AFT - MTE Prof. Nícia Araujo Economia do Trabalho Apostila

Propaganda
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
ECONOMIA DO TRABALHO
A Ciência Econômica estuda o comportamento dos
agentes na otimização dos recursos para satisfazer as
necessidades humanas que são ilimitadas. Ela se divide
em dois grandes grupos elementares de estudo: a
Microeconomia e a Macroeconomia. A Microeconomia é a
parte voltada ao estudo do comportamento dos
consumidores (indivíduos e famílias) e das empresas,
considerando produção, custos, determinações de preços
e tudo que envolve as decisões empresariais. Distinguese, assim, da Macroeconomia, direcionada ao estudo dos
agregados econômicos, considerando famílias, empresas,
governo e o comércio com o resto do mundo.
A Economia do Trabalho é um campo dentro da Ciência
Econômica que pode ser observado sob essas duas
óticas. Quando analisamos as relações diretas entre
trabalhadores e empresários - a oferta e a procura por
força de trabalho - estamos observando pela análise
microeconômica. Quando analisamos o mercado de
trabalho como um todo e seu impacto na atividade
econômica
observamos
diretamente
a
ótica
macroeconômica.
1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES
O mercado de trabalho pode ser definido como o “locus
onde trabalhadores e empresários se confrontam e,
dentro de um processo de negociações coletivas que
ocorre algumas vezes com a interferência do Estado,
determinam conjuntamente os níveis de salários, o nível
de emprego, as condições de trabalho e os demais
aspectos relativos às relações entre capital e trabalho”
(CHAHAD). Este representa o mercado formal de
trabalho, que inclui as relações contratuais formais entre
os agentes amparadas por legislação específica.
No mercado informal de trabalho, prevalece o
funcionamento com o mínimo de interferência
governamental. Não há garantias aos trabalhadores, não
há carteira assinada, nem a “proteção” do governo. É
importante destacar, que embora o mercado informal
tenha maior abrangência, é o mercado formal que fornece
a dinâmica da economia. A informalidade está
diretamente relacionada à rede capitalista de produção,
rede esta que gera o mercado formal de trabalho.
No nível microeconômico este mercado se destaca pela
determinação dos níveis de salários e emprego. No nível
macro, pela compreensão da determinação do nível de
demanda agregada, do produto e do emprego, com
importante papel ao lado dos mercados de bens e
serviços, monetário, e de títulos. Sua abrangência
também diz respeito à importância socioeconômica, na
qual as variáveis salários, desemprego, rotatividade,
produtividade, são essenciais e têm profunda repercussão
no dia-a-dia dos trabalhadores. É um conceito amplo,
relacionado com aspectos relevantes como crescimento
populacional, necessidade de absorção de mão-de-obra,
migrações e pobreza.
As atividades econômicas, tanto de curto quanto de longo
prazo, influenciam fortemente as principais variáveis
determinantes do mercado de trabalho, tais como
salários, emprego, desemprego e produtividade. Com
isso, o mercado de trabalho não pode ser analisado
isoladamente, e sim com uma parte importante do todo.
Colocadas essas informações, é necessário definirmos
os principais conceitos relacionados ao mercado de
trabalho, especialmente em relação à análise de
Atualizada 23/02/2010
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
indicadores e às conclusões a seu respeito. A idéia aqui
não é discutir as metodologias utilizadas pelos órgãos de
pesquisa nem ao menos aprender a calculá-las. O
objetivo é compreender os conceitos apresentados e as
principais variáveis analisadas.
Dentre as diversas instituições que analisam variáveis do
mercado de trabalho, o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) destaca-se por ser o órgão oficial
do governo, e será por esse motivo o norteador dos
nossos conceitos. Esses conceitos estão, na sua maioria,
retirados na íntegra da metodologia do instituto para
manter a fidelidade na definição.
O conceito fundamental da Pesquisa Mensal de
Empregos (PME), realizada pelo IBGE em seis grandes
regiões metropolitanas brasileiras (Recife, Salvador, Belo
Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre) é o
de trabalho:
» Trabalho (IBGE) - exercício de:
a) ocupação remunerada em dinheiro,
produtos, mercadorias ou em
benefícios,
como
moradia,
alimentação,
roupas
etc.,
na
produção de bens e serviços;
b) ocupação remunerada em dinheiro
ou benefícios, como moradia,
alimentação, roupas etc., no serviço
doméstico;
c) ocupação sem remuneração na
produção de bens e serviços,
exercida durante pelo menos uma
hora na semana: em ajuda a
membro da unidade domiciliar que
tem trabalho como empregado na
produção
de
bens
primários
(atividades
da
agricultura,
silvicultura,
pecuária,
extração
vegetal ou mineral, caça, pesca e
piscicultura),
conta-própria
ou
empregador; em ajuda a instituição
religiosa,
beneficente
ou
de
cooperativismo; ou como aprendiz
ou estagiário;
d) ocupação exercida durante pelo
menos uma hora na semana: na
produção de bens do ramo que
compreende as atividades de
agricultura, silvicultura, pecuária,
extração
vegetal,
pesca
e
piscicultura, destinadas à própria
alimentação de pelo menos um
membro da unidade domiciliar; ou na
construção de edificações, estradas
privativas,
poços
e
outras
benfeitorias,
exceto
as
obras
destinadas unicamente à reforma,
para o próprio uso de pelo menos
um membro da unidade domiciliar.
(PNAD 1992, 1993, 1995, 1996)
Este conceito é mais abrangente
que o adotado até 1990 na PNAD.
Até 1990, o conceito de trabalho não
abrangia o trabalho não remunerado
exercido durante menos de 15 horas
na semana nem o trabalho na
produção para o próprio consumo e
na construção para o próprio uso.
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
1
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
Essa definição segue as recomendações das
Conferências Internacionais dos Estatísticos do Trabalho
promovidas pela Organização Internacional do Trabalho.
Semana de referência – é a semana, de domingo a
sábado, que precede a semana definida como de
entrevista para a unidade domiciliar. Cada mês da
pesquisa é constituído por quatro semanas de referência.
Data de referência – é a data do último dia da semana
de referência.
Mês de referência – é o mês anterior ao que contém as
quatro semanas de referência que compõem o mês da
pesquisa.
Período de referência de 365 dias – é o período de 365
dias que finaliza no último dia da semana de referência.
Semana de referência – é a semana, de domingo a
sábado, que precede a semana definida como de
» População Economicamente Ativa (PEA) (IBGE) - É
composta pelas pessoas que foram classificadas como
ocupadas ou desocupadas na semana de referência da
pesquisa. Representa uma parte da População em Idade
Ativa (PIA). A força de trabalho corresponde às pessoas
que compõem a população economicamente ativa, e as
pessoas fora da força de trabalho são classificadas como
economicamente inativas.
A classificação da idade ativa de uma população varia
conforme o país. No Brasil, o critério utilizado é de 10
anos de idade. Tendo menos de 10 anos ou sendo
aposentado sem pretensão de voltar ao trabalho será
classificada
como
População
em
Idade
economicamente Não Ativa (PINA). Mesmo sendo ilegal
o trabalho infantil, o IBGE considera esta idade por ser
uma prática no país.
Menores de 10 anos < PIA <
Aposentados
» Ocupados (IBGE) - As pessoas que
exerceram trabalho, remunerado ou sem remuneração,
durante pelo menos uma hora completa na semana de
referência, ou que tinham trabalho remunerado do qual
estavam temporariamente afastadas nessa semana.
Considera-se como ocupada temporariamente
afastada de trabalho remunerado a pessoa que não
trabalhou durante pelo menos uma hora completa na
semana de referência por motivo de férias, greve,
suspensão temporária do contrato de trabalho, licença
remunerada pelo empregador, más condições do tempo
ou outros fatores ocasionais. Também foi considerada a
pessoa que, na data de referencia estava afastada: por
motivo de licença remunerada por instituto de previdência
por período não superior a 24 meses; do próprio
empreendimento por motivo de gestação, doença ou
acidente, sem ser licenciada por instituto de previdência,
por período não superior a três meses; por falta voluntária
ou outro motivo, por período não superior a 30 dias
A classificação permite ainda a estratificação em
4 grupos de ocupados:
2
Atualizada 23/02/2010
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
Ocupados
Trabalhador nãoremunerado de membro da
unidade domiciliar que era
d
Empregados
Trabalhador doméstico
Conta-própria
Empregador
Trabalhador não-remunerado
de membro da unidade
domiciliar que era conta
própria ou empregador
Empregado (IBGE) - pessoa que trabalha para
empregador (pessoa física ou jurídica), cumprindo jornada
de trabalho e recebendo remuneração em dinheiro,
mercadorias, produtos ou somente em benefícios
(moradia, alimentação, roupas, etc), inclusive a que
presta serviço militar obrigatório, sacerdote, ministro de
igreja, pastor, rabino, frade, freira e outros clérigos, e
também, o aprendiz ou estagiário que recebe somente
aprendizado ou treinamento como pagamento. Classificase também como empregado:
- Trabalhador doméstico - pessoa que
trabalha
prestando
serviço
doméstico
remunerado em dinheiro ou benefícios, em uma
ou mais unidades domiciliares.
- Trabalhador não-remunerado de
membro da unidade domiciliar que era
empregado – pessoa que trabalha, em ajuda ao
membro da unidade domiciliar, com quem o
empregador estabelece o contrato ou o acordo
de trabalho e que recebe a remuneração pelo
trabalho do grupo de membros da unidade
domiciliar que organiza, dirige ou é responsável;
Conta-própria - pessoa que trabalha em seu
próprio empreendimento, explorando uma atividade
econômica sem ter empregados, individualmente ou com
sócio, com auxílio ou não de trabalhador não-remunerado
de membro da unidade familiar.
Empregador - pessoa que trabalha em seu
próprio empreendimento, explorando uma atividade
econômica, com pelo menos um empregado, e contando
ou não, com ajuda do trabalhador não remunerado de
membro da unidade domiciliar.
Trabalhador não-remunerado de membro da
unidade domiciliar que era conta própria ou
empregador - pessoa que trabalha sem remuneração,
pelo menos uma hora na semana, em ajuda a membro da
unidade domiciliar que é conta-própria ou empregador em
qualquer atividade.
» Desocupados (IBGE) - pessoas sem trabalho
na semana de referência, mas que estavam disponíveis
para assumir um trabalho nessa semana e que tomaram
alguma providencia efetiva para conseguir trabalho no
período de referencia de 30 dias, sem terem tido qualquer
trabalho ou após terem saído do último trabalho que
tiveram nesse período.
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
Para fins de comparação metodológica, seguem
abaixo alguns conceitos correlatos e importantes
definidos pelo DIEESE:
» PEA – Corresponde à parcela da população
em idade ativa que está ocupada ou desempregada.
» Ocupados - São os indivíduos que, nos sete
dias anteriores ao da entrevista, possuem trabalho
remunerado exercido regularmente, com ou sem procura
de trabalho; ou que, neste período, possuem trabalho
remunerado exercido de forma irregular, desde que não
tenham procurado trabalho diferente do atual; ou
possuem trabalho não-remunerado de ajuda em negócios
de parentes, ou remunerado em espécie/beneficio, sem
procura de trabalho.
Excluem-se as pessoas que nos últimos sete dias
realizaram algum trabalho de forma excepcional.
» Desempregados - São indivíduos que se encontram
numa situação involuntária de não-trabalho, por falta de
oportunidade de trabalho, ou que exercem trabalhos
irregulares com desejo de mudança. Essas pessoas são
desagregadas em três tipos de desemprego:
- desemprego aberto: pessoas que procuraram
trabalho de maneira efetiva nos 30 dias
anteriores ao da entrevista e não exerceram
nenhum trabalho nos sete últimos dias;
- desemprego oculto pelo trabalho precário:
pessoas que realizam trabalhos precários algum trabalho remunerado ocasional de autoocupação - ou pessoas que realizam trabalho
não-remunerado em ajuda a negócios de
parentes e que procuraram mudar de trabalho
nos 30 dias anteriores ao da entrevista ou que,
não tendo procurado neste período, o fizeram
sem êxito até 12 meses atrás;
- desemprego oculto pelo desalento: pessoas
que não possuem trabalho e nem procuraram
nos últimos 30 dias anteriores ao da entrevista,
por desestímulos do mercado de trabalho ou por
circunstâncias fortuitas, mas apresentaram
procura efetiva de trabalho nos últimos 12
meses.
» Inativos (de dez anos e mais) - Parcela da PIA que
não está ocupada ou desempregada. Incluem-se as
pessoas sem procura de trabalho que, nos últimos 30
dias, realizaram algum trabalho de forma excepcional
porque lhes sobrou tempo de seus afazeres principais.
» Procura de Trabalho - Corresponde a busca de um
trabalho remunerado, expressa na realização, pelo
indivíduo, de alguma ação ou providência concreta. A
procura de trabalho inclui não apenas a busca por um
trabalho assalariado como também de outros trabalhos,
como a tomada de providências para abrir um negócio ou
empresa e a procura por mais clientes por parte do
trabalhador autônomo.
» Situação de Trabalho - A situação de trabalho é
definida como aquela em que o indivíduo tem um trabalho
remunerado ou não-remunerado no período de referência,
excetuando o trabalho excepcional.
Um dos importantes indicadores do mercado de trabalho
corresponde à Taxa de atividade medida pelo IBGE, que
consiste na percentagem das pessoas economicamente
ativas em relação às pessoas de 10 ou mais anos de
idade. O mesmo cálculo é feito pelo DIEESE com o nome
de taxa de participação. Esta taxa indica a proporção na
PIA incorporada ao mercado de trabalho como ocupada
Atualizada 23/02/2010
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
ou desempregada. A taxa de participação específica de
determinado segmento populacional (homens, chefes de
família, etc.) é a proporção da PIA desse segmento
incorporada ao mercado de trabalho como ocupada ou
desempregada.
Esse cálculo mede o tamanho relativo da força de
trabalho, fornecendo uma aproximação do volume de
oferta de emprego imediatamente disponível na
economia.
De acordo com CHAHAD existem algumas realidades
observadas como regra geral para os países:
• A taxa de participação masculina é
maior que a feminina. Os afazeres
domésticos não são considerados como
ocupações economicamente ativas,
como já foi visto, e são exercidos na
maioria das vezes pelas mulheres.
• A participação adulta é maior que a
participação jovem ou idosa. O
ensino e a aposentadoria são as
explicações tradicionais para a menor
participação desses grupos.
• A participação feminina tende a
crescer com o desenvolvimento
econômico. Isso deve ocorrer porque
as oportunidades de emprego para as
mulheres devem aumentar assim como
seu papel no mercado de trabalho
também vai sendo visto de forma
diferente.
» Taxa de Rotatividade
É importante compreendermos também que nem todos os
funcionários
dispensados
pelas
empresas
irão
caracterizar um desemprego para a economia como um
todo. Caso a empresa demita, mas substitua a mão-deobra dispensada, caracteriza-se como rotatividade. Medir
a rotatividade (TR) da mão-de-obra é um cálculo mais
complexo do que apenas pensar na substituição em si, e
existem algumas formas de mensuração. A maneira mais
freqüente que preserva a idéia de substituição é:
Sendo:
A = admissões da firma ou setor no período
D = demissões
Fi = estoques de trabalhadores no início do
período
O mínimo entre admissões e demissões é para evitar
subestimações ou superestimações do índice de
rotatividade. Se houver expansão contrata-se mais do que
demite-se, se for recessão as demissões predominarão.
Num período de retração da atividade econômica a
formula pode ser simplificada:
Sendo N o total de empregados da firma.
Num período de expansão:
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
3
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
Importante salientar que esse cálculo refere-se à
rotatividade ao longo do mês, que difere da
mensuração anual.
Para compreender essas diferenças podemos dividir a
rotatividade em dois componentes que a estimulam: o
comportamento dos empregados e o comportamento
das empresas.
Durante a recessão, há redução das oportunidades de
emprego, por isso os trabalhadores diminuem sua
mobilidade entre empregos, ou seja, provocam menor
rotatividade. As empresas possuem um comportamento
particular. Com um maior volume de desempregados
disponíveis no mercado podem trocar seus funcionários
menos qualificados por outros de maior experiência e
qualificação. Mas por outro lado, dependendo da
profundidade e duração da recessão, tentam segurar
segmentos de seus trabalhadores que já despenderam
significativos custos de treinamento. Além do mais, há
também os custos de contratação e demissão, que
obrigam a firma a reter os trabalhadores mais qualificados
em suas fileiras.
Recessão
↓ Oportunidades
Mobilidade
Rotatividade
Num período de expansão as chances de mobilidade em
direção a novos e melhores empregos com salários
superiores aumentam para os trabalhadores. Para as
empresas, com a oferta de trabalho em expansão, elas
podem treinar melhor seu contingente de mão-de-obra,
utilizando-se disso para trocar com maior rapidez os
ocupados num determinado posto de trabalho. A
rotatividade tende a se elevar na expansão.
Expansão
Oportunidades
Mobilidade
desocupadas, em relação às pessoas economicamente
ativas.
Um índice apontado por CHAHAD (2005) que também
deve ser analisado é o índice de subemprego.
» Índice de subemprego: Indicador do grau da
subutilização da mão-de-obra.
O subemprego, em geral, representa a parcela da
população subutilizada em decorrência do padrão de
crescimento adotado, o qual exclui inúmeros segmentos
da população do desempenho de atividades econômicas
produtivas.
O subemprego visível é definido como a diferença entre
o volume real de horas trabalhadas pelo indivíduo e o
volume de horas que ele poderia, de fato, trabalhar.
Sendo Sh o número de indivíduos ocupados trabalhando
menos que um determinado número de horas. É
importante frisar que neste caso o subemprego ocorrerá
em virtude da insuficiência da demanda, há
involuntariedade do indivíduo.
O subemprego encoberto representa a quantidade de
mão-de-obra que seria possível liberar melhorando-se a
organização e a distribuição das tarefas de trabalho,
mantendo-se o nível de produção sem necessidade de
novos investimentos em capital fixo e sem modificação
das formas de utilização do trabalho assalariado ou
estrutura social de produção. Contempla a idéia de níveis
de produtividade como elemento de mensuração do
subemprego, medido da seguinte maneira:
Rotatividade
No longo prazo, numa perspectiva de crescimento
econômica, a tendência é de elevação no seu patamar,
pois uma maior parcela da força de trabalho estará sujeita
a vínculos formais de trabalho, aumentado a mobilidade
observada entre os empregados.
Seguem abaixo alguns índices do mercado de trabalho
importantes para sua análise de acordo com o IBGE:
Nomenclatura Fórmula
Taxa
de
atividade
(IBGE)
Taxa
de
participação
(DIEESE)
Nível
ocupação
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
de
Em que Sp corresponde ao número de indivíduos em
produtividade igual ou inferior a certo valor prefixado.
O subemprego potencial compreende a quantidade dão
mão-de-obra que pode ser liberada, dado um nível de
produção, por meio de mudanças nas condições de
exploração dos recursos ou transformações na indústria
ou agricultura.
Recentemente, o Programa Regional de Emprego para a
América Latina e Central (Prealc) propôs uma variação
desse conceito, tentando incorporar a idéia de pobreza
como um elemento fundamental na definição de
subocupação da mão-de-obra. Essa definição é
importante para ampliar o conceito de subemprego,
entretanto, introduz o problema do que se considera como
linha de pobreza. Esse cálculo é definido da seguinte
forma:
Nível
de
desocupação
Taxa
ocupação
Sendo N o número de pessoas pobres (abaixo da linha da
pobreza), d a razão de dependência (d = (N – n)/N, n
igual ao número de indivíduos ativos incluídos na
população pobre.
de
Taxa
de
desocupação
A taxa de ocupação busca refletir aqueles indivíduos
absorvidos no mercado de trabalho na condição de
ocupados. Indica o contingente de trabalhadores
disponíveis e utilizados pelas firmas. Em contraposição há
a Taxa de desocupação (ou desemprego aberto) (IBGE)
que corresponde à percentagem das pessoas
4
Atualizada 23/02/2010
» Índices de salários reais e salários nominais:
Os salários nominais são visto como conseqüências tanto
de políticas salariais como desequilíbrios eventuais
observados no mercado de trabalho. A determinação do
nível de salário nominal ou piso salarial depende de
fatores como as características dos trabalhadores (idade,
experiência no trabalho, sexo, escolaridade, etc) e a
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
empresa ou setor de atividade (assim como região em
que se encontra, a política da firma, o tipo de atividade,
etc).
O salário real corresponde à deflação do salário nominal
(w) por um índice de preços (IP);
É importante destacar que a depender do IP utilizado
podemos ter conclusões distintas. Ao utilizar um índice
geral de preços (IGP), o resultado obtido tende a refletir o
salário real no conceito de custo de mão-de-obra, sendo
mais importante sob a ótica da empresa. Diferentemente,
ao utilizar um índice de preços ao consumidor (IPC) ou
índice de custo de vida (ICV), o salário real tende a
revelar a evolução do poder de compra do trabalhado,
sendo de maior importância sob a ótica dos sindicatos.
O mercado de trabalho determina apenas o salário
nominal, mesmo buscando um determinado nível de
salário real. A evolução do salário nominal é determinada
pela política salarial e ocorrência do desemprego,
enquanto a evolução do salário real é determinada pelo
ritmo de crescimento dos preços (inflação). Se há
descontrole na inflação, os ganhos do salário nominal
anulam-se rapidamente. Por outro lado, os aumentos
nominais dos salários também podem gerar inflação, a
partir do momento em que os empresários querem manter
suas margens de lucro e repassam aumentos para os
preços dos bens. Com alta inflação no curto prazo, há
perda do poder aquisitivo do salário, ou seja, redução do
salário real.
A relação entre salário real e nível de emprego é vista de
forma direta como indireta, a depender da escola de
teoria econômica a se seguir. Na visão tradicional
(neoclássica) o salário real determina o nível de emprego.
Isso significa que para que a economia empregue um
maior número de trabalhadores é necessário que não
ocorram restrições como por exemplo a existência do
salário mínimo, atuação sindical e outras limitações que
perturbam o livre equilíbrio do mercado. Sob a ótica
keynesiana, ocorre o inverso. A demanda agregada fixa o
nível de emprego, associando a este um determinado
nível de salário real que maximiza o lucro das firmas.
Para chegarem ao salário real de equilíbrio do sistema
econômico, as forças de mercado atuam de forma a
modificar o salário nominal pela variação de preços.
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
Se incorporarmos a essa análise o número de horas
trabalhadas, seria possível obter um valor mais próximo
da verdadeira produtividade dos trabalhadores envolvidos
no processo de produção, assim como o esforço da firma
no sentido de elevar a eficiência produtiva.
Do ponto de vista das relações entre capital e trabalho, a
produtividade é um elemento fundamental devido à sua
importância como item de negociação coletiva. Isso
ocorre porque a incorporação dos ganhos de
produtividade aos salários é necessária para que se
mantenha inalterada a distribuição de renda entre salários
e lucros. Isso pode ser facilmente compreendido se
lembrarmos da composição da renda nacional. Uma das
óticas mede a riqueza pela remuneração dos fatores
produtivos. Considerando que salários (w) e lucros (α)
sejam os principais componentes da renda (únicos no
nosso exemplo para efeitos didáticos) então:
R = wL + α, sendo wL o valor total dos salários
multiplicados pela quantidade de trabalhadores.
Considerando que a renda é igual à quantidade de
produção vezes o preço, então:
P x Q = wL + α
Dividindo tudo por P x Q
Assim, sempre que a produtividade média dos
trabalhadores se elevar, o salário deve se elevar na
mesma proporção para que a distribuição de renda entre
salário se lucros não se altere.
Visão Tradicional (neoclássica)
→
Salário real determina o nível de
emprego
Ótica keynesiana
→
Demanda agregada fixa o
nível de emprego
» Índices de produtividade:
A produtividade média da mão-de-obra é medida
dividindo-se a quantidade de produto pela quantidade de
trabalhadores:
Q - quantidade de bens produzidos
L - quantidade de força de trabalho empregada.
Essa produtividade também acompanha o nível de
produção.
Atualizada 23/02/2010
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
5
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
2. O MERCADO DE TRABALHO
Para tratarmos das relações de oferta e demanda no
mercado de trabalho mais especificamente, é
recomendável vermos antes essas relações nos
mercados de bens e serviços, isso facilitará a
compreensão da análise mais específica. As teorias de
oferta e demanda funcionam como uma base da teoria
econômica, e compreendê-las inicialmente facilitará o
entendimento das relações entre oferta e demanda no
mercado de trabalho.
TEORIA ELEMENTAR DA DEMANDA
A demanda corresponde à quantidade de um
determinado bem ou serviço que o consumidor deseja
adquirir em certo período de tempo. É o desejo, a
aspiração e não a realização da vontade em si. Ao se
falar em demanda deve-se considerar o comportamento
do consumidor, e apenas este, sua lógica e sua
(ir)racionalidade para tomar decisões. O comportamento
do empresário é analisado ao se falar em Oferta.
É importante ainda especificar o tempo, não somente o
valor. Por exemplo, devemos dizer que a demanda por
aparelhos de DVD no ano de 2010 deve ser de 500.000
unidades/mês. (situação hipotética)
É importante para essa análise, ou para projeções, que
haja disponibilidade do bem (quantidade suficiente para
o consumidor adquirir) e renda do consumidor, mesmo
que seja futura, através de financiamentos. O consumidor
precisa também possuir disposição para adquirir o bem,
ou seja, perceber utilidade nele. Essa utilidade não deve
ser questionada, pois é individual, e o valor dos bens está
na importância que cada consumidor delega a ele. Para
um consumidor, por exemplo, ter aparelho de ar
condicionado durante o verão é absolutamente
necessário para o seu bem-estar, enquanto que para
outros consumidores, um ventilador seria suficiente.
Os elementos condicionantes da demanda são o preço e
o tempo. O preço porque quanto maior o preço, menos o
consumidor está disposto a comprar. E o tempo muda a
referência, o consumo de um determinando produto em
uma semana é diferente do consumo desse mesmo
produto em um mês.
De acordo com a lei geral da Demanda:
Modificações na Demanda
Quando são alterados os parâmetros da demanda
(hábitos dos consumidores, renda disponível, preços dos
bens substitutos e/ou complementares, etc), ou seja, as
variáveis que influenciam a demanda, haverá um
deslocamento da demanda, ou seja, uma mudança na
posição da curva. (DESLOCAMENTO DA CURVA)
Quando a curva se desloca para a direita identifica-se um
aumento da procura, pois, pelo mesmo preço P0, os
consumidores passam a adquirir uma quantidade maior
de bens. Isso pode ocorrer devido a um aumento da
renda do consumidor, por exemplo. Se o deslocamento
fosse para a esquerda haveria uma redução da demanda
do bem. Quando a renda do consumidor aumenta,
espera-se que haja um aumento no consumo dos bens,
caso o preço mantenha-se constante. Vejamos isso no
gráfico abaixo.
”A quantidade demandada de determinado
bem varia na razão inversa da variação de
seus respectivos preços, mantidas as demais
influências constantes”.
O consumidor faz suas escolhas diante de diversas
alternativas existentes a um dado nível de renda, ou seja,
um orçamento limitado. Procura fazer a melhor
combinação possível que promova sua satisfação.
Vejamos um exemplo desta relação no gráfico:
Preços
(R$)
4
6
8
10
12
Quantidade procurada
100
80
60
40
20
Quando o único fator que se altera é a variável preço
(coeteris paribus) tem-se uma modificação ao longo da
curva de Demanda (DESLOCAMENTO AO LONGO DA
CURVA), altera-se então somente a quantidade
demandada e não a demanda como um todo. O
consumidor sai de um ponto na curva e se desloca a
outro, com novos preço e quantidade. Veja no gráfico.
No gráfico temos:
6
Atualizada 23/02/2010
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
AFT - MTE
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
Prof. Nícia Araujo
Na prática, as modificações ocorrem simultaneamente,
com diversas variáveis promovendo alterações na curva
de demanda, gerando mudanças também na oferta,
deslocando o ponto de equilíbrio. Essas alterações serão
vistas mais à frente.
Os fatores determinantes da procura são:
Preço do bem
Preços dos outros bens
Renda do consumidor
Gosto ou preferência do indivíduo
Matematicamente:
D =f(Px, P1, P2,... R, G)
Separadamente cada relação:
1) Relação entre quantidade demandada e o
preço do bem:
Esta relação é inversa, quando aumenta o preço a
demanda diminui, e ao contrário, quando diminui o preço
a procura pelos bens aumenta.
Dx = f(Px) coeteris paribus (c.p.)
b) complementares: quando o aumento do preço do bem
A levar a uma queda na demanda do bem B. Em geral
são consumidos conjuntamente, seja por uma relação de
obrigatoriedade ou por hábito. Ex. caneta e carga, carro e
gasolina.
Graficamente:
2)
Relação entre a demanda de um bem e o
preço dos outros bens
DB = f(PA) c.p.
Nesse caso não haverá uma relação direta entre o
aumento do preço do bem A e a quantidade demandada
do bem B, que poderá aumentar ou diminuir, vai depender
da relação entre esses bens.
a) Bens substitutos ou concorrentes (tem relação de
substituição): quando o aumento do preço do bem A
aumenta a demanda do bem B. Ex.: manteiga e
margarina, ônibus e avião.
Graficamente:
3)
Relação entre a procura de um bem e a
renda do consumidor.
Dx = f(R) coeteris paribus
Atualizada 23/02/2010
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
7
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
Geralmente há uma relação crescente e direta entre a
renda do consumidor e a demanda de um bem ou serviço.
Quando há aumento na renda disponível do indivíduo, a
demanda pelos bens deve aumentar, pois o consumidor
tendo mais dinheiro vai querer aumentar seu padrão de
compras e demandar maiores quantidades de bens e
serviços. A esses bens, cuja demanda aumenta a partir
de um aumento da renda, damos o nome de “normais”.
Entretanto, há exceções a esse comportamento:
» Bem de Consumo saciado: quando o indivíduo está
satisfeito com o consumo de um determinado bem e não
altera sua quantidade demandada por unidade de tempo
quando sua renda aumenta.
» Bens inferiores: a demanda desses bens se reduz
quando a renda do indivíduo aumenta. Ele passa a
consumir outros bens de superior qualidade, como por
exemplo a troca da carne de segunda pela carne de
primeira.
Graficamente percebe-se essa relação.
4)
Relação entre procura do bem e o gosto
do consumidor
A preferência de um indivíduo, por ser uma variável
subjetiva, é medida pelo impacto que causa na demanda
do produto, e não uma quantificação em si. Se há
estímulo ao consumo de determinado bem, a curva de
demanda desse bem se desloca para a direita, pois
haverá um maior consumo, maior procura por esse bem.
Ao contrário, se por algum motivo a preferência do
indivíduo se alterar negativamente, ele deixará de
comprar o bem independente de modificações no seu
preço, levando a um deslocamento para a esquerda da
curva de demanda.
Ainda sobre a demanda, é importante destacar um
conceito fundamental na análise que é o de excedente
do consumidor. Ele representa a diferença entre o que o
consumidor estaria disposto a pagar pelo bem e o valor
efetivamente pago por ele. Ele representa o “ganho” que
o indivíduo tem ao efetuar a compra. Por exemplo, um
consumidor disposto a pagar R$ 40,00 por um DVD
musical, e consegue comprá-lo pagando R$ 32,00 terá
um excedente de R$ 8,00 (40 – 32).
Num gráfico de demanda é possível visualizar essa
diferença traçando uma reta no preço efetivamente de
mercado, e comparando-o com os outros preços que o
consumidor esteja disposto a pagar para cada quantidade
consumida. Essa região sombreada representa o
excedente do consumidor, como pode ser visto no gráfico
abaixo.
8
Atualizada 23/02/2010
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
O preço $4 é o preço de mercado do bem. Para consumir
20 unidades o consumidor está disposto a pagar $12,00
pelo produto, pagando apenas $4,00 ele está tendo um
excedente de $ 8,00. Ao consumir 40 unidades, o
indivíduo tem seu máximo disponível de $10,00 no preço
do bem, como o preço de mercado é $4,00, ele ainda está
tendo excedente, nesse caso de $6,00. E assim por
diante.
A DEMANDA DO MERCADO é formada pelo conjunto
das demandas individuais, somando-se sempre as
quantidades relativas a cada preço.
TEORIA ELEMENTAR DA OFERTA
A oferta corresponde à quantidade de um bem ou serviço
que os produtores/vendedores desejam vender por
unidade de tempo, a um determinado preço. Da mesma
maneira que a demanda, a oferta é um desejo, uma
aspiração. Ao se falar em oferta, deve-se levar em
consideração exclusivamente a ótica do produtor,
considerando suas aspirações e lógica, por isso, ao
contrário da demanda a quantidade ofertada tende a
aumentar com o aumento do preço do bem, já que tornase mais atrativo vendê-lo.
Para se fazer a análise, deve-se considerar a existência
da quantidade da mercadoria destinada à venda e a
disposição de vender do ofertante. A oferta como um todo
está condicionada à utilidade do bem. Quanto mais útil o
bem é para o consumidor, mais vai despertar o desejo da
venda.
Assim como na análise de demanda o tempo e preço são
elementos condicionantes da oferta. O preço está
relacionado com a hipótese de otimização dos produtores
ou vendedores (maximização dos resultados), e como a
oferta é um fluxo precisa estar associada a tempo.
A Lei Geral da Oferta se consubstancia da seguinte
forma:
“A oferta de um produto qualquer varia na
razão direta da variação do seu preço,
mantidas constantes as demais influências
porventura existentes em cada momento”
Isso significa que quanto maior o preço do produto, mais
empresas estarão dispostas a produzi-lo e vendê-lo.
Fatores determinantes da oferta:
1) Seu preço
Quanto maior o preço de um bem, mais interessante se
torna produzi-lo e então, sua oferta é maior. A relação do
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
preço de um bem com sua quantidade ofertada nos dá a
curva de oferta do produto.
Ex.:
Preços R$
Quantidade ofertada
4
20
6
40
8
60
10
80
12
100
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
de produção, a elevação dos preços de produtos
substitutos, crescimento econômico, concessão de
subsídios, etc.
Ex. Se o preço da matéria prima cai, reduz os custos da
produção. Essa redução de custos estimula outras
empresas a produzirem esse produto, portanto a um
mesmo preço haveria uma oferta maior do produto no
mercado, um deslocamento da curva de oferta para a
direita. Esse deslocamento pode ser visto no gráfico
abaixo.
No gráfico temos:
A oferta do bem depende também dos preços dos fatores
de produção.
2) O preço dos fatores mais a tecnologia
empregada determinam o custo de
produção.
Se o preço de um determinado fator aumenta (ex. a terra),
aumenta também o custo de produção (ex. o custo de
produção do café). Quem utiliza muito esse fator terá
seus custos mais elevados, diferente de quem não o
utiliza muito. Essa alteração de custos afetará a
lucratividade relativa das produções (café e mesas, por
exemplo), e ocasionará deslocamentos nas curvas de
oferta das diferentes mercadorias.
Semelhante análise é feita para a situação em que há
mudança da tecnologia de produção. Os bens que mais
se beneficiarem da mudança tecnológica terão uma
lucratividade elevada, e assim surgirão deslocamentos
nas curvas de oferta de diversos bens e serviços.
3) Preço dos demais bens produzidos
Se o preço dos demais bens aumenta e o preço do bem X
permanece idêntico, sua produção torna-se menos
atraente em relação à produção dos outros bens,
conseqüentemente sua oferta será reduzida. Essa
redução de oferta pode ser percebida pelo deslocamento
para a esquerda da curva, mostrando que ao mesmo
preço, o bem X passa a ter uma oferta menor.
Matematicamente:
Ox = f(Px, Pi, ...,Pfatores, ..., Tecnol.)
Modificações na oferta
Uma mudança no valor das variáveis que determinam a
oferta manifesta-se no deslocamento da curva de oferta
(DESLOCAMENTO DA CURVA). Deslocamento da oferta
indica um aumento da oferta ou deslocamento de toda a
curva para a direita. Uma diminuição da oferta representa
um deslocamento para a esquerda. Estes deslocamentos
são provocados por outras influências que não o próprio
preço do produto oferecido, como por exemplo, os custos
Atualizada 23/02/2010
Quando há mudança no preço do bem ofertado, haverá
imediata alteração na quantidade ofertada do mesmo
(c.p.), e esse resultado significará um novo ponto dentro
da mesma curva de oferta. Esse deslocamento se dá ao
longo da curva de oferta, não gerando mudança na
posição da curva de oferta como um todo.
(DESLOCAMENTOS AO LONGO DA CURVA)
IMPORTANTE:
TODAS
AS
MODIFICAÇÕES
OCORRIDAS, SEJA DA CURVA DE DEMANDA SEJA
DE OFERTA, DEPENDEM MUITO DA INCLINAÇÃO DAS
CURVAS, ASSIM COMO OS NOVOS P E Q DE
EQUILÍBRIO
DEPENDERÃO
TAMBÉM
DO
DESLOCAMENTO DAS CURVAS.
EQUILÍBRIO DE MERCADO
O equilíbrio de mercado consiste na situação em que
a demanda se iguala à oferta, ou seja, os desejos de
compras se igualam aos desejos de venda de um
determinado produto. Nesse ponto há o cruzamento da
curva de oferta com a curva de demanda, em que as
quantidades são as mesmas, e o preço encontrado será o
preço de equilíbrio, que também será o mesmo.
Graficamente:
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
9
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
Numa situação em que há excesso de Oferta (acima do
ponto de equilíbrio) haverá pressão para os preços
diminuírem, pois:
a.
os vendedores percebem que não podem vender
tudo o que desejam, seus estoques aumentam e
assim passam a oferecer preços menores;
b.
Os consumidores percebem a fartura de bens e
passam a negociar os preços.
Numa situação em que há excesso de Demanda (abaixo
do ponto de equilíbrio) haverá pressão para os
preços subirem, pois:
c.
os compradores, incapazes de comprarem tudo o
que desejam ao preço existente, se dispõem a
pagar mais;
d.
os vendedores, ao perceberem a escassez, notam
que podem elevar os preços sem queda em suas
vendas.
Denomina-se mecanismo de mercado, em mercados
livres, a tendência de que o preço se modifique até que a
quantidade ofertada e a quantidade demandada sejam
iguais. Nesse ponto não haveria nem excesso nem
escassez de oferta. Ao traçar essas curvas, estamos
implicitamente assumindo que nos referimos a um
mercado competitivo.
DEMANDA NO MERCADO DE TRABALHO
O mercado de fatores de produção funciona de maneira
semelhante ao mercado de bens.
Por que os médicos ganham em geral, salários mais altos
1
que os frentistas? O mercado de fatores de produção se
difere do mercado de bens apenas por ser uma demanda
derivada, ou seja, a demanda de uma empresa por um
fator deriva de sua decisão de ofertar um bem em outro
mercado. A demanda por engenheiros civis depende
necessariamente da oferta da indústria da construção
civil, assim como a demanda por frentistas está ligada à
oferta de combustível. O trabalho acaba sendo, na
maioria das vezes, um insumo na produção de outros
bens, não um bem final já pronto para ser desfrutado
pelos consumidores.
Para entendermos melhor a demanda por mão-de-obra,
precisamos focalizar as empresas que contratam a mãode-obra e a utilizam para produzir bens para a venda.
Observando o elo entre a produção de bens e a demanda
por mão-de-obra, podemos entender a determinação dos
salários de equilíbrio.
1
Fatores de produção são os insumos usados
para produzir os bens e serviços, tais como a mão-deobra, a terra, o capital e a tecnologia.
10
Atualizada 23/02/2010
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
Primeiro consideraremos a situação de uma empresa produtora de geladeiras num mercado competitivo, tanto na oferta do
seu bem como na demanda pela mão-de-obra. Como o mercado é competitivo, a empresa é tomadora de preço. Como há
muitas empresas oferecendo o bem, uma única tem pouca influencia sobre o preço que recebe ou sobre o salário que paga
aos seus funcionários.
Um mercado em concorrência perfeita implica a existência de algumas hipóteses a serem cumpridas:
1. Produto Homogêneo.
2. Informação Perfeita/Transparência de Mercado
3. Inúmeros Vendedores (mercado atomizado). Um agente não tem como afetar o preço de mercado.
4. Inúmeros Compradores (mercado atomizado).
5. Perfeita Mobilidade de Recursos (não existem custos de transporte)
6. Não existem Barreiras à Entrada e à saída » Mobilidade de firmas
7. Tecnologia disponível
8. O preço é determinado pelo mercado
9. Os preços dos insumos são dados pelo mercado (as curvas de custos de produção são idênticas para todas as
firmas do mercado de bens e serviços).
10. Maximização de lucros: hipótese da racionalidade.
11. Inexistência de externalidades
Atualizada 23/02/2010
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
11
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
Curva de demanda de mercado e da firma Individual
Num mercado competitivo, a empresa adquire a mão-deobra a um salário W fixado pelo mercado, e vende seus
produtos a um preço P, também fixado pelo mercado, ou
seja, é uma empresa tomadora de preços e salários.
Na sequência, consideramos também que a empresa seja
maximizadora de lucro. Desta forma, ela não se importa
diretamente com o número de empregados que possui ou
com o número de bens que produz e vende, seu foco é o
lucro (Receita Total – Custo Total). A oferta de geladeira
pela empresa e sua demanda por trabalhadores são
derivadas do seu objetivo principal de maximizar os
lucros.
A função de produção consiste na relação técnica entre
a quantidade física de fatores de produção e a quantidade
física do produto final em determinado período de tempo.
No nosso exemplo, as geladeiras correspondem ao
produto final e os empregados que irão produzi-las
correspondem aos fatores de produção.
Q = f (mão-de-obra, capital, matéria-prima) ou Q = f (L,
K,...) » A quantidade produzida no tempo é uma função
da mão de obra utilizada, do capital físico e das matériasprimas utilizadas. Um modelo de função que comumente
representa as relações produtivas e o uso dos insumos é
a função do tipo Cobb-Douglas:
α
β
Q=A.K .L
Q - produção
A - tecnologia, que em geral, é tida como constante na
análise
K - capital
L - mão-de-obra
α e β indicam a participação na produção de K e L. Sobre
essa função são necessárias algumas ponderações
importantes antes de se prosseguir nos conceitos.
Quando α + β = 1, se dobrarmos ambos os fatores a
produção também dobrará. Se alterarmos apenas um dos
fatores, a alteração na produção não será na mesma
proporção. Isso significa rendimentos constantes de
escala: se todos os fatores crescerem em dada
proporção, a produção crescerá na mesma
proporção.
Se α + β < 1, temos rendimentos decrescentes de escala:
todos os fatores de produção crescem numa mesma
proporção e a produção cresce numa proporção menor.
Aumentando em 20% os fatores de produção a produção
aumenta apenas 10%, por exemplo.
Quando α + β > 1, temos rendimentos crescentes de
escala: Se todos os fatores de produção crescerem a uma
mesma proporção, a produção crescerá numa proporção
maior. Se aumentar em 20% a quantidade de L e de K, a
12
Atualizada 23/02/2010
produção aumenta mais do que 20%. Significa que a
produtividade média dos fatores de produção aumentou.
α+β
=1
Rendimentos
constantes de escala
α+β
<1
Rendimentos
decrescentes
escala
α+β
>1
Rendimentos
crescentes de escala
de
Se todos os fatores
crescerem em dada
proporção, a produção
crescerá na mesma
proporção
Todos os fatores de
produção
crescem
numa
mesma
proporção
e
a
produção cresce numa
proporção menor
Se todos os fatores de
produção crescerem a
uma
mesma
proporção, a produção
crescerá
numa
proporção maior
IMPORTANTE:
ESSAS
CONSIDERAÇÕES
SÃO
VÁLIDAS EXCLUSIVAMENTE PARA A FUNÇÃO DE
PRODUÇÃO DO TIPO COBB-DOUGLAS.
Esses fatores de produção utilizados nos processos
produtivos são usados não apenas em proporções
distintas como podem (ou não) ser alterados conforme
haja mudanças na quantidade final dos bens a serem
desenvolvidos.
Quando há necessidade de aumentar a proporção dos
fatores de produção para se aumentar a produção de
mercadorias, então esses fatores são chamados de
FATORES VARIÁVEIS. Por exemplo, para se aumentar a
produção de geladeiras é necessário que se utilize mais
borrachas, por exemplo. Este fator de produção (matériaprima) é chamado variável. Quando, ao contrário, pode-se
aumentar a produção de um bem sem alterar a
quantidade de uso de determinado fator, este será
chamado FATOR DE PRODUÇÃO FIXO. Por exemplo,
dentro uma mesma capacidade instalada é possível se
produzir mais ou menos bens sem alterá-la.
Há que se destacar que essa distinção dos fatores utilizase exclusivamente no curto prazo, pois, no longo prazo,
todos os fatores são variáveis.
O custo marginal corresponde ao aumento do Custo
Total para se produzir uma unidade adicional do bem.
Representa a variação do custo total a partir da variação
da quantidade, é uma análise marginal.
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
AFT - MTE
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
Prof. Nícia Araujo
A receita marginal representa o faturamento obtido
adicionalmente à venda de uma unidade a mais de
produto.
Dentro da análise de produção é importante destacar
ainda alguns conceitos:
PRODUTO TOTAL (PT): corresponde à quantidade total
produzida em determinado período de tempo.
PT = Q
MDO
(número
de
trabalhadores)
0
1
2
3
4
5
Produto Total
(Produção)
Q
(unidades por
semana)
0
100
180
240
280
300
Produto
Marginal
Trabalho
PMgMDO
∆Q/∆MDO
do
=
100
80
60
40
20
MDO
PT
10
10
10
10
10
10
0
1
2
3
4
5
0
3
8
12
15
17
PMeMDO
PT/MDO
3
4
4
3,75
3,4
=
Ex.: Produtividade média da mão-de-obra: PMeMDO =
PT/MDO (produto por trabalhador)
PRODUTIVIDADE MARGINAL: Variação do produto,
dada uma variação de uma unidade na quantidade do
fator de produção, em determinado período de tempo.
Produtividade Marginal da Mão-de-obra: PMgMDO:
∆PT/∆MDO = ∆Q/∆MDO
PRODUTIVIDADE MÉDIA: relação entre o nível do
produto e a quantidade utilizada do fator de produção em
determinado período.
Ex.:
Mão-de-obra
K
Valor do Produto
Marginal
do
Trabalho
VPMgMDO = P x
PMgMDO
$1000
800
600
400
200
Salário
Lucro
Marginal
W
∆Lucro
=
VPMgMDO - W
$500
500
500
500
500
$500
300
100
-100
-300
•
•
•
Para tomarem uma decisão, os empresários racionais
pensam “na margem”, ou seja, analisam o produto
marginal do trabalho (o aumento da quantidade produzida
originado por uma unidade adicional de mão-de-obra). O
produto marginal é decrescente (lei dos rendimentos
marginais decrescentes), à medida que o número de
trabalhadores aumenta, o que conseguem agregar à
produção é menor do que o primeiro funcionário
agregava. À medida que mais e mais trabalhadores são
contratados, cada trabalhador adicional contribui menos
para a produção. No nosso exemplo, quando era apenas
1 trabalhador o número de unidades produzidas era 100,
ao inserir mais um indivíduo o produto marginal desse
acréscimo é de apenas 80 unidades. Dessa maneira,
podemos concluir que quando a PmgL = 0, a produção
será máxima.
Informações importantes:
Atualizada 23/02/2010
A produção total cresce enquanto o PmgL é positivo
A produção total decresce enquanto PmgL é negativo
PMgL atinge seu máximo no ponto em que a
produção total muda a direção da concavidade da
curva
•
Enquanto PMgL > PMeL, PMeL será crescente
•
Quando PMgL = PMeL, PMeL será máximo
•
Enquanto PMgL < PMeL, PMeL será decrescente
•
A receita marginal da mão-de-obra (RmgL)
corresponde ao acréscimo na receita total decorrente
da contratação de um trabalhador adicional.
•
RmgL = PRmgL = Rmg . PmgL
•
O custo marginal da mão-de-obra (CMgL)
representa o acréscimo no custo total decorrente da
contratação de um trabalhador adicional, que será
igual ao valor do salário pago a esse empregado.
CmgL = W
O lucro é a maior preocupação da empresa, sendo assim,
a decisão do número de trabalhadores a serem
contratados passa pela análise de quanto de lucro cada
um proporcionará para a firma. Lucro corresponde à
receita menos o custo e o lucro de cada trabalhador
adicional é sua contribuição à receita menos seu salário.
A contribuição do trabalhador à receita é medida através
da conversão do produto marginal (em unidades) no valor
do produto marginal (em moeda).
O valor do produto marginal é o produto marginal do
insumo multiplicado pelo preço de mercado do produto.
Esse resultado no nosso exemplo pode ser visualizado na
quarta coluna da tabela acima. Sendo o preço constante
(para as empresas competitivas), o valor do produto
marginal diminui à medida que o número de trabalhadores
aumenta, em virtude do produto marginal.
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
13
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
No gráfico abaixo é possível visualizar o comportamento
das empresas e o momento da sua decisão. A curva do
valor do produto marginal tem inclinação negativa porque
o produto marginal do trabalho diminui à medida que o
número de trabalhadores aumenta. Há uma linha
horizontal no gráfico que representa o salário de mercado.
Para maximizar o lucro, a empresa contrata trabalhadores
até o ponto em que as duas curvas se cruzam. Abaixo
desse nível de emprego, o valor do produto marginal
supera o salário, de modo que contratar mais um
trabalhador aumentam o lucro. Acima desse nível, o valor
do produto marginal é menor do que o salário, de modo
que o trabalhador adicional não é lucrativo. Assim, uma
empresa competitiva e maximizadora de lucro
contrata trabalhadores até o ponto em que o valor do
produto marginal do trabalho seja igual ao salário, e a
curva de valor do produto marginal é a própria curva
de demanda de mão-de-obra da empresa.
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
irá repassar para os preços. Os preços mais altos implica
em menor procura pelo produto (lei da demanda já vista
anteriormente). Menor demanda pelos produtos obrigará
as empresas a produzirem menos bens, e para isso,
menos trabalhadores serão demandados, ou seja, menor
nível de emprego. Essa redução no nível de emprego
provocada pela redução da produção é chamada de
efeito escala (efeito de produção). O efeito pode ocorrer
também no sentido inverso, ou seja, aumento da
produção gerando aumento de salário.
É importante lembrar que o efeito escala não é o aumento
ou redução de salário, e sim a alteração na produção
gerando mudanças no nível de emprego.
O aumento dos salários também tem influência sobre o
uso do capital, outro fator de produção usado pelas
empresas. Os salários mais altos vão incentivar as
empresas a usarem mais tecnologia e dependerem
menos de mão-de-obra. Isso ocorre porque as firmas
dependem de insumos para produzir, se um deles fica
mais caro ela vai tentar usar mais do outro que é
relativamente mais barato.
Então se houver um aumento de salários o nível de
empregos cairá porque as empresas tendem a substituir
a mão-de-obra por capital. Esse é o chamado efeito
substituição. Da mesma maneira o inverso também
ocorrerá. Salários menores tendem a aumentar o nível
de emprego e reduzir o uso de capital no processo
produtivo.
DESLOCAMENTOS DA CURVA DE DEMANDA
A curva de demanda por mão-de-obra apresenta
comportamento e variantes similares à curva de demanda
de bens, e como ela, terá alguns fatores que determinam
variações na/da curva de demanda.
A demanda pelo próprio bem é o primeiro e mais intuitivo
desses fatores. Naturalmente, se a empresa observar
uma maior procura pelos seus bens irá aumentar sua
produção, demandando assim mais trabalhadores.
A análise de demanda mostra que os salários são iguais à
produtividade, medida pelo valor do produto marginal do
trabalho. Assim, trabalhadores mais produtivos são mais
bem pagos e trabalhadores menos produtivos recebem
salários menores.
A maximização do lucro da empresa
competitiva
se dá quando a RMgL se iguala ao
CMgL.
Preço do produto
Quando o preço do produto muda, o valor do produto
marginal (P x PMg) também muda, e a curva de demanda
de mão-de-obra se desloca. Um aumento no preço do
bem aumenta o valor do produto marginal de cada
trabalhador, aumentando também a demanda de mão-deobra por parte das empresas. Inversamente, uma queda
no preço diminui o valor do produto marginal e a demanda
por trabalhadores.
Se RmgL > CmgL , haverá estímulos a contratar ou
aumentar a quantidade de trabalhadores.
Se RmgL < CmgL , haverá estímulos para demitir ou
reduzir a quantidade de mão-de-obra.
Lembrando que RmgL = PRmgL = VPmgL = PmgL .
Rmg,
e RMg = P
RmgL = PRmgL = VPmgL = P . PmgL
Sendo CMgL = W
Então
P . PMgL = W
W representa o salário nominal do trabalhador, ou seja, o
que ele recebe por hora trabalhada em moeda corrente. O
salário real (W/P) é a remuneração medida em moeda
constante, ou seja, representa o poder de compra do
indivíduo.
Uma relação importante a ser considerada é a que ocorre
entre custos e salários. Um aumento dos salários
representa um aumento de custos para as empresas, que
Mudanças tecnológicas
O avanço da tecnologia aumenta o produto marginal do
trabalho, que aumenta a demanda de mão-de-obra. Esse
avanço tecnológico explica o crescimento persistente do
número de empregos frente aos salários crescentes nos
Estados Unidos, por exemplo.
O preço da tecnologia também influencia a demanda por
mão-de-obra em virtude dos efeitos escala e substituição.
Uma redução no preço do capital gera uma redução de
custos da empresa, que irá repassar ao preço dos seus
produtos. Preços menores implicam em maior demanda,
que leva a uma maior produção. Para aumentar a
produção, as empresas demandarão mais trabalhadores,
aumentando o nível de emprego. O deslocamento será de
toda a curva de demanda, e não ao longo dela.
Se observarmos bem, veremos que a redução no preço
do capital gera dois efeitos sobre a demanda por mão-deobra: o efeito escala e o efeito substituição. O efeito
escala leva a uma maior demanda por mão-de-obra,
14
Atualizada 23/02/2010
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
enquanto o efeito substituição leva a uma redução nessa
procura. Qual prevalecerá? Não é possível responder
essa pergunta apenas baseando-se na teoria econômica.
É preciso conhecer o impacto efetivo de cada um deles
para em seguida concluir qual terá o efeito que irá se
sobrepor.
P
P
A oferta de outros fatores
A quantidade disponível de um fator de produção pode
afetar o produto marginal de outros fatores. Uma
diminuição na oferta de ferramentas, por exemplo,
reduzirá o produto marginal dos funcionários da fábrica de
geladeiras, e com isso, a demanda por eles.
ELASTICIDADES
Medida de sensibilidade de uma variável em relação à
outra. Trata-se de um número que informa a variação
percentual que ocorrerá em uma variável como reação a
uma variação de 1% em outra variável.
ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA (Ep)
As mudanças nos preços dos bens provocam mudanças
nas quantidades procuradas. Vamos analisar o grau em
que a quantidade demandada responde a uma variação
nos preços. Devemos medir a sensibilidade da Demanda
a mudanças nos Preços através da elasticidade preço da
Demanda (Ep). Nesse caso, relaciona-se a variação
percentual da quantidade com a variação percentual do
Preço.
Ep = Variação percentual da Quantidade procurada do
bem x para cada unidade de variação percentual no preço
do bem x.
Matematicamente:
A elasticidade varia entre zero e infinito.
i) Demanda inelástica » |Ep| < 1
A variação percentual da quantidade procurada é menor
que a variação percentual dos preços. Isso tende a
ocorrer quando não há substitutos próximos.
ii) Demanda de elasticidade unitária » |Ep| = 1
Há igualdade entre as variações percentuais de preço e
quantidade.
iii) Demanda elástica » |Ep| > 1
A variação percentual da Quantidade procurada é maior
que a variação percentual dos preços. Tende a ocorrer
quando há substitutos próximos.
Há alguns casos particulares extremos:
Ep = 0 » Demanda perfeitamente inelástica. Qualquer
variação no preço não provocará variação na quantidade
procurada.
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
D
D
QQ
Ep → ∞ » Demanda completamente elástica. A
quantidade procurada pode variar sem que haja
modificação no preço.
P
P
DD
Q Q
Fatores que influenciam a elasticidade preço da
demanda:
a) A existência de bens substitutos. É de se esperar que
quanto mais substitutos tiver o bem, maior deverá ser sua
elasticidade, pois o consumidor poderá deixar de comprar
o produto cujo preço aumentou e buscar outro que lhe
seja concorrente.
b) O peso do bem no orçamento. Se o bem for pouco
substituível, quanto menor seu peso no orçamento, menor
será sua elasticidade. Ex.: sal de cozinha
c) Essencialidade do bem. Quanto mais essencial for o
bem, menor deverá ser sua elasticidade preço.
d) O tempo. No longo prazo a elasticidade da demanda
tende a ser maior do que no curto prazo.
Quando temos uma curva de demanda linear, que toca os
eixos y e x no gráfico, no ponto que ela toca o eixo y
temos a máxima elasticidade possível (EPD=∞), enquanto
no ponto em que toca o eixo x temos a menor elasticidade
possível (EPD=0). No ponto médio da curva, temos
elasticidade unitária (EPD=1). Estas relações são válidas
para qualquer demanda linear.
ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA DO BEM X (Er)
Er = variação percentual da quantidade procurada de um
bem x, para cada unidade de variação percentual da
renda do consumidor.
Semelhante à análise anterior, procura-se medir o que
ocorrerá quando houver uma variação na renda do
consumidor. Normalmente quando se tem um aumento na
renda espera-se que haja um aumento na quantidade
procurada de qualquer bem. Assim a Er será maior que
zero. Entretanto, quando os bens são inferiores a
Atualizada 23/02/2010
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
15
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
elasticidade renda será negativa, indicando a relação
inversa entre a renda do consumidor e a procura do bem.
ELASTICIDADE SALÁRIO DA DEMANDA (Ew)
A elasticidade salário da demanda mede o impacto no
nível de emprego (E) a partir de uma variação nos
salários (W).
Matematicamente:
Ew = Var%E = ∆E/E =
E2 –E1/E = W . ∆E
Var%w
∆w/w
W2 – W1/W
E ∆W
A análise dos valores segue as mesmas ponderações
feitas para a elasticidade preço da demanda:
i) Demanda inelástica » |Ew| < 1
A variação percentual no nível de empregos é menor que
a variação percentual dos salários.
ii) Demanda de elasticidade unitária » |Ew| = 1
Há igualdade entre as variações percentuais de salário e
emprego.
iii) Demanda elástica » |Ew| > 1
A variação percentual da quantidade demandada de
emprego é maior que a variação percentual dos salários.
De acordo com as leis de Hicks-Marshall da demanda
derivada, a elasticidade da demanda do próprio salário
para uma categoria de mão-de-obra é elevada sob as
seguintes condições (coeteris paribus):
•
Quando a elasticidade preço da demanda do produto
que é produzido por esta categoria de mão-de-obra é
elevada;
•
Quando outros fatores de produção podem substituir
facilmente a categoria da mão-de-obra;
•
Quando a oferta de outros fatores de produção é
altamente elástica (isto é, o emprego de outros
fatores de produção pode ser aumentado sem
aumentar substancialmente seus preços); e
•
Quando o custo de empregar a categoria de mão-deobra constitui uma grande parcela dos custos totais
de produção.
As quatro leis da demanda derivada são:
1. Demanda para o produto final
2. Possibilidade de substituição de outros fatores
3. Oferta de outros fatores
4. A participação da mão-de-obra nos custos totais
ELASTICIDADE SALÁRIO DA DEMANDA CRUZADA
Quando há diferentes especialidades de mão-de-obra
capazes de serem afetadas por variações de salários
umas das outras, podemos calcular esse impacto, que é
representado pela elasticidade salário da demanda
cruzada.
A elasticidade da demanda pelo insumo x com relação ao
preço do insumo y é a mudança percentual na demanda
pelo insumo x induzida por uma mudança percentual no
preço do insumo y. Se esses dois insumos são categorias
ou especialidades de mão-de-obra, temos então a
elasticidade salário da demanda cruzada.
Matematicamente:
Essa análise é válida para saber se os insumos são
complementos ou substitutos brutos. Ter a informação de
que são substitutos na produção não é suficiente para
fazermos outras conclusões, é preciso antes ver o
16
Atualizada 23/02/2010
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
impacto dos efeitos escala e substituição. Pode-se
resumir da seguinte maneira:
Se Ewc > 0, o emprego de um insumo aumenta quando
aumenta o preço de outro insumo, e vice-versa. Neste
caso, os dois insumos são substitutos brutos e o efeito
substituição sobrepõe o efeito escala.
Se Ewc < 0, o emprego de um insumo diminui quando
aumenta o preço de outro insumo, e vice-versa. Neste
caso, os dois insumos são complementos brutos e o
efeito escala sobrepõe o efeito substituição.
CUSTOS NÃO SALARIAIS
Os custos que o empresário tem com a mão-de-obra não
se resumem aos custos salariais (w), há outros
igualmente importantes que precisam ser mensurados e
analisados, e correspondem ao que chamamos em custos
não salariais.
Benefícios do empregado
Há benefícios aos empregados que não se enquadram na
ótica salarial, e vão além dos custos de contratação e
treinamento. Estes benefícios incluem as contribuições
requeridas legalmente para o seguro social e benefícios
fornecidos não oficiais (pagamentos de feriados, licenças
médicas, pausas ao longo do tempo de trabalho,
refeições do empregado, creche, etc).
Custos de contratação e treinamento
O treinamento e a contratação de novos funcionários
pelas empresas representam custos significativos, que
muitas vezes podem passar despercebidos numa análise
superficial do mercado de trabalho. Os custos de
contratação incluem os custos envolvidos com o anúncio
das vagas (disponibilização em jornais, internet, etc),
seleção dos melhores candidatos, e o processamento dos
candidatos bem avaliados que receberam a oferta de
emprego. Não se pode esquecer que existem custos para
manter os funcionários na folha de pagamentos (pois já
foram contratados), além de despesas de computação e
emissão de cheques para pagamentos, envio de
formulários ao governo, etc.
Ao serem contratados, os empregados passarão por um
treinamento dentro da firma, e serão parte de programas
de orientação. Até terem pleno conhecimento do
funcionamento normal da empresa a produtividade destes
funcionários será menor, e irá se elevar com o passar do
tempo. Os custos incorridos com o treinamento podem
ser classificados em:
•
Os custos monetários explícitos de empregar
indivíduos para servir como instrutores e os custos
dos materiais empregados durante o processo de
treinamento;
•
Os custos implícitos ou de oportunidade de
emprego do equipamento de capital e de
funcionários experientes para efetuar o treinamento
em situações menos formais
•
Os custos de oportunidade do tempo do indivíduo
sob treinamento
As empresas que escolhem pagar baixos salários podem
atrair um grande número de candidatos inexperientes e
devem estar preparadas para assumirem períodos
maiores de treinamento, além de suportarem maiores
riscos de perder estes funcionários que treinaram para
empregadores que oferecerem salários mais altos no
futuro.
Os custos de se contratar e treinar um funcionário, assim
como os custos relativos aos benefícios, não são
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
proporcionais ao número de horas trabalhadas, e sim ao
número de empregados da empresa. Por isso, em muitos
casos sai mais barato para a empresa pagar horas extras
aos funcionários que elas já possuem do que contratar e
treinar novos.
A OFERTA DE MÃO-DE-OBRA
Um dos tradeoffs mais importantes para os indivíduos é
aquele entre trabalho e lazer. Quanto mais horas você
passar trabalhando, menos horas terá para jantar com
amigos, sair com a família, praticar seu hobby preferido.
Esse tradeoff está por detrás da curva de oferta de mãode-obra. Essa relação de custo benefício move as
decisões das pessoas, pois se deve considerar o quanto
custa ter uma hora de lazer a mais, ou seja, do que o
indivíduo deve abrir mão para obter uma hora a mais de
lazer? Para ter mais lazer é preciso menos horas de
trabalho, o que por sua vez implica em menos salários. O
custo de oportunidade de uma hora de lazer corresponde
ao valor de uma hora de salário. Esse é o primeiro fator
que determina a demanda por lazer.
A relação entre lazer e oferta de trabalho pode ser
sintetizada da seguinte maneira: À medida que a renda
aumenta, mantidos os salários constantes, aumentará a
demanda por lazer, e consequentemente, diminuirá a
oferta de trabalho. Essa relação é chamada efeito renda
(que será negativo).
Tendo salários (w) constantes
Se houver variação nos salários, mas a renda se mantiver
constante, o impacto será diferente. Se a renda for
mantida constante, um aumento no salário provocará um
aumento na oferta de trabalho, e consequente redução na
demanda por lazer. Isso é o que chamamos de efeito
substituição (que será positivo).
Tendo renda constante
Os dois efeitos, em geral, ocorrem simultaneamente.
Entretanto, há situações em que é possível acontecer o
efeito renda puro (ganhar na loteria, por exemplo) ou o
efeito substituição puro (por exemplo quando há aumento
de impostos indiretos, mas o governo reduz a alíquota do
imposto de renda para não reduzir o poder aquisitivo da
população).
Quando ocorrerem os dois efeitos ao mesmo tempo, é
preciso saber qual prevalecerá. Se o efeito renda for
dominante, o indivíduo responderá a um aumento salarial
reduzindo sua oferta de trabalho. Se o efeito substituição
for dominante, a pessoa responderá a um aumento
salarial aumentando sua oferta de trabalho.
Há ainda outros fatores que influenciam a demanda por
lazer tais como a disponibilidade financeira, conjunto de
preferências, dentre outros.
A oferta de mão-de-obra reflete a maneira como as
decisões dos trabalhadores sobre o tradeoff trabalho-lazer
respondem a uma mudança daquele custo de
oportunidade. Uma curva de oferta de mão-de-obra com
inclinação ascendente significa que um aumento do
salário induz os trabalhadores a aumentar a quantidade
de trabalho que ofertam. Como o tempo é limitado, mais
horas de trabalho significam que eles estão tendo menos
tempo para o lazer. Ou seja, os trabalhadores reagem ao
Atualizada 23/02/2010
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
aumento no custo de oportunidade do lazer desfrutando
menos dele.
A depender do efeito renda ou substituição que
prevalecer, a curva de oferta terá uma configuração. O
gráfico abaixo mostra a curva reversa, que representa os
distintos momentos em que cada um dos efeitos
prevalecem.
Antes de nos aprofundarmos no estudo da oferta e seus
determinantes é preciso compreendê-la um pouco melhor,
compreender o que move o indivíduo a ofertar mais ou
menos quantidade de mão-de-obra. O empresário deseja
maximizar seus lucros, analogamente o trabalhador
deseja maximizar sua utilidade (satisfação). O tempo do
trabalhador será dividido entre lazer e trabalho de forma a
atingir o máximo de satisfação possível. Esse nível de
utilidade varia conforme o indivíduo, cada trabalhador
possui um conjunto de preferências, com pesos distintos
entre elas.
A utilidade representa o nível de satisfação que uma
pessoa obtém ao consumir um bem ou ao exercer uma
atividade. A utilidade (U) do trabalhador pode ser dividida
entre o que ele gastará com consumo e com lazer,
expressa como uma função:
U = f (C, L), sendo C o consumo e L o lazer.
Essa função pode ser uma função do tipo Cobb-Douglas
(U = Cα.Lβ), como vimos para a produção, como também
funções simples, do tipo U = 3C + 2L ou U = C/L.
O conceito de utilidade é originário da teoria do
consumidor. Nasce a partir do que chamamos de curvas
de indiferença. Uma curva de indiferença representa
todas as combinações de cestas de mercado que
fornecem o mesmo nível de satisfação a uma pessoa, que
é, portanto, indiferente em relação às cestas de mercado
representadas pelos pontos ao longo da curva. Veja os
gráficos que se segue.
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
17
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
consumidor fosse indiferente entre as duas cestas de
mercado. Se sobre uma outra curva de indiferença U’
estivessem tanto A como D, deveria ser indiferente às
duas cestas de mercado. Conseqüentemente, o
consumidor deveria ser indiferente em relação a B e D.
Isso, entretanto, não pode ser verdadeiro, pois a cesta de
mercado B deve ser preferível em relação á cesta D, já
que a cesta B possui um número maior de unidades, tanto
de alimento quanto de vestuário, do que a cesta D.
Ao longo de uma curva de indiferença um
consumidor apresenta as cestas de mercado que
fornecem o mesmo nível de satisfação, o que pode ser
visto na figura acima entre as cestas A, B, C, D e E.
As premissas básicas do consumidor ajudam a
compreender o comportamento das curvas de indiferença:
As preferências são completas. Dois consumidores
poderiam comparar e ordenar todas as cestas de
mercado. Essas preferências não levam em conta os
preços dos produtos, pois eu posso preferir uma coisa a
outra e comprar a segunda por ser mais barata.
As preferências são transitivas. Isso significa que se um
consumidor prefere a cesta de mercado A em vez da
cesta B e prefere B em vez de C, então ele também
prefere A em vez de C. Essa premissa assegura que as
preferências do consumidor sejam racionais.
Todas as mercadorias são boas, ou seja, desejáveis, de
maneira que não se levando em consideração os preços,
os consumidores sempre preferem quantidades maiores
de uma mercadoria. As mercadorias indesejáveis, nós
tiramos da análise agora para depois incluir.
As curvas de indiferença são convexas (arqueadas para
dentro). Isso significa que a inclinação da curva de
indiferença aumenta (fica menos negativa) à medida que
nos movimentamos para baixo ao longo da curva
As curvas de indiferença não podem se interceptar.
Se ocorresse uma interseção haveria uma contradição
nas premissas a respeito do comportamento do
consumidor. Imagine 2 curvas de indiferença U e U’.
Supondo que os pontos A e B estejam sobre a mesma
curva de indiferença U, seria necessário que o
18
Atualizada 23/02/2010
A suposição de que as curvas de indiferença poderiam se
interceptar contradiz a premissa de que mais é preferível
a menos. Na realidade, cada cesta de mercado
(correspondendo a um ponto do gráfico) tem uma curva
de indiferença passando através dela.
A Ordenação ordinal posiciona as cestas de mercado na
seqüência de maior preferência para de menor
preferência, não indicando, porém, em que medida uma
determinada cesta é preferível em relação à outra. Assim,
sabemos que o consumo de qualquer cesta sobre a
curva de indiferença à direita, é preferível ao consumo
de qualquer cesta de mercado sobre a curva do meio
ou à esquerda. Entretanto, a proporção pela qual A é
preferível em relação a B não é revelada pelo mapa de
indiferença. Uma organização ordinal é suficiente para
nos ajudar a explicar de que forma é tomada grande parte
das decisões individuais.
No caso do indivíduo que compõe sua utilidade de lazer e
consumo, a curva de indiferença refletirá as opções de
unidades dessas duas variáveis que permitem igual
satisfação pessoal.
Dentro da curva de indiferença, para sair de uma cesta de
bens e passar para outra, o consumidor estará disposto a
mudar a quantidade de cada um dos bens que compõe a
cesta. Isso significa que ele vai desistir de algumas
unidades de um bem, para obter mais unidades de outro
bem.
“A inclinação negativa de uma curva de indiferença de um
consumidor é a medida de sua taxa margina de
substituição (TMS) entre dois bens.”
A TMS mostrará o quanto de consumo o consumidor
estará disposto a se desfazer para ter unidades a mais de
lazer. A TMS será sempre negativa e tem seu valor
absoluto igual à inclinação da curva de indiferença
naquele ponto.
O indivíduo determina seu consumo não somente de
acordo com suas preferências, suas escolhas são
também influenciadas pelas restrições orçamentárias, as
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
quais restringem a possibilidade de opções em virtude
dos diferentes preços a serem pagos. “A linha do
orçamento indica todas as combinações de C e L para as
quais o total de dinheiro gasto seja igual à renda
disponível”. A combinação desses bens será dada por:
PL . L + PC . C= I
sendo I a renda
Como os preços não mudam, a quantidade de vestuário
que pode ser trocada por alimentação deve ser a mesma
em qualquer ponto ao longo da linha do orçamento, de
maneira que esta linha será uma reta entre os pontos A e
E.
Se considerarmos hipoteticamente dois bens vestuário e
alimento, dada uma renda de 80, a linha pode ser
expressa por:
A + 2V = 80
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
alimento por vestuário é maior do que a inclinação da
linha do orçamento.
Isso sugere, por exemplo, que se o consumidor possuísse
mais vestuário do qual pudesse desistir para poder obter
uma quantidade maior de produtos alimentícios, ele ficaria
feliz em poder fazê-lo. Mas nesse ponto, o consumidor já
está consumindo tudo em alimento, nada em vestuário,
de forma que seria impossível vê-lo adquirir quantidades
negativas deste último.
Em soluções de canto, a TMS do consumidor não se
iguala à razão entre os preços TMS≥PA/PV.
Sabemos que a linha do orçamento depende da renda e
dos preços das mercadorias. E ambos sofrem constantes
modificações. Vamos ver então como essas modificações
influenciam na linha do orçamento.
MODIFICAÇAO DA RENDA
A partir da equação da linha da reta, podemos perceber
que uma modificação na renda altera o ponto de
interseção da reta com o eixo vertical, mas não muda sua
inclinação, já que o preço das mercadorias não foi
alterado. Se a renda for elevada, a linha do orçamento
desloca-se para a direita, mas será paralela à linha
anterior. Se a renda dobra, por exemplo, um consumidor
pode duplicar as quantidades adquiridas tanto de
alimentação como de vestuário, ou consumo e lazer. Se a
renda for reduzida à metade, a linha do orçamento
desloca-se para a esquerda e a metade de mercadorias
pode ser adquirida.
O ponto de interseção com o eixo vertical é representado
pela cesta de mercado A. À medida que vai se movendo
ao longo da linha até a cesta E, um consumidor gasta
menos com vestuário e mais com alimentação. Na figura
a inclinação da linha ∆V/∆A = -1/2 mede o custo relativo
de alimento e vestuário, ou seja, meia unidade de
vestuário deve ser abandonada para a obtenção de 1
unidade de alimento. Dividindo toda a equação do início
por PV, e resolvendo-a para determinar V, encontraremos
a quantidade de V que deverá ser abandonada para que
se possa consumir mais de A:
Esta equação é uma linha reta, o intercepto no eixo
vertical ocorre em I/PV e sua inclinação é – (PA/PV). A
magnitude dessa inclinação nos informa sobre a
proporção segundo a qual as duas mercadorias podem
ser trocadas sem a ocorrência de alteração na quantidade
de dinheiro total gasto.
Pode ocorrer, como neste exemplo, de os consumidores
não escolherem uma cesta com quantidades positivas de
todas as mercadorias, ou seja, podem não consumirem
determinados produtos e/ou serviços. Ao observarmos as
curvas de indiferença podemos identificar em que
condições os consumidores optam por não consumir uma
determinada mercadoria. Quando um indivíduo prefere
consumir apenas uma mercadoria e seria capaz de se
desfazer de todas as unidades possíveis da outra para
obter a primeira, chamamos solução de canto, porque
quando uma das mercadorias não é consumida, a cesta
adquirida é indicada no canto do gráfico no ponto de
chegada da linha do orçamento. Nesse ponto, o ponto de
máxima satisfação, a taxa marginal de substituição de
Atualizada 23/02/2010
MODIFICAÇOES NOS PREÇOS
Quando há alteração nos preços o que vai mudar é a
inclinação da reta. Se o preço do alimento for alterado e
do vestuário não, o ponto de interseção com o eixo
vertical não será alterado. Por exemplo, supondo que o
preço do alimento caia para $0,50, a inclinação será
agora – ¼. Essa nova linha do orçamento será obtida
através de uma rotação para a direita da primeira linha do
orçamento.
Se ao contrário, o preço do alimento duplica, passando de
$1 para $2, a linha do orçamento se desloca para a
esquerda, e mais uma vez, não muda o ponto de
interseção com o eixo vertical. Nesse caso há redução do
poder aquisitivo das pessoas.
Se os preços das duas mercadorias se alterassem, de
maneira que a razão entre os dois preços permanecesse
a mesma, então a inclinação da curva não se alteraria,
haveria apenas modificação nos pontos de interseção
com os eixos. O deslocamento da curva seria paralelo ao
anterior.
Isso permite conclusões acerca do poder aquisitivo do
consumidor. Este é determinado não apenas por sua
renda, mas também pelos preços. Se todos os preços das
mercadorias que um indivíduo consome caíssem pela
metade, seu poder aquisitivo dobraria, assim como se sua
renda duplicasse. Se todos os preços sofressem
alteração proporcional à renda, a linha do orçamento não
sofreria alteração, já que a inclinação da curva não
mudaria, assim como o ponto de interseção.
Tendo esse conhecimento podemos agora definir as
escolhas do consumidor. Supomos primeiro que o
consumidor fará a escolha de maneira racional, ou seja,
ele decide as quantidades de cada bem visando
maximizar o grau de satisfação que poderá obter,
considerando os orçamentos limitados de que dispõe.
Para que sua cesta seja maximizadora, há duas
condições:
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
19
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
I) Ela deverá estar sobre a linha do orçamento. Qualquer
cesta à direita não poderá ser adquirida com a renda
disponível, ou à esquerda estará deixando de usar
determinada renda disponível, podendo aumentar o grau
de satisfação. A escolha do consumidor vai depender da
escolha de um ponto de maior satisfação na linha do
orçamento.
II) A cesta de mercado maximizadora da satisfação
deverá dar ao consumidor sua combinação preferida de
bens e serviços.
Essas condições podem ser visualizadas no gráfico
abaixo.
Nesse gráfico há 4 curvas de indiferença que descrevem
as preferências do consumidor em termos de dois bens.
Quanto mais à direita, maior o grau de satisfação. No
ponto E, a linha do orçamento e a curva de indiferença U2
são tangentes, e nenhum nível mais elevado de
satisfação pode ser obtida. Neste ponto E, a TMS entre
os dois bens é igual à razão entre os preços. Em B, a
TMS é maior que a relação entre os preços, então a
satisfação não é maximizada. A cesta maximizadora
estará situada sobre a curva de indiferença mais elevada
com a qual a linha do orçamento tenha contato. Isso
significa o ponto que:
ou
O conceito de utilidade marginal complementa a análise
de decisão do indivíduo. A utilidade marginal (UMg)
mede a satisfação adicional obtida mediante o consumo
de uma quantidade adicional de um bem. O Princípio da
UMg decrescente descreve que à medida que se
consome mais de uma determinada mercadoria, cada
unidade a mais que for consumida propiciará adições
cada vez menores de utilidade.
Utilidade Marginal do Lazer (UmgL): Corresponde ao
aumento da utilidade total do individuo em virtude do
aumento de uma unidade a mais de lazer.
As utilidades marginais também seguem as mesmas
propriedades que as produtividades marginais, a
quantidade de consumo que maximiza a utilidade é
calculada igualando-se a utilidade marginal do consumo a
zero, analogamente ao que era feito na teoria da
20
Atualizada 23/02/2010
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
produção já vista. O mesmo cálculo pode ser feito com a
utilidade marginal do lazer.
As diferentes combinações de bens ou serviços que
maximizam a utilidade para o indivíduo podem ser
colocadas num gráfico. A curva resultante corresponde à
utilidade. No gráfico abaixo temos um exemplo
considerando os bens vestuário e alimentação.
Como todos os pontos de uma curva de indiferença
fornecem o mesmo nível de utilidade, o ganho total de
utilidade associado ao aumento de A deverá equilibrar a
perda resultante do consumo menor de V. Formalmente:
UMgA (∆A) + UMgV (∆V) = 0
Reescrevendo:- (∆V)/ (∆A) = UMgA/UMgV
Analogamente, o consumidor que considera lazer e
consumo como as variáveis que geram satisfação, então
a TMS será:
Esta equação nos informa que a TMS é igual à razão
entre a Umg de L e a UMg de C , ou seja, à medida que o
consumidor desistir de quantidades maiores de C para
poder obter quantidades adicionais de L, a utilidade
marginal de C cairá e a UMg de L aumentará. Se TMS
igual à razão entre os preços, então:
isso significa que a maximização da utilidade é obtida
quando o orçamento é alocado de tal forma que a
utilidade marginal por moeda gasta é igual para ambas as
mercadorias.
Os indivíduos irão escolher as horas de lazer a serem
demandadas de tal modo que a razão das utilidades
marginais do lazer e consumo seja igual à razão do valor
do salário e do preço do bem a ser consumido.
A partir desses conceitos podemos definir melhor as
características da curva de oferta, seus determinantes e
seus movimentos.
Num mercado competitivo, a oferta de mão-de-obra se
apresente como uma curva horizontal: a um dado salário
W, a firma não tem como influenciar sozinha essa oferta,
nem mesmo os empregados.
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
DESLOCAMENTOS DA CURVA DE OFERTA
Da mesma maneira que a curva de demanda por mão-deobra, a curva de oferta também sofre impacto em virtude
de algumas variáveis.
A mudança no salário (preço da mão-de-obra) ocasionará
deslocamento ao longo da própria curva, salários
maiores, maior oferta, salários menores levam a menor
oferta de trabalhadores.
Mudanças das preferências
A participação das mulheres no mercado de trabalho
aumentou nas últimas décadas, e há, como sabemos,
várias explicações para isso. Uma delas é a mudança das
preferências ou atitudes em relação ao trabalho. Antes
era regra as mulheres ficarem em casa cuidando dos
filhos, hoje, as famílias são menores e mais mães optam
por trabalhar. O resultado é um aumento da oferta de
mão-de-obra.
Mudança das oportunidades alternativas
Para os trabalhadores a análise do quão viável é trabalhar
em um determinado setor não é apenas absoluta. É
necessário se fazer uma comparação com outras
ocupações e os seus respectivos salários. Se num
determinado setor A o salário aumenta significativamente,
os trabalhadores do setor B podem optar por deixarem
seu setor e se deslocarem para o setor A, aumentando a
oferta de mão-de-obra neste setor, e consequente
redução no outro.
Imigração
A movimentação entre pessoas no mundo inteiro é uma
fonte frequentemente importante dos deslocamentos da
oferta de mão-de-obra. Quando brasileiros deslocam-se
para os Estados Unidos em busca de emprego, por
exemplo, a oferta de mão-de-obra neste país aumenta
enquanto que no Brasil diminui. Grande parte da
discussão política a respeito da imigração recai nos
efeitos que ela provoca no mercado de trabalho.
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
Representa a variação percentual da quantidade ofertada
do bem x para cada unidade de variação percentual no
preço do bem x.
Eo > 1 » oferta elástica
Eo = 1 » elasticidade unitária
Eo < 1 » oferta inelástica.
Os resultados serão positivos porque as variações de
preço e quantidade são no mesmo sentido. Quando há
elevação do preço há também aumento da quantidade
oferecida (lembre-se da relação direta que permeia Preço
e Quantidade ofertada do bem).
CASOS PARTICULARES
Eo = 0 » Oferta completamente inelástica: A qualquer
preço a quantidade ofertada será a mesma
P
P
D
D
QQ
Ep →∞ » Oferta perfeitamente elástica: Mesmo sem
haver alteração no preço a oferta irá variar.
P
P
DD
Quando as alterações na demanda e na oferta por
mão-de-obra forem ocasiadas por mudanças salariais,
os deslocamentos ocorrerão ao longo das curvas.
Quando as mudanças originarem-se em outras
variáveis, haverá o deslocamento das curvas.
Q Q
ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA DO BEM X (Eo)
Atualizada 23/02/2010
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
21
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
ELASTICIDADE SALÁRIO DA OFERTA
Corresponde à variação percentual na oferta de emprego
em virtude de variações nos salários.
Matematicamente:
Segue as mesmas propriedades das elasticidades vistas
anteriormente:
Eo > 1 » oferta elástica
Eo = 1 » elasticidade unitária
Eo < 1 » oferta inelástica
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
Efeito renda = efeito renda-ordinário + efeito rendadotação
EQUILÍBRIO NO MERCADO DE TRABALHO
Ao colocarmos no mesmo gráfico as curvas de oferta e
demanda por mão-de-obra, temos o equilíbrio no mercado
de trabalho.
A elasticidade salário da oferta normalmente será positiva
em virtude da curva de oferta ser, na maioria das vezes,
positiva. Entretanto, quando o efeito renda supera o efeito
substituição a curva de oferta de trabalho é
negativamente inclinada e, conseqüentemente, a
elasticidade da oferta será negativa (pois ∆E e ∆W
caminharão em sentidos opostos). Podemos concluir que:
Se a elasticidade da oferta é positiva, a curva de oferta de
trabalho será positivamente inclinada e o efeito
substituição superará o efeito renda;
Se a elasticidade da oferta é negativa, a curva de oferta
de trabalho será negativamente inclinada e o efeito renda
superará o efeito substituição.
Conceitos importantes sobre oferta:
SALÁRIO DE RESERVA
Corresponde ao salário que torna o indivíduo indiferente
não ofertar nenhuma hora de trabalho ou ofertar algumas
horas de trabalho. Também pode ser considerado como o
salário mínimo para que um indivíduo oferte seu trabalho.
Isso nos permite três definições:
1)
abaixo do salário de reserva: caso o salário
oferecido seja menor que o salário de reserva,
serão ofertadas ZERO horas de trabalho;
2)
ao nível do salário de reserva: caso o salário
oferecido seja exatamente igual ao salário de
reserva, a pessoa será indiferente entre ofertar
ZERO horas de trabalho ou ofertar horas positivas
de trabalho;
3)
acima do salário de reserva: caso o salário
oferecido seja maior que o salário de reserva,
serão ofertadas horas positivas de trabalho.
RENDAS ECONÔMICAS
Pode ser entendida coma a quantia em que o salário de
mercado supera o salário de reserva em um emprego
particular, ou seja, corresponde à diferença entre os
pagamentos destinados à mão-de-obra e o mínimo valor
que teria de ser gasto para poder contratar o uso dessa
mão-de-obra.
EFEITO RENDA-ORDINÁRIO E EFEITO RENDADOTAÇÃO
O efeito renda-ordinário é o efeito renda que já vimos, e
representa a alteração na demanda proveniente de uma
alteração na renda do consumidor.
A dotação reflete os bens que o consumidor possui e que,
por sua vez, podem ser transformados em renda. Esta
dotação poderá ser utilizada para comprar outros bens.
Ou seja, em muito se assemelha à própria renda, pois a
dotação pode ser revertida para o consumo.
Basicamente, a diferença é que, quando há alterações
nos preços dos bens, teoricamente, não há alteração de
renda, mas há alteração da dotação.
22
Atualizada 23/02/2010
É importante lembrar aqui de duas considerações já
analisadas: o salário se ajusta para equilibrar a oferta e a
demanda por mão-de-obra e o salário é igual ao valor do
produto marginal do trabalho. Quando o mercado está em
equilíbrio, cada empresa comprou a quantidade de mãode-obra que julgou ser lucrativa ao salário de equilíbrio.
Ou seja, cada emprega buscou a regra de maximização
do lucro, contratou trabalhadores até que o valor do
produto marginal fosse igual ao salário. Assim, o salário
precisa ser igual ao valor do produto margina do trabalho
já que trouxe a oferta e a demanda ao equilíbrio.
Podemos concluir a partir disso que qualquer evento que
altere a oferta ou a demanda de mão-de-obra deve alterar
o salário de equilíbrio e o valor do produto marginal no
mesmo montante porque eles devem ser sempre iguais.
Para compreendermos bem essa conclusão vamos ver
alguns eventos que geram deslocamentos nessas curvas.
Deslocamentos na oferta
Imagine que a imigração aumentou o número de
trabalhadores no país, isso significa que a curva de oferta
de mão-de-obra deslocar-se-á para a direita, como pode
ser visto no gráfico. Tendo como referência o salário
inicial, nesse ponto a oferta excede a demanda, o que
pressiona para baixo o salário dos indivíduos. Essa queda
de salário faz com que seja lucrativo para as empresas
contratarem mais trabalhadores. À medida que o número
de trabalhadores aumenta, o produto marginal do
trabalhador diminui e, com ele, o valor do produto
marginal. No novo equilíbrio, tanto o salário quanto o valor
do produto marginal do trabalho são menores do que
eram antes do influxo de novos trabalhadores.
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
O monopólio representa a situação em que existe apenas
uma empresa que oferta um determinado bem, sem
substitutos próximos. Isso faz com que a empresa tenha
pleno poder sobre o preço da mercadoria.
O oligopólio é uma estrutura de mercado em que há um
pequeno número de empresas que domina o mercado.
Por se tratar de um grupo pequeno produtor de bens, o
poder de precificação é bastante elevado. A liderança é
uma variável característica desse setor.
Analogamente ao monopólio temos o monopsônio, no
lado do comprador. Consiste na estrutura de mercado em
que há apenas um comprador para um determinado
bem/serviço/fator de produção.
Deslocamentos da demanda
Considere a hipótese do preço do produto ter se elevado.
Esse aumento de preço não altera o produto marginal do
trabalho a qualquer número dado de trabalhadores, mas
eleva o valor do produto marginal. Com o preço mais alto
do bem, contratar mais funcionários agora passa a ser
lucrativo. Essa situação pode ser visualizada no gráfico
abaixo. Haverá um deslocamento da demanda por
trabalho, levando a um aumento do salário de equilíbrio
assim como do número de empregos. Mais uma vez, o
salário e o valor do produto marginal do trabalho movemse juntos.
A prosperidade das empresas de um setor está, em
muitos casos, ligada diretamente à prosperidade dos
trabalhadores desse setor. Quando o preço do produto
sobe, os vendedores desse bem obtêm maiores lucros e
os funcionários ganham salários maiores. Quando o preço
cai, os produtos auferem lucros menores e por
conseguinte os funcionários ganham salários menores.
Vimos assim que a oferta e a demanda de mão-de-obra
determinam, num mercado competitivo, o salário de
equilíbrio, e os deslocamentos da curva de oferta ou de
demanda fazem com que o salário de equilíbrio se altere.
Simultaneamente, a maximização do lucro por parte das
empresas que demandam mão-de-obra garante que o
salário de equilíbrio seja sempre igual ao valor do produto
marginal do trabalho.
Em mercados não competitivos algumas situações
configuram-se de forma diferente.
Atualizada 23/02/2010
MONOPÓLIO
No monopólio o setor é a própria firma, pois há um único
produtor que realiza toda a produção. Nesse sentido a
oferta da firma é a oferta do setor, e a demanda da firma
é a demanda do setor.
Hipóteses:
•
A firma produz um bem para o qual não há
substitutos perfeitos
•
Há concorrência entre os consumidores
•
Oferta por apenas uma unidade produtora com pleno
poder de determinação de preços
•
Existem barreiras à entrada de firmas concorrentes.
•
A curva de RMe é igual à Demanda do mercado.
•
Fatores que intervém na aparição do monopólio e
são barreiras à entrada de novas firmas:
•
Controle exclusivo de um fator produtivo por uma
empresa ou domínio das fontes mais importantes de
matéria-prima indispensáveis para a produção de um
determinado bem. Ex.: mina de diamantes,
exploração de petróleo;
•
Concessão de uma patente. A patente confere ao
inventor o direito de fabricação exclusiva de um
produto durante um período do tempo, no Brasil são
20 anos;
•
Controle estatal da oferta de determinados serviços
(correios, telégrafos);
•
Porte do mercado e a estrutura de custos de
indústrias especiais podem dar lugar a um monopólio
natural (surge quando uma empresa diminui de
maneira expressiva seu CMe por unidade de produto
à medida que aumenta a produção, podendo
satisfazer as necessidades do mercado de forma
mais eficiente que muitas empresas).
•
Tradição no mercado. Marcas já estabelecidas
dificultam a tentativa de entrada de outras empresas.
É pouco provável que um monopólio se perpetue no longo
prazo: as patentes tornam-se obsoletas; novos produtos e
mais refinados são desenvolvidos por outras firmas;
matérias-primas substitutas tornam-se disponíveis, etc. A
manutenção do monopólio é mais factível quando o
mercado é garantido por meio de leis governamentais
como, por exemplo, serviços de utilidade pública como
telefone e energia elétrica.
Normalmente o monopolista não acredita que os lucros
elevados que obtém a curto prazo possam atrair
concorrentes, ou que os preços elevados possam
afugentar os consumidores. Acredita que mesmo a longo
prazo ele permanecerá como monopolista. E para que
isso ocorra, não deve haver substitutos próximos deste
bem.
Como é apenas uma única firma:
DEMANDA TOTAL DO MERCADO = DEMANDA PARA A
EMPRESA
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
23
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
P
Demanda de mercado = Demanda da firma = RMe
RMg
Q
Se o monopolista quiser vender mais, o preço terá que
cair. Se produzir menos, o preço subirá. Ou seja, o
monopolista tem controle sobre o preço.
A expressão da demanda por trabalho em um monopólio
é:
Rmg . PmgL = W (função dos salário nominais)
ou, dividindo os dois lados por P:
(Rmg . PmgL)/P= W/P (função dos salário reais)
IMPORTANTE: No monopólio o PRmgL (Produto da
Receita marginal da mão-de-obra) se iguala ao salário
nominal (W), já na concorrência perfeita o VPmgL (Valor
do produto marginal da mão-de-obra) é que se iguala ao
sallário nominal. Perceba que o PRmgL (Rmg.PmgL) será
sempre menor que o VPmgL(P.PmgL), porque a Rmg
sempre é menor que P. dada uma quantidade de
trabalhadores, o valor marginal de uma unidade
adicional será menor para o monopolista do que para
a empresa competitiva.
Mantendo-se os outros fatores constantes, o nível de
emprego e a produção são mais baixos no monopólio do
que sob a competição. Não se pode concluir a partir daí
que os salários pagos no monopólio são necessariamente
diferentes dos pagos em concorrência perfeita, os níveis
de emprego sim.
Conclusões importantes:
•
A demanda por mão-de-obra é dada pelo Produto da
Receita marginal da mão-de-obra: PRmgL;
•
PRmgL = Rmg.PmgL;
•
Rmg < P
•
PRmgL < VPmgL (isso faz com que a curva de
demanda de um monopolista fique à esquerda da
curva de demanda da concorrência perfeita)
•
Os níveis de produção e emprego no monopólio são
menores que em mercados competitivos
24
Atualizada 23/02/2010
•
Apenas não se pode fazer conclusões a respeito de
diferenças entre os salários no monopólio e na
concorrência perfeita.
MONOPSÔNIO
Analisamos anteriormente o mercado de trabalho
considerando um mercado competitivo, ou seja, muitos
compradores e muitos vendedores. Mas imagine um
mercado de trabalho de uma pequena cidade dominada
por um único grande empregador. Esse empregador pode
exercer grande influencia sobre o salário vigente e pode
usar esse poder de mercado para alterar o resultado.
Esse mercado em que há apenas um comprador é
chamado monopsônio.
Um monopsônio é bem semelhante a um monopólio
(mercado em que existe apenas um vendedor). Num
mercado monopolista, a empresa produz menos do bem
do que uma empresa competitiva. Reduzindo a
quantidade colocada à venda, a empresa monopolista se
movimenta ao longo da curva de demanda por seu
produto, aumentando o preço e consequentemente o
lucro que auferirá.
De forma análoga acontece com a empresa
monopsonista no mercado de trabalho. Ela contrata
menos trabalhadores do que uma empresa competitiva.
Ao reduzir o número de empregos disponíveis, ela se
move ao longo da curva de oferta de trabalho, reduzindo
o salário que paga e elevando seus lucros. Com isso,
tanto os monopolistas quanto os monopsonistas reduzem
a atividade econômica de um mercado, colocando-a
abaixo do nível socialmente ótimo. A existência do poder
de mercado distorce o resultado e causa peso morto.
No monopsônio, a curva de oferta de mão-de-obra da
firma se confunde com a curva de oferta de mão-de-obra
de todo o mercado, pois a firma representa o mercado.
Isso pode ser visualizado na figura abaixo.
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
Vimos anteriormente que o ponto que maximiza os lucros da empresa é quando a RMgL se iguala ao CMgL, e que neste
equilíbrio o CmgL é igual ao próprio salário. Entretanto, no monopsônio NÃO PODEMOS afirmar isso. O CMgL é maior que o
salário (CMgL > W). Para contratar mais trabalhadores e manter-se na curva de oferta, a firma deverá alterar o salário para
um valor superior ao anterior.
Para um monopsonista, CmgL > W e PRmgL = CmgL, então o empresário irá parar de contratar funcionários quando o
PRmgL também for maior que W. Ao colocarmos isso num gráfico, no monopsônio a curva do CmgL ficará à esquerda da
curva de oferta, o que mostra salários maiores para a mesma quantidade de trabalhadores porque (CmgL > W). O equilíbrio
ocorrerá quando a curva do CmgL encontrar a curva de demanda (que é dada pelo PRmgL), ou seja, quando CmgL =
PRmgL.
Na figura vemos que no ponto A, a curva do CmgL encontra a curva de demanda (PRmgL), ou seja, CmgL = PRmgL, que é o
ponto onde o monopsonista maximiza seus lucros. Se fosse em mercado competitivo a firma contrataria mais empregados,
logo, no monopsônio os níveis de emprego são menores que em mercados competitivos. Entretanto não podemos
afirmar que os salários serão maiores em virtude dessa conclusão, ao contrário, os salários são menores do que aqueles
pagos em mercados competitivos.
Algumas conclusões sobre demanda por trabalho na estrutura de mercado monopsonista:
•
A demanda por mão-de-obra é dada por PRmgL;
•
Maximização de lucros (equilíbrio da firma) PRmgL = CmgL;
•
Oferta ascendente
•
CmgL > W
•
No monopsônio os níveis de emprego e salário são menores que em mercados competitivos.
Antes de finalizarmos, é preciso compreender que a análise de oferta e demanda também deve ser feita para o longo prazo.
Até então, consideramos apenas o curto prazo, ou seja, tendo como fixo ao menos um dos insumos (no nosso caso o capital
manteve-se constante). A partir de agora, todos os insumos serão variáveis, e antes de analisarmos a demanda
propriamente dita, é preciso rever alguns outros conceitos de microeconomia.
A função de produção que já vimos anteriormente pode ser representada por uma curva chamada Isoquanta. A isoquanta
(mesma quantidade) significa a linha na qual todos os pontos representam infinitas combinações de fatores de produção
(capital e mão-de-obra), que indicam a mesma quantidade produzida. São os vários processos que produzem a mesma
quantidade.
Para que o resultado seja o mesmo, para se aumentar um fator de produção, a quantidade do outro deve ser reduzida, por
isso a inclinação negativa da curva. O conjunto de isoquantas forma o mapa de produção ou família de isoquantas.
Atualizada 23/02/2010
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
25
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
A taxa marginal de substituição técnica representa o
acréscimo de utilização do fator x1 (mão-de-obra) para
que, compensando o decréscimo de utilização do fator x2
(capital), mantenha constante a quantidade produzida do
produto. Ela mostra o ganho de produção devido ao
acréscimo de utilização ∆x1 é exatamente igual à perda
de produção devido ao decréscimo de utilização – ∆x2 do
fator x2.
Propriedades das isoquantas:
•
São decrescentes da esquerda para a direita;
•
São convexas com relação à origem dos eixos
cartesianos; e
•
Não se cruzam nem se tangenciam.
Analisando-se a produtividade do uso dos fatores de
produção e seu impacto no processo produtivo temos
algumas situações particulares teremos as mesmas
situações vistas na função Cobb-Douglas: rendimentos
constantes, crescentes e decrescentes de escala.
Imagine uma empresa se utilizando de capital (K) e
trabalho (L) (que são variáveis) num mercado competitivo.
Isso implica dizer que os preço do L (w) e do K (r) são
fixos. O empresário precisa decidir como usá-los da
melhor forma. A linha de isocusto inclui todas as
possíveis combinações de L e K que possam ser
adquiridas por um determinado custo total, ou que tenham
o mesmo custo para a empresa. Para visualizar essa
linha, lembremos que os custos de uma empresa (C)
representam tudo o que é gasto com K e L:
C = wL + rK
26
Atualizada 23/02/2010
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
A inclinação da reta é – (w/r), que vem a ser a razão entre
a taxa de remuneração do trabalho e o custo do uso de
capital. A escolha pode ser feita querendo obter um
determinado nível de produção, por exemplo. O problema
será escolher o ponto da isoquanta que seja capaz de
minimizar os custos totais. Veja o gráfico novamente.
Para níveis de custos inferiores à isoquanta, não seria
possível
produzir
quantidade
determinada
de
mercadorias. E com custos superiores produzir-se-ia com
custos maiores, não representando o custo mínimo.
Alterações nos gastos com K e L não alteram a inclinação
da curva, mas alterações nos preços de K e L promovem
inclinações diferentes.
O caminho da expansão (saindo da origem e passando
pelos pontos A, B, C, D e E) ilustra as combinações de L
e K, que apresentam menores custos e que podem ser
utilizadas na obtenção de cada nível de produção a longo
prazo, quando todos os insumos de produção podem ser
variados. Cada um desses pontos representa um ponto
de tangência entre uma curva de isocusto e uma
isoquanta para a empresa.
Também podemos usar taxa marginal de substituição
técnica na isocusto. Ela representará o incremento na
utilização do fator L que compensará perfeitamente o
decréscimo de utilização do fator K, de tal maneira que,
mantidos constantes os preços desses fatores, a despesa
ou custo total de produção permaneça inalterado.
A firma minimizará o custo de produção quando ela
utilizar capital e mão-de-obra até o ponto em que seus
custos marginais relativos sejam apenas iguais às suas
produtividades marginais. A empresa deve empregar
mão-de-obra e capital até o ponto em que o custo
marginal de produzir a última unidade de produção seja o
mesmo para todos os insumos, qualquer que seja o
capital ou a mão-de-obra empregada na geração desta
última unidade.
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
AFT - MTE
Prof. Nícia Araujo
É importante frisar que a análise de longo prazo (todos os
insumos variáveis) se difere da análise de curto prazo
(apenas um insumo variável: a mão-de-obra). No curto
prazo, o ponto de maximização dos lucros é RmgL =
CmgL. No longo prazo a equação PmgL/PmgK = w/r
expressa a condição de minimização de custos para uma
produção que é dada e para preços do capital e mão-deobra também já pré-determinados. Isso significa que dada
uma produção, dados os preços do capital e mão-deobra, a equação de longo prazo permite identificar as
quantidades de mão-de-obra e capital ideais,
minimizadoras de custos.
Se a redução da demanda de um insumo levar a um
aumento da demanda de outro insumo, estes insumos
são chamados substitutos brutos e o efeito substituição
está predominando. Se a redução da demanda de um
insumo levar à redução da demanda de outro insumo,
estes insumos são chamados de complementos brutos
e o efeito escala é o que está prevalecendo.
Entretanto,
quando
dois
insumos
necessitam
obrigatoriamente ser usados conjuntamente, não se pode
falar em efeito substituição, apenas efeito escala, e os
insumos são chamados complementos na produção.
Um conceito intimamente relacionado ao processo
produtivo dos bens é a curva de possibilidade de
produção. Esta é a linha na qual todos os pontos revelam
as diferentes possibilidades de dois produtos serem
fabricados de forma combinada em determinado período
com a quantidade de fatores que a firma possui.
Economia do Trabalho
Apostila Material 1
bem se não for possível reduzir a produção do outro bem.
Assim, pontos sobre a curva representam alternativas
econômicas viáveis para a firma em questão, destacando
o conceito de custo de oportunidade.
O custo de oportunidade representa a melhor
remuneração que poderia ser obtida se os recursos
disponíveis fossem empregados em uma alternativa com
nível de risco equivalente. São uma medida do sacrifício
incorrido por uma decisão que não possui as vantagens
de uma outra oportunidade alternativa. São custos
associados às oportunidades que serão deixadas de lado,
caso a empresa não empregue seus recursos da maneira
mais rentável. Em suma, este custo mede o valor das
oportunidades perdidas em decorrência da escolha de
uma alternativa de produção em lugar de outra também
possível.
A análise de rendimentos crescentes ou decrescentes
feita num primeiro momento para a produtividade no uso
de fatores produtivos é estendida aos custos de
produção.
Os pontos A e B no gráfico representam os pontos-limites
ou pontos de fronteira, em que só há possibilidade de
produzir um dos dois produtos, pois 100% da matériaprima está alocada na produção de apenas um bem.
Como a firma para obtê-los dispõe de determinado custo
total, a curva de possibilidades de produção também
revela as possibilidades de produzir os dois bens com o
mesmo custo total. Dessa maneira, esta curva também se
constitui em uma isocusto ou em uma curva de igual
custo de produção.
Neste caso também é possível identificarmos a taxa
marginal de substituição na curva de transformação
que normalmente é chamada de taxa marginal de
transformação, e é análoga às outras que vimos
anteriormente:
A curva de possibilidades de produção também nos
mostra que não é possível incrementar a produção de um
Atualizada 23/02/2010
Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores
27
Download