PROPRIEDADES DOS GASES os restantes termos são geralmente mais pequenos, o gás comporta-se de forma perfeita num intervalo maior. O estado de um gás puro é especificado dado o seu vo- Como para pressões baixas, B é o único factor imporlume V , número de moles n, pressão p e temperatura T . tante, ∂Z = 0 quando p → 0. ∂p Só três são independentes porque a substância é desAo se comprimir um gás a temperatura constante, ele crita por uma equação de estado irá eventualmente condensar. A pressão de vapor (ou p = f (T, V, n) de saturação) é aquela em que líquido e vapor coexistem, e estende-se por uma gama de volumes molares A equação dos gases perfeitos é uma equação de esque diminui com o aumento da temperatura, formando tado válida para o limite p → 0: uma linha horizontal num gráfico p(Vm ). A partir de uma dada temperatura, este patamar converge num ponto pV = nRT crítico. Os correspondentes volume, pressão e temperatura desginam-se de críticos e escrevem-se Vc , pc e Tc . onde R é a constante do gases. A pressão de vapor aumenta com a temperatura. Tipos especiais de transformações (e relações para gaUma equação de estado alternativa é a equação de van ses perfeitos): der Waals a RT 1. isobárica (p cte), V ∝ T ; − p= Vm − b Vm2 2. isocórica ou isométrica (V cte), p ∝ T ; onde as constantes a e b são os coeficientes de van der 3. isotérmica (T cte), p ∝ 1/V ; Waals, os quais são característicos de dado gás mas inγ 4. adiabática (sem trocas de calor), p ∝ 1/V , onde γ dependentes da temperatura. será definido mais adiante. A PRIMEIRA LEI A pressão parcial pJ de um gás J numa mistura é dada A Primeira Lei da termodinâmica escreve-se, em terpor mos de variações infinitesimais Pj = xJ p dU = dq + dw onde xJ = nnJ , n = nA + nB + · · · é a fracção molar do componente J e n o número total de moléculas na onde dU é a variação de energia interna do sistema, dw amostra. É portanto válida a relação o trabalho feito no sistema e dq a energia que lhe é fornecida sob a forma de calor. pA + pB + · · · = (xA + xB + · · · )p = p Adicionalmente, para os gases perfeitos, a pressão par- Alguns tipos de trabalho relevantes são o trabalho de excial identifica-se com a pressão que o gás exerceria se pansão e o o trabalho de expansão de superfície, respectivamente estivesse só no recipiente. dw = −pex dV O factor de compressão Z é definido, para dada pressão e temperatura dw = γ dσ Vm Z= ◦ onde pex é a pressão externa, dV a variação de volume, Vm γ é a tensão superficial e dσ a variação de área. Numa onde Vm é o volume molar do gás a essa pressão e temexpansão reversível, a pressão externa tem de igualar ◦ peratura e Vm o volume molar de um gás perfeito. Equisempre a pressão do gás. valentemente pVm = RT Z Se o sistema só for capaz de realizar trabalho de expanA equação de estado de virial introduz o desenvolvi- são, então, a volume constante, dU = dq ⇒ ∆U = qV , donde o calor se comporta como uma função de estado. mento em série A capacidade calorífica a volume constante CV (em geral, dependente da temperatura) de um sistema é dada por ∂U CV = ∂T V pVm = RT 1 + B 0 p + C 0 p2 + · · · B C = RT 1 + + 2 + ··· Vm Vm onde B, C, · · · , coeficientes que dependem da temperatura, são o segundo, terceiro, ... coeficientes de virial. A capacidade calorífica molar é dada por CV,m = CV /n O primeiro coeficiente de viral é 1. A temperatura de e a capacidade calorífica específica (ou calor específico) Boyle é aquela em que o coeficiente B se anula. Como é dada por CV,s = CV /m. Para um gás monoatómico 1 perfeito, CV,m = CV dT . 3 2 R. A volume constante, dU = dq = condições padrão. Como H(T2 ) = H(T1 ) + ∆r H ◦ (T2 ) = ∆r H ◦ (T1 ) + A entalpia H, função de estado, define-se Z T2 R T2 T1 Cp dT , ∆r Cp◦ dT T1 H = U + pV onde ∆r Cp◦ = P Prod ◦ νCp,m − P Reag ◦ νCp,m . De forma análoga, a pressão constante e sem trabalho A SEGUNDA LEI adicional, dH = dq ⇒ ∆H = qp . A Segunda Lei da termodinâmica estabelece que, no A capacidade calorífica a pressão constante Cp defi- decurso de uma transformação espontânea num sistema ne-se isolado ∂H ∆Stot > 0 Cp = ∂T p onde Stot é entropia total de um sistema e da sua viziAnalogamente, dH = dq = Cp dT . nhança. A definição termodinâmica de entropia baseiasena expressão Numa transformação adiabática reversível de um gás dqrev dS = perfeito, T 1c onde dqrev representa o calor transferido numa transforVi mação reversível. ⇔ Vi Tic = Vf Tfc ⇔ V T c = cte Tf = Ti Vf γ1 A desigualdade de Clausis é expressa por dS ≥ dq T . pi γ γ γ V f = Vi ⇔ pi Vi = pf Vf ⇔ pV = cte pf A pressão constante, a variação molar de entropia de um sistema à temperatura de transição normal Ttrs é onde c = CV,m /R e γ = Cp,m /CV,m . ∆trs H ∆trs S = A variação de entalpia padrão ∆H ◦ é a variação de Tres entalpia para um processo no qual as substâncias iniciais e finais estão nos seus estados padrão. O estado A variação de entropia de um sistema aquecido a prespadrão de uma substância a uma dada temperatura é a são constante é dado por sua forma pura a 1 bar. Z Tf Tf Cp dT = S(Ti ) + Cp ln S(Tf ) = S(Ti ) + A variação de entalpia que acompanha uma mudança de T Ti Ti estado físico é denominada entalpia padrão de transi◦ ção, ∆trs H . Casos particulares são a entalpia padrão onde é a última igualdade é válida se Cp variar pouco. A de vaporização ∆vap H ◦ , de fusão ∆fus H ◦ e de sublima- volume constante aplica-se a mesma expressão se subsção ∆sub H ◦ . Porque a entalpia é uma função de estado, tituirmos Cp por CV . é válida a igualdade ∆sub H ◦ = ∆fus H ◦ + ∆vap H ◦ . A Terceira Lei da termodinâmica estabelece que a enA entalpia padrão de reacção ∆r H ◦ define-se: tropia de todas as substâncias perfeitas cristalinas é zero X X quando T = 0. ◦ ◦ ∆r H ◦ = νHm − νHm A entropia padrão de reacção é dada, para todas as Prod Reag espécies puras, separadas e nos seus estados padrão a onde ν é coeficiente estequeométrico da substância (nú- dada temperatura, por ◦ mero positivo) e Hm é a entalpia molar padrão da espéX X ◦ ◦ ∆r S ◦ = νSm − νSm cie à temperatura de interesse. Casos particulares são Prod Reag a entalpia padrão de combustão, para uma oxidação de um composto em CO2 , H2 O e N2 e a entalpia padrão de e evolui com a temperatura da forma formação para a formação de um composto a partir dos Z T2 seus elementos nos seus estados de referência. ∆r Cp◦ dT ◦ ◦ ∆r S (T2 ) = ∆r S (T1 ) + T T1 A lei de Hess estabelece que a entropia padrão de uma reacção geral é a soma das entalpias padrão de reacções individuais em que a reacção pode ser dividida. A equação fundamental estabelece que para um sistema fechado que não realiza trabalho adicional (não exA lei de Kirchhoff permite obter a entropia padrão de pansivo), qualquer transformação obedece reacção a uma nova temperatura conhecidas as capacidU = T dS − p dV dades caloríficas molares dos produtos e reagentes nas 2 A energia de Gibbs G e a energia de Helmholtz A são, A relação a que as variações de pressão e temperatura respectivamente, definidas têm de obedecer (i.e., a inclinação da curva de fronteira de fase no diagrama de fase) para que se manteG = H − TS nha o equilíbrio de duas fases inicialmente em equilíbrio (µα (p, T ) = µβ (p, T )) é obtido exigindo que as variações A = U − TS infinitesimais de potencial químico se igualem também, e podem definir-se os critérios de espontaneidade ou seja, dµα (p, T ) = dµβ (p, T ). Obtém-se a equação de Claperyron: dAT,V ≤ 0 dGT,p ≤ 0 ∆trs S dp = dT ∆trs V O diferencial da energia de Gibbs pode escrever-se dG = onde ∆trs S = Sβ,m − Sα,m e ∆trs V = Vβ,m − Vα,m . Esta dq +v dp−T dS −S dT , pelo que para uma transformação equação é geralmente usada para prever a resposta dos pontos de fusão e ebulição à aplicação de pressão. reversível, dG = V dp − S dT Se a temperatura de fusão é T ? quando a pressão é p? e T próximo de T ? quando a pressão é p e ∆fus H e ∆fus V A equação de Gibbs-Helmholtz permite saber como va- variarem pouco com a temperatura, pode obter-se a fronria a quantidade G/T (importante para saber a composi- teira sólido-líquido com ção de equilíbrio do sistema) com a temperatura, conhe∆fus H cida a entalpia do sistema (T − T ? ) p ≈ p? + ? T ∆ V fus H ∂ G =− 2 ∂T T p T Como geralmente ∆ V ≈ V (g), se o gás for perfeito, vap m podemos escrever a equação de Clausis-Clayperon A equação pode ser aplicada a variações, incluindo mudanças de estado e reacções químicas a temperatura constante. ∆vap H dlnp = dT RT 2 A energia de Gibbs molar varia com a pressão segundo Portanto, se a ∆vap H variar pouco com a temperatura, as pressões de vapor p (temperatura T ) e p? (temperatura as equações T ? ) relacionam-se da forma Z pf Gm (pf ) = Gm (pi ) + Vm dp ∆vap H 1 1 ? −χ pi − ? p=p e , χ= R T T e para gases perfeitos Gm (pf ) = Gm (pi ) + RT ln = G◦m + RT ln MISTURAS SIMPLES pf pi O volume molar parcial VJ de uma substância J é definido: ∂V VJ = ∂nJ p,T,n0 p p◦ TRANSF. FÍSICAS DE SUBSTÂNCIAS PURAS e para uma mistura binária O potencial químico de uma substância J numa mistura é definido como a energia de Gibbs molar parcial ∂G µJ = ∂nJ p,T,n0 dV = VA dnA + VB dnB V = V A n A + V B nB O potencial químico mostra como várias grandezas variam com a composição (mas sob condições diferentes): onde n0 denota que as quantidades das outras subs ∂G ∂U tâncias permanecem constantes. Para uma substância µJ = µJ = ∂nJ p,T,n0 ∂nJ S,V,n0 pura, G = nJ GJ,m , pelo que µJ = GJ,m – o potencial químico coincide com a energia de Gibbs molar da subs∂H ∂A µJ = µJ = tância. ∂nJ S,p,n0 ∂nJ V,T,n0 Quando duas fases α e β estão em equilíbrio, o seu potencial químico tem de ser igual: A energia de Gibbs de uma mistura binária é dada por µα (p, T ) = µβ (p, T ) G = nA µA + nB µB 3 A equação fundamental da química termodinâmica onde µ?J = µ◦J + RT lnp̃?J denota o potencial químico da explicita como varia a energia de Gibbs de uma mistura componente J pura (p̃?J a sua pressão de vapor). Como em função dos potenciais químicos dos componentes: xJ < 1, há uma redução do potencial químico. Neste caso, a componente obedece à lei de Raoult: dG = V dp − S dT + µA dnA + µB dnB + · · · pJ = xJ p?J Admitindo pressão e temperatura constante, ao tirar a de- onde pJ é a pressão de vapor parcial do componente J, rivada exterior da expressão da energia de Gibbs para que obedece à relação µJ = µ◦ + RT lnp̃J . J uma mistura binária e igualar (G é função de estado) à Todos os solventes obedecem à lei de Raoult quando a equação fundamental, obtém-se: sua fracção molar tende para 1: nA dµA dµB = − nB lim aA = xA lim γA = 1 xA →1 xA →1 que é um caso particular da equação de Gibbs-Duhem: X Numa mistura binária ideal de dois componentes A e B nJ dµJ = 0 com pressões de saturação, quando puros, de p?A e p?B , a J pressão de vapor total p segue as relações a qual pode ser adaptada para todas as outras quantidap(xA ) = p?B + (p?A − p?B ) xA des molares parciais. p?A p?B p(yA ) = ? Em misturas de gases perfeitos, µ = Gm , pelo que pB + p?B − p?A yA µ = µ◦ + RT lnp̃ onde xA é a fracção molar de A na fase líquida e yA na fase gasosa. A primeira equação define a linha de ebulição, a segunda a linha de condensação (ou de carvalho). ◦ onde p̃ = p/p . A energia de Gibbs de mistura ∆mix G de dois gases perfeitos à mesma pressão inicial p = pA +pB e com pressões parciais finais pA e pB é Se uma componente J possui uma fracção molar muito pequena, é geralmente, para essa componente, válida a lei de Henry: pJ = xJ KJ ∆mix G = nRT (xA lnxA + xB lnxB ) < 0 onde KJ é uma constante empírica com unidades de onde xJ = pJ /p é a fracção molar do gás J e n a quan- pressão. Uma mistura em que o soluto obedece à lei de tidade total dos dois gases. Como (∂G/∂T )p,n = −S, a Henry e o solvente à lei de Raoult denomina-se mistura entropia de mistura ∆mix S é, nas mesmas circunstâncias, diluída ideal. ∆mix S = −nR(xA lnxA + xB lnxB ) > 0 As quantidades ∆mix G, ∆mix S e ∆mix H para a mistura de dois líquidos e formação de uma mistura ideal são iguais às referidas para a mistura de dois gases perfeitos. e, consequentemente, a entalpia de mistura ∆mix H = 0. Denotando por p̃?A a pressão de vapor do líquido puro A com potencial químico µ?A em equilíbrio com a sua fase gasosa, µ?A = µ◦A + RT lnp?A . Ao adicionarmos uma substância ao líquido, o potencial químico tomará o novo valor µA e a pressão de vapor p̃A . O vapor e a fase líquida de A ainda estarão em equilíbrio, pelo que µA = µ◦A + RT lnpA . Combinando: µA = µ?A + RT lnaA O equilíbrio do vapor do solvente A, solvente esse numa mistura ideal com um soluto B cuja fracção molar xB << 1 estabelece-se quando µ?A (g) = µA (l) = µ?A (l)+RT lnxA , o que origina uma elevação ebulioscópia ∆T ∆T = KxB K= RT ?2 ∆vap H Analogamente, o equilíbrio sólido-líquido estabelece-se onde aA = pA /p?A é a actividade de A. Definindo o co- quando µ? (s) = µ? (l) + RT lnx e basta na expressão A A A eficiente de actividade γ tal que aA = γA xA , podemos acima substituir ∆vap H por ∆fus H para obter a depressão escrever crioscópia. µA = µ?A + RT lnxA + RT lnγA O fenómeno de osmose é a passagem espontânea de Numa solução ideal o potencial químico de um compo- solvente puro para uma solução separada dele por uma membrana semipermeável. A pressão osmótica Π é a nente J arbitrário da mistura satisfaz pressão que tem de ser aplicada à solução para parar o influxo de solvente. µJ = µ?J + RT lnxJ 4 A equação de van’t Hoff estabelece, para soluções ide- EQUILÍBRIO QUÍMICO ais, que A direcção de mudança espontânea a temperatura e Π = [B]RT pressão constantes são valores mais baixos da energia onde [B] = nB /V é a concentração molar do soluto. de Gibbs. A composição de equilíbrio de uma mistura Quando o comportamento se desloca do ideal, podemos reaccional localiza-se minimizando a energia de Gibbs. encarar a equação de van’t Hoff como o primeiro termo numa expansão: A quantidade extensão da reacção ξ é definida, para uma reacção geral aA + bB cC + dD: H = [J]RT (1 + B[J] + · · · ) dnD dnA dnB dnJ dnC = =− =− = dξ = onde a constante empírica B é o coeficiente virial osmóc d a b νJ tico e J o soluto. Z ξ0 0 dnJ nJ (ξ ) − nJ (0) ξ= = νJ νJ DIAGRAMAS DE FASE 0 A variância F de um sistema é o número de variáveis onde νJ é o coeficiente estequeométrico corrigido com o intensivas que podem ser alteradas independentemente sinal negativo para os reagentes (dito número estequeométrico). sem alterar o número de fases em equilíbrio. Se designarmos por C o número de componentes (cons- A pressão e temperatura constantes, tituintes quimicamente independentes de um sistema) e X X dG = µJ dnJ = µJ νJ dξ por P o número de fases em equilíbrio, a variância tem J J de obedecer à regra das fases: F =C −P +2 A energia de Gibbs de reacção ∆r G é definida (onde ∆ significa aqui uma derivada e não uma diferença) def ∂G ∆r G = ∂ξ p,T X = νJ µJ Em sistemas de um componente, F = 3 − P , donde em zonas em que só existe uma fase se pode variar a pressão e a temperatura F = 2; nas linhas de fronteira, F = 1 e a variação da pressão condiciona a variação de temperatura para que continuem a existir duas fases. Nos pontos triplos, F = 0 e o sistema é invariante. J A mistura reaccional está em equilíbrio quando ∆r G = 0. A energia P de◦ Gibbs de reacção padrão é dada por ∆ r G◦ = J νJ µJ . A energia de Gibbs de reacção padrão pode ser calculada a partir das energias de Gibbs de formação: X ∆ r G◦ = νJ ∆f G◦ (J) Em sistemas de duas componentes, F = 4 − P . Se descartarmos a temperatura, resta-nos F 0 = 3 − P , um máximo de duas variáveis intensivas independentes – a composição e a pressão. Quando existe uma apenas uma fase, ambas podem ser alteradas independentemente; na zona em que existem duas, a composição de ambas as fases é univocamente determinada pela pressão. A proporção das duas fases é dada pela regra da alavanca: nα (xA − zA ) = nβ (zA − yA ) J A energia de Gibbs de reacção pode sempre ser escrita da forma onde nα e nβ são as quantidades de cada fase, zA é a Y fracção molar global (=consideradas ambas as fases) de ∆r G = ∆r G◦ + RT lnQ Q= aνJJ A e xA e yA são a fracção molar de A em cada uma das J fases. onde Q assim definido é o quociente de reacção. À Um azeótropo é uma mistura em que as fases líquida constante adimensional K = Qeq (quando ∆r G = 0) ase sólida têm a mesma composição – ocorre evapora- sim definida em termos de actividades aJ (ou fugacidação sem mudança de composição; consequentemente, des, para gases) chama-se constante de equilíbrio tera destilação é impossível. modinâmico. K relaciona-se com ∆r G◦ por Um eutéctico é uma mistura de dois componentes com ∆ r G◦ K = exp − composição tal que o ponto de fusão é mínimo. Um líRT quido com composição eutéctica solidifica a uma única ◦ ∆ ∆r S ◦ rH temperatura, sem antes depositar individualmente qual= exp − exp RT R quer dos componentes. 5 onde ∆r H ◦ e ∆r S ◦ se definem analogamente. Para sólidos e líquidos puros, a actividade é unitária, pelo que não os incluímos da escrita da constante de equilíbrio. A mesma simplificação se pode fazer para constituintes mariorítários cuja concentração varie pouco ao longo da reacção. Podemos definir outras constantes: Y Y Ky = yJνJ Kp = pνJJ = Ky p∆ν J J Kc = Y [J]νJ O ângulo de contacto θc entre a borda do menisco e a parede é dada, em função das tensões superficiais, sólido/gás γSG , sólido/líquido γSL e líquido/gás γLG por J onde yJ é a fracção P molar do gás PJ, pJ = yJ p a sua pressão parcial, p = J pJ , ∆ν = J νJ e [J] a molaridade γSG − γSL de J – tudo no equilíbrio. Ky não é uma constante de cos θc = γLG equilíbrio. Kp deve ser escrito com as pressões em bar, ◦ caso contrário deve multiplicar-se pela pressão padrão p Diz-se que o líquido molha a superfície se θc for agudo. com o expoente necessário para que fique adimensional. O trabalho superficial de adesão do líquido ao sólido A equação de van’t Hoff descreve como varia K em (o trabalho de adesão dividido pela área de contacto) é função da temperatura: wad = γSG + γLG − γSL Combinando estas duas expres◦ ◦ sões, temos a equação de Young-Dupré dlnK ∆r H ∆r H dlnK ⇔ = = − dT RT 2 d(1/T ) R wad −1 cos θc = γLG Se ∆r H ◦ variar pouco no intervalo de integração, K ∆r H ◦ 1 1 ADSORÇÃO ln ? = − − ? K R T T A fracção coberta θ é definida: onde K é a constante à temperatura T e K ? a T ? . no. locais de adsorção ocupados V θ= = INTERFACES no. locais de adsorção disponívels V∞ A pressão no lado côncavo de uma interface é sempre maior que a pressão no lado convexo e a diferença de pressão é dada pela equação de Young-Laplace 1 1 ∆p = γ + R1 R2 onde V é o volume de adsorbato adsorvido e V∞ é o volume de adosrbato correspondente à cobertura completa da monocamada. Define-se taxa de adsorção como dθ/ dt. onde h é a altura que o líquido sobe, ρ a sua densidade e g a aceleração da gravidade. dθ = ka pN (1 − θ) = −kd N θ dt O gás livre e o gás adsorvido estão em equilíbrio dinâmico e a fracção coberta depende da perssão do gás. A onde γ é a tensão superficial e R1 e R2 são os raios de variação de θ com a pressão a uma dada temperatura curvatura principais da interface. Para um menisco esfé- denomina-se isotérmica de adsorção: rico de raio R a equação simplifica para ∆p = 2γ/R. A(g) + M(superfície) AM(superfície) A tendência dos líquicos em subir tubos capilares, uma consequência da tensão superficial, é denominada acção capilar. A pressão de um líquido a uma altura ar- A isotérmica de Langmuir baseia-se em três hipótebitrária é constante e o menisco no capilar provoca uma ses – a adsorção não se estende além da monocamada; diferença de pressão ∆p dada pela equação de Young- todos os locais são equivalenes e a superfície é uniLaplace, pelo que o líquido terá de subir o capilar para forme; a probabilidade de uma molécula ser absorvida aumentar a pressão hidrostática e compensar esta dife- em dado local é independente da ocupação dos locais rença de pressão. Para o caso de um tubo cilíndrico de vizinhos (ausência de interacções entre as moléculas adsorvidas). raio r, 2γ h= A taxa de adosorção para estas hipóteses é dada por ρgr 6 onde ka é a taxa de adorção, kd a de dessorção, p a pres- monocromática é observada ao longo de um intervalo de são parcial do gás e N o número total de locais. Resol- frequências. vendo dθ/ dt = 0, tem-se a isotérmica de Langmuir : A frequência da radiação emitida ou absorvida é dada por hν = |E1 − E2 |. Kp ka θ= K= 1 + Kp kd A absorção ou emissão directa de radiação infravermeo que implica uma relação linear entre p/V e p, nomea- lha pode causar mudanças nos níveis de energia vibracionais, enquanto radiação microondas dá informação sodamente, Vp = Vp∞ + KV1 ∞ . bre níveis de energia rotacionais. Tanto níveis de enerA relação entre a temperatura T e a constante de equi- gia rotacionais como vibracionais podem ser explorados líbrio K, conforme definida acima, podem ser usadas com espectroscopia de Raman – a radiação de Stokes (através da eq. de van’t Hoff) para determinar a entalpia diz respeito a fotões incidentes que, ao colidirem com as de adsorção isostérica, ∆ad H ◦ , i.e., a entalpia de ador- moléculas, perdem alguma energia e emergem com mais ção padrão a cobertura superficial constante: baixa frequência; fotões que capturam energia e emergem comm mais alta frequência constituem a radiação ∂ lnp ∂ lnK ∆ad H ◦ anti-Stokes. − = = ∂T θ ∂T RT 2 θ A razão entre a intensidade transmitida I e a intensidade incidente I0 a dada frequência é denominada transmiA adsorção pode ser física (fisissorção, em que há uma tância, T : interação de van der Waals entre o adsorbato e o subsI tracto) ou química (quimissorção, as moléculas ou átoT = mos aderem à superfície formando ligações químicas – I0 normalmente covalentes). A entalpia de quimissorção é muito superior à de fisissorção, com valores típicos a ronA lei de Beer-Lambert relaciona a intensidade transmidar os 200 kJ mol-1 . tida com a o comprimento l da amostra e com a concenA adsorção é um processo exotérmico. Seja a energia tração molar [J] da espécie absorvente J potencial de uma molécula muito separada do substracto I = I0 10−[J]l nula. À medida que a molécula se aproxima do substracto a sua energia desce até um mínimo −P , em que P é o valor absoluto da entalpia de fisissorção. Se se der onde é o coeficiente de absorção molar, o qual depende quimissorção, à medida que a distância descer mais, a da frequência da radiação incidente e é maior onde a A da energia potencial inicialmente subirá e, de seguida, des- absorção é mais intensa. Definindo a absorvência I0 amostra a dada frequência como A = log = − log T, I cerá abruptamente até −C, em que C é o valor absoluto tem-se da entalpia de quimissorção. Se tiver subido até um máximo Ea > 0, a quimissorção diz-se activada, se esse A = [J]l máximo não for superior a 0, diz-se não activada. A taxa de dessorção, para uma energia de dessorção Ed Existem três contribuições para as transições entre esta(geralmente comparável ao valor absoluto da entalpia de dos – a absorção estimulada, a emissão estimulada e a adsorção), é dada por emissão espontânea. kd = A e−Ed /(RT ) Seja B a coeficiente de Einstein de absorção estimulada. A taxa total de absorção W (o número de moléculas expelo que a meia-vida para a permanência na superfície é citadas por unidade de tempo) é t1/2 = ln2 = τ0 eEd /(RT ) kd τ0 = ln2 A W = N Bρ onde N é o número de moléculas no estado inferior e ρ = ρ(ν) = dE dν (ν) à frequência ν de transição. A taxa total de emissão W 0 é, para um coeficiente de Einstein de Em espectroscopia de emissão, uma molécula sofre uma emissão estimulada B 0 e para um coeficiente de Einstein transição de um estado de elevada energia E1 para um de emissão espontânea A, dada por estado de baixa energia E2 e emite o excesso de energia como um fotão. Em espectroscopia de absorção, a W 0 = N 0 (A + B 0 ρ) absorção “líquida” (o que é medido é a diferença entre a absorção e a emissão estimuladas) de radiação incidente onde N 0 é a população do estado superior. ESPECTROS ROTACIONAL E VIBRACIONAL 7 Os coeficientes de emissão e absorção estimuladas são do rotor esférico iguais (B 0 = B) e relacionam-se com o coeficiente de ~2 emissão espontânea A por ~ EJ = J(J + 1) B= 2I 4πcI = hcBJ(J + 1) 8πhν 3 B (1) A= c3 A energia de um estado rotacional é escrita na forma do termo rotacional, F (J) = EJ /(hc). Para o rotor esférico, A taxa líquida de absorção W é dada por net F (J) = BJ(J + 1) Wnet = N Bρ − N 0 B 0 ρ = (N − N 0 )Bρ e o espaçamento entre dois níveis adjacentes é ESPECTRO ROTACIONAL PURO nércia I de uma molécula é X I= mi ri2 O momento de i- F (J) − F (J − 1) = 2BJ Para um rotor simétrico, seja Ik o momento de inércia distinto (do eixo principal) e I⊥ o dos outros dois. Atendendo novamente a que J 2 = Ja2 +Jb2 +Jc2 = J(J +1)~2 e onde ri é a distância do átomo i de massa mi ao eixo de que o momento angular em relação a qualquer eixo estrá rotação. restrito aos valores K~, onde K = 0, ±1, . . . , ±J, segueAdmitem-se as moléculas como rotores rígidos e sub- se que classificam-se em: ~ 1 1 J2 A = 4πcI − + Ja2 E= k • rotores esféricos – os três momento de inércia são 2I 2Ik 2I⊥ iguais (e.g. CH4 , SiH4 e SF6 ); ~ B = F (J, K) = BJ(J + 1) + (A − B)K 2 4πcI⊥ • rotores simétricos – tem dois momentos de inércia iguais (e.g. NH3 , CH3 Cl e CH3 CN); Para um rotor linear, o momento angular segundo o eixo • rotores lineares – momento de inércia segundo o principal é certamente nulo, pelo que K = 0 e se tem eixo molecular é 0 (e.g. CO2 , HCl, OCS e HC ≡ CH); F (J) = BJ(J + 1) • rotores assimétricos – os demais (e.g. H2 O, H2 CO e CH3 OH). A degenerescência de um rotor simétrico gJ,K é dada por A expressão clássica da energia Ea de um corpo rodando ( 2(2J + 1) se K 6= 0 em torno de um eixo a é gJ,K = 2J + 1 se K = 0 1 Ea = Ia ωa2 2 porque estados com K e −K têm a mesma energia e a 2 onde ωa e Ia são a velocidade angular e o momento an- componente do momento angular em relação a um eixo externo fixo, que não aparece na expressão da energia, gular relativamente a esse eixo, respectivamente. pode assumir 2J + 1 valores diferentes. Para um corpo rodando em torno de três eixos perpendiculares a, b e c e dado que o momento angular clássico A degenerescência de rotor esférico gJ é dada por em relação ao eixo aribtrário a é Ja = Ia ωa , a expressão gJ = (2J + 1)2 da energia rotacional E é porque um rotor esférico é um rotor simétrico com A = B 1 1 1 e agora K pode assumir 2J + 1 valores distintos sem E = Ia ωa2 + Ib ωb2 + Ic ωc2 2 2 2 afectar a energia. J2 J2 J2 = a + b + c A distorção centrífuga é geralmente contabilizada sub2Ia 2Ib 2Ic traindo um termo igual a DJ J 2 (J + 1)2 , onde DJ é a constante de distorção centrífuga. No caso de uma moléNum rotor esférico, todos os momentos de inércia são cula diatómica, o valor desta constante relaciona-se com 2 2 iguais a um dado valor I, pelo que, tomando J = Ja + o número de onda vibracional da ligação ν̃ segundo 2 J Jb2 + Jc2 , a expressão se reduz a E = 2I . Introduzindo a expressão quântica par ao momento angular J 2 = J(J + 4B 3 DJ = 2 ~2 1) 2I , com J = 0, 1, 2, . . ., obtém- a expressão da energia ν̃ i 8 Para uma molécula ter espectro rotacional puro, tem de ESPECTRO ROTO-VIBRACIONAL Os termos roto-viter um dipolo eléctrico permanentem, i.e., tem de ser po- bracionais S(ν, J) de uma molécula diatómica, não conlar. A regras de selecção rotacionais são tabilizando anarmonicidade e distorção centrífuga, são dados por ∆J = ±1 ∆MJ = 0, ±1 S(ν, J) = G(ν) + F (J) em que MJ ~ é o momento angular em relação a um eixo 1 fixo. ν̃ + BJ(J + 1) = ν+ 2 A população de um nível rotacional é dada pela expresAs regras de selecção são são de Boltzmann ∆ν = ±1 ∆J = 0, ±1 1 gJ e−βEJ β = NJ = N P∞ −βEi kT onde ∆J = 0 só é permitido se a molécula possuir moi=0 gi e mento angular segundo o seu eixo. VIBRAÇÕES DE MOLÉCULAS DIATÓMICAS A regra geral para que uma mudança no estado vibracional produza absorção ou emissão de radiação é que o momento dipolar eléctrico da molécula tem de mudar quando os átomos se deslocam uns relativamente aos outros. Vibrações que satisfaçam esta condição dizem-se activas no infra-vermelho. O ramo P de um espectro roto-vribracional diz respeito às transições com ∆J = −1, o ramo Q àquelas com ∆J = 0 e o ramo R a ∆J = +1. Para uma transição ν + 1 ← ν a partir de um estado vibracional J e considerando anarmonicidade (através da introdução de duas constantes vibracionais distinhas – B1 para o estado excitado e B0 para o estado de partida com B1 < B0 ), têm-se as riscas Os termos vibracionais G(ν) = Ehcν (com ν = 0, 1, . . .) de ν̃P (J) = ν̃ − (B1 + B0 )J + (B1 − B0 )J 2 uma molécula diatómica (oscilador harmónico, potencial ν̃Q (J) = ν̃ + (B1 − B0 )J(J + 1) V (x) = 12 kx2 ) são ν̃R (J) = ν̃ + (B1 + B0 )(J + 1) + (B1 − B0 )(J + 1)2 s 1 k 1 G(ν) = ν + ν̃ ν̃ = 2 2πc meff ESPECTRO VIBRACIONAL RAMAN DE MOLÉCULAS DIATÓMICAS As regras de selecção são m2 . onde k é a constante de força da ligação e meff = mm11+m 2 ∆ν = ±1 ∆J = 0, ±2 A regra de selecção para mudanças de estado vibracioO ramo O diz respeito a transições com ∆J = −2, o nais é ramo Q com ∆J = 0 e ramo S a ∆J = +2. As riscas têm ∆ν = ±1 energia Uma transição vibracional ν + 1 ← ν escreve-se ∆Gν+ 21 e vale ν̃. ν̃O = ν̃i − ν̃ − 2B + 4BJ ν̃Q = ν̃i − ν̃ ν̃R = ν̃i − ν̃ − 6B − 4BJ Para contabilizar a anarmonicidade, pode usar-se o potencial de Morse. Os níveis de energia são então onde ν̃i é o número de onda da radiação incidente. 2 1 1 ν̃ G(ν) = ν + ν̃ − ν + xe ν̃ xe = RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 2 2 4De onde xe é a constante de anarmonicidade e De é a pro- Num campo magnético B, para um electrão com mofundidade do poço de potencial. O número de esta- mento angular orbital, o momento magnético µ̂, são válidos vibracionais é finito. Na prática, somam-se ainda das as relações a G(ν) termos de ordem superior como (ν + 12 )3 ye ν̃ µ̂ = γe ˆl e determinam-se as constantes xe , ye , . . . experimentalĤ = −µ̂ · B = −γe B · ˆl mente. Uma transição vibracional vale agora; e é a razão onde Ĥ é operador hamiltoniano e γe = − 2m e magnetogírica do electrão. ∆Gν+ 21 = ν̃ − 2(ν + 1)xe ν̃ + · · · A técnica de Birge-Sponer permite estimar (geralmente Para um campo magnético segundo o eixo dos zz de mópor cima) a energia de dissociação D0 = ∆Gν+ 21 + dulo B0 , observando que os valores próprios de ˆlz são P ∆Gν+ 32 +· · · = ν ∆Gν+ 12 admitindo que a diferença en- ml ~ e definindo µB = −γe ~, tem-se tre duas transições é constante. Com dois ou mais pares µz = γe ml ~ (ν + 21 , ∆Gν+ 12 ) = (x, y = f (x)) extrapola-se y0 = f (0) e E = −γe ml ~B0 = ml µB B0 x1 |f (x1 ) = 0, tendo-se então a estimativa D0 ≈ (x1 y0 )/2. 9 Considerando agora o momento magnético de spin de Na sua forma mais simples, a ressonância magnética um electrão (número quântico de spin s = 21 ), tem-se nuclear (NMR) é o estudo das propriedades das moléculas com núcleos magnéticos através da aplicação µ̂ = ge γe ŝ Ĥ = −ge γe B · ŝ de campos magnéticos e observação da frequência do campo electromagnético ressonante. µz = ge γe ms ~ Ems = −ge γe ms ~B0 = ge µB ms B0 onde ge = 2, 002319 é o valor-g do electrão e ms = + 12 (estado α) ou ms = − 12 (estado β). Na ausência de campo magnético, os estados correspondentes a diferentes valores de ml e ms são degenerados. Quando um campo está presente, a degenerescência é levantada – o estado com ms = 21 sobe a energia em 21 ge µB B0 e o estado com ms = − 12 desce essa quantidade. A separação energética entre os níveis mI = + 12 (α ou ↑) e mI = − 12 (β ou ↓) num núcleo de spin 21 (I = 12 ) é 1 1 ∆E = Eβ − Eα = γ~B0 − − γ~B0 = γ~B0 2 2 e a absorção ressonante ocorre quando é satisfeita a condição O número quântico de spin I de um núcleo é uma prohν = γ~B0 priedade característica do núcleo e é ou um inteiro (nulo se o número de protões e o número de neutrões forem ou seja, quando ν = νL . Em breve veremos que o campo sentido pares ou estritamente positivo se forem ímpares) ou (nos não é B0 , e, por não redefirmos νL , como o livro faz, a igualdade ν = νL , restantes casos) um semi-inteiro ( 21 , 32 , · · · ). deixará de ser válida. De forma análoga, tem-se agora µ̂ = γ Iˆ µz = γmI ~ A técnica de NMR pode ser aplicada a qualquer núcleo com spin não nulo. Ĥ = −γB · Iˆ EmI = −µz B0 = −γ~B0 mI RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA A intensidade de uma transição depende de vários factores onde γ é a razão magnetogírica. Intensidade ∝ (Nα − Nβ )B0 N γ~B0 Nα − Nβ ≈ 2kT O momento magnético do núcleo é por vezes expresso em termos do factor-g nuclear, gI , uma característica do núcleo, e µN , uma quantidade independente do núcleo, definidas Momentos magnéticos nucleares interagem com o campo magnético local B, o qual pode diferir do campo aplicado B0 porque este induz momento angular orbital que onde mp é a massa do protão. O valor de gI varia entre provoca um pequeno campo magnético adicional δB proporcional ao campo aplicado: −6 e 6, dependendo do núcleo. γ~ = gI µN µN = e~ 2mp A frequência de Larmor νL é definida νL = δB = −σB0 γB0 2π onde a quantidade adimensional σ é denominada constante de blindagem. A ressonância electrónica paramagnética (EPR) é o O campo local total é estudo das moléculas e iões com electrões desempareBloc = B0 + δB lhados através da observação dos campos magnéticos aos quais aqueles entram em ressonância com radiação Nesta altura, o Atkins redifine a frequência de Larmor. monocromática (da ordem das micro-ondas). a tomar νL = γB0 . Continuaremos 2π A separação entre níveis α e β d e um spin electrónico O desvio químico δ é definido num campo magnético B0 é ν − νo δ = × 106 ∆E = Eα − Eβ = ge µB B0 νL Se a amostra é exposta a radiação de frequência ν, as separações energéticas entram em ressonância com a radiação quando a frequência satisfaz a função de ressonância hν = ge µB B0 onde ν = (1 − σ)(γB0 )/(2π) é a frequência de ressonância ν o = (1 − σ o )(γB0 )/(2π) é a frequência de referência (com σ o constante de blindagem do núcleo em questão e σ o a constante de blindagem de referência). O desvio químico não depende do campo externo aplicado B0 , pois este aparece simulataneamente no numerador e no 10 denominador. Esta definição difere da do Atkins (como se vê pe- las equações 15.18 e 15.19 da 8a ed.). No entanto, parece ser esta a usada na ilustração 15.1, quando ν o é substituído pela frequência do espectrómetro e não por (1 − σ o ) vezes esse valor. A relação entre δ e σ é dada por δ = (σ o − σ) × 106 O desvio químico de qualquer multipleto deve ser lido a partir do seu centro de massa. Num multipleto sem distorção, o centro de massa coincide com o centro geométrico; para um multipleto de segunda ordem, tal é apenas uma aproximação. Num sistema AB, o verdadeiro desvio químico δ é dado por √ δ = ab donde um δ elevado corresponde a uma blindagem ele- onde a é a separação das linhas exteriores e b a separavada. ção das linhas interiores. Os quatro estados de spin para sistema AX de spin são αA αX αA βX βA αX 1 2 βA βX Os níveis de energia para tal sistema são E = −hνA mA − hνX mX + hJmA mX onde mA , mX = ± 12 , J é a constante de acoplamento escalar (independente do campo aplicado) e νA e νX as frequências de ressonância de A e X. Quando ocorre uma transição do núcleo A, o núcleo X permanece inalterado (∆mA = +1 e ∆mX = 0). Há duas destas transições – βA ← αA quando o núcleo X é αX e quando é βX . As energias das transições são (será análogo para a ressonância de X) 1 ∆E = hνA ± hJ 2 Numa espécie AXn , a ressonância de X é ainda um dobleto com speração J – um grupo de núcleos equivalentes tem ressonância com um único núcleo, apenas com a diferença de que a intensidade é agora n vezes superior àquela da espécie AX. Por outro lado, a ressonância de A é dividida em n + 1 linhas com intensidades dadas pelo triângulo de Pascal. Adicionalmente, o espaçamento entre quaisquer duas linhas adjacentes (em Hz) é a constante de acoplamento. Para espectros de segunda ordem (em que νL ∆δ ≈ J, com ∆δ a diferença de desvios químicos dos dobletos), existem desvios às regras enunciadas – primeiro, as intensidades das linhas centrais aumentam à custa das linhas periféricas; quando o desvio químico é reduzido a um ponto muito próximo da constante de acoplamento, o espaçamento entre linhas deixa de ser igual ao valor da constante de acoplamento J (apesar disso, ainda se lhe referirmos por J, mesmo sabendo que é apenas uma aproximação); por fim, o número de linhas previsto passa a ser incorrecto. Num espectro AB, a única distorção de segunda ordem é a intensidade – o espaçamento de cada dobleto é exactamente J e o sistema tem quatro transições. 11