o que revela o citopatológico de colo uterino de uma

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
DCVida – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA
CURSO DE ENFERMAGEM
O QUE REVELA O CITOPATOLÓGICO DE COLO UTERINO
DE UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA
ALINE RAQUEL CEOLIN
Ijuí – RS
2011
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ALINE RAQUEL CEOLIN
O QUE REVELA O CITOPATOLÓGICO DE COLO UTERINO
DE UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Trabalho de Conclusão de Curso – Curso
de Graduação em Enfermagem da
Universidade Regional do Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ,
apresentado como requisito parcial para
obtenção do título de Enfermeiro.
Orientadora: Arlete Regina Roman
Ijuí – RS
2011
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O QUE REVELA O CITOPATOLÓGICO DE COLO UTERINO
DE UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA
WHAT IS REVEALED BY THE PAP SMEAR TEST
IN A UNIT FAMILY HEALTH
Aline Raquel Ceolin
Arlete Regina Roman
RESUMO
Objetivo: levantar os resultados dos citopatológicos de colo uterino de uma unidade
de saúde da família em um município da região noroeste – RS e analisar o que
revelam. Metodologia: pesquisa com abordagem quantitativa, descritiva,
documental com recorte temporal, no qual foi avaliado os resultados do exame
citopatológico de colo uterino de uma Unidade de Saúde da Família de um município
da região Noroeste do Rio Grande do Sul. Os dados foram coletados no livro de
registro para exames citopatológicos do colo uterino, no período entre 2008 e 2010.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIJUÍ, sob o
parecer 193.0/2011. Resultados: foram avaliados 774 registros de exames
citopatológicos cervicais, com predominância (32,17%) da faixa etária entre 30 e 39
anos. 55,94% estavam dentro dos limites de normalidade. Entre os que
apresentaram corrimentos vaginais ocorreu a prevalência (23,51%) de Gardnerella
vaginalis. Houve apenas três resultados compatíveis com Lesão Intra Epitelial de
Baixo Grau. Conclusões: o êxito do rastreamento do Câncer de Colo de Útero
dependerá também da capacitação dos profissionais de saúde, da qualidade e
continuidade das ações de prevenção e controle da doença.
Palavras-chave: saúde da mulher, prevenção de câncer de colo uterino, neoplasias
do colo do útero, vulvovaginites.
ABSTRACT
Objective: to assess the results of Pap smears in a family health unit in a town in the
northwest – RS and analyze what they reveal. Methodology: quantitative,
descriptive, documentary research approach, with time frame in which it was
evaluated the results of Pap smears taken from a Family Health Unit in a town in the
northwestern region of Rio Grande do Sul. Data were collected in record book for
cervical cytopathology in the period between 2008 and 2010. The study was
approved by the Ethics Committee in Research of UNIJUÍ, in the opinion 193.0/2011.
Results: 774 records were evaluated for cervical cytopathology, with predominance
(32.17%) of age range between 30 and 39 years. 55.94% were within normal limits.
Among those who had vaginal discharge occurred prevalence (23.51%) of
Gardnerella vaginalis. There were only three results are compatible with Intra
Epithelial Injury Low Grade. Conclusions: The success of screening for cervical
cancer also depends on the training of health professionals, quality and continuity of
3
prevention and disease control and the establishment of more humane and equitable
interventions.
Keywords: women's health, prevention cervix neoplasms, uterine cervical
neoplasms, vaginitis, comprehensive health care
INTRODUÇÃO
O câncer de colo de útero é um problema de saúde pública, atinge todas as
camadas sociais e regiões geo-econômicas do País. É a terceira causa de morte em
mulheres de países do terceiro mundo, entre eles o Brasil, mesmo apresentando um
dos mais altos potenciais de prevenção e cura, representa 10% de todos os tumores
malignos incidentes (DAVIM et al., 2005).
Com aproximadamente 500 mil casos novos por ano no mundo, o câncer do
colo do útero é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres,
responsável pela morte de 230 mil mulheres por ano. No Brasil, para 2010, eram
esperados 18.430, com um risco estimado de 18 casos a cada 100 mil mulheres
(BRASIL, 2010).
O controle desta neoplasia obedece á estratégia de prevenção secundária
baseada na citologia cervical. Esta técnica de detecção, conhecida popularmente
como Papanicolaou ou simplesmente exame preventivo, vem sendo realizada por
mais de 30 anos. Apesar do exame preventivo ser simples, inócuo, eficiente, de
baixo custo, o câncer cervico-uterino ainda tem sido uma das principais causas de
morte entre as mulheres brasileiras (MERIGHI; HAMANO; CAVALCANTE, 2002).
Os profissionais devem ter consciência, no ato do exame, que cada pessoa
tem sua própria percepção sobre os procedimentos que envolvem a prevenção do
câncer cérvico-uterino. Um procedimento simples, rotineiro, rápido e indolor aos
olhos do profissional, pode ser visto pela mulher como procedimento agressivo,
físico e psicologicamente, pois a mulher que busca o serviço traz consigo suas
bagagens social, cultural, familiar e religiosa (MERIGHI; HAMANO;CAVALCANTE,
2002).
O enfermeiro é um pilar no processo educativo por propiciar informações e
capacitar a comunidade para que apresente comportamentos mais saudáveis.
Quando as mulheres recebem adequadas informações se tornam mais conscientes
4
e buscam realizar ações de prevenção e conseqüentemente diagnóstico precoce
dos problemas de saúde incluindo a prevenção do câncer de colo de útero, que é
detectado com a realização da coleta do Citopatológico cervical (SHIAVON, 2009).
A literatura mostra que existe íntima relação entre o câncer de colo de útero, o
comportamento sexual das mulheres e a transmissão de agentes infecciosos.
Nestes termos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) assinala os fatores sociais,
ambientais e hábitos de vida como os de maior incidência para essa patologia,
destacando-se as baixas condições sócio-econômicas, início precoce da atividade
sexual, multiplicidade de parceiros, tabagismo, precárias condições de higiene e uso
prolongado de contraceptivos orais (BRASIL, 2010).
Outro fator de risco de grande significância é a história de doenças
sexualmente transmissíveis (DST), principalmente na exposição ao vírus papiloma
humano (HPV), cujos estudos demonstram papel importante no desenvolvimento da
neoplasia das células cervicais e na sua transformação em células cancerígenas.
Estando o HPV presente em 99% dos casos de câncer de colo de útero, a idade é
tida como fator de risco, a faixa etária de maior incidência a de 35-49 anos de idade,
com destaque para mulheres que nunca realizaram o exame de Papanicolau
(DAVIM et al., 2005).
Sabe-se hoje que o surgimento do câncer do colo do útero está associado à
infecção por um dos 15 tipos oncogênicos de HPV. Outros fatores de risco são o
tabagismo, a baixa ingestão de vitaminas, a multiplicidade de parceiros sexuais, a
iniciação sexual precoce e o uso de contraceptivos orais (BRASIL, 2010).
Estima-se uma redução de até 80% na mortalidade por este câncer a partir do
rastreamento de mulheres na faixa etária de 25 a 65 anos com o teste de
Papanicolaou e tratamento das lesões precursoras com alto potencial de
malignidade ou carcinoma "in situ". Para tanto é necessário garantir a organização, a
integralidade e a qualidade do programa de rastreamento, bem como do tratamento
das pacientes (BRASIL, 2009).
Esta pesquisa teve como objetivo analisar resultados de exames
citopatlogicos de colo uterino de mulheres assistidas em uma Estratégia de Saúde
da Família em um município da região noroeste – RS no período de 2008 a 2010.
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METODOLOGIA
Este trabalho é uma pesquisa com abordagem quantitativa (CHIZZOTTI,
1999), descritiva (GIL, 2002), documental (PÁDUA,(2004) com recorte temporal e
por isso transversal, no qual foi avaliado os resultados do exame Citopatológico de
colo uterino de mulheres assistidas em uma Unidade de Saúde da Família.
O estudo foi realizado em uma Unidade de Saúde da Família (USF) de um
município da região Noroeste do Rio Grande do Sul. O município abordado tem uma
população de 13.970 habitantes e a equipe da Estratégia de Saúde da Família (ESF)
atua com uma população de 4.300 habitantes (SIAB, 2010), a qual tem abrangência
em quatro bairros e sete comunidades da área rural.
Os dados foram coletados no livro de registro para exames citopatológicos do
colo uterino da USF. O período estudado compreendeu os anos 2008 a 2010,
definidos porque se entende que três anos permitem a análise a partir dos objetivos
propostos.
Neste estudo observou-se preceitos Resolução 196/96 do Conselho Nacional
de Saúde, que trata da pesquisa envolvendo seres humanos (BRASIL, 2007), bem
como o Capítulo III, da Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN)
311/2007, do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem que trata do ensino,
da pesquisa e da produção técnico-científica (COFEN, 2007).
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, sob o parecer nº
193.0/2011.
Para coleta de dados foi utilizado um quadro, com as seguintes informações:
número da lâmina, data da coleta do exame, resultados de citologia e flora vaginal e
idade.
Após a coleta dos dados, os mesmos foram analisados quanto aos resultados
encontrados e comparados com os referenciais teóricos e estudos científicos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS
O presente estudo avaliou os registros de 774 exames citopatológicos
cervicais em USF de um município da região Noroeste do Rio Grande do Sul, entre
2008 e 2010 (Figura 1).
Número de coletas de CP
6
Ano
Faixa Etária
Figura 1 – Distribuição das mulheres de acordo com a faixa etária das coletas
de exame de Papanicolau realizados entre 2008 e 2010 em uma ESF de um
município do Noroeste do RS
De acordo com a figura 1, a faixa etária predominante foi entre 30 e 39 anos,
representando um total de 249 mulheres (32,17%) das coletas entre 2008 e 2010.
Somado-se a faixa etária de 30 a 49 anos obtem-se um percentual de 57,23 %.
Em 2009, no município investigado, foram realizados mais exames, em
comparação aos outros anos, isso ocorreu devido a realização de uma Campanha,
local, de Prevenção do Câncer do colo do útero, na qual foram mobilizados
profissionais da saúde para que fizessem uma conscientização da importância da
realização do citopatológico cervical.
Os dados revelam que a cobertura das mulheres com menos de 20 anos é
baixa, totalizando 24 mulheres (3,10%).
De acordo com dados do INCA, os achados de anormalidades citopatológicas
em adolescentes sexualmente ativas tem aumentado progressivamente, alterandose de 3% na década de 70 para 20% na década de 90 (RISSO; SOARES, 2011).
Segundo recomendação de Brasil (2006a), as mulheres dos 25 aos 60 anos
de idade, ou as que já iniciaram sua atividade sexual anteriormente a esta faixa
etária, devem fazer o exame uma vez por ano e, após dois exames anuais
consecutivos negativos, a cada três anos.
A faixa etária prioritária para detecção do câncer cérvico uterino é de 35 a 49
anos de idade, pois é o período que corresponde ao pico de incidência das lesões
7
precursoras, que irão progredir para carcinoma invasivo, se não detectadas e
tratadas em tempo hábil (BRASIL, 2004a).
Em relação aos dados da pesquisa, 57,23% das coletas de exame de
Papanicolaou foram realizadas na faixa etária corresponde a 30 a 49 anos, indo ao
encontro das informações obtidos na literatura (BRASIL, 2004b).
De acordo com os dados do Sistema de Informação da Atenção Básica
(SIAB) de 2010, o total de mulheres residentes na área de abrangência da equipe da
ESF pesquisada era de 1.184 mulheres entre 15 e maiores de 60 anos, com
variação de 1.156 em 2009 e 1.105 no ano de 2008, não evidenciando diferença
significativa (BRASIL, 2010). Ao realizarmos a média entre os 3 anos, encontramos
22,46% das mulheres desta faixa etária com coleta do citopatológico.
De acordo com Soares e Silva (2010), a rede pública municipal de saúde de
Igarapava-SP realizou em 2006, 1.501 coletas de exame de papanicolaou,
apresentando uma cobertura de 14,9% da população feminina na faixa etária de 25
a 59 anos, sendo a faixa etária predominante das coletas de 20 a 34 anos (43,2%).
Um estudo realizado com mulheres residentes em Recife constatou que a
maioria (54,7%) dos óbitos por câncer de colo de útero, ocorreram com idade inferior
a 60 anos, destacando-se as faixas etárias de 40-49 e 50-59 anos, com a presença
de 20,1 e 20,4%, respectivamente. Também, foi relevante a ocorrência de óbitos em
mulheres entre 30 e 39 anos (12,4%) e com idade igual ou inferior a 29 anos (1,9%)
(MENDONÇA et al., 2008).
Em relação aos resultados dos exames de Papanicolaou obtidos nessa
pesquisa, 55,94% (433) estavam dentro dos limites de normalidade (Figura 2), ou
seja, sem alterações. As mulheres foram orientadas individualmente de acordo com
os dados clínicos atuais e anteriores.
Ainda quanto aos resultados encontramos somente três exames de
citopatologico de colo uterino com resultado de Lesões intra-epiteliais de baixo grau
e nem um para lesão intra-epitelial de alto grau.
8
Figura 2 – Resultados do Papanicolau realizados entre 2008 e 2010 em uma
ESF de um município da região Noroeste do Rio Grande do Sul
Entre os resultados que apresentaram quadros com corrimentos vaginais
ocorreu a prevalência de Gardnerella vaginalis 23,51% (182).
Em um estudo realizado no município de Mozarlândia/GO, os pesquisadores
encontraram uma incidência de 27,6% (159) do total de 577 resultados de
papanicolaou com presença de inflamação sendo prevalente também Gardnerella
vaginalis, Candida sp. e Trichomonas vaginalis, respectivamente (CARDOSO et al.,
2005).
Brasil (2004b), calcula que um total de 30% das mulheres que colhem o
exame de papanicolaou poderão necessitar de algum tipo de medicamento, sendo
esperada uma prevalência de inflamações por Gardnerella vaginalis, seguida por
Candida sp. e Trichomonas vaginalis.
No presente estudo, houve três resultados (0,38%) compatíveis com Lesão
Intra Epitelial de Baixo Grau (NIC I). Na NIC I, as alterações se limitam a um terço do
epitélio de revestimento da cérvice. É classificada como lesão de baixo grau de
malignidade (BRASIL, 2006b).
Segundo Brasil (2006a), aproximadamente 60% das mulheres com NIC I
apresentam regressão espontânea, 30% apresentam persistência da lesão e menos
de 10% evoluem para NIC III. A conduta clínica é acompanhar a mulher e repetir a
citologia em seis meses. O colo do útero é revestido por várias camadas de células
epiteliais
pavimentosas,
arranjadas
de
forma
bastante
ordenada.
Essa
9
desordenação das camadas é acompanhada por alterações nas células que vão
desde núcleos mais corados até figuras atípicas de divisão celular. Quando a
desordenação ocorre nas camadas mais basais do epitélio estratificado, estamos
diante de uma Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau I (NIC I) Baixo Grau
(anormalidades do epitélio no 1/3 proximal da membrana).
Uma série de trabalhos, comparando o tecido neoplásico com o normal,
detectou maior influência do HPV em mulheres com câncer cervical do que nas
normais, levando-se em consideração que a prevalência desse vírus aumenta de
acordo com a gravidade da lesão. Além disso, mulheres infectadas apresentam risco
aumentado de progressão de lesões de baixo grau para de alto grau (RISSO;
SOARES, 2011).
Na Cidade de Rio Grande/RS, semelhante ao que ocorre no município
pesquisado, o Programa Saúde da Mulher tem por finalidade incentivar e aumentar a
cobertura do exame citopatológico cervical e de mamas, através de ações
desenvolvidas nas Unidades Básicas de Saúde (RISSO; SOARES, 2011).
Nos três anos analisados desta pesquisa, apenas uma mulher foi
diagnosticada com Chlamydia trachomatis, a qual é um importante agente causador
de endocervicite em mulheres sexualmente ativas. Segundo Benzaken et al. (2010),
esta pode ser assintomática, ou apresentar sintomas inespecíficos. A ausência de
diagnóstico e tratamento representa um grave problema de saúde pública, já que
pode evoluir para sérias complicações como endometrite, doença inflamatória
pélvica, esterilidade e infecções neonatais, pulmonares e oftálmicas.
Para Risso e Soares (2011), é importante o estudo das infecções vaginais,
pois, além de causarem sintomas desagradáveis como prurido, corrimento, disúria,
alguns estudos sugerem uma ligação entre infecções genitais e neoplasia cervical,
principalmente pelo papilomavírus humano (HPV). Vale ressaltar que a neoplasia
cervical comporta-se como uma doença sexualmente transmissível. Existem vírus
com
capacidade
de
provocar
crescimento
tumoral,
que
são
transmitidos
principalmente pelo contato sexual. O exame citopatológico cervical é o método mais
utilizado em programas de rastreamento do câncer do colo do útero por ser simples,
barato, seguro e aceitável, tendo como principal objetivo identificar lesões prémalignas e malignas bem como auxiliar no diagnóstico de infecções genitais e outras
entidades benignas (CARDOSO et al., 2005).
10
Recomenda-se que todas as UBS estabeleçam, dentro de suas prioridades,
um programa que incentive o exame citopatológico, facilitando o acesso às mulheres
e organizando seus registros com dados que serão relevantes para futuros estudos,
intensificando a procura pelas usuárias para realização da coleta do citopatológico
cervical (RISSO; SOARES, 2011).
CONCLUSÕES
Foi possível evidenciar, após a análise dos dados, que os resultados com
alterações contabilizaram um total de 44,01% de coletas, ocorrendo prevalência
maior da Gardnerella vaginalis 23,51%, sendo estas informações semelhantes as
encontradas em outras pesquisas.
A faixa etária predominante das mulheres que realizaram o exame de
Papanicolaou foi entre 30 e 39 anos, com um percentual de 32,17% do total da
pesquisa. Apesar do conhecimento amplamente divulgado sobre o câncer cérvico
uterino e suas medidas de controle, muitas mulheres continuam morrendo em razão
da detecção tardia deste tipo de câncer.
O Câncer de Colo de Útero é um problema de saúde pública, todavia, tem alto
potencial de prevenção e cura. A partir disso, pode-se fazer uma reflexão sobre os
investimentos que são realizados a fim de sanar este problema, e, na maioria das
vezes, aumentam a oferta dos exames colpocitológicos, mas deixam a desejar em
relação: à melhora da qualidade do atendimento através de uma reorganização do
serviço e realização de práticas educativas sobre a prevenção do CCU; e à
importância da consulta de retorno. Desta forma, percebe-se um olhar reducionista
acerca desta problemática e o distanciamento desta prática dos princípios da
Promoção da Saúde.
Considero que o êxito do rastreamento do Câncer de Colo de Útero
dependerá, acima de tudo, além da ampliação da cobertura da população feminina
com a realização da citologia oncológica em massa, da reorganização da assistência
clínico-ginecológica às mulheres nos serviços de saúde, da capacitação dos
profissionais de saúde, da qualidade e continuidade das ações de prevenção e
controle da doença e do estabelecimento de intervenções mais humanizadas e
eqüitativas.
11
Os resultados desse estudo podem contribuir no sentido de fornecer
indicadores sobre o exame de prevenção (citopatológico) como a prevalência das
lesões precursoras e invasivas do colo uterino e identificar os principais agentes
específicos. Consequentemente poderá colaborar com a maior cobertura deste
exame para o rastreamento do câncer do colo do útero e identificação precoce das
lesões precursoras no município estudado.
Para que as ações de saúde sejam implementadas e os objetivos alcançados,
faz-se necessário ampliar o diagnóstico precoce, garantir o acesso a serviços,
oferecer profissionais de qualidade em todos os níveis de atendimento. Sugere-se
que a UBS proporcionem treinamento continuo aos profissionais que atuam na
mesma, a fim de aumentar a cobertura do exame citopatológico de colo uterino,
facilitando o acesso das mulheres ao exame, reduzindo o tempo da espera por
resultados e tratando segundo o protocolo estabelecido e, caso seja necessário, não
encontre dificuldades para exames complementares e tratamento especializado.
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