INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS DURANTE A GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE ESPÉCIES DA FLORA AMAZÔNICA ZILVANDA LOURENÇO DE OLIVEIRA MELO Tese apresentada Integrado de Biologia Tropical ao programa pós-graduação e em Recursos Naturais do convênio INPA/UFAM, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Ciências Biológicas, área de concentração em Botânica. MANAUS-AM 2005 1 INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS DURANTE A GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE ESPÉCIES DA FLORA AMAZÔNICA ZILVANDA LOURENÇO DE OLIVEIRA MELO Orientador: Dr. JOSÉ FRANCISCO DE CARVALHO GONÇALVES Tese apresentada Integrado de Biologia Tropical ao programa pós-graduação e em Recursos Naturais do convênio INPA/UFAM, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Ciências Biológicas, área de concentração em Botânica. MANAUS-AM 2005 ii Melo, Zilvanda Lourenço de Oliveira Alterações fisiológicas e bioquímicas durante a germinação de sementes de espécies da flora amazônica / Melo, Zilvanda Lourenço de Oliveira – INPA/UFAM, 2005. 76p, xvii. Tese de Doutorado – INPA/UFAM. 1. Espécies florestais e frutíferas tropicais 2. Fisiologia de sementes 3. Metabólitos primários 4. Tecido de estocagem 5. Reservas orgânicas. CDD 19. ed. 582.16041 Sinopse: No presente trabalho foram estudados os aspectos morfo-fisiológicos e bioquímicos ligados à germinação das sementes de Myrciaria dubia, Eugenia stipitata, Dipteryx odorata e Hymenaea courbaril, abordando características germinativas e aspectos quantitativos e qualitativos das reservas orgânicas estocadas em diferentes compartimentos e estádios fisiológicos das sementes ao longo da germinação, enfocando as rotas bioquímicas ligadas aos componentes do metabolismo primário. Palavras-chave: morfologia de sementes, fisiologia da germinação, carboidratos, proteínas, lipídios, ácidos graxos e enzimas. iii Aos meus pais e irmãos, minha gratidão e reconhecimento. Ao meu esposo e filhos dedico. iv AGRADECIMENTOS A Deus e ao mestre Jesus pelo amparo de todas as horas. Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e ao programa de pósgraduação, pela oportunidade desta realização. À Coordenação de Pesquisas em Botânica (CPBO), pela liberação para a realização do meu doutoramento. À Coordenação de Pesquisas em Silvicultura Tropical (CPST), por ter me recebido nestes três anos de estudo. Ao Dr. José Francisco de Carvalho Gonçalves, pela orientação responsável e competente, constante incentivo, dedicação em todas as etapas do trabalho contribuindo de forma significativa para o meu aprimoramento profissional. A Dra. Tereza Fernandez Piedade, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Botânica pelo apoio concedido ao longo do Doutorado. Aos Drs. Sidney Alberto do Nascimento Ferreira e Kaoru Yuyama pela concessão do material biológico. A Dra. Isolde D. Kossmann Ferraz pela liberação das câmeras de germinação de sementes. Ao Dr. Luiz Contin e Danival pela contribuição na elaboração dos géis de proteínas. A Dra. Deborah Yara (USP), pelo suporte na análise dos ácidos graxos. Aos amigos do laboratório de Fisiologia Vegetal (CPBO), Filomena, Lena, Ires, Afonso, Benaion e Edelcílio, pela amizade. Aos amigos do Laboratório de Fisiologia e Bioquímica Vegetal (CPST), Astrid, Andreia, Carlos, Denise, Fred, Karina, Larissa, Ulysses, por todo apoio, sugestões e paciência dispensada à minha pessoa, e de forma especial aos amigos (as) Eva, Renata e Ronaldo, pelo companheirismo e incansável incentivo. Aos Técnicos Lúcio Batalha e João Bosco Cintrão pelo apoio e obtenção de sementes. À amiga Vânia Varela, pela amizade e apoio constante. Ao M.Sc. André Atroch, pela ajuda e sugestões concedida nas análises estatísticas dos ácidos graxos. v Ao Sebastião, Rebeca e Nicolas, por estarem comigo nesta caminhada. Enfim, a todos que contribuíram de diferentes formas com o desenvolvimento do presente trabalho. vi LISTA DE FIGURAS Páginas Figura 1. Principais eventos associados à germinação. 7 Figura 2. Morfologia externa e interna da semente quiescente de Myrciaria dubia: A-sementes; B-cotilédones: região de protrusão (rpr) da radícula. A barra indica o tamanho da semente. 21 Figura 3. Seqüência da germinação da semente Myrciaria dubia: Aemissão da radícula (er) e parte aérea (pa); B- plântulas. 22 Figura 4. Morfologia externa e interna da semente quiescente de Eugenia stipitata: A-sementes; B-cotilédones: área de soldadura dos cotilédones (asc), região de protrusão da radícula (rpr). A barra indica o tamanho da semente. 23 Figura 5. Germinação da semente de Eugenia stipitata sem tegumento, a e b-emissão da radícula, c-radícula com 20 mm. 23 Figura 6. Formação de plântulas de Eugenia stipitata. 24 Figura 7. Fruto aberto de Dipteryx odorata: ed-endocarpo; s-semente. A barra indica o tamanho da semente. 24 Figura 8. Morfologia interna da semente quiescente de Dipteryx odorata: A-cotilédones esquerdo e direito (c), respectivamente, eixo embrionário (exb); B-vista aproximada do eixo embrionário: plúmula (pl), epicótilo (ep), primórdio da radícula (pr). A barra indica o tamanho do eixo embrionário 25 vii Figura 9. Seqüência da germinação e estabelecimento de plântulas de Dipteryx odorata, a-semente embebida, livre do endocarpo; b-radícula emersa; c-abertura dos cotilédones; d,e-emergência da parte aérea. 26 Figura 10. Fruto aberto de Hymenaea courbaril A: semente envolvida pelo endocarpo (s); B-sementes livres do endocarpo. A barra indica o tamanho da semente. 27 Figura 11. Morfologia interna da semente quiescente de Hymenaea courbaril A-semente com 48 horas de embebição, eixo embrionário indiferenciado (exb); B-semente após emissão da radícula, parte aérea (pa); emissão da radícula (er). Figura 12. Germinação 28 de Hymenaea courbaril, a-cotilédones apresentando o primeiro protofilo de coloração verde; b e c-cotilédones com maior exposição dos primeiros protófilos e sistema radicular com raízes secundárias. 29 Figura 13. Alterações nos teores dos açúcares solúveis em sementes de Myrciaria dubia (A) Eugenia stipitata (B), Dipteryx odorata (C) e Hymenaea courbaril: (D) em diferentes estádios de germinação. Sementes quiescentes (0), sementes com 48 horas de embebição (1), sementes com emissão de radícula (2), sementes com 20 mm de radícula (3) e sementes com 50 mm de radícula (4). Onde nos gráficos C e D (o) representa os cotilédones e (●) o eixo embrionário. As barras indicam o desvio padrão. 33 viii Figura 14. Alterações nos teores de amido em sementes de Myrciaria dubia (A) Eugenia stipitata (B), Dipteryx odorata (C) e Hymenaea courbaril (D), em diferentes estádios de germinação. Sementes quiescentes (0), sementes com 48 horas de embebição (1), sementes com emissão de radícula (2), sementes com 20 mm de radícula (3) e sementes com 50 mm de radícula (4). Onde nos gráficos C e D (o) representa os cotilédones e (●) o eixo embrionário. As barras indicam o desvio padrão. 36 Figura 15. Figura 15. Atividade da enzima α-amilase durante a germinação de sementes de Myrciaria dubia (A) Eugenia stipitata (B), Dipteryx odorata (C) e Hymenaea courbaril (D). As barras indicam o desvio padrão. 38 Figura 16. Alterações nos teores de proteínas em sementes de Myrciaria dubia (A) Eugenia stipitata (B), Dipteryx odorata (C) e Hymenaea courbaril (D) em diferentes estádios de germinação. Sementes quiescentes (0), sementes com 48 horas de embebição (1), sementes com emissão de radícula (2), sementes com 20 mm de radícula (3) e sementes com 50 mm de radícula (4). Onde nos gráficos C e D (o) representa os cotilédones e (●) 42 o eixo embrionário. As barras indicam o desvio padrão. Figura 17. Perfil eletroforético (SDS-PAGE 10%) de proteínas nas sementes de Dipteryx odorata em cinco estádios de germinação. 0sementes quiescentes; 1-sementes com 48 horas de embebição; 2-sementes com emissão de radícula; 3-sementes com 20 mm de radícula; 4-sementes com 50 mm de radícula. M-marcadores de massa molecular. As setas indicam as massas moleculares aparentes. 44 ix Figura 18. Perfil eletroforético (SDS-PAGE 10%) de proteínas em sementes de Hymenaea courbaril em cinco estádios de germinação. 0sementes quiescentes; 1-sementes com 48 horas de embebição; 2-sementes com emissão de radícula; 3-sementes com 20 mm de radícula; 4-sementes com 50 mm de radícula. M-marcadores de massa molecular. As setas indicam as massas moleculares aparentes. 46 Figura 19. Alterações nos teores de óleos em sementes de Myrciaria dubia (A) Eugenia stipitata (B), Dipteryx odorata (C) e Hymenaea courbaril (D) em diferentes estádios de germinação. Sementes quiescentes (0), sementes com 48 horas de embebição (1), sementes com emissão de radícula (2), sementes com 20 mm de radícula (3) e sementes com 50 mm de radícula (4). Onde nos gráficos C e D (o) representa os cotilédones e (●) o eixo embrionário. As barras indicam o desvio padrão. 48 LISTA DE TABELAS Páginas Tabela. 1. Germinação de quatro espécies da flora amazônica araçá-boi (Eugenia stipitata), camu-camu (Myrciaria dubia), cumaru (Dipteryx odorata) e jatobá (Hymenaea courbaril) submetidas à temperatura de 30oC. 30 Tabela 2. Conteúdo de ácido láurico (C12:0) (%) nos cotilédones e no eixo embrionário das sementes de camu-camu (M. dubia), araçá-boi (E. stipitata), cumaru (D. odorata) e de jatobá (H. courbaril) em diferentes 51 estádios de germinação. x Tabela 3. Conteúdo de ácido palmítico (C16:0) (%) nos cotilédones e no eixo embrionário das sementes de camu-camu (M. dubia), araçá-boi (E. stipitata), cumaru (D. odorata) e de jatobá (H. courbaril) em diferentes estádios de germinação. 52 Tabela 4. Conteúdo de ácido linolênico (C18:3) (%) nos cotilédones e no eixo embrionário das sementes de camu-camu (M. dubia), araçá-boi (E. stipitata), cumaru (D. odorata) e de jatobá (H. courbaril) em diferentes estádios de germinação. 53 Tabela 5. Conteúdo de ácido esteárico (C18:0) (%) nos cotilédones e no eixo embrionário das sementes de camu-camu (M. dubia), araçá-boi (E. stipitata), cumaru (D. odorata) e de jatobá (H. courbaril) em diferentes estádios de germinação. 54 Tabela 6. Conteúdo de ácido araquídico (C20:0) (%) nos cotilédones e no eixo embrionário das sementes de camu-camu (M. dubia), araçá-boi (E. stipitata), cumaru (D. odorata) e de jatobá (H. courbaril) em diferentes estádios de germinação. 55 Tabela 7. Conteúdo de ácido de cadeia longa saturado (C28:0) (%) nos cotilédones e no eixo embrionário das sementes camu-camu (M. dubia), araçá-boi (E. stipitata), cumaru (D. odorata) e de jatobá (H. courbaril) em diferentes estádios de germinação. 57 xi LISTA DE ABREVIATURAS asc - Área de soldadura dos cotilédones BSA - Albumina de soro bovino c - Cotilédones C12:0 - Ácido láurico C16:0 - Ácido palmítico C18:0 - Ácido esteárico C18:1 - Ácido oléico C18:2 - Ácido linoléico C18:3 - Ácido linolênico C20:0 - Ácido araquídico C22:0 - Ácido beênico C24:0 - Ácido lignocérico C26:0 - Ácido cerótico C28:0 - Ácido graxo de cadeia longa DAP - Diâmetro à altura do peito ed - Endocarpo ep - Epicarpo er - Emissão da radícula exb - Eixo embrionário indiferenciado IVG - Índice de velocidade de germinação kDa - kiloDalton MF – Matéria fresca pa - Parte aérea PAGE - Eletroforese em gel de poliacrilamida PAR - Radiação fotossinteticamente ativa pl - Plúmula pr - Primórdio da radícula rpr - Região de protrusão da radícula s -Semente SDS - Dodecyl sulfato de sódio xii TF - Tempo final de germinação TI - Tempo inicial de germinação TM - Tempo médio de germinação xiii RESUMO A Amazônia apresenta um dos maiores índices de biodiversidade do mundo, no qual estão incluídas espécies vegetais com grande potencial econômico. Os estudos sobre a reprodução dessas espécies vegetais são, portanto, essenciais para atender às necessidades econômicas e sócio-ambientais que poderiam garantir, em parte, o desenvolvimento sustentado. O fato mais marcante é que, na ausência de conhecimentos e de tecnologias mais eficazes, esses recursos naturais da Amazônia vêm sendo explorados sem manejo adequado. No que concerne à biologia de sementes, pode-se afirmar que existe pouco conhecimento disponível para o manejo e análise das sementes da maioria das espécies da flora amazônica, de modo a fornecer dados que possam caracterizar seus atributos físicos, fisiológicos e bioquímicos, no sentido de aproveitar suas potencialidades integralmente. Portanto, o objetivo deste estudo foi investigar aspectos morfo-fisiológicos e metabólicos de espécies florestais e frutíferas da Amazônia (Dipteryx odorata e Hymenaea courbaril, Myrciaria dubia e Eugenia stipitata), bem como analisar as características da germinação e as potenciais mudanças nas rotas bioquímicas ligadas ao metabolismo primário (carboidratos, lipídios e proteínas). Os resultados dos ensaios de germinação mostraram que as espécies, mesmo apresentando alta germinabilidade, apresentaram diferenças no percentual, tempo e velocidade de germinação, sugerindo que fatores endógenos podem influenciar a germinação dessas espécies. A quantificação de carboidratos, proteínas e lipídeos, bem como a determinação dos padrões protéicos e o perfil dos ácidos graxos confirmaram que as espécies apresentam diferenças entre si tanto na quantidade de compostos orgânicos estocados quanto na mobilização dessas reservas. Esses resultados permitiram concluir que as sementes das espécies estudadas exibiram teor quantitativo e qualitativo diferenciado entre si e que estes se alteram ao longo do processo germinativo, principalmente, as reservas mais energéticas como os carboidratos e os lipídios, fazendo com que a germinação aconteça de forma mais rápida. xiv ABSTRACT The Amazon maintains one of the largest indexes of biodiversity in the world, from which there exist a large number of plant species with great economic potential. Studies on the reproduction of such plants are essential in order to meet economic and socio-environmental needs that could promote sustainable development in some form. What is concerning is that in the absence of efficient technology and necessary study, these natural resources of the Amazon are being exploited without proper direction. In relation to seed biology, it can be said that there is little available information for the management and analysis of the majority of the Amazonian plant species. In particular, there is a dearth of data that describes their physical, physiological, and biochemical attributes, which would help to take advantage of their full potential. Therefore, the objective of this study was to investigate the morphophysiological and metabolic aspects of Amazonian fruit trees and other tree species (Dipteryx odorata e Hymenaea courbaril, Myrciaria dubia e Eugenia stipitata), analyzing the characteristics of germination and the potential changes in the biochemical paths connected to primary metabolism (carbohydrates, fats, and proteins). The results of the experiments in germination showed that the plants, even when showing high germinability, exhibited differences in the following variables: time, speed, and percentage of germination; suggesting that endogenic factors could have influenced the germination of these specimens. The quantification of carbohydrates, proteins, and lipids, like the analysis of protein models and the fatty acids profile, confirm that the species studied showed a difference amongst themselves in both the quantity of stocked organic composts and the mobilization of such reserves. From these results , it is concluded that the seeds of the observed species exhibited differences in both quantitative and qualitative levels, and that these levels changed over the course of the germination process, particularly, in the more energetic reserves, like the carbohydrates and fats, which promoted quicker germination. xv SUMÁRIO Agradecimentos v Lista de Figuras vii Lista de Tabelas x Lista de Abreviaturas xii Resumo xiv Abstract xv 1. INTRODUÇÃO 1 2. REFERENCIAL TEÓRICO 5 3. OBJETIVO 13 3.1. Objetivo Geral 13 3.2. Objetivos Específicos 13 4. HIPÓTESES 14 5. MATERIAL E MÉTODOS 15 5.1. Procedência do material biológico 15 5.2. Beneficiamento das sementes 15 5.3. Estudo dos aspectos morfológicos internos das sementes 15 5.4. Testes de germinação 15 5.5. Análises dos componentes dos metabólitos primários 17 5.5.1. Análises dos carboidratos 17 5.5.2. Determinação da atividade da enzima α-amilase 18 5.5.3. Análises das proteínas 18 5.5.4. Determinação do padrão protéico 19 5.5.5. Extração e determinação da porcentagem dos óleos 19 5.5.6. Determinação e identificação dos ácidos graxos 19 5.6. Delineamento experimental e análises estatísticas 20 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 21 6.1. Aspectos morfológicos da semente e da germinação das espécies estudadas 21 6.1.1. Camu-camu (Myrciaria dubia) 21 6.1.2. Araçá-boi (Eugenia stipitata) 22 xvi 6.1.3. Cumaru (Dipteryx odorata) 24 6.1.4. Jatobá (Hymenaea courbaril) 26 6.2. Germinação de sementes de camu-camu (M. dubia), araçá-boi (E. stipitata), cumaru (D. odorata) e jatobá (H. courbaril ) 29 6.3. Acúmulo e mobilização dos componentes do metabolismo primário em cotilédones e/ou eixo embrionário de sementes de camu-camu (M. dubia), araçáboi (E. stipitata), cumaru (D. odorata) e jatobá (H. courbaril 32 6.3.1. Açúcares solúveis 32 6.3.2. Amido 35 6.3.3. Atividade da enzima α-amilase durante a germinação 38 6.3.4. Proteínas 40 6.3.5. Perfil Protéico 42 6.3.6. Óleos 46 6.4. Padrão dos ácidos graxos em cotilédones e/ou eixo embrionário de sementes de camu-camu (M. dubia), araçá-boi (E stipitata), cumaru (D. odorata) e jatobá (H courbaril) 49 7. CONCLUSÕES 57 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 59 9. ANEXOS 70 xvii ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS DURANTE A GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE ESPÉCIES DA FLORA AMAZÔNICA 1. INTRODUÇÃO A Amazônia apresenta um dos maiores índices de biodiversidade do mundo, no qual estão incluídas espécies vegetais com grande potencial econômico. Estima-se que de todas as espécies de plantas conhecidas no planeta (cerca de 60.000), 22% façam parte da composição da flora amazônica, dentre estas, de 4.000 a 5.000 são espécies arbóreas de grande porte (Schultes, 1977). Contudo as espécies nativas da floresta amazônica são ainda pouco conhecidas, aproximadamente 20 espécies são mundialmente conhecidas e utilizadas na indústria madeireira, e poucas são conhecidas como frutíferas ou por suas propriedades medicinais, sem dúvida, a potencialidade de uso dessas espécies nativas permanecem desconhecidos e talvez continuem para sempre com a diminuição das florestas a descaracterização das populações tradicionais (Ribeiro et al.,1999). Por isso nos últimos anos, devido à ênfase dada aos problemas ambientais, em particular, ao aumento do número de espécies e/ou de populações com potencial de extinção, tem se intensificado o interesse na propagação de espécies nativas, sejam elas florestais ou frutíferas, a fim de aperfeiçoar a utilização das mesmas para os mais variados fins (Neto et al., 2003). Os estudos sobre a reprodução de espécies vegetais são, portanto, essenciais para atender às necessidades econômicas, sociais e ambientais, de modo a garantir o desenvolvimento sustentado, principalmente em países como o Brasil, cuja rica biodiversidade vem sendo explorada sem manejo adequado (Gomes et al., 2002). Entretanto, ainda é pequeno o conhecimento disponível sobre o manejo e a análise das sementes da maioria dessas espécies, de modo a fornecer dados que possam caracterizar seus atributos físicos, fisiológicos e bioquímicos, visando o cultivo e o aproveitamento adequado de suas potencialidades (Kainer et al., 1999). As sementes possuem importante papel na conservação dessa biodiversidade, pois, como unidade de reserva, podem acumular vários compostos altamente energéticos que poderão ser mobilizados no período germinativo e de desenvolvimento inicial da 1 plântula, sendo seus produtos utilizados como fonte de energia, matéria-prima (proteínas, ácidos nucléicos, carboidratos e lipídios) bem como para construção de células e tecidos, proporcionando a este novo indivíduo a independência da planta-mãe e adaptação aos mais variados ambientes (Buckeridge et al., 2000a). Um fator a ser considerado nos estudos relacionados à germinação de sementes é a longevidade. Neste aspecto, tem-se as sementes classificadas como recalcitrantes, que possuem ampla variabilidade no conteúdo de água no momento da dispersão e também na sua fisiologia pós-colheita, especialmente, com relação à resposta à dessecação. Entretanto, todas essas sementes são metabolicamente ativas e mostram alterações associadas à germinação enquanto estão armazenadas (King & Roberts, 1979). Segundo Ferreira & Gentil (2003), as sementes de camu-camu devem ser armazenadas com grau de umidade elevado (próximo a 46%) e, preferencialmente, sob temperatura de 20°C, para manter a viabilidade e o vigor por maior período de tempo. As sementes de araçáboi enquadram-se também nesta classificação. As sementes classificadas como ortodoxas são dispersas com baixo teor de água, em função do dessecamento ocorrido ao final da embriogênese e podem ser armazenadas por longos períodos sem mostrar alterações durante a germinação (Pammenter et al., 2000; Farnsworth, 2000), essa capacidade de armazenamento varia entre as espécies, entre e dentro de lotes de sementes (Groot et al., 2003). As sementes de jatobá apresentam comportamento ortodoxo. Um comportamento intermediário, entre o ortodoxo e o recalcitrante foi relatado por Ellis et al., (1990). As espécies de zonas tropicais e temperadas podem ser encontradas em todas as três categorias (Hong et al., 1996). De acordo com (Hidalgo, 1993), as sementes de cumaru não se enquadram no grupo das sementes recalcitrantes, uma vez que tolera perdas acentuadas de umidade sem afetar a germinação. A germinação é um processo complexo e extremamente dependente do equilíbrio dinâmico entre fatores endógenos e exógenos para que ocorra de maneira satisfatória. Segundo Taiz & Zeiger (2004), as giberelinas ativam o crescimento vegetativo do embrião, o enfraquecimento da camada do endosperma e a mobilização de suas reservas energéticas; as citocininas promovem a expansão dos cotilédones folhosos e o ácido abscísico promove a tolerância à dessecação no embrião, o acúmulo de proteínas de reservas assim como determina o início e a manutenção da dormência nas sementes. 2 Dentre os fatores exógenos, destacam-se água, luz, temperatura, umidade relativa e oxigênio como fatores de extrema importância para esse processo (Válio & Escarpa, 2001; Carvalho et al., 2001; Gomes & Fernandes, 2002; Machado & Cícero, 2002; Neto et al., 2003; Pinho et al., 2004). De acordo com Mayer & Poljakoff-Mayber (1975), na germinação o grau de exigência dos fatores ambientais é variável entre as espécies e, via de regra, determinado pelo genótipo e pelas condições ambientais prevalecentes durante a formação das sementes. Existem diversos fatores endógenos que podem também contribuir para que as sementes venham a desenvolver tolerância à dessecação. Essa tolerância está relacionada à capacidade do organismo em enfrentar o estresse da quase completa perda de água e da reidratação. Para isso ele utiliza-se de mecanismos como: redução do seu metabolismo após a dessecação, redução do volume do vacúolo, regulação de rotas metabólicas minimizando a produção de compostos prejudiciais, síntese de compostos antioxidantes, acúmulo de proteínas LEA (late embryogenesis abundant) e produção de altos níveis de açúcares. Acredita-se que estes açúcares são capazes de prevenir mudanças nas fases de membranas e mudanças estruturais das proteínas (Pammenter et al., 2000; Hoekstra et al., 2003; Castro et al., 2004). Assim, as membranas não se rompem e a atividade enzimática é preservada (Maluf et al., 2005). O melhor entendimento do metabolismo destas sementes é de fundamental importância tanto do ponto de vista conceitual na fisiologia de sementes, quanto no plano tecnológico, uma vez que um grande número de espécies da região amazônica produz sementes com características recalcitrantes. Deste modo estudos sobre as alterações bioquímicas poderão fornecer maiores informações sobre as alterações metabólicas pelas quais as sementes quiescentes e germinantes passam, tanto do ponto de vista quantitativo, quanto qualitativo, bem como as relações de causas e/ou efeitos dos danos ocorridos durante a desidratação das sementes recalcitrantes e descobrir os mecanismos pelos quais a tolerância à dessecação é alcançada em sementes ortodoxas, usando isso como subsídios técnicos para o melhor aproveitamento de diversas espécies da flora amazônica com potencial econômico. Além disso, este estudo permitirá ainda compreender melhor a partição de reservas orgânicas na semente e sua contribuição no desenvolvimento e estabelecimento 3 de plântulas, auxiliando dessa forma nos estudos de preservação das espécies, nas tomadas de decisões quanto à escolha de espécies de interesse econômico-ecológico, normalmente utilizadas em programas de melhoramento genético, florestamento, reflorestamento, recuperação de áreas degradadas e atividades agronômicas como a fruticultura. Devido à existência de inúmeras lacunas no conhecimento do(s) mecanismo(s) envolvido(s) nos processos fisiológicos e bioquímicos de sementes de espécies da flora amazônica, espera-se que o melhor entendimento dos aspectos morfo-fisiológicos associados ao processo de germinação de espécies da flora amazônica e a caracterização quantitativa e qualitativa das reservas orgânicas em diferentes compartimentos, e em estádios morfo-fisiológicos seqüenciais ao longo da germinação, possam contribuir para a sustentabilidade dos programas de uso e de preservação da biodiversidade vegetal da Amazônia. 4 2. REFERENCIAL TEÓRICO A região amazônica constitui uma província fitogeográfica bem individualizada, e é caracterizada pela fisionomia, ou seja, pela paisagem apresentada pela floresta tropical úmida de grande biomassa e heterogeneidade (Braga, 1997). Nas estimativas sobre a riqueza florística da região amazônica, freqüentemente mencionam-se de 50 a 60 mil espécies de plantas superiores (Schultes, 1977). Muitas dessas espécies possuem importância econômica e são propagadas via sementes, apesar de algumas o fazerem por meios vegetativos (Lorenzi, 1998). Sendo assim, as sementes figuram como uma das partes mais importantes na produção de mudas de essências nativas para serem usadas em programas voltados para a preservação de espécies vegetais, pois representam um reservatório genético que pode ser preservado de maneira segura e econômica, e dependendo da espécie por longos anos (Bewley & Black, 1994; Lorenzi, 1998). As sementes maduras são propágulos sexuais que contêm organização estrutural altamente definida. Funcionalmente pode-se dizer que são formadas pelo tegumento, tecido de reserva (cotilédone (s), endosperma, perisperma) e pelo eixo embrionário (Perez, 2004). Estes compartimentos exercem funções fundamentais no processo germinativo das sementes, podendo ser um fator determinante nesse evento. O tegumento é um dos principais condicionantes da germinação, do vigor e da longevidade das sementes (Souza & Marcos-Filho, 2001). Naturalmente, de acordo com suas características físico-químicas, o tegumento pode ser um tecido de proteção para as estruturas internas das sementes contra abrasões e choques, funcionar como uma barreira contra a entrada de microorganismo, regular a velocidade de embebição e de trocas gasosas. No entanto, o mesmo tecido pode ser um impedimento para a germinação, uma vez que ele pode oferecer resistência mecânica ao crescimento da radícula e/ou constituir um impedimento para a entrada de água, como também interferir no fluxo de oxigênio, podendo desta forma afetar a sua dormência (Cutter, 1987; Bradford, 1995; Perez, 2004). O endosperma é um tecido de reserva com função de estocar compostos orgânicos que serão oxidados e remobilizados durante a germinação, cuja função é atender a demanda energética de crescimento do eixo embrionário e posterior desenvolvimento e estabelecimento da plântula (Pontes et al., 2002). A longevidade deste tecido, bem como 5 o tipo e a quantidade de material armazenado por ele, variam ampliamente nas espécies. Segundo Aquila (2004) em sementes de algumas espécies de leguminosas, este tecido não é detectado porque foi totalmente consumido pelo embrião, já em outras sementes é possível detectar resquícios deste tecido. Neste caso estas sementes são chamadas de exalbuminosas e caracterizam-se por apresentarem um embrião grande em relação ao tamanho da semente. As reservas são armazenadas pelo próprio embrião, especialmente nos cotilédones (Pina-Rodrigues, 1988; Esaú, 1998). O perisperma também denominado de tecido de reserva é formado pelo ginosporângio persistente, em geral também é consumido durante a ontogenia do rudimento seminal. Contudo em algumas famílias ele persiste ficando neste caso o endosperma como um tecido intermediário entre o perisperma e o embrião (Bhojwani & Bhatnagar, 1974). O embrião constitui o esporófito jovem parcialmente desenvolvido. Nas dicotiledôneas é formado pelo eixo e pelas duas primeiras estruturas foliares, os dois cotilédones ou paracotilédones, cuja função é de reserva, absorção de alimento de outros tecidos e de produção de alimentos para o crescimento da plântula (Esaú, 1998). A germinação, portanto, pode ser definida como uma série de processos metabólicos e morfogenéticos, que se inicia com a absorção de água pela semente seca e quiescente, seguida da síntese e ativação de várias enzimas, resultando na mobilização das reservas orgânicas e, principalmente, na digestão da parede celular e termina com o alongamento do eixo embrionário, ocorrendo por conseqüência da protrusão da radícula. Quando neste processo os cotilédones ficam imersos no substrato a germinação é denominada de hipógea, do contrário, se ele emerge do substrato a germinação é epígea. Evidentemente, o processo germinativo é dependente de condições ambientais favoráveis como água (Beckert et. al., 2000), oxigênio, temperatura e luz (Pinheiro & Borghetti, 2003). Em sementes ortodoxas maduras, a absorção de água é trifásica. Inicialmente ocorre uma rápida absorção, cuja velocidade é determinada pela composição química da semente, permeabilidade do tegumento e disponibilidade de água no meio. É um processo físico que depende somente da ligação da água à matriz da semente e ocorre em qualquer material morto ou vivo (fase I). A fase II corresponde a um período estacionário de absorção de água e de intensa oxidação de reservas, cujos produtos irão sustentar o 6 crescimento do embrião. Nesta fase ocorre a protrusão da radícula, dependente principalmente da temperatura, mas também do potencial hídrico da semente. Na fase III ocorre o restabelecimento da absorção de água devido à iniciação do crescimento do embrião (expansão concomitante com divisão celular e conseqüente alongamento embrionário), conforme esquema apresentado na figura 1(Bewley, 1997). Germinação Pós-germinação Fase II Fase I Fase III Início da respiração e síntese de proteínas Embebição Mobilização das reservas Alongamento das células da radícula Divisão celular e síntese de DNA Reparo de DNA Síntese de proteínas usando novos mRNAs Síntese de proteínas usando mRNAs existente Reparo de mitocôndria Síntese de mitocôndria Lixiviação de solutos Tempo Fonte: The Plant Cell, v .9, 1997 (Bewley) Figura 1. Principais eventos associados à germinação. O oxigênio, apesar de ser um fator fundamental para a germinação, visto que a atividade respiratória é uma das primeiras alterações ocorridas a partir da embebição das sementes, é requerido em pequenas quantidades comparando-se com os níveis em que ocorre na atmosfera (Carvalho & Nakagawa, 2000). Considerando a germinação como resultado de uma série de reações bioquímicas, que envolvem processos funcionais caracterizados por reações enzimáticas e estruturais, em particular de bio-membranas, torna-se fácil atribuir e entender a importância da temperatura desde sua ação sobre a velocidade de absorção de água, porcentagem de sementes germinadas, uniformidade e velocidade do processo (Bewley & Black, 1994; Carvalho & Nakagawa, 2000; Silveira et al., 2004). 7 A temperatura ótima para a germinação de sementes da maioria das espécies está entre 15 e 30oC (Copeland & McDonald, 1985). Com relação às espécies arbóreas tropicais e subtropicais, a germinação de suas sementes tem ocorrido com maior eficiência na faixa de 20 a 30 oC (Borges & Rena, 1993). As espécies florestais apresentam comportamento variável com relação à sensibilidade à luz, no processo germinativo. De modo geral seguem o padrão das demais sementes podendo ser influenciadas positiva ou negativamente, ou ainda, apresentarem comportamento indiferente (Oliveira et al., 2003; Rego & Passamai, 2003). Os efeitos da luz sobre as sementes, via de regra, estão relacionados ao genótipo e fatores ambientais predominantes no período da sua ontogênese, podendo induzir a dormência, promover a germinação, ou mesmo ser um fator de regulação da germinação no campo. Deste modo pode ser decisivo para a sobrevivência das plântulas, determinando assim o seu posicionamento no estádio sucessional na floresta (Válio et al., 2001; Abreu & Garcia, 2005). Em algumas espécies, o requerimento de luz para germinação das sementes é fortemente influenciado pela temperatura. As sementes de Aechmea nudicaulis e Streptocalyx floribundus, germinadas em condições controladas, mostraram-se fotoblásticas positivas e intolerantes a temperaturas elevadas. Em experimentos sob condições naturais, a germinação mostrou-se dependente da presença de luz e da cobertura vegetal (Pinheiro & Borghetti, 2003). Dentre os fatores endógenos preponderantes no processo de germinação de sementes, podemos destacar as reservas orgânicas. A sua composição química é, em geral, muito variada e desempenha papel fundamental tanto de ordem qualitativa quanto quantitativa neste processo. De acordo com Pontes et al. (2002), na germinação estes compostos atendem a duas funções básicas que são: fonte de energia para manutenção de processos metabólicos em funcionamento e/ou fonte de matéria-prima para a construção de tecidos durante o desenvolvimento do embrião até que este se transforme em uma plântula, estabelecendo a mudança da fase heterotrófica para a fase autotrófica. Em termos de quantidade, pode-se afirmar que estas reservas são constituídas principalmente de carboidratos (amido, frutanos e polissacarídeos de parede celular), lipídios e proteínas. Os dois primeiros funcionam como fontes de energia e de carbono para suprir as necessidades energéticas da germinação das sementes, o crescimento e o 8 desenvolvimento inicial da nova plântula. Por outro lado, as proteínas têm como papel armazenar nitrogênio e em menor quantidade o enxofre, que são elementos essenciais para a síntese de novas proteínas, ácidos nucléicos e compostos secundários na plântula em crescimento (Ziegler, 1995; Ashton, 1976; Buckeridge et al., 2000a; 2004). O estudo de Borges et al. (2005), destaca o papel dos oligossacarídeos da rafinose e dos polissacarídeos de parede celular dentro do processo germinativo como de fundamental importância, visto que os mesmos são fontes de energia e substrato para a síntese de outros compostos. Os carboidratos apresentam ainda funções secundárias como controle da embebição, distribuição de água nos tecidos das sementes e controle da expansão celular dos cotilédones (Buckeridge et al., 2000b). Parte destas reservas é requerida no momento da reidratação dos tecidos das sementes, visando suprir o gasto de energia que foi direcionada para o reparo de estruturas celulares (membranas e ácidos nucléicos) danificadas no período de dessecamento da semente ou mesmo pelo próprio mecanismo de reidratação (Borges et al., 2002). Normalmente, as sementes quiescentes acumulam de 2 a 5% de sacarose e algumas até oligossacarídeos da série rafinósica como fonte de energia para serem degradados, possibilitando que todos os tecidos atinjam, no período de reidratação, níveis de atividade metabólica necessários para que o embrião se desenvolva (Bernal-Lugo & Leopold, 1992; Buckeridge et al., 2004) Os lipídios são armazenados nas sementes na forma de triacilgliceróis e são considerados moléculas bem mais energéticas que os carboidratos. No entanto precisam ser convertidos a açúcares por meio do ciclo do glioxalato a fim de serem utilizados como fonte de energia durante a germinação. Este ciclo representa uma importante forma de conversão de lipídios em carboidratos, pois é na forma de sacarose que estas reservas podem ser transportadas dos tecidos de estocagem para os tecidos radiculares e órgãos aéreos da plântula. É um ciclo bastante ativo nas sementes germinantes, principalmente nas oleaginosas (Lehninger, 1993; Baleroni et al., 1997; Taiz & Zaiger, 2004). O estudo do processo germinativo de sementes de Dalbergia miscolobium realizado por Silva et al. (1998), mostrou que a elevação dos níveis de açúcares encontrados nas sementes germinantes são evidências da ativação deste ciclo. 9 O nível de saturação dos ácidos graxos que compõe estes lipídios armazenados pelas sementes, para algumas espécies, confere um mecanismo de proteção ao eixo embrionário às condições adversas do meio ambiente (Silva et al., 1998). Portanto, mudanças estruturais dos lipídios pode ser um método alternativo e eficaz para monitorar alterações fisiológicas nas sementes e, consequentemente o seu vigor (Walters et al., 2005). Na verdade não existe um padrão de utilização destas reservas pelas diferentes espécies. Pontes et al. (2002) afirmam que a utilização de amido ou açúcares solúveis é variável dependendo da espécie, podendo ser durante a germinação ou estádio de plântula. No entanto, pode-se pressupor que estratégias e/ou mecanismos são efetivados para favorecer a germinação. A mobilização pode também ser variável entre os diferentes compartimentos da semente. Diversos estudos relacionados com a partição das reservas no eixo embrionário, cotilédones e no tegumento de sementes de garapa (Apuleia leiocarpa) mostraram aumento significativo das reservas de amido, ácido esteárico e proteínas nos cotilédones durante a embebição. No embrião houve aumento somente nos teores de manose decrescendo os teores de vários ácidos graxos, indicando que a demanda energética é suprida pelos lipídios do próprio eixo embrionário, uma vez que estes não foram utilizados na síntese de amido e nem se acumularam na forma de açúcares solúveis no eixo embrionário. Por último, no tegumento verificou-se aumento nos teores de manose e galactose (Pontes et al., 2002). Considerando as informações supracitadas e também a carência de informações sobre os processos fundamentais da biologia de sementes de espécies da flora amazônica, foram escolhidas quatro espécies, sendo duas frutíferas e duas florestais, pertencentes a famílias botânicas com grande destaque na economia da região amazônica, inclusive de maneira extrativista, para realizar estudos que abordem características tecnológicas, morfológicas, fisiológicas e bioquímicas ligadas à germinação dessas sementes, com o objetivo de gerar informações visando uma melhor aplicação de tecnologias voltadas para uso e a preservação desses recursos, que nos dias atuais tem se tornado cada vez mais valorizado como fonte potencial de informações genéticas, químicas, ecológicas, microbiológicas, etc. 10 Dentre as espécies frutíferas selecionou-se o camu-camu (Myrciaria dubia (HBK) McVaugh) e araçá-boi (Eugenia stipitata McVaugh) ambas pertencente à família Myrtaceae uma importante família de espécies frutíferas onde os gêneros citados são predominantes e agrupam a maior parte das espécies de interesse econômico (Maluf et al., 2005). As espécies florestais selecionadas foram o cumaru (Dipteryx odorata (Aubl.) Willd.) e o jatobá (Hymenaea courbaril L.), pertencentes às famílias Papilionoideae e Caesalpiniaceae respectivamente, cuja descrição e importância econômica se segue. Camu-camu é uma espécie distribuída na parte noroeste da Amazônia brasileira, Peru e Venezuela, ocorre sobretudo em áreas alagadas (Cavalcante, 1996). Tipicamente silvestre, atinge até 8m, pouco exigente podendo ser cultivada a pleno sol, em áreas alteradas, de pastagens ou capoeiras abandonadas, desde que com irrigação adequada. De potencial econômico comparável a outras frutíferas regionais de tradição, devido a mesma possuir um alto teor de vitamina C (3 g de ácido ascórbico em 100 g de polpa integral) superior à maioria das plantas cultivadas. O fruto é uma baga com duas sementes, de sabor ácido, dificilmente consumido in natura, sendo utilizado mais na indústria alimentícia e cosmética. Em geral, é propagado via semente, contudo pode ser multiplicado por meio de enxertia reproduzindo todas as características do material selecionado (Ferreira & Gentil, 1997). Araçá-boi é uma espécie nativa da Amazônia peruana, sendo encontrada em estado silvestre em muitas partes da região (Pinedo et al.,1981). É um arbusto pequeno com até 2,5 m de altura, o porte baixo facilita os tratos culturais e colheita, representa um excelente potencial econômico e cresce facilmente em qualquer tipo de solo de terra firme, começando a produzir aos 2 anos. O fruto é uma baga de sabor ácido podendo atingir até 12 cm de diâmetro e peso máximo de 750 gramas. É um fruto volumoso com elevada percentagem de polpa, de sabor e aroma agradáveis, ideal para o uso na indústria alimentícia, suas sementes são oblongas (Cavalcante, 1996). Cumaru caracteriza-se como uma árvore de grande porte, com o máximo de 30m de altura. É freqüente na mata de terra firme e algumas vezes na várzea, destacando-se na mata pela cor amarelo-acinzentado de sua casca, com sapopemas de até 1 metro de altura. É aconselhável para reflorestamento, frutificando precocemente aos quatro anos de idade. Possui sementes aromáticas ricas em cumarina usadas como fixador de perfume, no tratamento de coqueluche (em grandes doses pode causar parada cardíaca), como 11 narcótico, anticoagulante e no tratamento da febre. Possui madeira muito dura e pesada de valor comercial, usado na construção civil naval e marcenaria de luxo (Silva et al., 1977; Sampaio, 2000). Jatobá também é uma árvore de grande porte podendo atingir até 40 m de altura e 2 m de DAP. O gênero apresenta 15 espécies das quais 13 ocorrem no Brasil e a maioria possui algum valor econômico: madeira de boa qualidade, frutos comestíveis, casca com resina valiosa e taninos, com variado uso na medicina popular (Ferreira & Sampaio, 2000). A espécie é extremamente adaptada aos ecossistemas brasileiros e está presente em praticamente todas as latitudes do território nacional. Em experimentos com mudas dessa espécie foi verificado que o seu crescimento é favorecido em ambientes ricos em gás carbônico, chegando a duplicar com conseqüente aumento na produção de carboidratos, aumentando em até 50% a sua biomassa (Aidar et al., 2002). Espera-se que com este estudo de caracterização da germinação, quantificação e mobilização das reservas estocadas pelas sementes destas espécies selecionadas, venha contribuir não só, para um melhor entendimento da fisiologia dessas espécies, mas também, sirva de referência para futuros estudos na área de fisiologia de sementes. 12 3. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral: Investigar os aspectos morfo-fisiológicos e bioquímicos em sementes de espécies florestais e frutíferas da flora amazônica, com destaque para as características da germinação e mobilização das reservas orgânicas constituintes do metabolismo primário (carboidratos, lipídios e proteínas). 2.2 Objetivos Específicos: - Obter informações sobre os aspectos morfo-estruturais das sementes. - Caracterizar o processo germinativo das sementes das espécies. - Caracterizar qualitativa e quantitativamente as reservas orgânicas em diferentes compartimentos e estádios morfo-fisiológicos definidos durante a germinação. - Analisar as alterações bioquímicas ocorridas durante a germinação. 13 4. HIPÓTESES As principais hipóteses abordadas neste estudo foram: 1 - As espécies devem apresentar características germinativas diferentes entre si, em função da estrutura morfológica de suas sementes assim como, da quantidade e qualidade das reservas orgânicas estocadas pelas mesmas. 2 - A quantidade, bem como o padrão das reservas serão alterados no processo da germinação e de forma diferenciada entre as espécies. 3 - As alterações no teor e no padrão de reservas orgânicas, particularmente aquelas mais energéticas (carboidratos e lipídios), devem contribuir para o aumento da velocidade de germinação. 14 5. MATERIAL E MÉTODOS 5.1. Procedência do material biológico Os frutos das espécies selecionadas para o estudo (Myrciaria dubia, Eugenia stipitata, Dipteryx odorata e Hymenaea courbaril) tiveram diferentes procedências conforme a seguinte descrição: os frutos de araçá-boi e cumaru foram obtidos em uma área experimental do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Os frutos de jatobá foram coletados na Estação de Fruticultura Tropical do INPA, situada na BR-174 Km 60, Manaus-Boa-Vista e os frutos de camu-camu foram coletados em um plantio localizado na rodovia AM-10, Km 100, Manaus-Itacoatiara. 5.2. Beneficiamento das sementes O beneficiamento das sementes foi realizado de forma manual, utilizando-se peneira e areia lavada para aumentar o atrito superficial entre as sementes e, conseqüentemente, elevar a eficiência da limpeza, com exceção das sementes de cumaru, onde o endocarpo dos frutos foi quebrado com martelo. A assepsia das sementes foi feita com hipoclorito de sódio (2,0 a 2,5% p/p de cloro ativo) a 0,5% v/v. 5.3. Estudo dos aspectos morfológicos internos das sementes Para as observações da morfologia interna, as sementes das espécies estudadas foram seccionadas longitudinalmente e posteriormente fotografadas. Para melhor visualização das características morfológicas utilizou-se uma máquina fotográfica acoplada a um estereomicroscópio modelo Stemi SV 11. 5.4. Testes de Germinação Todos os testes de germinação foram realizados com sementes recém colhidas, mas algumas espécies, com exceção do camu-camu, necessitaram de tratamentos prégerminativos. Das sementes de araçá-boi foi retirado todo o tegumento a fim de superar a 15 dormência tegumentar; as de jatobá, devido à impermeabilidade tegumentar, sofreram desponte na região oposta da emissão da radícula; e as sementes de cumaru foram semeadas sem o endocarpo (Fig. 7), parte bem espessa do fruto e de extrema dureza, que contribui para elevar o tempo inicial de germinação em condições naturais. As sementes foram semeadas em bandejas plásticas medindo 30 x 20 x 6 cm utilizando vermiculita como substrato, acondicionadas em câmara de germinação à temperatura constante de 30ºC, providas de lâmpadas fluorescentes de luz branca fria, fluxo luminoso de aproximadamente 70 PAR (radiação fotossinteticamente ativa) e fotoperíodo de 12:12 horas, luz:escuro, com acompanhamento e contagem diária da germinação. Foi considerada como semente germinada aquela que apresentou emissão da radícula (BRASIL, 1992). Os cálculos de porcentagem de germinação e do tempo médio foram realizados de acordo com Laboriau & Valadares (1976). O tempo inicial e final de germinação das sementes germináveis e o índice de velocidade de germinação (IVG), foram determinados segundo (Maguire, 1962). Para obtenção das variáveis: porcentagem de germinação, tempo médio e índice de velocidade de germinação utilizou-se as seguintes equações: Porcentegem de germinação G = N / A x 100 Onde: N: número de sementes germinadas; A: número total de sementes. Tempo médio t = ∑niti / ∑ni Onde: ni: número de sementes germinadas no i-ésimo dia; Ti: tempo de incubação (dias). 16 Índice de velocidade de germinação IVG = n1 + n2 ...... nn /d1 d2 ......dn Onde: n1: número de sementes germinadas no primeiro dia; n2: número de sementes germinadas no segundo dia; nn: número de sementes germinadas no enézimo dia. d1: primeiro dia de contagem; d2: segundo dia de contagem; dn: enézimo dia de contagem. 5.5. Análises dos componentes dos metabólitos primários A quantificação dos metabólitos primários (carboidratos, lipídios e proteínas) foi realizada em sementes quiescentes e em quatro estádios do processo de germinação: 48 horas após a embebição, emissão da radícula, radícula com 20 e 50 mm de tamanho, utilizando-se quatro repetições por amostra. O material foi seco em estufa a 75oC e, posteriormente, triturado até obtenção de um pó fino. Para as espécies jatobá e cumaru, as análises foram realizadas nos dois compartimentos da semente (cotilédones e eixo embrionário), nas espécies camu-camu e araçá-boi, como não foi possível separar o eixo embrionário dos cotilédones e, portanto, considerou-se toda a semente como cotilédone. Para as leituras espectrofotométricas utilizou-se o espectrofotômetro JENWAY 6105. 5.5.1. Análises dos carboidratos As amostras constituíram 0,5 g de material seco e desengordurado. Os açúcares solúveis foram extraídos em solução contendo metanol, clorofórmio e água na proporção de (12:5:3) v/v centrifugados a 10.000 g durante 10 minutos, recolhendo-se o sobrenadante. Para a extração do amido, o precipitado foi resuspendido com 10 mL de ácido perclórico 35% (v/v), centrifugado a 10.000 g durante 10 minutos, recolhendo-se o sobrenadante. Ambos os componentes foram quantificados pelo método de antrona, 17 segundo Morris (1948), e as leituras foram feitas por espectrofotometria a 625 nm, usando a glicose/SigmaR como padrão. 5.5.2. Determinação da atividade da enzima α-amilase Com base na caracterização das reservas orgânicas acompanhou-se a atividade de uma enzima chave no metabolismo de degradação dos carboidratos, a α-amilase (E.C 3.2.1.1). A atividade foi acompanhada em sementes de todas as espécies estudadas ao longo do período de germinação, iniciando-se no segundo dia após a embebição e finalizando no décimo quarto dia, obedecendo-se intervalos de dois dias a cada análise. Para obtenção do extrato enzimático bruto, os cotilédones foram homogeneizados em almofariz contendo tampão fosfato 0,06 M pH 6,8, em seguida filtrado e mantido em banho de gelo até centrifugação a 12.000 g durante 10 minutos a 4oC. Para o acompanhamento da atividade da enzima α-amilase “in vitro” utilizou-se como meio de reação: tampão fosfato 0,06 M pH 6,8, cloreto de cálcio 400μg/mL e amido 500 μg/mL. Adicionou-se ao meio de reação 1 mL de extrato enzimático. A incubação foi mantida a 25oC durante 20 minutos. Após este período adicionou-se 100 μL de lugol ao meio para paralisar a reação. Em seguida foram feitas as leituras em espectrofotômetro a 620 nm, usando o amido/SigmaR como padrão. 5.5.3. Análises das proteínas As proteínas foram extraídas pelo método álcool a quente de acordo com Passos (1996). O método consistiu em adicionar a 1 g de material a ser analisado, 15 mL de etanol 80% (v/v), e submeter a banho maria por 10 minutos. Em seguida macerar utilizando-se mais 20 mL de etanol 80% (v/v) e centrifugar a 10.000 g durante 5 minutos. Descartar o sobrenadante e adicionar ao precipitado 20 mL de clorofórmio:metanol na proporção de 2:1, submeter as amostras novamente ao banho maria à 50oC durante 20 minutos, centrifugar durante 5 minutos a 10.000 g e descartar o sobrenadante. Adicionar ao precipitado 5 mL de hidróxido de sódio 0,1N, centrifugar durante 5 minutos a 10.000 g. Alíquotas do sobrenadante foram coletadas para a quantificação das proteínas pelo método de Bradford (1976), utilizando-se como padrão albumina sérica bovina (BSA/SigmaR). 18 5.5.4. Determinação do padrão protéico As proteínas de reserva contidas nos cotilédones das sementes foram extraídas em um meio de maceração constituído pelo tampão Tris-HCl 100mM, pH 7,5, NaCl 30mM, MgCl2 5 mM, β-mercaptoetanol 1mM e Triton X-100 e centrifugação a 12.000 g a 4oC durante 15 minutos. Todo o procedimento foi realizado em banho de gelo. Posteriormente, combinou-se 75μL do extrato protéico com 25μL de SDS (10%) e submeteu-se ao banho maria em água fervente durante 5 minutos. Após este procedimento, as proteínas foram separadas em gel de poliacrilamida 10% (w/v) e coradas com Coomassie Brilliant Blue segundo Sambrook et al. (1998). Para estimar as massas moleculares aparentes foi usado como padrão proteínas BenchMarKTM . 5.5.5. Extração e determinação da porcentagem dos óleos Os óleos foram estimados com base na massa, segundo método da A.O.A.C. (1990), modificado. As extrações foram realizadas com aparelho soxllet, usando como extrator éter de petróleo. Em seguida, os óleos foram coletados, as porcentagens foram estimadas e as amostras submetidas à análise de identificação dos ácidos graxos. 5.5.6. Determinação e identificação dos ácidos graxos Amostras do óleo extraído foram submetidas a hidrólise com solução metanólica de KOH 10% w/v a 60oC durante 2 horas. Ao hidrolisado adicionou-se igual volume de água destilada corrigindo-se o pH até 4 com adição de HCl 10% v/v. O material foi particionado com clorofórmio e este evaporado até secagem em evaporador rotatório. Amostras de ácidos graxos livres foram esterificadas a seus respectivos ésteres metílicos com diazometano (ptoluil-sufonil-metil-nitrozamina). Em seguida, os ácidos graxos foram identificados por meio de cromatografia em fase gasosa (HP 5890 ser. II Plus) acoplada a espectrometria de massas (HP 5989B) por impacto eletrônico (70 eV). Utilizou-se uma coluna capilar de sílica fundida HP-5MS (30 m x 0,25 mm) e hélio como gás de arraste com fluxo constante de 1,2 cm3/min. A temperatura inicial da coluna foi de 160oC, elevando-se 3oC/min até 250oC. A temperatura do injetor e do detector foi de 250oC e 280oC, respectivamente. A identificação dos ácidos graxos foi realizada por comparação dos tempos de retenção aos de amostras 19 autênticas e dos espectros de massas obtidos da literatura e da biblioteca Wiley275-pc (Hewlett Packard). 5.6. Delineamento experimental e análises estatísticas O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado. Nos testes de germinação para as diferentes espécies estudadas (tratamentos) foram estabelecidas quatro repetições constituídas de 25 sementes cada. Os resultados obtidos foram submetidos aos testes estatísticos de normalidade Shapiro-Wilk e de homogeneidade de Levene’s e Bartlett’s. Como os dados referentes ao tempo inicial (TI), tempo final (TF) e o índice de velocidade de germinação (IVG) não atenderam a estas pressuposições, foram transformados em √-x + 0,5, submetidos novamente a estes testes, a fim de se obter a normalidade e homogeneidade, e por conseguinte, processar as análises de variâncias e a comparação das médias pelo teste de Tukey a 5%, utilizando-se o programa estatístico Prophet 5.0. Os resultados dos ácidos graxos foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias contrastadas pelo teste de Duncan (α = 0,05), utilizando o programa GLM do SAS, versão para o Windows. Os ensaios com dados quantitativos referentes aos carboidratos, óleos e proteínas foram ajustados a partir de equações de regressão, obtidas pelo programa Tablecurve (Jandel scientific/451406). 20 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 6.1. Aspectos morfológicos da semente e da germinação das espécies estudadas: 6.1.1. Camu-camu (M. dubia) As sementes de camu-camu (Figura 2A) apresentam tegumento delgado, permeável, com variação de cor do marrom ao esverdeado (de acordo com o grau de maturação dos frutos), e com grande variação biométrica. Não apresenta eixo embrionário distinto. Observações feitas em lupa permitiram destingir uma região de coloração distinta, na qual se dar a protrusão da radícula e posterior emissão da parte aérea. Convencionou-se denomina-la neste trabalho de região de protrusão da radícula (Figura 2B-rpr). Picón Baos et al. (1987) estudando dois tipos diferentes de camu-camu, o arbustivo e o arbóreo, verificaram que ambos apresentam, quanto à morfologia de suas sementes, diferenças entre si. As sementes do camu-camu arbustivo são reniformes, planas e cobertas com lanugem branca rala, já as do camu-camu arbóreo são reniformes de secção ovalada não plana e menores. A A B B B rpr C 1,2 cm Figura 2. Morfologia externa e interna da semente quiescente de Myrciaria dubia: Asementes; B-cotilédones: região de protrusão (rpr) da radícula. A barra indica o tamanho da semente. A germinação das sementes de camu-camu é hipógea criptocotiledonar. A germinação inicia-se com uma expansão da região de protrusão da radícula formando 21 uma protuberância, seguida do rompimento do tegumento pela radícula. O surgimento da parte aérea ocorre muito depois da radícula, no mesmo local da protuberância. Os eventos podem ser vistos na (Figuras 3A e 3B). A pa B er Figura 3. Seqüência da germinação da semente Myrciaria dubia: A- emissão da radícula (er) e parte aérea (pa); B- plântulas. 6.1.2. Araçá-boi (E. stipitata) A semente de araçá-boi apresenta tegumento delgado, coriáceo de cor marrom (Figura 4A), apesar de permeável à água, apresenta uma certa resistência mecânica à expansão do embrião. A superação da dormência tegumentar é obtida com a retirada total ou parcial do tegumento (Figura 5). Numa das extremidades da semente percebe-se uma pequena proeminência, que se torna mais evidente quando o tegumento é retirado. Neste estudo esta saliência foi denominada de região de protrusão da radícula (Figura 4B- rpr), a emissão da radícula e da parte aérea se dá neste ponto. Segundo Anjos (1998), a semente é exalbuminosa, monoembriônica e não apresenta eixo embrionário distinto, fato que permite classificá-lo como imaturo, pois não está anatomicamente estruturado na ocasião da deiscência do fruto (Toledo & Marcos Filho, 1977). Os cotilédones apresentam-se unidos lateralmente, através de uma linha visível que converge para a região de protrusão da radícula, designada como área de soldadura, sendo por isso, difícil separá-los sem danificá-los (Figura 4-B). 22 rpr B A A asc 1,3cm Figura 4. Morfologia externa e interna da semente quiescente de Eugenia stipitata: Asementes; B-cotilédones: área de soldadura dos cotilédones (asc), região de protrusão da radícula (rpr). A barra indica o tamanho da semente. Quando a germinação inicia-se, após embebição, forma-se na região de protrusão da radícula uma pequena protuberância de onde emerge a radícula. A emissão da parte aérea ocorre bem depois da emissão da radícula, na região imediatamente vizinha a este ponto (Figura 5). A germinação é hipógea e criptocotiledonar (Figura 6). Na figura 5, observa-se que as injúrias causadas nos cotilédones por ocasião da retirada do tegumento (indicadas pela seta), não prejudicaram a germinação e também não constituíram um fator de contaminação para a semente, visto que estas se mantiveram intactas durante todo o período de germinação (Figura 6). a b c Figura 5. Germinação da semente de Eugenia stipitata sem tegumento, a e b-emissão da radícula, c-radícula com 20 mm. 23 Figura 6. Formação de plântulas de Eugenia stipitata. 6.1.3. Cumaru (D. odorata) As sementes de cumaru encontram-se protegidas pelo endocarpo, que em decorrência de suas propriedades físico-químicas, é rígido e espesso (Figura 7). A semente ocupa todo o espaço do endocarpo (Figura 7), possui tegumento de cor marrom e à medida que envelhece, adquire aspecto enrugado e a coloração se intensifica. s ed 3,2cm Figura 7. Fruto aberto de Dipteryx odorata: ed-endocarpo; s-semente. A barra indica o tamanho da semente. 24 Os cotilédones são de coloração creme e de consistência leitosa (Figura 8-A). O eixo embrionário encontra-se totalmente diferenciado quando ocorre a maturação e a posterior queda do fruto. Adicionalmente destaca-se a plúmula com pré-folíolos bem desenvolvidos, o epicótilo com maior diâmetro na base e o primórdio da radícula, todos bem definidos (Figura 8-B) B B A A pl c ep pr exb 1,2cm Figura 8. Morfologia interna da semente quiescente de Dipteryx odorata: A-cotilédones esquerdo e direito (c), respectivamente, eixo embrionário (exb); B-vista aproximada do eixo embrionário: plúmula (pl), epicótilo (ep), primórdio da radícula (pr).A barra indica o tamanho do eixo embrionário. A emissão da radícula ocorreu no segundo dia após embebição e o tipo de germinação é epígea fanerocotiledonar (Figura 9). Esse início de germinação rápida se justifica pela retirada do endocarpo. Na natureza, esse endocarpo precisa sofrer a ação dos fatores do meio (variação de temperatura, umidade, entre outros) somados à atividade dos agentes decompositores para que as sementes possam germinar. Segundo Hidalgo (1993), sementes germinadas em condições de viveiro com endocarpo demoraram 38 dias para iniciarem o processo germinativo. 25 a c b d e Figura 9. Seqüência da germinação e estabelecimento da plântula de Dipteryx odorata, d semente embebida, livre do endocarpo (a); radícula emersa (b); abertura dos cotilédones (c); emergência da parte aérea (d,e). c a b Conforme a seqüência da germinação de Dipteryx odorata, morfologicamente, as estruturas tanto da raiz primária quanto da parte aérea, são bastante vigorosas (Figura 9). Esse aspecto justifica os resultados de tempo médio e de índice de velocidade de germinação (IVG) encontrados para esta espécie, que foram bastante expressivos. De acordo com Popinigis (1985), esse índice é uma das formas usadas para avaliar o vigor das sementes, o qual expressa a capacidade que as sementes têm de germinar dando origem a plântulas normais. Nakagawa (1999) afirma que quanto maior o IVG, maior é a velocidade de germinação e, conseqüentemente, mais vigoroso é o lote de sementes. 6.1.4. Jatobá (H. courbaril) As sementes de jatobá encontram-se envolvidas por uma massa pulverulenta e farinácea, denominada por Flores & Benavides (1990) e Gunn (1991) como o endocarpo (Figura 10A). Como a maioria das leguminosas, estas sementes apresentam tegumento impermeável, sendo necessário o emprego de tratamentos pré-germinativos quando o 26 objetivo é rapidez e uniformidade da germinação. Almeida (1999), ao investigar as causas da impermeabilidade tegumentar das sementes de jatobá, constataram que esta condição é adquirida no momento da queda natural do fruto. Melo et al. (2004), ao estudar a anatomia do tegumento das sementes de H. intermedia, atribuíram a causa da impermeabilidade do tegumento dessas sementes aos quatros extratos celulares, com o primeiro formado por células finas e longas em paliçada, com visível linha lúcida. Os cotilédones são bastante duros devido à presença de xiloglucanos, um polissacarídeo de reserva de parede celular presente e armazenado nos cotilédones dessa espécie (Tiné et al., 2000). A A B s B 1,5cm Figura 10. Fruto aberto de Hymenaea courbaril A: semente envolvida pelo endocarpo (s); B-sementes livres do endocarpo. A barra indica o tamanho da semente. O eixo embrionário em sementes, após 48 horas de embebição, apresenta-se indiferenciado sem evidências dos primórdios da radícula e da plúmula (Figura 11-A), diferente do que foi observado em sementes de cumaru. 27 B A pa exb er Figura 11. Morfologia interna da semente quiescente de Hymenaea courbaril A-semente com 48 horas de embebição, eixo embrionário indiferenciado (exb); B-semente após emissão da radícula, parte aérea (pa); emissão da radícula (er). A germinação é do tipo epígea fanerocotiledonar, com emergência curvada (Figura 12). Flores & Benevides (1990), em estudos realizados com as sementes de jatobá, também deram esta mesma descrição para caracterizar a germinação dessa espécie. Quando superada a dormência tegumentar por desponte, a emergência da radícula se deu aos cinco dias de embebição. a a b c 28 a b c Figura 12. Germinação de Hymenaea courbaril, a-cotilédones apresentando o primeiro protofilo de coloração verde; b e c -cotilédones com maior exposição dos primeiros protófilos e sistema radicular com raízes secundárias. 6.2. Germinação de sementes de camu-camu (M. dubia), araçá-boi (E. stipitata), cumaru (D. odorata) e jatobá (H. courbaril ): A germinação das sementes de araçá-boi, camu-camu, jatobá e cumaru germinadas a 30oC, apresentaram altas taxas, sempre superiores a 80 % (Tabela 1). No entanto, diferenças no percentual, tempo e velocidade do processo entre essas espécies foram detectadas. As sementes de araçá-boi e cumaru apresentaram maior porcentagem de germinação, com 100 e 97%, respectivamente. As sementes de cumaru iniciaram e finalizaram o processo germinativo aos 2 e 5 dias respectivamente, e também apresentaram o menor tempo médio (3,9 dias) e o maior índice de velocidade de emergência (6,8) em relação as demais espécies estudadas. Isto se deve, em parte, à retirada do endocarpo (tratamento pré-germinativo adotado), visto que, essa parte do fruto retarda a emissão da radícula em condições de campo. Resultados semelhantes foram encontrados por Hidalgo (1993), onde as sementes semeadas sem endocarpo iniciaram a sua germinação 6 dias após embebição, enquanto as sementes que foram 29 postas para germinar com endocarpo só começaram a emitir radícula aos 38 dias seguidos da embebição. Tabela. 1. Germinação de sementes de quatro espécies da flora amazônica camu-camu (Myrciaria dubia), araçá-boi (Eugenia stipitata), cumaru (Dipteryx odorata) e jatobá (Hymenaea courbaril), submetidas à temperatura de 30oC. Espécies Germinação Tempo inicial Tempo médio Tempo final IVG (%) (dias) (dias) (dias) Camu-camu 83 + 10 b 8+0c 14,1 + 0,8 d 35 + 1,0 d 1,7 + 0,2 c Araçá-boi 100 + 0 a 6+0b 9,3 + 0,6 c 18 + 4,1 c 2,9 + 0,1 b Cumaru 97 + 3,8 a 2 + 1,0 a 3,9 + 0,2 a 5 + 2,9 a 6,8 + 1,0 a Jatobá 84 + 7,3 b 5 + 1,2 b 7,6 + 0,6 b 12 + 1,2 b 2,9 + 0,4 b *As médias seguidas pelas mesmas letras na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. Os valores + indicam o desvio padrão. O fato destas sementes germinarem de forma rápida pode ser interpretado como uma estratégia da espécie de se estabelecer no ambiente o mais rápido possível ou quando oportuno, aproveitando as condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento do novo indivíduo (Borghetti & Ferreira, 2004). De acordo com Abreu & Garcia(2005), o tempo médio de germinação é um índice que avalia a rapidez de ocupação de uma espécie em seu ambiente. Por outro lado, sendo as sementes de cumaru ricas em óleos, proteínas e amido, é possível que estes compostos estejam também contribuindo para que a germinação aconteça de forma eficiente e rápida, visto que, a demanda energética decorrente da oxidação dessas reservas é muito grande, de forma que as sementes de cumaru reúnem características de uma espécie bem adaptada ao seu ambiente ou com recursos que lhe permitem adaptar-se a diferentes ambientes. Comparando-se a germinação das sementes de araçá-boi com as de camu-camu, observou-se que sementes de araçá-boi apresentaram germinação mais rápida, em função do menor tempo médio, maior índice de velocidade de germinação e pelo maior percentual de sementes germinadas em menor número de dias. Este resultado mostra que apesar dessas duas espécies pertencerem à mesma família, ambas possuem características peculiares relacionadas à biologia de suas sementes, que devem ser consideradas individualmente no estudo da fisiologia da germinação. A primeira peculiaridade é a dormência tegumentar apresentada pelas 30 sementes de araçá-boi, que leva as sementes dessa espécie a retardar o início de sua germinação. Este fato não foi observado nas sementes de camu-camu (Gentil & Ferreira, 1999). Estudos realizados com sementes de araçá-boi demonstram a dormência tegumentar como uma característica fisiológica a ser observada quando se deseja trabalhar com formação de mudas, já as sementes de camu-camu, segundo Ferreira & Gentil (2003), são sensíveis ao dessecamento, dificultando dessa forma, o armazenamento por períodos mais longos. Eles afirmam que a redução do grau de umidade das sementes de 46% para 40% durante o armazenamento, afeta de forma negativa a viabilidade e o vigor, acarretando a redução da porcentagem e da velocidade de emergência. Avaliando a germinação das sementes de jatobá e comparando-a com a germinação das outras espécies, os resultados obtidos referentes ao tempo inicial, médio e final de germinação demonstram que, uma vez superada a impermeabilidade tegumentar, essas sementes germinam prontamente, visto que, estas foram às segundas melhores medidas obtidas. Adicionalmente, ressalta-se que as sementes de jatobá contêm um percentual razoável de óleos em seus cotilédones, que são mobilizados durante o período germinativo tanto neste compartimento como no eixo embrionário. Provavelmente este aporte energético juntamente com o tratamento para superação da impermeabilidade tegumentar, contribuiu para que o processo ocorresse com maior eficiência, traduzido por um menor tempo de germinação. Cruz et al., (2001), estudando a germinação de sementes de jatobá-curuba (H. intermedia), onde sementes intactas foram submetidas ao tratamento de escarificação, semeadas em condições ambiente e utilizando como substrato mistura de areia e serragem, comprovaram a importância do tratamento de escarificação na superação da impermeabilidade do tegumento destas sementes, com conseqüente aumento da velocidade de germinação. As sementes submetidas a escarificação alcançaram 96,0% de germinação em um tempo médio de 18,9 dias, enquanto que as não escarificadas obtiveram 95,5% em 68,6 dias, denotando que a impermeabilidade não compromete o número total de sementes germinadas, mas o tempo em que este processo ocorre. Almeida et al. (1999), com a finalidade de diminuir o tempo de germinação das sementes de jatobá, submeteram estas sementes a vários tratamentos pré-germinativos como: imersão em água quente, imersão em ácido sulfúrico, perfuração do tegumento e 31 escarificação mecânica. O maior percentual de sementes germinadas (acima de 90%), com tempo médio de 20 dias, foi obtido no tratamento onde as sementes foram tratadas com ácido sulfúrico concentrado por 35 minutos. Em nosso estudo, onde se utilizou o desponte como tratamento pré-germinativo, as sementes alcançaram alta porcentagem de germinação (84%) com tempo médio de 7,6 dias, o que atende de maneira satisfatória um bom número de plântulas, se o objetivo for programa de obtenção de mudas em curto prazo, além de ser um tratamento que requer menor custo e segurança no manuseio das sementes 6.3. Acúmulo e mobilização dos componentes do metabolismo primário em cotilédones e/ou eixo embrionário de sementes de camu-camu (M. dubia), araçá-boi (E. stipitata), cumaru (D. odorata) e jatobá (H. courbaril): 6.3.1. Açúcares solúveis As alterações nos teores dos açúcares solúveis nos diferentes estádios de germinação de sementes de camu-camu obedeceram a tendências inversamente proporcionais, com resultados mais expressivos para o aumento dos açúcares solúveis (Figura 13-A). Inicialmente, a concentração dos açúcares na semente quiescente (0) foi de 1,7% chegando ao final com 2,3%, representando um acréscimo de 34,5%. Deve-se salientar que nos estádios que compreenderam a emissão da radícula (2) e radícula com 20 mm (3) ocorreu pequeno decréscimo nesses teores da ordem de 19,0%, voltando a aumentar em seguida, observando-se um incremento de 41,9%, quando a radícula apresentava 50 mm de comprimento estádio (4). Em sementes de Coffea arabica o embrião, por ser muito pequeno, depende das reservas do endosperma. A degradação do endosperma nesta semente começa durante a germinação aumentando os teores de açúcares solúveis. Giorgini & Suda (1990), acreditam que o aumento desses açúcares promove o turgor e crescimento do eixo embrionário. Estabelecendo uma comparação com as sementes de camu-camu, que também tem um embrião indiferenciado, o qual depende das reservas armazenadas pelos cotilédones, e considerando que estas reservas (amido) são rapidamente mobilizadas no início da germinação, com conseqüente 32 aumento nos níveis de açúcares solúveis, provavelmente esses açúcares também desempenhem função semelhante na germinação das sementes de camu-camu. Os teores de açúcares solúveis encontrados nas sementes quiescentes de araçá-boi foram de 2,0%. Nas primeiras 48 horas de embebição ocorreu decréscimo de 27,6%, voltando a aumentar e mantendo-se praticamente estável nos estádios posteriores de A 3 2 1 0 0 1 2 3 4 B 5 Teor de aç. solúveis (%) Teor de aç. solúveis (%) germinação (Figura 13-B). 4 3 2 1 0 0 1 C 50 40 30 20 10 0 0 1 2 3 Estádios de germinação 3 4 Estádios de germinação 4 D 5 Teor de aç. solúveis (%) Teor de aç. solúveis (%) Estádios de germinação 2 4 3 2 1 0 0 1 2 3 4 Estádios de germinação Figura 13. Alterações nos teores dos açúcares solúveis em sementes de Myrciaria dubia (A) Eugenia stipitata (B), Dipteryx odorata (C) e Hymenaea courbaril: (D) em diferentes estádios de germinação. Sementes quiescentes (0), sementes com 48 horas de embebição (1), sementes com emissão de radícula (2), sementes com 20 mm de radícula (3) e sementes com 50 mm de radícula (4). Onde nos gráficos C e D (o) representa os cotilédones e (●) o eixo embrionário. As barras indicam o desvio padrão. Comparando as sementes quiescentes de D. odorata com as demais espécies estudadas as mesmas exibiram alto teor de açúcares solúveis (21,8%). Observou-se nos 33 cotilédones grande aumento nos níveis dos açúcares solúveis até as 48 horas de embebição (89,1%), decrescendo em seguida e chegando ao final do último estádio (4) com 18,0%, representando um decréscimo de 56,3 % (Figura 13-C). Fato semelhante foi observado em sementes de Coffea arabica, nas quais ocorreu uma redução nos teores de açúcares solúveis em cotilédones e raiz-hipocótilo no período pós-emergência, bem como degradação de amido no período de 20 dias, sugerindo que estes compostos estejam sendo translocados para a plântula, sendo rapidamente transformados e usados nos vários processos metabólicos (Giorgini & Campos, 1992). Por outro lado, convém salientar que o conteúdo de açúcares solúveis na espécie foi bastante expressivo. A literatura científica relata que os açúcares solúveis por atuarem como substituto da água podem desenvolver importante papel na tolerância a dessecação em sementes, por proteger membranas de mudanças da fase lipídica induzida pela dessecação e também proteger proteínas e evitar a vitrificação à temperatura fisiológica (Bernal-Lugo & Leopold,1992; Guimarães et al., 2002). Nos eixos embrionários das sementes de cumaru (Figura 13-C) observou-se que às 48 horas de embebição, os teores de açúcares solúveis foram de 20,2% e até o estádio 4 estas reservas foram sendo mobilizadas de forma gradual, o que implica num decréscimo de 42,4%. O padrão de mobilização desses açúcares neste compartimento da semente foi diferente do encontrado para os cotilédones. Os teores de açúcares solúveis (Figura 13-D) encontrados em cotilédones de sementes quiescentes de jatobá foram de 2,9%. Comparando esses valores com aqueles encontrados para as sementes de cumaru, verifica-se que estes foram bem inferiores. No entanto, quanto à mobilização, foi observado um comportamento bem parecido, pois nas primeiras 48 horas de embebição ocorreu um acréscimo (22,6%) desses açúcares, para depois decrescerem (45,9%) ao final do quarto período. No eixo embrionário os teores de açúcares solúveis praticamente se mantiveram ao longo dos períodos de avaliação da germinação, diferenciando dos resultados encontrados para este mesmo componente nas sementes de cumaru, onde a mobilização desses açúcares se deu de forma contínua desde o período de embebição até o quarto estádio de germinação. 34 6.3.2. Amido No que se refere ao amido, as sementes quiescentes de camu-camu (0) apresentaram alto teor de amido 66,2%, podendo ser considerada amilácea (Figura 14-A). Após a embebição, nas primeiras 48 horas (1) ocorreu grande redução nos teores de amido, correspondendo a um decréscimo de 40,3%. É importante destacar que a embebição é uma fase onde as sementes germinantes encontram-se em grande ativação metabólica. No entanto, durante os estádios posteriores, a tendência de decréscimo nos teores de amido não foi constante, podendo-se até afirmar que houve uma inversão do metabolismo deste polissacarídeo, pois nos estádios (2) e (3), ocorreu um pequeno acúmulo de amido da ordem de 5,2%, o que provavelmente justifique o pequeno decréscimo nos níveis dos açúcares solúveis nestes mesmos estádios de germinação (Figura 13-A). Ao final do processo germinativo (estádio 4), o decréscimo correspondeu a 63,8%, indicando ser o amido o principal suporte energético. Stone & Gifford (1999) estudando a germinação de sementes de Pinus taeda, verificaram também grande mobilização de carboidratos (80%) armazenados no megagametófito dessas sementes durante a germinação e no estádio de plântulas, assim como acúmulo de amido no estádio de protrusão da radícula. Quanto ao conteúdo de amido nas sementes quiescentes e germinadas de araçáboi, estes estão representados na Figura 14-B. As sementes quiescentes apresentaram alto teor desses carboidratos (71,1%), podendo também ser considerada como semente amilácea, como as de camu-camu. Estes resultados estão de acordo com os estudos realizados por Anjos (1997). Ocorreu mobilização dessa reserva ao longo do período germinativo, visto que, ao final do 4o estádio de germinação o conteúdo dessas reservas decresceram para 62,8%. Comparando com a mobilização ocorrida nas sementes de camu-camu, pode-se afirmar que essas reservas foram requeridas de forma mais gradativa neste processo, pois ao final da germinação, o decréscimo foi de apenas 11,6%. É possível que estas reservas sejam usadas posteriormente durante o desenvolvimento da plântula, visto que esta se desenvolve lentamente, e que no último estádio analisado (4) os cotilédones apresentavam-se túrgidos sem nenhuma aparência de murcha e parte aérea pouco desenvolvida (Figura 6). 35 Teor de amido (%) Teor de amido (%) A 80 60 40 20 0 B 90 60 30 0 0 1 2 3 4 0 C 80 60 40 20 0 0 1 2 3 1 2 3 4 Estádios de germinação D 60 Teor de amido (%) Teor de amido (%) Estádios de germinação 50 40 30 20 10 0 4 Estádios de germinação 0 1 2 3 4 Estádios de germinação Figura 14. Alterações nos teores de amido em sementes de Myrciaria dubia (A) Eugenia stipitata (B), Dipteryx odorata (C) e Hymenaea courbaril (D), em diferentes estádios de germinação. Sementes quiescentes (0), sementes com 48 horas de embebição (1), sementes com emissão de radícula (2), sementes com 20 mm de radícula (3) e sementes com 50 mm de radícula (4). Onde nos gráficos C e D (o) representa os cotilédones e (●) o eixo embrionário. As barras indicam o desvio padrão. O teor de amido encontrado nos cotilédones de sementes de D. odorata (Figura 14-C) foi de 40,2%; e após 48 horas de embebição, estes conteúdos chegaram a 58,9%, decrescendo de maneira acentuada, chegando ao final do processo germinativo com 7,5%. Considerando que a protrusão da radícula (estádio 2) ocorreu dois dias após a embebição e que neste estádio existe a formação de plúmula, provavelmente, a reserva de amido estocada pelas sementes esteja sendo mobilizada não para o crescimento do eixo embrionário, mas para a formação da plântula. No eixo embrionário o teor de amido foi de 8,1% após as 48 horas de embebição e no período de emissão de radícula (2) o teor diminuiu para 5,5%, representando um decréscimo de 31,9%, estabilizando-se nos estádios posteriores. Estes resultados sugerem 36 que o embrião use suas próprias reservas para promover o seu crescimento. Pontes et al. (2002), estudando a mobilização de reservas em sementes de garapa (Apuleia leiocarpa), verificaram também um aumento nos teores de amido nos cotilédones e tendência de mobilização dos teores de açúcares solúveis e amido encontrados no eixo embrionário durante o período de embebição dessas sementes. As sementes de jatobá apresentaram menor teor de amido (24,0%) entre as espécies em estudo, entretanto, observou-se acréscimo de 68,2% quando as sementes foram embebidas por 48 horas, mantendo-se praticamente estáveis nos estádios 1, 2 e 3. Após estes períodos, verificou-se decréscimo dessa reserva. O decréscimo observado no estádio 4, parece indicar o uso dessa reserva energética como forma de assegurar o desenvolvimento inicial da plântula, a exemplo do cumaru, em sementes de jatobá quando ocorre a emissão da radícula, os cotilédones se abrem, mostrando uma plúmula já bem desenvolvida. Nos eixos embrionários de sementes de jatobá ocorreu uma pequena mobilização de amido no período compreendido entre o primeiro e terceiro estádios de germinação, seguido de acréscimo desses teores ao final do quarto estádio, de aproximadamente 122%. No último estádio, a radícula encontrava-se com 50 mm, ou seja, como a germinação desta espécie é rápida, neste período a parte aérea encontrava-se bem desenvolvida e, provavelmente, já fotossintetizando, o que pode justificar este aumento nos teores de amido. Por outro lado, esse aumento do amido pode ser produto do metabolismo dos xiloglucanos, um polissacarídeo de parede celular encontrado nos cotilédones das sementes de jatobá e degradado no período pós-emergencial com finalidade de atender ao crescimento da plântula. De acordo com Buckeridge et al. (2000b) e Tiné et al. (2000) evidências apontam para a existência de amido transitório em sementes de jatobá, cujo transporte é feito na forma de sacarose e açúcares livres decorrentes da degradação de xiloglucanos. Foi observado também, por estes autores, que os xiloglucanos, assim como os galactomananos, retardam a entrada da água em sementes da espécie demonstrando assim outra provável função destes polissacarídeos além de reserva. 37 6.3.3. Atividade da enzima α-amilase durante a germinação A atividade da α-amilase durante a germinação de sementes de camu-camu, foi intensa desde o primeiro dia após embebição. No 2o e 4o dias de embebição sua atividade chegou a 0,95 e 0,91 μg/gMF/h, respectivamente, e se prolongou com forte degradação de amido até o 6o dia (0,85 μg/gMF/h), estabilizando-se em seguida até o 14o dia (Figura 15-A). Estes dados consubstanciam os resultados obtidos na avaliação da mobilização de amido nos cotilédones (Figura 14-A), onde se evidenciou grande degradação de amido logo nas primeiras 48 horas de embebição. Esses dados também sugerem, que estas reservas amiláceas foram requeridas preferencialmente no período de crescimento do seu eixo embrionário. Isto se deve ao fato de que no período de emissão da radícula, no 8o dia A 0.96 0.94 0.92 0.9 0.88 0.86 0.84 0.82 Atividade da α-amilase (µg/gMF/h) Atividade da α-amilase (ug/gMF/h`) de embebição (Tabela 1), a atividade da enzima se encontrava estabilizada. 0 2 4 6 8 B 2 1.6 1.2 0.8 0.4 0 0 10 12 14 Atividade da α-amilase (µg/gMF/h) Atividade da α-amilase (µg/gMF/h) C 0 2 4 6 8 10 12 14 Período de embebição (dias) 4 6 8 10 12 14 Período de embebição (dias) Período de embebição (dias) 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 2 D 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 0 2 4 6 8 10 12 14 Período de embebição (dias) Figura 15. Atividade da enzima α-amilase durante a germinação de sementes de Myrciaria dubia (A) Eugenia stipitata (B), Dipteryx odorata (C) e Hymenaea courbaril (D). As barras indicam o desvio padrão. 38 A atividade da enzima α-amilase durante a germinação de sementes de araçá-boi aumentou até o 6o dia após embebição, em seguida observou-se uma discreta diminuição, estabilizando-se a partir do 10o dia até o fim do ensaio (Figura 15-B). A atividade crescente da α-amilase nos primeiros dias de germinação coincidiu com a maior mobilização de amido (Figura 14-B), podendo configurar uma tendência de mobilização gradativa dessa reserva ao longo da germinação e, possível uso do produto da degradação do amido para o crescimento da plântula, visto que no período de emissão da radícula ao sexto dia de embebição, apesar de ser este um período de maior atividade da enzima, as sementes chegaram ao estádio (4) com muito amido estocado em seus cotilédones (62,8%). Os resultados obtidos referentes à mobilização dos carboidratos nas sementes de camu-camu e araçá-boi, possibilitam afirmar que estas duas espécies apresentaram estratégias de mobilização de açúcares solúveis e de amido muito parecidas, desde o período de embebição das sementes até o último estádio de germinação. Nas sementes de cumaru a atividade da enzima α-amilase apresentou discreto aumento após o sexto dia de embebição. No entanto, a partir do oitavo dia de germinação, observou-se elevada atividade que culminou aos 10 dias da embebição. Esse resultado demonstra maior atividade desta enzima no período pós-emergencial, provavelmente para atender o crescimento da plântula, visto que já existe diferenciação do eixo embrionário na semente quiescente (Figura 8-B), e a germinação das sementes acontece entre segundo e quinto dia de embebição. À semelhança das sementes de D. odorata, em H. courbaril também foi observada maior atividade da α-amilase no período pós-emergencial 8 dias após a embebição, sendo que o tempo inicial de germinação desta espécie foi de cinco dias. Portanto, sendo esta enzima específica para a quebra de amido, pode-se sugerir que, possivelmente, a maior alocação desta reserva esteja sendo feita para sustentar o crescimento inicial da nova plântula. 39 6.3.4. Proteínas As sementes quiescentes de camu-camu apresentaram baixo conteúdo de proteínas, em média 0,62 % (Figura 16-A). Após 48 horas de embebição, evidenciou-se um discreto aumento nestes teores decrescendo nos estádios subseqüentes. As sementes de araçá-boi, assim como as sementes de camu-camu, não são sementes ricas em proteínas, exibindo teores protéicos que variaram em média de 0,3 a 0,6% (Figura 16-B). Quanto à mobilização da proteína, ao contrário do observado para camu-camu, as sementes de araçá-boi exibiram um aumento progressivo nos estádios 1, 2 e 3, atingindo 72,2% e decrescendo no quarto estádio. Assim como em araçá-boi, em sementes de Dalbergia miscolobium, os teores de proteínas aumentaram nas primeiras horas de embebição (Silva et al., 1998), enquanto que em sementes de Apuleia leiocarpa foi observado um significativo aumento nos teores protéicos de seus cotilédones durante todo o período de embebição Pontes et al. (2002), similar ao que ocorreu nos cotilédones de sementes de camu-camu. As proteínas, a exemplo dos demais compostos de reserva, iniciam a sua mobilização no período de desenvolvimento do embrião, normalmente suportando o crescimento da plântula e mantendo os processos que conferem capacidade de absorver nutrientes e realização de fotossíntese. Por serem os únicos compostos de reserva em sementes que possuem nitrogênio em sua composição, elas não são exclusivas em relação a nenhum outro composto de reserva, e são essenciais, provavelmente, para todas as sementes. Segundo Pontes et al. (2002), as diferenças nos resultados entre os autores se devem, possivelmente, aos diferentes padrões de degradação de diferentes frações de proteínas, não sendo perceptível muitas vezes aumento ou decréscimo destes teores. Em sementes de Euphorbia heterophylla foi observado que, enquanto a globulina solúvel em solução salina foi degradada continuamente ao longo do período germinativo, a da albumina ocorria somente entre 60 e 84 horas de embebição ( Suda & Giorgini, 2000). Os cotilédones das sementes quiescentes de cumaru apresentaram 12,4% de proteínas (Figura 16-C), valor bastante expressivo. A composição protéica destacou-se em relação às demais espécies estudadas. Mayworm et al. (1998), estudando a composição de proteínas em sementes de espécies da caatinga, encontrou teores protéicos 40 que variaram de 12,3 a 55,1%. Dentre as espécies encontravam-se representantes da família Papilionoideae (mesma família do cumaru) sendo observado também que os teores de proteínas e óleos apresentavam-se sempre de forma inversamente proporcional na maioria das espécies, o que se assemelha com os resultados encontrados para cumaru quando se estabelece uma comparação entre a proporção de proteínas e óleos encontrada nas sementes desta espécie. Nestas sementes a mobilização das reservas protéicas dos cotilédones foi observada nas primeiras 48 horas de embebição, neste período os valores protéicos chegaram a 10,6%, o que representa 14,6% de decréscimo, nos demais período as reservas praticamente permaneceram estáveis. No eixo embrionário, no período de 48 horas de embebição, os teores protéicos encontrados foram de 15,9% (Figura 16-C). Considerando que neste mesmo período ocorreu nos cotilédones um decréscimo desses teores, é possível que os produtos da oxidação destas proteínas cotiledonares estejam sendo mobilizados para a síntese de novas proteínas no eixo embrionário, no período inicial de embebição. Após este período, evidenciou-se diminuição crescente nesses teores no estádio de emissão da radícula (2) e radícula com 20mm (3) da ordem de 38,5% e 76,1% respectivamente, evidenciando mais uma vez que o embrião usa suas próprias reservas. Para sementes de Euphorbia heterophylla, também foi evidenciado a translocação de aminoácidos proveniente da degradação das proteínas do cotilédone para o embrião (Suda & Giorgini, 2000). O teor protéico encontrado nos cotilédones de sementes quiescentes de jatobá foi de 2,5% (Figura 16-D), sendo mais elevado que os valores encontrados para as sementes de camu-camu e araçá-boi, porém bem inferiores àqueles encontrados no mesmo tecido de sementes de cumaru. Após 48 horas de embebição evidenciou-se um acréscimo nos teores protéicos dos cotilédones e do eixo embrionário, sendo o aumento do eixo embrionário mais expressivo que dos cotilédones, decrescendo ambos nos demais estádios, diferentemente do que ocorreu com as sementes de cumaru. 41 A Teor de proteínas (%) Teor de proteínas (%) 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 0.0 0 1 2 3 4 0 C 15 10 5 0 0 1 2 3 1 2 3 4 Estádios de germinação Teor de proteínas (%) Teor de proteínas (%) Estádios de germinação 20 B 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0.0 4 Estádios de germinação D 8 6 4 2 0 0 1 2 3 4 Estádios de germinação Figura 16. Alterações nos teores de proteínas em sementes de Myrciaria dubia (A) Eugenia stipitata (B), Dipteryx odorata (C) e Hymenaea courbaril (D) em diferentes estádios de germinação. Sementes quiescentes (0), sementes com 48 horas de embebição (1), sementes com emissão de radícula (2), sementes com 20 mm de radícula (3) e sementes com 50 mm de radícula (4). Onde nos gráficos C e D (o) representa os cotilédones e (●) o eixo embrionário. As barras indicam o desvio padrão. 6.3.5. Perfil Protéico A análise eletroforética em SDS-PAGE (10%) revelou grande número de bandas protéicas em sementes quiescentes de cumaru, apresentando grande variação de massa molecular aparente entre 115 e 19 kDa (Figura 17). As sementes embebidas por 48 horas (1), apresentaram um padrão de bandas protéicas similar às sementes quiescentes, sendo possível observar uma proteína adicional, cuja massa molecular aparente foi estimada em 33 kDa. Este resultado sugere a ocorrência de síntese protéica neste estádio de germinação e os dados da composição protéica obtidos 42 neste estudo comprovam isso. Além disso, as proteínas com massa molecular aparente entre 69 a 50 kDa são bem evidentes em sementes quiescentes e embebidas, podendo ser vistas nos demais estádios de germinação, porém apresentando menor concentração. No estádio 2, correspondente às sementes com emissão de radícula, foi possível observar uma intensificação das bandas protéicas com massa molecular aparente de 80 e 88 kDa, aproximadamente. Os resultados sugerem que as proteínas foram sintetizadas neste estádio e mobilizadas nos estádios posteriores. Nos cotilédones das sementes com 50 mm de radícula, onde o processo de germinação encontrava-se bem adiantado com parte aérea formada, foi evidenciado um número menor de bandas protéicas, sugerindo que estas proteínas estavam sendo mobilizadas durante o processo germinativo e pós-germinativo. Os resultados encontrados para a mobilização das reservas protéicas destas sementes confirmam isto (Figura 16 C). Silva et al. (1998) também demonstraram variação nos resultados eletroforéticos de proteínas de sementes de Dalbergia miscolobium, devido à existência de bandas protéicas mais evidentes em determinados estádios de germinação do que em outros, ou mesmo proteínas comuns a todos os estádios. Como exemplo, uma proteína expressa apenas na fase em que a plântula encontrava-se com radícula de 50 mm, ou seja, uma proteína que, provavelmente, esteja relacionada apenas ao processo de crescimento desta plântula, evidenciando que ao longo do processo de germinação das sementes as proteínas estão sendo expressas ou mobilizadas de acordo com a sua função dentro deste processo. 43 M kDa 0 1 2 3 4 220 160 120 100 80 90 70 60 50 40 30 25 20 Figura 17. Perfil eletroforético (SDS-PAGE 10%) de proteínas nas sementes de Dipteryx odorata em cinco estádios de germinação. 0-sementes quiescentes; 1-sementes com 48 horas de embebição; 2-sementes com emissão de radícula; 3-sementes com 20 mm de radícula; 4-sementes com 50 mm de radícula. M-marcadores de massa molecular. As setas indicam as massas moleculares aparentes. 44 Na análise eletroforética em SDS-PAGE em cotilédones de jatobá (Figura 18), foram encontradas menor número de bandas de proteínas com massa molecular aparente menor que os resultados obtidos em sementes de cumaru. A banda de maior massa aparente (95 kDa) foi encontrada em sementes que apresentavam 20 mm de radícula. Em sementes quiescentes foram encontradas duas bandas de maior concentração, uma com massa molecular aparente de 93 kDa, ausente nos estádios 1, 2 e 3 e presente no último estádio (4) e outra com 16 kDa, que parece estar aumentando de concentração nos estádios 1 , 2 e 3 apresentando massas crescentes de 16, 16, 16 kDa, respectivamente. Nas sementes embebidas aparecem um grupo de bandas com variação de massas de 42 a 21 kDa, que não foram visualizadas nas sementes quiescentes, sugerindo que estas proteínas possam ter sido sintetizadas no período de embebição da semente. A análise do conteúdo protéico destas sementes, no período de 48 horas de embebição (1), revelou aumento no percentual destes teores, talvez o que justifique o aparecimento dessas bandas neste período e não nos outros. Além disso, foi possível observar que a partir deste estádio de germinação, houve um decréscimo destes teores em ambos os compartimentos destas sementes (Figura 16 D). Schlereth et al. (2001), observaram em sementes de Vicia sativa, o aparecimento de enzimas nos estádios inicial e pósemergencial, sugerindo que estas enzimas sejam ativadas nestes estádios de germinação e participem da degradação das reservas protéicas. 45 M 0 1 2 3 4 kDa 220 160 120 100 90 80 70 60 50 20 15 10 Figura 18. Perfil eletroforético (SDS-PAGE 10%) de proteínas em sementes de Hymenaea courbaril em cinco estádios de germinação. 0-sementes quiescentes; 1sementes com 48 horas de embebição; 2-sementes com emissão de radícula; 3-sementes com 20 mm de radícula; 4-sementes com 50 mm de radícula. M-marcadores de massa molecular. As setas indicam as massas moleculares aparentes. 6.3.6. Óleos Considerando os baixos teores de óleos, as sementes de camu-camu podem ser classificadas como sementes que armazenam pouco óleo. O teor de óleo encontrado nas sementes quiescentes foi de 3,2%, nas sementes embebidas por 48 horas esse percentual foi de 2,9% mantendo-se na fase de emissão de radícula e voltando a aumentar discretamente no último estádio (4), chegando a percentual de 3,6%. Portanto, essas sementes além de conterem pouco óleo, também mobilizam pouco durante o período de germinação. 46 De forma semelhante ao camu-camu (M. dubia), sementes de araçá-boi também apresentaram baixo conteúdo de óleos, 0,9% nas sementes quiescentes (Figura 19-B). No estádio 1, observou-se um pequeno decréscimo mantendo-se nos estádios 2 e 3, voltando a aumentar no estádio 4 (1, 09%). Anjos (1997), ao determinar o percentual de óleos nas sementes de araçá-boi, encontrou valores próximos de 1,9%. Estabelecendo uma comparação entre araçá-boi e camu-camu, pode-se perceber um comportamento similar no que se refere à mobilização de óleos, mesmo que o uso desta reserva seja pouco expressivo. Pelo pouco conteúdo de óleo armazenado e pelo comportamento de mobilização apresentado pelas sementes de ambas as espécies, percebe-se que este componente tem pouca contribuição tanto no processo de crescimento do eixo embrionário como no crescimento pós-emergencial. As sementes de cumaru apresentaram alto teor de óleo nos dois compartimentos estudados. Os cotilédones apresentaram em média 41,5% e o embrião extraído de sementes embebidas por 48 horas, 12,6% (Figura19-C), sendo, portanto uma semente oleaginosa. Quanto à mobilização dessa reserva, percebe-se que nos cotilédones esses valores praticamente mantiveram-se em todos os estádios estudados, evidenciando que a semente não usa os óleos contidos nos cotilédones como suporte energético para a sua germinação e crescimento pós-emergencial. No entanto, no que se refere aos óleos contidos no eixo embrionário, estes decresceram ao longo dos estádios de germinação indicando uso dessa reserva. Ao final do estádio 4, o percentual de óleo foi de 2,3%, representando um decréscimo de 81,9%. Pontes et al. (2002) estudando a germinação de Apuleia leiocarpa, encontraram resultados parecidos, ou seja, a espécie exibiu baixa mobilização de lipídios nos cotilédones e decréscimo dos óleos do eixo embrionário. Os autores concluíram que as necessidades de substâncias energéticas requeridas para o desenvolvimento do eixo embrionário são supridas por lipídios do próprio tecido. Esse decréscimo dos óleos no eixo embrionário provavelmente justifique o fato de não se ter percebido uma mobilização acentuada dos carboidratos no eixo embrionário, visto que concomitante ao uso dos açúcares, pode estar ocorrendo reposição destes pela conversão dos óleos a carboidratos. Fato semelhante foi observado por Suda & Giorgini (2000), estudando a mobilização das reservas orgânicas em sementes de Euphorbia heterophylla. 47 A 3 2 1 B 4.0 Teor de óleos (%) Teor de óleos (%) 4 3.2 2.4 1.6 0.8 0.0 0 0 1 2 3 0 4 C Teor de óleos (%) Teor de óleos (%) 40 30 20 10 0 0 1 2 3 2 3 4 Estádios de germinação Estádios de germinação 50 1 4 Estádios de germinação D 14 12 10 8 6 4 2 0 0 1 2 3 4 Estádios de germinação Figura 19. Alterações nos teores de óleos em sementes de Myrciaria dubia (A) Eugenia stipitata (B), Dipteryx odorata (C) e Hymenaea courbaril (D) em diferentes estádios de germinação. Sementes quiescentes (0), sementes com 48 horas de embebição (1), sementes com emissão de radícula (2), sementes com 20 mm de radícula (3) e sementes com 50 mm de radícula (4). Onde nos gráficos C e D (o) representa os cotilédones e (●) o eixo embrionário. As barras indicam o desvio padrão. Os cotilédones de sementes quiescentes de jatobá apresentaram, em média, 11,4% de óleos (Figura 19-D), valores estes inferiores aos encontrados para sementes de cumaru. No entanto, esses resultados são expressivos se comparados com os teores encontrados nos mesmos tecidos de camu-camu e de araçá-boi. Ao longo dos estádios de germinação percebeu-se diminuição contínua nos conteúdos desses óleos indicando o uso desse componente de reserva. Esse decréscimo correspondeu a 45% do total dos óleos. Nos eixos embrionários de sementes de jatobá também se evidenciou mobilização dessa reserva, porém menos uniforme que nos cotilédones. As sementes embebidas por 48 horas (1) apresentaram percentual de óleos de 8,2%, e nos três estádios posteriores mantiveram-se os níveis em 6,3%, decrescendo no último estádio para 4,4%. 48 Considerando a mobilização dos carboidratos nos dois compartimentos da semente, ou seja, que nos cotilédones das sementes de jatobá nos estádios 1, 2 e 3 os níveis de amido praticamente mantiveram-se constantes, os teores de açúcares solúveis sofreram decréscimo mais acentuado apenas no último estádio (Figura 14-D e 13-D) respectivamente, e que nos eixos embrionários também os conteúdos de açúcares solúveis se mantiveram ao longo do período de germinação, pode-se sugerir a possível conversão dos óleos em carboidratos, contribuindo para que os níveis desses açúcares fossem mantidos ao longo do processo germinativo. Suda et al. (2000), estudando a composição e mobilização de reservas durante a germinação de E. heterophylla, também verificaram redução nos conteúdos lipídicos e manutenção dos níveis de açúcares solúveis no embrião, sugerindo a formação de carboidratos a partir dos lipídeos de forma a garantir o aporte energético para a germinação das sementes desta espécie. Baleroni et al. (1997) estudando a germinação de sementes de Brassica napus e Silva et al.(1998) estudando germinação de Dalbergia miscolobium, também abordam a provável degradação dos lipídeos envolvendo o ciclo do glioxalato. 6.4. Padrão dos ácidos graxos em cotilédones e/ou eixo embrionário de sementes de camu-camu (M. dubia), araçá-boi (E stipitata), cumaru (D. odorata) e jatobá (H courbaril) Os resultados da identificação dos ácidos graxos que compõe os óleos das sementes das quatro espécies estudadas, revelaram a presença de onze ácidos graxos diferentes, independentemente do grau de saturação. No entanto, nas sementes de camucamu e araçá-boi, observou-se a predominância de ácidos graxos saturados enquanto que nas sementes de cumaru e jatobá houve predominância de ácidos graxos insaturados. De acordo com Gonçalves et al. (2002), estudos de identificação dos ácidos graxos que compõe os óleos de sementes das espécies: Andira parviflora, Bertholletia excelsa, Helicostylis tomentosa, Hymenaea parviflora e Parkia pendula revelaram que, independente da espécie, houve maior proporção de ácidos graxos insaturados. Para os ácidos graxos linoléico (C18:2), oléico (C18:1), beênico (C22:0), lignocérico (C24:0) e cerótico (C26:0), não foram encontradas diferenças no conteúdo entre as espécies, 49 estádios de germinação ou interação espécie-estádio de germinação. Nos demais ácidos onde se encontraram diferenças, os resultados encontram-se nas tabelas a seguir. A maior porcentagem em valores absolutos de ácido linoléico (59,0%) e ácido oléico (24,0%) foi encontrada em cumaru nos estádios S4 e S1, respectivamente. Segundo Buckeridge et al. (2004), embora a composição exata de ácidos graxos varie de espécie para espécie, os ácidos oléico e linoléico, geralmente ocorrem em maior quantidade em algumas sementes oleaginosas, podendo compor até 60% da massa, o que justifica o alto percentual desses ácidos nas sementes de cumaru, tendo em vista serem estas sementes ricas em óleos. O ácido oléico e linoléico também foram os principais componentes dos óleos das sementes de D. miscolobium, espécie com alto teor de óleo em suas sementes (Silva et al., 1998). Os ácidos beenato ( 38,%) e cerótico (34,%) foram predominantes na semente de camu-camu no estádio S3 e o ácido lignocérico (29,%) no estádio S2. As maiores quantidades de ácido láurico (C12:0) foram encontradas nas sementes de camu-camu e araçá-boi 20,6% e 18,2%, respectivamente (Tabela 2). Pode-se observar a presença desse ácido em todos os estádios de germinação das sementes de camu-camu e cumaru; nas sementes de araçá-boi e jatobá não foi encontrado nos estádios S1 e E5, respectivamente. Nesse aspecto, estas espécies se destacaram das demais espécies estudadas, contudo, não foram encontradas diferenças entre os estádios de germinação entre todas as espécies estudadas. 50 Tabela 2. Conteúdo de ácido láurico (C12:0) (%) nos cotilédones e no eixo embrionário das sementes de camu-camu (M.dubia), araçá-boi (E. stipitata), cumaru (D. odorata) e de jatobá (H. courbaril) em diferentes estádios de germinação. Estádios de Espécies germinação* camu-camu araçá-boi cumaru jatobá Médias S0 33,0 + 0 13,0 + 5,6 2,0 + 0 2,0 + 0 12,6a S1 15,0 + 0 - 6,0 + 5,6 11,0 + 1,4 9,8a S2 3,0 + 0 29,0 + 9,9 9,0 + 0 12,0 + 0 16,4a S3 25,0 + 0 16,0 + 0 9,0 + 1,4 1,0 + 0 12,0a S4 27,0 + 0 9,0 + 0 9,0 + 0 8,5 + 0,7 12,4a E5 - - 9,0 + 1,4 - 9,0a E6 - - 11,0 + 0 8,0 + 0 9,5a E7 - - 10,5 + 2,1 12,0 + 8,5 11,2a E8 - - 11,0 + 0 13,0 + 0 12,0a Médias 20,6A 18,2A 8,5B 9,0B 12,5 * S0 sementes quiescentes, S1 com 48 horas de embebição, S2 com emissão de radícula, S3 com 20 mm de radícula e S4 com 50 mm de radícula (S0-S4 cotilédones), E5-E8: eixo embrionário com 48 horas de embebição, emissão da radícula, radícula com 20 e 50 mm, respectivamente. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5%. Os valores + indicam o desvio padrão. Para o conteúdo de ácido palmítico não foram encontradas diferenças entre as espécies, no entanto, quando comparado os estádios de germinação estes mostraram diferenças significativas (Tabela 3). O maior percentual encontrado foi no estádio emissão da radícula (E6) (41,5%), porém este não diferiu dos estádios S1, S2, S4, E7 e E8. O menor percentual de ácido palmítico foi encontrado nos estádios de semente quiescente (S0) e eixo embrionário com 48 horas de embebição (E5) (15,8% e 17,0%) respectivamente. Em sementes de cumaru foi observada a presença do ácido palmítico nos dois compartimentos e em todos os estádios analisados, com valores bem expressivos. Nos cotilédones ocorreu um aumento crescente nos teores desse ácido nos estádios que compreende S0 a S4. Em sementes de araçá-boi percebeu-se igual acréscimo. 51 Tabela 3. Conteúdo de ácido palmítico (C16:0) (%) nos cotilédones e no eixo embrionário das sementes de camu-camu (M.dubia), araçá-boi (E. stipitata), cumaru (D. odorata) e de jatobá (H. courbaril) em diferentes estádios de germinação. Estádios de germinação* Espécies Camu-camu araçá-boi cumaru jatobá Médias S0 16,0 + 0 21,5 + 9,2 8,0 + 0 12,0 + 0 S1 30,0 + 0 - 15,5 + 9,2 42,5 + 2,1 29,2abc S2 38,0 + 0 30,5 + 19,1 22,0 + 0 41,0 + 0 32,4abc S3 17,0 + 0 37,0 + 0 21,0 + 1,4 11,0 + 0 21,4bc S4 20,0 + 0 42,0 + 0 27,0 + 0 36,5 + 13,4 32,4abc E5 - - E6 - - E7 - E8 Médias 7,0 + 7,1 15,8c - 17,0c 43,0 + 0 40,0 + 0 41,5a - 42,5 + 2,1 22,5 + 0,7 32,5abc - - 29,0 + 0 44,0 + 0 36,5ab 24,2A 30,5A 24,7A 32,0A 27,9 * S0 sementes quiescentes, S1 com 48 horas de embebição, S2 com emissão de radícula, S3 com 20 mm de radícula e S4 com 50 mm de radícula (S0-S4 cotilédones), E5-E8: eixo embrionário com 48 horas de embebição, emissão da radícula, radícula com 20 e 50 mm, respectivamente. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5%. Os valores + indicam o desvio padrão. Os conteúdos de ácido linolênico (Tabela 4) não mostraram diferenças entre as espécies estudadas, mas diferiram entre os estádios de germinação. Os conteúdos encontrados em cotilédones de sementes quiescentes (S0) foram de 18,2% e não mostraram diferenças dos valores encontrados nos estádios de emissão de radícula (S2) e radícula com 20mm (S3) ( 10,2% e 9,6%) respectivamente, porém foram superiores aos encontrados em sementes com radícula de 50mm (S4) (5,6%) e eixo embrionário com emissão de radícula e radícula com 50 mm (E6 e E8) (5,0% e 5,0%) respectivamente. Nas sementes de cumaru ocorreu um decréscimo acentuado desses teores ao longo da germinação nos dois compartimentos estudados, percebendo-se portanto, o requerimento e importância desse ácido graxo no processo germinativo desta espécie. Podendo essa redução contribuir na justificativa dos resultados encontrados para o teor de óleos no eixo embrionário das sementes dessa espécie (Figura 19C), onde verificou-se grande mobilização desse componente neste compartimento ao longo do período germinativo. 52 Tabela 4. Conteúdo de ácido linolênico (C18:3) (%) nos cotilédones e no eixo embrionário das sementes de camu-camu (M.dubia), araçá-boi (E. stipitata), cumaru (D. odorata) e de jatobá (H. courbaril) em diferentes estádios de germinação. Estádios de Espécies germinação* camu-camu araçá-boi cumaru jatobá Médias S0 6,0 + 0 3,5 + 2,1 50,0 + 0 28,0 + 0 18,2a S1 5,0 + 0 - 9,0 + 4,2 6,0 + 4,2 7,0bc S2 28,0 + 0 5,0 + 1,4 7,0 + 0 6,0 + 0 10,2abc S3 6,0 + 0 5,0 + 0 6,0 + 0 25,0 + 0 9,6abc S4 7,0 + 0 6,0 + 0 5,0 + 0 5,0 + 1,4 5,6c E5 - - 16,5 + 14,8 - 16,5ab E6 - - 4,0 + 0 6,0 + 0 5,0c E7 - - 4,5 + 0,7 8,5 + 4,9 6,5bc E8 - - 3,0 + 0 7,0 + 0 5,0c Médias 10,4A 4,7A 10,8A 10,1A 9,5 * S0 sementes quiescentes, S1 com 48 horas de embebição, S2 com emissão de radícula, S3 com 20 mm de radícula e S4 com 50 mm de radícula (S0-S4 cotilédones), E5-E8: eixo embrionário com 48 horas de embebição, emissão da radícula, radícula com 20 e 50 mm, respectivamente. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5%. Os valores + indicam o desvio padrão. Pelos conteúdos do ácido esteárico encontrado nos cotilédones e/ou eixo embrionário das espécies estudadas, constatou-se que este ácido seguido do ácido araquídico (Tabelas 5 e 6) foram os componentes menos abundantes dos óleos destas espécies. Estudos realizados por Mayworm et al. (1998), mostraram baixo percentual desses ácidos graxos em algumas famílias como Apocinaceae, Caesalpinaceae (família a que pertence o jatobá), Fabaceae e Sapindaceae. As sementes de Carapa guianensis apresentaram baixo percentual de ácido araquídico (Connor et al., 1998). As espécies em estudo não mostraram diferenças entre si quanto ao conteúdo do ácido esteárico, porém essas diferenças foram identificadas entre os estádios de germinação. O estádio de semente germinada com 50mm de radícula (S4), apresentou o maior percentual desse ácido (6,7%), porém não diferiu dos estádios E6 e E7 (embrião com 20 e 50 mm de radícula). 53 Não foi observada a presença desse ácido em sementes quiescentes de camu-camu (S0) e na emissão de radícula (S2) e nas sementes de araçá-boi nos estádios S1 e S3 (sementes embebidas por 48 horas e sementes com 20 mm de radícula) respectivamente. Porém nos estádios em que se evidenciou a presença desses ácidos, estes apresentaram valores crescentes. Tabela 5. Conteúdo de ácido esteárico (C18:0) (%) nos cotilédones e no eixo embrionário das sementes de camu-camu (M.dubia), araçá-boi (E. stipitata), cumaru (D. odorata) e de jatobá (H. courbaril) em diferentes estádios de germinação. Estádios de Espécies germinação* camu-camu araçá-boi cumaru jatobá Médias S0 - 1,5 + 2,1 - 3,0 + 0 2,0bc S1 2,0 + 0 - 3,5 + 3,5 1,5 + 0,7 2,4bc S2 - 2,5 + 0,7 2,0 + 0 2,0 + 0 2,2bc S3 3,0 + 0 - 2,0 + 0 2,0 + 0 2,2bc S4 4,0 + 0 11,0 + 0 4,0 + 0 8,0 + 0 6,7a E5 - - 1,5 + 0,7 - 1,5c E6 - - 1,0 + 0 10,0 + 0 5,5ab E7 - - 4,5 + 2,1 2,5 + 0,7 3,5abc E8 - - - 3,0 + 0 3,0bc Médias 3,8A 3,0A 2,7A 3,6A 3,2 * S0 sementes quiescentes, S1 com 48 horas de embebição, S2 com emissão de radícula, S3 com 20 mm de radícula e S4 com 50 mm de radícula (S0-S4 cotilédones), E5-E8: eixo embrionário com 48 horas de embebição, emissão da radícula, radícula com 20 e 50 mm, respectivamente. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5%. Os valores + indicam o desvio padrão. Jatobá foi a espécie que apresentou maior conteúdo do ácido araquídico (8,2%), estando presente nos cotilédones em todos os estádios e no eixo embrionário foi encontrado apenas no estádio de embrião com 20 mm de radícula (Tabela 6). Nos cotilédones de sementes de cumaru, foi evidenciado um aumento gradativo do ácido araquídico nos estádios de semente quiescente a semente com 20 mm de radícula, no eixo embrionário esses teores se mantiveram. 54 O estádio de germinação com maior percentagem de óleo foi o de embrião com 20 mm de radícula (E7) apresentando 9,0%, não diferindo do estádio S3 com (5,8%), mas, sendo superior aos demais estádios de germinação. Tabela 6. Conteúdo de ácido araquídico (C20:0) (%) nos cotilédones e no eixo embrionário das sementes de camu-camu (M. dubia), araçá-boi (E. stipitata), cumaru (D. odorata) e de jatobá (H. courbaril) em diferentes estádios de germinação. Estádios de Espécies germinação* camu-camu araçá-boi cumaru jatobá Médias S0 - 2,5 + 0,7 2,0 + 0 16,0 + 0 4,6b S1 - - 2,5 + 0,7 6,0 + 1,4 4,2b S2 3,0 + 0 1,5 + 0,7 5,0 + 0 7,0 + 0 3,6b S3 3,0 + 0 4,0 + 0 5,5 + 0,7 11,0 + 0 5,8ab S4 2,0 + 0 7,0 + 0 3,0 + 0 5,0 + 0 4,4b E5 - - 3,0 + 2,8 - 3,0bc E6 - - 3,0 + 0 - 3,0bc E7 - - - 9,0 + 2,8 9,0a E8 - - - - - Médias 2,0B 3,2B 3,2B 8,2A 4,5 * S0 sementes quiescentes, S1 com 48 horas de embebição, S2 com emissão de radícula, S3 com 20 mm de radícula e S4 com 50 mm de radícula (S0-S4 cotilédones), E5-E8: eixo embrionário com 48 horas de embebição, emissão da radícula, radícula com 20 e 50 mm, respectivamente. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5%. Os valores + indicam o desvio padrão. As espécies estudadas não mostraram diferenças ente si quanto ao teor do ácido composto por 28 carbonos sem insaturação (Tabela 7). Quanto aos estádios de germinação analisados, E6 e E7 (eixo embrionário com emissão de radícula e radícula com 20mm) apresentaram 20,0% e 20,5% desse ácido, não apresentando diferenças entre si, sendo superior ao estádio E5 (embrião com 48 horas de embebição), com 1,0%. Foi possível perceber maiores concentrações desse ácido nos cotilédones de sementes de camu-camu e araçá-boi, e nas espécies cumaru e jatobá, no eixo embrionário. 55 Tabela 7. Conteúdo de ácido de cadeia longa saturado (C28:0) (%) nos cotilédones e no eixo embrionário das sementes camu-camu (M.dubia), araçá-boi (E. stipitata), cumaru (D. odorata) e de jatobá (H. courbaril) em diferentes estádios de germinação. Estádios de Espécies germinação* camu-camu araçá-boi cumaru jatobá Médias S0 27,0 12,0 - 3,0 10,8ab S1 17,0 - 1,0 1,5 5,2ab S2 39,0 5,0 3,0 1,0 10,6ab S3 5,0 13,0 1,5 3,0 4,8ab S4 4,0 23,0 4,0 22,0 15,0ab E5 - - 1,0 - 1,0b E6 - - 7,0 33,0 20,0a E7 - - 39,5 1,5 20,5a E8 - - 4,0 18,0 11,0ab Médias 18,4A 11,7A 9,3A 9,8A 11,3 * S0 sementes quiescentes, S1 com 48 horas de embebição, S2 com emissão de radícula, S3 com 20 mm de radícula e S4 com 50 mm de radícula (S0-S4 cotilédones), E5-E8: eixo embrionário com 48 horas de embebição, emissão da radícula, radícula com 20 e 50 mm, respectivamente. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5%. Os valores + indicam o desvio padrão. Mudanças observadas no percentual dos ácidos graxos, ao longo do processo germinativo, podem representar um importante papel neste processo, ou seja, o aumento dos ácidos graxos insaturados pode induzir maior fluidez das membranas das células, por outro lado, uma saturação progressiva dos ácidos insaturados pode representar uma resposta de sensibilidade do embrião às mudanças ambientais. Além disso, grandes quantidades de lipídios nos cotilédones, que são mobilizados nas fases posteriores de crescimento da plântula, podem estar relacionadas ao controle de movimento de água do cotilédone para o embrião (Paula et al., 1990; Silva et al.,1998). 56 7. CONCLUSÕES As sementes de Myrciaria dubia e Eugenia stipitata não possuem eixo embrionário distinto, as de Hymenaea courbaril apresentam eixo embrionário indiferenciado e as de Dipteryx odorata diferenciado com pré-folíolos e primórdios de radícula. A germinação de sementes Myrciaria dubia e Eugenia stipitata é hipógea criptocotiledonar e a de Dipteryx odorata e Hymenaea courbaril epígea fanerocotiledonar. Todas as espécies apresentaram alta germinabilidade, contudo, diferiram entre si quanto ao percentual, tempo e velocidade de germinação. Dipteryx odorata se destacou das demais. No entanto, acredita-se que fatores endógenos ligados às vias metabólicas podem ter influenciado as taxas de germinação para as diferentes espécies. A composição das reservas estocadas pelas sementes de Dipteryx odorata e Hymenaea courbaril revelou alto teor de óleos e proteínas, constituindo um fator preponderante para que estas espécies obtivessem uma germinação rápida, destacando-se das demais, isto pode configurar uma estratégia de estabelecimento rápido sob condições favoráveis adotada por estas espécies. Myrciaria dubia e Eugenia stipitata possuem sementes com alto teor de amido sento esta reserva o principal suporte energético para o desenvolvimento do eixo embrionário dessas duas espécies. Nas espécies Dipteryx odorata e Hymenaea courbaril, é provável que esta reserva cotiledonar esteja sendo usada no período pós emergencial, haja vista a maior atividade da enzima α-amilase neste período e a mobilização das reservas protéicas e lipídicas observadas no eixo embrionário no período de crescimento deste tecido. Ocorreu síntese de proteínas nos cotilédones de Hymenaea courbaril no período de embebição da semente, nos perfis eletroforéticos, também foram detectadas novas bandas protéicas neste mesmo período, provavelmente, estas sejam proteínas envolvidas no processo de hidrólise das reserva orgânicas estocadas nestas sementes. Os conteúdos dos ácidos graxos linoléico (C18:2), oléico (C18:1), beênico (C22:0), linocérico (C:24:0) e cerótico (C26:0) não foram encontradas diferença entre as espécies, estágios de germinação e interação espécie estágio de germinação. Já os conteúdos de 57 ácido palmítico (C16:0), linolênico (C18:3), esteárico e ácido graxo de cadeia longa (C28::0), diferiram entre si apenas nos estádios de germinação. Portanto, o estudo de aspectos fisiológicos, morfológicos e bioquímicos durante a germinação das espécies estudadas neste trabalho, mostrou que não só a quantidade mas também, o padrão das reservas foi alterado no decorrer da germinação. A mobilização diferenciada das reservas orgânicas, em particular, amido e lipídios, provavelmente contribuiu para o aumento da velocidade de germinação e crescimento das plantas jovens. A elevada mobilização destas reservas orgânicas é fator preponderante para a rápida germinação das sementes. 58 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abreu, M. E. 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GRUPO 3 212,97285 70,99095 189,303 0,0001 RESÍDUO 12 4,50015 0,375012 TOTAL 15 217,473 Tempo médio Tempo final transformado FONTE DE VARIAÇÃO GL SOMA DOS QUADRADOS QUADRADOS MÉDIOS F SIG. GRUPO 3 27,981824 9,327275 84,382 0,0001 0,110536 RESÍDUO 12 1,326435 TOTAL 15 29,308259 FONTE DE VARIAÇÃO GL SOMA DOS QUADRADOS QUADRADOS MÉDIOS F SIG. GRUPO 3 3,527588 1,175863 78,284 0,0001 RESÍDUO 12 0,180246 0,015021 TOTAL 15 3,707834 IVG 9.1.2. Análise dos ácidos graxos: Ácido láurico (C 12:0) FONTE DE VARIAÇÃO GL SOMA DOS QUADRADOS III QUADRADOS MÉDIOS F ESPÉCIE ESTÁGIO DE GERMINAÇÃO ESPÉCIE*ESTÁGIOGERMINAÇÃO ERRO 3 8 14 9 778,014111 97,465623 1065,130016 245,000000 259,338037 12,183203 76080715 27,222222 9,53* 0,45ns 2,79ns CV% = 43,27304 MÉDIA GERAL = 12,05714 71 Ácido palmítico C( 16:0) FONTE DE VARIAÇÃO GL SOMA DOS QUADRADOS III QUADRADOS MÉDIOS F ESPÉCIE ESTÁGIO DE GERMINAÇÃO ESPÉCIE*ESTÁGIOGERMINAÇÃO ERRO 3 8 14 9 536,592717 2072,836591 1888,658099 775,500000 178,864239 259,104574 134,904150 86,166667 2,09ns 3,01* 1,57ns CV% = 33,28801 MÉDIA GERAL = 27,88571 Ácido linoléico (C18:2) FONTE DE VARIAÇÃO GL SOMA DOS QUADRADOS III QUADRADOS MÉDIOS F ESPÉCIE ESTÁGIO DE GERMINAÇÃO ESPÉCIE*ESTÁGIOGERMINAÇÃO ERRO 3 8 14 9 588,235636 1815,632092 1826,912739 1764,000000 196,078545 226,954012 130,493767 196,000000 1,00ns 1,16ns 0,67ns CV% = 43,75000 MÉDIA GERAL = 32,00000 Ácido linolênico (C18:3) FONTE DE VARIAÇÃO GL SOMA DOS QUADRADOS III QUADRADOS MÉDIOS F ESPÉCIE ESTÁGIO DE GERMINAÇÃO ESPÉCIE*ESTÁGIOGERMINAÇÃO ERRO 3 8 14 9 459,010276 1204,705929 1902, 978734 272,000000 153,003425 150,588241 135,927052 30,222222 5,06* 4,98** 4,50** CV% = 5795530 MÉDIA GERAL = 9,485714 Ácido oléico (C18:1) FONTE DE VARIAÇÃO GL SOMA DOS QUADRADOS III QUADRADOS MÉDIOS F ESPÉCIE ESTÁGIO DE GERMINAÇÃO ESPÉCIE*ESTÁGIOGERMINAÇÃO ERRO 3 8 10 7 24,817242 237,6044147 672,1711874 973,000000 8,2724247 29,7005518 67,2171187 139,000000 0,06ns 0,21ns 0,48ns CV% = 231,0169 MÉDIA GERAL = 5,103448 Ácido esteárico (C18:0) FONTE DE VARIAÇÃO GL SOMA DOS QUADRADOS III QUADRADOS MÉDIOS F ESPÉCIE ESTÁGIO DE GERMINAÇÃO ESPÉCIE*ESTÁGIOGERMINAÇÃO ERRO 3 8 10 8 19,54998254 77,85577270 76,73451493 23,5000000 6,51666085 9,73197159 7,67345149 2,9375000 2,22ns 3,31* 2,61ns CV¨= 53,55980 MÉDIA GERAL = 3,200000 72 Ácido araquídico (C20:0) FONTE DE VARIAÇÃO GL SOMA DOS QUADRADOS III QUADRADOS MÉDIOS F ESPÉCIE ESTÁGIO DE GERMINAÇÃO ESPÉCIE*ESTÁGIOGERMINAÇÃO ERRO 3 8 10 8 165,2564433 38,4653590 111,5994200 20,000000 55,0854811 4,80811699 11,1599420 2,5000000 22,03** 1,92ns 4,46* CV% = 34,87806 MÉDIA GERAL = 4,533333 Ácido beênico (C22:0) FONTE DE VARIAÇÃO GL SOMA DOS QUADRADOS III QUADRADOS MÉDIOS F ESPÉCIE ESTÁGIO DE GERMINAÇÃO ESPÉCIE*ESTÁGIOGERMINAÇÃO ERRO 3 8 12 7 374,296144 319,404998 1377,953430 401,500000 124,765381 39,925625 114,829452 57,357143 2,18ns 0,70ns 2,00ns CV% = 98,23303 MÉDIA GERAL = 7,709677 Ácido lignocérico (C24:0) FONTE DE VARIAÇÃO GL SOMA DOS QUADRADOS III QUADRADOS MÉDIOS F ESPÉCIE ESTÁGIO DE GERMINAÇÃO ESPÉCIE*ESTÁGIOGERMINAÇÃO ERRO 3 8 7 4 313,3311589 769,9346004 656,3624911 604,500000 104,4437196 96,2418250 93,7660702 151,125000 0,69ns 0,64ns 0,62ns CV% = 124,5576 MEDIA GERAL = 9,869565 Ácido cerótico (C26:0) FONTE DE VARIAÇÃO GL SOMA DOS QUADRADOS III QUADRADOS MÉDIOS F ESPÉCIE ESTÁGIO DE GERMINAÇÃO ESPÉCIE*ESTÁGIOGERMINAÇÃO ERRO 3 8 13 9 730,434273 1009,877781 3160,689445 1505,000000 243,478091 126,234723 243,129957 167,222222 1,46ns 0,75ns 1,45ns CV% = 101,7752 MEDIA GERAL = 12,70588 Ácido (C28:0) FONTE DE VARIAÇÃO GL SOMA DOS QUADRADOS III QUADRADOS MÉDIOS F ESPÉCIE ESTÁGIO DE GERMINAÇÃO ESPÉCIE*ESTÁGIOGERMINAÇÃO ERRO 3 8 14 7 828,580074 1311,478962 3371,92,1961 362,000000 276,193358 163,934870 240,851569 51,714289 5,34* 3,17ns 4,66** CV% = 63,79348 MÉDIA GERAL = 11,27273 73 9.1.3. Cromatogramas dos ácidos graxos que compõe os óleos extraídos de embriões e/ou cotilédones de sementes de quatro espécies da flora amazônica: Cromatogramas dos ácidos graxos que compõem os óleos das sementes quiescentes de Myrciaria dúbia. Cromatogramas dos ácidos graxos que compõem os óleos das sementes quiescentes de Eugenia stipitata. 74 Cromatogramas dos ácidos graxos que compõe os óleos das sementes quiescentes de Dipteryx odorata. Cromatogramas dos ácidos graxos que compõe os óleos de embriões das sementes de Dipteryx odorata após 48 horas de embebição. 75 Cromatogramas dos ácidos graxos que compõe os óleos de sementes quiescente de Hymenaea coubaril. Cromatogramas dos ácidos graxos que compõe os óleos dos embriões de sementes Hymenaea coubaril após 48 horas de embebição 76 77