal, com gastos entre cinco mil e dez mil euros por viagem. No Brasil, 61% dos entrevistados afirmaram que o valor agregado dos serviços é mais importante que o preço (WINGETER, 2013). 51 Outro dado relevante da pesquisa é a de que o mercado corporativo é responsável por 50% da ocupação hoteleira de luxo no país. Empreendimentos luxuosos do Brasil confirmaram que 60% dos hóspedes têm como objetivo de viagem os negócios e eventos (WINGETER, 2013). Até meados do século passado, as viagens de lazer eram um privilégio dos ricos, luxo era muitas vezes o padrão. O Grand Tour, onde os ricos viajavam para ver melhores vistas na Europa, foram muitas vezes feitos com uma comitiva de funcionários privados e cozinheiros. Navios de cruzeiro de luxo, como a rainha Elizabeth, ostentava um elevado nível de funcionários e excelentes restaurantes e locais de entretenimento. Os primeiros aviões comerciais foram também muito mais luxuosos do que hoje, os viajantes faziam suas refeições em pratos de porcelana fina, enquanto sentavam em cadeiras espaçosas. Desde 1950, o número de turistas globais aumentou a cada ano. A introdução de jatos jumbo ajudou a viajar por via aérea mais acessível, e aumentou a oferta global de viagens para as massas. Como resultado, os aspectos de alto luxo de viagens lentamente desapareceram. No entanto, a última década assistiu a um interesse renovado em viagens de luxo e demanda por uma diferenciação nos níveis de serviço (BAKKER, 2005). Segundo Bakker (2005), viagens de luxo são totalmente direcionadas às emoções. O fator de diferenciação não se encontra no produto, mas na mentalidade do viajante. Luxo também está no olho de quem vê, o que pode ser muito luxuoso para uma pessoa que se considera normal ou em viagem ocasional. Alguns dizem que o luxo é aquilo que não é apenas necessário, em qualquer nível. Diferentes viajantes interpretam a mesma experiência de viagem de diferentes maneiras, dependendo do seu ponto de vista perante a situação. Considera-se, por exemplo, o propósito da viagem. O viajante de negócios que voa na primeira classe, porque ele precisa se preparar para uma reunião importante, passa pela experiência de uma maneira diferente do que os recém-casados que estão sentados ao seu lado. Assim, não existe uma definição universal de viagens de luxo. Viagens de luxo não podem ser definidas pelo custo de uma viagem ou de férias em comparação com viagens ou férias convencionais. Como turismo não é uma ciência exata, mas uma indústria dinâmica, Bakker (2005) não tenta definir viagens de luxo por fixação de um preço mínimo diário para uma experiência de viagem. Atualmente, viagens de luxo significam não só resorts exclusivos, onde os hóspedes são mimados dia enoite, mas também pode consistir nas fugas sob medida, tais como viagens ao Alasca, onde a pesca entusiasta pode ser feita a partir de um local de pesca grande para 52 outro em um jato particular (OTTO, 2011). As pessoas estão cada vez mais dispostas a pagar mais por uma experiência de viagem, quer se trate de uma experiência de spa específico ou um mergulho de profundidade. O aspecto mais importante para muitas pessoas é que elas são capazes de relaxar, enquanto problemas diários são atendidos por outros. (OTTO, 2011) De acordo com Otto (2011), a International Luxury Travel Market (ILTM) lançou um projeto para estudar a indústria turística de luxo. Além das tendências da oferta e demanda, a ideia é explorar o futuro das relações de negócios entre fornecedores e consumidores do segmento. O último The Future of Luxury Travel (2013), A Global Trends Report, lançado na metade do ano na ILTM Ásia, contempla uma perspectiva para os próximos três anos. De acordo com o The Future of Luxyry Travel (2013), a hospedagem é considerada o componente mais importante em qualquer viagem, sendo a única exceção os destinos com natureza selvagem. Para tanto, a hospedagem de luxo se divide em grandes subsetores:1) Hotéis de cidade: clássicos (The Pierre, em Nova York, ou Ritz, em Paris); 2) boutique ou design (Bulgari, em Milão); 3) hotéis de destino com ambientação excepcional (Monastério, em Cuzco, Peru); 4) Resorts e spas: hotéis de praia, de golfe, montanha, etc.; 5) Villas e propriedades para locação com serviço de hotel. De acordo com a OMT, o número total de apartamentos no mundo é estimado em 18 a 20 milhões. Em Paris, líder do turismo mundial, existem 150.000 quartos de hotéis, sendo 1.500 deles (1% do total de oferta) considerados de alto padrão. Dentro do segmento global de luxo, existem aproximadamente 200.000 quartos distribuídos por 200 destinos, gerando uma capacidade média de 1.000 por destino. Entretanto, a performance econômica das unidades habitacionais de luxo variam muito de região para região (OTTO, 2011). Em relação à hospedagem e ao transporte, com o aumento do turismo de massa e companhias aéreas com o conceito low cost, low fare, nem sempre é possível se remeter ao conceito de luxo. Segundo o estudo, os setores de transportes considerados parte do turismo classe A são: 1) avião e aviões privativos: classes executivas e primeira classe; 2) cruzeiros e trens: combinando hospedagem e transporte, cruzeiros podem oferecer muito conforto e segurança. Os principais são: Cunard, Crystal Cruises, Oceania e Regent Seven Seas Cruises. Também existem barcos menores, que levam um número limitado de passageiros e são exclusivamente reservados para o público high-end: Silversea, Seabourne Sea Dream são alguns exemplos. Ainda de acordo com The Future of Luxury Travel (2013), são três as categorias que 53 diferenciam a demanda do luxo de acordo com seu poder de compra, denominados três “As”: 1) luxo absoluto, que protegidos da flutuação econômica, têm pelo menos US$ 30 milhões em investimentos e são em torno de 80 a 95 mil no mundo; 2) luxo aspiracional, observando que muitos executivos se enquadram nesta categoria. Eles detêm em torno de US$ 1 milhão em investimentos e são estimados entre 8 e 10 milhões no mundo; 3) e o luxo acessível, que abrange os viajantes que fazem do luxo componente essencial no seu estilo de vida, mesmo tendo que fazer escolhas para conseguir pagar por isso. Com uma renda mínima de US$ 100 mil, esse tipo de consumidor está rapidamente entrando no mundo das viagens de luxo e rejeitando destinos de massa. Vale observar também que os turistas de luxo podem ser superativos, ou seja, independentes, clientes educados que procuram por férias ativas e uma autêntica experiência de viagem. Como seu tempo é precioso, eles rejeitam roteiros e atividades planejadas. Sua aspiração principal é de férias altamente personalizadas, independente do preço. Ou ainda, explorador, ou seja, viajante disposto a pagar um preço alto em troca de umas férias fora do comum, em locais inóspitos, por exemplo. Há também o conceito de aspirantes, que remete às pessoas que desejam alto nível de qualidade e conforto. Dão atenção ao status social e são muito exigentes em termos de serviço. Eles são mais seguidores do que pioneiros na escolha de destinos. Outra classificação é a do público jovem, grandes usuários da internet que buscam incessantemente o melhor valor possível. Eles têm menos poder de compra do que a média do turista de luxo. Muitas vezes com duas rendas e sem filhos, eles podem viajar fora de temporada a preços atrativos. O comportamento típico deste tipo de cliente é de influenciar a todos os viajantes de luxo, que estão se tornando cada vez mais conscientes nas suas viagens. E, por fim, a categoria padrão, que diz respeito ao turista que embarca em um avião ou cruzeiro de lazer para relaxar e mudar de ambiente. Segundo The Future of Luxury Travel (2013),a geografia do turismo de luxo está mudando, e a Europa, o que inclui Inglaterra, Alemanha, França, Itália e Holanda, ainda lidera como principal mercado. Entretanto, a Rússia é o destino que cresce mais rapidamente, bem como cidades mais populares como Paris, Roma e Londres. No Oriente Médio, a região onde o turismo cresce mais rapidamente no mundo é a cidade de Dubai. Nas Américas, a demanda pelo turismo doméstico ainda é dominante. Quando viajam para o exterior, os destinos mais procurados pelos americanos ainda são Canadá, México e Caribe. Já para os latinoamericanos, Miami ainda lidera, sendo que Brasil e Argentina vêm crescendo rapidamente. Cidades mais populares são Nova York, Miami e Los Angeles, e na América Latina são Rio 54 de Janeiro e Buenos Aires. Destaca-se que no Brasil, alguns destinos menores vêm se destacando no turismo de luxo, a exemplo de Florianópolis, Fernando de Noronha e Trancoso, na Bahia. No que tange a Ásia Pacífico, destaca-se o Japão e a Austrália como países onde os turistas mais gastam, mas Índia e China lideram quando se trata de volume. Cidades mais populares são: Cingapura, Hong Kong e Tóquio. De acordo com The Future of Luxury Travel (2013), além desses destinos mais tradicionais, existe um número crescente de cidades ganhando popularidade entre os viajantes mais exigentes. Entre suas características comuns mais marcantes estão: 1) mais privacidade e menos ostentação, como um estilo de luxo mais tranquilo e discreto. Ilhas privadas, por exemplo, já fazem parte dos destinos mais desejados; 2) o aumento da demanda por paisagens intocadas, como Brasil, Patagônia (Argentina e Chile), Austrália e Nova Zelândia, as quais aparecem na lista das inovadoras experiências de viagens em função da sua natureza intocada e paisagens de tirar o fôlego; 3) o interesse crescente por destino off-the-beaten-track (fora do roteiro), sendo algumas áreas atualmente inexploradas por razões sociais ou políticas as que tendem a se tornar muito atrativas; 4) os destinos com apelo ambiental e cultural, como destinos com cultura e tradições fascinantes a exemplo de Israel e Peru que crescem em popularidade entre os turistas mais abastados. Por fim, os profissionais do luxo concordam que o preço alto é um elemento relevante na definição do luxo. Pela perspectiva do consumidor, preço é um indicador relevante, pois segmenta demanda, ajuda a manter exclusividade, conexão com alta qualidade (portanto, valor é um fator-chave), diferenciação social, entre outros. 2.4.1. Tendências que afetarão o Turismo de Luxo A Horwarth HTL (Hotel Tourism Leisure), empresa que conduziu a pesquisa The Future of Luxury Travel (2013), descobriu cinco grandes tendências que afetarão o turismo de luxo diretamente: 1) destinos emergentes ganharão importância, pois a crescente demanda por autenticidade, novas experiências e exclusividade explodirão o interesse em locais que refletem a cultura e a tradição das comunidades locais; 2) a necessidade da personalização continuará, haja vista a criação de uma relação pessoal baseada na confiança entre fornecedores e viajantes, a qual vai reger o segmento. Os serviços estilo concierge vão continuar crescendo. Esse tipo de relação mais próxima será ainda amplificado pelo uso avançado da tecnologia, principalmente o fenômeno das redes sociais; 55 3) simplicidade e serviço perfeito são o commodity mais precioso, o serviço, deve funcionar sem erros. Desde o plano de retorno a sua casa, incluindo transporte, acomodações, serviços de transfer e passeios; 4) a recuperação da crise financeira vai fazer com que a demanda aumente. Assim como outros setores da indústria, o turismo de luxo é sempre suscetível a variações em função da instabilidade política, desastres naturais e o medo do terrorismo, por exemplo; 5) o valor atribuído a certas marcas e destinos continuarão impactando as decisões de viagens, para isso a internet e as mídias sociais continuarão influenciando o planejamento e as reservas. Dentre os desafios para os consumidores e fornecedores não se pode negar que parcerias são vitais. Na distribuição, por exemplo, fornecedores de luxo devem trabalhar com parceiros que compartilhem o valor de suas marcas para vender seus produtos através de ótimos canais. Diante da concorrência acirrada, será cada vez mais difícil oferecer experiências únicas e manter um diferencial de mercado. O principal desafio será manter a experiência de viagem renovada. Comunicação constante com os consumidores será o pontochave, especialmente via mídias sociais. Constante desenvolvimento de novos produtos se tornará vital para manter a visibilidade. Ademais, em uma indústria altamente competitiva, a falta de recursos é um problema mundial. Em resumo, algumas palavras que permearam todo o estudo e que estão diretamente conectadas ao turismo de luxo são: segurança; conforto; privacidade; e natureza. Portanto, o luxo e as viagens de luxo podem ter significados diferentes para pessoas diferentes. De acordo com Bakker (2005) são quatro fatores que podem provocar uma sensação de luxo nas pessoas: o custo; o tempo; o prestígio social; e a singularidade. Em relação ao custo, muitas vezes, um item ou experiência é considerada luxo porque é dispendioso, especialmente quando o produto não tem uma qualidade palpável que aumenta com o preço. No entanto, quanto mais frequentemente a experiência é consumida, menos luxuosa pode se tornar. Quando um hóspede se hospeda em um Four Seasons Resort pela primeira vez, a experiência é bem mais aproveitada e sentida do que quando a pessoa já possui o costume de hospedar-se no local com frequência. No que tange ao tempo, o luxo muitas vezes não é percebido apenas como mimos, mas como a conveniência e sem complicações em viajar. Com o tempo sendo um dos recursos mais preciosos na vida de muitas pessoas, dado aos viajantes o tempo de voltar pode ser percebido como luxo. Exemplo disso pode ser um pequeno-almoço servido na cama ou um serviço de helicóptero do aeroporto para o resort. 56 Quanto ao prestígio social, este é criado pela crença de que outras pessoas percebem um produto ou experiência como luxo, dando ao comprador certo prestígio. Por fim, sobre a singularidade, um produto único ou a experiência será capaz de criar uma sensação de luxo, pois o viajante sabe que o produto não está ao alcance de todos. Ter refeições feitas de ingredientes únicos ou desfrutar de um novo tipo de experiência de spa pode evocar uma sensação de luxo. 57 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Nesta parte, descrevem-se os procedimentos metodológicos que orientaram todo o encaminhamento da pesquisa estando segregada em partes a caracterização da pesquisa, os participantes da pesquisa, técnica de coleta de dados, tratamento e análise dos dados e as fases da pesquisa. 3.1.Caracterização da pesquisa O método de pesquisa é, essencialmente, uma consequência dos pressupostos adotados pelo pesquisador quanto à natureza dos fenômenos sociais e à própria forma como o conhecimento é construído. Esses pressupostos – chamados de paradigmas (MERTENS, 1998) – compreendem uma série de opções metodológicas alinhadas com os princípios defendidos. Em marketing e nas ciências sociais em geral, os paradigmas de pesquisa são dois: positivista e interpretativista (também chamado de paradigma naturalístico). O primeiro deriva de uma visão única e objetiva da realidade, enxergando nos fenômenos sociais tendências racionais e regulares de manifestação, compostas de um conjunto observável de fatores e dotadas de causalidade e previsibilidade (BURREL; MORGAN, 1982; LINCOLN; GUBA, 1985). O positivismo acredita que a geração de conhecimento ocorre à medida que se repetem relatos conclusivos acerca de determinado fenômeno, eliminando eventuais ambiguidades e visões conflitantes. O interpretativismo, ao contrário, crê que os fenômenos sociais provêm de uma construção cultural múltipla e complexa, derivada das interações entre os indivíduos (BURREL; MORGAN, 1982; LINCOLN; GUBA, 1985). O conhecimento é construído justamente a partir da combinação de diferentes perspectivas sobre um mesmo tema, sem haver necessariamente concordância entre elas. Para o interpretativismo não há possibilidade de estabelecer leis gerais ou alcançar previsibilidade através da pesquisa, dada a singularidade e complexidade dos fenômenos sociais, e sim, somente, descrevê-los e interpretá-los. Revendo os conceitos relacionados aos estudos sobre “luxo”, expostos na Introdução e na Fundamentação Teórica – no qual se enfatiza o interesse na dimensão simbólica e nos significados socioculturais da relação das pessoas com o luxo -, depreende-se que trabalhos com essas pretensões adotam uma visão predominantemente interpretativista dos fenômenos relacionados ao marketing e ao consumo de maneira geral. Não buscam, pois, alcançar a previsibilidade, nem sequer indicar relações causais ou restringir o leque de interpretações; ao 58 contrário, buscam a diversidade de análises e entendimentos sobre um mesmo fenômeno, de maneira a oferecer diferentes visões do tema investigado. A presente dissertação, portanto, filia-se ao paradigma interpretativista. Esta dissertação reúne elementos que a aproximam da classificação fenomenológica, posto que desde o início focou-se sobre o significado imposto pelas pessoas à realidade, e não a uma pretensa visão absoluta da realidade (GRAFTON-SMALL, 1987; MOREIRA, 2002). Ao tratar de aspectos relevantes da vida dos participantes da pesquisa, com ênfase à dimensão cotidiana que o fenômeno ocupa (SHWANDT, 2000), cumpriu também alguns dos pressupostos básicos da fenomenologia. Igualmente, seguiu boa parte dos procedimentos descritos na literatura como constituintes de uma pesquisa fenomenológica (MOSER, 1992). Entretanto reafirma-se que “aproximação” é o termo mais adequado para descrever o enquadramento do presente trabalho, dado que como as fronteiras entre diferentes perspectivas não são tão claras, as formas híbridas de investigação são as mais comuns, a despeito do rótulo definitivo que geralmente acabam por receber nas produções acadêmicas. Fundamental é compreender que, independente do método adotado, compartilha-se no interpretativismo de certos preceitos que norteiam qualquer investigação: a ausência de pré-julgamentos acerca do fenômeno; o caráter amplo da investigação, sem uma delimitação mais rígida a priori; a imersão do pesquisador no ambiente de ocorrência do fenômeno em estudo; e a utilização do próprio pesquisador como instrumento de pesquisa, entre outros (LINCOLN; GUBA, 1985; MURRAY; OZZANE, 1991). A maneira como cada um desses preceitos é operacionalizada, assim como a técnica de coleta e análise de dados adotada, é que tende a diferir, justamente por depender das características do fenômeno em estudo e da disponibilidade de recursos para a realização da pesquisa. As pesquisas qualitativas têm se mostrado as mais adequadas para cumprir os preceitos do interpretativismo: compreender os fenômenos sociais de maneira integrada, a partir dos significados que as pessoas conferem a eles, partindo das relações sociais e culturais que se estabelecem em seu interior (GODOY, 1995; DENZIN, 2000). O resultado - em contraposição a abordagens quantitativas – tende a apresentar uma riqueza de informação e interpretação superior, dada a capacidade de capturar as nuances das ações humanas de maneira mais fina e precisa (GERGEN, 2000). Portanto, no que diz respeito à abordagem, o estudo é caracterizado como pesquisa qualitativa. O caráter qualitativo da pesquisa é compreendido, como enfatiza Denzin e Lincoln (2000, p. 1), pelo estudo de “[...] coisas em um cenário natural, buscando compreender e interpretar o fenômeno em termos de quais os significados que as pessoas 59 atribuem a ele”. Nesse caso, pesquisou-se sobre o turismo de luxo em Balneário Camboriú e tentou-se entendê-lo a partir da visão dos seus agentes intervenientes do turismo, utilizando-se como ferramenta de apoio a entrevista, com perguntas abertas e fechadas, para que os entrevistados pudessem relatar suas reais opiniões e percepções sobre o assunto (Apêndice A). Como tipologia de pesquisa este trabalho se caracteriza como exploratória e descritiva. Exploratória, por se propor a analisar os fatores intrínsecos do marketing de destino que potencializam o segmento do turismo de luxo em Balneário Camboriú, assunto este de pouco conhecimento prévio e do qual se busca um entendimento sobre a natureza geral do problema, as possíveis hipóteses alternativas e as variáveis relevantes que precisam ser consideradas (AAKER; KUMAR; DAY, 2004). Em relação às hipóteses, é importante ressaltar que, no caso deste estudo, cuja investigação foi provocada pela identificação, nenhuma hipótese foi indicada, fato comum nesse tipo de pesquisa, em que as hipóteses são vagas, pouco definidas, ou até inexistentes, conforme sugerem os autores. Ainda em âmbito conceitual, Malhotra (2006, p.100) define que o objetivo da pesquisa exploratória é “explorar ou fazer uma busca em um problema para prover critério e maior compreensão”. Para ele, esse tipo de pesquisa se diferencia pela flexibilidade e versatilidade quanto aos métodos, que podem incluir entrevistas com especialistas, levantamentos-piloto, dados secundários e pesquisa qualitativa. Este estudo também é caracterizado como descritivo, pois, além de ser um dos tipos mais usados em marketing (AAKER; KUMAR; DAY, 2004), pretende identificar as relações e a natureza das variáveis envolvidas num processo (MATTAR, 1996; GIL, 1999).Nesse caso, levou-se em consideração a oferta turística de Balneário Camboriú/SC. De forma detalhada, a pesquisa descritiva é realizada, então, para descrever as características de grupos relevantes, aferirem a porcentagem de unidades numa população exclusiva que expõe determinado comportamento, definir as percepções de características de produtos, determinar em que grau estão associadas às variáveis de marketing e fazer previsões específicas (MALHOTRA, 2006). 3.2.Participantes da pesquisa Foram escolhidos os seguintes participantes para a pesquisa: gestores vinculados a empresas do setor de turismo e serviços relacionados que atendem ao público diferenciado classe A, instituições ou organizações públicas e privadas de importância significativa, que acompanham o setor de turismo ou que tem relação ao negócio do luxo em Balneário 60 Camboriú. E representantes da comunidade de Balneário Camboriú que acompanham o crescimento da cidade e estão relacionadas ao turismo. Estas pessoas foram convidadas a participar da pesquisa para uma entrevista com áudio gravado, e quando o entrevistado aceitava o convite para participação, era agendado um local e horário para o encontro. Os entrevistados que aceitaram participar da pesquisa estão relacionadas a seguir (quadro 5), e atendendo ao requisito de confidencialidade, foram resguardados os nomes dos participantes, sendo os entrevistados apenas identificados pela organização que representam e pelo segmento de negócio de atuação. Verifica-se que os respondentes escolhidos para a pesquisa possuem uma participação ativa no turismo de Balneário Camboriú, são organizações de negócios que atendem ao publico classe A e organizações públicas que tem como responsabilidade o planejamento e gestão do turismo. Outras pessoas foram convidadas (do setor público e privado), porém não quiseram participar e alegaram diversos motivos pessoais e até mesmo ausência da cidade naquele período. 61 Quadro 5 - Participantes da pesquisa RESPONDENTE 1 2 3 4 5 ORGANIZAÇÃO QUE REPRESENTA CARACTERÍSTICAS DO ENTREVISTADO Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico de BC Atual secretário gestão 2013/2016,que já foi diretor de turismo do município nos anos de 2009, 2011 e 2012, e no ano de 2010 Presidente da associação sem fins lucrativos formada através da iniciativa privada, com envolvimento de entidades e organizações Convention Bureau de BC que visam impulsionar o desenvolvimento do Turismo de Lazer, Eventos e Negócios para o município de BC Presidente associação que busca fomentar oportunidades de negócios e a reciprocidade das empresas participantes, na escolha Acibalc - Associação Empresarial de BC por produtos e serviços que possam ser um diferencial atrativo aos seus clientes. Proprietário Hotel Marambaia-desde 1964 no município, Diretor Marambaia Veículos, Presidente Santur Período de Gestão - 03/1987 Marambaia Hotel e Convenções a 03/1991, Secretário de Turismo · Balneário Camboriú · 1997 até 2008 Gerente comercial da concessionária Top Car que é a representante Land Rover em Santa Catarina desde 1995. A concessionária vende Land Rover Top Car carros considerados de luxo no Brasil, sendo que seu produto mais barato é comercializado pelo valor de R$100.000,00 DVA Mercedes Benz Gerente comercial da concessionário de BC, o grupo DVA participa à 40 anos de atividades no segmento de veículos de luxo em Santa Catarina. 7 Tedesco Marina Garden Plaza e Teleférico Diretor Marina, inaugurada em setembro de 2006 a Tedesco Marina é referência náutica no Brasil e tem capacidade para 500 embarcações e do teleférico que é uma das atrações do Parque Unipraias 8 Beto Carrero World 9 Green Valley 10 Atlântico Shopping Gerente de marketing do Atlântico Shopping, à 15 anos na cidade foi o primeiro a investir na cidade, trazendo ao público um novo conceito de compras. FG Empreendimentos Real Estate Agent da FG Empreendimentos de Balneário Camboriú, que figura entre as principais empresas do setor da construção civil do país, sendo líder de mercado por seu empreendedorismo inovador. É considerada também pioneira no lançamento de empreendimentos de alto padrão, com foco em sustentabilidade, sofisticação e conforto. 6 11 12 EMBRAED Fonte: elaborado pela autora. Gerente de marketing do maior parque temático da América Latina está instalado em 14 milhões de metros, com mais de 100 atrações para todas as idades e a participação diária de 1.100 artistas e funcionários, o Beto Carrero World está com 17 anos de atividades . Gerente de marketing do club eleito o número 1 do mundo. Com número recorde de votos na história dos “Top 100 Clubs Dj Mag”, foi em 28 de março de 2013, em Londres, o ranking dos melhores clubs de música eletrônica do mundo e, pela primeira vez um club das Américas é o nº1. O Green Valley, de Camboriú, Santa Catarina, foi a primeira casa sem tradição de bandeiras europeias que é reconhecido como excelente pelo exigente mercado da música eletrônica. Gerente comercial da EMBRAED, que atende um público seleto e bastante exigente, que preza por conforto, qualidade e exclusividade. Desde 1984, a empresa é responsável por mais de 400 mil m2 de área em obras já construídas. Ao todo, já são 29 empreendimentos entregues e 9 atualmente em construção. O alto padrão dos projetos EMBRAED aliado às localizações – em sua maioria em frente ou bem próximo ao mar de Balneário Camboriú- para se viver ou passar férias, garantem um excelente valorização dos imóveis. 62 3.3.Técnica de coleta de dados De acordo com Dencker (1998, p. 137), “a coleta de dados é a fase do método de pesquisa que tem por objetivo obter informações da realidade” e, para realizá-la, faz-se uso de uma grande diversidade de instrumentos e procedimentos. Neste estudo, foram adotados como procedimentos metodológicos: a pesquisa bibliográfica; a pesquisa documental; e a pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica consiste no levantamento de material já elaborado, como livros e artigos científicos, sobre a temática do trabalho (DENCKER, 1998). Para esse trabalho, cujo tema principal é o marketing de destinos turísticos e turismo de luxo, foi realizado o levantamento de livros e, em maior quantidade, de artigos científicos nacionais e internacionais disponíveis em bases de dados como EBSCO Host, Scielo, periódicos CAPES, BDTD, Google Acadêmico, e em outras fontes como anais de eventos científicos, revistas e periódicos científicos especializados no assunto. A partir dessa pesquisa, foi possível definir o referencial teórico do estudo e escrever sobre os assuntos pertinentes ao tema, aprofundando aqueles de maior relevância ao trabalho. Com a finalidade de responder a questão de pesquisa e alcançar os objetivos propostos neste trabalho, realizou-se a pesquisa de campo, a qual utilizou entrevistas como instrumento de coleta de dados. Tais entrevistas foram realizadas pessoalmente pela pesquisadora junto aos agentes intervenientes de Balneário Camboriú, no período de 01 a 30 de abril de 2014, utilizando um roteiro de entrevista, estruturado com perguntas abertas (Apêndice 1), que versavam sobre aspectos do turismo no destino, esse instrumento foi organizado em quatro blocos conforme descrição a seguir: Bloco 1. Perguntas embasadas na classificação dos 6“As” de Buhalis, descritos no item 2.3- Gestão estratégica e planejamento em turismo, deste relatório.. Bloco 2. Questões relacionadas ao entrevistado e sua interação com o poder público local. Bloco 3. Questão na qual o entrevistado atribuía uma nota de 0 a 10 para as atrações e infraestruturas de Balneário Camboriú, sendo que 0 representa “nenhuma contribuição” e 10 “muita contribuição” para a inserção de BC no segmento de turismo de luxo. Bloco 4. Perfil do entrevistado (características pessoais dos entrevistados e o envolvimento no turismo de Balneário Camboriú). 63 3.4.Tratamento e análise de dados A pesquisa foi desenvolvida em 6 fases, baseando-se nas diretrizes sugeridas na literatura (LINCOLN, GUBA, 1985) descritas a seguir e representada na Figura 3. A primeira fase foi marcada por definições gerais quanto ao caráter da investigação, enquanto as duas seguintes trataram do trabalho de campo propriamente dito. A Fase 4 marcou a consolidação e análise do material reunido durante o trabalho de campo, enquanto a Fase 5 tratou de validar os resultados verificados. A última fase contemplou a interpretação dos resultados. Figura 3 - Fases da Pesquisa Fonte: elaborado pela própria autora A seguir descrevem-se as fases desta pesquisa e os procedimentos para realizá-las: 3.4.1. Fase 1 – Definição das características da pesquisa A primeira fase abrangeu a definição do foco de pesquisa, do locus para realização da mesma, das fontes de evidência a serem utilizadas e de suas respectivas características. Para a realização desta pesquisa, na primeira etapa foi feita a escolha de um destino turístico de contribuição relevante para o cenário turístico brasileiro atual. Assim, a cidade de Balneário Camboriú, localizado no estado de Santa Catarina, foi escolhida, por se tratar de um dos 65 destinos turísticos indutores do desenvolvimento do turismo no país, recebendo notoriedade no planejamento de turismo orientado por padrões de qualidade internacional. Balneário Camboriú apresenta um dos fluxos de turismo mais representativos de Santa Catarina (MTUR, 2009). Além disso, Balneário Camboriú foi classificada no12 ° lugar entre 64 as 30 cidades onde as famílias têm mais dinheiro no Brasil de acordo com o site da revista Exame (REVISTA EXAME, 2013). Cada modelo de análise de destino, em específico, fornece contribuições particulares e possibilita, de acordo com seus indicadores e variáveis, a compreensão ou esquematização do objeto de análise. A modelação de avaliação de um destino de luxo é, ainda, uma área incipiente em pesquisas, principalmente em análises teóricas com aplicação prática. Por esta dificuldade encontrada durante a estruturação da pesquisa, os atributos a serem mensurados nessa dissertação foram retirados do trabalho de Buhalis (2000), a estrutura de 6 (seis) itens para a avaliação de um destino, também denominadas de 6 “As”, e adaptada para que tivesse especial percepção ao Turismo de Luxo. As fontes de evidência foram duas: entrevistas em profundidade e consulta a publicações relacionadas ao tema Turismo de Luxo. A opção por mais de uma fonte teve a intenção não só de proporcionar maior quantidade e qualidade de informações sobre o fenômeno em estudo, como também de conferir maior confiabilidade à pesquisa (BAUER; GASKELL, 2002). As entrevistas em profundidade são uma das fontes mais utilizadas em pesquisa qualitativa, pois através do discurso dos depoentes é possível acessar parcela representativa da forma como pensam e percebem a realidade. Como frequentemente ocorre nas pesquisas qualitativas, no presente estudo elas constituíram a principal fonte de informação (BAUER; GASKELL, 2002). .A consulta a publicações abrangeu toda a sorte de material editorial associado ao tema luxo. Esses materiais, e em especial as publicações, são um bom indicador da visão de mundo vigente no universo do luxo (TWITCHELL, 2002). Além de publicações especializadas, outras tantas, de generalidade, têm aberto espaço em suas páginas para descrever e retratar o mercado brasileiro de bens de luxo. Para as entrevistas foram escolhidos os seguintes participantes: gestores vinculados a empresas, instituições ou organizações públicas e privadas de importância significativa, que acompanham o setor de turismo ou que tenham relação ao negócio do luxo em Balneário Camboriú, relacionados no Quadro 2 citado anteriormente. 3.4.2. Fase 2 – Consultas e Pesquisas Preliminares A segunda fase marcou o início dos trabalhos de campo e começou em setembro de 2013. Chamada por Lincoln e Guba (1985) de fase de “orientação e visão geral”, ela teve por objetivo fornecer familiaridade com o ambiente de pesquisa (THOMPSON, 1997), 65 proporcionando a coleta de subsídios para condução da investigação a um aprofundamento no momento seguinte. Nessa fase, as fontes de evidência principais foram a consulta a materiais diversos e a realização de visitas preliminares. Entre setembro e outubro de 2013 foram realizadas pesquisas de campo preliminares com o objetivo de identificar os agentes intervenientes para opinar sobre o turismo de luxo e envolviam gestores de empresas locais, instituições, órgãos públicos, e os associados do Convention Bureau municipal; considerou-se que esses seriam os informantes mais indicados a oferecer uma primeira visão do tema em estudo. Impressões e comentários receberam registros. Os estabelecimentos e pessoas foram contatados a partir de indicações de conhecidos ou da própria seleção das organizações em que trabalhavam. Ao final dessa fase, revisaram-se as anotações de campo e a catalogação de informações levantadas. As análises não se valeram, nesse momento, de nenhuma técnica em especial, e sim de um levantamento dos temas mais abordados, na forma de uma contagem simples de menções. O valor principal dessa fase foi o levantamento de nomes de pessoas importantes e entendedoras do tema em questão, e a elaboração de um roteiro semiestruturado para a realização das entrevistas seguintes, construído a partir do subsídio das fontes descritas. 3.4.3. Fase 3 – Consultas e Pesquisas Semiestruturadas (com roteiro) A terceira fase da pesquisa – e segunda do trabalho de campo – foi realizada entre os meses de outubro de 2013 a fevereiro de 2014 e pode ser definida como “exploração focada” (LINCOLN; GUBA, 1985, p.235). Nela, mantiveram-se aquelas atividades relacionadas à consulta de materiais, com as mesmas características já referidas na descrição da fase 2, e realizaram-se novas entrevistas. As entrevistas contaram com um roteiro semiestruturado (Apêndice A) e foram realizadas com os nomes levantados por meio da fase 2 da pesquisa, os quais foram denominados como Agentes Intervenientes. O roteiro serviu somente como um guia para as entrevistas, permitindo a manifestação livre e aberta do entrevistado (MALHOTRA, 2001) mesmo quando se abordavam tópicos não pré-definidos no protocolo. Foram realizadas, nessa fase, 12 entrevistas, posteriormente utilizadas para toda a investigação. O número final de entrevistas foi decidido de acordo com a redundância e convergência dos relatos obtidos, conforme recomendado na literatura (LINCOLN; GUBA, 1985). 66 3.4.4. Fase 4 – Consolidação dos Materiais e Análise das Entrevistas A quarta fase da pesquisa foi de consolidação dos materiais levantados ao longo das etapas anteriores. No caso dos diversos materiais consultados, concluiu-se a avaliação e catalogação. No caso das entrevistas, após transcrição, passou-se à sua análise, de acordo com técnicas sugeridas pela literatura. A decisão quanto à técnica de análise é um momento importante do processo de pesquisa. Existem inúmeras técnicas à disposição do pesquisador, com especificidades que a tornam mais adequadas a determinados métodos ou linhas de investigação. No caso de entrevistas em profundidade, existem basicamente dois caminhos a seguir: proceder uma análise baseada em palavras ou baseada em blocos de texto (RYAN; BERNARD, 2000). No primeiro grupo incluem-se técnicas como “palavra-chave em contexto”, contagem de palavras, redes semânticas e mapas cognitivos (RYAN; BERNARD, 2000). Em comum entre elas está a redução do texto ao significado de algumas palavras específicas, retirando-as do contexto e ignorando nuances próprias da fala (RYAN; BERNARD, 2000). A análise de bloco de textos, ao contrário, foca-se sobre trechos da fala de um entrevistado, levando o pesquisador a promover uma síntese e uma tentativa de compreensão do sentido do discurso (RYAN; BERNARD, 2000). Mesmo que as técnicas deste tipo de análise sejam bastante variadas, em comum entre elas existe a tentativa de compreender a entrevista como um todo, valendo-se da compartimentação do texto em unidades de análise maiores e mais abrangentes do que a fragmentada análise de palavras. A primeira decisão quanto à análise das entrevistas, portanto, levou à opção pela análise de blocos de texto, que pareceu bastante alinhada com os objetivos de pesquisa e com os propósitos de trabalhos de opinião. A análise de blocos de texto, mencionada anteriormente, compreende uma série de técnicas diferentes. Entre elas estão, por exemplo, a análise de conteúdo, a análise de discurso, a teoria fundamentada (grounded theory), a schema analysis, o modelo de decisão etnográfico (EDM, na sigla em inglês), a análise argumentativa, a análise retórica e a análise da conversação e da fala (RYAN; BERNARD, 2000; BAUER; GASKELL, 2002). Uma breve descrição das características de cada permitiu a seleção de duas dessas técnicas. A teoria fundamentada procura associar o conteúdo das entrevistas a uma teoria previamente acessada (RYAN; BERNARD, 2000). Mesmo que a presente pesquisa tenha estabelecido objetivos bem determinados, isso não significa que tenha utilizado uma teoria 67 prévia à qual os resultados devessem se alinhar. A técnica foi, portanto, descartada. A schema analysis, por sua vez, procura acessar as “simplificações cognitivas” que as pessoas utilizam quando tratam de determinado tema (RYAN; BERNARD, 2000). Esta não pareceu ser uma técnica apropriada, visto que as ditas “simplificações” não poderiam constituir foco da análise de transcrições justamente quando a complexidade da fala de uma pessoa constituía a grande prioridade dentro da lógica de investigação seguida. Igualmente limitadas pareceram as técnicas EDM, análise argumentativa, de retórica e de conversação e fala. A primeira, distante dos objetivos e da teoria subjacente a presente dissertação, visa verificar “análises causais que predizem escolhas comportamentais sob circunstâncias específicas” (RYAN; BERNARD, p.787). As outras três, por suas características, estão mais próximas das características da pesquisa realizada, mas são pouco abrangentes para os objetivos pretendidos. As análises argumentativa e retórica focam-se nas justificativas, refutações e na persuasão inerentes à fala de uma pessoa (LIAKOPOULOS, 2002; LEACH, 2002). Embora guardem mais proximidade com a linha de pesquisa adotada, parecem limitadas às pretensões do estudo. Já na análise da conversação e da fala “os dados de pesquisa não são considerados como tendo um status especial que os separe de outra fala” (MYERS, 2002, p.272), o que significaria depositar a mesma importância às entrevistas e às anotações de campo (que continham reproduções de diálogos presenciados ou protagonizados). Como desde o início optou-se por utilizar a entrevista como fonte de evidência principal – cabendo à observação e à consulta de documentos um papel complementar – a utilização dessa técnica representaria uma contradição. Optou-se, finalmente, pelas duas principais técnicas de análises de blocos de texto em ciências sociais (SILVERMAN, 2000): a análise de conteúdo e a análise de discurso. A combinação dessas técnicas foi escolhida por garantir, por um lado, objetividade e sistematização na análise das entrevistas (análise de conteúdo), sem o risco de perder, por outro, a riqueza subjetiva proveniente da leitura das conversas (análise de discurso). A combinação de diferentes técnicas é uma possibilidade incentivada por Bardin (1977). A análise de conteúdo (AC) é o procedimento mais utilizado em pesquisas qualitativas. Seu objetivo principal é promover uma categorização dos elementos do texto de maneira sistemática e objetiva, conferindo um certo ordenamento ao material bruto oriundo das transcrições (BARDIN, 1977). A AC é desenvolvida através da codificação das unidades de texto – geralmente frases ou parágrafos – de acordo com algum critério vinculado aos interesses de pesquisa (BAUER, 2002). O papel do pesquisador é determinar essas unidades de codificação, classificando os diferentes elementos (BARDIN, 1977) e verificando sua 68 incidência (SILVERMAN, 1995), de modo a sintetizar uma grande quantidade de dados e reduzir sua complexidade (BAUER, 2002). Útil para esses propósitos inicias, de organização e estruturação do material oriundo das entrevistas, a AC é incapaz de “avaliar a beleza” ou “explorar as sutilizas de um texto particular” (BAUER, 2002, p. 191), pois ao focalizar frequências, acaba por “descuidar do que é raro e do que está ausente” (BAUER, 2002, p.213). Para suprir essa deficiência utilizouse a análise de discurso (AD), técnica que, a despeito de abranger vários enfoques de análise de textos verbais (SILVERMAN, 1995; GIL 2002), tem como aspecto principal o fato de ser interpretativa (SPINK; LIMA, 2000), exigindo sensibilidade e intuição do pesquisador (ROCHA, 2003). A AD é menos sistemática e objetiva que a AC justamente por envolver interpretação – “e a interpretação é sempre a interpretação de alguém” (SPINK; LIMA, 2000, p.100) -, tendendo a abarcar não só a leitura das transcrições como as percepções e sentimentos acumulados ao longo de todo o processo da pesquisa (SPINK; LIMA, 2000). A AD foi considerada adequada aos objetivos de um trabalho sobre cultura do consumo de um destino turístico justamente por entender a fala não como um elemento neutro, e sim como representativo de contextos socioculturais (BRANDÃO, 1996; GIL, 2002); uma técnica, em suma, que “é, e só pode ser interdisciplinar” (BRANDÃO, 1996, p.84). 3.4.4.1. Análise de Conteúdo (AC) Seguindo recomendação bibliográfica, a AC foi conduzida em duas etapas. Como a codificação tem por intuito a síntese, iniciou-se o agrupamento a partir de temas mais amplos, para depois passar por aqueles mais específicos (RYAN; BERNARD, 2000). Ou, conforme Souza (1993, p.122): Os dados são reunidos, primeiramente, segundo um significado comum de primeira ordem (dados brutos), e, em seguida, em torno de categorias de análise relativas, seja a problemática de pesquisa, seja um quadro hipotético e/ou teórico com o qual se pretende organizar aqueles dados. Assim, os procedimentos da análise de conteúdo foram constituídos a partir dos processos detalhados na sequência. Num primeiro momento, cada entrevista foi analisada individualmente. A fala do entrevistado foi editada em parágrafos, conforme as respostas às intervenções do pesquisador. Cada parágrafo foi numerado. Em uma tabela, os parágrafos numerados receberam um título e tiveram seu conteúdo resumido. 69 Esses parágrafos foram codificados conforme o tema genérico a que se referiam (BARDIN, 1977): Atrações, Acessibilidade, Serviços, Pacotes disponíveis, Atividades e Serviços auxiliares. Todo esse conteúdo foi digitado no computador, em tabelas do software Excel. A partir daí, iniciou-se a leitura dessas tabelas à luz dos objetivos de pesquisa (BARDIN, 1977; BAUER, 2002), fazendo uma nova classificação do conteúdo. A intenção, nesse momento da AC, era extrair dos temas genéricos referências aos objetivos da pesquisa. Para tanto, usou-se como balizador as definições dos principais termos constantes nos objetivos de pesquisa, de modo que se tornasse menos abstrato o entendimento de conceitos de Turismo de Luxo em Balneário Camboriú. Esse processo foi realizado para todas as entrevistas, individualmente. O exemplo abaixo (Quadro 6), extraído da tabela de uma das entrevistas, mostra o padrão de tabela e classificação utilizado já quando da adoção das categorias de fatores intrínsecos que seriam observadas ao se analisar o destino (6“As”). Quadro 6 - Exemplo de padrão de classificação das entrevistas NE : PARÁGRAFO # FATORES RESUMO 6 Atrações BC está voltado ao turismo de massa. Faltam hotéis de rede, shoppings e atrações voltadas ao mercado de luxo 10 Acessibilidade Penso que o sistema de transporte não é ruim, o que falta é maior organização do trânsito no verão, por parte do município. Fonte: elaborado pela autora Onde: NE refere-se ao nome do entrevistado, Parágrafo# a numeração do parágrafo . De posse dos resumos contidos em cada categoria, fez-se uma síntese de seus resultados, verificando quais os fatores intrínsecos mais recorrentes, bem como as características mais presentes nas percepções dos respondentes. Em uma classificação secundária foram classificados como “outros” os comentários não enquadrados nos grupos relacionados aos objetivos da pesquisa, mas que poderiam ser utilizados como informações importantes na composição da análise. O produto final da análise de conteúdo foi um esquema-resumo, estruturado de acordo com os principais objetivos de pesquisa e de outros temas que se mostraram recorrentes e importantes. 70 3.4.4.2. Análise de Discurso (AD) De posse desse esquema reiniciou-se a leitura de todas as entrevistas dentro da técnica de análise de discurso. A leitura orientou-se por verificar: características gerais do discurso dos entrevistados (GILL, 2002), recebendo especial atenção as contradições, associações promovidas entre temas, os significados implícitos (SPINK, 1994) e detalhes mais sutis como hesitações, silêncios e ênfases registrados nas transcrições (SPINK,1994; CAPPELLE; MELO; GONÇALVES, 2003); o uso do discurso como ação, na forma de acusações, desculpas, justificativas, etc. (GILL,2002); características da retórica: a persuasão do informante ao tentar transmitir a sua “versão do mundo”(SPINK,1994; GILL,2002). A análise de discurso, através desses recursos, ajudou a confirmar e ajustar a estruturação levantada na análise de conteúdo, através de uma análise da adequação das classificações empreendidas; e entender em que contexto foram manifestadas as menções levantadas na análise de conteúdo, verificando as ligações existentes entre os temas. Com a análise de discurso, foi possível extrair uma imagem mais clara do conjunto de entrevistas e a forma como os diferentes tópicos se inter-relacionavam. Para tanto, todas as entrevistas foram relidas integralmente; anotações foram feitas à medida que a leitura evoluía, e, quando necessário, acessou-se as fitas com as gravações, para confirmar trechos importantes, bem como anotações oriundas da observação. Convém destacar, inclusive, que os registros de campo foram bastante importantes nessa fase da análise, permitindo esclarecer e compreender alguns dos tópicos que não se mostravam tão claros. Ao cabo dessa leitura, tornou-se possível construir, finalmente, um apanhado geral das entrevistas em que: expunham-se seus resultados mais recorrentes, fruto da AC; e inseriam-se esses resultados em um contexto, fruto da AD. Na primeira análise de conteúdo, agrupou-se o conteúdo das entrevistas em diversos temas para que, num segundo procedimento analítico, estes fossem associados aos objetivos da pesquisa. A análise de discurso, por fim, ajudou a construir a relação entre os diferentes objetivos de pesquisa e os outros tópicos relevantes. Ao final das análises, os resultados foram descritos na forma de um relatório estruturado conforme os temas principais e os objetivos da pesquisa, ilustrando-os com verbalizações das entrevistas. De maneira complementar, foram utilizados trechos de matérias e anúncios de publicações relacionadas ao universo do luxo, consultadas ao longo da pesquisa. 71 3.4.5. Fase 5- Validação Recorrentemente discutida nos círculos acadêmicos, a questão da confiabilidade e da validade da pesquisa qualitativa foi o foco principal da atenção no estágio cinco do trabalho. Na verdade a confiabilidade foi garantida ao longo de todo o processo de pesquisa, enquanto a validação ocorreu, especificamente, nas fases 5 e 6. Para facilitar a leitura, optou-se por apresentar, neste tópico, todas as medidas tomadas para garantia de confiabilidade e validade. Alguns pesquisadores em ciências sociais defendem que a pesquisa qualitativa deve desenvolver “equivalentes funcionais” às normas de confiabilidade e validade da pesquisa quantitativa (GASKELL; BAUER, 2002). Essencialmente, a confiabilidade de um estudo diz respeito à consistência dos procedimentos de pesquisa e dos instrumentos utilizados, enquanto a validade refere-se à capacidade da investigação refletir a realidade (MALHOTRA, 2001; GASKELL; BAUER, 2002). A literatura arrola alguns procedimentos que ajudam a conferir confiabilidade e validade à pesquisa qualitativa. Diversos deles foram seguidos na presente investigação e são apresentados a partir de agora. Excetuando os indicados por alguma outra referência bibliográfica, todos são oriundos dos trabalhos de Lincoln e Guba (1985) ou Bauer e Gaskell (2002). Medidas adotadas para garantia de confiabilidade: (1) A utilização de diversas fontes de evidência foi uma das primeiras medidas adotadas. Logo no início dos trabalhos, na fase 1, definiu-se que entrevistas, observação e consulta a materiais diversos comporiam o conjunto de evidências do presente trabalho, evitando que apenas uma fonte de dados fosse utilizada. (2) Teve-se o cuidado com a utilização de entrevistados de perfis variados com a intenção de ampliar a gama de visões a respeito do fenômeno, definiram-se como habilitados a participar das entrevistas perfis diferentes de pessoas (representantes públicos e de associações, imobiliárias, construtoras, atrações, clubes noturnos, marina, restaurantes e hotéis, shoppings). (3) Foram feitas coletas de materiais adicionais, para posterior utilização e consulta desde a fase 1, materiais diversos – reportagens de imprensa, artigos acadêmicos, relatos pessoais, anotações – passaram a ser acumulados ao longo da pesquisa, constituindo uma “base de informações” disponível para uma eventual consulta posterior. (4) A partir da fase 2 mantiveram-se anotações de campo regulares, de forma a construir uma memória escrita do processo de pesquisa. Estas anotações contemplaram o relato da observação realizada, comentários acerca das entrevistas e reproduções de diálogos e situações presenciados. (5) Foram tomadas medidas para evitar distorções e vieses durante as entrevistas, ao final das 72 entrevistas, mesmo naquelas em que não se utilizou um roteiro pré-definido, fez-se uma recuperação dos tópicos principais citados ao longo da conversa, a fim de confirmá-los com o entrevistado (GODOY, 1995). A intenção era de evitar distorções ou má compreensão de sentido, conferindo maior precisão às informações. (6) Com a intenção de confrontar informações e verificar se a visão de um entrevistado era compartilhada com outros, promoveu-se a incorporação de tópicos de uma entrevista para outra. Esse procedimento foi utilizado mesmo quando da não utilização de um protocolo pré-estruturado de questões (fase 2). No momento seguinte da investigação (fase 3), o instrumento de coleta utilizado, apesar de pré-estruturado, foi ganhando suas feições definitivas à medida que a pesquisa era realizada. (7) Na fase 4 foi utilizada a “Audittrail”: medida que consistia em recorrer a gravações e transcrições ao longo da análise e interpretação, utilizaram-se as fitas gravadas para confirmar informações registradas nas transcrições e/ou averiguar características do discurso dos informantes, como caráter positivo ou negativo da manifestação, tom de voz empregado, etc. Medidas adotadas para garantia de validade: Foram dois os procedimentos de validação, basicamente: submissão de uma primeira versão do relatório a outros pesquisadores, por não se tratar de um trabalho realizado por uma equipe de pesquisadores, este procedimento foi realizado de maneira diferente. Dispondo já dos primeiros resultados da análise dos dados (ao final da fase 4), foi submetida uma síntese dos mesmos ao orientador deste projeto de pesquisa. Procedimento semelhante ocorreu ao final da fase 6, quando concluída a discussão e interpretação dos resultados e submissão dos resultados a respondentes da pesquisa: a fase 5 propriamente dita foi de validação dos resultados junto a entrevistados. Para tanto, o procedimento adotado foi o seguinte: - Foram convidados cinco dos entrevistados a participar da validação dos dados. Três deles consentiram em participar. - Esses cinco entrevistados convidados eram profissionais independentes e/ou representantes de associações. A escolha recaiu sobre eles por combinarem os três requisitos para a validação: Foram informantes da pesquisa; São conhecedores do tema em questão (RYAN; BERNARD, 2000); e Guardam um distanciamento crítico em relação ao tema, já que não são vinculados a qualquer empresa atuante no mercado de luxo e nem em cargos com vinculações políticas. - Os três entrevistados foram convidados a fazer uma apreciação dos resultados do trabalho, informando (conforme sugestão de Lincoln; Guba, 1985): Se os resultados ali descritos confirmavam aquilo que observam no cotidiano; Se existia alguma surpresa em relação àquilo que observam em suas atividades profissionais; e Se existiam discordâncias, 73 adições ou quaisquer comentários que considerassem relevantes a respeito dos mesmos. - Para tanto, foi-lhes remetido, por e-mail, material no qual na primeira página eram dadas as instruções para realização da validação e, nas duas seguintes, sintetizavam-se os resultados da pesquisa (Apêndice B). Essa síntese foi apresentada em forma de tópicos, de maneira a facilitar a leitura e a compreensão e, consequentemente, estimular a leitura. - O retorno dos entrevistados foi feito por e-mail. Nesta dissertação, a validação é apresentada imediatamente após a descrição dos resultados. A intenção desse procedimento foi reservar aos entrevistados o direito de ter conhecimentos obre os resultados de pesquisa e de omitir opiniões a respeito deles, oferecendo pontos de vista alternativos a serem incorporados ao relatório pelo pesquisador. Sinteticamente, os procedimentos de garantia de confiabilidade e validade podem ser esquematizados (conforme figura 4). Figura 4 - Síntese dos procedimentos de confiabilidade e validade Fonte: elaborado pela autora 74 3.4.6. Fase 6 – Discussão dos Resultados De posse da versão validada do relato da investigação, passou-se, então, à discussão dos resultados, realizada sob a forma de associação dos dados encontrados com a literatura direta e indiretamente relacionada ao tema. O produto dessa fase foi submetido à avaliação e validação do orientador, conforme procedimentos descritos anteriormente. Concluída a descrição do método, passa-se agora à caracterização do objeto da pesquisa, e em seguida à apresentação dos resultados. 75 4. CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DA PESQUISA Balneário Camboriú é um município da região metropolitana da Foz do Rio Itajaí, no litoral norte do estado de Santa Catarina, no Brasil (ver figura 5). Possui, segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do ano de 2010, uma população de 108.089 habitantes, sendo o 11º município mais populoso do estado e o 2º menor em área total. Figura 5 - Mapa do Brasil – localização de Balneário Camboriú na região Sul Fonte: MTur, 2013. Destaca-se como o município com maior densidade demográfica de Santa Catarina, com mais de 2.350 habitantes por quilômetro quadrado. Balneário Camboriú possui uma das maiores densidades de prédios do Brasil. Apesar de possuir pouco mais de 100.000 habitantes, sua estrutura de edifícios comporta aproximadamente 1.000.000 de pessoas, marca frequentemente ultrapassada na alta temporada. Balneário Camboriú foi eleito o município com melhor qualidade de vida do litoral catarinense, sendo o segundo do Estado, ficando atrás apenas de Blumenau. O acesso a Balneário Camboriú pode ser feito por rodovias de São Paulo, pela BR116, até Curitiba, depois pela BR-375, e por fim seguindo pela BR-101. De Porto Alegre pela BR-290 (Freeway), RS-389 (Estrada do Mar) e BR-101 (ver Quadro 7). Ou por via aérea, pousando no aeroporto internacional de Navegantes, a 17 km da cidade, no qual há voos diários para Florianópolis e se conecta com as principais capitais do país (MTUR, 2013). 76 Quadro 7 - Distâncias de Balneário Camboriú Distâncias de Balneário Camboriú Florianópolis: 86 km Curitiba: 214 km São Paulo: 620 km Joinville: 100 km Fonte: MTur, 2013. Balneário Camboriú sempre teve uma valorização superior a média de outras regiões, por causa, principalmente, da infraestrutura que o município apresenta. É uma “praia urbana”, que possui movimento o ano todo, o comércio é forte e a rede gastronômica é de primeira qualidade, tudo isso em uma cidade tranquila e segura. Os imóveis da construtora FG Empreendimentos, por exemplo, valorizam 30% ao ano. As principais atividades econômicas do município são a prestação de serviços, a indústria, o turismo e a construção civil. Balneário Camboriú oferece uma boa estrutura de apoio ao turismo, contando com mais de 100 hotéis, gastronomia variada e de qualidade, comércio forte e prestação de serviços. A atividade da construção civil é supervalorizada, com média de R$ 3.000 o metro quadrado. A ocupação dá-se por edificações comerciais e residenciais. O município conta com cerca de 350 imobiliárias. Durante o ano, a procura por Balneário Camboriú é feita não apenas por brasileiros, mas também por turistas da América Latina, América do Norte e alguns países da Europa. Pesquisa do IBGE (2012) feita em 5.565 cidades brasileiras apontou Balneário Camboriú como o município com mais qualidade urbana do país. Camboriú tem 91,3% dos domicílios atendidos adequadamente pelos serviços e equipamentos básicos. A pesquisa também mostrou que a cidade é a primeira de Santa Catarina em qualidade de vida. O índice de desenvolvimento urbano é de 0,974, ficando a frente da capital Florianópolis (índice de 0.966) e Blumenau (0,965), a cidade que sedia a Oktoberfest, segundo e terceiro lugares respectivamente. A expectativa de vida é alta, o índice de desenvolvimento Humano (IDH) é considerado o sétimo melhor do país e há taxas baixas de violência. A gestão do turismo é feita pela Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Balneário Camboriú e tem como objetivo promover o desenvolvimento turístico e econômico do município. Como o turismo é uma das principais atividades econômicas da cidade, as ações da Secretaria buscam ampliar a divulgação e, consequentemente, o aumento do fluxo turístico na cidade durante o ano inteiro. Para tanto, são realizadas ações de marketing, eventos e outras atividades a nível local, estadual, nacional 77 e internacional, a fim de valorizar o turismo no município para o desenvolvimento socioeconômico da população de Balneário Camboriú (SECTURBC, 2013). 4.1. Economia de Balneário Camboriú Segundo dados do IBGE (2013), verifica-se que o PIB de Balneário Camboriú cresceu entre 2003 e 2012 bem acima do Estado e do país. O crescimento de BC nesse período foi de 239%, enquanto que no Estado o crescimento foi de 174% e no país 165%. No PIB por setor, o setor predominante é o de Serviços com uma participação de 73%. O Sinduscon (Associação da Indústria da Construção Civil) de Balneário Camboriú realizou em 2013 uma pesquisa denominada “Perfil Imobiliário” com o objetivo de traçar o perfil imobiliário de Balneário Camboriú em todos os seus aspectos e influências. Alguns dados são importantes para essa pesquisa, como a de que a forte participação de serviços em Balneário Camboriú indica o alto desenvolvimento urbano do município, com intensa presença varejista e de serviços especializados, bem como também a importância dos segmentos de turismo e lazer em sua economia – fatores que afetam positivamente o mercado imobiliário, especialmente para mercados de segunda residência, imóveis de lazer, ou mesmo destinados a segmentos de aposentadoria, como é habitual em outras cidades litorâneas com perfil semelhante (SINDUSCON, 2013). É evidente a importância da construção civil na dinâmica econômica de toda a região e pode ser atestada pela predominante participação do setor nos empregos gerados na região. Em Balneário Camboriú a participação do saldo de empregos da Construção Civil no saldo dos empregos gerados na cidade em 2008, 2009 e 2011 foi de expressivos 40% de participação. Ou seja, 4 em cada 10 empregos formais gerados foram devidos à construção civil. Em 2012 esta participação foi de 30% (SINDUSCON, 2013). Ainda de acordo com o Sinduscon, em 2012, Balneário Camboriú contava com 70.510 domicílios totais. Deste total, 60% são domicílios ocupados e 40% não ocupados. O alto percentual de domicílios não ocupados denota que se trata de segunda moradia, ocupação temporária e de lazer ou mesmo investimento como imobilização e preservação do capital ou perspectiva de ganhos futuros. Dos domicílios não ocupados é importante citar que 30% são de uso ocasional, ou seja, servem para férias e finais de semanas. Com relação aos tipos de domicílios, o destaque é para os apartamentos com 57%, enquanto a moradia vem em seguida com 47%., o que faz de Balneário Camboriú a segunda cidade mais verticalizada do país. Os dados da pesquisa do Sinduscon (2013) também apresentam que grande parte da hospedagem acontece em domicílios alugados e em segunda moradia. 78 Em janeiro de 2013 o número estimado de turistas em Balneário Camboriú foi de 353.680 pessoas e em fevereiro de 2013 de 275.123 pessoas. Dos turistas brasileiros que foram para a cidade em janeiro de 2013, grande parte eram oriundos do Paraná, com 41,89%; já no mês de fevereiro há uma mudança, em que os três Estados do sul tiveram uma participação parecida, entre 25% a 30%. Quando se tratam de emissores internacionais, a Argentina tem a maior participação, tanto em janeiro quanto em fevereiro de 2013, com mais de 70%.O meio de transporte mais utilizado é o automóvel, vindo em seguida o ônibus, e com uma pequena participação o avião (SINDUSCON, 2013). 4.1.1. Atrações O destino BC caracteriza-se pela exploração do segmento turístico classificado pelo Ministério do Turismo (IBGE, 2013) como “Turismo de Praia e Sol”. Existem vários métodos de classificar as atrações turísticas. No presente estudo é utilizado um método simples baseada em dimensões: feito pelo homem x natural (PEARCE et al., 1998; WALL, 1997; YALE, 1996; LAVERY; VAN DOREN, 1990 ). As atrações turísticas, tanto as naturais como as construídas pelo homem, são os componentes principais do produto turístico de uma região. Sem atrações não haveria qualquer necessidade para outros serviços de turismo, tanto mais que sem atrações, o turismo como se observa hoje não existiria. Um dos elementos fundamentais para esta análise é a compreensão dos “produtos principais” e os “produtos complementares” que compõem a oferta. Os produtos principais correspondem diretamente à experiência buscada por um grupo determinado e os produtos complementares ajudam a conformar uma oferta autossuficiente, a fixar a identidade do destino e ampliar o leque de sensações a serviço da experiência buscada. Cada um deles pode se tornar por sua vez em um novo produto principal ao mesmo tempo em que servirá para rentabilizar os periféricos, gerar novos negócios e melhorar em geral o destino. Quanto mais elementos complementares, maiores são as chances do destino de fidelizar clientes e atrair novos públicos que poderão usufruir do destino em busca de outras experiências (VALLS, 2000). Anjos (2004) também afirma que se pode compreender o sistema turístico através dos sistemas materiais e imateriais. Os materiais podem ser divididos em: ambiente natural e construído. A dimensão natural abrange os atrativos do sitio físico onde se encontra a destinação. Desta forma, as expectativas dos turistas estão relacionadas as características físicas informadas pelo destino, sendo que cada destino, depende de sua característica natural 79 (praia/montanha/calor/frio/vegetação/grutas). Os elementos naturais, como relevo, solo, água, clima, vegetação e fauna, são resultantes de processos ecológicos integrantes do sistema natural e, portanto, controlados por dinâmicas não humanas. A partir desse contexto, a seguir são apresentados dois quadros referentes aos Atrativos Naturais de Balneário Camboriú e suas características, subdivididos em atrações naturais: praias (quadro 8) e atrações naturais: parques e morros (quadro 9) para melhor compreensão e visualização. Quadro 8 - Atrações Naturais: Praias Praia Central - A praia central, com cerca de 6 Km de extensão, é a mais frequentada porque a cidade se formou em torno dela, mas os moradores de Balneário Camboriú costumam mais praticar esportes (ginástica, vôlei, futebol, caminhada) do que tomar banho de mar. Já os surfistas se concentram no melhor ponto, nas imediação da Galeria Maxim´s. Para banho a praia central é mais utilizada pelos turistas. É ao longo da praia central que se concentram os principais serviços como restaurantes, hotéis, etc. Praia do Estaleiro - É a praia ao sul da Central com maior concentração de casas de veraneio em Balneário Camboriú. Escondida entre as encostas da Mata Atlântica mantém as características com um mar de águas azuis claríssimas, ondas grandes, areia grossa e vegetação preservada. O mar quebra com força, mas há opções como o costão norte da praia onde se forma uma piscina entre as pedras, ideal para a recreação das crianças. O local conta com uma boa variedade de restaurantes e petiscarias. Para hospedagem existem algumas pousadas com ambiente descontraído. Praia do Estaleirinho - Estaleirinho é uma referência gastronômica na Costa Brava, tradição inaugurada pelo Restaurante Estaleirinho ao qual se juntaram, com o passar dos anos, outros estabelecimentos. A mata, o mar transparente e as areias branquíssimas ainda dominam o cenário em seus 1.050 metros de extensão, embora cresça a cada ano o número de casas de veranistas que vêm descobrindo aquele local. As condições de banho variam de um dia para outro. Pode-se chegar lá e encontrar um mar com fortes ondas ou deparar-se com uma grande piscina. Para hospedagem há hotéis, uma série de casas de aluguel e pousadas. O grande charme do Estaleirinho é a formação de uma pequena praia junto ao costão, isolada por um conjunto de pedras, a sensação é de estar em uma dessas praias paradisíacas. As águas muito claras sugerem um bom mergulho de observação. Praia de Taquaras - Fica no meio da Costa Brava, uma pequena ex-comunidade de pescadores com o mar à frente e a Mata Atlântica ao fundo. Até alguns anos atrás Taquaras era menos frequentada que as demais praias de Balneário Camboriú, pois o mar nem sempre oferece condições ideais para banho. Nos últimos anos, com a conclusão da estrada Interpraias, muitas residências de moradores fixos foram construídas naquela praia, melhorando a oferta de restaurantes e comércio que, no entanto, ainda é limitada. Praia de Taquarinhas - O mar é forte e a praia não tem salva-vidas ou qualquer outro tipo de infraestrutura. O local ainda é preservado e pede-se aos turistas não deixar lixo ou prejudicar a vegetação nativa. Existe um projeto em tramitação na Assembleia Legislativa de Santa Catarina para transformar Taquarinhas em Parque Estadual, com visitação controlada. Praia do Pinho - É uma das poucas praias brasileiras dedicadas ao naturismo, onde todos andam despidos. É também a mais bela praia do município, praticamente deserta, escondida por morros e costões de pedra. A praia do Pinho, administrada por uma associação que defende os ideais naturistas, tem infraestrutura de camping, alimentação e lazer. A praia tem ainda dois bares e um restaurante, além de um mini-hotel de frente para o mar. O acesso se dá pela estrada Interpraias. Para ingressar é necessário tirar a roupa e seguir regulamentos específicos. O ambiente é exclusivamente familiar. 80 Praia de Laranjeiras - É a praia mais próxima do Centro e extremamente concorrida. Laranjeiras é uma pequena baía rodeada pelo verde da Mata Atlântica, com um mar que em alguns dias parece uma piscina. Ir para Laranjeiras de barco proporciona um passeio seguro por toda baía, onde o ambiente a bordo é de pura descontração. Em Laranjeiras existe maricultura de mexilhões que são vendidos nos restaurantes da própria praia. Praia Mato de Camboriú - É a praia mais ao sul do município de Balneário Camboriú e a principal atração são os costões de pedra propícios para o mergulho de observação. A água é transparente e forma pequenas ondas ideais para a prática de “jacaré”, o que é muito apreciado pelos banhistas. A praia é farta em restaurantes de peixe e camarão. Ao frequentar a praia Mato de Camboriú, há o hábito de levar máscara de mergulho e pés de pato. O uso de arpão para pesca é proibido. Fonte: elaborado pela autora com base em sites de prefeituras e entidades Quadro 9 - Atrações Naturais: Parques e Morros Parque Ecológico Rio Camboriú - A riqueza da biodiversidade está neste Parque, localizado no bairro Morro do Gavião - Ponto mais alto da cidade possui dos Municípios. Suas principais atrações são as trilhas trilhas e nascentes. Acesso pela BR-101 com a ecológicas da Figueira, do Caranguejo, da Gamboa, do marginal leste. Possui uma altura de 241.40m Graxaim, entre outras ramificações. Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta - É um local onde os visitantes desfrutam da mais eficiente educação ecológica informal, que é o contato direto com a natureza, contemplando a diversificada vegetação, espécies de aves, anfíbios, répteis, crustáceos, insetos e pequenos mamíferos vivendo em harmonia. Ilha das Cabras - A uma distância 600 metros da praia central, conta com uma belíssima iluminação noturna e é um dos principais cartões postais do município. Para chegar até ela basta optar pelos passeios de escuna, partindo da Barra Sul. Para quem quer um pouco mais de aventura é possível alugar pedalinhos ou caiaques. Morro do Careca - O Complexo Morro do Careca é mais um atrativo de Balneário Camboriú. Por ser um dos pontos mais altos do município, possui uma visão privilegiada da cidade e do mar. Local preferido pelos adeptos do voo livre; recebeu este nome pelo topo ser totalmente liso. Localizado na Praia dos Amores, possui escadaria de acesso à Praia do Buraco, rampa de acesso à Praia da Concha com revestimento em lajotas, passarelas suspensas em madeira (deck), além de paisagismo. Morro do boi - Localizado na BR-101 sentido Balneário Camboriú-Itapema. Possui uma altura de 152.41m e serve como cenário para a prática de esportes Morro da Aguada - Localizado na Barra Sul e onde está a Estação Mata Atlântica do Parque Unipraias. Acesso pela Av. Atlântica, Barra Sul. Possui uma altura de 240.00 m Cordilheira do Ariribá - Em seu ponto mais alto, possui trilhas e nascentes, com destaque para uma reserva de água mineral. Acesso pelo Bairro das Nações, Rua Itália. Possui uma altura de: 240.18m Pedra do Ovo - Localizada na Linha de Acesso às Morro da Cruz - Onde se localiza o Complexo Cristo Praias Rodesindo Pavan mais conhecida como Luz. Acesso pela Avenida do Estado até a Rua Interpraias, entre as praias de Taquarinhas e Taquaras, tem o formato de um enorme Ovo. Servia de referência Indonésia. Possui uma altura de 102.72m. náutica para as embarcações que por ali passavam. Fonte: elaborado pela autora com base em sites de prefeituras e entidades Anjos (2004) afirma que a dimensão material construída é constituída pelos equipamentos e infraestruturas existentes no destino. São integrantes desta dimensão os equipamentos turísticos, como parques temáticos, navios, barcos, praças, parques, monumentos e edifícios históricos e ainda as redes urbanas/regionais (viária, água e esgoto, comunicação e energia) que sustentam a base da infraestrutura do destino. 81 No caso de Balneário Camboriú foi possível encontrar como equipamentos os que se apresenta no quadro 10 a seguir. Quadro 10 - Equipamentos Parque Unipraias - O Parque Unipraias é um parque natural cercado de diversão. Localizado na Avenida Atlântica, nº 6006 - Barra Sul, desde 1999, o Parque Unipraias vem seguindo a tendência mundial de reunir em um só local várias modalidades de lazer, e é por isso que hoje é reconhecido com vários prêmios. Durante o ano todo, o Parque recebe um público que varia entre meio milhão de brasileiros e estrangeiros. São turistas e admiradores que vêm em busca de diversão, aventura e lazer e são recepcionados com uma infraestrutura surpreendente construída com tecnologia de ponta. O símbolo do Parque Unipraias são os 47 bondinhos aéreos interligando três estações entre o lado sul da orla de Balneário Camboriú, subindo até o Morro da Aguada e descendo com privilegiada vista da Mata Atlântica e do mar em todo o trajeto. Nos 202.000m² de área total, com área de preservação de 132.000m², estão reunidos atrativos para todos os gostos e idades, atendendo tanto o visitante que procura os cartões-postais para admirar como aquele ávido por aventura e adrenalina. Complexo Cristo Luz - Outra atração turística de Balneário Camboriú é o Cristo Luz, uma estátua de 33 metros de altura que fica no ponto mais alto do município. O Cristo Luz possui características singulares que surpreendem a todos os visitantes. Todas as noites, as pessoas que passeiam pela área central de Balneário Camboriú, podem apreciar as luzes multicoloridas do monumento, atração inédita no Brasil. De braços abertos, o Cristo segura em sua mão esquerda o símbolo do sol que “ilumina e abençoa toda a cidade e seus turistas”. Com relação à estrutura de lazer e eventos, o Complexo possui: Pavilhão de Eventos com capacidade para 1.000 pessoas; Restaurante Panorâmico com capacidade para 300 pessoas; Pizzaria com forno à lenha, anexo ao restaurante; Lanchonete; Estacionamento com capacidade para 500 carros. Molhe da Barra Sul - O atrativo possui 452 metros de comprimento e é pavimentado em madeira e petit pavê. No piso, a forma de animais da fauna marinha da região, como o robalo, o siri e o cavalomarinho, fazem do Molhe mais um belo cartão postal da cidade de Balneário Camboriú. O local também possui um moderno sistema de paisagismo, com iluminação baixa e bancos ao longo do percurso. Há também um playground Passeio de escuna (barco pirata) - Três embarcações, todas devidamente vistoriadas e liberadas pela Capitania dos Portos da Marinha do Brasil, sendo destaque em seus serviços de passeio e entretenimento a bordo, o que faz a empresa receber recentemente do governo do Estado de Santa Catarina o prêmio “Orgulho Catarinense”. Passeios de Helicóptero - Para observar a cidade de outro ângulo, uma das opções é o passeio de helicóptero. Uma das empresas que realizam o serviço oferece viagens com até dez minutos de duração sobre as praias da região. Para que o passeio ocorra é necessário haver pelo menos três passageiros. Voo livre - paraglider/central de voo - Em meio a praias, parques e cachoeiras pouco conhecidas no Litoral catarinense está o Morro do Careca, entre Itajaí e Balneário Camboriú. A localização e o número de visitantes revelam um ponto turístico, que presenteia quem o procura com uma das mais belas vistas da região.O voo livre com parapente, principal atrativo do local, que torna o roteiro diferente. Beto Carrero World - Embora esteja localizado no município de Penha, a 32 km de Balneário Camboriú, o parque Beto Carrero World, um dos maiores parques de diversão do país, seguindo os mesmos conceitos e padrões apresentados pelos complexos Disneyworld, Universal Studios e Busch Gardens, deve estar incluído no roteiro de quem passa as férias em Balneário. Com uma área construída de cerca de 2 milhões de m², o parque se divide em sete áreas temáticas: Avenida das Nações, Aventura Radical, Ilha dos Piratas, Mundo Animal, Terra da Fantasia e Velho Oeste. Os brinquedos mais procurados são a "Star World Mountain", montanha-russa com dois loopings vencidos pelo carrinho a uma velocidade de até 86 km/h, a "Torre do Terror", a qual sete elevadores despencam em queda livre de uma altura 82 infantil na forma de uma embarcação naufragada. Mais que um atrativo turístico, o molhe da Barra Sul garante a segurança no tráfego de embarcações turísticas na Foz do Rio Camboriú e nas atividades da pesca artesanal. Centro de Cultura - O centro cultural da cidade foi inaugurado em dezembro de 1996 e oferece muitas informações sobre as artes e a história do município. No lugar ficam a Biblioteca Municipal e o Arquivo Histórico, com um acervo de jornais antigos. Teatro Municipal Bruno Nitz e Galeria Municipal de Arte - No dia 27 de março de 2014, a Prefeitura, por meio da Fundação Cultural (FCBC), entregou à comunidade o Teatro Municipal Bruno Nitz e a Galeria Municipal de Arte. O Teatro Municipal Bruno Nitz possui capacidade para 345 pessoas sentadas, com sistema de climatização, iluminação/sonorização e automação. Parque Cyro Gevaerd - O parque reúne várias atrações, dentre as quais um zoológico que reproduz com fidelidade aspectos da Mata Atlântica que abriga tucanos, jaguatiricas, jacarés, pássaros e onças. Há também o Aquário Marinho (galeria com grande diversidade de peixes e crustáceos), Tartarugário, Horto Botânico (formando um dos mais ricos acervos da flora catarinense) e Museu Oceanográfico e de Aves, Mamíferos e Répteis. Além disso, a cultura e a civilização também estão presentes nas vilas com casas típicas nos estilos alemão, italiano e açoriano. Parque Aqualândia - Instalado no mar da praia central de Balneário Camboriú, na altura da rua 4.600, os brinquedos infláveis de alta resistência e segurança (da empresa alemã Aviva) têm vários graus de dificuldades: apropriados tanto para as crianças, quanto para jovens e adultos. Não é necessário ter experiência, já que o parque conta com equipe de monitores treinados para orientar durante as atividades. De acordo com os diretores do Acqualândia, além de proporcionar mais uma grande atração à cidade, o parque trouxe maior movimentação turística à Barra Sul e ao comércio dessa região, equilibrando o fluxo da orla marítima. Speedway Music Park-trilhas/Kart/Paintball Projetado para ser um local de entretenimento, o Speedway Music Park uniu três conceitos na construção de sua identidade: Velocidade, Adrenalina e Música. Com esses elementos, o Speedway Music Park está sendo estruturado para receber tudo o que há de melhor no mundo em todas as suas áreas de atuação. equivalente a um prédio de 18 andares, o "Tapete Mágico", além de simuladores e outros equipamentos. Museu Arqueológico - Localizado no Parque Cyro Gevaerd, o museu possui mais de cinco mil peças, entre elas estão expostos fósseis com milhares de anos da civilização antiga da região. Provenientes do sítio arqueológico de Laranjeiras merecem destaque as ossadas de duas índias grávidas, cujos fetos são perfeitamente perceptíveis. Segundo especialistas esses são raros exemplares com apenas quatro similares no mundo. Museu do Artesanato Catarinense - Com um acervo de 716 peças, com destaque para as cerâmicas, vimes, tecidos, couro, esculturas em madeiras, etc. Grupos folclóricos representando o boi-de-mamão, pau-de-fita e a bandeira do Divino. Ainda há uma réplica de um engenho de farinha com 22 peças. Museu de Fauna Marinha - Exemplares de peixes coletados nas costas catarinenses, conchas, crustáceos, equinodermos, algas, aves e mamíferos. Destaque para os tubarões e leões marinhos capturados no nosso litoral. Museu do Pescador - Com um acervo de 90 peças, no Museu do Pescador há canoa, redes, balaios e outros artigos de pesca artesanal. Igreja Bairro da Barra - A pequena igrejinha do Bairro da Barra - tombada pelo Patrimônio Histórico – é uma das mais antigas de Santa Catarina. A igreja foi construída pelos escravos em 1849, com óleo de baleia e argamassa. Igreja Matriz Santa Inês - Localizada no centro da cidade, sua arquitetura possui características praieiras, de formato arredondado, que simboliza o chapéu de palha de um pescador. Sua construção foi iniciada dia 21 de fevereiro de 1967, e a edificação da torre, onde estão instalados os quatro sinos, em 8 de novembro de 1990. Capela Santo Amaro - Localizada também no Bairro da Barra, trata-se de mais uma atração cultural e histórica. Construída em 1810 com óleo Water Play Parque Aquático - Localizado na de baleia misturado à argamassa, o local faz parte praia de Estaleirinho, é um parque aquático com do acervo histórico do Estado. Possui peças piscinas adulto e infantil, play ground, toboáguas, barrocas doadas pela família real no século XIX. 83 rampa molhada, sempre com supervisão de salvavidas. Além de bosques, lanchonetes e sorveteria. Tedesco Marina Garden Palace Inaugurada em setembro de 2006 a Tedesco Marina é referência náutica no Brasil. Sua capacidade é para 500 embarcações, sendo: - hangares com capacidade para 430 embarcações - mais 70 vagas molhadas para embarcações de até 100 pés - equipamentos de ponta como três forklifts para embarcações de até 8 toneladas e travellift para embarcações de até 50 toneladas - serviços de boatcleaning, pump out e barco de resgate - vagas molhadas com postes de serviço com água, luz, tv a cabo e internet wireless - posto Ipiranga e loja de conveniência am/pm com produtos diversificados proporcionando conforto e comodidade Segundo relatos da época, durante a comemoração da abolição da escravatura o sino rachou de tanto tocar. Tombada pelo Patrimônio Histórico Cultural pelo Governo do Estado e Municipal. Capela Nossa Senhora de Aparecida Reestruturada pelo então prefeito Leonel Pavan, a Capelinha Nossa Senhora de Aparecida representa mais um marco do município, que atrai vários turistas e comunidade local o ano inteiro. Para chegar até lá é necessário subir 115 degraus, aos quais inúmeros fiéis pagam promessas, oram, ou simplesmente apreciam a vista parcial da cidade. Fonte: elaborado pela autora com base em sites de prefeituras e entidades 4.1.2. Serviços O conjunto de serviços complementares no destino não só é um dos principais elementos procurados pelo turista como permite a expansão econômica em toda a cadeia de produção. Majoritariamente operados por negócios locais, para os autores, a falta de investimentos nesta área impossibilitará uma gestão estratégica e de marketing necessárias às necessidades do mercado turístico. Divididos em duas categorias por Cooper et al (1996) – alojamento e restauração e comércio e outros serviços – a existência destes serviços complementares prova a natureza multi setorial da oferta turística e o caráter interdependente dos seus subsetores. Ao contribuírem para o turista se sentir bem-vindo e ao proporcionarem a completa satisfação das suas necessidades e desejos, as infraestruturas de alojamento e restauração de um destino criam no turista uma recordação positiva duradoura Cooper et al (1996). Podendo ser cadeias hoteleiras de renome ou não, apart hotéis ou segunda casa, a presença destes serviços de alojamento e restauração é importante quando adaptada a Gestão Estratégica de Destinos. A seguir uma breve caracterização dos serviços em Balneário Camboriú: 4.1.2.1. Hotéis Anjos (204) afirma que dos serviços prestados ao turista, a hospedagem caracterizase como um elemento central deste subsistema, pois se inter-relaciona com os demais serviços 84 e influencia o todo. Os meios de hospedagem são serviços de acomodações/alojamentos que tem função de possibilitar a permanência do fluxo de visitantes no lugar de destino, são estruturas de apoio importantes para regiões de destinação, apresentam-se divididos em hotéis em geral e outros meios de acomodações com suas diferentes classificações e categorias (ACERENZA, 1992; COOPER et al., 2001). De acordo com o SINDISOL (Sindicato dos hotéis, restaurantes, bares e similares de Balneário Camboriú e região), balneário Camboriú possui 129 hotéis e pousadas. Dentre eles destacam-se na praia central- que pode não ser a mais bonita em termos de beleza natural ou qualidade da água do mar, mas é a melhor opção para quem quer curtir todo o agito da cidade, o Hotel Bhally, o Hotel Villa do Mar, o Mercure Balneário Camboriú, o Hotel D‟Sintra e o Marambaia Cassino Hotel. Estes hotéis são considerados os de melhor qualidade e se encontram perto de atrações turísticas, restaurantes, baladas, farmácias, supermercados, entre outros serviços. Na Praia de Taquaras está o Reserva Praia Hotel. Já na praia do Estaleiro é possível encontrar pousadas como a Ponta do Lobo e a Estaleiro Village. Nesta praia também estão a pousada de luxo Estaleiro Guest House e o luxuoso Parador Estaleiro Hotel. Em termos de luxo, Balneário Camboriú ainda possui o Infinity Blue Resort e Spa, localizado na estrada da Rainha, que liga a Barra Norte à Praia Brava de Itajaí. 4.1.2.2. Restaurantes Os serviços de alimentação são definidos como estabelecimentos que fornecem comida e bebida e podem ser classificados em restaurantes, churrascarias, cafés, bares, etc. São diferenciados pelos produtos e serviços que oferecem e pelo público que atendem, de acordo com os diferentes segmentos que integram o mercado (MORRETO NETO; ANDRADE DE, 2001; CUNHA, 2001). O TripAdvisor, site especializado em viagens, enumera 1438 estabelecimentos gastronômicos em Balneário Camboriú. Dentre eles destacam-se pela qualidade: Acqualina Bistrot (Infinity Blue Resort & Spa), Bistrô Palatare, Bistrot La Table, L‟Assiete, Lucca, Garden Restaurante, Macarronada Italiana, Madero, Number Seven Fusion Food, Sapore Speciale (Hotel Mercure), Bistrô Casada Praia (Praia do Estaleiro Guest House). 4.1.2.3. Baladas Os serviços de lazer são atividades que visam melhorar ou aumentar as condições de 85 atração do destino, voltadas para preenchimento do tempo livre dos visitantes ou para a satisfação das necessidades e experiências decorrentes de sua permanência no local visitado. Em Balneário Camboriú as atividades de interesses sociais (são atividades ligadas ao convívio social ao relacionamento, exemplo os bares e cafés que servem como ponto de encontro) são uma das atividades principais. Dentre elas se destacam as Baladas, ou seja, casas noturnas do ramo do entretenimento musical, combinado com a venda de bebidas alcoólicas e, em alguns casos, alimentação. Não foram encontrados números referentes a quantidade de estabelecimentos nesta área em Balneário Camboriú, porém a cidade é reconhecida neste setor de acordo com inúmeras fontes (TripAdvisor, Guia 4 Rodas). Dentre as principais destacam-se: Green Valley, Warung, Woods, Shed Western Bar, Taj Bar, 2me Music Essence, Didge Steakhouse Pub, D. Led Club, Parador Beach Club, WS Brasil, onde os camarotes variam entre R$2.000,00 a R$25.000,00. Além dos inúmeros bares, boates privê, e baladas durante o dia. 4.1.3. Infraestrutura ou Serviços de Apoio Cada destino é capaz de assegurar a presença de órgãos locais dirigidos ao setor turístico que assegurem serviços de apoio não só ao consumidor, mas também aos diversos stakeholders. Podendo assumir um caráter público, privado ou público-privado, estas entidades são responsáveis pela promoção do destino, pela coordenação e controle de desenvolvimento, pelo aconselhamento e coordenação de negócios locais, pela informação de serviços existentes e reserva dos mesmos para o público, entre outros (COOPER et al, 1996). Estes organismos locais constroem e desenvolvem então a estrutura turística que opera nos destinos e cujas políticas se encontram relacionadas com as organizações regionais e nacionais. Os elementos relacionados à infraestrutura ou serviços de apoio são importantes para o turismo e podem ser discriminados em: acesso, transportes, comunicações, água, esgoto, energia, saneamento, lixo, segurança e saúde. O acesso a Balneário Camboriú se dá pelos aeroportos de Navegantes e Florianópolis, além da rodovia BR 101, responsável pela condução de maior parte do fluxo turístico para a cidade. Some-se a isto o fato de que os transportes e as comunicações passaram por grandes avanços, o que propiciou uma maior flexibilidade e, consequentemente, a intensificação dos fluxos. Quanto ao transporte urbano, é realizado por 8 veículos turísticos com rota circular nas principais avenidas da cidade (“Bondindinhos”), 14 ônibus destinados às demais rotas internas, 18 pontos de táxi e 8 locadoras de automóveis (ACIBALC, 2013). 86 No tocante às comunicações, há rádios locais, emissora de TV, além de postos telefônicos e cybercafés distribuídos pelo centro da cidade. Além disto, existem 2 agências de correios. A segurança pública é realizada por um batalhão e uma companhia da Policia Militar, o Corpo de Bombeiros e 2 delegacias de Policia Civil. Em termos de saúde, o município conta com um hospital privado, 1 hospital público, 6 postos de saúde de clínica básica e 1 central (ACIBALC, 2013). As redes de tratamento de esgotos e de coleta de lixo atende a 95% da população fixa local e as necessidades de energia elétrica são totalmente supridas (ACIBALC, 2013). Diante desse cenário observado a partir da coleta dos dados realizada no presente estudo, percebe-se que Balneário Camboriú apresenta uma oferta turística e complementar bem diversificada, com infraestrutura ampla e atrações variadas. Dessa forma, cumprido o objetivo de descrever as características da oferta do destino turístico Balneário Camboriú, quanto aos atrativos e infraestrutura, passa-se a seguir para a análise e discussão dos resultados da presente pesquisa. 87 5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Esta parte do trabalho analisa e discute os resultados encontrados. Primeiramente inicia-se com observações referentes a apresentação a fim de facilitar a compreensão do leitor, em seguida passa-se a análise dos dados, para em seguida entrar na discussão dos resultados. A seguir são descritos os resultados da pesquisa. Antes de apresentá-los são trazidas algumas observações a fim de guiar a leitura e facilitar a compreensão. Estas observações estão divididas em dois blocos principais: o primeiro diz respeito a características gerais do capítulo e pequenos esclarecimentos acerca de escolhas e procedimentos adotados para apresentação dos resultados. O segundo promove uma visão um pouco mais detalhada da maneira como os procedimentos metodológicos descritos no capítulo anterior conduziram aos resultados relatados, justificando, também, a estrutura de apresentação dos mesmos. Após estes dois blocos, tem início a apresentação do perfil dos entrevistados, ou seja, os agentes intervenientes, e dos resultados da pesquisa. 5.1. Sobre Características Gerais do Capítulo Em primeiro lugar, a despeito do foco do trabalho centrar-se sobre turismo de luxo, outros temas relacionados ao luxo foram citados ao longo das entrevistas, como por exemplo, consumo da classe A, turistas com dinheiro, consumidor seleto, etc. Algumas dessas referências foram utilizadas para ilustrar a análise, por constituírem a expressão do discurso dos entrevistados. A menção desses temas reflete como os bens de luxo estão associados, ajudando a criar aquilo que um dos entrevistados definiu como “estilo de vida”. Da mesma forma, apesar da amostra ser de gestores e não de consumidores, em alguns momentos eles fizeram referência às suas próprias opiniões e preferências enquanto consumidores de luxo. Forneceram assim subsídios complementares à compreensão do universo, de modo que algumas de suas verbalizações foram aproveitadas também. Outro aspecto diz respeito a um detalhe já referido no método: além das verbalizações das entrevistas3, foram utilizados como ilustração da análise trechos de textos de revistas associadas ao universo do luxo consultadas ao longo do trabalho de campo. Cabe ressaltar também que a confidencialidade da identidade dos entrevistados foi preservada ao se substituir eventuais menções aos nomes das organizações nas quais trabalham por expressões equivalentes como “empresa”. Os nomes das empresas e ou/ 3 Seguindo o procedimento mais comum em trabalhos qualitativos (BELLIA, 2000; SILVEIRA, 2002), os trechos reproduzidos não sofreram modificações quanto a correções de português e vícios de linguagem. 88 entrevistado foi substituído por numeração com sequência aleatória (Entrevistado 1, Entrevistado 2). A substituição não causou perda de sentido em nenhum dos casos. Cabe aqui relembrar que análise foi feita seguindo os fatores relacionados por Buhalis (2000), os 6 “As”. descritos no item 2.3 – gestão estratégica e planejamento, deste trabalho. De acordo com Buhalis (2000), como visto anteriormente, os 6 As são: A1– Attractions (Atrações), A2 – Accessibility (Acessibilidade), A3 – Amenities (Serviços), A4 – Available packages (Pacotes disponíveis), A5 – Activities (Atividades), A6 – Ancillary services (Serviços auxiliares). Sobre os fatores intrínsecos, convém destacar que todos eles tiveram como característica a quantidade e a qualidade de menções nas entrevistas. Os fatores citados dizem respeito ao número de vezes em que aparecem no discurso dos entrevistados; a análise de conteúdo foi bastante clara quanto à frequência das referências a estes tópicos. Estes fatores também foram identificados pela importância dada no discurso dos entrevistados, identificada, principalmente, através da análise do discurso. A centralidade das observações concernentes a estes seis fatores intrínsecos sobressaiu ao longo da leitura das transcrições. 5.2.Análise dos dados A análise dos dados é organizada com a mesma ordem das perguntas da entrevista e será feita em blocos de acordo com a mesma. 5.2.1. Bloco 1 - Fatores Intrínsecos do Turismo de Luxo em Balneário Camboriú de acordo com seus agentes intervenientes. Nos próximos subitens serão apresentados os cinco fatores intrínsecos para o segmento do turismo de luxo identificados em Balneário Camboriú pelos seus agentes intervenientes (Marina, Gastronomia, Condomínios de luxo, Baladas e Belezas Naturais), bem como elementos relevantes à descrição e compreensão dos mesmos. 5.2.1.1. Fator: Marina O primeiro fator intrínseco que permeou todas as entrevistas realizadas foi a Marina Tedesco. Classificada como A 1 - Atração (Attractions) de acordo com os 6 “As” de Buhalis, na narrativa dos informantes ela é considerada de luxo em infraestrutura e serviços e tem reconhecimento nacional e internacional. 89 “(...) É impossível falar em luxo em Balneário Camboriú sem citar a Marina” (Entrevistado 2). “(...) Se você vai na Marina você fica apavorado do que tem alto luxo lá.”(Entrevistado 04). “(...) Com certeza. Exemplo disso são a Marina Tedesco né, os eventos da Marina Tedesco atraem turistas de luxo de todo o país e inclusive de outros países.” (Entrevistado 06). “(...) Acho que cada vez mais BC vem mostrando seu potencial para atingir o mercado de luxo. Prova disso é a marina e as construtoras.” (Entrevistado 07). “(...) Creio que a única atividade que seja focada no turista de Luxo, são as Marinas e esportes náuticos.”(Entrevistado 12). Há autores que colocam que a marca já não consegue sustentar sozinha o conceito de luxo, sendo necessário engajar e envolver consumidor em experiências (ATWAL; WILLIAMS, 2009; PINE; GILMORE, 1998). Nota-se a efemeridade das representações do que é luxo ao longo do tempo, porém sempre buscando alguma forma de distinção social. Isso traz a relatividade do conceito de luxo. Dependendo da época, de quem responde e em qual situação se encontra, a resposta ao que é luxo será bem diferente. Através do resultado das entrevistas realizadas, percebe-se que no caso dos agentes intervenientes de Balneário Camboriú, o luxo está associado principalmente ao fator intrínseco Marina, que foi unânime nas respostas. De acordo com Cláudio Diniz (2012), no setor náutico os consumidores são muito seletos, sendo bastante sofisticados e exigentes, buscando, assim, o máximo do conforto e qualidade em todos os detalhes, fazendo esse comércio se movimentar em suas inovações, tecnologia e diferenciais. O que reforça o conceito de luxo existente na Marina Tedesco, pois de acordo com sua administração, desde a sua inauguração em setembro de 2006, já foram investidos mais de 20 milhões de reais em infraestrutura e serviços. Este período de crescimento na Marina Tedesco também coincide o fenômeno de trading up, no qual os consumidores, por meio do ato de consumo, querem não somente satisfazer suas necessidades básicas como também buscam cada vez mais recompensas simbólicas e emocionais no consumo. De acordo com Silverstein, Fiske e Butman (2008, p. 8), esse movimento é consequência do crescimento da renda e aumento da poupança, maior participação da mulher na sociedade do consumo e uma progressiva sofisticação da classe média, o que expande o mercado real e potencial de consumidores de produtos de luxo. Os autores, apesar de focarem seus estudos na sociedade americana, reconhecem que esse é um fenômeno mundial, principalmente nos países em desenvolvimento. Galhanone (2008) 90 dedicou sua dissertação de mestrado ao estudo dos consumidores de um novo luxo no Brasil, conceito que surgiu graças a esse fenômeno. O luxo da Marina e seus iates são considerados como luxo inacessível por Allérès (1991; 1995; 2000) e Castarède (2005), que afirmam que esta classe dos bens de luxo, dos quais fazem parte os iates, obras de arte, mansões, são mais caros, raros e seletivos, feitos em pequenas séries, com distribuição ultra exclusiva e comunicação discreta. Lembrando os três segmentos do luxo tradicional elencados por Allérès (2000) e Castarède (2005) - luxo inacessível, intermediário e acessível - apenas o segmento do luxo acessível seria considerado parte do Novo Luxo, não sendo este o caso da Marina. É importante destacar também, que no setor náutico, das cinco principais empresas do setor no Brasil, duas estão em Santa Catarina, a Azimut Brasil e a SchaeferYachts (DINIZ, 2012). Parece ser esse mais um fator que comprova essa potencialidade como uma alternativa de gerar novas frentes de trabalho e desenvolvimento deste setor de luxo em Balneário Camboriú. 5.2.1.2. Fator: Gastronomia O segundo fator intrínseco do segmento de luxo mais lembrado e citado diretamente pelos entrevistados foi a Gastronomia. De acordo com os 6 As de Buhalis, a gastronomia se classifica como A3 - Serviços (Amenities). "(...) Os restaurantes da cidade estão preparados para o público de luxo, e a UNIVALI, com seu curso de gastronomia tem contribuído muito prá isso, colocando bons profissionais nessa área no mercado" (Entrevistado 01). “(...) Evoluiu com a abertura de vários bistrôs. Então nós moradores que conhecemos esses bistrôs, a gente vai indicando para o visitante né” (Entrevistado 07). “(...) A gastronomia em Balneário Camboriú está cada dia melhor, com várias opções, tem restaurantes e bistrôs finíssimos que nem nós sabíamos que tinha” (Entrevistado 08). “(...) Acredito que a gastronomia é um dos diferenciais da cidade podendo ainda melhorar mais com os passar dos anos”(Entrevistado 11). “(...) Balneário Camboriú oferece uma gastronomia muito ampla e diversificada, como restaurantes da culinária Italiana, Portuguesa, árabe, Chinesa, Japonesa, etc... além da culinária nacional, representando diversos Estados brasileiros, e com excelente padrão de qualidade” (Entrevistado 12). O luxo na gastronomia nada mais é, senão, uma supervalorização simbólica dos alimentos. Fato que teve significado compreendido e absorvido com a diferenciação e o status conferido a comida, ainda nas sociedades da antiguidade. 91 A atividade turística gerou a moda do Grand Tour entre as famílias mais abastadas do século XVII. Modismos são as formas mais fáceis para se identificar o que o mercado do luxo esteja ofertando para os consumidores. Assim observa-se a existência da moda Gourmet (apreciador da alta gastronomia) entre os consumidores da gastronomia de luxo. É importante ressaltar que fenômeno gourmet tem servido como contraponto do movimento fast-food. Associados a moda gourmet encontram-se outros aspectos importantes: a seleção criteriosa dos ingredientes de uma refeição; o tempo – que deve ser suficiente para o consumidor apreciar devidamente o que foi ingerido; o modo – as técnicas de como preparar um prato ou uma bebida; e, o aspecto do prato – a apresentação dos pratos chega a ser comparada a uma obra de arte, tendo até designers específicos para a finalização do que foi preparado. É interessante observar através das respostas dos entrevistados a percepção de que a Gastronomia de Balneário Camboriú está se qualificando, e que um dos grandes responsáveis por este fenômeno é o curso de Gastronomia da Univali. De acordo com Mitchell e Hall (2003), o turismo gastronômico é entendido como uma viagem para fora do lugar de residência, motivada pelo interesse de comer e beber. É o que Quan e Wang (2004, p. 298) denominam como ―experiência de consumo de comida no turismo. E, geralmente, está associado com eventos, como: festivais gastronômicos ou enogastronômicos; visitas às vinícolas; visitas a produtores de alimentos (primários ou secundários); participação em eventos gastronômicos; visita a empreendimentos de restauração, bares e afins, onde ocorra a degustação de alimentos e bebidas – objetivo principal da viagem. Através da pesquisa realizada observou-se que a Gastronomia não se encontra como o objetivo principal da viagem dos turistas de luxo para Balneário Camboriú, porém encontrase em reconhecimento elevado pelos entrevistados. Assim, pode-se definir que o segmento de luxo em Balneário Camboriú agrega o luxo gastronômico mediante a motivação de viajar pelo prazer de degustar a diversidade e qualidade da sua gastronomia e se deleitar com bebidas e comidas cada vez mais especiais. Este fenômeno também é reconhecido por Nascimento e Fornara (2001) que afirmam que até o início da década de 2000, principalmente a Barra Sul de Balneário Camboriú, expressava centralidade por ser o local das casas noturnas, constituindo-se o polo recreativo da cidade. Esse quadro vem se alterando, pois nos últimos cinco anos, com os novos interesses econômicos expressos e a pressão dos proprietários das terras em erguer edifícios residenciais, fizeram com que os grandes equipamentos e boates fossem sendo realocados em 92 outras áreas do aglomerado urbano. Em contrapartida, vem ocorrendo a instalação dos pequenos bistrôs que vem se multiplicando rapidamente nesta ponta sul da praia. E segundo os autores, estes pequenos e elitizados bistrôs, combinam e se apegam as tipologias e as características das altas classes que buscaram moradia nesta região. 5.2.1.3. Fator: Condomínios de luxo Condomínios de luxo (também citados como Construção Civil) foi outro fator significativamente lembrado pelos agentes intervenientes de Balneário Camboriú ao analisarem o turismo de luxo na cidade. Na presente pesquisa os Condomínios de luxo em Balneário Camboriú foram considerados como Atrações (A1), pois de acordo com os entrevistados, é um fator que tem mudado a paisagem da cidade e com isso atraído o público de luxo. “ (...) Os produtos oferecidos são imobiliários, os apartamentos de luxo hoje oferecidos estão trazendo investidores de alto nível. Este é o primeiro, a vitrine nossa para chamar este público” (Entrevistado 09). “ (...) Eu penso que a CONSTRUÇÃO CIVIL é um dos grandes fatores de impulsão desse turismo de luxo na cidade. Foi o nível que a construção civil colocou nos seus empreendimentos né, então realmente a pessoa que já tem um apartamento em Miami, uma casa em outros lugares né, são pessoas que já estão acostumadas ao luxo, não sentem falta desse luxo em Balneário Camboriú” (Entrevistado 02). “ (...) Tem muita gente de dinheiro que vem para Balneário, tem a construção civil, que é hoje quem mais traz estes clientes” (Entrevistado 05). “ (...) Acho que cada vez mais BC vem mostrando seu potencial para atingir o mercado de luxo. Prova disso é a marina e as construtoras.” (Entrevistado 07). Uma consulta junto ao Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon) de Balneário Camboriú apontou quais são as construtoras e/ ou incorporadoras mais atuantes ao longo da Avenida Atlântica, notadamente direcionadas ao público de alto poder aquisitivo. São elas: Procave Incorporações Imobiliárias, FG Procave Empreendimentos Ltda., Incorporadora Cechinel Ltda., Construtora e Incorporadora R. Teixeira e Empresa Brasileira de Edificações (Embraed). O segmento da construção de luxo lida com pessoas que possuem um senso estético cada vez mais apurado, que observam com cuidado a riqueza dos detalhes e diferenciais como uma bela vista, boa localização e uma impressionante área comum. Isso tudo, aliado às sensações do novo luxo, o luxo emocional, que exige que algo seja personalizado, individualizado e eterno na mente das pessoas (LIPOVETSKY, 1989). Nos últimos anos o segmento da construção de luxo tem se desenvolvido de forma significativa em Balneário Camboriú, De acordo com o Sinduscon, o setor imobiliário é 93 considerado uma grande fonte de investimento no município que possui um dos metros quadrados mais caros do sul do Brasil. Tanto investimento tem destino certo: o público A, que exige qualidade e pode desembolsar grandes quantias de dinheiro em troca de conforto. Os preços, nos grandes empreendimentos, vão de R$ 750 mil por um lote a R$ 13 milhões por um apartamento de frente para o mar. “Quem mantém os bons restaurantes é o turismo que tem apartamento próprio aqui, e não os de hotel. É ele que vai no comércio, é ele que vai nos barzinhos e consome.”(Entrevistado 04). O fato dos Condomínios de Luxo estarem na lista dos fatores intrínsecos para o turismo de luxo de acordo com os agentes intervenientes, pode ter ligação ao fato de que, de acordo com pesquisa “Perfil Imobiliário 2013” realizada pelo Sinduscon, 40 % dos imóveis de Balneário Camboriú são não ocupados, e destes, 30% são de uso ocasional (férias e finais de semana). Este fato faz com que a cidade tenha um perfil de dinâmica interna própria e derivada dos fluxos turísticos. 5.2.1.4. Fator: Baladas A vida noturna de Balneário Camboriú também foi reconhecida como um dos fatores intrínsecos para atrair o turista de luxo. De acordo com os 6 As de Buhalis, classifica-se como A 5 - Atividades (Activities). Pode-se observar através de algumas citações “(...) As baladas eu acredito que atraem sim, o turista na faixa etária de 18 até 35, 40 anos eu penso que ele é impactado pelas baladas, por que elas dão visão internacional para a cidade, e o fato de ter o melhor clube do mundo nesse momento, quando a Green Valley alcançou, acho que dá uma visibilidade muito grande para a cidade e o turista de luxo também gosta de uma ótima balada, se for a melhor do mundo, melhor né.” (Entrevistado 02). “As baladas hoje atraem um público jovem e de luxo” (Entrevistado 04). “(...) Bom, existe por que temos as casas noturnas, festas baladas“ (Entrevistado 06). “(...) Oferecemos baladas com atrações internacionais onde há espaços diferenciados para receber turistas de luxo.” (Entrevistado 09). Balneário Camboriú é reconhecida por suas festas há muitos anos. Somando a isso, o fato de um clube noturno local ter sido apontado por uma revista inglesa especializada na cena eletrônica, como a melhor balada do mundo (primeira vez que uma casa noturna não situada na Europa leva o título) fez com que este segmento de Balneário Camboriú recebesse reconhecimento nacional e internacional. Embora reconhecidas e que possuem setores considerados destinados ao publico de luxo por seu preço e sofisticação, as baladas são democráticas e podem participar 94 consumidores de várias classes sociais. Diante disso é possível classificá-las como locais de luxo acessível, pois fazem parte deste tipo de luxo produtos que, de certa forma, participam do universo do luxo, mas produzidos em série e com critérios de qualidade mais reduzidos; fornecem melhor relação preço-qualidade. Costumam ser extensões de marcas prestigiosas, com comunicação e distribuição mais amplas, apesar de seletivas. (ALLÉRÈS, 1991; 1995). O fator intrínseco Baladas pode ser considerado como parte do Novo Luxo, pois para Dazinger (2005), o Novo Luxo relaciona-se com uma nova psicologia de consumo, que transcende o objeto. É hoje comum verificar que muitas pessoas preferem gastar seu dinheiro com experiências (restaurantes, viagens, entretenimento) a adquirir produtos tangíveis (CASTILHO, 2006). As motivações contemporâneas para o consumo de luxos fundam-se principalmente no desejo pelo raro, singular e incomum, que definem uma singularidade alheia às formas e padrões convencionais. 5.2.1.5. Belezas Naturais Parte fundamental das atrações do turismo de sol e praia, as Belezas Naturais foram lembradas como fator de atração do turista de luxo pelos agentes intervenientes de Balneário Camboriú. De acordo com os 6 As de Buhalis classifica-se como A1 - Atrações (Attractions). “(...) Bom, pensando no turista de luxo, é uma cidade cosmopolita, traz todo tipo de turista, de cidadão do mundo mesmo, é uma cidade com uma beleza natural inegável, tem os condomínios de luxo que já são uma realidade, os serviços são bons e penso que tendem a melhorar cada vez mais” (Entrevistado 02). “(...) A única coisa que a cidade tem nesse sentido (luxo) são as belezas naturais” (Entrevistado 03). “(...) Sim, Balneário Camboriú oferece atrações para o turista de luxo, entre outros atrativos, uma vasta gastronomia, praias belíssimas, muita natureza, casas noturnas de renome internacional, além dos imóveis de altíssimo padrão” (Entrevistado 12). Mangorrinha (2014) sugere o produto sol e praia como produto de prestígio. Em seu recente estudo o autor fornece um quadro para testar o prestígio como moderador de influência na escolha dos turistas e suas motivações e a importância do esnobismo para determinar comportamentos. Este esnobismo pode ser evidenciado pelo comportamento do turista de Balneário Camboriú pelas palavras dos entrevistados quando afirmam que: “O turista de luxo, ele não vem comprar roupa aqui, ele compra nos grandes centros, compra em Miami, na Itália, ele vai sim mostrar essa roupa aqui né” (Entrevistado 06). “Agora, as pessoas do mercado de luxo se expõem mais aqui. Ele compra um bom barco, quer andar em BC, compra um bom carro, quer andar em BC, ele tem boas 95 roupas ele veste para andar em BC. Ele se sente bem, a cidade é segura e serve de vitrine” (Entrevistado08). Em síntese, em relação aos objetivos principais da pesquisa, as análises realizadas permitiram a identificação de vários fatores intrínsecos do turismo de luxo em Balneário Camboriú de acordo com a opinião dos entrevistados. Os fatores identificados foram a Marina Tedesco, os Condomínios de luxo, a Gastronomia, as Baladas (termo popular para Casa Noturna do ramo do entretenimento musical, combinado com a venda de bebidas alcoólicas e, em alguns casos, alimentação) e as Belezas Naturais. Especialmente, pode-se indicar que os fatores “Marina” e “Gastronomia” estiveram presentes no discurso de quase todos os entrevistados, o que indica menções por pessoas de diferentes perfis. Já os fatores “Condomínios de luxo”, “Baladas” e “Belezas Naturais” também merecem destaque porque foram bastante citados, porém não pela unanimidade como os anteriores. Sobre os fatores identificados, merece destaque, também, a maneira como foram referidos nas entrevistas a “Marina” e a “Gastronomia”. Apareceram sempre de maneira explícita e direta. Desde os procedimentos da análise de conteúdo, ficou claro o papel central que ocupava no discurso dos depoentes e na sua lógica de argumentação. Já os fatores “Condomínios de luxo”, “Baladas” e “Belezas Naturais”, aparecem de maneira um pouco diferente. Estiveram presente na fala dos informantes com regularidade, mas em poucos casos ocupou posição fundamental na argumentação. Também houve fatores intrínsecos que tiveram menções mais dispersas ao longo dos discursos: as Acomodações, o Teleférico, a Segurança e o Teatro. Porém, apesar de terem sido citados por um número razoável de discursos, tiveram muitas controvérsias, não se definindo assim na centralidade das observações, conforme descrição a seguir: 5.2.1.6. Teatro Classificado como A5 – Atividades (Activities), o teatro foi lembrado pelos entrevistados conforme abaixo descritos: “Terminaram agora o teatro, eu acho que deveriam ter mais espetáculos, mais divulgação” (Entrevistado 01). “Teatro finalmente concluído! Ele é pequeno, mas é uma das grandes ferramentas”(Entrevistado 03). 96 5.2.1.7. Segurança Classificado como A6 - Serviços Auxiliares(Ancillary services),a segurança foi lembrada pelos entrevistados conforme abaixo descrito: “Segurança evidentemente onde existe glamour e luxo, existe a outra parte né, mas que eu vejo assim, a Atlântica e a Brasil é bem controlada, as transversais falta um pouquinho de cuidado e nas perimetrais, que é o nosso caso aqui, creio que na época de verão existe um apoio maior.”(Entrevistado 06) 5.2.1.8. Acomodações Classificado como A3 – Serviços (Amenitie), os serviços foram lembrados pelos entrevistados conforme abaixo descrito: “Esse é um diferencial de BC quando comparado a outros, sabe, eu creio que está melhorando, por que apesar de ser um metro quadrado muito caro para as redes, mas já temos algumas redes de hotéis vinco prá cá. Havia-se uma preocupação no passado que estavam derrubando hotéis para construir prédios, mas aqueles hotéis não eram relevantes. Eram estruturas muito deficitárias, muito antigas” (Entrevistado 03). “Eu acho que acomodações sim, está preparado, tem alguns hotéis e pousadas legais assim né, bacanas né, hotéis eu acho que tem sim para receber este turista”(Entrevistado 05). 5.2.1.9. Teleférico Classificado como A1 – Atrações (Attractions), o teleférico foi lembrado pelos entrevistados conforme abaixo descrito: “Eu considero o teleférico um turismo qualificado, caro, é um turismo para quem tem um poder aquisitivo, pagar 36,00 por pessoa” (Entrevistado 04). 5.2.2. Bloco 2 - Opinião dos entrevistados referente a fatores pré-relacionados Nesta parte da entrevista foram colocados ao entrevistado vários fatores para que fosse identificada sua opinião com relação ao turismo de luxo em Balneário Camboriú a fatores pré-determinados. Os fatores citados foram levantados na fase 1 e 2 da pesquisa e são: Belezas Naturais, Atividades culturais, Compras, Hotéis e pousadas, Gastronomia, Estradas de acesso, Saneamento, Segurança, Marina, Baladas, Condomínios de luxo, Segunda residência, Atendimento (receptividade), Esportes náuticos, Concessionárias de veículos, Qualidade de vida, Resorts, Marca BC. 97 As respostas confirmaram o exposto anteriormente no Bloco 1. Mantiveram-se as mesmas percepções e os fatores com maior aprovação foram as Belezas Naturais, a Marina, a Gastronomia, os Condomínios de Luxo e as Baladas. 5.2.3. Bloco 3 - Questões relacionadas ao entrevistado e sua interação com o poder público local Esta parte do trabalho centra-se na percepção dos agentes intervenientes referente a relação de sua empresa/ organização com o poder público. Percebe-se aqui uma total falta de participação dos setores representativos privados com o planejamento estratégico municipal. Pode-se observar tal fato através das colocações abaixo relacionadas dos entrevistados ao serem indagados sobre sua participação no planejamento estratégico do turismo em Balneário Camboriú. “No momento ele (o planejamento estratégico) não está ativo, ele não se manteve atualizado, então existe um planejamento, mas ele é feito a quatro paredes. Não é o planejamento estratégico que se espera, não é participativo.”(Entrevistado 02). “Na verdade eles escutam todo mundo só que não escutam os vários setores de forma organizada. A gente não pode dizer que é um governo que não conversa, conversa bastante mas não coloca em uma parte que teria que ser científica mesmo né, das conversas elas tarem organizadas para dessas conversas virem as definições para dali vir uma análise do mercado, do momento, do cenário e de onde que a gente quer chegar, e às vezes é tão informal que muita informação se perde né, e o planejamento também acaba ficando informal, de forma didática até, para que os resultados possam ser medidos né, se foram alcançados ou não, onde a gente está nesse momento e onde a gente queria chegar.” (Entrevistado 05). “Sou convidado esporadicamente, mais para a área de promoções.” (Entrevistado 08). Através das respostas fica clara a falta de participação dos agentes intervenientes nas decisões. A elaboração e implementação de um planejamento estratégico participativo no município pode propiciar o envolvimento coletivo dos cidadãos com seus anseios e pode descentralizar e compartilhar as decisões dos administradores locais. Todo processo de planejamento e/ou reestruturação de um destino turístico deve iniciar-se com um diagnóstico, pois antes de resolver um problema é necessário identificar as características que o envolvem e a importância das mesmas. Para um adequado diagnóstico de um destino turístico, no inicio do processo de planejamento do mesmo, é necessária participação de todo os atores sociais envolvidos na atividade turística, sempre considerando o conceito que todos devem partilhar os benefícios e responsabilidades. Contar com o apoio dos distintos atores sociais é imprescindível para o sucesso deste tipo de empreitada. Com isto se consegue mais facilmente a aceitação e a integração da sociedade nos projetos de 98 sustentabilidade. “O desenvolvimento e a implementação dos objetivos estratégicos que buscam satisfazer os desejos dos turistas e as necessidades da comunidade local, dependem da boa relação entre os atores envolvidos nos processos turísticos” (BIGNÉ; FONT; ANDREU, 2000). Considerando que o turismo é cercado por problemas de análise, monitoração, coordenação e elaboração de políticas (principalmente por possuir características especiais de serviço e estrutura), Hall (2004) acredita que a análise da política pública e do planejamento turístico não vem sendo priorizada no âmbito governamental e no privado, que aparecem mais “preocupados com a divulgação e os retornos de curto prazo do que com investimento estratégico e sustentabilidade”. No que tange ao turismo de luxo, estudado neste trabalho, no intuito de segmentar mercados, a gestão estratégica participativa é de fundamental importância, pois ao optar por segmentação de elevado nível econômico, os agentes devem selecionar produtos turísticos sofisticados e luxuosos, elevando os preços e a qualidade dos serviços para que o consumo daquele produto seja efetivado por uma distinta classe econômica de viajantes (LAGE, 1992). Esta falta de conhecimento em relação à Gestão Estratégica municipal também se mostra presente nas respostas divergentes dos entrevistados quando questionados se na opinião deles há em Balneário Camboriú um público-alvo para o turismo. Segue abaixo algumas das respostas. “Eu acredito muito que nós decidimos em buscar o nosso público, trabalhamos o nosso público, e toda a cidade entende isso, que é o público família, que é o de pessoas vindo para as baladas que são referência no mundo, eles vêm num entendimento que aqui tem uma organização, que tem um discernimento, que tem um atendimento turístico e respeito ao turista na cidade. Então isso tudo é um trabalho de articulação e envolvimento de toda a cadeia produtiva do turismo" (Entrevistado 01). "Nós vendemos a cidade como um segmento de luxo, no sentido de preparada, de qualificada, de atrações e equipamentos turísticos e de infraestrutura tudo num conceito diferenciado. De uma cidade única e diferenciada" (Entrevistado 03). “Eu diria que ainda está muito misturado, que a cidade é de veranistas, antigamente do interior do RS, da Argentina, do Uruguai, mas percebe-se que hoje ela está trazendo mais o paulista, o agricultor do MT, que é o pessoal que hoje detêm o poder aquisitivo”( Entrevistado 06). “Não creio que a cidade tenha um público-alvo, como já dito tudo é feito para o turista de massa, mas acho que cada vez mais BC vem mostrando seu potencial para atingir o mercado de luxo. Prova disso é a marina e as construtoras”(Entrevistado 07). “Ainda é massa. A construção civil tem colaborado para uma mudança que eu acredito que deva acontecer a médio prazo, quando a cidade terá mais perfil de luxo” (Entrevistado 09). 99 Uma cidade precisa elaborar um conjunto de objetivos e estratégias em relação aos visitantes, em vez de promovê-los ao acaso. Definir o perfil dos turistas que já visitam ou que pretendem visitar uma localidade ajuda no planejamento da oferta e diversificação dos produtos e serviços. Ajuda também a atender as expectativas dos visitantes e conseguir que retornem, ou que fiquem com uma imagem positiva da experiência que tiveram (MTUR, 2010). A demanda turística de milhões de consumidores é constituída por inúmeros segmentos (IGNARRA, 2003), porém todo o esforço de segmentar o mercado turístico é compensado diante das inúmeras vantagens advindas de sua aplicação: seleciona grupos homogêneos; permite conhecer com detalhe as características e preferências da demanda turística real e potencial; influencia a estrutura da oferta; melhora a relação custo-benefício dos esforços de marketing; eleva o índice de atendimento às expectativas do turista; permite atenuar a sazonalidade (MOTA, 2001). 5.2.4. Bloco 4 - Perfil dos entrevistados Esse tópico corresponde ao Bloco da entrevista que teve como objetivo traçar o perfil dos agentes intervenientes de Balneário Camboriú. Tal caracterização proporciona o conhecimento acerca do perfil desses gestores e atende ao segundo objetivo proposto neste estudo. Quadro 11 - Perfil dos agentes intervenientes Gênero Feminino Masculino Faixa etária 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59 anos 60 anos ou mais Tempo de residência em Balneário Camboriú/SC De 2 a 5 anos De 5 a 10 anos Mais de 10 anos Grau de escolaridade Até o ensino médio completo Superior Incompleto Superior Completo Pós-graduação Tempo de trabalho nessa Unid 04 08 Unid 03 06 02 01 Unid 01 04 07 Unid 1 2 5 4 Unid 100 organização Até 2 anos De 2 a 5 anos De 5 a 10 anos Mais de 10 anos Tempo de exercício no cargo ou função Até 2 anos De 2 a 5 anos De 5 a 10 anos Mais de 10 anos Já trabalhou anteriormente em outra organização/órgão de turismo de Balneário Camboriú Sim Não Tempo de trabalho no setor do turismo em Balneário Camboriú De 2 a 5 anos De 5 a 10 anos Mais de 10 anos 1 2 4 5 Unid 1 2 3 6 Unid 5 7 Unid 1 2 2 Fonte: Dados de pesquisa A partir dos dados descritos no Quadro 11, observa-se que 08 dos entrevistados são do sexo masculino e 04 do sexo feminino, podendo afirmar o predomínio do sexo masculino no segmento administrativo do turismo em Balneário Camboriú. Em relação à faixa etária, detectou-se que o grupo mais representativo dos respondentes 06 tem idade entre 40 a 49 anos, e em segundo lugar destacou-se a faixa etária entre 30 e 39 anos (03). Entre 50 a 59 anos (2) e com mais de 60 anos (1%) há um menor número percentual de gestores. Isso revela um público adulto administrando o segmento de turismo em Balneário Camboriú. No que diz respeito ao tempo de residência em Balneário Camboriú, observa-se que 07 moram na cidade há mais de 10 anos e 04 de 05 a 10 anos. Dessa forma, considera-se que 11 dos representantes das organizações investigadas residem por um longo período na cidade, o que indica certa familiaridade com a realidade local, algo imprescindível tanto para os gestores públicos como para os gestores privados e do terceiro setor. Dos demais entrevistados, apenas 01 está na cidade a menos de 2 a 5 anos. Em relação ao grau de escolaridade e à formação acadêmica, 04 dos respondentes são Pós-Graduados, 05 apresentam Curso Superior completo e 02 Superior incompleto e, por fim, 01 Ensino Médio completo. De modo geral, esses dados revelam aspectos positivos em relação aos agentes. Percebe-se que 09 dos entrevistados possuem uma formação de nível 101 superior, o que é muito importante, tendo em vista a complexidade envolvida na administração pública e privada, as quais requerem um conhecimento mais aprofundado sobre determinados assuntos, sendo este alcançado, na maioria das vezes, através de cursos de Graduação e Pós-Graduação. O turismo como uma atividade complexa exige um grau maior de compreensão, devido ao seu envolvimento com várias áreas, requer, em seu planejamento e gestão, um profissional com nível de conhecimento amplo e ao mesmo tempo profundo sobre a área, capaz de agir e transformar a realidade em que atua. Esse profissional deve ser, portanto, um bacharel em Turismo que, graças à sua formação multidisciplinar, é quem terá melhores condições de atender às necessidades empresariais do setor (LARA, 2010). Ainda sobre os dados do Quadro 11, observa-se que 05 dos respondentes trabalham há mais de 10 anos nas organizações que representam. Sendo que 04 atuam de 5 a 10 anos e 02 de 2 a 5 anos. Os mais recentes nas empresas somam 01, estando nelas, no máximo, há 2 anos. Quando questionados acerca do tempo que exercem esses cargos, 03 dos representantes declararam que de 5 a 10 anos, enquanto que outros 02 assinalaram de 2 a 5 anos e 01 até 2 anos. Vale observar ainda que 06 apontaram mais de 10 anos. Em relação à experiência profissional anterior em outra organização de turismo em Balneário Camboriú, 05 disseram que “sim” e 07 afirmaram que “não”. Dos 05 que responderam sim, 02 trabalham no setor de turismo de 5 a 10 anos, 01 de 2 a 5 anos, 02 têm experiência de mais de 10 anos na área. Esse resultado demonstra que a maioria dos entrevistados tem um expressivo tempo de trabalho e presumida experiência, tanto nas organizações que representam como nos cargos que nelas ocupam. Pelo perfil dos agentes intervenientes constata-se que estão adequados aos objetivos propostos, pois atuam em negócios diferenciados que atendem ao público desta pesquisa (segmento de luxo), e está tempo considerável em Balneário Camboriú e possuem visão e experiência necessárias para responder as entrevistas desta pesquisa. 5.3. Discussão dos Resultados A estrutura de diferentes épocas ou etapas de evolução deixou marcas sobre o espaço em Balneário Camboriú, que se desenvolveu com o advento de acúmulos de renda em um sistema capitalista, que tendia a consumir e fazer o capital gerar mais riqueza pela sua 102 aplicação. A expansão imobiliária, por exemplo, desenhou um crescimento na qualidade dos imóveis e consequentemente atraiu olhares para um público seleto para Balneário Camboriú. De acordo com os dados coletados e as entrevistas realizadas, observa-se que acontece um movimento positivo com relação à inserção ao turismo de luxo em Balneário Camboriú. O segmento está se estabelecendo informalmente, mais por iniciativa privada do que pública. Percebe-se que a iniciativa privada está buscando este público indiferentemente das ações do setor público, prova disso são os 5 (cinco) fatores intrínsecos citados pelos agentes intervenientes que, com exceção das Belezas Naturais, são de iniciativa privada – Marina, Condomínios de luxo (Construção civil), Gastronomia e Baladas. A Marina Tedesco, por exemplo, além dos clientes que usam sua estrutura privilegiada, anualmente promove uma feira náutica voltada ao público classe A que atrai para a cidade milhares de visitantes e milhões em negócios. Conforme informações da administração da marina, a 6ª edição do Festival Náutico da Tedesco Marina, o maior do gênero no sul do Brasil, atraiu interessados pelo mundo náutico e do luxo das mais diversas partes do país e da América Latina. O evento recebeu um público de 11 mil pessoas e gerou negócios em torno de R$ 45 milhões, um acréscimo de 12,5% em relação à edição do ano passado. Outro fator interessante levantado pela pesquisa foi a importância dada pelos entrevistados para a Gastronomia em Balneário Camboriú. Segundo eles, é um setor que está se firmando no luxo da cidade pelos elegantes bistrôs e restaurantes. Um dos responsáveis por este fenômeno é o curso de Gastronomia da Univali. Salientam-se também os eventos gastronômicos que estão sendo estruturados na cidade, como por exemplo, o Festival Gastronômico Saboroso, que conta com a participação de restaurantes, programação paralela com palestras e workshops com nomes renomados da gastronomia, aulas e degustações de vinhos, cervejas e cachaças, além de discussão sobre temas como marketing de serviços gastronômicos, inteligência emocional, empreendedorismo, nutrição funcional, produtos orgânicos, entre outros. Porém, a parte de infraestrutura ou serviços de apoio, de responsabilidade da iniciativa pública, foi muito questionado com relação à qualidade para atender ao público de luxo. Foram contestadas as qualidades nos Transportes, Segurança, Saúde, Saneamento e coleta de lixo, que apesar de 95% da população fixa local ser atendida, o aumento significativo de pessoas na alta estação acaba por impactar negativamente em diversos elementos da infraestrutura da cidade que compõe o produto turístico local. Podem ser 103 verificados congestionamentos nas vias principais, produção de lixo e esgoto maiores do que a capacidade de coleta e tratamento, e alta no consumo de água, ocasionando a escassez no verão. A falta de comunicação entre os agentes fica clara também pela observação de que os fatores intrínsecos considerados pela iniciativa privada não são os mesmos que dos órgãos públicos. Enquanto os setores privados consideram a marina como principal fator no setor do turismo de luxo em Balneário Camboriú, o setor público considera a área da construção civil. Outro fato é que nenhum dos agentes conhece ou foi convidado para participar do planejamento estratégico municipal de turismo e não conhecem a existência de um públicoalvo em Balneário Camboriú. Para alcançar as exigências do mercado de luxo faz-se necessário entrosamento entre os setores municipais, porém as respostas das entrevistas mostram que as parcerias parecem não ser fortes quando se busca envolver os agentes intervenientes destacados do local, já que os setores não possuem visão de futuro comum, canais de comunicação estruturados e a coordenação das atividades são frágeis, entre outros prejuízos existentes pela fragilidade dos relacionamentos interorganizacionais. De posse das informações obtidas pode-se relacionar como principais características do mercado de luxo: maior nível de exigência por parte dos consumidores, crescimento ascendente com perspectivas favoráveis, escassez de mão de obra qualificada, relevância do planejamento dos eventos como requisito essencial ao êxito das realizações, necessidade de atender às demandas de mercado conforme expectativas dos clientes, relacionamento com clientes como fator relevante ao sucesso do negócio, dentre outros aspectos. Como expressa D‟Angelo (2004), um produto e/ou serviço de luxo para ser considerado como tal deve ser reconhecido pela sua qualidade superior aos demais e, além dos padrões de aceitação, seletividade da marca, necessita-se agregar valores, como: qualidade intrínseca, aparência, design, exclusividade, hedonismo, distinção, status, dentre outros parâmetros. Possivelmente, o luxo enquanto “momento” guarde relação com a importância que os entrevistados conferiram à chance de consumir produtos que lhes conferiram bem-estar. O Brasil experimentou um período de crescimento, onde surgiram vários “novos milionários”, impulsionando o mercado de luxo no país. A sociedade e seus padrões mudaram e continuam mudando. Difícil prever padrões para o luxo, é possível somente especulações. Além de autêntico, o novo luxo é simples, humanizado, cultural. Não há mais espaço para ostentações gratuitas. Mesmo no Brasil, onde o alto padrão ainda é um acesso ao status, a 104 referência de consumo muda, a exigência aumenta e o desejo pelo conhecimento se consolida. Em uma sociedade com diferenças sociais imensas, o luxo dificilmente será “absoluto”, pois sempre se confrontará com a realidade local. Porém o segmento está se estruturando em vários lugares do país e também em Balneário Camboriú, conforme a opinião dos seus agentes intervenientes. 5.4.Validação dos Resultados pelos Entrevistados Conforme procedimento previsto anteriormente, o procedimento adotado foi o seguinte: - Foram convidados cinco dos entrevistados a participar da validação dos dados. Três deles consentiram em participar. - Esses cinco entrevistados convidados eram profissionais independentes e/ou representantes de associações. A escolha recaiu sobre eles por combinarem os três requisitos para a validação: foram informantes da pesquisa; são conhecedores do tema em questão (RYAN; BERNARD, 2000); e guardam um distanciamento crítico em relação ao tema, já que não são vinculados a qualquer empresa atuante no mercado de luxo e nem em cargos com vinculações políticas. - Os três entrevistados foram convidados a fazer uma apreciação dos resultados do trabalho, informando (conforme sugestão de Lincoln; Guba, 1985): se os resultados ali descritos confirmavam aquilo que observam no cotidiano; se existia alguma surpresa em relação àquilo que observam em suas atividades profissionais; e se existiam discordâncias, adições ou quaisquer comentários que considerassem relevantes a respeito dos mesmos. - Para tanto, foi-lhes remetido, por e-mail, material no qual na primeira página eram dadas as instruções para realização da validação e, nas duas seguintes, sintetizavam-se os resultados da pesquisa (Apêndice B). Essa síntese foi apresentada em forma de tópicos, de maneira a facilitar a leitura e a compreensão e, consequentemente, estimular a leitura. - O retorno dos entrevistados foi feito por e-mail. Os entrevistados consultados na fase de validação disseram, de maneira geral, que os resultados da pesquisa refletem o que observam no seu cotidiano profissional, especialmente no que se refere aos principais fatores intrínsecos e da falta de participação no planejamento municipal. “Não me dava conta destes fatos, mas agora, com o resultado da pesquisa percebo que é exatamente o que acontece em Balneário Camboriú. Concordo plenamente” 105 (Entrevistado 02). Um dos entrevistados consultados (Entrevistado 1) alegou que na sua opinião a administração municipal trabalha para que o público-alvo de Balneário Camboriú seja o de massa, contrariando a opinião da maioria que diz que o município não tem público-alvo: “Todos os esforços da prefeitura são para atrair quantidade de turistas, não se importando com que tipo de turista venha para cá.” Um dos entrevistados (3) fez a seguinte colocação: “Amo essa cidade, mas tem coisas que realmente podem ser melhores. Hoje não pode chover aqui…. Que inunda… Mas vou na comparação…. Se comparar com cidades no Brasil, temos grandes chances de ser um destino que tem um nicho de luxo, não um destino. E ainda,…. Luxo nem sempre quer dizer ostentação… é preciso definir qual camada deste público queremos trabalhar e atender“. Deduz-se, pela visão deste entrevistado, que os problemas estruturais da cidade não favorecem sua inserção como destino de luxo, porém, ao comparar Balneário Camboriú com outras cidades do Brasil que atendem ao público de luxo, os problemas são semelhantes. O mesmo entrevistado lembrou também que existem vários tipos de consumidores de luxo e que o destino necessita determinar qual deles quer atender. Sinteticamente, pode-se concluir que os resultados da pesquisa foram validados e considerados representativos do universo em que atuam os entrevistados consultados. 106 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização de pesquisas voltadas para a gestão de marketing nos destinos turísticos é de grande importância para o desenvolvimento do setor. O presente estudo utilizou pesquisa qualitativa, no processo de avaliação dos fatores intrínsecos do turismo de luxo de Balneário Camboriú – SC, sob a ótica de seus agentes intervenientes. Além de seu caráter inovador, através do fornecimento de novos conhecimentos para a área acadêmica, esta investigação possui grande relevância empírica. O modelo aplicado acredita que através da informação, criatividade e aprendizado, as organizações públicas e privadas conseguem visualizar todos os aspectos do destino turístico e satisfazer as necessidades de todas as partes interessadas. Nesse sentido, a realização da presente investigação visou destacar-se como pioneira no que tange à gestão da oferta do segmento de luxo no destino turístico em Balneário Camboriú. Com base na análise teórica criada por Buhalis (2000), os 6 As foram adaptados e utilizados para esta pesquisa em busca de conhecer o que o destino tem a oferecer aos turistas de luxo. Salienta-se que o modelo não propõe soluções inovadoras. Ele levanta informações e dados para que o destino e seus gestores possam se embasar para chegar a um melhor nível de qualidade e diversificação para assim atingir um cliente mais exigente. Através do presente estudo foi possível identificar algumas oportunidades de um setor que está silenciosamente se estruturando na cidade, o turismo de luxo, e sugerir melhorias para que o destino se qualifique para receber este turista. Contudo, para se atingir a análise, foi preciso realizar um exercício de avaliação do destino turístico através da visão de seus agentes intervenientes públicos e privados. Essa ação proporcionou o reconhecimento de opiniões com relação a um nicho de mercado em evolução e ainda pouco explorado em Balneário Camboriú, o turismo de luxo. Com os resultados obtidos foi possível identificar os pontos fortes e as áreas para melhorias na área do luxo e com possibilidades de representar oportunidades para o destino e também investimentos. Nesse contexto, Balneário Camboriú tem sido reconhecido dentro do mercado nacional por suas casas noturnas de renome internacional, pelos altos investimentos da construção civil, pela alta qualidade de sua marina e também pelos índices de qualidade de vida. Todos esses acontecimentos têm contribuído para mudar o perfil do turista no município. Frequentemente veem-se famosos e membros da alta sociedade desfilando nos points da cidade. Uma sucessão de fatores colocou a cidade no mais alto patamar do mercado de luxo. 107 O turismo desencadeou o aprimoramento do comércio, que por sua vez elevou o nível do consumo. A indústria da construção civil encontrou na Avenida Atlântica, a beira mar, “o seu pedaço de chão”, e em menos de uma década mudou o visual da cidade. Edifícios cada vez mais modernos para um público cada vez mais exigente. Surge a construção de altíssimo padrão, referência em todo o Brasil. Para acompanhar o desenvolvimento e a valorização dos imóveis, novos nichos de mercado estão sendo ocupados com serviços diferenciados, como marinas, bistrôs e lojas que comercializam guloseimas alimentícias, como produtos frescos, como pães e salgados, sanduíches, doces, chocolates, vinhos e queijos finos, de origem nacional e internacional. Luxo combina com luxo e, conforto com requinte. No comércio combina com grifes e inovação. O perfil dos profissionais do mercado imobiliário também mudou, os consultores ganham espaço com um atendimento personalizado. No entender de Buhalis (2000), para uma correta análise da amálgama que caracteriza um destino, é preciso considerar em primeiro lugar a complementaridade destes elementos, sendo a qualidade de cada um deles fundamental para o seu sucesso. Com base nessa premissa, a presente pesquisa concluiu que na opinião dos agentes intervenientes do turismo, os fatores intrínsecos de Balneário Camboriú – SC que favorecem a inserção no segmento do turismo de luxo no destino são a marina, as baladas, a gastronomia, as belezas naturais e a construção civil. Frente ao exposto, a metodologia utilizada possibilitou atingir todos os objetivos propostos pela presente investigação, desde um melhor conhecimento do setor de luxo de Balneário Camboriú, suas características, opiniões e conexão com o poder público. A partir da análise foi possível contribuir com os gestores, fazendo com que percebessem as áreas mais vulneráveis no segmento. O presente trabalho teve foco nos agentes intervenientes tendo, portanto, uma visão específica da oferta sem levar em consideração o consumidor. A dificuldade em se encontrar material científico pertinente ao tema turismo de luxo também criou dificuldades, assim sendo, houve a impossibilidade de, mesmo valendo-se de fontes diversas e de mecanismos de confiabilidade, de captar todas as nuances do fenômeno em estudo, visto que este apresenta diversas faces. Como sugestão para futuras investigações verifica-se a necessidade de a pesquisa ser aplicada com os consumidores, levantando seu perfil (quem são, como eles vem para Balneário Camboriú, onde eles ficam, o que eles fazem, como eles se informaram sobre o destino – qual a mídia que usam, entre outras questões), possibilitando assim, a coleta de 108 dados que propicie uma outra visão sobre o destino, bem como o confronto das opiniões, pois os consumidores são muito diferentes no que diz respeito à sua cultura, classe econômica, histórico de vida, gostos e prazeres. 109 REFERÊNCIAS AAKER, D. A.; KUMAR, V; DAY, G. S. Pesquisa de marketing. São Paulo, SP: Atlas, 2004. ACERENZA, M. 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APÊNDICE A – Roteiro de Entrevistas ROTEIRO DE ENTREVISTA DATA: ______________ NOME ESTREVISTADO:________________________________________________ As respostas abaixo são confidenciais e tem o fim específico a pesquisa de mestrado do Programa de Mestrado em Turismo e Hotelaria da Univali, com o objetivo de verificar se BC tem potencial para inserção no segmento de turismo de luxo. Assim, solicitamos sua resposta às questões a seguir: Bloco1 Atrações de Balneário Camboriú 1. Na sua opinião, Balneário Camboriú possui atrações e eventos para atrair o turista de luxo? Se sim, quais? 2. A sua organização de certa forma está envolvida com as atrações em Balneário Camboriú? Qual a sua participação e envolvimento na área do luxo? Acesssibilidade 3. O sistema de transportes está apto para receber o turista de luxo? Por quê? 3.1. As vias de acesso à Balneário Camboriú e as vias internas permitem uma boa mobilidade as pessoas e veículos Serviços 4. Balneário Camboriú possui acomodações em número e qualidade suficientes para receber o turista de luxo? 5. E quanto à Gastronomia e dos Restaurantes? Vendas/Pacotes disponíveis 6. Os serviços de vendas e reservas de Balneário Camboriú tem alcance ao turista de luxo? 6.1. A Promoção, comunicação e a divulgação são adequados e têm alcance no turista de luxo? 6.2. Você considera que Balneário Camboriú tem um público alvo (segmentos) bem definido ou ainda é só massa? Atividades 7. Existem em Balneário Camboriú atividades para entreter e divertir o turista de luxo? 7.1.Qual a participação de sua organização? Serviços Auxiliares 8. Os serviços auxiliares como bancos, correios, hospitais, telecomunicações, são de qualidade para receber o turista de luxo? Bloco 2 9. Atribua uma nota de 0 a 10 para as atrações e infraestruturas de Balneário Camboriú, sendo que 0 representa “nenhuma contribuição” e 10 “muita contribuição” para a inserção de BC no segmento de turismo de luxo. Belezas Naturais Atividades culturais Compras (shopping, comércio em geral) Hotéis e pousadas Gastronomia (restaurantes) Estradas de acesso Saneamento Segurança Marina Baladas (Casas noturnas, shows, dança) Condomínios de luxo Segunda residência Atendimento (Receptividade) Esportes náuticos Concessionária de veículos Qualidade de vida Resorts Marca / Branding de BC 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 Bloco 03 A sua organização, a Prefeitura e associações: 10. Você tem conhecimento/participa do planejamento estratégico do turismo de BC? 11. Existe integração / participação nas decisões sobre o turismo de BC? 12. Quando a sua organização toma decisão que pode afetar de alguma forma o turismo de BC, a prefeitura é consultada/envolvida? 13. A sua organização participa de alguma atividade (reuniões) com outros órgãos públicos como Prefeitura, Associações, Sindicatos, Polícia, Marinha ...? 14. Outras observações e considerações sobre o segmento de turismo de luxo em BC? Bloco 04 15. Perfil do Respondente 1. Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino 2. Idade: ___________________________________________________________________ 3. Cidade de origem: ___________________________________________________________________ 4. Tempo de residência em Balneário Camboriú: ___________________________________________________________________ 5. Grau de escolaridade e formação acadêmica: ___________________________________________________________________ 6. Há quanto tempo trabalha nessa organização? ___________________________________________________________________ 7. Qual seu cargo e/ou função que ocupa? ___________________________________________________________________ 8. Há quanto tempo exerce esse cargo ou função? _______________________________ 9. Já trabalhou anteriormente em outra organização de turismo em BC? ___________________________________________________________________ 10. Em caso afirmativo, há quanto tempo trabalha no setor de turismo de BC? ___________________________________________________________________ Agradecemos a sua colaboração e participação nesta pesquisa e após os resultados poderemos repassar os resultados ou estarão publicados nas dissertações de mestrado do Programa de Mestrado em Turismo e Hotelaria, da UNIVALI, Campus BC. Mestranda/Pesquisadora: Alessandra Felini Orientador: Prof. Luiz Flores APÊNDICE B - Instrumento de validação junto a entrevistados Abaixo, são listados os principais resultados da pesquisada qual você participou. Relembrando, a pesquisa foi conduzida com agentes intervenientes que atuam na área do luxo e do turismo de Balneário Camboriú – SC. Os resultados foram obtidos após análises das transcrições das entrevistas realizadas. Uma vez encerrada a leitura dos resultados, procure responder às seguintes questões: 1. Os resultados refletem o que você observa na sua atividade profissional? Por quê? 2. Os resultados trouxeram algum elemento novo e/ou surpreendente, em relação àquilo que você observa? Se sim, qual? Por quê? 3. Fique à vontade para fazer comentários e observações que julgar pertinentes aos resultados ou à pesquisa de maneira geral. As respostas às questões podem ser feitas neste mesmo arquivo, que deve ser enviado via e-mail a: [email protected]. Se qualquer um dos tópicos não ficar claro ou você quiser obter mais detalhes a respeito antes de omitir sua opinião, por favor, entre em contato. Obrigada pela sua colaboração, Alessandra Felini Mestranda – Turismo e Hotelaria Univali Principais resultados da pesquisa: Foram identificados cinco principais fatores intrínsecos para o segmento do turismo de luxo em Balneário Camboriú pelos seus agentes intervenientes Marina, Gastronomia, Condomínios de luxo, Baladas e Belezas Naturais; O primeiro fator intrínseco que permeou todas as entrevistas realizadas foi a Marina Tedesco. Na narrativa dos informantes ela é considerada de luxo em infraestrutura e serviços e tem reconhecimento nacional e internacional; O segundo fator intrínseco do segmento de luxo mais lembrado e citado diretamente pelos entrevistados foi a Gastronomia; Condomínios de luxo (também citados como Construção Civil) também foi outro fator significativamente lembrado pelos agentes intervenientes de Balneário Camboriú ao analisarem o turismo de luxo na cidade; Fator Baladas (casa noturna do ramo do entretenimento musical, combinado com a venda de bebidas alcoólicas e, em alguns casos, alimentação). A vida noturna de Balneário Camboriú também foi reconhecida como um dos fatores intrínsecos para atrair o turista de luxo; Parte fundamental das atrações do turismo de sol e praia, as Belezas Naturais foram lembradas como fator de atração do turista de luxo pelos agentes intervenientes de Balneário Camboriú; Falta de participação dos agentes intervenientes nas decisões. A elaboração e implementação de um planejamento estratégico participativo no município pode propiciar o envolvimento coletivo dos cidadãos com seus anseios e pode descentralizar e compartilhar as decisões dos administradores locais; Falta de um público-alvo conhecido por todos e de direcionamento das decisões para que este público seja atendido.