AFT - MTE Prof. Nícia Araujo ECONOMIA DO TRABALHO A Ciência Econômica estuda o comportamento dos agentes na otimização dos recursos para satisfazer as necessidades humanas que são ilimitadas. Ela se divide em dois grandes grupos elementares de estudo: a Microeconomia e a Macroeconomia. A Microeconomia é a parte voltada ao estudo do comportamento dos consumidores (indivíduos e famílias) e das empresas, considerando produção, custos, determinações de preços e tudo que envolve as decisões empresariais. Distinguese, assim, da Macroeconomia, direcionada ao estudo dos agregados econômicos, considerando famílias, empresas, governo e o comércio com o resto do mundo. A Economia do Trabalho é um campo dentro da Ciência Econômica que pode ser observado sob essas duas óticas. Quando analisamos as relações diretas entre trabalhadores e empresários - a oferta e a procura por força de trabalho - estamos observando pela análise microeconômica. Quando analisamos o mercado de trabalho como um todo e seu impacto na atividade econômica observamos diretamente a ótica macroeconômica. 1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES O mercado de trabalho pode ser definido como o “locus onde trabalhadores e empresários se confrontam e, dentro de um processo de negociações coletivas que ocorre algumas vezes com a interferência do Estado, determinam conjuntamente os níveis de salários, o nível de emprego, as condições de trabalho e os demais aspectos relativos às relações entre capital e trabalho” (CHAHAD). Este representa o mercado formal de trabalho, que inclui as relações contratuais formais entre os agentes amparadas por legislação específica. No mercado informal de trabalho, prevalece o funcionamento com o mínimo de interferência governamental. Não há garantias aos trabalhadores, não há carteira assinada, nem a “proteção” do governo. É importante destacar, que embora o mercado informal tenha maior abrangência, é o mercado formal que fornece a dinâmica da economia. A informalidade está diretamente relacionada à rede capitalista de produção, rede esta que gera o mercado formal de trabalho. No nível microeconômico este mercado se destaca pela determinação dos níveis de salários e emprego. No nível macro, pela compreensão da determinação do nível de demanda agregada, do produto e do emprego, com importante papel ao lado dos mercados de bens e serviços, monetário, e de títulos. Sua abrangência também diz respeito à importância socioeconômica, na qual as variáveis salários, desemprego, rotatividade, produtividade, são essenciais e têm profunda repercussão no dia-a-dia dos trabalhadores. É um conceito amplo, relacionado com aspectos relevantes como crescimento populacional, necessidade de absorção de mão-de-obra, migrações e pobreza. As atividades econômicas, tanto de curto quanto de longo prazo, influenciam fortemente as principais variáveis determinantes do mercado de trabalho, tais como salários, emprego, desemprego e produtividade. Com isso, o mercado de trabalho não pode ser analisado isoladamente, e sim com uma parte importante do todo. Colocadas essas informações, é necessário definirmos os principais conceitos relacionados ao mercado de trabalho, especialmente em relação à análise de Atualizada 23/02/2010 Economia do Trabalho Apostila Material 1 indicadores e às conclusões a seu respeito. A idéia aqui não é discutir as metodologias utilizadas pelos órgãos de pesquisa nem ao menos aprender a calculá-las. O objetivo é compreender os conceitos apresentados e as principais variáveis analisadas. Dentre as diversas instituições que analisam variáveis do mercado de trabalho, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) destaca-se por ser o órgão oficial do governo, e será por esse motivo o norteador dos nossos conceitos. Esses conceitos estão, na sua maioria, retirados na íntegra da metodologia do instituto para manter a fidelidade na definição. O conceito fundamental da Pesquisa Mensal de Empregos (PME), realizada pelo IBGE em seis grandes regiões metropolitanas brasileiras (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre) é o de trabalho: » Trabalho (IBGE) - exercício de: a) ocupação remunerada em dinheiro, produtos, mercadorias ou em benefícios, como moradia, alimentação, roupas etc., na produção de bens e serviços; b) ocupação remunerada em dinheiro ou benefícios, como moradia, alimentação, roupas etc., no serviço doméstico; c) ocupação sem remuneração na produção de bens e serviços, exercida durante pelo menos uma hora na semana: em ajuda a membro da unidade domiciliar que tem trabalho como empregado na produção de bens primários (atividades da agricultura, silvicultura, pecuária, extração vegetal ou mineral, caça, pesca e piscicultura), conta-própria ou empregador; em ajuda a instituição religiosa, beneficente ou de cooperativismo; ou como aprendiz ou estagiário; d) ocupação exercida durante pelo menos uma hora na semana: na produção de bens do ramo que compreende as atividades de agricultura, silvicultura, pecuária, extração vegetal, pesca e piscicultura, destinadas à própria alimentação de pelo menos um membro da unidade domiciliar; ou na construção de edificações, estradas privativas, poços e outras benfeitorias, exceto as obras destinadas unicamente à reforma, para o próprio uso de pelo menos um membro da unidade domiciliar. (PNAD 1992, 1993, 1995, 1996) Este conceito é mais abrangente que o adotado até 1990 na PNAD. Até 1990, o conceito de trabalho não abrangia o trabalho não remunerado exercido durante menos de 15 horas na semana nem o trabalho na produção para o próprio consumo e na construção para o próprio uso. Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 1 AFT - MTE Prof. Nícia Araujo Essa definição segue as recomendações das Conferências Internacionais dos Estatísticos do Trabalho promovidas pela Organização Internacional do Trabalho. Semana de referência – é a semana, de domingo a sábado, que precede a semana definida como de entrevista para a unidade domiciliar. Cada mês da pesquisa é constituído por quatro semanas de referência. Data de referência – é a data do último dia da semana de referência. Mês de referência – é o mês anterior ao que contém as quatro semanas de referência que compõem o mês da pesquisa. Período de referência de 365 dias – é o período de 365 dias que finaliza no último dia da semana de referência. Semana de referência – é a semana, de domingo a sábado, que precede a semana definida como de » População Economicamente Ativa (PEA) (IBGE) - É composta pelas pessoas que foram classificadas como ocupadas ou desocupadas na semana de referência da pesquisa. Representa uma parte da População em Idade Ativa (PIA). A força de trabalho corresponde às pessoas que compõem a população economicamente ativa, e as pessoas fora da força de trabalho são classificadas como economicamente inativas. A classificação da idade ativa de uma população varia conforme o país. No Brasil, o critério utilizado é de 10 anos de idade. Tendo menos de 10 anos ou sendo aposentado sem pretensão de voltar ao trabalho será classificada como População em Idade economicamente Não Ativa (PINA). Mesmo sendo ilegal o trabalho infantil, o IBGE considera esta idade por ser uma prática no país. Menores de 10 anos < PIA < Aposentados » Ocupados (IBGE) - As pessoas que exerceram trabalho, remunerado ou sem remuneração, durante pelo menos uma hora completa na semana de referência, ou que tinham trabalho remunerado do qual estavam temporariamente afastadas nessa semana. Considera-se como ocupada temporariamente afastada de trabalho remunerado a pessoa que não trabalhou durante pelo menos uma hora completa na semana de referência por motivo de férias, greve, suspensão temporária do contrato de trabalho, licença remunerada pelo empregador, más condições do tempo ou outros fatores ocasionais. Também foi considerada a pessoa que, na data de referencia estava afastada: por motivo de licença remunerada por instituto de previdência por período não superior a 24 meses; do próprio empreendimento por motivo de gestação, doença ou acidente, sem ser licenciada por instituto de previdência, por período não superior a três meses; por falta voluntária ou outro motivo, por período não superior a 30 dias A classificação permite ainda a estratificação em 4 grupos de ocupados: 2 Atualizada 23/02/2010 Economia do Trabalho Apostila Material 1 Ocupados Trabalhador nãoremunerado de membro da unidade domiciliar que era d Empregados Trabalhador doméstico Conta-própria Empregador Trabalhador não-remunerado de membro da unidade domiciliar que era conta própria ou empregador Empregado (IBGE) - pessoa que trabalha para empregador (pessoa física ou jurídica), cumprindo jornada de trabalho e recebendo remuneração em dinheiro, mercadorias, produtos ou somente em benefícios (moradia, alimentação, roupas, etc), inclusive a que presta serviço militar obrigatório, sacerdote, ministro de igreja, pastor, rabino, frade, freira e outros clérigos, e também, o aprendiz ou estagiário que recebe somente aprendizado ou treinamento como pagamento. Classificase também como empregado: - Trabalhador doméstico - pessoa que trabalha prestando serviço doméstico remunerado em dinheiro ou benefícios, em uma ou mais unidades domiciliares. - Trabalhador não-remunerado de membro da unidade domiciliar que era empregado – pessoa que trabalha, em ajuda ao membro da unidade domiciliar, com quem o empregador estabelece o contrato ou o acordo de trabalho e que recebe a remuneração pelo trabalho do grupo de membros da unidade domiciliar que organiza, dirige ou é responsável; Conta-própria - pessoa que trabalha em seu próprio empreendimento, explorando uma atividade econômica sem ter empregados, individualmente ou com sócio, com auxílio ou não de trabalhador não-remunerado de membro da unidade familiar. Empregador - pessoa que trabalha em seu próprio empreendimento, explorando uma atividade econômica, com pelo menos um empregado, e contando ou não, com ajuda do trabalhador não remunerado de membro da unidade domiciliar. Trabalhador não-remunerado de membro da unidade domiciliar que era conta própria ou empregador - pessoa que trabalha sem remuneração, pelo menos uma hora na semana, em ajuda a membro da unidade domiciliar que é conta-própria ou empregador em qualquer atividade. » Desocupados (IBGE) - pessoas sem trabalho na semana de referência, mas que estavam disponíveis para assumir um trabalho nessa semana e que tomaram alguma providencia efetiva para conseguir trabalho no período de referencia de 30 dias, sem terem tido qualquer trabalho ou após terem saído do último trabalho que tiveram nesse período. Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores AFT - MTE Prof. Nícia Araujo Para fins de comparação metodológica, seguem abaixo alguns conceitos correlatos e importantes definidos pelo DIEESE: » PEA – Corresponde à parcela da população em idade ativa que está ocupada ou desempregada. » Ocupados - São os indivíduos que, nos sete dias anteriores ao da entrevista, possuem trabalho remunerado exercido regularmente, com ou sem procura de trabalho; ou que, neste período, possuem trabalho remunerado exercido de forma irregular, desde que não tenham procurado trabalho diferente do atual; ou possuem trabalho não-remunerado de ajuda em negócios de parentes, ou remunerado em espécie/beneficio, sem procura de trabalho. Excluem-se as pessoas que nos últimos sete dias realizaram algum trabalho de forma excepcional. » Desempregados - São indivíduos que se encontram numa situação involuntária de não-trabalho, por falta de oportunidade de trabalho, ou que exercem trabalhos irregulares com desejo de mudança. Essas pessoas são desagregadas em três tipos de desemprego: - desemprego aberto: pessoas que procuraram trabalho de maneira efetiva nos 30 dias anteriores ao da entrevista e não exerceram nenhum trabalho nos sete últimos dias; - desemprego oculto pelo trabalho precário: pessoas que realizam trabalhos precários algum trabalho remunerado ocasional de autoocupação - ou pessoas que realizam trabalho não-remunerado em ajuda a negócios de parentes e que procuraram mudar de trabalho nos 30 dias anteriores ao da entrevista ou que, não tendo procurado neste período, o fizeram sem êxito até 12 meses atrás; - desemprego oculto pelo desalento: pessoas que não possuem trabalho e nem procuraram nos últimos 30 dias anteriores ao da entrevista, por desestímulos do mercado de trabalho ou por circunstâncias fortuitas, mas apresentaram procura efetiva de trabalho nos últimos 12 meses. » Inativos (de dez anos e mais) - Parcela da PIA que não está ocupada ou desempregada. Incluem-se as pessoas sem procura de trabalho que, nos últimos 30 dias, realizaram algum trabalho de forma excepcional porque lhes sobrou tempo de seus afazeres principais. » Procura de Trabalho - Corresponde a busca de um trabalho remunerado, expressa na realização, pelo indivíduo, de alguma ação ou providência concreta. A procura de trabalho inclui não apenas a busca por um trabalho assalariado como também de outros trabalhos, como a tomada de providências para abrir um negócio ou empresa e a procura por mais clientes por parte do trabalhador autônomo. » Situação de Trabalho - A situação de trabalho é definida como aquela em que o indivíduo tem um trabalho remunerado ou não-remunerado no período de referência, excetuando o trabalho excepcional. Um dos importantes indicadores do mercado de trabalho corresponde à Taxa de atividade medida pelo IBGE, que consiste na percentagem das pessoas economicamente ativas em relação às pessoas de 10 ou mais anos de idade. O mesmo cálculo é feito pelo DIEESE com o nome de taxa de participação. Esta taxa indica a proporção na PIA incorporada ao mercado de trabalho como ocupada Atualizada 23/02/2010 Economia do Trabalho Apostila Material 1 ou desempregada. A taxa de participação específica de determinado segmento populacional (homens, chefes de família, etc.) é a proporção da PIA desse segmento incorporada ao mercado de trabalho como ocupada ou desempregada. Esse cálculo mede o tamanho relativo da força de trabalho, fornecendo uma aproximação do volume de oferta de emprego imediatamente disponível na economia. De acordo com CHAHAD existem algumas realidades observadas como regra geral para os países: • A taxa de participação masculina é maior que a feminina. Os afazeres domésticos não são considerados como ocupações economicamente ativas, como já foi visto, e são exercidos na maioria das vezes pelas mulheres. • A participação adulta é maior que a participação jovem ou idosa. O ensino e a aposentadoria são as explicações tradicionais para a menor participação desses grupos. • A participação feminina tende a crescer com o desenvolvimento econômico. Isso deve ocorrer porque as oportunidades de emprego para as mulheres devem aumentar assim como seu papel no mercado de trabalho também vai sendo visto de forma diferente. » Taxa de Rotatividade É importante compreendermos também que nem todos os funcionários dispensados pelas empresas irão caracterizar um desemprego para a economia como um todo. Caso a empresa demita, mas substitua a mão-deobra dispensada, caracteriza-se como rotatividade. Medir a rotatividade (TR) da mão-de-obra é um cálculo mais complexo do que apenas pensar na substituição em si, e existem algumas formas de mensuração. A maneira mais freqüente que preserva a idéia de substituição é: Sendo: A = admissões da firma ou setor no período D = demissões Fi = estoques de trabalhadores no início do período O mínimo entre admissões e demissões é para evitar subestimações ou superestimações do índice de rotatividade. Se houver expansão contrata-se mais do que demite-se, se for recessão as demissões predominarão. Num período de retração da atividade econômica a formula pode ser simplificada: Sendo N o total de empregados da firma. Num período de expansão: Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 3 AFT - MTE Prof. Nícia Araujo Importante salientar que esse cálculo refere-se à rotatividade ao longo do mês, que difere da mensuração anual. Para compreender essas diferenças podemos dividir a rotatividade em dois componentes que a estimulam: o comportamento dos empregados e o comportamento das empresas. Durante a recessão, há redução das oportunidades de emprego, por isso os trabalhadores diminuem sua mobilidade entre empregos, ou seja, provocam menor rotatividade. As empresas possuem um comportamento particular. Com um maior volume de desempregados disponíveis no mercado podem trocar seus funcionários menos qualificados por outros de maior experiência e qualificação. Mas por outro lado, dependendo da profundidade e duração da recessão, tentam segurar segmentos de seus trabalhadores que já despenderam significativos custos de treinamento. Além do mais, há também os custos de contratação e demissão, que obrigam a firma a reter os trabalhadores mais qualificados em suas fileiras. Recessão ↓ Oportunidades Mobilidade Rotatividade Num período de expansão as chances de mobilidade em direção a novos e melhores empregos com salários superiores aumentam para os trabalhadores. Para as empresas, com a oferta de trabalho em expansão, elas podem treinar melhor seu contingente de mão-de-obra, utilizando-se disso para trocar com maior rapidez os ocupados num determinado posto de trabalho. A rotatividade tende a se elevar na expansão. Expansão Oportunidades Mobilidade desocupadas, em relação às pessoas economicamente ativas. Um índice apontado por CHAHAD (2005) que também deve ser analisado é o índice de subemprego. » Índice de subemprego: Indicador do grau da subutilização da mão-de-obra. O subemprego, em geral, representa a parcela da população subutilizada em decorrência do padrão de crescimento adotado, o qual exclui inúmeros segmentos da população do desempenho de atividades econômicas produtivas. O subemprego visível é definido como a diferença entre o volume real de horas trabalhadas pelo indivíduo e o volume de horas que ele poderia, de fato, trabalhar. Sendo Sh o número de indivíduos ocupados trabalhando menos que um determinado número de horas. É importante frisar que neste caso o subemprego ocorrerá em virtude da insuficiência da demanda, há involuntariedade do indivíduo. O subemprego encoberto representa a quantidade de mão-de-obra que seria possível liberar melhorando-se a organização e a distribuição das tarefas de trabalho, mantendo-se o nível de produção sem necessidade de novos investimentos em capital fixo e sem modificação das formas de utilização do trabalho assalariado ou estrutura social de produção. Contempla a idéia de níveis de produtividade como elemento de mensuração do subemprego, medido da seguinte maneira: Rotatividade No longo prazo, numa perspectiva de crescimento econômica, a tendência é de elevação no seu patamar, pois uma maior parcela da força de trabalho estará sujeita a vínculos formais de trabalho, aumentado a mobilidade observada entre os empregados. Seguem abaixo alguns índices do mercado de trabalho importantes para sua análise de acordo com o IBGE: Nomenclatura Fórmula Taxa de atividade (IBGE) Taxa de participação (DIEESE) Nível ocupação Economia do Trabalho Apostila Material 1 de Em que Sp corresponde ao número de indivíduos em produtividade igual ou inferior a certo valor prefixado. O subemprego potencial compreende a quantidade dão mão-de-obra que pode ser liberada, dado um nível de produção, por meio de mudanças nas condições de exploração dos recursos ou transformações na indústria ou agricultura. Recentemente, o Programa Regional de Emprego para a América Latina e Central (Prealc) propôs uma variação desse conceito, tentando incorporar a idéia de pobreza como um elemento fundamental na definição de subocupação da mão-de-obra. Essa definição é importante para ampliar o conceito de subemprego, entretanto, introduz o problema do que se considera como linha de pobreza. Esse cálculo é definido da seguinte forma: Nível de desocupação Taxa ocupação Sendo N o número de pessoas pobres (abaixo da linha da pobreza), d a razão de dependência (d = (N – n)/N, n igual ao número de indivíduos ativos incluídos na população pobre. de Taxa de desocupação A taxa de ocupação busca refletir aqueles indivíduos absorvidos no mercado de trabalho na condição de ocupados. Indica o contingente de trabalhadores disponíveis e utilizados pelas firmas. Em contraposição há a Taxa de desocupação (ou desemprego aberto) (IBGE) que corresponde à percentagem das pessoas 4 Atualizada 23/02/2010 » Índices de salários reais e salários nominais: Os salários nominais são visto como conseqüências tanto de políticas salariais como desequilíbrios eventuais observados no mercado de trabalho. A determinação do nível de salário nominal ou piso salarial depende de fatores como as características dos trabalhadores (idade, experiência no trabalho, sexo, escolaridade, etc) e a Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores AFT - MTE Prof. Nícia Araujo empresa ou setor de atividade (assim como região em que se encontra, a política da firma, o tipo de atividade, etc). O salário real corresponde à deflação do salário nominal (w) por um índice de preços (IP); É importante destacar que a depender do IP utilizado podemos ter conclusões distintas. Ao utilizar um índice geral de preços (IGP), o resultado obtido tende a refletir o salário real no conceito de custo de mão-de-obra, sendo mais importante sob a ótica da empresa. Diferentemente, ao utilizar um índice de preços ao consumidor (IPC) ou índice de custo de vida (ICV), o salário real tende a revelar a evolução do poder de compra do trabalhado, sendo de maior importância sob a ótica dos sindicatos. O mercado de trabalho determina apenas o salário nominal, mesmo buscando um determinado nível de salário real. A evolução do salário nominal é determinada pela política salarial e ocorrência do desemprego, enquanto a evolução do salário real é determinada pelo ritmo de crescimento dos preços (inflação). Se há descontrole na inflação, os ganhos do salário nominal anulam-se rapidamente. Por outro lado, os aumentos nominais dos salários também podem gerar inflação, a partir do momento em que os empresários querem manter suas margens de lucro e repassam aumentos para os preços dos bens. Com alta inflação no curto prazo, há perda do poder aquisitivo do salário, ou seja, redução do salário real. A relação entre salário real e nível de emprego é vista de forma direta como indireta, a depender da escola de teoria econômica a se seguir. Na visão tradicional (neoclássica) o salário real determina o nível de emprego. Isso significa que para que a economia empregue um maior número de trabalhadores é necessário que não ocorram restrições como por exemplo a existência do salário mínimo, atuação sindical e outras limitações que perturbam o livre equilíbrio do mercado. Sob a ótica keynesiana, ocorre o inverso. A demanda agregada fixa o nível de emprego, associando a este um determinado nível de salário real que maximiza o lucro das firmas. Para chegarem ao salário real de equilíbrio do sistema econômico, as forças de mercado atuam de forma a modificar o salário nominal pela variação de preços. Economia do Trabalho Apostila Material 1 Se incorporarmos a essa análise o número de horas trabalhadas, seria possível obter um valor mais próximo da verdadeira produtividade dos trabalhadores envolvidos no processo de produção, assim como o esforço da firma no sentido de elevar a eficiência produtiva. Do ponto de vista das relações entre capital e trabalho, a produtividade é um elemento fundamental devido à sua importância como item de negociação coletiva. Isso ocorre porque a incorporação dos ganhos de produtividade aos salários é necessária para que se mantenha inalterada a distribuição de renda entre salários e lucros. Isso pode ser facilmente compreendido se lembrarmos da composição da renda nacional. Uma das óticas mede a riqueza pela remuneração dos fatores produtivos. Considerando que salários (w) e lucros (α) sejam os principais componentes da renda (únicos no nosso exemplo para efeitos didáticos) então: R = wL + α, sendo wL o valor total dos salários multiplicados pela quantidade de trabalhadores. Considerando que a renda é igual à quantidade de produção vezes o preço, então: P x Q = wL + α Dividindo tudo por P x Q Assim, sempre que a produtividade média dos trabalhadores se elevar, o salário deve se elevar na mesma proporção para que a distribuição de renda entre salário se lucros não se altere. Visão Tradicional (neoclássica) → Salário real determina o nível de emprego Ótica keynesiana → Demanda agregada fixa o nível de emprego » Índices de produtividade: A produtividade média da mão-de-obra é medida dividindo-se a quantidade de produto pela quantidade de trabalhadores: Q - quantidade de bens produzidos L - quantidade de força de trabalho empregada. Essa produtividade também acompanha o nível de produção. Atualizada 23/02/2010 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 5 AFT - MTE Prof. Nícia Araujo Economia do Trabalho Apostila Material 1 2. O MERCADO DE TRABALHO Para tratarmos das relações de oferta e demanda no mercado de trabalho mais especificamente, é recomendável vermos antes essas relações nos mercados de bens e serviços, isso facilitará a compreensão da análise mais específica. As teorias de oferta e demanda funcionam como uma base da teoria econômica, e compreendê-las inicialmente facilitará o entendimento das relações entre oferta e demanda no mercado de trabalho. TEORIA ELEMENTAR DA DEMANDA A demanda corresponde à quantidade de um determinado bem ou serviço que o consumidor deseja adquirir em certo período de tempo. É o desejo, a aspiração e não a realização da vontade em si. Ao se falar em demanda deve-se considerar o comportamento do consumidor, e apenas este, sua lógica e sua (ir)racionalidade para tomar decisões. O comportamento do empresário é analisado ao se falar em Oferta. É importante ainda especificar o tempo, não somente o valor. Por exemplo, devemos dizer que a demanda por aparelhos de DVD no ano de 2010 deve ser de 500.000 unidades/mês. (situação hipotética) É importante para essa análise, ou para projeções, que haja disponibilidade do bem (quantidade suficiente para o consumidor adquirir) e renda do consumidor, mesmo que seja futura, através de financiamentos. O consumidor precisa também possuir disposição para adquirir o bem, ou seja, perceber utilidade nele. Essa utilidade não deve ser questionada, pois é individual, e o valor dos bens está na importância que cada consumidor delega a ele. Para um consumidor, por exemplo, ter aparelho de ar condicionado durante o verão é absolutamente necessário para o seu bem-estar, enquanto que para outros consumidores, um ventilador seria suficiente. Os elementos condicionantes da demanda são o preço e o tempo. O preço porque quanto maior o preço, menos o consumidor está disposto a comprar. E o tempo muda a referência, o consumo de um determinando produto em uma semana é diferente do consumo desse mesmo produto em um mês. De acordo com a lei geral da Demanda: Modificações na Demanda Quando são alterados os parâmetros da demanda (hábitos dos consumidores, renda disponível, preços dos bens substitutos e/ou complementares, etc), ou seja, as variáveis que influenciam a demanda, haverá um deslocamento da demanda, ou seja, uma mudança na posição da curva. (DESLOCAMENTO DA CURVA) Quando a curva se desloca para a direita identifica-se um aumento da procura, pois, pelo mesmo preço P0, os consumidores passam a adquirir uma quantidade maior de bens. Isso pode ocorrer devido a um aumento da renda do consumidor, por exemplo. Se o deslocamento fosse para a esquerda haveria uma redução da demanda do bem. Quando a renda do consumidor aumenta, espera-se que haja um aumento no consumo dos bens, caso o preço mantenha-se constante. Vejamos isso no gráfico abaixo. ”A quantidade demandada de determinado bem varia na razão inversa da variação de seus respectivos preços, mantidas as demais influências constantes”. O consumidor faz suas escolhas diante de diversas alternativas existentes a um dado nível de renda, ou seja, um orçamento limitado. Procura fazer a melhor combinação possível que promova sua satisfação. Vejamos um exemplo desta relação no gráfico: Preços (R$) 4 6 8 10 12 Quantidade procurada 100 80 60 40 20 Quando o único fator que se altera é a variável preço (coeteris paribus) tem-se uma modificação ao longo da curva de Demanda (DESLOCAMENTO AO LONGO DA CURVA), altera-se então somente a quantidade demandada e não a demanda como um todo. O consumidor sai de um ponto na curva e se desloca a outro, com novos preço e quantidade. Veja no gráfico. No gráfico temos: 6 Atualizada 23/02/2010 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores AFT - MTE Economia do Trabalho Apostila Material 1 Prof. Nícia Araujo Na prática, as modificações ocorrem simultaneamente, com diversas variáveis promovendo alterações na curva de demanda, gerando mudanças também na oferta, deslocando o ponto de equilíbrio. Essas alterações serão vistas mais à frente. Os fatores determinantes da procura são: Preço do bem Preços dos outros bens Renda do consumidor Gosto ou preferência do indivíduo Matematicamente: D =f(Px, P1, P2,... R, G) Separadamente cada relação: 1) Relação entre quantidade demandada e o preço do bem: Esta relação é inversa, quando aumenta o preço a demanda diminui, e ao contrário, quando diminui o preço a procura pelos bens aumenta. Dx = f(Px) coeteris paribus (c.p.) b) complementares: quando o aumento do preço do bem A levar a uma queda na demanda do bem B. Em geral são consumidos conjuntamente, seja por uma relação de obrigatoriedade ou por hábito. Ex. caneta e carga, carro e gasolina. Graficamente: 2) Relação entre a demanda de um bem e o preço dos outros bens DB = f(PA) c.p. Nesse caso não haverá uma relação direta entre o aumento do preço do bem A e a quantidade demandada do bem B, que poderá aumentar ou diminuir, vai depender da relação entre esses bens. a) Bens substitutos ou concorrentes (tem relação de substituição): quando o aumento do preço do bem A aumenta a demanda do bem B. Ex.: manteiga e margarina, ônibus e avião. Graficamente: 3) Relação entre a procura de um bem e a renda do consumidor. Dx = f(R) coeteris paribus Atualizada 23/02/2010 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 7 AFT - MTE Prof. Nícia Araujo Geralmente há uma relação crescente e direta entre a renda do consumidor e a demanda de um bem ou serviço. Quando há aumento na renda disponível do indivíduo, a demanda pelos bens deve aumentar, pois o consumidor tendo mais dinheiro vai querer aumentar seu padrão de compras e demandar maiores quantidades de bens e serviços. A esses bens, cuja demanda aumenta a partir de um aumento da renda, damos o nome de “normais”. Entretanto, há exceções a esse comportamento: » Bem de Consumo saciado: quando o indivíduo está satisfeito com o consumo de um determinado bem e não altera sua quantidade demandada por unidade de tempo quando sua renda aumenta. » Bens inferiores: a demanda desses bens se reduz quando a renda do indivíduo aumenta. Ele passa a consumir outros bens de superior qualidade, como por exemplo a troca da carne de segunda pela carne de primeira. Graficamente percebe-se essa relação. 4) Relação entre procura do bem e o gosto do consumidor A preferência de um indivíduo, por ser uma variável subjetiva, é medida pelo impacto que causa na demanda do produto, e não uma quantificação em si. Se há estímulo ao consumo de determinado bem, a curva de demanda desse bem se desloca para a direita, pois haverá um maior consumo, maior procura por esse bem. Ao contrário, se por algum motivo a preferência do indivíduo se alterar negativamente, ele deixará de comprar o bem independente de modificações no seu preço, levando a um deslocamento para a esquerda da curva de demanda. Ainda sobre a demanda, é importante destacar um conceito fundamental na análise que é o de excedente do consumidor. Ele representa a diferença entre o que o consumidor estaria disposto a pagar pelo bem e o valor efetivamente pago por ele. Ele representa o “ganho” que o indivíduo tem ao efetuar a compra. Por exemplo, um consumidor disposto a pagar R$ 40,00 por um DVD musical, e consegue comprá-lo pagando R$ 32,00 terá um excedente de R$ 8,00 (40 – 32). Num gráfico de demanda é possível visualizar essa diferença traçando uma reta no preço efetivamente de mercado, e comparando-o com os outros preços que o consumidor esteja disposto a pagar para cada quantidade consumida. Essa região sombreada representa o excedente do consumidor, como pode ser visto no gráfico abaixo. 8 Atualizada 23/02/2010 Economia do Trabalho Apostila Material 1 O preço $4 é o preço de mercado do bem. Para consumir 20 unidades o consumidor está disposto a pagar $12,00 pelo produto, pagando apenas $4,00 ele está tendo um excedente de $ 8,00. Ao consumir 40 unidades, o indivíduo tem seu máximo disponível de $10,00 no preço do bem, como o preço de mercado é $4,00, ele ainda está tendo excedente, nesse caso de $6,00. E assim por diante. A DEMANDA DO MERCADO é formada pelo conjunto das demandas individuais, somando-se sempre as quantidades relativas a cada preço. TEORIA ELEMENTAR DA OFERTA A oferta corresponde à quantidade de um bem ou serviço que os produtores/vendedores desejam vender por unidade de tempo, a um determinado preço. Da mesma maneira que a demanda, a oferta é um desejo, uma aspiração. Ao se falar em oferta, deve-se levar em consideração exclusivamente a ótica do produtor, considerando suas aspirações e lógica, por isso, ao contrário da demanda a quantidade ofertada tende a aumentar com o aumento do preço do bem, já que tornase mais atrativo vendê-lo. Para se fazer a análise, deve-se considerar a existência da quantidade da mercadoria destinada à venda e a disposição de vender do ofertante. A oferta como um todo está condicionada à utilidade do bem. Quanto mais útil o bem é para o consumidor, mais vai despertar o desejo da venda. Assim como na análise de demanda o tempo e preço são elementos condicionantes da oferta. O preço está relacionado com a hipótese de otimização dos produtores ou vendedores (maximização dos resultados), e como a oferta é um fluxo precisa estar associada a tempo. A Lei Geral da Oferta se consubstancia da seguinte forma: “A oferta de um produto qualquer varia na razão direta da variação do seu preço, mantidas constantes as demais influências porventura existentes em cada momento” Isso significa que quanto maior o preço do produto, mais empresas estarão dispostas a produzi-lo e vendê-lo. Fatores determinantes da oferta: 1) Seu preço Quanto maior o preço de um bem, mais interessante se torna produzi-lo e então, sua oferta é maior. A relação do Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores AFT - MTE Prof. Nícia Araujo preço de um bem com sua quantidade ofertada nos dá a curva de oferta do produto. Ex.: Preços R$ Quantidade ofertada 4 20 6 40 8 60 10 80 12 100 Economia do Trabalho Apostila Material 1 de produção, a elevação dos preços de produtos substitutos, crescimento econômico, concessão de subsídios, etc. Ex. Se o preço da matéria prima cai, reduz os custos da produção. Essa redução de custos estimula outras empresas a produzirem esse produto, portanto a um mesmo preço haveria uma oferta maior do produto no mercado, um deslocamento da curva de oferta para a direita. Esse deslocamento pode ser visto no gráfico abaixo. No gráfico temos: A oferta do bem depende também dos preços dos fatores de produção. 2) O preço dos fatores mais a tecnologia empregada determinam o custo de produção. Se o preço de um determinado fator aumenta (ex. a terra), aumenta também o custo de produção (ex. o custo de produção do café). Quem utiliza muito esse fator terá seus custos mais elevados, diferente de quem não o utiliza muito. Essa alteração de custos afetará a lucratividade relativa das produções (café e mesas, por exemplo), e ocasionará deslocamentos nas curvas de oferta das diferentes mercadorias. Semelhante análise é feita para a situação em que há mudança da tecnologia de produção. Os bens que mais se beneficiarem da mudança tecnológica terão uma lucratividade elevada, e assim surgirão deslocamentos nas curvas de oferta de diversos bens e serviços. 3) Preço dos demais bens produzidos Se o preço dos demais bens aumenta e o preço do bem X permanece idêntico, sua produção torna-se menos atraente em relação à produção dos outros bens, conseqüentemente sua oferta será reduzida. Essa redução de oferta pode ser percebida pelo deslocamento para a esquerda da curva, mostrando que ao mesmo preço, o bem X passa a ter uma oferta menor. Matematicamente: Ox = f(Px, Pi, ...,Pfatores, ..., Tecnol.) Modificações na oferta Uma mudança no valor das variáveis que determinam a oferta manifesta-se no deslocamento da curva de oferta (DESLOCAMENTO DA CURVA). Deslocamento da oferta indica um aumento da oferta ou deslocamento de toda a curva para a direita. Uma diminuição da oferta representa um deslocamento para a esquerda. Estes deslocamentos são provocados por outras influências que não o próprio preço do produto oferecido, como por exemplo, os custos Atualizada 23/02/2010 Quando há mudança no preço do bem ofertado, haverá imediata alteração na quantidade ofertada do mesmo (c.p.), e esse resultado significará um novo ponto dentro da mesma curva de oferta. Esse deslocamento se dá ao longo da curva de oferta, não gerando mudança na posição da curva de oferta como um todo. (DESLOCAMENTOS AO LONGO DA CURVA) IMPORTANTE: TODAS AS MODIFICAÇÕES OCORRIDAS, SEJA DA CURVA DE DEMANDA SEJA DE OFERTA, DEPENDEM MUITO DA INCLINAÇÃO DAS CURVAS, ASSIM COMO OS NOVOS P E Q DE EQUILÍBRIO DEPENDERÃO TAMBÉM DO DESLOCAMENTO DAS CURVAS. EQUILÍBRIO DE MERCADO O equilíbrio de mercado consiste na situação em que a demanda se iguala à oferta, ou seja, os desejos de compras se igualam aos desejos de venda de um determinado produto. Nesse ponto há o cruzamento da curva de oferta com a curva de demanda, em que as quantidades são as mesmas, e o preço encontrado será o preço de equilíbrio, que também será o mesmo. Graficamente: Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 9 AFT - MTE Prof. Nícia Araujo Economia do Trabalho Apostila Material 1 Numa situação em que há excesso de Oferta (acima do ponto de equilíbrio) haverá pressão para os preços diminuírem, pois: a. os vendedores percebem que não podem vender tudo o que desejam, seus estoques aumentam e assim passam a oferecer preços menores; b. Os consumidores percebem a fartura de bens e passam a negociar os preços. Numa situação em que há excesso de Demanda (abaixo do ponto de equilíbrio) haverá pressão para os preços subirem, pois: c. os compradores, incapazes de comprarem tudo o que desejam ao preço existente, se dispõem a pagar mais; d. os vendedores, ao perceberem a escassez, notam que podem elevar os preços sem queda em suas vendas. Denomina-se mecanismo de mercado, em mercados livres, a tendência de que o preço se modifique até que a quantidade ofertada e a quantidade demandada sejam iguais. Nesse ponto não haveria nem excesso nem escassez de oferta. Ao traçar essas curvas, estamos implicitamente assumindo que nos referimos a um mercado competitivo. DEMANDA NO MERCADO DE TRABALHO O mercado de fatores de produção funciona de maneira semelhante ao mercado de bens. Por que os médicos ganham em geral, salários mais altos 1 que os frentistas? O mercado de fatores de produção se difere do mercado de bens apenas por ser uma demanda derivada, ou seja, a demanda de uma empresa por um fator deriva de sua decisão de ofertar um bem em outro mercado. A demanda por engenheiros civis depende necessariamente da oferta da indústria da construção civil, assim como a demanda por frentistas está ligada à oferta de combustível. O trabalho acaba sendo, na maioria das vezes, um insumo na produção de outros bens, não um bem final já pronto para ser desfrutado pelos consumidores. Para entendermos melhor a demanda por mão-de-obra, precisamos focalizar as empresas que contratam a mãode-obra e a utilizam para produzir bens para a venda. Observando o elo entre a produção de bens e a demanda por mão-de-obra, podemos entender a determinação dos salários de equilíbrio. 1 Fatores de produção são os insumos usados para produzir os bens e serviços, tais como a mão-deobra, a terra, o capital e a tecnologia. 10 Atualizada 23/02/2010 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores AFT - MTE Prof. Nícia Araujo Economia do Trabalho Apostila Material 1 Primeiro consideraremos a situação de uma empresa produtora de geladeiras num mercado competitivo, tanto na oferta do seu bem como na demanda pela mão-de-obra. Como o mercado é competitivo, a empresa é tomadora de preço. Como há muitas empresas oferecendo o bem, uma única tem pouca influencia sobre o preço que recebe ou sobre o salário que paga aos seus funcionários. Um mercado em concorrência perfeita implica a existência de algumas hipóteses a serem cumpridas: 1. Produto Homogêneo. 2. Informação Perfeita/Transparência de Mercado 3. Inúmeros Vendedores (mercado atomizado). Um agente não tem como afetar o preço de mercado. 4. Inúmeros Compradores (mercado atomizado). 5. Perfeita Mobilidade de Recursos (não existem custos de transporte) 6. Não existem Barreiras à Entrada e à saída » Mobilidade de firmas 7. Tecnologia disponível 8. O preço é determinado pelo mercado 9. Os preços dos insumos são dados pelo mercado (as curvas de custos de produção são idênticas para todas as firmas do mercado de bens e serviços). 10. Maximização de lucros: hipótese da racionalidade. 11. Inexistência de externalidades Atualizada 23/02/2010 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 11 AFT - MTE Prof. Nícia Araujo Economia do Trabalho Apostila Material 1 Curva de demanda de mercado e da firma Individual Num mercado competitivo, a empresa adquire a mão-deobra a um salário W fixado pelo mercado, e vende seus produtos a um preço P, também fixado pelo mercado, ou seja, é uma empresa tomadora de preços e salários. Na sequência, consideramos também que a empresa seja maximizadora de lucro. Desta forma, ela não se importa diretamente com o número de empregados que possui ou com o número de bens que produz e vende, seu foco é o lucro (Receita Total – Custo Total). A oferta de geladeira pela empresa e sua demanda por trabalhadores são derivadas do seu objetivo principal de maximizar os lucros. A função de produção consiste na relação técnica entre a quantidade física de fatores de produção e a quantidade física do produto final em determinado período de tempo. No nosso exemplo, as geladeiras correspondem ao produto final e os empregados que irão produzi-las correspondem aos fatores de produção. Q = f (mão-de-obra, capital, matéria-prima) ou Q = f (L, K,...) » A quantidade produzida no tempo é uma função da mão de obra utilizada, do capital físico e das matériasprimas utilizadas. Um modelo de função que comumente representa as relações produtivas e o uso dos insumos é a função do tipo Cobb-Douglas: α β Q=A.K .L Q - produção A - tecnologia, que em geral, é tida como constante na análise K - capital L - mão-de-obra α e β indicam a participação na produção de K e L. Sobre essa função são necessárias algumas ponderações importantes antes de se prosseguir nos conceitos. Quando α + β = 1, se dobrarmos ambos os fatores a produção também dobrará. Se alterarmos apenas um dos fatores, a alteração na produção não será na mesma proporção. Isso significa rendimentos constantes de escala: se todos os fatores crescerem em dada proporção, a produção crescerá na mesma proporção. Se α + β < 1, temos rendimentos decrescentes de escala: todos os fatores de produção crescem numa mesma proporção e a produção cresce numa proporção menor. Aumentando em 20% os fatores de produção a produção aumenta apenas 10%, por exemplo. Quando α + β > 1, temos rendimentos crescentes de escala: Se todos os fatores de produção crescerem a uma mesma proporção, a produção crescerá numa proporção maior. Se aumentar em 20% a quantidade de L e de K, a 12 Atualizada 23/02/2010 produção aumenta mais do que 20%. Significa que a produtividade média dos fatores de produção aumentou. α+β =1 Rendimentos constantes de escala α+β <1 Rendimentos decrescentes escala α+β >1 Rendimentos crescentes de escala de Se todos os fatores crescerem em dada proporção, a produção crescerá na mesma proporção Todos os fatores de produção crescem numa mesma proporção e a produção cresce numa proporção menor Se todos os fatores de produção crescerem a uma mesma proporção, a produção crescerá numa proporção maior IMPORTANTE: ESSAS CONSIDERAÇÕES SÃO VÁLIDAS EXCLUSIVAMENTE PARA A FUNÇÃO DE PRODUÇÃO DO TIPO COBB-DOUGLAS. Esses fatores de produção utilizados nos processos produtivos são usados não apenas em proporções distintas como podem (ou não) ser alterados conforme haja mudanças na quantidade final dos bens a serem desenvolvidos. Quando há necessidade de aumentar a proporção dos fatores de produção para se aumentar a produção de mercadorias, então esses fatores são chamados de FATORES VARIÁVEIS. Por exemplo, para se aumentar a produção de geladeiras é necessário que se utilize mais borrachas, por exemplo. Este fator de produção (matériaprima) é chamado variável. Quando, ao contrário, pode-se aumentar a produção de um bem sem alterar a quantidade de uso de determinado fator, este será chamado FATOR DE PRODUÇÃO FIXO. Por exemplo, dentro uma mesma capacidade instalada é possível se produzir mais ou menos bens sem alterá-la. Há que se destacar que essa distinção dos fatores utilizase exclusivamente no curto prazo, pois, no longo prazo, todos os fatores são variáveis. O custo marginal corresponde ao aumento do Custo Total para se produzir uma unidade adicional do bem. Representa a variação do custo total a partir da variação da quantidade, é uma análise marginal. Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores AFT - MTE Economia do Trabalho Apostila Material 1 Prof. Nícia Araujo A receita marginal representa o faturamento obtido adicionalmente à venda de uma unidade a mais de produto. Dentro da análise de produção é importante destacar ainda alguns conceitos: PRODUTO TOTAL (PT): corresponde à quantidade total produzida em determinado período de tempo. PT = Q MDO (número de trabalhadores) 0 1 2 3 4 5 Produto Total (Produção) Q (unidades por semana) 0 100 180 240 280 300 Produto Marginal Trabalho PMgMDO ∆Q/∆MDO do = 100 80 60 40 20 MDO PT 10 10 10 10 10 10 0 1 2 3 4 5 0 3 8 12 15 17 PMeMDO PT/MDO 3 4 4 3,75 3,4 = Ex.: Produtividade média da mão-de-obra: PMeMDO = PT/MDO (produto por trabalhador) PRODUTIVIDADE MARGINAL: Variação do produto, dada uma variação de uma unidade na quantidade do fator de produção, em determinado período de tempo. Produtividade Marginal da Mão-de-obra: PMgMDO: ∆PT/∆MDO = ∆Q/∆MDO PRODUTIVIDADE MÉDIA: relação entre o nível do produto e a quantidade utilizada do fator de produção em determinado período. Ex.: Mão-de-obra K Valor do Produto Marginal do Trabalho VPMgMDO = P x PMgMDO $1000 800 600 400 200 Salário Lucro Marginal W ∆Lucro = VPMgMDO - W $500 500 500 500 500 $500 300 100 -100 -300 • • • Para tomarem uma decisão, os empresários racionais pensam “na margem”, ou seja, analisam o produto marginal do trabalho (o aumento da quantidade produzida originado por uma unidade adicional de mão-de-obra). O produto marginal é decrescente (lei dos rendimentos marginais decrescentes), à medida que o número de trabalhadores aumenta, o que conseguem agregar à produção é menor do que o primeiro funcionário agregava. À medida que mais e mais trabalhadores são contratados, cada trabalhador adicional contribui menos para a produção. No nosso exemplo, quando era apenas 1 trabalhador o número de unidades produzidas era 100, ao inserir mais um indivíduo o produto marginal desse acréscimo é de apenas 80 unidades. Dessa maneira, podemos concluir que quando a PmgL = 0, a produção será máxima. Informações importantes: Atualizada 23/02/2010 A produção total cresce enquanto o PmgL é positivo A produção total decresce enquanto PmgL é negativo PMgL atinge seu máximo no ponto em que a produção total muda a direção da concavidade da curva • Enquanto PMgL > PMeL, PMeL será crescente • Quando PMgL = PMeL, PMeL será máximo • Enquanto PMgL < PMeL, PMeL será decrescente • A receita marginal da mão-de-obra (RmgL) corresponde ao acréscimo na receita total decorrente da contratação de um trabalhador adicional. • RmgL = PRmgL = Rmg . PmgL • O custo marginal da mão-de-obra (CMgL) representa o acréscimo no custo total decorrente da contratação de um trabalhador adicional, que será igual ao valor do salário pago a esse empregado. CmgL = W O lucro é a maior preocupação da empresa, sendo assim, a decisão do número de trabalhadores a serem contratados passa pela análise de quanto de lucro cada um proporcionará para a firma. Lucro corresponde à receita menos o custo e o lucro de cada trabalhador adicional é sua contribuição à receita menos seu salário. A contribuição do trabalhador à receita é medida através da conversão do produto marginal (em unidades) no valor do produto marginal (em moeda). O valor do produto marginal é o produto marginal do insumo multiplicado pelo preço de mercado do produto. Esse resultado no nosso exemplo pode ser visualizado na quarta coluna da tabela acima. Sendo o preço constante (para as empresas competitivas), o valor do produto marginal diminui à medida que o número de trabalhadores aumenta, em virtude do produto marginal. Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 13 AFT - MTE Prof. Nícia Araujo No gráfico abaixo é possível visualizar o comportamento das empresas e o momento da sua decisão. A curva do valor do produto marginal tem inclinação negativa porque o produto marginal do trabalho diminui à medida que o número de trabalhadores aumenta. Há uma linha horizontal no gráfico que representa o salário de mercado. Para maximizar o lucro, a empresa contrata trabalhadores até o ponto em que as duas curvas se cruzam. Abaixo desse nível de emprego, o valor do produto marginal supera o salário, de modo que contratar mais um trabalhador aumentam o lucro. Acima desse nível, o valor do produto marginal é menor do que o salário, de modo que o trabalhador adicional não é lucrativo. Assim, uma empresa competitiva e maximizadora de lucro contrata trabalhadores até o ponto em que o valor do produto marginal do trabalho seja igual ao salário, e a curva de valor do produto marginal é a própria curva de demanda de mão-de-obra da empresa. Economia do Trabalho Apostila Material 1 irá repassar para os preços. Os preços mais altos implica em menor procura pelo produto (lei da demanda já vista anteriormente). Menor demanda pelos produtos obrigará as empresas a produzirem menos bens, e para isso, menos trabalhadores serão demandados, ou seja, menor nível de emprego. Essa redução no nível de emprego provocada pela redução da produção é chamada de efeito escala (efeito de produção). O efeito pode ocorrer também no sentido inverso, ou seja, aumento da produção gerando aumento de salário. É importante lembrar que o efeito escala não é o aumento ou redução de salário, e sim a alteração na produção gerando mudanças no nível de emprego. O aumento dos salários também tem influência sobre o uso do capital, outro fator de produção usado pelas empresas. Os salários mais altos vão incentivar as empresas a usarem mais tecnologia e dependerem menos de mão-de-obra. Isso ocorre porque as firmas dependem de insumos para produzir, se um deles fica mais caro ela vai tentar usar mais do outro que é relativamente mais barato. Então se houver um aumento de salários o nível de empregos cairá porque as empresas tendem a substituir a mão-de-obra por capital. Esse é o chamado efeito substituição. Da mesma maneira o inverso também ocorrerá. Salários menores tendem a aumentar o nível de emprego e reduzir o uso de capital no processo produtivo. DESLOCAMENTOS DA CURVA DE DEMANDA A curva de demanda por mão-de-obra apresenta comportamento e variantes similares à curva de demanda de bens, e como ela, terá alguns fatores que determinam variações na/da curva de demanda. A demanda pelo próprio bem é o primeiro e mais intuitivo desses fatores. Naturalmente, se a empresa observar uma maior procura pelos seus bens irá aumentar sua produção, demandando assim mais trabalhadores. A análise de demanda mostra que os salários são iguais à produtividade, medida pelo valor do produto marginal do trabalho. Assim, trabalhadores mais produtivos são mais bem pagos e trabalhadores menos produtivos recebem salários menores. A maximização do lucro da empresa competitiva se dá quando a RMgL se iguala ao CMgL. Preço do produto Quando o preço do produto muda, o valor do produto marginal (P x PMg) também muda, e a curva de demanda de mão-de-obra se desloca. Um aumento no preço do bem aumenta o valor do produto marginal de cada trabalhador, aumentando também a demanda de mão-deobra por parte das empresas. Inversamente, uma queda no preço diminui o valor do produto marginal e a demanda por trabalhadores. Se RmgL > CmgL , haverá estímulos a contratar ou aumentar a quantidade de trabalhadores. Se RmgL < CmgL , haverá estímulos para demitir ou reduzir a quantidade de mão-de-obra. Lembrando que RmgL = PRmgL = VPmgL = PmgL . Rmg, e RMg = P RmgL = PRmgL = VPmgL = P . PmgL Sendo CMgL = W Então P . PMgL = W W representa o salário nominal do trabalhador, ou seja, o que ele recebe por hora trabalhada em moeda corrente. O salário real (W/P) é a remuneração medida em moeda constante, ou seja, representa o poder de compra do indivíduo. Uma relação importante a ser considerada é a que ocorre entre custos e salários. Um aumento dos salários representa um aumento de custos para as empresas, que Mudanças tecnológicas O avanço da tecnologia aumenta o produto marginal do trabalho, que aumenta a demanda de mão-de-obra. Esse avanço tecnológico explica o crescimento persistente do número de empregos frente aos salários crescentes nos Estados Unidos, por exemplo. O preço da tecnologia também influencia a demanda por mão-de-obra em virtude dos efeitos escala e substituição. Uma redução no preço do capital gera uma redução de custos da empresa, que irá repassar ao preço dos seus produtos. Preços menores implicam em maior demanda, que leva a uma maior produção. Para aumentar a produção, as empresas demandarão mais trabalhadores, aumentando o nível de emprego. O deslocamento será de toda a curva de demanda, e não ao longo dela. Se observarmos bem, veremos que a redução no preço do capital gera dois efeitos sobre a demanda por mão-deobra: o efeito escala e o efeito substituição. O efeito escala leva a uma maior demanda por mão-de-obra, 14 Atualizada 23/02/2010 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores AFT - MTE Prof. Nícia Araujo enquanto o efeito substituição leva a uma redução nessa procura. Qual prevalecerá? Não é possível responder essa pergunta apenas baseando-se na teoria econômica. É preciso conhecer o impacto efetivo de cada um deles para em seguida concluir qual terá o efeito que irá se sobrepor. P P A oferta de outros fatores A quantidade disponível de um fator de produção pode afetar o produto marginal de outros fatores. Uma diminuição na oferta de ferramentas, por exemplo, reduzirá o produto marginal dos funcionários da fábrica de geladeiras, e com isso, a demanda por eles. ELASTICIDADES Medida de sensibilidade de uma variável em relação à outra. Trata-se de um número que informa a variação percentual que ocorrerá em uma variável como reação a uma variação de 1% em outra variável. ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA (Ep) As mudanças nos preços dos bens provocam mudanças nas quantidades procuradas. Vamos analisar o grau em que a quantidade demandada responde a uma variação nos preços. Devemos medir a sensibilidade da Demanda a mudanças nos Preços através da elasticidade preço da Demanda (Ep). Nesse caso, relaciona-se a variação percentual da quantidade com a variação percentual do Preço. Ep = Variação percentual da Quantidade procurada do bem x para cada unidade de variação percentual no preço do bem x. Matematicamente: A elasticidade varia entre zero e infinito. i) Demanda inelástica » |Ep| < 1 A variação percentual da quantidade procurada é menor que a variação percentual dos preços. Isso tende a ocorrer quando não há substitutos próximos. ii) Demanda de elasticidade unitária » |Ep| = 1 Há igualdade entre as variações percentuais de preço e quantidade. iii) Demanda elástica » |Ep| > 1 A variação percentual da Quantidade procurada é maior que a variação percentual dos preços. Tende a ocorrer quando há substitutos próximos. Há alguns casos particulares extremos: Ep = 0 » Demanda perfeitamente inelástica. Qualquer variação no preço não provocará variação na quantidade procurada. Economia do Trabalho Apostila Material 1 D D QQ Ep → ∞ » Demanda completamente elástica. A quantidade procurada pode variar sem que haja modificação no preço. P P DD Q Q Fatores que influenciam a elasticidade preço da demanda: a) A existência de bens substitutos. É de se esperar que quanto mais substitutos tiver o bem, maior deverá ser sua elasticidade, pois o consumidor poderá deixar de comprar o produto cujo preço aumentou e buscar outro que lhe seja concorrente. b) O peso do bem no orçamento. Se o bem for pouco substituível, quanto menor seu peso no orçamento, menor será sua elasticidade. Ex.: sal de cozinha c) Essencialidade do bem. Quanto mais essencial for o bem, menor deverá ser sua elasticidade preço. d) O tempo. No longo prazo a elasticidade da demanda tende a ser maior do que no curto prazo. Quando temos uma curva de demanda linear, que toca os eixos y e x no gráfico, no ponto que ela toca o eixo y temos a máxima elasticidade possível (EPD=∞), enquanto no ponto em que toca o eixo x temos a menor elasticidade possível (EPD=0). No ponto médio da curva, temos elasticidade unitária (EPD=1). Estas relações são válidas para qualquer demanda linear. ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA DO BEM X (Er) Er = variação percentual da quantidade procurada de um bem x, para cada unidade de variação percentual da renda do consumidor. Semelhante à análise anterior, procura-se medir o que ocorrerá quando houver uma variação na renda do consumidor. Normalmente quando se tem um aumento na renda espera-se que haja um aumento na quantidade procurada de qualquer bem. Assim a Er será maior que zero. Entretanto, quando os bens são inferiores a Atualizada 23/02/2010 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 15 AFT - MTE Prof. Nícia Araujo elasticidade renda será negativa, indicando a relação inversa entre a renda do consumidor e a procura do bem. ELASTICIDADE SALÁRIO DA DEMANDA (Ew) A elasticidade salário da demanda mede o impacto no nível de emprego (E) a partir de uma variação nos salários (W). Matematicamente: Ew = Var%E = ∆E/E = E2 –E1/E = W . ∆E Var%w ∆w/w W2 – W1/W E ∆W A análise dos valores segue as mesmas ponderações feitas para a elasticidade preço da demanda: i) Demanda inelástica » |Ew| < 1 A variação percentual no nível de empregos é menor que a variação percentual dos salários. ii) Demanda de elasticidade unitária » |Ew| = 1 Há igualdade entre as variações percentuais de salário e emprego. iii) Demanda elástica » |Ew| > 1 A variação percentual da quantidade demandada de emprego é maior que a variação percentual dos salários. De acordo com as leis de Hicks-Marshall da demanda derivada, a elasticidade da demanda do próprio salário para uma categoria de mão-de-obra é elevada sob as seguintes condições (coeteris paribus): • Quando a elasticidade preço da demanda do produto que é produzido por esta categoria de mão-de-obra é elevada; • Quando outros fatores de produção podem substituir facilmente a categoria da mão-de-obra; • Quando a oferta de outros fatores de produção é altamente elástica (isto é, o emprego de outros fatores de produção pode ser aumentado sem aumentar substancialmente seus preços); e • Quando o custo de empregar a categoria de mão-deobra constitui uma grande parcela dos custos totais de produção. As quatro leis da demanda derivada são: 1. Demanda para o produto final 2. Possibilidade de substituição de outros fatores 3. Oferta de outros fatores 4. A participação da mão-de-obra nos custos totais ELASTICIDADE SALÁRIO DA DEMANDA CRUZADA Quando há diferentes especialidades de mão-de-obra capazes de serem afetadas por variações de salários umas das outras, podemos calcular esse impacto, que é representado pela elasticidade salário da demanda cruzada. A elasticidade da demanda pelo insumo x com relação ao preço do insumo y é a mudança percentual na demanda pelo insumo x induzida por uma mudança percentual no preço do insumo y. Se esses dois insumos são categorias ou especialidades de mão-de-obra, temos então a elasticidade salário da demanda cruzada. Matematicamente: Essa análise é válida para saber se os insumos são complementos ou substitutos brutos. Ter a informação de que são substitutos na produção não é suficiente para fazermos outras conclusões, é preciso antes ver o 16 Atualizada 23/02/2010 Economia do Trabalho Apostila Material 1 impacto dos efeitos escala e substituição. Pode-se resumir da seguinte maneira: Se Ewc > 0, o emprego de um insumo aumenta quando aumenta o preço de outro insumo, e vice-versa. Neste caso, os dois insumos são substitutos brutos e o efeito substituição sobrepõe o efeito escala. Se Ewc < 0, o emprego de um insumo diminui quando aumenta o preço de outro insumo, e vice-versa. Neste caso, os dois insumos são complementos brutos e o efeito escala sobrepõe o efeito substituição. CUSTOS NÃO SALARIAIS Os custos que o empresário tem com a mão-de-obra não se resumem aos custos salariais (w), há outros igualmente importantes que precisam ser mensurados e analisados, e correspondem ao que chamamos em custos não salariais. Benefícios do empregado Há benefícios aos empregados que não se enquadram na ótica salarial, e vão além dos custos de contratação e treinamento. Estes benefícios incluem as contribuições requeridas legalmente para o seguro social e benefícios fornecidos não oficiais (pagamentos de feriados, licenças médicas, pausas ao longo do tempo de trabalho, refeições do empregado, creche, etc). Custos de contratação e treinamento O treinamento e a contratação de novos funcionários pelas empresas representam custos significativos, que muitas vezes podem passar despercebidos numa análise superficial do mercado de trabalho. Os custos de contratação incluem os custos envolvidos com o anúncio das vagas (disponibilização em jornais, internet, etc), seleção dos melhores candidatos, e o processamento dos candidatos bem avaliados que receberam a oferta de emprego. Não se pode esquecer que existem custos para manter os funcionários na folha de pagamentos (pois já foram contratados), além de despesas de computação e emissão de cheques para pagamentos, envio de formulários ao governo, etc. Ao serem contratados, os empregados passarão por um treinamento dentro da firma, e serão parte de programas de orientação. Até terem pleno conhecimento do funcionamento normal da empresa a produtividade destes funcionários será menor, e irá se elevar com o passar do tempo. Os custos incorridos com o treinamento podem ser classificados em: • Os custos monetários explícitos de empregar indivíduos para servir como instrutores e os custos dos materiais empregados durante o processo de treinamento; • Os custos implícitos ou de oportunidade de emprego do equipamento de capital e de funcionários experientes para efetuar o treinamento em situações menos formais • Os custos de oportunidade do tempo do indivíduo sob treinamento As empresas que escolhem pagar baixos salários podem atrair um grande número de candidatos inexperientes e devem estar preparadas para assumirem períodos maiores de treinamento, além de suportarem maiores riscos de perder estes funcionários que treinaram para empregadores que oferecerem salários mais altos no futuro. Os custos de se contratar e treinar um funcionário, assim como os custos relativos aos benefícios, não são Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores AFT - MTE Prof. Nícia Araujo proporcionais ao número de horas trabalhadas, e sim ao número de empregados da empresa. Por isso, em muitos casos sai mais barato para a empresa pagar horas extras aos funcionários que elas já possuem do que contratar e treinar novos. A OFERTA DE MÃO-DE-OBRA Um dos tradeoffs mais importantes para os indivíduos é aquele entre trabalho e lazer. Quanto mais horas você passar trabalhando, menos horas terá para jantar com amigos, sair com a família, praticar seu hobby preferido. Esse tradeoff está por detrás da curva de oferta de mãode-obra. Essa relação de custo benefício move as decisões das pessoas, pois se deve considerar o quanto custa ter uma hora de lazer a mais, ou seja, do que o indivíduo deve abrir mão para obter uma hora a mais de lazer? Para ter mais lazer é preciso menos horas de trabalho, o que por sua vez implica em menos salários. O custo de oportunidade de uma hora de lazer corresponde ao valor de uma hora de salário. Esse é o primeiro fator que determina a demanda por lazer. A relação entre lazer e oferta de trabalho pode ser sintetizada da seguinte maneira: À medida que a renda aumenta, mantidos os salários constantes, aumentará a demanda por lazer, e consequentemente, diminuirá a oferta de trabalho. Essa relação é chamada efeito renda (que será negativo). Tendo salários (w) constantes Se houver variação nos salários, mas a renda se mantiver constante, o impacto será diferente. Se a renda for mantida constante, um aumento no salário provocará um aumento na oferta de trabalho, e consequente redução na demanda por lazer. Isso é o que chamamos de efeito substituição (que será positivo). Tendo renda constante Os dois efeitos, em geral, ocorrem simultaneamente. Entretanto, há situações em que é possível acontecer o efeito renda puro (ganhar na loteria, por exemplo) ou o efeito substituição puro (por exemplo quando há aumento de impostos indiretos, mas o governo reduz a alíquota do imposto de renda para não reduzir o poder aquisitivo da população). Quando ocorrerem os dois efeitos ao mesmo tempo, é preciso saber qual prevalecerá. Se o efeito renda for dominante, o indivíduo responderá a um aumento salarial reduzindo sua oferta de trabalho. Se o efeito substituição for dominante, a pessoa responderá a um aumento salarial aumentando sua oferta de trabalho. Há ainda outros fatores que influenciam a demanda por lazer tais como a disponibilidade financeira, conjunto de preferências, dentre outros. A oferta de mão-de-obra reflete a maneira como as decisões dos trabalhadores sobre o tradeoff trabalho-lazer respondem a uma mudança daquele custo de oportunidade. Uma curva de oferta de mão-de-obra com inclinação ascendente significa que um aumento do salário induz os trabalhadores a aumentar a quantidade de trabalho que ofertam. Como o tempo é limitado, mais horas de trabalho significam que eles estão tendo menos tempo para o lazer. Ou seja, os trabalhadores reagem ao Atualizada 23/02/2010 Economia do Trabalho Apostila Material 1 aumento no custo de oportunidade do lazer desfrutando menos dele. A depender do efeito renda ou substituição que prevalecer, a curva de oferta terá uma configuração. O gráfico abaixo mostra a curva reversa, que representa os distintos momentos em que cada um dos efeitos prevalecem. Antes de nos aprofundarmos no estudo da oferta e seus determinantes é preciso compreendê-la um pouco melhor, compreender o que move o indivíduo a ofertar mais ou menos quantidade de mão-de-obra. O empresário deseja maximizar seus lucros, analogamente o trabalhador deseja maximizar sua utilidade (satisfação). O tempo do trabalhador será dividido entre lazer e trabalho de forma a atingir o máximo de satisfação possível. Esse nível de utilidade varia conforme o indivíduo, cada trabalhador possui um conjunto de preferências, com pesos distintos entre elas. A utilidade representa o nível de satisfação que uma pessoa obtém ao consumir um bem ou ao exercer uma atividade. A utilidade (U) do trabalhador pode ser dividida entre o que ele gastará com consumo e com lazer, expressa como uma função: U = f (C, L), sendo C o consumo e L o lazer. Essa função pode ser uma função do tipo Cobb-Douglas (U = Cα.Lβ), como vimos para a produção, como também funções simples, do tipo U = 3C + 2L ou U = C/L. O conceito de utilidade é originário da teoria do consumidor. Nasce a partir do que chamamos de curvas de indiferença. Uma curva de indiferença representa todas as combinações de cestas de mercado que fornecem o mesmo nível de satisfação a uma pessoa, que é, portanto, indiferente em relação às cestas de mercado representadas pelos pontos ao longo da curva. Veja os gráficos que se segue. Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 17 AFT - MTE Prof. Nícia Araujo Economia do Trabalho Apostila Material 1 consumidor fosse indiferente entre as duas cestas de mercado. Se sobre uma outra curva de indiferença U’ estivessem tanto A como D, deveria ser indiferente às duas cestas de mercado. Conseqüentemente, o consumidor deveria ser indiferente em relação a B e D. Isso, entretanto, não pode ser verdadeiro, pois a cesta de mercado B deve ser preferível em relação á cesta D, já que a cesta B possui um número maior de unidades, tanto de alimento quanto de vestuário, do que a cesta D. Ao longo de uma curva de indiferença um consumidor apresenta as cestas de mercado que fornecem o mesmo nível de satisfação, o que pode ser visto na figura acima entre as cestas A, B, C, D e E. As premissas básicas do consumidor ajudam a compreender o comportamento das curvas de indiferença: As preferências são completas. Dois consumidores poderiam comparar e ordenar todas as cestas de mercado. Essas preferências não levam em conta os preços dos produtos, pois eu posso preferir uma coisa a outra e comprar a segunda por ser mais barata. As preferências são transitivas. Isso significa que se um consumidor prefere a cesta de mercado A em vez da cesta B e prefere B em vez de C, então ele também prefere A em vez de C. Essa premissa assegura que as preferências do consumidor sejam racionais. Todas as mercadorias são boas, ou seja, desejáveis, de maneira que não se levando em consideração os preços, os consumidores sempre preferem quantidades maiores de uma mercadoria. As mercadorias indesejáveis, nós tiramos da análise agora para depois incluir. As curvas de indiferença são convexas (arqueadas para dentro). Isso significa que a inclinação da curva de indiferença aumenta (fica menos negativa) à medida que nos movimentamos para baixo ao longo da curva As curvas de indiferença não podem se interceptar. Se ocorresse uma interseção haveria uma contradição nas premissas a respeito do comportamento do consumidor. Imagine 2 curvas de indiferença U e U’. Supondo que os pontos A e B estejam sobre a mesma curva de indiferença U, seria necessário que o 18 Atualizada 23/02/2010 A suposição de que as curvas de indiferença poderiam se interceptar contradiz a premissa de que mais é preferível a menos. Na realidade, cada cesta de mercado (correspondendo a um ponto do gráfico) tem uma curva de indiferença passando através dela. A Ordenação ordinal posiciona as cestas de mercado na seqüência de maior preferência para de menor preferência, não indicando, porém, em que medida uma determinada cesta é preferível em relação à outra. Assim, sabemos que o consumo de qualquer cesta sobre a curva de indiferença à direita, é preferível ao consumo de qualquer cesta de mercado sobre a curva do meio ou à esquerda. Entretanto, a proporção pela qual A é preferível em relação a B não é revelada pelo mapa de indiferença. Uma organização ordinal é suficiente para nos ajudar a explicar de que forma é tomada grande parte das decisões individuais. No caso do indivíduo que compõe sua utilidade de lazer e consumo, a curva de indiferença refletirá as opções de unidades dessas duas variáveis que permitem igual satisfação pessoal. Dentro da curva de indiferença, para sair de uma cesta de bens e passar para outra, o consumidor estará disposto a mudar a quantidade de cada um dos bens que compõe a cesta. Isso significa que ele vai desistir de algumas unidades de um bem, para obter mais unidades de outro bem. “A inclinação negativa de uma curva de indiferença de um consumidor é a medida de sua taxa margina de substituição (TMS) entre dois bens.” A TMS mostrará o quanto de consumo o consumidor estará disposto a se desfazer para ter unidades a mais de lazer. A TMS será sempre negativa e tem seu valor absoluto igual à inclinação da curva de indiferença naquele ponto. O indivíduo determina seu consumo não somente de acordo com suas preferências, suas escolhas são também influenciadas pelas restrições orçamentárias, as Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores AFT - MTE Prof. Nícia Araujo quais restringem a possibilidade de opções em virtude dos diferentes preços a serem pagos. “A linha do orçamento indica todas as combinações de C e L para as quais o total de dinheiro gasto seja igual à renda disponível”. A combinação desses bens será dada por: PL . L + PC . C= I sendo I a renda Como os preços não mudam, a quantidade de vestuário que pode ser trocada por alimentação deve ser a mesma em qualquer ponto ao longo da linha do orçamento, de maneira que esta linha será uma reta entre os pontos A e E. Se considerarmos hipoteticamente dois bens vestuário e alimento, dada uma renda de 80, a linha pode ser expressa por: A + 2V = 80 Economia do Trabalho Apostila Material 1 alimento por vestuário é maior do que a inclinação da linha do orçamento. Isso sugere, por exemplo, que se o consumidor possuísse mais vestuário do qual pudesse desistir para poder obter uma quantidade maior de produtos alimentícios, ele ficaria feliz em poder fazê-lo. Mas nesse ponto, o consumidor já está consumindo tudo em alimento, nada em vestuário, de forma que seria impossível vê-lo adquirir quantidades negativas deste último. Em soluções de canto, a TMS do consumidor não se iguala à razão entre os preços TMS≥PA/PV. Sabemos que a linha do orçamento depende da renda e dos preços das mercadorias. E ambos sofrem constantes modificações. Vamos ver então como essas modificações influenciam na linha do orçamento. MODIFICAÇAO DA RENDA A partir da equação da linha da reta, podemos perceber que uma modificação na renda altera o ponto de interseção da reta com o eixo vertical, mas não muda sua inclinação, já que o preço das mercadorias não foi alterado. Se a renda for elevada, a linha do orçamento desloca-se para a direita, mas será paralela à linha anterior. Se a renda dobra, por exemplo, um consumidor pode duplicar as quantidades adquiridas tanto de alimentação como de vestuário, ou consumo e lazer. Se a renda for reduzida à metade, a linha do orçamento desloca-se para a esquerda e a metade de mercadorias pode ser adquirida. O ponto de interseção com o eixo vertical é representado pela cesta de mercado A. À medida que vai se movendo ao longo da linha até a cesta E, um consumidor gasta menos com vestuário e mais com alimentação. Na figura a inclinação da linha ∆V/∆A = -1/2 mede o custo relativo de alimento e vestuário, ou seja, meia unidade de vestuário deve ser abandonada para a obtenção de 1 unidade de alimento. Dividindo toda a equação do início por PV, e resolvendo-a para determinar V, encontraremos a quantidade de V que deverá ser abandonada para que se possa consumir mais de A: Esta equação é uma linha reta, o intercepto no eixo vertical ocorre em I/PV e sua inclinação é – (PA/PV). A magnitude dessa inclinação nos informa sobre a proporção segundo a qual as duas mercadorias podem ser trocadas sem a ocorrência de alteração na quantidade de dinheiro total gasto. Pode ocorrer, como neste exemplo, de os consumidores não escolherem uma cesta com quantidades positivas de todas as mercadorias, ou seja, podem não consumirem determinados produtos e/ou serviços. Ao observarmos as curvas de indiferença podemos identificar em que condições os consumidores optam por não consumir uma determinada mercadoria. Quando um indivíduo prefere consumir apenas uma mercadoria e seria capaz de se desfazer de todas as unidades possíveis da outra para obter a primeira, chamamos solução de canto, porque quando uma das mercadorias não é consumida, a cesta adquirida é indicada no canto do gráfico no ponto de chegada da linha do orçamento. Nesse ponto, o ponto de máxima satisfação, a taxa marginal de substituição de Atualizada 23/02/2010 MODIFICAÇOES NOS PREÇOS Quando há alteração nos preços o que vai mudar é a inclinação da reta. Se o preço do alimento for alterado e do vestuário não, o ponto de interseção com o eixo vertical não será alterado. Por exemplo, supondo que o preço do alimento caia para $0,50, a inclinação será agora – ¼. Essa nova linha do orçamento será obtida através de uma rotação para a direita da primeira linha do orçamento. Se ao contrário, o preço do alimento duplica, passando de $1 para $2, a linha do orçamento se desloca para a esquerda, e mais uma vez, não muda o ponto de interseção com o eixo vertical. Nesse caso há redução do poder aquisitivo das pessoas. Se os preços das duas mercadorias se alterassem, de maneira que a razão entre os dois preços permanecesse a mesma, então a inclinação da curva não se alteraria, haveria apenas modificação nos pontos de interseção com os eixos. O deslocamento da curva seria paralelo ao anterior. Isso permite conclusões acerca do poder aquisitivo do consumidor. Este é determinado não apenas por sua renda, mas também pelos preços. Se todos os preços das mercadorias que um indivíduo consome caíssem pela metade, seu poder aquisitivo dobraria, assim como se sua renda duplicasse. Se todos os preços sofressem alteração proporcional à renda, a linha do orçamento não sofreria alteração, já que a inclinação da curva não mudaria, assim como o ponto de interseção. Tendo esse conhecimento podemos agora definir as escolhas do consumidor. Supomos primeiro que o consumidor fará a escolha de maneira racional, ou seja, ele decide as quantidades de cada bem visando maximizar o grau de satisfação que poderá obter, considerando os orçamentos limitados de que dispõe. Para que sua cesta seja maximizadora, há duas condições: Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 19 AFT - MTE Prof. Nícia Araujo I) Ela deverá estar sobre a linha do orçamento. Qualquer cesta à direita não poderá ser adquirida com a renda disponível, ou à esquerda estará deixando de usar determinada renda disponível, podendo aumentar o grau de satisfação. A escolha do consumidor vai depender da escolha de um ponto de maior satisfação na linha do orçamento. II) A cesta de mercado maximizadora da satisfação deverá dar ao consumidor sua combinação preferida de bens e serviços. Essas condições podem ser visualizadas no gráfico abaixo. Nesse gráfico há 4 curvas de indiferença que descrevem as preferências do consumidor em termos de dois bens. Quanto mais à direita, maior o grau de satisfação. No ponto E, a linha do orçamento e a curva de indiferença U2 são tangentes, e nenhum nível mais elevado de satisfação pode ser obtida. Neste ponto E, a TMS entre os dois bens é igual à razão entre os preços. Em B, a TMS é maior que a relação entre os preços, então a satisfação não é maximizada. A cesta maximizadora estará situada sobre a curva de indiferença mais elevada com a qual a linha do orçamento tenha contato. Isso significa o ponto que: ou O conceito de utilidade marginal complementa a análise de decisão do indivíduo. A utilidade marginal (UMg) mede a satisfação adicional obtida mediante o consumo de uma quantidade adicional de um bem. O Princípio da UMg decrescente descreve que à medida que se consome mais de uma determinada mercadoria, cada unidade a mais que for consumida propiciará adições cada vez menores de utilidade. Utilidade Marginal do Lazer (UmgL): Corresponde ao aumento da utilidade total do individuo em virtude do aumento de uma unidade a mais de lazer. As utilidades marginais também seguem as mesmas propriedades que as produtividades marginais, a quantidade de consumo que maximiza a utilidade é calculada igualando-se a utilidade marginal do consumo a zero, analogamente ao que era feito na teoria da 20 Atualizada 23/02/2010 Economia do Trabalho Apostila Material 1 produção já vista. O mesmo cálculo pode ser feito com a utilidade marginal do lazer. As diferentes combinações de bens ou serviços que maximizam a utilidade para o indivíduo podem ser colocadas num gráfico. A curva resultante corresponde à utilidade. No gráfico abaixo temos um exemplo considerando os bens vestuário e alimentação. Como todos os pontos de uma curva de indiferença fornecem o mesmo nível de utilidade, o ganho total de utilidade associado ao aumento de A deverá equilibrar a perda resultante do consumo menor de V. Formalmente: UMgA (∆A) + UMgV (∆V) = 0 Reescrevendo:- (∆V)/ (∆A) = UMgA/UMgV Analogamente, o consumidor que considera lazer e consumo como as variáveis que geram satisfação, então a TMS será: Esta equação nos informa que a TMS é igual à razão entre a Umg de L e a UMg de C , ou seja, à medida que o consumidor desistir de quantidades maiores de C para poder obter quantidades adicionais de L, a utilidade marginal de C cairá e a UMg de L aumentará. Se TMS igual à razão entre os preços, então: isso significa que a maximização da utilidade é obtida quando o orçamento é alocado de tal forma que a utilidade marginal por moeda gasta é igual para ambas as mercadorias. Os indivíduos irão escolher as horas de lazer a serem demandadas de tal modo que a razão das utilidades marginais do lazer e consumo seja igual à razão do valor do salário e do preço do bem a ser consumido. A partir desses conceitos podemos definir melhor as características da curva de oferta, seus determinantes e seus movimentos. Num mercado competitivo, a oferta de mão-de-obra se apresente como uma curva horizontal: a um dado salário W, a firma não tem como influenciar sozinha essa oferta, nem mesmo os empregados. Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores AFT - MTE Prof. Nícia Araujo DESLOCAMENTOS DA CURVA DE OFERTA Da mesma maneira que a curva de demanda por mão-deobra, a curva de oferta também sofre impacto em virtude de algumas variáveis. A mudança no salário (preço da mão-de-obra) ocasionará deslocamento ao longo da própria curva, salários maiores, maior oferta, salários menores levam a menor oferta de trabalhadores. Mudanças das preferências A participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou nas últimas décadas, e há, como sabemos, várias explicações para isso. Uma delas é a mudança das preferências ou atitudes em relação ao trabalho. Antes era regra as mulheres ficarem em casa cuidando dos filhos, hoje, as famílias são menores e mais mães optam por trabalhar. O resultado é um aumento da oferta de mão-de-obra. Mudança das oportunidades alternativas Para os trabalhadores a análise do quão viável é trabalhar em um determinado setor não é apenas absoluta. É necessário se fazer uma comparação com outras ocupações e os seus respectivos salários. Se num determinado setor A o salário aumenta significativamente, os trabalhadores do setor B podem optar por deixarem seu setor e se deslocarem para o setor A, aumentando a oferta de mão-de-obra neste setor, e consequente redução no outro. Imigração A movimentação entre pessoas no mundo inteiro é uma fonte frequentemente importante dos deslocamentos da oferta de mão-de-obra. Quando brasileiros deslocam-se para os Estados Unidos em busca de emprego, por exemplo, a oferta de mão-de-obra neste país aumenta enquanto que no Brasil diminui. Grande parte da discussão política a respeito da imigração recai nos efeitos que ela provoca no mercado de trabalho. Economia do Trabalho Apostila Material 1 Representa a variação percentual da quantidade ofertada do bem x para cada unidade de variação percentual no preço do bem x. Eo > 1 » oferta elástica Eo = 1 » elasticidade unitária Eo < 1 » oferta inelástica. Os resultados serão positivos porque as variações de preço e quantidade são no mesmo sentido. Quando há elevação do preço há também aumento da quantidade oferecida (lembre-se da relação direta que permeia Preço e Quantidade ofertada do bem). CASOS PARTICULARES Eo = 0 » Oferta completamente inelástica: A qualquer preço a quantidade ofertada será a mesma P P D D QQ Ep →∞ » Oferta perfeitamente elástica: Mesmo sem haver alteração no preço a oferta irá variar. P P DD Quando as alterações na demanda e na oferta por mão-de-obra forem ocasiadas por mudanças salariais, os deslocamentos ocorrerão ao longo das curvas. Quando as mudanças originarem-se em outras variáveis, haverá o deslocamento das curvas. Q Q ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA DO BEM X (Eo) Atualizada 23/02/2010 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 21 AFT - MTE Prof. Nícia Araujo ELASTICIDADE SALÁRIO DA OFERTA Corresponde à variação percentual na oferta de emprego em virtude de variações nos salários. Matematicamente: Segue as mesmas propriedades das elasticidades vistas anteriormente: Eo > 1 » oferta elástica Eo = 1 » elasticidade unitária Eo < 1 » oferta inelástica Economia do Trabalho Apostila Material 1 Efeito renda = efeito renda-ordinário + efeito rendadotação EQUILÍBRIO NO MERCADO DE TRABALHO Ao colocarmos no mesmo gráfico as curvas de oferta e demanda por mão-de-obra, temos o equilíbrio no mercado de trabalho. A elasticidade salário da oferta normalmente será positiva em virtude da curva de oferta ser, na maioria das vezes, positiva. Entretanto, quando o efeito renda supera o efeito substituição a curva de oferta de trabalho é negativamente inclinada e, conseqüentemente, a elasticidade da oferta será negativa (pois ∆E e ∆W caminharão em sentidos opostos). Podemos concluir que: Se a elasticidade da oferta é positiva, a curva de oferta de trabalho será positivamente inclinada e o efeito substituição superará o efeito renda; Se a elasticidade da oferta é negativa, a curva de oferta de trabalho será negativamente inclinada e o efeito renda superará o efeito substituição. Conceitos importantes sobre oferta: SALÁRIO DE RESERVA Corresponde ao salário que torna o indivíduo indiferente não ofertar nenhuma hora de trabalho ou ofertar algumas horas de trabalho. Também pode ser considerado como o salário mínimo para que um indivíduo oferte seu trabalho. Isso nos permite três definições: 1) abaixo do salário de reserva: caso o salário oferecido seja menor que o salário de reserva, serão ofertadas ZERO horas de trabalho; 2) ao nível do salário de reserva: caso o salário oferecido seja exatamente igual ao salário de reserva, a pessoa será indiferente entre ofertar ZERO horas de trabalho ou ofertar horas positivas de trabalho; 3) acima do salário de reserva: caso o salário oferecido seja maior que o salário de reserva, serão ofertadas horas positivas de trabalho. RENDAS ECONÔMICAS Pode ser entendida coma a quantia em que o salário de mercado supera o salário de reserva em um emprego particular, ou seja, corresponde à diferença entre os pagamentos destinados à mão-de-obra e o mínimo valor que teria de ser gasto para poder contratar o uso dessa mão-de-obra. EFEITO RENDA-ORDINÁRIO E EFEITO RENDADOTAÇÃO O efeito renda-ordinário é o efeito renda que já vimos, e representa a alteração na demanda proveniente de uma alteração na renda do consumidor. A dotação reflete os bens que o consumidor possui e que, por sua vez, podem ser transformados em renda. Esta dotação poderá ser utilizada para comprar outros bens. Ou seja, em muito se assemelha à própria renda, pois a dotação pode ser revertida para o consumo. Basicamente, a diferença é que, quando há alterações nos preços dos bens, teoricamente, não há alteração de renda, mas há alteração da dotação. 22 Atualizada 23/02/2010 É importante lembrar aqui de duas considerações já analisadas: o salário se ajusta para equilibrar a oferta e a demanda por mão-de-obra e o salário é igual ao valor do produto marginal do trabalho. Quando o mercado está em equilíbrio, cada empresa comprou a quantidade de mãode-obra que julgou ser lucrativa ao salário de equilíbrio. Ou seja, cada emprega buscou a regra de maximização do lucro, contratou trabalhadores até que o valor do produto marginal fosse igual ao salário. Assim, o salário precisa ser igual ao valor do produto margina do trabalho já que trouxe a oferta e a demanda ao equilíbrio. Podemos concluir a partir disso que qualquer evento que altere a oferta ou a demanda de mão-de-obra deve alterar o salário de equilíbrio e o valor do produto marginal no mesmo montante porque eles devem ser sempre iguais. Para compreendermos bem essa conclusão vamos ver alguns eventos que geram deslocamentos nessas curvas. Deslocamentos na oferta Imagine que a imigração aumentou o número de trabalhadores no país, isso significa que a curva de oferta de mão-de-obra deslocar-se-á para a direita, como pode ser visto no gráfico. Tendo como referência o salário inicial, nesse ponto a oferta excede a demanda, o que pressiona para baixo o salário dos indivíduos. Essa queda de salário faz com que seja lucrativo para as empresas contratarem mais trabalhadores. À medida que o número de trabalhadores aumenta, o produto marginal do trabalhador diminui e, com ele, o valor do produto marginal. No novo equilíbrio, tanto o salário quanto o valor do produto marginal do trabalho são menores do que eram antes do influxo de novos trabalhadores. Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores AFT - MTE Prof. Nícia Araujo Economia do Trabalho Apostila Material 1 O monopólio representa a situação em que existe apenas uma empresa que oferta um determinado bem, sem substitutos próximos. Isso faz com que a empresa tenha pleno poder sobre o preço da mercadoria. O oligopólio é uma estrutura de mercado em que há um pequeno número de empresas que domina o mercado. Por se tratar de um grupo pequeno produtor de bens, o poder de precificação é bastante elevado. A liderança é uma variável característica desse setor. Analogamente ao monopólio temos o monopsônio, no lado do comprador. Consiste na estrutura de mercado em que há apenas um comprador para um determinado bem/serviço/fator de produção. Deslocamentos da demanda Considere a hipótese do preço do produto ter se elevado. Esse aumento de preço não altera o produto marginal do trabalho a qualquer número dado de trabalhadores, mas eleva o valor do produto marginal. Com o preço mais alto do bem, contratar mais funcionários agora passa a ser lucrativo. Essa situação pode ser visualizada no gráfico abaixo. Haverá um deslocamento da demanda por trabalho, levando a um aumento do salário de equilíbrio assim como do número de empregos. Mais uma vez, o salário e o valor do produto marginal do trabalho movemse juntos. A prosperidade das empresas de um setor está, em muitos casos, ligada diretamente à prosperidade dos trabalhadores desse setor. Quando o preço do produto sobe, os vendedores desse bem obtêm maiores lucros e os funcionários ganham salários maiores. Quando o preço cai, os produtos auferem lucros menores e por conseguinte os funcionários ganham salários menores. Vimos assim que a oferta e a demanda de mão-de-obra determinam, num mercado competitivo, o salário de equilíbrio, e os deslocamentos da curva de oferta ou de demanda fazem com que o salário de equilíbrio se altere. Simultaneamente, a maximização do lucro por parte das empresas que demandam mão-de-obra garante que o salário de equilíbrio seja sempre igual ao valor do produto marginal do trabalho. Em mercados não competitivos algumas situações configuram-se de forma diferente. Atualizada 23/02/2010 MONOPÓLIO No monopólio o setor é a própria firma, pois há um único produtor que realiza toda a produção. Nesse sentido a oferta da firma é a oferta do setor, e a demanda da firma é a demanda do setor. Hipóteses: • A firma produz um bem para o qual não há substitutos perfeitos • Há concorrência entre os consumidores • Oferta por apenas uma unidade produtora com pleno poder de determinação de preços • Existem barreiras à entrada de firmas concorrentes. • A curva de RMe é igual à Demanda do mercado. • Fatores que intervém na aparição do monopólio e são barreiras à entrada de novas firmas: • Controle exclusivo de um fator produtivo por uma empresa ou domínio das fontes mais importantes de matéria-prima indispensáveis para a produção de um determinado bem. Ex.: mina de diamantes, exploração de petróleo; • Concessão de uma patente. A patente confere ao inventor o direito de fabricação exclusiva de um produto durante um período do tempo, no Brasil são 20 anos; • Controle estatal da oferta de determinados serviços (correios, telégrafos); • Porte do mercado e a estrutura de custos de indústrias especiais podem dar lugar a um monopólio natural (surge quando uma empresa diminui de maneira expressiva seu CMe por unidade de produto à medida que aumenta a produção, podendo satisfazer as necessidades do mercado de forma mais eficiente que muitas empresas). • Tradição no mercado. Marcas já estabelecidas dificultam a tentativa de entrada de outras empresas. É pouco provável que um monopólio se perpetue no longo prazo: as patentes tornam-se obsoletas; novos produtos e mais refinados são desenvolvidos por outras firmas; matérias-primas substitutas tornam-se disponíveis, etc. A manutenção do monopólio é mais factível quando o mercado é garantido por meio de leis governamentais como, por exemplo, serviços de utilidade pública como telefone e energia elétrica. Normalmente o monopolista não acredita que os lucros elevados que obtém a curto prazo possam atrair concorrentes, ou que os preços elevados possam afugentar os consumidores. Acredita que mesmo a longo prazo ele permanecerá como monopolista. E para que isso ocorra, não deve haver substitutos próximos deste bem. Como é apenas uma única firma: DEMANDA TOTAL DO MERCADO = DEMANDA PARA A EMPRESA Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 23 AFT - MTE Prof. Nícia Araujo Economia do Trabalho Apostila Material 1 P Demanda de mercado = Demanda da firma = RMe RMg Q Se o monopolista quiser vender mais, o preço terá que cair. Se produzir menos, o preço subirá. Ou seja, o monopolista tem controle sobre o preço. A expressão da demanda por trabalho em um monopólio é: Rmg . PmgL = W (função dos salário nominais) ou, dividindo os dois lados por P: (Rmg . PmgL)/P= W/P (função dos salário reais) IMPORTANTE: No monopólio o PRmgL (Produto da Receita marginal da mão-de-obra) se iguala ao salário nominal (W), já na concorrência perfeita o VPmgL (Valor do produto marginal da mão-de-obra) é que se iguala ao sallário nominal. Perceba que o PRmgL (Rmg.PmgL) será sempre menor que o VPmgL(P.PmgL), porque a Rmg sempre é menor que P. dada uma quantidade de trabalhadores, o valor marginal de uma unidade adicional será menor para o monopolista do que para a empresa competitiva. Mantendo-se os outros fatores constantes, o nível de emprego e a produção são mais baixos no monopólio do que sob a competição. Não se pode concluir a partir daí que os salários pagos no monopólio são necessariamente diferentes dos pagos em concorrência perfeita, os níveis de emprego sim. Conclusões importantes: • A demanda por mão-de-obra é dada pelo Produto da Receita marginal da mão-de-obra: PRmgL; • PRmgL = Rmg.PmgL; • Rmg < P • PRmgL < VPmgL (isso faz com que a curva de demanda de um monopolista fique à esquerda da curva de demanda da concorrência perfeita) • Os níveis de produção e emprego no monopólio são menores que em mercados competitivos 24 Atualizada 23/02/2010 • Apenas não se pode fazer conclusões a respeito de diferenças entre os salários no monopólio e na concorrência perfeita. MONOPSÔNIO Analisamos anteriormente o mercado de trabalho considerando um mercado competitivo, ou seja, muitos compradores e muitos vendedores. Mas imagine um mercado de trabalho de uma pequena cidade dominada por um único grande empregador. Esse empregador pode exercer grande influencia sobre o salário vigente e pode usar esse poder de mercado para alterar o resultado. Esse mercado em que há apenas um comprador é chamado monopsônio. Um monopsônio é bem semelhante a um monopólio (mercado em que existe apenas um vendedor). Num mercado monopolista, a empresa produz menos do bem do que uma empresa competitiva. Reduzindo a quantidade colocada à venda, a empresa monopolista se movimenta ao longo da curva de demanda por seu produto, aumentando o preço e consequentemente o lucro que auferirá. De forma análoga acontece com a empresa monopsonista no mercado de trabalho. Ela contrata menos trabalhadores do que uma empresa competitiva. Ao reduzir o número de empregos disponíveis, ela se move ao longo da curva de oferta de trabalho, reduzindo o salário que paga e elevando seus lucros. Com isso, tanto os monopolistas quanto os monopsonistas reduzem a atividade econômica de um mercado, colocando-a abaixo do nível socialmente ótimo. A existência do poder de mercado distorce o resultado e causa peso morto. No monopsônio, a curva de oferta de mão-de-obra da firma se confunde com a curva de oferta de mão-de-obra de todo o mercado, pois a firma representa o mercado. Isso pode ser visualizado na figura abaixo. Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores AFT - MTE Prof. Nícia Araujo Economia do Trabalho Apostila Material 1 Vimos anteriormente que o ponto que maximiza os lucros da empresa é quando a RMgL se iguala ao CMgL, e que neste equilíbrio o CmgL é igual ao próprio salário. Entretanto, no monopsônio NÃO PODEMOS afirmar isso. O CMgL é maior que o salário (CMgL > W). Para contratar mais trabalhadores e manter-se na curva de oferta, a firma deverá alterar o salário para um valor superior ao anterior. Para um monopsonista, CmgL > W e PRmgL = CmgL, então o empresário irá parar de contratar funcionários quando o PRmgL também for maior que W. Ao colocarmos isso num gráfico, no monopsônio a curva do CmgL ficará à esquerda da curva de oferta, o que mostra salários maiores para a mesma quantidade de trabalhadores porque (CmgL > W). O equilíbrio ocorrerá quando a curva do CmgL encontrar a curva de demanda (que é dada pelo PRmgL), ou seja, quando CmgL = PRmgL. Na figura vemos que no ponto A, a curva do CmgL encontra a curva de demanda (PRmgL), ou seja, CmgL = PRmgL, que é o ponto onde o monopsonista maximiza seus lucros. Se fosse em mercado competitivo a firma contrataria mais empregados, logo, no monopsônio os níveis de emprego são menores que em mercados competitivos. Entretanto não podemos afirmar que os salários serão maiores em virtude dessa conclusão, ao contrário, os salários são menores do que aqueles pagos em mercados competitivos. Algumas conclusões sobre demanda por trabalho na estrutura de mercado monopsonista: • A demanda por mão-de-obra é dada por PRmgL; • Maximização de lucros (equilíbrio da firma) PRmgL = CmgL; • Oferta ascendente • CmgL > W • No monopsônio os níveis de emprego e salário são menores que em mercados competitivos. Antes de finalizarmos, é preciso compreender que a análise de oferta e demanda também deve ser feita para o longo prazo. Até então, consideramos apenas o curto prazo, ou seja, tendo como fixo ao menos um dos insumos (no nosso caso o capital manteve-se constante). A partir de agora, todos os insumos serão variáveis, e antes de analisarmos a demanda propriamente dita, é preciso rever alguns outros conceitos de microeconomia. A função de produção que já vimos anteriormente pode ser representada por uma curva chamada Isoquanta. A isoquanta (mesma quantidade) significa a linha na qual todos os pontos representam infinitas combinações de fatores de produção (capital e mão-de-obra), que indicam a mesma quantidade produzida. São os vários processos que produzem a mesma quantidade. Para que o resultado seja o mesmo, para se aumentar um fator de produção, a quantidade do outro deve ser reduzida, por isso a inclinação negativa da curva. O conjunto de isoquantas forma o mapa de produção ou família de isoquantas. Atualizada 23/02/2010 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 25 AFT - MTE Prof. Nícia Araujo A taxa marginal de substituição técnica representa o acréscimo de utilização do fator x1 (mão-de-obra) para que, compensando o decréscimo de utilização do fator x2 (capital), mantenha constante a quantidade produzida do produto. Ela mostra o ganho de produção devido ao acréscimo de utilização ∆x1 é exatamente igual à perda de produção devido ao decréscimo de utilização – ∆x2 do fator x2. Propriedades das isoquantas: • São decrescentes da esquerda para a direita; • São convexas com relação à origem dos eixos cartesianos; e • Não se cruzam nem se tangenciam. Analisando-se a produtividade do uso dos fatores de produção e seu impacto no processo produtivo temos algumas situações particulares teremos as mesmas situações vistas na função Cobb-Douglas: rendimentos constantes, crescentes e decrescentes de escala. Imagine uma empresa se utilizando de capital (K) e trabalho (L) (que são variáveis) num mercado competitivo. Isso implica dizer que os preço do L (w) e do K (r) são fixos. O empresário precisa decidir como usá-los da melhor forma. A linha de isocusto inclui todas as possíveis combinações de L e K que possam ser adquiridas por um determinado custo total, ou que tenham o mesmo custo para a empresa. Para visualizar essa linha, lembremos que os custos de uma empresa (C) representam tudo o que é gasto com K e L: C = wL + rK 26 Atualizada 23/02/2010 Economia do Trabalho Apostila Material 1 A inclinação da reta é – (w/r), que vem a ser a razão entre a taxa de remuneração do trabalho e o custo do uso de capital. A escolha pode ser feita querendo obter um determinado nível de produção, por exemplo. O problema será escolher o ponto da isoquanta que seja capaz de minimizar os custos totais. Veja o gráfico novamente. Para níveis de custos inferiores à isoquanta, não seria possível produzir quantidade determinada de mercadorias. E com custos superiores produzir-se-ia com custos maiores, não representando o custo mínimo. Alterações nos gastos com K e L não alteram a inclinação da curva, mas alterações nos preços de K e L promovem inclinações diferentes. O caminho da expansão (saindo da origem e passando pelos pontos A, B, C, D e E) ilustra as combinações de L e K, que apresentam menores custos e que podem ser utilizadas na obtenção de cada nível de produção a longo prazo, quando todos os insumos de produção podem ser variados. Cada um desses pontos representa um ponto de tangência entre uma curva de isocusto e uma isoquanta para a empresa. Também podemos usar taxa marginal de substituição técnica na isocusto. Ela representará o incremento na utilização do fator L que compensará perfeitamente o decréscimo de utilização do fator K, de tal maneira que, mantidos constantes os preços desses fatores, a despesa ou custo total de produção permaneça inalterado. A firma minimizará o custo de produção quando ela utilizar capital e mão-de-obra até o ponto em que seus custos marginais relativos sejam apenas iguais às suas produtividades marginais. A empresa deve empregar mão-de-obra e capital até o ponto em que o custo marginal de produzir a última unidade de produção seja o mesmo para todos os insumos, qualquer que seja o capital ou a mão-de-obra empregada na geração desta última unidade. Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores AFT - MTE Prof. Nícia Araujo É importante frisar que a análise de longo prazo (todos os insumos variáveis) se difere da análise de curto prazo (apenas um insumo variável: a mão-de-obra). No curto prazo, o ponto de maximização dos lucros é RmgL = CmgL. No longo prazo a equação PmgL/PmgK = w/r expressa a condição de minimização de custos para uma produção que é dada e para preços do capital e mão-deobra também já pré-determinados. Isso significa que dada uma produção, dados os preços do capital e mão-deobra, a equação de longo prazo permite identificar as quantidades de mão-de-obra e capital ideais, minimizadoras de custos. Se a redução da demanda de um insumo levar a um aumento da demanda de outro insumo, estes insumos são chamados substitutos brutos e o efeito substituição está predominando. Se a redução da demanda de um insumo levar à redução da demanda de outro insumo, estes insumos são chamados de complementos brutos e o efeito escala é o que está prevalecendo. Entretanto, quando dois insumos necessitam obrigatoriamente ser usados conjuntamente, não se pode falar em efeito substituição, apenas efeito escala, e os insumos são chamados complementos na produção. Um conceito intimamente relacionado ao processo produtivo dos bens é a curva de possibilidade de produção. Esta é a linha na qual todos os pontos revelam as diferentes possibilidades de dois produtos serem fabricados de forma combinada em determinado período com a quantidade de fatores que a firma possui. Economia do Trabalho Apostila Material 1 bem se não for possível reduzir a produção do outro bem. Assim, pontos sobre a curva representam alternativas econômicas viáveis para a firma em questão, destacando o conceito de custo de oportunidade. O custo de oportunidade representa a melhor remuneração que poderia ser obtida se os recursos disponíveis fossem empregados em uma alternativa com nível de risco equivalente. São uma medida do sacrifício incorrido por uma decisão que não possui as vantagens de uma outra oportunidade alternativa. São custos associados às oportunidades que serão deixadas de lado, caso a empresa não empregue seus recursos da maneira mais rentável. Em suma, este custo mede o valor das oportunidades perdidas em decorrência da escolha de uma alternativa de produção em lugar de outra também possível. A análise de rendimentos crescentes ou decrescentes feita num primeiro momento para a produtividade no uso de fatores produtivos é estendida aos custos de produção. Os pontos A e B no gráfico representam os pontos-limites ou pontos de fronteira, em que só há possibilidade de produzir um dos dois produtos, pois 100% da matériaprima está alocada na produção de apenas um bem. Como a firma para obtê-los dispõe de determinado custo total, a curva de possibilidades de produção também revela as possibilidades de produzir os dois bens com o mesmo custo total. Dessa maneira, esta curva também se constitui em uma isocusto ou em uma curva de igual custo de produção. Neste caso também é possível identificarmos a taxa marginal de substituição na curva de transformação que normalmente é chamada de taxa marginal de transformação, e é análoga às outras que vimos anteriormente: A curva de possibilidades de produção também nos mostra que não é possível incrementar a produção de um Atualizada 23/02/2010 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 27