NO CONTROLE DA LAGARTA MILITAR

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ATIVIDADE DE NOVA MOLÉCULA INSETICIDA (PYRIDALYL) NO CONTROLE DA LAGARTA
MILITAR, Spodoptera frugiperda (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE), NA CULTURA DO ALGODÃO.
Willian Takao (Unesp - Ilha Solteira / [email protected]), Dhiego L. Duvaresch; Renê S. Furlan
(Unesp), Murilo F. Bertolucci (Unesp), Geraldo Papa (Unesp)
RESUMO - O objetivo deste trabalho foi avaliar em campo a performance de uma nova molécula
inseticida (pyridalyl), derivado do grupo químico fenil eter, no controle da lagarta militar, Spodoptera
frugiperda, em algodão. O delineamento foi de blocos ao acaso, com seis tratamentos e quatro
repetições. Os tratamentos e doses (p.c./ha) foram os seguintes: pyridalyl 50% CE (Pleo) a 250, 270,
300 e 330 ml, spinosad 48% SC (Tracer) a 125ml, chlorfenapyr 24% SC (Pirate) a 1000 ml e
testemunha. Cada parcela constou de 54 m2. Foi realizada uma aplicação foliar, utilizando-se um
pulverizador costal equipado com barra contendo seis pontas cônicas (TXVK-8), propelido por CO2,
volume de 150 L/ha. Foram realizadas avaliações de eficiência dos tratamentos aos 0, 2, 5, 10 e 15
dias após a aplicação, contando-se o número de lagartas encontradas em 10 plantas/parcela. Aos 15
dias após a aplicação avaliou-se também o número de estruturas florais danificadas pelas lagartas em
10 plantas/parcela. Pela análise dos resultados concluiu-se que o inseticida pyridalyl 50% CE, nas
doses de 270, 300 e 330 ml p.c./ha, foi eficiente no controle da lagarta Spodoptera frugiperda,
igualando-se aos padrões já utilizados, podendo constituir-se como nova opção para o manejo da
referida praga, na cultura do algodão.
Palavras-chave: Gossypium hirsutum, Spodoptera frugiperda, pyridalyl, controle.
INTRODUÇÃO
O algodoeiro hospeda várias espécies de insetos e ácaros que tornam o Manejo de Pragas
uma das atividades mais importantes na cadeia produtiva. A maioria das pragas que ocorrem na
cultura são, geralmente, permanentes, e a repetição da atividade nas mesmas áreas, oferece
condições para o crescimento populacional destas espécies. As diversas partes da planta de
algodoeiro como raízes caule, folhas, botões florais, flores, maçãs e capulhos são atacados pelas
pragas e podem ocasionar sérios prejuízos. Dentre as pragas, Spodoptera frugiperda (Lepidoptera:
Noctuidae) destaca-se como uma das espécies cuja dinâmica populacional foi afetada pelos plantios
de algodão e milho dentro de uma mesma região. S. frugiperda ocorre em quase todo o continente
americano e tem provocado prejuízos econômicos em uma série de culturas de importância econômica
(CRUZ, 1995; YU, 2003). É considerada a principal praga do milho no Brasil (CRUZ, 1995) e tem se
destacado como importante praga do algodoeiro nas regiões produtoras do cerrado brasileiro. O cultivo
de milho na entressafra (Safra/Safrinha/Inverno), somado a existência de várias outras culturas
hospedeiras, permite que S. frugiperda se perpetue durante todo ano no cerrado, tornando-se uma
espécie bastante freqüente nos algodoeiros. As injúrias causadas por S. frugiperda no algodoeiro
podem ser diagnosticadas desde a emergência das plântulas até a fase de maturação. As lagartas
recém-eclodidas raspam o parênquima foliar, enquanto as lagartas pequenas e médias, a epiderme
das brácteas dos botões florais, flores e maçãs (DEGRANDE, 1998). O controle químico tem sido a
tática mais usada pelos agricultores para o controle das infestações desta praga nos cultivos de
algodão. Por isto, o uso indiscriminado de inseticidas tem contribuído para o estabelecimento de
populações resistentes de S. frugiperda contra os principais grupos de inseticidas disponíveis no
mercado (YU, 2006).
A crescente busca de alternativas mais seguras ao ambiente para o controle de pragas, tem
possibilitado o desenvolvimento de novas moléculas de inseticidas, proporcionado à introdução de
produtos mais seguros e mais adequados ao manejo de pragas agrícolas. Objetivou-se avaliar a
performance da molécula inseticida Pyridalyl no controle da lagarta S.frugiperda na cultura do
algodoeiro em condições de campo. Essa molécula inseticida foi descoberta pela empresa japonesa
Sumitomo Chemical Company Ltda. e desenvolvida no Brasil pela Sumitomo Chemical do Brasil
Representações Ltda.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado em região de cerrado, na Fazenda Experimental da Unesp,
localizada em Selvíria/MS, em fevereiro/2005. O delineamento utilizado foi de blocos ao acaso,
contendo sete tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos estão expressos na Tabela 1. Cada
parcela constou de seis linhas da cultura, com 10m de comprimento, semeadas com a cultivar Delta
Opal. Foi realizada uma única aplicação foliar, quando as plantas encontravam-se com 72 dias após a
semeadura, utilizando-se um pulverizador costal equipado com barra de seis pontas conejet TXVK-8 e
volume de calda estabelecido em 150 L/ha. Foram realizadas, além da contagem prévia, avaliações
para verificação da eficiência dos tratamentos aos 2, 5, 10 e 15 dias após a aplicação, contando-se o
número de lagartas vivas encontradas em 10 plantas tomadas ao acaso nas linhas centrais de cada
parcela. Aos 15 dias após a aplicação avaliou-se o número de estruturas florais com sintomas de
ataque da praga, examinando-se 10 plantas ao acaso por parcela. Os resultados obtidos foram
submetidos à análise de variância através do teste F, sendo as médias comparadas pelo teste de
Tukey (5%).
Tabela 1. Tratamentos e doses dos inseticidas utilizados no controle de S.frugiperda em algodão.
Selvíria/MS, fevereiro-2005.
Nome comum
1. Pyridalyl
2. Pyridalyl
3. Pyridalyl
4. Pyridalyl
5. Spinosad
6. Chlorfenapyr
7. Testemunha
Nome
Comercial
Pleo
Pleo
Pleo
Pleo
Tracer
Pirate
--
Formulação e concentração do
i.a./L p.c.
Concentrado Emulsionável 50%
Concentrado Emulsionável 50%
Concentrado Emulsionável 50%
Concentrado Emulsionável 50%
Suspensão Concentrada 48%
Suspensão Concentrada 24%
--
Dose (g
i.a./ha)
125
135
150
165
60
240
--
Dose (ml
p.c./ha)
250
270
300
330
125
1000
--
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados estão expressos nas Tabelas 2 e 3. As porcentagens de eficiência foram
calculadas através da fórmula de Abbott (1925). A análise dos resultados mostrou que na avaliação
prévia não ocorreram diferenças significativas entre os tratamentos, indicando a ocorrência de
infestação uniforme de lagartas na área do experimento. Na primeira contagem de lagartas (Tabela 2),
realizada 2 dias após a aplicação, constatou-se redução do número de lagartas em todos os
.
tratamentos com aplicação de inseticida, embora não tenha ocorrido diferenças entre os tratamentos e
a testemunha. Segundo Scarpelinni et al. (2006) as avaliações de eficiência de inseticidas para S.
frugiperda com curto período de tempo após a aplicação, normalmente não mostram resultados
satisfatórios, pois é necessário um tempo suficiente de alimentação para contaminação das lagartas.
Nas avaliações realizadas aos 5 e 10 dias após a aplicação, os tratamentos com pyridalyl, nas doses
de 270, 300 e 330 ml p.c./ha, diferiram significativamente da testemunha e alcançaram eficiências
médias de controle da praga superiores a 80%, igualando-se aos padrões spinosad e chlorfenapyr. Na
contagem final (realizada 15 dias após a aplicação) ocorreu uma queda significativa na população de
lagartas nas plantas da testemunha, não havendo diferenças entre os tratamentos. Na avaliação de
estruturas florais danificadas pela S. frugiperda (Tabela 3), realizada 15 dias após a aplicação, todos os
tratamentos diferiram significativamente da testemunha e alcançaram eficiências médias superiores a
80% na proteção de estruturas florais contra o ataque da praga. A proteção das estruturas reprodutivas
da planta contra o dano da lagarta é importante. Segundo Papa e Mosca (2006), as lagartas de S.
frugiperda deslocam-se pouco na planta, permanecendo maior tempo na parte mediana e basal das plantas e consumem
grande parte das estruturas atacadas, tornando-se menos exposta aos inseticidas.
Tabela 2. Efeito do inseticida pyridalyl no controle da lagarta Spodoptera frugiperda em algodão.
Número de lagartas por tratamento e porcentagem de eficiência (%E), aos 0, 2, 5, 10 e 15 dias após a
aplicação (DAA). Selvíria/MS, fevereiro-2005.
Tratamentos
1. pyridalyl
2. pyridalyl
3. pyridalyl
4. pyridalyl
5. spinosad
6. chlorfenapyr
7. Testemunha
CV (%)
ml
p.c./ha
250
270
300
330
125
1000
---
Prévia
2 DAA
5 DAA
Lag.
Lag. %E Lag.
%E
13 a
5a
58
2b
80
15 a
4a
67
2b
80
12 a
4a
67
1b
90
16 a
3a
75
2b
80
17 a
3a
75
0b
100
14 a
3a
75
1b
90
12 a
12 a
-10 a
--18.14 -- 24.76
--
10 DAA
Lag.
%E
3b
75
2b
83
2b
83
2b
83
0b
100
2b
83
12 a
-23.08
--
15 DAA
Lag. %E
1a
89
1a
89
1a
89
0 a 100
0 a 100
0 a 100
9 a 100
27.11 --
Tabela 3. Efeito do inseticida pyridalyl na proteção de estruturas reprodutivas contra o ataque da
lagarta Spodoptera frugiperda em algodão. Número de estruturas reprodutivas atacadas pelas lagartas
por tratamento e porcentagem de eficiência (%E), 15 dias após a aplicação (DAA). Selvíria/MS,
Fevereiro-2005.
.
Tratamentos
ml p.c./ha
1. Pyridalyl
2. Pyridalyl
3. Pyridalyl
4. Pyridalyl
5. Spinosad
6. Chlorfenapyr
7. Testemunha
CV (%)
250
270
300
330
125
1000
---
15 DAA
estruturas danificados
4b
3b
4b
3b
2b
3b
20 a
28.32
%E
80
85
80
85
90
85
---
CONCLUSÃO
O inseticida pyridalyl, nas doses de 270, 300 e 330 ml p.c./ha, foi eficiente no controle da
lagarta Spodoptera frugiperda, igualando-se aos padrões já utilizados, podendo constituir-se como
nova opção para o manejo da referida praga, na cultura do algodão.
CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO
A presente pesquisa subsidia produtores, consultores, pesquisadores e órgãos oficiais tanto
Federais como Estaduais que regulamentam o uso de pesticidas, na utilização de nova ferramenta
química no manejo de pragas do algodão e também no manejo da resistência de pragas do algodão aos
pesticidas, uma vez que a nova ferramenta química (pyridalyl), embora seu mecanismo de ação não
esteja totalmente elucidado, já se têm evidências de que se trata de um mecanismo totalmente distinto de
todos os outros atualmente registrados para uso na cultura do algodão. A nova molécula química foi
descoberta no Japão e esta em desenvolvimento para ser registrada no Brasil em breve. Os estudos
realizados até o momento constataram que o pyridalyl é pouco tóxico para mamíferos e muitos dos
artrópodos benéficos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Entomology, Lanham, v.18, p. 265-267, .
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DEGRANDE, P.E. Guia prático de controle das pragas do algodoeiro. Dourados: UFM, 1998. 60 p.
PAPA, G.; Adaptação constante: Saiba porque é tão difícil o controle completo da lagarta-do-cartucho
no milho. Revista Cultivar, n.79, p . 8-11, dez., 2005.
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Piracicaba, SP..
SCARPELLINI, J.R.; GENTILIN JR, O1. ; ZANETTI, L.F. Controle químico de Spodoptera frugiperda
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YU, S.J. Biochemical characteristics of insecticide resistance in the fall armyworm Spodoptera
frugiperda. Pesticide Biochemistry and Physiology, San Diego, v. 77, p. 1-11, 2003.
YU, S.J. Insensitive of acetylcholinesterase infield strain of the fall armyworm Spodoptera frugiperda.
Pesticide Biochemistry and Physiology, San Diego, v. 84, p. 135-142, 2006.
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