- UFCG/CSTR

Propaganda
0
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CRISTIANE JOARA DE SOUSA NOBRE
ETNOBOTÂNICA DE PLANTAS MEDICINAIS NO ENSINO DE BIOLOGIA: UMA
CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA PÚPLICA RUMO AO RESGATE DO
CONHECIMENTO POPULAR
PATOS-PARAÍBA
2015
1
CRISTIANE JOARA DE SOUSA NOBRE
ETNOBOTÂNICA DE PLANTAS MEDICINAIS NO ENSINO DE BIOLOGIA: UMA
CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA RUMO AO RESGATE DO
CONHECIMENTO POPULAR
Monografia apresentada ao Curso de Ciências Biológicas da
Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e
Tecnologia Rural, campus de Patos, como requisito para
obtençãodo título de Licenciatura Plena em ciências Biológicas.
Orientadora: Prof.ª Drª Maria das Graças Veloso Marinho
PATOS-PARAÍBA
2015
2
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSTR
N754e
Nobre, Cristiane Joara de Sousa
Etnobotânica de plantas medicinais no ensino de Biologia: uma
contribuição da escola pública rumo ao resgate do conhecimento popular /
Cristiane Joara de Sousa Nobre. – Patos, 2015.
66f.: il. color.
Trabalho de Conclusão de Curso (Ciências Biológicas) - Universidade
Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, 2015.
“Orientação: Profa. Dra. Maria das Graças Veloso Marinho”
Referências.
1. Ensino de biologia. 2. Conhecimento popular.
3. Plantas medicinais. I. Título.
CDU 633.88
3
4
Dedico aos meus Pais (TENIZE E JOACI), que me
proporcionaram à herança mais preciosa que um ser
humano pode ter: a Educação!
5
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus, por estar sempre comigo e me proporcionar
coragem para ir atrás dos meus objetivos, discernimento para entender seus propósitos e
conforto espiritual, dando-me livramentos e sendo o único autor e dono do meu destino.
A professora Drª. Maria Das Graças Veloso Marinho que com muita paciência e
atenção, dedicou do seu tempo para me orientar neste trabalho, além disso, tanto tem me
inspirado para que eu me torne uma profissional melhor a cada dia.
A todos da minha família que, de alguma forma incentivaram-me na constante busca
pelo conhecimento. Em especial aos meus pais Joaci Nobre de Medeiros e Tenize Maria de
Sousa Medeiros (in memorian), e meus irmãos Italo Nobre e Ismael Nobre os quais sempre
estiveram presentes em minha vida, compartilhando vitórias e derrotas da vida. Aos meus
avôs Célia Dalva Cassimiro e Valdenor Moreira, por me apresentar a simplicidade e o gosto
pela vida, inculcando valores sem os quais jamais teria me tornado pessoa, buscando de fato
todos os dias, ser mais humana e sensível às necessidades dos outros.
A minha vó Zenira Zilda de Medeiros (in memorian), que muitas vezes nos ajudou e
incentivou-me nos estudos, algumas vezes doando-me até o material escolar, o que na época
parecia pouco para ela, era muito para mim, o meu muito obrigado!
Ao mеu esposo, Jardel Cesar Lino, muito obrigada, por sua compreensão, por seu
companheirismo quе dе forma especial е carinhosa dеu-me força е coragem, apoiando-me nоs
momentos dе dificuldades durante o curso, como à perda da minha querida mãe.
Agradeço а todos оs professores pоr mе proporcionar о conhecimento nãо apenas
racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо processo dе formação
profissional, pоr tanto quе sе dedicaram а mim, nãо somente pоr terem mе ensinado, mаs por
terem mе feito aprender. Аs palavra Doutores e Mestres, nunca farão justiça
аоs professores dedicados аоs quais sеm nominar terão оs meus eternos agradecimentos.
A todos os amigos que fiz durante minha tragetória na UFPB e UFCG os quais me
proporcionaram amizade e lembranças impagáveis, as quais estarão sempre guardadas em
meu baú de recordações.
A CAPES e ao PIBID pela concessão de Bolsas de Iniciação à Docência o qual foi de
extrema importância para meu crescimento profissional e acadêmico, ao professor supervisor
Flávio Nóbrega Gonsalves e Everton Torres da Silva, aos coordenadores de área Prof.ª Drª
Maria das Graças Veloso Marinho e Prof. Dr. Carlos Eduardo Alves Soares, à direção das
escolas que trabalhei MMV e PREMEN das quais também já fui aluna, aos demais colegas
bolsistas, em especial aos que estiveram ao meu lado como equipe e a todos que de alguma
forma contribuíram para minha formação acadêmica, o meu sincero muito obrigado!
Nesta hora de conclusão de uma etapa muito especial, em que a alegria por estar
terminando também se junta ao cansaço, torna-se difícil lembrar-me de todos os amigos e
colegas que participaram comigo dessa longa jornada, mas de uma maneira muito sincera,
agradeço a todos que de uma forma ou de outra colaboraram para a realização desse projeto.
6
RESUMO
Apesar do uso das plantas medicinais está associado ao conhecimento popular empírico, este
vem sendo cada vez mais incorporado ao saber científico, sendo a etnobotânica responsável
por contribuir para essa difusão da utilização terapêutica das plantas medicinais. Neste
sentido o presente estudo teve como objetivo investigar o conhecimento etnobotânico dos
alunos e seus respectivos pais, sobre as plantas medicinais, bem como discutir a importância
da escola na disseminação de informações à comunidade escolar acerca do uso de plantas
medicinais promovendo a troca de experiências sobre etnobotânica de plantas medicinais. O
estudo foi realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. Dionísio da
Costa, no município de Patos, Paraíba. A realização da pesquisa foi autorizada pela direção da
escola, mediante a assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Esta pesquisa foi conduzida através de um questionário semi-estruturado, realização de
palestra, entrega de folders informativos e minicurso. Uma amostra de 69 alunos do ensino
médio e 19 pais, responderam ao questionário de forma voluntária. Os questionários foram
compostos de vinte (20) questões sobre dados socioeconômicos, plantas medicinais e plantas
medicinais x ensino. Dentre os resultados do questionário aplicado, constatou-se que os
entrevistados (88% alunos e 100% pais) fazem uso de plantas com fins medicinais, mas
apenas 30% cultivam em suas residências onde prevalecem à hortelã (37%) e erva cidreira
(17%). Os entrevistados ( 96% alunos e 79% pais) acreditam que o uso indiscriminado de
plantas medicinais podem causar danos à saúde, porém a maioria (88% alunos e 100% pais)
afirmaram nunca ter tido nenhum efeito colateral ao utilizá-las, também afirmaram (90%
alunos e 100% pais) que a aquisição do conhecimento sobre plantas veio da própria família,
que adquirem as plantas (47% alunos e 31% pais) através da compra em feiras livres, que as
partes mais utilizadas das plantas (61% alunos e 44% pais) são as folhas e a maior forma de
uso é o chá-abafado (29% alunos e 32% pais). Foram obtidas 222 citações terapêuticas no
geral, pertencentes a 47 espécies de plantas medicinais e 29 famílias botânicas. Em relação ao
ensino os alunos (80%) ressaltaram que seus conhecimentos sobre plantas medicinais podem
contribuir significativamente para a sua formação escolar. A maioria dos alunos (90%) não
conheciam o estudo da etnobotânica anteriormente, porém (41%) afirmaram que a mesma
pode contribuir para melhorar o entendimento de aulas teóricas e práticas, em conteúdos da
botânica (33%), diversidade das espécies biológicas (26%). Alguns (31%) afirmam já terem
visto exemplos em aulas teóricas, (12%) já terem feito cultivo de hortas, (13%) nunca viram
plantas medicinais no ambiente escolar e (20%) não lembraram. Esse trabalho foi de grande
importância para o reconhecimento cultural de utilização de plantas medicinais e para
despertar nos alunos a sensibilização para conservação e preservação dessas espécies.
Palavras-chave: Ensino de Biologia, Conhecimento Popular, Plantas Medicinais
7
ABSTRACT
Despite the use of medicinal plants is associated with the popular empirical knowledge, this
has been increasingly incorporated into scientific knowledge, being the ethnobotany
responsible for contributing to this diffusion of the therapeutic use of medicinal plants. In this
sense the present study aimed to investigate the ethnobotanical knowledge of the students and
their parents, about the medicinal plants, as well as discuss the importance of the school in the
dissemination of information to the school community about the use of medicinal plants
promoting the exchange of experiences on ethnobotany of medicinal plants. The study was
carried out at the Elementary and High State School Dr. Dionísio da Costa, in the city of
Patos, Paraíba. The realization of the research was authorized by the school principal, through
the signature of an Informed Consent Form (IC). This research was conducted through a semistructured questionnaire, performing lecture, delivery of informative brochures and
minicourse. A sample of 69 high school students and 19 parents answered the questionnaire
voluntarily. The questionnaires were composed of twenty (20) questions about socioeconomic
data, medicinal plants and medicinal plants x teaching. Among the results of questionnaire
applied, it was found that the respondents (88% students and 100 % parents) make use of
plants for medicinal purposes, but only 30% cultivate in their homes where prevail to mint
(37%) and lemon balm (17%). The respondedents (96% students and 79% parents) believe
that the indiscriminate use of medicinal plants can cause damage to health, But the majority
88% students and 100% parents) reported never having had no side effects when using them,
also stated (90% students and parents 100%) that the acquisition of knowledge about plants
came from their own family, which acquired the plants (47% students and 31% parents) by
buying in street markets, that the parties most used plants (61% students and 44% parents) are
the leaves, and the greatest form of use is tea-muffled (29% students and 32% parents). They
were obtained 222 therapeutic quotes in general, belonging to 47 species of medicinal plants
and 29 botanical families. Regarding the teaching students (80%) pointed out that their
knowledge of medicinal plants can significantly contribute to their education. Most students
(90%) not knew about the study of ethnobotany before, However (41%) they said that can
help contribute to improve understanding of theoretical and practical lessons, on content of
botany (33%), diversity of biological species (26%), some (31%) say they have already seen
examples in theoretical classes, (12%) have already made garden cultivation, (13%) have
never saw medicinal plants at school and (20%) did not remember. This study was of great
importance to the cultural recognition of the use of medicinal plants and to raise in students
the awareness of conservation and preservation of these species.
Keywords: Biology Education, Popular Knowledge, Medicinal Plants
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 –
Localização da cidade de Patos, situado no Estado da Paraíba........................ 26
Figura 2 –
Localização da escola ...................................................................................... 27
Figura 3 –
Escola Estadual Ensino Fundamental e Médio Dr.Dionísio da Costa............. 28
Figura 4 –
Atividades realizadas na Escola Estadual Dr. Dionísio da Costa. A.
Apresentação do projeto de Etnobotânica aos alunos; B. Apresentação da
palestra “Etnobotânica de plantas medicinais”; C. – Continuação da Palestra
com ajuda de “pibidianos” do subprojeto de biologia, UFCG; D. Aplicação
do questionário etnobotânico aos alunos da escola.......................................... 31
Figura 5 –
Entrega de folders informativos na Escola Estadual Dr. Dionísio da Costa.
A. Apresentação do retorno proposto; B. Entrega do folder aos
alunos............................................................................................................... 32
Figura 6 –
Realização de minicurso realizado na Escola Estadual Dr. Dionísio da
Costa. A. Realização do minicurso: B.Exposição de algumas plantas
medicinais; C.Confecção da horta vertical de garrafa pet; D. Produção das
balas de hortelã da folha grossa....................................................................... 33
Figura 7 –
Zona de moradia informada pelos entrevistados.............................................
34
Figura 8 –
Tempo de moradia dos pais entrevistados.......................................................
35
Figura 9 –
Bairros da cidade de patos habitados pelos alunos entrevistados...................
35
Figura 10 –
Perfil dos entrevistados em relação ao sexo....................................................
36
Figura 11 –
Perfil dos entrevistados em relação ao estado civíl.........................................
37
Figura 12 –
Perfil dos entrevistados em relação ao trabalho..............................................
38
Figura 13 –
Perfil dos entrevistados em relação as profissões ou funções ou exercidas..... 38
Figura 14 –
Nível de instrução dos pais entrevistados........................................................
39
Figura 15 –
Nível de escolaridade dos pais entrevistados...................................................
39
Figura 16 –
Utilização de plantas com fins medicinais pelos entrevistados.......................
40
Figura 17 –
Cultivo de plantas medicinais por alunos........................................................
41
Figura 18 –
Plantas medicinais x danos a saúde na percepção dos entrevistados..............
41
Figura 19 –
Efeitos colaterias na administração de plantas pelos entrevistados...............
42
9
Figura 20 –
Formas de aquisição de conhecimento sobre plantas medicinais.A.alunos;
B.pais................................................................................................................ 43
Figura 21 –
Tempo de utilização de plantas medicinais pelos pais entrevistados..............
43
Figura 22 –
Formas de obtenção das plantas medicinais. A.alunos; B.pais........................
44
Figura 23 –
Partes das plantas mais utilizadas.A.alunos; B.pais........................................
45
Figura 24 –
Plantas medicinais cultivadas em domicílio....................................................
46
Figura 25 –
Formas de uso das plantas medicinais. A.alunos; B.pais.................................
47
Figura 26 –
Problemas de saúde classificados à nível de sistemas corporais...................... 48
Figura 27 –
Contribuição do conhecimento de plantas medicinais na óptica dos alunos...
Figura 28 –
Plantas medicinais auxiliando no ensino da biologia na percepçao de alunos. 54
Figura 29 –
Plantas medicinais abordadas em sala de aula na percepção dos alunos.........
54
55
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Espécies de plantas medicinais utilizadas pelos Alunos da escola Dr. Dionísio
da Costa. NI/PI = Número de Indicações por Plantas pelos Informantes; FR= Frequência
Relativa das espécies de plantas medicinais uitilizadas pelos
alunos
informantes............................................................................................................................48
Tabela 2 – Espécies de plantas medicinais utilizadas pelos Pais dos alunos da Escola Dr.
Dionísio da Costa. NI/PI = Número de Indicações por Plantas pelos Informantes; FR=
Frequência Relativa das espécies de plantas medicinais uitilizadas pelos Pais
informantes............................................................................................................................50
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
OMS
Organização Mundial de Saúde
PNPMF
Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos
NI/PI
Número de Indicações por Plantas pelos Informantes
FR
Frequência Relativa das Espécies
TCLE
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
PCN
Parâmetros Curriculares Nacionais
PIBID
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................................. 17
2.1 Conhecimento Tradicional .......................................................................................................... 17
2.2 Etnobotânica no Brasil e no Nordeste ......................................................................................... 18
2.3 Extinção de Espécies biológicas das Plantas medicinais ............................................................ 19
2.5 Importância da Etnobotânica para a Conservação das Espécies ................................................. 21
2.6 Etnobotânica e Ensino ................................................................................................................. 22
3 OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 25
3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................................. 25
3.2 Objetivos Específicos .................................................................................................................. 25
4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................................... 26
4.1 Caracterização e Localização da Área de Estudo ........................................................................ 26
4.1.1 Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. Dionísio da Costa ............................ 27
4.2 Tipo de Estudo ............................................................................................................................ 28
4.3 Instrumento, Coleta e Análise dos dados .................................................................................... 28
4.4 Atividades do Projeto .................................................................................................................. 30
4.4.1 Realização de Palestra e aplicação de questionário .............................................................. 30
4.4.2 Retorno científico proposto .................................................................................................. 31
4.4.3 Realização de minicurso....................................................................................................... 32
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................................... 34
5.1 Perfil dos entrevistados (Pais e alunos) ....................................................................................... 34
5.1.1 Perfil dos Alunos e Pais entrevistados em relação à Moradia .............................................. 34
5.1.2 Perfil dos Alunos e Pais em relação ao Sexo ....................................................................... 36
5.1.3 Perfil dos Alunos e Pais entrevistados em relação ao seu Estado Civil. .............................. 37
5.1.4 Perfil dos Alunos e Pais entrevistados em relação ao Trabalho ........................................... 37
5.1.5 Nível de escolaridade dos Pais. ............................................................................................ 39
5.2 Sobre as Plantas medicinais ........................................................................................................ 40
5.2.1 Uso de plantas medicinais na cura de doenças ..................................................................... 41
5.2.2 Herança do conhecimento adquirido sobre o uso das plantas medicinais ............................ 42
5.2.3 Forma de obtenção das Plantas Medicinais .......................................................................... 44
5.2.4 Partes da planta utilizadas .................................................................................................... 44
5.2.5 Plantas cutivadas em domicílio ............................................................................................ 45
5.2.6 Formas de uso das plantas medicinais .................................................................................. 46
5.3 Contribuição do conhecimento sobre Plantas Medicinais para o ensino, na visão dos alunos .. 53
13
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 58
APÊNDICES ......................................................................................................................................... 67
ANEXOS............................................................................................................................................... 75
14
1 INTRODUÇÃO
Por meio dos conhecimentos tradicionais passados entre gerações durante séculos os
homens fazem uso da flora como forma de tratamento terapêutico para cura de seus males,
hábito esse iniciado pelos índios os quais foram os promissores nessa forma de tratamento,
devido à abundância de recursos vegetais disponíveis no ambiente que os cercavam e também
à falta de qualquer outro recurso terapêutico. De acordo com Marciel et al. (2002), mesmo
com os avanços da medicina moderna e das tecnologias os seres humanos atuais ainda fazem
usos desses recursos vegetais, o que para alguns simbolizam o primeiro recurso terapêutico de
fácil acesso e disponível para aquisição, principalmente para moradores de zona rural ou
distantes dos centros urbanos, como alguns bairros periféricos.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 65-80% da população mundial dos
países em desenvolvimento dependem essencialmente de plantas no cuidado primário de
saúde. A OMS reconhece a importante contribuição da medicina tradicional na prestação de
assistencia social, especialmente as populações negligenciadas ou pouco acessíveis aos
sistemas de saúde, diante disso à OMS solicitou aos Estados membros que intensificassem à
relação entre a medicina moderna com à tradicional, especialmente quanto aos remédios à
base de plantas de eficácia científica já comprovada, afim de reduzir os gastos com
medicamentos convencionais (SAÚDE, 1998).
Devido o uso das plantas ser uma cultura muito antiga, percebeu-se que a etnobotânica
tem fundamental importância, uma vez que compreende o estudo das interações existentes
entre pessoas e plantas (FONSECA-KRUEL; PEIXOTO, 2004; HANAZAKI et al.,2006;
MARTIN, 1995;). Também, tendo à função de evitar que o conhecimento popular empírico
relacionado ao uso das plantas seja perdido, resgatando assim parte do patrimônio cultural de
uma comunidade, pois o conhecimento é construído nas relações com a natureza que a
circunda.
Estudos como levantamentos etnobotânicos permitem conhecer e manter esses
conhecimentos os quais têm sido considerados importantes (VENDRUSCOLO; MENTZ,
2006).
Segundo Garcia (1995), as pesquisas relacionadas à área de Etnobotânica apresentam
uma crescente busca de resgate no mundo contemporâneo, possuindo uma forte vertente na
área econômica, onde os produtos à base de plantas de forma natural ou industrializada têm
apresentado grande valor, principalmente na área fitoterápica e fito farmacêutico, sendo que
15
uns em cada quatro produtos disponíveis em farmácias são feitos à base de extrações de
plantas das florestas tropicais ou de estruturas químicas derivadas destes vegetais.
Devido ao fato de novos valores e costumes serem construídos e adaptados cada vez
mais à vida moderna, as gerações mais novas já não usufruem tanto das plantas da mesma
forma que seus antepassados (SILVEIRA; FARIAS 2009). Por isso quando investigada a
forma do conhecimento adquirido de maneira informal, há fatores tais como as crescentes
mudanças
socioeconômicas,
tecnológicas
e
industriais
ocorridos
nas
populações,
principalmente as localizadas em grandes e médios centros urbanos, que tendem pouco a
pouco perder os conhecimentos etnobotânicos repassados de maneira informal pelos seus
ancestrais.
Com base nisso, segundo Oliveira; Coutinho (2006) as plantas medicinais constitui um
importante tema como patrimônio natural e cultural, e também por fornecer conhecimento á
população em relação a um maior aproveitamento desses recursos terapêuticos de origem
natural, alertando a todos sobre alguns problemas provenientes do uso indiscriminado de
plantas com fins medicinais, assim como as que têm efeitos tóxicos já comprovados. Pois ao
acreditarem que todas as plantas naturais são incapazes de trazer malefícios, o uso abusivo
dessas são práticas recorrentes. Devido isso Oliveira; Gonçalves (2006) declaram que essa
crença de inocuidade das plantas medicinais podem acarretar futuras e sérias consequências,
sendo assim necessário uma implementação de medidas provenientes de informações que
colaborem para o uso racional destas.
A Etnobotânica é uma área da ciência que vem se desenvolvendo gradualmente com
novas pesquisas, tomando grande importância ao fato de que estas informações podem
proporcionar soluções ou alternativa de curas com recursos vegetais na área farmacológica.
Mas é preciso uma investigação fitoquímica para a afirmação destas descobertas, pois, nem
sempre os conhecimentos sobre o uso de plantas apresentam curas reais, tendo algumas vezes
efeito placebo ou tóxicos (MORALES, 1996 apud RODRIGUES, 2001).
Estudos etnobotânicos associados a técnicas como a histoquímica podem trazer
resultados significativos, atribuindo ou não uma indicação terapêutica a certas plantas
utilizadas como medicinais. (SILVA; FARIA, 2014).
De acordo com Brasil (2006) citado por Pinho, et al. (2012) à Política Nacional de
Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), implementada através do Decreto nº 5.813, em
2006, estabelece ações que estão voltadas para à garantia de acesso seguro e do uso racional
de plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil. Por isso as diretrizes da PNPMF relacionadas
16
aos recursos humanos, propõem juntamente com o MEC a inserção do tema “Plantas
Medicinais” na escola, em todos os níveis formais de ensino.
Percebe-se que durante toda a nossa vida, ouve-se falar que, se não tem a base de
aprendizagem é difícil se conseguir ter bons resultados futuros, deve-se investir na educação
ambiental no ensino básico, pois é onde está a base de nossa aprendizagem, assim se tem
cidadãos conscientes de que se deve sim utilizar os recursos naturais, mas para suprir nossas
necessidades básicas e dispondo para as gerações futuras o direito de suprir suas próprias
necessidades (LOPES et al., 2009)
Segundo Amorozo (1996) "qualquer membro adulto normal de uma cultura ou mesmo
em alguns casos, crianças e adolescentes pode funcionar como informante nos estudos
etnobotânicos", apesar de que em geral essas pesquisas são realizadas com os mais velhos
devido o fato de
obterem um maior conhecimento na área. Nesse contexto, estudos
envolvendo os mais jovens podem ser importantes para avaliar se os conhecimentos sobre o
uso de plantas estão sendo repassados internamente nas comunidades, no pressuposto de uma
etnoeducação.
Diante disso o presente estudo teve por objetivo investigar o conhecimento
etnobotânico dos alunos de escola pública e seus respectivos pais sobre plantas com
potenciais medicinais, visando a manutenção do conhecimento popular, mas de uma maneira
racional, bem como discutir a importância da escola na disseminação de informações à
comunidade escolar acerca das plantas medicinais, favorecendo assim o processo de ensinoaprendizagem, pois possibilita o envolvimento do aluno no processo de construção do
conhecimento.
17
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Conhecimento Tradicional
Segundo Diegues (2000) o conhecimento tradicional é definido como uma coleção de
saberes e saber-fazer a respeito do mundo natural e sobrenatural, que é passado de forma oral
para as novas gerações. E que dentro dos diversos grupos sociais ditos tradicionais,
principalmente os indígenas, existe uma ligação orgânica entre o mundo natural, o
sobrenatural e a organização social. Para estes grupos não há divisão entre o “natural” e o
“social”, mas sim uma complementação de um pelo outro. Enquanto Martin (1995) o
conhecimento tradicional ou conhecimento popular se refere ao saber que as populações
locais apresentam sobre o ambiente.
Algumas características definem uma população como tradicional:
“Conhecimento aprofundado da natureza e de seus ciclos que se reflete na
elaboração de estratégias de uso e de manejo dos recursos naturais. Esse
conhecimento é transferido de geração em geração por via oral”; “Importância das
simbologias, mitos e rituais associados à caça, pesca e atividades extrativistas”;
“Noção de território ou espaço onde o grupo social se reproduz econômica e
socialmente”; “Moradia e ocupação desse território por várias gerações, ainda que
alguns membros individuais possam ter-se deslocado para os centros urbanos e
voltado para a terra de seus antepassados”; “Importância dada à unidade familiar,
doméstica ou comunal e às relações de parentesco ou compadrio para o exercício das
atividades econômicas, sociais e culturais”; “A tecnologia utilizada é relativamente
simples, de impacto limitado sobre meio ambiente. Há reduzida divisão técnica e
social do trabalho, sobressaindo o artesanal, cujo produtor (e sua família) domina o
processo de trabalho até o produto final”. (DIEGUES, 2000 apud OLIVEIRA,
2012, p.15).
É possível observar, quando se relaciona as informações obtidas pelas populações
tradicionais sobre a flora medicinal com estudos químico/farmacológicos, que há um ganho
significativo na descoberta de novos fármacos e um aumento na eficiência da bioprospecção,
trazendo benefícios para a ciência e para a economia (SHIVA, 2001). Este conhecimento é
muito importante na manutenção das espécies medicinais e variedades nativas. Entretanto
segundo Brito (2003) as plantas medicinais e o conhecimento tradicional associado
encontram-se ameaçados devido a grande destruição dos ecossistemas entre outros fatores.
Desta forma, o desenvolvimento de estudos sobre o conhecimento e uso dos recursos naturais
aliados ao saber popular e os impactos sobre a diversidade biológica são fundamentais para
18
conservação da mesma (ALBUQUERQUE; ANDRADE, 2002), uma vez que esta ciência
observa os impactos provocados pela utilização desordenada dos vegetais, informa as espécies
ameaçadas de extinção e as causas deste processo, esclarece os danos causados pelo
desmatamento e promove a conscientização das comunidades mostrando a importância dos
manejos sustentáveis (OLIVEIRA, 2012).
De maneira geral, a junção das diversas informações sobre uso de recursos naturais
por estas sociedades tradicionais vem contribuindo nas pesquisas, de modo a desenvolver
modelos de uso sustentável para esse mesmo ambiente natural (ALBUQUERQUE, 2010).
Entretanto, sustentar e dar continuidade a este tipo de conhecimento vem se tornando cada vez
mais difícil. O êxodo rural aliado ao desinteresse dos jovens por este conhecimento vem
provocando perdas de informações importantes associadas aos recursos vegetais Neste
sentido, o resgate deste saber necessita de maior atenção, principalmente devido ao rápido
processo de aculturação e à erosão genética advinda da forte atividade humana e uso
insustentável dos recursos naturais (FREITAS et al., 2012).
2.2 Etnobotânica no Brasil e no Nordeste
Os estudos etnobotânicos são muito importantes no Brasil, já que seu território abriga
uma das floras mais ricas do mundo, no entanto, apenas 0,4% são quimicamente conhecidas
(GOTTLIEB et al., 1996). Em sua complexa biodiversidade, existe grande número de plantas
que são utilizadas pelas populações para o tratamento de diversas enfermidades, tanto para
seres humanos quanto para animais domésticos (MING, 1995).
A riqueza da diversidade vegetal brasileira contribuiu para que a utilização das plantas
medicinais seja considerada uma área estratégica para o país. Segundo Batalha et al. (2007), o
País contem cerca de 23% das espécies vegetais existentes em todo o planeta.
Segundo Gallo (2005) o governo do Brasil observando a importância do setor de
plantas medicinais se propõe a desenvolver políticas públicas de saúde para essa cadeia
produtiva, a fim de estabelecer diretrizes em relação à atuação do governo na área de plantas
medicinais e fitoterápicos foi elaborada a Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos (PNPMF) em 2005. Essa política estabelece linhas e diretrizes prioritárias ao
desenvolvimento de ações públicas com base em objetivos que são voltados à garantia do
acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil, ao
desenvolvimento de tecnologias e inovações, assim como ao fortalecimento das cadeias e dos
19
arranjos produtivos, ao uso sustentável da biodiversidade brasileira e ao desenvolvimento do
Complexo Produtivo da Saúde..
A região Nordeste é ocupada quase que totalmente pelo bioma caatinga. A exploração
desta vegetação ainda hoje é fundamentada em processos extrativistas que oferecem suporte à
atividades pastoril, agrícola e madeireira. Esta prática pode trazer perdas irreversíveis para a
diversidade florística e faunística entre outros problemas ambientais. Devido a esse tipo de
exploração a caatinga já apresenta 15% de sua área em processo de desertificação
(DRUMOND, 2000).
Albuquerque; Andrade (2002) observou que existe uma forte pressão sobre o bioma
caatinga para atender as demandas do comércio em todo estado pernambucano. Resultados
semelhantes são encontrados em Fonseca; Sá (1997).
No estado da Paraíba, a quantidade de estudos etnobotânicos ainda é pouca, apesar de
haverem
esforços
nesse
sentido.
Albuquerque;
Andrade
(2002)
afirma
que
os
ecossistemascomo Caatinga e Mata Atlântica mostram-se pobres na investigação da relação
dos seres humanos com a natureza. Atualmente o uso de plantas medicinais se encontra muito
valorizado deixando de ser apenas traje da zona rural e têm chegado à zona urbana não apenas
como uma maneira de auxiliar na medicina convencional, mas também fazendo uso de
medicamentos de forma saudável (ALMASSY JUNIOR et al., 2005).
No Cariri Paraibano, o conhecimento sobre os usos das plantas na medicina popular
vem sendo repassado de geração a geração, através da transmissão oral, mas vem se perdendo
no tempo, pela ausência de estudos que registrem esse conhecimento e pelo uso indevido da
flora nativa, que vem provocando perdas na biodiversidade local (AGRA, 1996).
2.3 Extinção de Espécies biológicas das Plantas medicinais
Muitas etnoespécies estão sofrendo ameaça de extinção devido a práticas
exploratórias, como: Sideroxylon obtusifolium (Humb. ex. Roem. & Schult.) T.D.Penn.,
“quixabeira”, (MMA, 1992), a Amburana cearensis (Allemão) A.C.Smith., popularmente
conhecida como “cumaru” e Myracrodruon urundeuva Allemão, “aroeira”, são árvores típicas
da Caatinga, comumente utilizadas e comercializadas pelo povo do Nordeste para vários
outros fins, como: madeireiras, para produção de artesanato, lenha e carvão (FIGUEIRÔA et
al., 2005);
Diante dessa realidade e da grande necessidade da população em utilizar os recursos
naturais, principalmente as plantas medicinais, se faz necessário e urgente o procedimento de
20
estudos que analisem a percepção que o ser humano tem sobre o ambiente em que ele vive,
pois o conhecimento acumulado pelas populações locais constitui uma importante ferramenta
para o desenvolvimento e a conservação dessas áreas (ALBUQUERQUE, 2002).
2.4 Etnobotânica e atividade Socio-econômica
Segundo Albuquerque (2000), a Etnobotânica faz a mediação dos variados discursos
culturais, almejando a compreensão do outro, do seu modo de vida, dos seus códigos e
costumes que racionalizam suas relações com a natureza. Então, a Etnobotânica tem grande
importância para as populações regionais no que toca à exploração e manejo de recursos para
obtenção de remédios, alimentos e matérias-primas (FERRO, 2006).
Para Ming et al. (2003), os pequenos produtores apresentam o perfil adequado para
cultivar plantas medicinais, que são orgânicas na sua essência e não permitem o plantio em
larga escala, exigindo o policultivo como forma de proteger as espécies de enfermidades e
pragas. Portanto, os pequenos produtores podem encontrar na produção de espécies
medicinais uma oportunidade ímpar de diversificar suas propriedades e aumentar sua renda.
Entretanto, para se obter sucesso neste tipo de empreendimento, deve-se ter o domínio
das técnicas de cultivo e conhecer a etapa de comercialização dos produtos. O
desconhecimento do mercado consumidor pode causar remuneração inferior ou mesmo
prejuízo por ocasião da venda (JUNQUEIRA; LUENGO, 2000). Segundo Vilela; Macedo
(2000), as tendências de mercado devem ser observadas atentamente, para que possam
identificarem quais os atributos dos bens (neste caso, as plantas medicinais) que têm maior
valor para os consumidores, e assim aproveitar as reais oportunidades de mercado.
Silva et al. (2001) realizaram um levantamento geral sobre o comércio local e o de
exportação das plantas medicinais no Brasil. Consideraram preocupante a quase inexistência
de estudos sobre esse comércio e recomendaram um estudo de avaliação do estado de
conservação e comércio das espécies medicinais que se encontram na Lista Oficial de
Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinçãoe nas listas estaduais de espécies
ameaçadas.
De acordo com Giulietti et al. (2004), a agricultura, a formação de pastagens e a
produção de combustíveis vegetais (lenha e carvão), entre outras formas de exploração da
flora nativa, vêm provocando grandes perdas de biodiversidade em todo o Bioma Caatinga.
Segundo estimativas de Castelletti et al. (2004), na Caatinga existe uma área de 330 mil
quilômetros quadrados alterados pelo homem, o equivalente a 45% do domínio do bioma.
21
Em Pernambuco, Albuquerque; Andrade (2002) investigou as formas de apropriação
dos recursos da Caatinga pelo homem e identificaram alguns problemas em relação ao
comércio das plantas usadas na medicina. Um deles é a forte pressão do extrativismo sobre os
recursos medicinais para atender à demanda local e ao extenso mercado consumidor que
existe em todo o Estado.
2.5 Importância da Etnobotânica para a Conservação das Espécies
Albuquerque; Andrade (2002) percebeu que a forte ação antrópica vem trazendo
diversos prejuízos e perdas para os variados ecossistemas brasileiros e a diversidade cultural
das comunidades. A elaboração de políticas públicas criando projetos baseados no
extrativismo sustentável seria uma ferramenta auxiliadora na conservação dessas espécies, já
que algumas comunidades, muitas vezes utilizam esses recursos vegetais como a única fonte
de renda (OLIVEIRA, 2012).
A utilização das plantas, com potencial medicinal constitui um instrumento para as
políticas conservacionistas, porque possibilita o resgate da diversidade cultural, aliado à
conservação da diversidade biológica. Por esse motivo, o estudo sobre estas espécies e sobre o
“saber popular” atribuído ás comunidades que fazem uso destas plantas, tem sido cada vez
mais valorizados (DI STASI, 1996).
Diegues; Arruda (2001) defendeu que a conservação da biodiversidade está
relacionada diretamente à conservação da cultura e dos modos de vida, um dever ético do
homem em relação às comunidades que dependem em longo prazo, dos recursos naturais
locais.
Os estudos na área de Etnobotânica foram inicialmente realizados na forma de
catálogos sobre o uso de plantas. Para Prance (1987), houve um avanço, uma vez que nos
últimos anos os estudos têm levado em conta o conhecimento ecológico, as técnicas de cultivo
e as habilidades de remanejamento dos ecossistemas. De acordo com Balick; Cox (apud
BEGOSSI, 1996), Schultes foi um dos primeiros a assumir um enfoque interdisciplinar em
Etnobotânica. A abordagem interdisciplinar permitiu uma visão mais abrangente, fornecendo
importante contribuição sobre o uso e conservação dos recursos naturais.
Nas comunidades tradicionais, a utilização das plantas está associada, na maioria das
vezes, com sua conservação, uma vez que disso depende a sobrevivência dessas comunidades
humanas.
22
Segundo Xolocotzi (1971) a manutenção de hortas e quintais contribuem com à
conservação destas espécies no meio urbano. O uso e o cultivo de plantas medicinais, em
comunidades da periferia, representam um importante recurso local em relação à saúde e
também à sustentabilidade do meio ambiente urbano (DIAS, 2002; BRASILEIRO, 2008).
Contudo é justamente nesses locais que a desvalorização da cultura local e perda da
autonomia no cuidado com a saúde se expressa de forma mais aguda como resultado de um
processo de modernização (AMOROZO, 2002). Por sua vez os governantes locais adotam
uma visão de que a cidade não tem nenhum vínculo com os ecossistemas de seu entorno,
sendo intrínseco ao crescimento urbano eliminar a natureza remanescente de seu território, o
que causa perca na qualidade de vida (MENEGAT ALMEIDA, 2004). Nessa pespectiva o
resgate de conhecimentos e práticas de grupos urbanos poderia contribuir para a valorização
desses conhecimentos difusos na cultura local, podendo inclusive contribuir para a
conservação da natureza e promoção de saúde. (CASAGRANDE, 2009).
De acordo com Davis (1994), os estudos etnobotânicos se relacionam com a
conservação de duas maneiras: fornecendo modelos para programas de manejo e uso múltiplo
de terras que sejam lucrativos e ambientalmente corretos; e invocando o considerável
potencial econômico dos produtos naturais.
De acordo com Rodrigues (1998), ao ter a importância de sanar, ou pelo menos de
amenizar os problemas socioeconômicos da população brasileira, é crescente a preocupação
em se estabelecer grupos de plantas medicinais para pesquisas, suas potencialidades, usos e
meios de conservação desses recursos genéticos. Atualmente, o cultivo das plantas medicinais
é um processo no qual é muito importante para a conservação das espécies, devido o fato de
que a retirada de plantas nativas do seu ambiente natural tem levado, em muitos casos, à
redução drástica das populações destas espécies (Reis et al., 2003).
Para Leff (2001), será possível seguir um caminho para a sustentabilidade ambiental a
partir de uma nova ética e uma nova cultura, que estejam orientadas para a integração do
conhecimento científico e dos avanços tecnológicos com os saberes e os valores das
comunidades.
2.6 Etnobotânica e Ensino
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 2001), estudos comparativos
sobre ambientes reais de diferentes dimensões podem ser realizados com o aprofundamento
no conhecimento da dinâmica dos ambientes e da interferência do ser humano na vida da
23
Terra. A seleção de ambientes a serem comparados é importante, pois cada estudo particular
proporciona enfoques específicos.
Costa (2008) afirma que uma didática que estabeleça um vínculo entre o
conhecimento etnobotânico com o conhecimento científico abordado na formação escolar,
constitui uma das maneiras de reduzir a distância entre o popular e o científico,
proporcionando o processo de ensino-aprendizagem, por possibilitar que o aluno se envolva
nesse processo de construção do conhecimento.
Além disso, a exemplo de Passos; Sato (2002) considera currículo como uma
trajetória, desafiando os muros e os habituais trilhos estabelecidos por/para sua hegemonia,
nesta trajetória pretendemos traçar formas de contribuir para a formação de cidadãos atuantes
e comprometidos com as questões socioambientais.
Sabe-se que ainda são necessários muitos esclarecimentos à respeito do uso de plantas
medicinais, como exemplo qual à parte da planta deve ser utilizada em cada caso e a dosagem
correta. Percebe-se também que existe dificuldade na hora da identificação das plantas
medicinais, pois essas plantas podem ser confundidas com outras que possuem características
semelhantes, com isso, a escola torna-se um ambiente bastante favorável para propor
discussões com os alunos sobre os estudos que abordam a eficácia científica das plantas
utilizadas pelos mesmos (PEREIRA; DEFANI, 2007).
Até o momento, poucos estudos no Brasil tem se direcionado à verificação do
conhecimento etnobotânico na comunidade escolar. Melo et al. (2012) afirmam
categoricamente que há a necessidade de propostas pedagógicas que levem os alunos a
compreender a importância que as plantas tem em seu cotidiano.
Este aspecto normalmente não é contemplado na escola, sendo onde se aceita apenas
oconhecimentocientífico, o qual sofre uma transposição didática, transformando-se
emconhecimento escolar, e muitas vezes, acaba por produzir nos alunos a sensação de que os
conteúdos não apresentam utilidade alguma.
Neste sentido, pensamos que todas as áreas/disciplinas têm a disposição para seutilizar
deste saberes, inclusive como um meio de “humanizar” nosso ensino escolar, que é pertinente
a realização de trabalhos interdisciplinares com um tema de fácil acesso para todos, o que
Freire denominava de “temas geradores” (CORAZZA, 2003). Mostrar aos nossos alunos,
sobretudo aos adolescentes que contribuíram para que esta prática pedagógica fosse realizada
a necessidade de respeitar os saberes dos outros, que todos possuem um motivo para
pensar/acreditarem no que manifestam. Considerar o humano produtor do conhecimento,
24
possuidor de uma experiência histórica, impossível de ocorrer da mesma forma em outro
momento, pois se tornará outra experiência. (GRÜN, 2004).
O presente trabalho contribui, em nosso ponto de vista de Barcelos (2010, p. 18), para
“que nos possibilitem enfrentar desafios contemporâneos”. Desafios estes presentes no fazerse escolar, a fim de romper com a passividade dos métodos tradicionais quando o educando
tinha uma única escolha de ação, qual seja, permanecer sentado, imóvel e em silêncio,
podendo dialogar apenas com seus pensamentos e suas anotações mentais ou digitais.
Em nosso entendimento, o estudante é também um sujeito que participa ativamente de
seu aprendizado, pois a partir de seu interesse e dos estímulos recebidos pelos docentes (e não
somente deles) que se acredita haver apreensão de conhecimentos. Neste sentido, vale
ressaltar o que afirma Gauthier (2001, p. 22 apud BARCELOS, 2010, p. 21) “sempre existe
algo riquíssimo a aprender com o outro”, sem se importar quem seja o outro, na dialética de
Freire, ora se aprende, ora se ensina e se reaprende ao se ensinar.
25
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Investigar o conhecimento etnobotânico dos alunos sobre plantas medicinais no ensino de
biologia, bem como discutir a importância da escola na disseminação de informações visando
à manutenção do conhecimento popular de espécies medicinais e seus respectivos usos
terapêuticos de uma maneira racional na comunidade escolar.
3.2 Objetivos Específicos

Avaliar o grau de conhecimento dos alunos sobre as plantas medicinais e seu manuseio;

Identificar as plantas medicinais mais utilizadas;

Fazer um levantamento das plantas medicinais mais conhecidas por esses alunos;

Identificar como se deu o conhecimento sobre esse tipo de terapia pelos alunos;

Promover a troca de experiências entre a comunidade escolar e os alunos da UFCG
(PIBID/Subprojeto de Biologia), Campus de Patos;

Despertar a curiosidade dos alunos para esse assunto;

Vincular o uso das plantas medicinais com a importância da conservação do meio
ambiente, proporcionando técnica de futura conservação das espécies (Horta de garrafa
PET);

Proporcionar o resgate do conhecimento etnobotânico através de entrevistas semi
estruturadas feitas pelos próprios alunos aos seus respectivos pais;

Despertar nos alunos o interesse para a importância da utilização racional de plantas
medicinais mostrando-lhes seus riscos e benefícios;

Proporcionar uma forma de retorno científico (entrega de folder) aos alunos, com
indicações terapêuticas de espécies já comprovadas científicamente;

Proporcionar formas de aproveitamento de algumas espécies vegetais através de
produções caseiras: balas de hortelã da folha grossa e outros.
26
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Caracterização e Localização da Área de Estudo
O município de Patos está situado na porção central do Estado da Paraíba (Fig. 1), na
mesorregião do sertão paraibano (“07º 01’32” S e “37º 16’40”W), sendo a extensão territorial
512,79 km quadrados e a zona urbana com 5,11 km quadrados (NÓBREGA, 2013).
A cidade apresenta uma população estimada de 106.314 habitantes e uma densidade
demográfica (hab/km²) de 212,82 (IBGE 2015).
A mesma está inserida no Bioma Caatinga o qual é o único bioma exclusivamente
brasileiro ocupado por uma vegetação xerófila, de fisionomia e florística variadas
(EMBRAPA, 2008). Do ponto de vista vegetacional, é bastante diversificada por incluir
outros ambientes associados (MELO, 2007).
O clima predominante da região de Patos é do tipo semi-árido quente, a semi aridez do clima caracteriza a paisagem. Esse clima, quente e seco, com chuvas de
verão, alcança os índices mais baixos de precipitação do Estado, com média
anual de 500 mm (PERH-PB, 2006).
A maioria da população que vive nessa região (caatinga) apresenta baixa renda per
capita e faz uso da vegetação como recurso para subsistência. A demanda de uso energético
da vegetação da Caatinga tem gerado modificações nas paisagens e perda de diversidade
biológica por insuficiência de informações sobre o manejo das espécies (FIGUEIRÔA, et al.,
2008).
Figura 1. Localização da cidade de Patos, situado no Estado da Paraíba.
Fonte: Disponível em: http://www.cstr.ufcg.edu.br/grad_eng_florest/mono_2012/mono_cami.pdf
27
4.1.1 Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. Dionísio da Costa
O estudo foi realizado em uma escola pública no município de Patos, situada na rua
Francisco Pontes, Bairro salgadinho (Fig. 2).
Figura 2. Localização da escola.
Fonte: https://www.google.com.br/maps/@-7.0219874,-37.2661808,17z
A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. Dionísio da Costa – PREMEN
(Fig. 3), conta com a direção da Prof.ª Marquísia Pereira V. Silva, com 2 Vice-diretoras:
Rivânia A. Nóbrega e Iris R. dos Santos Fontes; 1 Secretária e 03 funcionários da secretaria; 2
Bibliotecários; 1 Inspetor; 5 Auxiliares de serviço; 2 Merendeiras e 1 Porteiro e 2 vigias.
A escola possui as seguintes instalações: 18 salas de aula, porém apenas 11 em uso, 1
sala de professores, 1 sala de coordenação, 1 sala de direção, 1 secretaria, 1 sala de
multimídia, 1 refeitório, 1 pátio, 1 ginásio poliesportivo, 1 quadra aberta, 1 biblioteca, 1
cozinha, 12 banheiros (6 masculinos e 6 femininos), 2 banheiros de professores (1 masculino
e 1 feminino), 3 laboratórios de informática, 1 laboratório de Ciências,1 laboratório de
química e 1 de física, 1 sala grêmio.
A escola é referência para toda a população de Patos. Existe sempre um contato com a
comunidade através de trabalhos realizados pelos alunos. Conta com um quadro de 46
funcionários e destes 26 são professores, onde 9 são funcionários do Estado e 17 são
contratados.
O ensino médio conta com aproximadamente 302 alunos com faixa etária média de 14
a 18 anos em ambos os sexos. O público alvo deste trabalho foram 69 alunos das 2º e 3º séries
de ensino médio, sendo todos provenientes de zona urbana com excessão de apenas um
morador de zona rural.
28
Figura 3. Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. Dionísio da Costa.
Fonte: Nobre (2015).
4.2 Tipo de Estudo
No presente trabalho o tipo de investigação utilizada para facilitar a análise das
características pesquisadas, foi à exploratória, visto que este estudo dará suporte para estudos
posteriores, esclarecendo e construindo ideias relacionadas com o tema (exploratória), para
tanto, os dados foram analisados e discutidos diretamente onde se quer verificar a ocorrência
da pesquisa (pesquisa de campo), tendo como o público-alvo, os alunos do da 2ª e 3ª série de
ensino médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. Dionísio da Costa PREMEN.
Esta investigação também foi realizada através de levantamento bibliográfico, uma
vez que para obter informações sobre o que está sendo pensado e analisado, é necessário que
se tenha um embasamento para possibilitar tal crítica, o que só pode ser obtido por meio de
autores e estudiosos que entendem e relatam sobre o assunto proposto.
4.3 Instrumento, Coleta e Análise dos dados
Para entender o nível etnobotânico dos alunos na escola em questão foi aplicado um
questionário semi-estruturado (Apêndice I), contendo 20 questões de múltipla escolha com
perguntas abertas e fechadas, contendo questões sobre dados socioeconômicos (idade, origem,
naturalidade, escolaridade e profissão), plantas medicinais (listagem livre das plantas usadas,
29
finalidade e modo de uso) e plantas medicinais x ensino. As principais questões levantadas
aos alunos informantes levaram em consideração o uso medicinal das plantas, as principais
doenças combatidas e as formas de preparo dos medicamentos caseiros a base de plantas
medicinais. Foram aplicados 69 questionários aos alunos das 2ª e 3ª séries do ensino médio,
no dia 03 de junho de 2015. O período de realização desse trabalho foi de junho a outubro de
2015.
A análise dos dados foi realizada estatisticamente, através de probabilidade, o que dará
certa veracidade aos fatos examinados.
As entrevistas semi-estruturadas possuem perguntas prévias e parcialmente idealizadas
pelo pesquisador, mas caracterizam-se pela sua flexibilidade e natureza interativa, pois está
passível de aprofundamentos em determinados aspectos, de acordo com a conversa com o
entrevistado (ALBUQUERQUE; LUCENA, 2004; GARROTE, 2004; VIERTLER, 2002).
Os questionários foram respondidos em entrevistas realizadas com os discentes logo
após à apresentação da palestra ministrada pelos bolsistas do subprojeto de Biologia do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação á Docência (PIBID), UFCG, Campus de Patos.
Mediante a entrega do mesmo devidamente preenchido o aluno recebeu outro
questionário no qual tiveram a oportunidade de entrevistar seus próprios pais (Apêndice II), o
que serviu como uma espécie de “resgate” de conhecimento popular passado entre as
gerações, assim como proporcionar comparações quanto aos conhecimentos dos pais e dos
alunos.
No que se refere aos conhecimentos sobre plantas medicinais, não será realizada a
coleta das plantas e identificação botânica, dessa forma apenas os nomes populares das
plantas foram citadas. Esta pesquisa trata-se de um estudo quanti-qualitativo onde o
levantamento de dados foi obtido a partir de um questionário e as questões foram analisadas
pelo método descritivo, com auxílio do programa software Microsoft EXCEL® 2007, sendo
realizada a estatística descritiva a partir da codificação por tabulação simples, distribuição de
porcentagens, tabelas ou gráficos.
A frequência relativa das plantas medicinais foi calculada no Programa EXCEL,
conforme Martins (1979), Castro (1987), Rodal; Sampaio; Figueiredo (1992) através das
fórmulas a seguir:
FAi = 100(NUA / NUT)e FRi = 100(FAi / FAT), onde:
30
FAi = frequência absoluta do táxon i, (%)
NUA = número de unidades amostrais com ocorrência do táxon i
NUT = número total de unidades amostrais
FRin = frequência relativa do táxon i, (%)
FAT = frequência absoluta total da amostra, (%)
4.4 Atividades do Projeto
4.4.1 Realização de Palestra e aplicação de questionário
Para a realização deste trabalho, de início, a pesquisa e seus objetivos foi apresentados
a direção da escola para a concessão da autorização para a sua realização (Anexo I), em
seguida a mesma foi apresentada para os alunos (Fig. 4-A), que se depuseram a participar da
entrevista voluntariamente, mediante um termo de compromisso proposto (Anexo II).
As atividades do projeto foi iniciada no dia 03 de junho de 2015, com a realização de
palestra (Fig. 4-C), que teve como tema: Conceitos gerais de Etnobotânica, Extinção de
espécies biológicas de plantas medicinais, Etnobotânica e Atividades Socioeconômicas
(extrativismo), Importância da Etnobotânica para a Conservação das Espécies, Etnobotânica e
Ensino.
Segundo Silva Filho; Silva (2004) esta prática tem por objetivo estabelecer um debate
com os alunos que contribui para a sua capacitação e exercício da cidadania, estimulando a
sua participação ativa e crítica e o fortalecimento das instituições democráticas no local.
Os autores ainda afirmam que as temáticas relacionadas ao Meio Ambiente vêm
contribuir para formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade sócioambiental de modo comprometido com a vida, com bem-estar de cada um na sociedade, local
e global, mas, para isso é necessário que mais do que informações e conceitos, a escola se
proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e aprendizagem de
habilidades e procedimentos.
As palestras iniciais forneceram os subsídios necessáriso para os debates/conversas
com os alunos, que demonstraram o saber sobre as plantas trazidas de casa, reconhecendo a
necessidade de cuidados para evitar o esgotamento e extinção das espécies. Após isso, as
atividades foram encerradas com a aplicação de questionários para a obtenção dos dados dos
alunos entrevistados.
31
Em seguida houve a distribuição e aplicação do questionário proposto onde os alunos
expuseram de maneira clara e rápida seus conhecimentos pessoais sobre as plantas medicinais
(Fig. 4-D).
A
B
C
D
Figura 4. Atividades realizadas na Escola Estadual Dr. Dionísio da Costa. (A). Apresentação do projeto de
Etnobotânica aos alunos; (B). Realização da Palestra: Etnobotânica de plantas medicinais; (C). – Continuação da
Palestra: com ajuda de “pibidianos” do subprojeto de biologia, UFCG; (D). Aplicação do questionário
etnobotânico aos alunos da escola. Fonte: Nobre (2015).
4.4.2 Retorno científico proposto
Posteriormente no mês de julho, foi produzido e entregue um folder explicativo
(Apêndice III) em sala, como forma de retorno científico aos alunos (Fig. 5), o qual fornecia
alguns cuidados necessários ao se utilizar plantas medicinais, assim como algumas plantas já
comprovadas científicamente através de técnicas como à histoquímica, baseadas nos livros de
Lorenzi; Matos (2012) e Amaral et al. (2006).
32
Figura 5. Entrega de folders informativos na Escola Estadual Dr. Dionísio da Costa. (A). Apresentação do
retorno proposto; (B). Entrega do folder aos alunos. Fonte: Nobre (2015).
4.4.3 Realização de minicurso
Foi ministrado minicurso aos alunos no mês de outubro, o mesmo tratou o uso de
plantas para fins medicinais, as espécies com princípios ativos cientificamente comprovadas e
a importância da conservação das espécies de plantas medicinais (Fig. 6), onde foram
expostas algumas plantas com fins medicinais e apresentadas suas respectivas formas de uso
(Fig. 6-A), em seguida foram produzidadas balas de hortelã da folha grossa, as quais são
indicadas para doenças respiratórias, como uma alternativa de aproveitamento desse recurso
vegetal (Fig. 6-B) posteriormente os alunos tiveram a oportunidade de confeccionar hortas
verticais feitas com garrafa pet (Fig. 6-C), como uma forma de reciclagem e também como
possibilidade para uma futura conservação das espécies no meio urbano, , e ao final do
minicurso foram entregues algumas alternativas de preparo de fitoterápicos e medicamentos
alternativos (Anexo III), utilizados em produção caseira, como forma de melhor
aproveitamento de algumas plantas medicinais (Babosa, Aroeira, Hortelã) que foram expostas
durante a realização do minicurso.
33
A
B
C
Figura 6. Minicurso realizado na Escola Estadual Dr. Dionísio da Costa. (A). Apresentação das plantas e seus
usos; (B). Produção das balas de hortelã da folha grossa; (D). Confecção da horta vertical de garrafa pet. Fonte:
Nobre (2015).
34
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Perfil dos entrevistados (Pais e alunos)
5.1.1 Perfil dos Alunos e Pais entrevistados em relação à Moradia
Quando indagados sobre local de moradia, 99% dos alunos (68) responderam morar
em zona urbana, enquanto 1% (1), responderam residir em zona rural. Quanto aos pais 95%
(18) são moradores de zona urbana com exceção de 5% (1) que afirmou morar em zona rural,
o que nos forneceu um grande indício de veracidade dos resultados (Fig. 7).
Alunos
Pais
1%
5%
Zona Urbana
99%
Zona Rural
Zona Urbana
95%
Zona Rural
Figura 7. Zona de moradia informada pelos entrevistados.
Quanto ao tempo de residência ou moradia firmado no local de habitação atual (Fig.
8), a maior parte dos pais entrevistados 37% destes (n=7) informaram habitar entre 2 a 10
anos no local de moradia atual, 21% (n=4) habitam entre 30 e 50 anos, 11% (n=2) há mais de
50 anos, 11% (n=2) afirmaram não se lembrar, 10% (n=2) entre 10 a 30 anos e 10% (n=2)
habitam recentemente no local, esse resultado onde a maioria mora a certo tempo no local,
implica que eles já trazem consigo um conhecimento mais refinado sobre o ambiente onde
vivem, embora a área seja urbanizada, e abrigue praticamente apenas espécies empregadas na
arborização, nos quintais das residências é comum o cultivo de diferentes plantas medicinais,
apenas 10% moravam recentemente no local. O tempo de residência em um determinado local
é importante para estabelecer o nível de conhecimento sobre as plantas que os cercam e seus
potenciais usos medicinais no tratamento de doenças (AMOROZO, 1996).
35
Tempo de moradia
Recente
11% 10%
11%
2 à 10 anos
10 à 30 anos
37%
21%
30 à 50 anos
10%
Mais de 50 anos
Figura 8. Tempo de moradia dos pais dos alunos.
Segundo Gandolfo (2010) o tempo de moradia na região contribui para o aumento do
conhecimento em relação às plantas encontradas no local. A migração de pessoas para
diferentes localidades leva a convivência com novos ambientes, e consequentemente, com
novos ecossistemas e seus elementos. Através da convivência ocorrem novos aprendizados,
mediados pelo conhecimento prévio e pelo conhecimento com os moradores locais. Quanto
maior o tempo de convivência, maior será o conhecimento.
A importância da existência de conhecimento etnobotânico relacionado à flora local
de cada localidade, assim como o conhecimento etnoecológico em geral, consiste no
reconhecimento do habitat local e pode somar informações para os esforços de conservação
da biodiversidade (HANAZAKI, 2003).
Percebeu-se também que a escola abriga alunos de diversos bairros da cidade de Patos
(Fig. 9). Mas boa parte de seu alunado é proveniente do bairro em que a escola está
localizada, o Salgadinho. Por ser a escola mais próxima que abriga ensino médio e que
funciona em tempo integral, se torna primeira escolha da maior parte das famílias dos bairros
circunvizinhos.
.
Bairros habitados pelos alunos
Respostas
25%
21%
14%
12%
12%
6%
4%
2%
Figura 9. Bairros da cidade de Patos habitados pelos alunos entrevistados
2%
2%
36
5.1.2 Perfil dos Alunos e Pais em relação ao Sexo
No universo de 69 alunos os quais foram entrevistados, 52% (n=36) correspondiam as
representantes do sexo feminino e 48% (n=33) do sexo masculino, sendo que as do sexo
feminino mostraram mais interesse e dominância de conhecimento com relação às plantas.
Com relação aos pais entrevistados 100% (n=19) foram do sexo feminino (Fig. 10), cuja idade
variava entre 34 a 75 anos.
100%
52%
48%
Feminino
Masculino
Alunos
Pais
Figura 10. Perfil dos entrevistados em relação ao sexo.
De acordo com Ricardo (2011), essa predominância de interesse e citações de
entrevistadas pode estar relacionada ao fato de que as mulheres permanecem, em virtude de
suas atividades domésticas, um período maior em suas residências, não ficando muito tempo
fora de casa. Resultados similares também foram encontrados nos trabalhos realizados por
Sousa et al. (2010), em Anápolis (GO), em que 68,6% dos entrevistados eram do sexo
feminino e na comunidade do Horto, Juazeiro do Norte (CE), em que 72% dos entrevistados
eram do sexo feminino (RICARDO, 2011).
As mulheres são grandes detentoras do conhecimento sobre as plantas medicinais e
têm importante função no processo de transmissão (RODRIGUES; CASALI, 2002). Para Dias
(1999) as diferenciações do conhecimento e uso entre os sexos, estão relacionadas com as
atividades diárias desempenhadas pelos moradores, pois, em seu estudo, na maioria das
famílias entrevistadas, a mulher era a responsável pelo cultivo e preparo das plantas
medicinais, assim como pela alimentação e cuidados com as crianças e outros familiares
quando enfermos.
Amorozo; Gély (1988) corroboram estas afirmações, pois segundo este autor existe
certa diferenciação entre o conhecimento do homem e da mulher com relação às plantas que
37
crescem em ambientes manejados ou não. De modo geral, a mulher domina melhor o
conhecimento sobre as plantas que cercam sua residência, enquanto o homem conhece mais as
plantas do mato. Porém esta ambivalência não é constante, algumas mulheres conhecem os
“remédios do mato” tão bem como seus maridos. Mas, Ming (1995) interpreta que esse
número pode estar relacionado ao local da entrevista e a atividade dos entrevistados.
5.1.3 Perfil dos Alunos e Pais entrevistados em relação ao seu Estado Civil.
Com relação aos alunos entrevistados, 97% (n=68) são solteiros, 2% (n=1) casados e
1% (n=1) com filho. O que mostra que os alunos atuais estão mais concientes e preocupados
com seus estudos e futura carreira profissional para posteriormente poder constituir uma
família.
Com relação aos Pais a maioria 58% (n=11) destes são casados, 16% (n=3) são
solteiros, 10% (n=2) viúvos e 16% (n=3) possuem outro tipo de relacionamento,
provavelmente se encontram divorciados ou com união estável, todos com filhos (Fig. 11).
Sobrinho; Guido (2007) encontraram resultados semelhantes em uma pesquisa
realizada no Distrito de Miraporanga, Uberlândia, MG, em que a maioria dos entrevistados
eram casados.
120%
100%
80%
60%
Alunos
40%
Pais
20%
0%
Solteiros
Casados
Viúvo (a)
Outros
Filhos
Figura 11. Perfil dos entrevistados em relação ao estado civil.
5.1.4 Perfil dos Alunos e Pais entrevistados em relação ao Trabalho
Do total amostral dos alunos, 10% (n=7) afirmaram trabalhar em horário opostos as
aulas, o que não deveria acontecer pois essa é uma fase em que deveriam se dedicar
integralmente aos estudos, 86% (n=59) destes não exercem nenhum tipo de trabalho
remunerado fora do ambiente escolar e 4% (n=3) optaram por não responder. Quanto aos Pais
38
68% (n=13) afirmaram exercer trabalho remunerado, 16% (n=3) não trabalham e 16 % (n=3)
não responderam (Fig. 12).
Alunos
86%
Pais
68%
10%
Trabalham
16%
16%
4%
Não trabalham
Não responderam
Figura 12. Perfil dos entrevistados em relação ao trabalho.
Os alunos que trabalham em horário oposto as aulas citaram como ocupações às
funções de: ajudantes de mecânico 43% (n=3), babá 29% (n=2), garçonete 14% (n=1) e
vendedora 14% (n=1).
Quanto ás funções exercidas pelos pais 27% (n=5) afirmaram ser empregadas
domésticas, 15% (n=2) Auxiliar de serviços, 7% (n=1) vendedora, 8% (n=1) agricultora, 8%
(n=1) professora, 8% (n=1) agente de endemias, 8% (n=1) embaladora e 8% (n=1) lavadeira
(Fig. 13).
Este resultado foi semelhante ao de Casagrande (2009) em seu estudo na comunidade
do morro da Cruz, Porto Alegre-RS, o qual mostrou que as atividades profissionais mais
citadas entre as mulheres são serviços gerais, doméstica e diarista.
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Figura 13. Perfil dos entrevistados em relação as profissões ou funções exercidas.
Alunos
Pais
39
5.1.5 Nível de escolaridade dos Pais.
Os dados a respeito do nível de instrução dos entrevistados indicaram que 89% são
alfabetizados (n=17) e 11% são analfabetos (n=2) ou apenas sabe assinar o nome (Fig. 14).
11%
Alfabetizados
Analfabetos
89%
Figura 14. Nível de instrução dos pais entrevistados
O grau de instrução da população pode influenciar no modo como eles obtêm o
conhecimento sobre as plantas medicinais e na forma de uso. Pois, de acordo com Ming;
Amaral Junior (1995), isso pode colaborar na consolidação de processos de repasse de
informações pela via escrita, aumentando a abrangência e eficiência de informações. Embora
o conhecimento sobre a flora medicinal esteja intimamente relacionado à tradição popular e
ao conhecimento empírico.
O nível de escolaridade entre os pais dos alunos variou entre pessoas que nunca
chegaram a estudar até aos de nível superior completo, 37% (n=7) tem ensino fundamental
imcompleto, 16% (n=3) ensino fundamental completo, 16% (n=3) ensino médio completo,
10% (n=2) ensino médio incompleto, 11% (n=2) superior completo, 10% (n=2) não
estudaram, nenhum superior incompleto (Fig. 15).
Superior Completo
Superior Imcompleto
Ens. Médio completo
Ens. Médio Incompleto
Ens. Fund. Completo
Ens. Fund. Incompleto
Não estudou
0%
5%
10%
15%
20%
Figura 15. Nível de escolaridade dos pais entrevistados.
25%
30%
35%
40%
40
Estes dados são semelhantes a diversas pesquisas etnobotânicas que afirmam que a
maioria dos informantes apresenta baixa escolaridade (CARNIELLO et al. 2010, MOURA;
ANDRADE, 2007).
5.2 Sobre as Plantas medicinais
Em relação aos conhecimentos e usos das plantas medicinais, quando questionado
sobre o costume do uso de “remédios” feitos a partir de plantas medicinais (Fig. 16),
aproximadamente 88% dos alunos entrevistados (n=61) e 100% dos pais (n=19), afirmaram
fazer uso.
100%
88%
Alunos
12%
Pais
Fazem uso
Não fazem uso
Figura 16: Utilização de plantas com fins medicinais pelos entrevistados.
Este resultado mostra que o uso das plantas como tratamento terapêutico ainda é muito
frequente entre a população atual, como foram observados por vários estudos (GANDOLFO,
2010; BERNARDES, 2015; CASAGRANDE, 2009; LUCENA et al., 2013; OLIVEIRA,
2012 ) realizados em diferentes regiões.
Em relação ao cultivo das plantas, 30% dos alunos (n=21) afirmaram terem espécies
cultivadas nos quintais de suas residências, enquanto que, 70% (n=48) não possuem plantas
em suas residências (figura 17), alguns devido a falta de quintal ou jardim em casa, o que
demostrou ser importante a oficina com a confecção de horta de garrafa pet, que é adequada
para moradores de zona urbana com pouco espaço em suas residências.
41
30%
Sim
70%
Não
Figura 17. Cultivo de plantas medicinais por alunos.
De acordo com Amorozo (2002), o cultivo em comunidades agrícolas tradicionais é
algo que se aprende muito cedo, à medida que as crianças acompanham os adultos às roças.
Quem se acostuma a plantar, dificilmente deixa de exercer tal atividade, mesmo quando migra
para áreas mais urbanizadas.
5.2.1 Uso de plantas medicinais na cura de doenças
Quando indagados se o uso das plantas medicinais poderiam provocar danos à saúde,
96% dos alunos e 79% dos pais, (66 alunos e 15 pais) afirmaram que sim (Fig. 18).
96%
Alunos
Pais
79%
21%
4%
Sim
Não
Figura 18. Plantas medicinais x danos a saúde na percepção dos entrevistados.
Resultado diferente foi encontrado por Lopes; Nogueira; Obici (2011) em seu estudo
sobre a utilização da plantas na cidade de Maringá, em que a maioria (68,5%) acreditam que
plantas medicinais ou medicamentos feitos a base de plantas não causam nenhum mal à saúde.
Porém, quando indagados sobre os efeitos colaterais obtidos até hoje pelos
entrevistados observou-se que 88% dos alunos e 100% dos pais (61 alunos e 19 pais)
42
relataram que nunca tiveram efeito colateral algum ao administarem plantas medicinais (Fig.
19), e 12% dos alunos (n=8) que relataram ter sentido alguns sintomas colaterais após o uso
de remédios caseiros produzidos a partir da plantas medicinais, citaram alguns exemplos
como tontura, dores de cabeça e dor na barriga.
88%
100%
Alunos
Pais
12%
Sim
Não
Figura 19. Efeitos colaterais na administração de plantas pelos entrevistados.
5.2.2 Herança do conhecimento adquirido sobre o uso das plantas medicinais
Quanto à forma de aquisição de conhecimentos das plantas medicinais, foi observado
que grande parte dos informantes, tanto alunos quantos os pais, obtêm informações sobre as
plantas medicinais através de seus familiares, 90% (n=66) dos alunos informaram obter esses
conhecimentos com o contato com seus pais (Fig. 20-A). Estes afirmaram ter obtido o
conhecimento sobre os usos das plantas também com seus familiares 61% (14) com os pais e
39% (9) com os avôs (Fig. 20-B).
Resultados semelhantes a esta pesquisa foram observados por Lucena et al. (2013) em
um trabalho sobre plantas medicinais utilizadas na comunidade urbana de Lagoa, Sertão
Paraibano, onde 63% dos entrevistados afirmaram ter adquirido conhecimentos sobre plantas
medicinais com pais ou avós.
Geralmente essa forma de conhecimento “tradicional” é transmitida de forma
transversal entre as gerações por seus Pais e/ou Avós, demonstrando que para a manutenção
da sabedoria popular sobre o meio que o cerca, faz-se necessário o envolvimento e o interesse
das novas gerações. Este traz a tona à necessidadede trabalhos que visem à preservação do
conhecimento das comunidades tradicionais, para que este não venha a desaparecer.
43
Pais
Alunos
4% 6%
Tradicional
familiar
39%
Mídia
Pais
61%
Técnicos
B
A
90%
Avós
Figura 20-Formas de aquisições de conhecimentos sobre plantas medicinais. A.alunos; B. pais.
E como afirma Amorozo (1996), o principal modo de transmissão do conhecimento,
em sociedades tradicionais é o oral e esta transmissão entre gerações exige o contato
prolongado dos mais velhos com os mais novos. Apesar de a herança cultural ter sido a maior
fonte de aprendizagem a respeito de plantas com utilização medicinal, existe interesse por
parte dos alunos entrevistados em adquirir mais informações sobre o uso e cultivo das
mesmas (Fig. 20-A), recorrendo a fontes externas como livros, revistas, professores e cursos
promovidos na internet e outros meios de comunicação como a TV, e por instituições de
ensino privado e público que apresentam forte influência no conhecimento da população
local.
Quanto ao tempo de utilização das plantas para fins medicinais pelos pais (Fig. 21)
observou-se que boa parte, cerca de 35% já faz uso há muito tempo (n=6), 17% sempre
utilizou (n=3), 12% faz uso desde criança (n=2), 12% não lembra (n=2), 6% (n=1) há 2, 10,
20 e 30 anos respectivamente, demonstrando que o uso das plantas, para o tratamento e/ou
alivio de enfermidades é uma prática difundida entre os pais, que provavelmente adquiriram
este costume de seus familiares e o repassarão para seus filhos, de forma que este
conhecimento é mantido através da gerações.
35%
17%
12%
12%
6%
Sempre
6%
6%
6%
há
desde
não 10 anos 30 anos 20 anos 2 anos
muito criança lembra
tempo
Figura 21. Tempo de utilização de plantas medicinais pelos pais dos alunos.
44
A maioria dos entrevistados faz uso de plantas medicinais como tratamento alternativo
já há muito tempo, diferente do observado por Bezerra et al. (2012) onde houve uma
predominância de 1 a 5 anos de uso por 92,85% da população investigada.
5.2.3 Forma de obtenção das Plantas Medicinais
Quanto à forma de obtenção das plantas medicinais (Fig. 22), a maior parte dos
entrevistados informou obte-las por meio da compra 47% (n=52) alunos e 31% (n=8) dos
pais, ou com vizinho-parentes 34% (n=38) dos alunos e 31% (n=8) dos pais, enquanto que
12% (n=13) dos alunos e 31% (n=8) dos pais informaram obter as plantas através do cultivo
em seus quintais, além das formas de obtenção já citadas, afirmaram obter as plantas
medicinais em locais abertos, como matas e terrenos.
Resultados diferentes quanto a forma de obtenção das plantas foram observados por
Lopes et al. (2012) durante um levantamento de plantas medicinais utilizadas na cidade de
Itapetim, PE, onde a grande maioria dos entrevistados afirmaram que buscavam as plantas em
matas próxima as suas residências, isso ocorreu mediante o fato da localidade em que estavam
inseridos.
Alunos
Pais
Cultivo próprio
Cultivo próprio
7% 12%
7%
31%
Visinhos e
parentes
47%
34%
31%
Compra
31%
Visinhos e
parentes
Compra
Locais abertos
Locais abertos
A
B
Figura 22. Formas de obtenção das plantas medicinais. A. alunos; B. pais.
5.2.4 Partes da planta utilizadas
Na utilização das partes dos vegetais para o preparo dos remédios caseiros, foi
possível destacar as folhas como maioria (61% e 44%), seguidas de cascas, frutos, raízes,
flores e sementes (Fig. 23). Resultados semelhantes são encontrados nos trabalhos de Freitas
et al. (2012); Jesus et al (2009); Borba;Macedo (2006); Franco;Barros (2006); Pilla et al.
(2006); Pinto et al. (2006); Teixeira & Melo (2006); Vendruscolo; Mentz (2006); Pereira et
45
al. (2005); Amorozo (2002); Silva (2002), em que as folhas são mais utilizadas que todas as
outras partes da planta. Freitas et al. (2012) explica que as folhas tem destaque devido à maior
utilização de plantas herbáceas que tem folhas disponíveis todo ano. Já Almeida et al. (2006),
desenvolvendo trabalho no mesmo bioma – Caatinga – apresenta resultados diferentes, nos
quais o maior uso são das flores, seguido de folhas e cascas. Entretanto para Albuquerque;
Andrade (2002) a casca e caule normalmente são mais utilizados devido ao maior período de
oferta destes recursos.
Alunos
7% 3%
15%
9%
5%
Pais
Cascas
Flores
6%
3%
Folhas
Frutos
61%
Sementes
15%
Cascas
Folhas
23%
Flores
Frutos
Raízes
A
9%
Raízes
44%
B
Sementes
Figura 23. Partes das plantas mais utilizadas. A. alunos; B. pais.
O grande uso das folhas citados pelos pais e alunos 44% (n=53) e 61% (n=15), pode
está associado ao fato das ervas, por terem um porte pequeno, serem facilmente cultivadas nos
quintais das residências, como observados nas respostas referentes às espécies de plantas
medicinais que eram cultivadas em casa (Fig. 24), onde a maior parte das citações são
espécies herbáceas, com exceção do “noni” e o “eucalipto”, que apresentam porte maior,
sendo a primeira um arbusto/arvoreta e a segunda espécie uma árvore, que pode chegar a uma
altura de até 60 m.
5.2.5 Plantas cutivadas em domicílio
As espécies mais comuns cultivadas foram à hortelã 37% (n=13) e a erva cidreira 17%
(n=6) (Fig. 24), segundo Lorenzi; Matos (2002) a primeira tem ação espamolítica,
antivomitiva, estomáquica e anti-helmíntica, sendo empregada para o tratamento de amebas,
giárdias e tricomomas, a segunda de aroma e sabor agradáveis tem ação calmante e
espasmolítica.
O cultivo das ervas nas residências da grande maioria dos sertanejos é explicado por
Rodal et al. (2005) que destaca que as espécies herbáceas anuais, no Bioma Caatinga,
46
aparecem em um curto período do ano, geralmente o chuvoso. E, para o tratamento de
enfermidades é fundamental que elas estejam disponíveis a qualquer momento, quando o seu
uso for necessário.
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Figura 24. Plantas medicinais cultivadas em domicílio.
5.2.6 Formas de uso das plantas medicinais
Foram observados que os alunos fazem uso principalmente do lambedor com 36%, o
que trata-se de uma preparação espessada com açúcar e geralmente usada para o tratamento
de dores de garganta, tosse, gripe e bronquite, seguido do chá abafado com 29% (n=34) o qual
é a principal forma utilizada pelos pais com 32% (n=14), posteriormente vem o uso do xarope
com 14% e 20% (n=16 e 9), outras formas também foram citadas como gargarejo (18/9%),
garrafada (9/3%), cozimento (8/9%) , e por fim o uso de compressa com apenas 7/1% dos
entrevistados (Fig. 25).
Resultados similares foram encontrados em outras pesquisas etnobotânicas de plantas
medicinais. Silva (2012) observou que a comunidade de estudo usava mais o chá e o
lambedor como forma de preparo para consumo das plantas medicinais. Marinho (2006) em
duas comunidades do Sertão da Paraíba e verificou-se que o chá foi a principal forma de
preparo dos medicamentos caseiros.
47
O levantamento etnobotânico realizado por Santos (2011), no município de
Catingueira-PB, evidenciou que a maioria dos entrevistados (75%) utilizam o chá e 21% o
lambedor como formas de preparo dos remédios na comunidade.
Este resultado corrobora com Martins et al. (2000) ao observar que mistura de plantas
no preparo dos medicamentos é um hábito frequente entre os informantes, porém, esta prática
inspira cuidados, pois pode trazer efeitos diferentes do esperado, em virtude das interações
entre constituintes químicos das plantas.
Alunos
Pais
Chá-abafado
14%
Compressa
29%
Cozimento
Chá-abafado
5%
Garrafada
20%
32%
Gargarejo
36%
8%
9%
3%
1%
Compressa
Gargarejo
9%
Garrafada
Cozimento
9%
Lambedor
18%
Xarope
7%
A
Xarope
Outros
B
Figura 25. Formas de uso de plantas medicinais citadas pelos entrevistados. A. alunos; B. pais.
Foram citadas várias indicações terapêuticas referentes à diversos problemas de saúde,
os quais foram distribuidos em sintomas e sinais relativos à nivel de sistemas corporais (Fig.
26), através do qual constatou-se que o maior número de citações referiram-se ao sistema
digestório com 44% (66) seguido de respiratório 30% (43), nervoso 14% (20), excretor 6%
(9), cardíaco 3% (4), reprodutor masculino 1% (2), reprodutor feminino 1% (2) e esquelético
1% (1).
Este resultado é semelhante com o de Oliveira (2012) ao observar que maior número
de espécies medicinais foi indicado para sintomas e sinais relativos ao sistema respiratório
(29%) seguido de digestório (22%) e nervoso (14,5%).
Leite; Marinho (2014) observou que o sistema digestivo também apresentou um maior
número de afecções (22%), seguindo do respiratório (17%), assim como os estudos realizados
por Aguiar; Barros (2012), no estado do Piauí, Nordeste do Brasil, tiveram dados que
corroboraram com as informações obtidas nessa pesquisa, apresentaram também destaque
para o sistema respiratório e digestório quanto às citações de indicações terapêuticas das
48
plantas medicinais. Segundo Almeida; Albuquerque (2002), esses são os tipos de sistemas
corporais mais comuns de serem mencionados pelos informantes em estudos etnobotânicos.
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Figura 26. Problemas de saúde classificados à nivel de sistemas corporais.
Foram obtidas 222 indicações terapêuticas (125 informadas pelos alunos e 97
informadas pelos pais), para o tratamento de diferentes enfermidades, essas indicações foram
referentes a 47 espécies de plantas no geral entre todos os entrevistados (destas 21 foram
duplas: citadas pelos alunos e também pelos pais), pertencentes à 29 famílias botânicas
(Tabelas 1 e 2).
Tabela 1 – Espécies de plantas medicinais utilizadas pelos alunos da escola Dr. Dionísio da Costa. NI/PI =
Número de Indicações por Plantas pelos Informantes; FR= Frequência Relativa das espécies de plantas
medicinais uitilizadas pelos informantes da escola.
Família
Nome Científico
Nome
NI/PI Parte da Indicação
FR(%)
Botânica
Popular
Planta
Terapêutica
Adoxaceae
Sambucus australis Cham. & Sabugueiro
1
Flores
Dor de
0,8%
Schltdl.
barriga
Cicatrizações,
Amaranthaceae
Chenopodium ambrosioides L. Mastruz
3
Folha
dor de
2,4%
ouvido.
Dores
Anacardiaceae
Myracrodruon urundeuva
Aroeira
3
Raiz,
musculares,
Allemão
casca
limpeza
2,4%
intestinal e
estomacal,
cicatrizações.
Anacardiaceae
Anacardium occidentale L.
Cajueiro
2
Casca
Cicatrização
1,6%
Dor de
0,8%
Anacardiaceae
Spondias purpurea L.
Seriguela
1
Folha
Barriga
49
Apiaceae
Asteraceae
Asteraceae
Foeniculum vulgare Mill.
Erva-doce
3
Folha
Matricaria recutita L.
Camomila
9
Folhas,
sementes
Macela
5
Semente
Canabis
Saião
1
1
Semente
Folha
Pinhão
1
Folha
Pau d’arco
2
Casca
Quebrapedra
3
Raiz
Vermonia condensata Baker
Boldo
25
Folha
Apiaceae
Anethum graveolens L.
Endro
1
Folha
Lamiaceae
Mentha x villosa Huds.
Hortelã
25
Folha
Lamiaceae
Ocimum basilicum L.
Manjericão
4
Folha
Lauraceae
Ocotea diospyrifolia (Meisn.)
Canela
1
Raiz
Lauraceae
Laurus nobilis L.
Louro
1
Folha
Aloe vera (L.) Burm. F.
Babosa
4
Folha
Cannabaceae
Crassulaceae
Achyrocline alata (Kunth) DC.
Cannabis sativa L.
Kalanchoe
brasiliensis Cambess.
Euphorbiaceae
Jatropha curcas L.
Bignoniaceae
Tabebeuia impetiginosa (Mart.
ex DC.) Stdl
Phyllanthaceae
Asteraceae
Asphodelaceae
Malvaceae
Phyllanthus niruri L.
Malva parviflora L.
Malva
4
Folha
Calmante,
hipertensão
Dores,
calmante,
sinusite, dor
de cabeça,
dor de
barriga, gripe.
Dor de
cabeça,
diarréia, dor
de barriga,
dores
abdominais,
febre.
Asma
Inflamações
Dor de
cabeça
Inflamações
Pedra nos
rins,
problemas
renais.
Febre, dor de
barriga, dores
intestinais,
diarréia,
arrotar, dor
no estômago,
dor de
cabeça, cólica
mal-estar.
Febre
Dores de
garganta,
gripe, dor de
cabeça, dores
intestinais,
inflamações,
inflamações
na garganta,
gripe.
Febre, dor de
cabeça e
corpo.
Ânsia de
vômito
Dores
intestinais
Queimaduras,
câncer de
próstata,
gripe.
Gripe
2,4%
7,2%
4%
0,8%
0,8%
0,8%
1,6%
2,4%
20%
0,8%
20%
3,2%
0,8%
0,8%
3,2%
3,2%
50
Poaceae
Verbenaceae
Cymbopogon citratus (DC.)
Stapf
Capimsanto
3
Lippia alba (Mill.) N.E.Br. ex
P. Wilson
Erva
Cidreira
8
Lythraceae
Punica granatum L.
Quenopodiaceae
Beta vulgaris L.
Rubiaceae
Morinda citrifolia L.
Rutaceae
Pilocarpus microphyllus Stapf
ex Wardlew.
Citrus x aurantium L.
Rutaceae
Total:
Folha
Folha
Romã
8
Semente,
fruto,
casca
Beterraba
1
Fruto
Noni
1
Fruto
Arruda
1
Folha
Laranja
3
Casca
28
Dores
intestinais,
dor de
barriga,
calmante.
Dores
intestinais,
calmante,
dores,
tonturas, dor
de cabeça,
diarréia.
Dor de
garganta,
visão, gripe
dor de
barriga.
Cansaço,
fadiga
Câncer.
Dores de
ouvido
Febre, dor de
barriga.
2,4%
6,4%
6,4%
0,8%
0,8%
0,8%
2,4%
125
Fonte –Nobre (2015).
Tabela 2 - Espécies de plantas medicinais utilizadas pelos Pais dos alunos da Escola Dr. Dionísio da Costa.
NI/PI = Número de Indicações por Plantas pelos Informantes; FR= Frequência relativa das espécies de plantas
medicinais uitilizadas pelos informantes da escola.
Família
Nome Científico
Nome
NI/PI
Parte da Indicação
FR(%)
Botânica
Popular
Planta
Terapêutica
Apiaceae
Anethum graveolens L.
Endro
2
Folhas,
Dor de
2,0%
semente
barriga.
Cicatrizações,
Amaranthaceae
Chenopodium
Mastruz
4
Folha
vermes,
4,1%
ambrosioides L.
úlceras,
fraturas nos
ossos.
Amaryllidaceae
Allium cepa L.
Cebola1
Raiz
Expectorante
1,0%
branca
Anacardiacea
Anacardium occidentale L. Cajueiro
5
Casca,
Inflamações,
Fruto
infecções,
5,2%
cicatrizações.
Apiaceae
Foeniculum vulgare Mill. Erva-doce
2
Folha,
Calmante,
semente
controlar a
2,0%
pressão
sanguínea.
Arecaceae
Cocos nucifera L.
Coco
1
Casca
Hepatite
1,0%
Acanthaceae
Asteraceae
Amaranthaceae
Justicia pectoralis var.
stenophylla Leonard
Chamomilla recutita (L.)
Rauschert
Gomphrena demissa Mart
Anador
1
Folha
Camomila
5
Capitãozinh
o
1
Folha,
flor
Raiz
Dor de cabeça,
febre.
Calmante
1,0%
Gripe
1,0%
5,2%
51
Asteraceae
Achyrocline alata (Kunth)
DC.
Macela
Abacaxi
1
Fruto
Caprifoliaceae
Ananas comosus (L.)
Merril.
Sambucus australis Cham.
& Schltdl.
Sabugueiro
3
Flor
Euphorbiaceae
Croton sonderianus Muell.
Marmeleiro
2
Folha
Bromeliaceae
Apiaceae
Crassulaceae
Cucurbitaceae
Cucurbitaceae
Cucurbitaceae
Petrselinum crispum
(Mill.) A.W. Hill.
Kalanchoe pinnata
(Lam.) Pers.
Sechium edule (jacq.) Sw.
Citrullus lanatus (Thunb.)
Matsum & Nakai
Momordica charantia L.
5
Semente
1,0%
Ferimentos,
febre
Diarréia, dor
de cabeça.
3,0%
2,0%
1
Folha
Coceiras
1,0%
Saião
3
Folha
Gripe,
inflamações,
gastrite.
3,0%
Controlar
pressão
sanguínea
1,0%
1,0%
Chuchu
1
Fruto
Melancia
1
Semente
Infecções
Melão de
São Caetano
1
Fruto
1
2
Hemorróidas,
diabetes,
câncer.
Dor de cabeça
Pedra nos rins
Jatropha curcas L.
Phyllanthus niruri L.
Caesalpiniaceae
Hymenaea courbaril L.
Pinhão
QuebraPedra
Jatobá
Lamiaceae
Hyptis suaveolens (L.)
Poit.
Alfazema
Brava
2
Asteraceae
Vermonia condensata
Baker
Boldo
8
Folha
Lamiaceae
Mentha x villosa Huds.
Hortelã
10
Folha
2
Folha
Folha,
raiz
Vagem,
casca
Flor,
folha
Lauraceae
Laurus nobilis L.
Louro
1
Folha
Liliaceae
Aloe vera (L.) Burm. F.
Babosa
3
Folha
Malva parviflora L..
5,2%
Salsa
Euphorbiaceae
Phyllanthaceae
Malvaceae
Dor de
barriga, febre,
dores
intestinais, dor
no estômago.
Gripe
Malva
3
Folha,
fruto
1,0%
1,0%
2,0%
Anemia,
pneumonia
Dores
intestinais,
diabetes.
Dor na
barriga, dores
intestinais,
ajudar na
digestão, dor
no fígado,
mal-estar.
Dor no
estômago, dor
de cabeça,
gripe, dor na
garganta, dor
de cabeça,
lavar os olhos.
Dores
intestinais
Ferimentos,
queimaduras,
hidratação
capilar.
Expectorante,
dor de
garganta,
Gripe.
2,0%
2,0%
8,2%
10,3%
1,0%
3,0%
3,0%
52
Myrtaceae
Passifloraceae
Poaceae
Verbenaceae
Eucalyptus globulus
Labill.
Passiflora edulis Sims.
Cymbopogon citratus
(DC.) Stapf
Lippia alba (Mill.) N.E.Br.
ex P. Wilson
Poaceae
Lythraceae
Zea mays L
Punica granatum L.
Eucalipto
2
Maracujá
Capim-santo
1
3
Erva-cidreira
Milho
Romã
10
1
1
Folha,
raiz
Fruto
Folha
Febre, gripe
2,0%
1,0%
10,3%
Fruto
Fruto e
sementes
Calmante
Dor de cabeça,
pressão
sanguínea,
calmante,
gripe.
Melhorar
apetite,
calmante, dor
de barriga,
mal-estar,
dores
intestinais.
Catapora
Inflamação na
garganta
Folha
3,0%
1,0%
1,0%
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Genipa americana L.
Morinda citrifolia L.
Carapichea ipecacuanha
(Brot.) L. Anderson
Jenipapo
Noni
Papaconha
1
1
1
Casca
Fruto
Raiz
Inflamações
Próstata
Gripe
1,0%
1,0%
1,0%
Rutaceae
Citrus x aurantium L.
Laranjeira
2
Fruto,
folha
Calmante,
regular
intestino.
2,0%
Quixabeira
1
Folha
Rins
1,0%
Chá-preto
1
Semente
Dor de cabeça
1,0%
Sapotaceae
Scrophulariaceae
Total:
Sideroxylon obtusifolium
(Roem. & Schult.)
T.D.Penn. subsp.
obtusifolium
Camellia sinensis (L.)
Kuntze
39
97
Fonte - Nobre (2015).
A maioria das citações dentre todos os entrevistados referiram-se ao uso frequente da
Hortelã, Boldo e Erva cidreira, talvéz devido ao fato de serem plantas fáceis de encontrar em
quintais e vizinhanças ou até mesmo devido às ações terapêuticas sentidas após sua
administração.
Este resultado também foi encontrado por Lopes; Nogueira; Obici (2011) em seu
estudo, através do qual observou que as plantas medicinais mais citadas pela população
foram: hortelã (36 citações) seguida do boldo (35 citações), também a erva-cidreira (27
citações).
Observou-se 7 citações feitas por alunos referentes as plantas medicinais (Pau d’arco,
Arruda, Mangericão, Canabis, Seriguela e Beterraba) às quais não foram citadas pelos Pais,
enquanto que houve 19 citações pelos Pais (Anador, Capitãozinho, Marmeleiro, Salsa, Melão
de são caetano, jatobá, Alfazema,
Eucalipto, Maracujá, Milho, Jenipapo, Papaconha,
Quixabeira, Chá preto, Chuchu, Abacaxi, Cebola branca, Coco, Melância) as quais não foram
53
citadas por alunos, apesar do número inferior dos pais entrevistados em relação aos alunos, o
que mostra claramente a maior detenção de conhecimento destes sobre as plantas medicinais.
Para todas as plantas citadas, os informantes indicaram uma ou mais finalidades de uso
terapêutico. Neste sentido, resgatar o conhecimento acerca de plantas medicinais pode
contribuir na melhoria da qualidade de vida das pessoas desta comunidade, como um primeiro
passo para a valorização e adequação dos recursos da medicina popular para o tratamento das
doenças mais frequentes.
5.3 Contribuição do conhecimento sobre Plantas Medicinais para o ensino, na visão dos
alunos
Quanto às contribuições referentes aos conhecimentos sobre plantas medicinais, ao
questionarmos os alunos se o conhecimento que possuíam sobre as plantas poderia contribuir
de alguma forma para a sua formação escolar, cerca de 80% (n=55) afirmou acreditar que sim
(Fig. 27, questão 1). Embora 90% (n=62) dos alunos entrevistados tenham falado que não
havia ouvido falar anteriormente do termo etnobotânica (Fig. 27, questão 2), antes da
aplicação deste trabalho.
Para Venholi Junior; Vargas (2014) a inserção dos conhecimentos populares sobre as
plantas medicinais nas salas de aula abri possibilidades para o diálogo entre saberes,
especialmente entre os saberes empíricos dos estudantes e alguns conteúdos trabalhados no
ensino da botânica. E a valorização do saber popular é de fundamental importância, segundo
Bernardes (2012), para evitar o distanciamento entre a escola e a comunidade.
Para esta autora o trabalho de aproximação entre comunidade e escola pode ser
realizado através dos alunos, por meio de trabalho sobre conhecimento das plantas medicinais
dentro das disciplinas Ciências/Biologia. Pois partindo deste contexto, os alunos podem
observar a escola não só como um meio de ensino formal, podendo também, o aluno,
desenvolver-se por meio de atividades de pesquisa que colaborem com uma formação cidadã,
e assim, transpor os conhecimentos da comunidade para a escola e vice-versa.
54
90%
80%
Sim
Não
20%
10%
Questão 1
Questão 2
Figura 27. Contribuição do conhecimento sobre plantas medicinais na óptica dos alunos.
Para os alunos as formas empregadas para a transmissão dos conhecimentos sobre as
plantas medicinais poderiam ser utilizadas nas aulas de biologia (Fig. 28), e contribuir para
uma maior compreensão através aulas práticas 41 % (n=30), como o cultivo de hortas, por
exemplo, ou até mesmo por meio de aulas teóricas, onde poderiam ser expostos as formas e os
cuidados necessários para o uso das plantas com fins terapêuticos.
Os alunos também comentaram que a partir das plantas medicinais poderiam ser
abordados conteúdos de botânicas 33% (n=24) como morfologia e taxonomia, 26% (n=19)
através do conteúdo de diversidade das espécies biológicase formas de conservações das
espécies vegetais, por meio da identificação das plantas medicinais. Vale ressaltar que a
identificação correta da planta é de fundamental importância para o seu uso correto, pois uma
espécie conhecida em um local por um determinado nome popular, pode em outro possuir um
nome diferente. Assim, a identificação das espécies pelos seus respectivos nomes científicos
evita possíveis complicações pelo uso indevido de uma planta.
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Conteúdos da
Botânica
Diversidade das
espécies
Maior compreensão
de Aulas práticas e
teóricas
Figura 28. Plantas medicinais auxiliando no ensino de biologia na percepção de alunos.
55
E, segundo boa parte os alunos, cerca de 31% (n=17) os assuntos sobre plantas
medicinais já foram abordados por meio de aulas teóricas, 12% (n=7) através do cultivo de
hortas e 9% (n=5) feiras de ciências. Mas, aproximadamente 13% (n=7) afirmaram não ter
visto e 20% (n=11) não se lembrar de assuntos referentes às plantas medicinais terem sidos
trabalhos em sala de aulas antes da realização deste trabalho. E, ainda 14 alunos (em torno de
20%) não responderam a pergunta (Fig. 29). Lembrando que os alunos poderiam marcar mais
de uma alternativa, caso achassem necessario.
Desenvolver trabalhos que envolva o conhecimento prévio dos alunos é muito
importante, pois estes, ao se sentirem fazer parte do processo de construção de conhecimento,
aprendem de maneira mais significativa. Como afirmam Venholi Junior; Vargas (2014) a
valorização da cultura local motiva os alunos e promove uma aprendizagem mais satisfatória
e a promoção de um ambiente cognitivista e descontraído, evitando o comodismo, o
desinteresse e o desânimo, além de promover o prazer em estudar e aprender.
A introdução dos conhecimentos tradicionais no ensino de ciências e biologia é
fundamental para o desenvolvimento dos alunos, mas desde que as diferenças entre estes e o
conhecimento científico sejam esclarecidas (COBERN; LOVING 2001). Para estes autores
esta é uma possibilidade para informar os alunos, sobre as diferentes maneiras pelas quais a
humanidade constrói seus conhecimentos, ampliando, assim sua visão de mundo.
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Figura 29. Plantas medicinais abordadas em sala de aula na percepção dos alunos .
56
Mesmo diante da importância de se abordar os conhecimentos tradicionais nas aulas
de Ciências/Biologia, destacado por diferentes autores (COBERN; LOVING 2001;
BERNARDES, 2012; VENHOLI JUNIOR; VARGAS, 2014), eles ainda são pouco
trabalhados em sala de aula, como afirmam Kovalski; Obara (2013) ao realizar um estudo
com professoras do Ensino Fundamental, de uma escola rural de Maringá – PR, para
identificar as concepções, conteúdos, estratégias didáticas e metodologias utilizadas por elas
para o desenvolvimento de projetos voltados ao estudo das plantas medicinais, os autores
perceberam que a escola não tem inserido as questões que envolvem as etnociências, pois,
segundo as respostas obtidas, a maioria dos professores não discutem, nem trabalha os
saberes relacionados as plantas medicinais com alunos.
Não reconhecem que a partir do ensino das plantas medicinais é possível despertar
grande interesse nos alunos, proporcionando momentos férteis no processo ensinoaprendizagem, estimulando os alunos a explicar com suas próprias palavras o que
aprenderam, propiciando construtivos diálogos de conhecimento entre professor e alunos.
Dessa forma, os alunos se percebam como agentes de transformação social para a
comunidade, pois as plantas consideradas medicinais podem ser tratadas como temas
geradores de mudanças de atitudes sociais e ambientais.
57
6 CONCLUSÃO
Os alunos da Escola Estadual Dr. Dionísio da Costa, conhecem plantas medicinais e
seus usos, mesmos este tema não sendo tão abordado em aulas. O conhecimento dos fins
medicinais das plantas é fruto do convívio pricipalmente com seus familiares e da
comunidade em geral em que está inserido, o que demonstra que esta forma de conhecimento
está sendo transmitida entre as gerações. Mas isso, não significa que não se deva ser realizada
ações que visem à conservação dos conhecimentos tradicionais sobre as plantas,
principalmente com os mais novos.
Técnicas como hortas verticais contribuem para a manutenção das espécies de plantas
no meio urbano, já que existem muitas residências que não tem um espaço propício como
quintais para cultivo de plantas, sendo um importante recurso para manutenção da saúde e
conservação dessas espécies.
Foi observado um maior conhecimento por parte dos pais em relação aos alunos,
apesar do número destes entrevistados ser bem menor, havendo assim “resgate” do
conhecimento sobre 19 respectivas espécies medicinais, que os alunos não conheciam ou não
lembravam no momento.
Os entrevistados utilizam as plantas medicinais de diferentes formas, priorizando o uso
das folhas, usadas sobre a forma de chá e lambedor pela maioria dos entrevistados, os quais
relataram nunca ter tido efeitos colaterais ao utilizá-las.
As indicações terapêuticas referidas pela amostra evidenciaram uma prevalência de
afecções dos sistemas respiratório e digestivo, das quais uma boa parte é comprovada pelos
estudos científicos.
O trabalho foi importante para o reconhecimento cultural de utilização de plantas
medicinais entre os jovens e para despertar nos alunos à importância do uso racional das
mesmas.
O ensino das etnociências deve ser empregado nas aulas por promover nos alunos uma
nova visão do mundo, conhecendo a partir do conhecimento tradicional, o funcionamento da
Ciência e da produção de conhecimentos científicos, assim como o ensino da educação
ambiental o qual deve ser inserido na escola básica, com o intuito de formar cidadãos cada
vez mais conscientes quanto a importância da preservação e conservação do meio ambiente.
58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGRA, M. F. Plantas da medicina popular dos Cariris Velhos, Paraíba, Brasil. João
Pessoa: Editora União, 1996, 125p.
AGUIAR, L.C.G.G.; BARROS, R.F.M. Plantas medicinais cultivadas em quintais de
comunidades rurais no domínio do cerrado piauiense (Município de Demerval Lobão, Piauí,
Brasil). Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, vº.14, nº.3, 2012, p.419-434.
ALBUQUERQUE, U. P. Introdução à etnobotânica. 2 ed. Rio de Janeiro: Interciência,
2005, 93p.
ALBUQUERQUE, U. P; ANDRADE, L. H. C. Uso de recursos vegetais da caatinga: o caso
do agreste do estado de Pernambuco (Nordeste do Brasil). Acta Bot. Bras, v.16, n.3, p 273285, 2002.
ALBUQUERQUE, U. P; ARAÚJO, T. A. S; SOLDATI, G. T. O “retorno” das pesquisas
etnobiológicas para as comunidades. In: ALBUQUERQUE, U. P.; LUCENA, R. F. P.;
ALBUQUERQUE, U. P. A etnobotânica no nordeste brasileiro. In: CAVALCANTI, T.B. &
WALTER, B.M.T. Tópicos Atuais em Botânica: Palestras Convidadas do 51º Congresso
Nacional de Botânica. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia / Sociedade
Botânica do Brasil, 2000, p.241-249.
ALBUQUERQUE, U.P.; ANDRADE, L. H. C. Conhecimento botânico tradicional e
conservação em uma área de caatinga no Estado de Pernambuco. Acta Botânica Brasílica,
v.16, n.3, p.273-85, 2002.
AMARAL, A.N.F; RODRIGUES, A.G; RIBEIRO, J. E. G; SANTOS, M. G; JUNIOR, N. L.
N.; Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. A
fitoterapia no sus e o programa de pesquisas de plantas medicinais da central de
medicamentos. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. p.77-82.
ALMEIDA, C.F.C.B.R.; ALBUQUERQUE, U.P. Uso e conservação de plantas e animais
medicinais no estado de Pernambuco (Nordeste do Brasil): um estudo de caso. Rev.
Interciência, nº6, vº. 27, 2002. p.276-285.
ALMÁSSY, JÚNIOR, A. A. et al. Folhas de Chá: plantas Medicinais na Terapêutica humana.
Viçosa: Editora da Universidade Federal de Viçosa, 2005. 233p.
AMOROSO, M. C. M. Uso e diversidade de plantas medicinais em Santo Antônio do
Leverger, MT, Brasil. Acta Botanica Brasílica, v.16, p.189-203, 2002.
AMOROZO, M. C. M. A abordagem etnobotânica na pesquisa de plantas medicinais. In: DISTASI, L. C. (Org.). Plantas medicinais: arte e ciência; um guia de estudo
interdisciplinar. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1996. p. 47-67.
59
AMOROZO, M.C.M.; GÉLY, A.L. Uso de plantas medicinais por caboclos do Baixo
Amazonas. Bolet. do Mus. Paraense Emilio Goeldi, Série Botânica, 4(1): 47-131. 1988.
ANDRÉ, M. E. D. A. de. Etnografia da Prática Escolar. Campinas: Papirus, 1995. 130p.
BARCELOS, V. Educação Ambiental e Antropofagia. In: GUIMARÃES, L. B.; KRELLING,
A. G.; BARCELOS, V. Tecendo a educação ambiental na arena cultural. Petrópolis, RJ:
DP et Alii, 2010. p. 11-31.
BATALHA, M. O.; NANTES, J. F. D.; ALCÂNTARA, R. L. C.; MING, L. C., CASTRO, D.
M. DE; LOURENZANI, A. E. B. S.; MACHADO, J. G. C. F.; RIBEIRO, P. M. T. Plantas
medicinais no Estado de São Paulo: situação atual, perspectivas e entraves ao
desenvolvimento. Net.Disponível em:http://www.sisflor.org.br/fe15_4.asp> 06 out. 2015.
BEGOSSI, A. Etnobotânica em comunidades caiçaras.13 p. (digitado). Nova Friburgo, 1996.
(Palestra ministrada no XLVII Congresso Nacional de Botânica, 2126 de julho de 1996,
Nova Friburgo, RJ). G
OSSI
BERNARDES, A. O. Pesquisa na escola: Utilização de plantas medicinais pela
comunidade escolar. 2012. Disponível em:
<http://www.educacaopublica.rj.gov.br/suavoz/0149.html> acesso em 05 Out. 2015.
BEZERRA, A.M.F.; BEZERRA, K.K.S.; SOUSA, L.C.F.S.; SOUSA, J.S.; BORG, M.G.B.
2012 - Plantas medicinais utilizadas pela comunidade de mimoso no município de Paulista,
Paraíba – Brasil. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v.7, p.0611.
BORBA, A. M; MACEDO, M. Plantas medicinais usadas para a saúde bucal pela comunidade do
bairro Santa Cruz, Chapada dos Guimarães, MT, Brasil. Acta Bot. Bras, v.20, p771-782, 2006.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.
Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Brasília: Ministério da Saúde, p.
60, 2006.
BRASILEIRO, B.G.; PIZZIOLO, V. R.; MATOS, D. S.; GERMANO A. M.; JAMAL, C. M.;
Medicinal plants used by the population assisted by the “Programa de saúde da família”
(Family Health Program) in Governador Valadares County – MG, Brazil. Revista Brasileira
de Ciências Farmacêuticas, São Paulo, v. 44, n.4, p. 629-636, 2008.
BRITO, M. A. A estratégia de conservação in situ (unidades de conservação) e a conservação
das plantas medicinais. In: Coelho, DOMBROSKI, J. L. D; M. F. B.; JÚNIOR, P. C;
Diversos Olhares em etnobiologia, etnoecologia e plantas medicinais, p137-149, 2003.
CARNIELLO, M.A.; SILVA, R.S.; CRUZ, M.A.B.; GUARIM NETO, G. 2010. Quintais
urbanos de Mirassol D’Oeste-MT, Brasil: uma abordagem etnobotânica. Acta Amazonica,
40(3): 451-470.
CASAGRANDE, A. Plantas medicinais e ritualísticas utilizadas pela comunidade do
Morro da Cruz, Porto Alegre – RS. Monografia (Instituto de Biociências) -Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,2009.
60
CASTELLETTI, C.H.M.; SILVA, J. M. C.; TABARELLI, M.; SANTOS, A.M.M. Quanto
ainda resta da Caatinga? Uma estimativa preliminar. In: SILVA, J.M.C.; TABARELLI, M.;
FONSECA, M.T.; LINS, L.V. (orgs.). Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações
prioritárias para a conservação. p.91-111. Brasília: Ministério do Meio Ambiente:
Universidade Federal de Pernambuco, 2004.
COBERN, W.W.; LOVING, C.C. Defining science in a multicultural world: implications, for
science education. Science Education, Hoboken, v. 85, n. 1, p. 50-67, 2001.
CORAZZA, S. M. Tema Gerador: concepção e práticas. 3. Ed. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2003.
COSTA, R. G. A. Os saberes populares da etnociência no ensino das ciências naturais: uma
proposta didática para aprendizagem significativa. Revista Didática Sistêmica, v. 8. 2008.
CUNHA, L. V. F. C. Métodos e Técnicas na Pesquisa Etnobiológica e Etnoecológica.
NUPPEA, Recife, p492, 2010.
DAVIS, W. Towards a new synthesis in ethnobotany. In: RÍOS, M ;PEDERSEN, H.B.
(Comp.) Las Plantas y el Hombre. 2. ed. Quito: Abyayala, 1994. p.340357.
DI STASI, L.C. 1996. Plantas medicinais: arte e ciência. São Paulo, Editora Unesp. 230p.
DIAS, J. E. A importância do uso de plantas medicinais em comunidades de periferia e sua
produção através da agricultura urbana. Acta Horticuturae, v. 569, p.79-85, 2002.
DIAS, M.C. Plantas medicinais utilizadas no Distrito de Juquiratiba - Município de
Conchas - SP. Dissertação de Mestrado em Agronomia - Área de concentração Horticultura.
Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP, Campus de Botucatu, São Paulo. 1999. 82p.
DIEGUES, A. C. Etnoconservação: Novos rumos para a proteção da natureza nos
trópicos. São Paulo: Editora Hucitec, 2000.
DIEGUES, A.C.; ARRUDA, R.S.V. (Orgs.). Saberes tradicionais e biodiversidade no
Brasil. Brasília: Ministério do Meio Ambiente; São Paulo: USP, 2001.
DRUMOND, M. A,; KILL, L.H.P.; LIMA,P.C.F.; OLIVEIRA,M.C.; OLIVEIRA, V.R.;
ALBUQUERQUE,S.G.; NASCIMENTO, C.E.S.; CAVALCANTE. Estratégias para o Uso
Sustentável da Biodiversidade da Caatinga. Petrolina, 2000.
EMBRAPA. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA.
Levantamento florístico da reserva legal do Projeto Salitre, Juazeiro BA.
Petrolina, PE: 2008. 22 p. (Embrapa Semi-Árido . Documentos, 209).
FERRO, D. Fitoterapia:conceitos clínicos. São Paulo: Atheneu, 2006. 502p.
FIGUEIRÔA, J.M.; PAREYN, F.G.C.; DRUMOND, M.; ARAÚJO, E. L. Madeireiras. In:
SAMPAIO, E.V.S.B. (ed.). Espécies da flora nordestina de importância econômica
potencial. p.101-133. Recife: Associação Plantas do Nordeste, 2005.
61
FIGUEIRÔA, J. M.; ARAÚJO, E. L.; PAREYN, F. G. C.; CUTLER, D. F.; GASSON, P.;
LIMA, K. C.; SANTOS, V. F. Variações sazonais na sobrevivência e produção de
biomassa de Caesalpinia pyramidalis Tul. após o corte raso e implicações para o
manejo da Espécie Rev. Árvore, Viçosa, v. 32, n. 6, p. 1041-1049, 2008.
.
FONSECA, V. S. & SÁ, C. F. C. Situación de los estúdios etnobotánicos en ecosistemas
costeros de Brasil. In: M. Rios & H.B. Pedersen (eds.). Uso y Manejo de Recursos
Vegetales. Memorias del II Simposio Ecuatoriano de Etnobotánica y Botánica
Economica. Quito, p57- 81, 1997.
FONSECA-KRUEL, V.S. & Peixoto, A. L. Etnobotânica na Reserva Extrativista Marinha
de Arraial do Cabo, Rio de Janeiro, Brazil. Acta Botanica Brasilica 18: 177-190. 2004.
for science education. Science Education, v. 85, n. 1, p. 50-67, 2001.
FRANCO, E. A. P; BARROS, R. F. M. Uso e diversidade de plantas medicinais no Quilombo
Olho D’água dos Pires, Esperantina, Piauí. Rev. Bras. de Pl. Med. Botucatu, v.8, n.3, p.7888, 2006.
FREITAS, A. V. L.; COELHO, M. F.B; MAIA, S. S. S; AZEVEDO, R. A. B. Plantas
medicinais: um estudo etnobotânico nos quintais do Sítio Cruz, São Miguel, Rio Grande
do Norte, Brasil,2012. Disponível em
http://www.ufrgs.br/seerbio/ojs/index.php/rbb/article/view/1833. Acessado em 16 de agosto
de 2015.
GALLO, Edmun et al. Política Nacional de Plantas Medicinais e fitoterápicos. Brasília,
junho de 2005.
GANDOLFO, E.S. Etnobotânica e urbanização: conhecimento e utilização de plantas de
restinga no distrito do campeche (Florianópolis, SC). Dissertação (Pós-Graduação em
Biologia Vegetal) – Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa catarina
(UFSC), 84f, Florianópolis, p.74, 2010.
.
GARCIA, E. S. Biodiversidade, Biotecnologia e Saúde. Cad. Saúde Pública, v. 11, n. 3, p.
495-500, 1995.
GIULIETTI, A.M.; NETA, A.L.B.; CASTRO, A.A.J.F.; GAMARRA-ROJAS, C.F.L.;
SAMPAIO, E.V.S.B.; VIRGÍNIO, J.F.; QUEIROZ, L.P.; FIGUEIREDO, M.A.; RODAL,
M.J.N.; BARBOSA, M.R.V.; HARLEY, R.M. Diagnóstico da vegetação nativa do bioma
Caatinga. In: SILVA, J.M.C.; TABARELLI, M.; FONSECA, M.T.; LINS, L.V. (orgs.).
Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. p.47-90.
Brasília: Ministério do Meio Ambiente: Universidade Federal de Pernambuco, 2004.
GOTTLIEB, O.R.; KAPLAN, M.A.C.; BORIM, M.R.M.B. Biodiversidade.Um enfoque
químico – biológico. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1996. 267p.
GRÜN, M. As experiências na Educação Ambiental. In: ZAKRZEVSKI, S. B., BARCELOS,
V. Educação Ambiental e compromisso social: pensamentos e ações. Erechim, RS:
EdiFAPES, 2004.
62
HANAZAKI, N. 2003. Comunidades, conservação e manejo: o papel do conhecimento
ecológico local. Biotemas 16 (1), Florianópolis, p. 23-47
HANAZAKI, N.; SOUZA, V.C. RODRIGUES, R.R. Ethnobotany of rural people from the
boundaries of Carlos Botelho State Park, São Paulo State, Brazil. Acta Botanica Brasilica
20: 899-909, 2006.
IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATISTICA, 2014. Acessado em
12-05-2015.
JESUS, N. Z. T, et al. Levantamento etnobotânico de plantas popularmente utilizadas como
antiúlceras e antiinflamatórias pela comunidade de Pirizal, Nossa Senhora do Livramento,
MT, Brasil. Rev. Bras. Farmacogn, v.19, p130-139, 2009.
JUNQUEIRA, A.H.; LUENGO, R.F.A. Mercados diferenciados de hortaliças.
Horticultura Brasileira, v.18, n.2, p.95-99, 2000.
KOVALSKI, M. L.; OBARA, A.T. O estudo da etnobotânica das plantas medicinais na
escola. Ciênc. Educ. v. 19, n. 4, p. 911-927, 2013.
LEFF, E. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder.
Tradução de Lúcia Mathilde Endlich Orth. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
LEVENGER, M.T, Brasil. Acta Botânica Brasílica, v.16, n.2, 2002. p. 17-26.
LOPES, I.S.; SILVA, J.E.R.; MACHADO, I. A, SILVA, C.E.M.R.; MARINHO, M.G.V.;
RANGEL, J.A.F. Levantamento de Plantas Medicinais Utilizadas na Cidade de Itapetim,
Pernambuco, Brasil. Biofar – Revista de Biologia e Farmácia. v.07, n.01, p. 115-121. 2012.
LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova
Odessa, São Paulo: Instituto Platarum, 2002.
LOPES, W.; BISPO, W.; CARVALHO, J. Educação ambiental nas escolas: Uma estratégia
de mudança efetiva, 2009. p.2. Disponível em:
http://www.catolica-to.edu.br/portal/portal/dowloads/docs_gestãoambiental/projetos2009-1/1periodo/Educacao_ambiental_nas_escolas_uma_estrategia_de_mudanca_efetiva.pdf. Acesso em
dezembro de 2015.
LOPES, M.A.; NOGUEIRA, I.S.; OBICI, S. Perfil de utilização de Plantas Medicinais da
população atendida pela Estratégia Saúde Da Família em Maringá, Pr, Brasil. VII EPCC –
Encontro Internacional de Produção Científica CESUMAR – Centro Universitário de
Maringá, Editora CESUMAR, Maringá, 2011.
LUCENA, D.S.; SOUSA, P.F.; MARINHO, M.G.V.; FERREIRA, C. D.; LOPES, I.S.;
MEDEIROS, J.X. Plantas medicinais utilizadas na comunidade urbana de Lagoa, Sertão
Paraibano. Biofar. Rev. Biol. Farm. 9(1): 105-115. 2013.
MACIEL, M.A.M.; PINTO, A. C.; VEIGA JUNIOR, V. F. (2002). Plantas medicinais: a
necessidade de estudos multidisciplinares. Quim. Nova, v.25, n.3, p. 429-438.
MARINHO, M. G. V. Levantamento de plantas medicinais em duas comunidades do
Sertão Paraibano, Nordeste do Brasil, com ênfase na atividade Imunológica de
Amburana cearensis (F. All.) A. C. Smith (Fabaceae). Tese (Doutorado em 84 Produtos
63
Naturais e Sintéticos Bioativos) - Faculdade de Farmácia. Universidade Federal da Paraíba,
João Pessoa, p. 171, 2006.
MARTIN, G. J. Ethnobotany - A „People and Plants‟ conservation manual. London,
Chapman & Hall. 1995. 268p.
MELO, J. I. M.; ANDRADE, W. M. Boraginaceae s.l.A. Juss. em uma área de
Caatinga da ESEC Raso da Catarina, BA, Brasil, Acta Bot. Bras, São Paulo,v. 21,n. 2,
2007.
MELO, E. A; ABREU, F. F.; ANDRADE, A. B.; ARAÚJO, M. I. O. A aprendizagem de
botânica no ensino fundamental: dificuldades e desafios. Scientia Plena. v. 8, n. 10, 2012.
MENEGAT, R.; ALMEIDA, G. Sustentabilidade, democracia e gestão ambiental urbana,
In. Desenvolvimento sustentavel e gestão ambiental nas cidades. Porto Alegre:
EDUFRGS,2004.
MING, L.C. Plantas medicinais utilizadas pelos seringueiros na Reserva Extrativista
“Chico Mendes”, Acre, Brasil. Tese de Doutorado em Botânica – Instituto de Biociências,
Universidade Estadual Paulista, Botucatu, São Paulo. 180 p. 1995.
MING, L.C.; AMARAL JUNIOR, A. Aspectos etnobotânicos de plantas medicinais na
Reserva Extrativista “Chico Mendes”. Tese (Doutorado em Botânica)-Departamento de
Botânica, Instituto de Biociências, UNESP, Botucatu. 1995. 180p.
MING, L.C.; SILVA, S.M.P.; SILVA, M.A.S.; HIDALGO, A.F.; MARCHESE, J.A.;
CHAVES, F.C.M. Manejo e cultivo de plantas medicinais: algumas reflexões sobre
perspectivas e necessidades no Brasil. In: Diversos olhares em etnobiologia, etnoecologia e
plantas medicinais.Cuiabá: Unicen, p.149-15, 2003.
MOURA, C.L.; ANDRADE, L.H.A. 2007. Etnobotânica em quintais urbanos nordestinos: um
estudo no bairro da Muribeca, Jaboatão dos Guararapes, PE. Revista Brasileira de
Biociências, 5(1): 219-221.
MMA (Ministério do Meio Ambiente). Portaria IBAMA nº 37-N, de 03 de Abril de 1992.
Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção. Ministério de Meio
Ambiente, 1992. Disponível em
http://www.mma.gov.br/estruturas/179/_arquivos/179_05122008033627.pdf. Acesso em maio
2015.
NÓBREGA, C. C., Análise de áreas verdes urbanas em Patos, Paraíba. Monografia
(Graduação) Curso de Engenharia Florestal. CSTR/UFCG, Patos – PB, p.63,.2013
OLIVEIRA, C., Levantamento Etnobotânico Na Comunidade Bola Verde, Teofilândia,
Cruz das Almas, Bahia. Monografia (Graduação)-Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia, Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas, Cruz das Almas, p. 43, 2012.
OLIVEIRA, F. Q.; GONÇALVES, L. A. Conhecimento sobre plantas medicinais e
fitoterápicos e potencial de toxidade por usuários de Belo Horizonte, Minas Gerais. Revista
Eletrônica de Farmácia, v.3, n.2, p. 36-41, 2006.
64
PASSOS, L. A.; SATO, M. Educação Ambiental: o currículo nas sendas da Fenomenologia
Merleau-pontyana. In: SAUVÉ, L.; ORELLANA, I.; SATO, M. (dir.) Sujets choisis em
éducation rlative à I‟environnement – D‟une Amérique à I‟autre. Montréal: ERE-UQAM,
Tome I: p. 129-13, 2002.
Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais; Secretaria da
Educação Fundamental - Brasília/São José dos Campos: MEC/SEF/UNIVAP. 2001, p.
220 - 273.
PEREIRA, C. O; LIMA, E. O; OLIVEIRA, R. A. G; TOLEDO, M. S; AZEVEDO, A. K. A,
GUERRA, M. F; PEREIRA, R. C. Abordagem etnobotânica de plantas medicinais utilizadas
em dermatologia na cidade de João Pessoa-Paraíba, Brasil. Rev. Bras. Pl. Med, v.7, p9-17,
2005.
PEREIRA, M. C.; DEFANI, M.A. Plantas Medicinais: Modificando Conceitos. P.07, 2007.
Disponível em:
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_marli_candid
o_pereira.pdf Acesso em 15/10/2015.
PERH-PB. Plano estadual de Recursos Hídricos. João Pessoa-PB: Secretaria
Estadual de Recursos Hídricos. Disponível em CD -Rom. 2006.
PILLA, M. A. C; AMOROZO, M. C.M; FURLAN, A. Obtenção e uso das plantas medicinais
no distrito de Martim Francisco, Município de Mogi-Mirim, SP, Brasil. Acta Bot. Bras, v.20,
p789-802, 2006.
PINTO, P. P. E; AMBROZO, M. C.de M.; FURLAN, A. Conhecimento popular sobre plantas
medicinais em comunidades rurais de mata atlântica – Itararé, BA, Brasil. Acta Bot. Bras,
v.20, n.4, 2006.
PINHO, A. N.; NASCIMENTO, J. M.; SANTOS, F. J. L.; CONCEIÇÃO. Aspectos da
Comercialização de Plantas Medicinais por “Raizeiros” no Município de Caxias, Maranhão.
Revista de Biologia e Farmácia. V. 08, n. 02, p. 27 a 34, 2012.
PRANCE, G.T. Etnobotânica de algumas tribos amazônicas. SUMA Etnológica Brasileira
Etnobiologia. 2.ed. Petrópolis, 1987. p. 119134.
REIS, M.S.; MARIOT, A.; STEENBOCK, W. Diversidade e domesticação de plantas
medicinais. In: SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMAN, G.; MELLO, J.C.P.;
MENTZ, L.A.; PETROVICK, P.R. (Ed.). Farmacognosia:da planta ao medicamento. 5ªed.
Porto Alegre/Florianópolis: Editora da UFRGS/Editora da UFSC, p.45-74, 2003.
RICARDO, L. G. P. S. Estudos etnobotânicos e prospecção fitoquímica das plantas
medicinais utilizadas na comunidade do Horto, Juazeiro do Norte (CE). Dissertação (PósGraduação em Ciências Florestais – Ecologia e Manejo dos Recursos Florestais) - Centro de
Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), 87 f, Patos,
2011.
RODAL, M. J. N.; ARAÚJO, F. S.; BARBOSA, M. R. V. Vegetação e flora em áreas
prioritárias para conservação da Caatinga In: ARAÚJO, F. S.; RODAL, M. J. N.; BARBOSA,
65
M. R. V.(Organizadores). Análise das variações da biodiversidade do bioma Caatinga:
suporte a estratégias regionais de conservação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente,
2005. 446 p.
RODRIGUES, A.G.; CASALI, V.W. D. Plantas medicinais, conhecimento popular e
etnociência. In: RODRIGUES A.G.; ANDRADE, F.M.C.; COELHO, F.M.G., et al. Plantas
Medicinais e Aromáticas: etnoecologia e etnofarmacologia. Viçosa: UFV, p. 25-76, 2002.
RODRIGUES, V. E.G. Levantamento florístico e etnobotânico de plantas medicinais dos
cerrados na região do Alto Rio Grande - Minas Gerais. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Florestal) - Universidade Federal de Lavras, Lavras. p. 235,1998.
RODRIGUES, V.E.G.; CARVALHO, D.A. de. Levantamento etnobotânico de plantas
medicinais do domínio cerrado na região do Alto Rio Grande – Minas Gerais. Ciência
Agrotécnica, v.25, n.1, p.102-123, 2001.
SANTOS, C. A. dos. Estudo etnobotânico de plantas medicinais, alimentares e tóxicas em
comunidades do Sertão Paraibano – Brasil. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso
em Ciências Biológicas) - Faculdade de Biologia. Universidade Federal de Campina Grande,
Patos, p.98, 2011.
SAÚDE, Organização Mundial de. Cuidados Primários de Saúde. Alma Ata Genebra, 1978.
Disponível em: http//afrolib.afro.who.int/RC/RC51/pt/AFRRC51RT.1.pdf
SHIVA, V. Biopirataria: a pilhagem da natureza e do conhecimento. Petrópolis: Vozes,
2001.
SILVA FILHO, P.; SILVA, N.C. Palestras nas Escolas Municipais para Alunos do Ensino
Fundamental. 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, Belo Horizonte – 12 a 15
de setembro de 2004. Anais. 2004.
SILVA, N.C.B., REGIS, A.C.D., ESQUIBEL, M.A., SANTOS, J.E.S., ALMEIDA, M.Z. Uso
de plantas medicinais na comunidade quilombola da Barra II-Bahia, Brasil. Boletín
Latinoamericano y del Caribe de Plantas Medicinales y Aromáticas, Chile, v. 11, n. 5, p.
435-453, 2012.
SILVA, R. B. L. A etnobotânica de plantas medicinais da comunidade quilombola de
Curiaú, Macapá-AP, Brasil. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Federal
Rural da Amazônia, Belém, 2002.
SILVA, R.M., FARIA, M.T., ENCICLOPÉDIA BIOSFERA. Centro Científico Conhecer Goiânia, v.10, n.19; p. 2807, 2014.
SILVA, S.R.; BUITRÓN, X.; OLIVEIRA, L.H.; MARTINS, M.V. M. Plantas medicinais do
Brasil: aspectos legais da legislação e comércio. Quito-Equador: TRAFFIC América do
Sul/IBAMA, 2001.
SILVEIRA, A. P., FARIAS, C. C. Estudo etnobotânico na educação básica. UNISUL,
Tubarão, v. 2, n. 1, p. 14-31, 2009.
66
SOBRINHO, I.A.P.; GUIDO, L.F.E.; Oliveira, T.G. Jardim de plantas medicinais e aromáticas: a
educação ambiental valorizando o conhecimento popular. VI Encontro Nacional de Pesquisa em
Educação em Ciências. VI ENPEC. Florianópolis, Santa Catarina, 2007.
SOUSA, M. J. M.; MORAL, F. F.; NASCIMENTO, G. N. L; SOARES, N. P.;
AVERSIFERREIRA, T. A. Medicinal plants used by Itamaraty community nearby Anápolis,
Goiás State, Brazil. Acta Scientiarum Health Sciences, Maringá, v. 32, n. 2, p. 177- 184,
2010.
TEIXEIRA, A. S; MELO, J. I. M. Plantas medicinais utilizadas no município de Jupi,
Pernambuco, Brasil. Iheringia, v.61, p5-11, 2006.
TRÉZ, T.; A. E. Feyerabend, Interculturalismo e etnobiologia: algumas possíveis
articulações no ensino de Biologia. Biotemas, Florianópolis, n. 24, v. 3, set. 2010, p. 129140.
VENDRUSCOLO, G. S.; MENTZ, L. A. Levantamento etnobotânico das plantas utilizadas
como medicinais por moradores do bairro Ponta Grossa, Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
Brasil. Iheringia, Porto Alegre, v. 61, n. 1-2, p. 83-103, jan./dez. 2006.
VILELA, N.J.; MACEDO, M.M.C. Fluxo de poder no agronegócio: o caso das hortaliças.
Horticultura Brasileira, v.18, n.2, p.88-94, 2000.
VINHOLI JÚNIOR, A.J.; VARGAS, I.A. Saberes tradicionais sobre plantas medicinais:
interfaces com o ensino de botânica. Imagens da Educação, v. 4, n. 3, p. 37-48, 2014.
XOLOCOTZI, E.H. Exploración etnobotánica y su metodologia. Chapingo: S. A. G., 1971.
188p.
67
APÊNDICES
68
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CAMPUS DE PATOS
Questionário Etnobotânico de Plantas Medicinais
(Alunos)
A- Dados Socioeconômicos
1- Nome:_______________________________________________
2- Sexo:
( ) Feminino
Idade:______
( ) Masculino
3- Estado civil
( ) solteiro (a)
( ) Casado (a)
4- Filhos
( ) Sim
( ) Viúvo (a) ( ) Outro
Se sim, Quantos____________
( ) Não
5- Exerce algum tipo trabalho remunerado em horário oposto às aulas?
Caso sim, qual_______________________________________
6- Atualmente mora em: ( ) Zona Urbana ( ) Zona Rural
Descrição (bairro,sítio):______________________________
B- Plantas Medicinais
1-Você costuma utilizar remédios feitos com plantas medicinais (chás, etc.)?
Sim ( ) Não ( )
2 De onde vem o seu conhecimento sobre o uso de plantas medicinais?
( ) De conhecimento Tradicional familiar (mãe, Pai, avós,etc.)
( ) De conhecimento através da mídia (internet, televisão, rádio)
( ) De contatos com técnicos ( médicos, enfermeiros, biólogos, professores e etc).
69
( ) Outros:________________________
3- Você tem Plantas medicinais cultivada em sua própria residência (jardim, quintal, etc)? Se
sim, quais:_________________________________________
4- Quais as partes da planta que você mais utilizam em sua residência?
(
) Raízes
(
) Cascas (
) Folhas
(
) Flores
(
) Frutos
( ) Sementes
5- De que forma você usa as plantas?
(
) Lambedor
( )Cozimento (
) Xarope
(
)Compressa
(
)Gargarejo ( ) outros____________
)Xarope
(
( )chá-abafado ( )Garrafada
6- Você acredita que a planta medicinal pode causar algum dano à saúde se usada de forma
errada?
Sim ( ) Não ( )
7– Você já usou alguma planta ou remédio caseiro e sentiu-se mal, tendo algum tipo de efeito
colateral? Sim ( ) Não ( )
Se sim, qual? __________________________________________________________
8- Quando precisa ultilizar alguma planta medicinal, você consegue-a de qual forma:
( ) Cultivo próprio
( ) Locais abertos
( ) visinhos e parentes ( ) compra (feiras, farmácia)
( ) Outros:________________________
C: Plantas Medicinais x Ensino
1-Você acha que o seu Conhecimento sobre plantas medicinais pode contribuir de alguma
maneira para sua formação escolar?
( ) Sim ( )Não
2-De que forma você acha que seu conhecimento sobre as plantas medicinais poderia ser
utilizado nas aulas de biologia?
( ) A partir das plantas medicinais conhecidas pelos alunos o professor poderia abordar
conteúdos da botânica (morfologia das plantas, taxonomia...)
( ) Os professores poderiam abordar plantas medicinais através do conteúdo de diversidade
de espécies biológicas.
( ) Em aulas práticas através do cultivo de uma horta, ou de plantas medicinais trazidas pelos
alunos.
( ) Outros:______________________________________________
70
3. Você já tinha ouvido falar no termo Etnobotânica anteriormente?
4- Em aulas de Biologia anteriores de que maneira o conhecimento sobre plantas medicinais
já foi abordado?_____________________________________________________________
______________________________________________________________________
D: Responda o quadro Abaixo:
1. Cite algumas Plantas medicinais que você ultiliza ou já ultilizou em sua
residência:
Nome das Plantas
Parte da planta utilizada
Indicações
Medicinais
(folha,raiz,cascas,frutos,semente,flores)
71
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CAMPUS DE PATOS
Questionário Etnobotânico de Plantas Medicinais (Pais)
A- Dados Socioeconômicos
1-Nome:_________________________
2-Sexo: ( )Feminino idade:______
( ) Masculino
B- Plantas Medicinais
1 Você costuma usar remédios feitos com
plantas medicinais?
Sim ( ) Não ( )
2
3- Estado civil
( ) Solteiro (a)
( ) Viúvo (a)
( ) Casado (a)
( ) Outros
4-Filhos: se sim, quantos____
( ) Sim
( ) Não
5-Profissão?
_________________________
6- Atualmente mora em:
( ) Zona Urbana ( ) Zona Rural
(bairro,sítio):__________________
8-Há quanto tempo reside no local?
( ) Recente
( ) Entre 2 a 10 anos
( ) Entre 10 a 30 anos
( ) Entre 30 a 50 anos
( ) Mais de 50 anos
( ) Não lembra
9 – Nível de escolaridade
( ) Não chegou a Estudar
( ) Fundamental Imcompleto
( ) Fundamental Completo
( ) Médio Imcompleto
( ) Médio Completo
( ) Superior Imcompleto
( ) Superior Completo
Há quanto tempo utiliza plantas
medicinais?________________
3 De quem herdou os conhecimentos sobre o
uso das plantas medicinais?
( ) Pais
( ) Avós
( )TV
( ) Rádio ( ) Livros ( ) Outros
4 Quais as partes da planta que você mais
usa?
( ) Raízes ( ) Cascas ( ) Folhas
( ) Flores ( ) Frutos ( ) Sementes
5 De que forma usa as plantas?
( )chá-abafado( )Garrafada( ) Lambedor
( )Compressa ( )Xarope ( )Gargarejo
( )Cozimento ( ) outros____________
6- Quando precisa ultilizar alguma planta
medicinal, você consegue-a de qual
forma:
( ) Cultivo próprio ( )visinhos e parentes
( ) compra (feiras, farmácia)
( ) Locais abertos
Outros:________________________
7 - Você acredita que a planta medicinal
pode causar algum dano à saúde se
usada de forma errada?
Sim ( ) Não ( )
72
8 - Você já usou alguma planta ou remédio
caseiro e queixou-se de algum efeito
colateral?
Sim ( ) Não ( )
Se sim, qual? ___________________
CITE AS PLANTAS MEDICINAIS QUE VOCÊ UTILIZA OU JÁ UTILIZOU:
Nome da Planta
medicinal
Parte da Planta utilizada
(folha,raiz,cascas,frutos,semente,flores)
Indicações
73
APRESENTAÇÃO
Pesquisas
relacionadas
à
área
de
Etnobotânica apresentam uma crescente busca de
resgate no mundo contemporâneo, possuindo uma
forte vertente na área econômica, onde os
produtos à base de plantas de forma natural ou
industrializada têm apresentado grande valor,
principalmente
na
área
fitoterápica
e
fitofarmacêutica. Um em cada quatro produtos
vendidos nas farmácias é fabricado a partir de
materiais extraídos de plantas das florestas
tropicais ou de estruturas químicas derivadas
destes vegetais (GARCIA, 1995).
Além disso, a abordagem ao estudo de plantas
medicinais a partir de seu emprego por sociedades
autóctones, de tradição oral, pode, pois, dar muitas
informações úteis para a elaboração de estudos
farmacológicos, fitoquímicos e agronômicos sobre
estas plantas, com uma grande economia de tempo e
dinheiro. Ela permite planejar a pesquisa a partir de
um conhecimento empírico já existente, e muitas
vezes consagrado pelo uso contínuo, que deverá
então ser testado em bases científicas (AMOROZO,
1996).
Estudos etnobotânicos associados a técnicas
como a histoquímica podem trazer resultados
significativos, atribuindo ou não uma indicação
terapêutica a certas plantas utilizadas como
medicinais. (SILVA; FARIA, 2014).
Diante dessa demanda a Política Nacional de
Plantas Medicinais e Fitoterápicos, implementada
(PNPMF) por meio do Decreto nº 5.813, em 2006,
estabelece ações voltadas à garantia do acesso
seguro e uso racional de plantas medicinais e
fitoterápicos no Brasil. As diretrizes da PNPMF
relacionadas aos recursos humanos, propõem junto
ao MEC a inserção do tema Plantas Medicinais no
ensino formal em todos os níveis (Brasil, 2006).
REALIZAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS
BIOLÓGICAS
CAMPUS DE PATOS
REFERÊNCIAS:
GARCIA, E. S. Biodiversidade, Biotecnologia e Saúde. Cad.
SaúdePúbl., v. 11, n. 3, p. 495-500, 1995.
AMOROZO, M. C. M. 1996. A abordagem etnobotânica na
pesquisa de plantas medicinais. In : DI-STASI, L. C. Plantas
medicinais:arte e ciência; um guia de estudo interdisciplinar. São
Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, pp. 47-67.
SILVA, R.M., FARIA,M.T.,ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro
Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2807, 2014.
MARINHO, M.G.V; GUEDES, A.F; MEDEIROS, J.X., Remédios
caseiros e o potencial de plantas medicinais. Patos, 2009.
Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e
Insumos Estratégicos. (2006). Política Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos. Brasília: Ministério da Saúde, p. 60.
A fitoterapia no SUS e o Programa de Pesquisa de Plantas
Medicinais da Central de Medicamentos, 1 ed, 2006.
Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/fitoterapia_no_sus.pdf
LORENZI, H; MATOS, F.J.A, Plantas medicinais no Brasil:
nativas e exóticas cultivadas. São Paulo: Instituto Plantarum,
2002.
“Salvem Plantas que Salvam Vidas”...
Quem planta uma árvore planta uma
esperança. Lucy Larcom
74
ALGUNS CUIDADOS NECESSÁRIOS AO SE
UTILIZAR PLANTAS MEDICINAIS:
 Na preparação dos chás procure não ferver flores ou
folhas (partes moles), pois a partir desse procedimento o
chá perde sua ação medicamentosa, ultilize o chá infuso
ou abafo. (colocando água fervente sobre as mesmas em
um recipiente, tampando-as durante 5 minutos).
 Utilize a dedocção ou cozimento para partes duras
da planta (cascas, raízes, sementes) em água, mantendose o recipiente tampado em ebulição durante 10 a 15
min.
 Não misture chás com medicamentos, pois a reação
pode ser perigosa, inclusive levar a morte.
 Ao tomar remédio caseiro, se não houver melhora,
procure evitá-lo e consulte um médico.
 Os remédios caseiros preparados com água devem
ser consumidos no prazo de24 horas para evitar a
contaminação ou alterações químicas.
 O uso contínuo de uma planta deve ser evitado.
Recomendam-se períodos de uso máximo entre 21 e 30
dias, intercalados por um período de descanso entre
quatro e sete dias, permitindo que o organismo
desacostume-se e, também, para que o vegetal possa
atuar com toda a eficiência.
 Normalmente utiliza-se de uma a duas colheres de
chá de erva seca ou fresca, para cada xícara de chá de
água, quando se vai ingerir.
ALGUMAS PLANTAS COM PRINCÍPIOS
ATIVOS COMPROVADOSCIENTÍFICAMENTE:
Nome
Popular
Nome
Científico
Comprovações
Marcela
Achyrocline
satureioides
(Lam..)DC
Ação antiflamatória,
analgésica e relaxante
muscular.
Aroeira
Colônia
Pega Pinto
Guaco
Allium
sativum L.
Ação anti-úlcera
gastrica, cicatrização
e antiinflamatório.
Alpinia
zerumbe
t(Pers.)B.L.
Burtt. &
R.M. Sm.
Boerhavia
diffusa L.
Ação anti hiper
tensiva. (baixa
pressão). Não
verificada ação
diurética.
Proteção do figado,
anti-amébica, anti
hemorragica.
Ação
broncodilatadora
(Facilita a respiração)
Ação sedativa,
tranquilizante e
relaxante.
Ação analgésica e
anticonvulsivante.
Ação inseticida e
dimunui o teor de
acuçar no sangue.
Mikania
glomerata
Spreng.
Maracujá
Passiflora
edullis Sims.
Tipi
Petiveria
alliacea L.
Sucupira
branca
Caapeba
Camomila
Hortelã
Embaúba
Alho
Myracroduo
n urundeuva
Allemão
Ação anti helmintica
(vermes e parasitas
intestinais).
Espinheira
Santa
Pterodon
emarginatus
Vogel
Pothomorph
e
umbellata(L.
) Miq.
Chamomilla
recutita (L.)
Rauschert
Mentha
spicata L.
Cecropia
glaziove
Snethlage
Maytenus
ilicifolia
Reissek
Ação antiflamatória
(inflamação, febre e
dor)
Ação antimalárica
evitando atividade
mutagênica.
Ação ansiolítica
(diminui a
ansiedade), digestivo
e sedativo.
Ação anti-helmintica
Ação antihipertensiva
(baixa pressão
arterial).
Ação anti-úlcera
gástrica, antitumoral
e anti leucêmico
(eficaz no tratamento
do câncer e tem efeito
cicatrizante).
Mentrasto
Pinha
Unha de
Vaca
Aveloz
Ageratum
conyzoídes
L.
Annona
squamosaL.
Bauhinia
forficata
Link
Euphorbia
tirucalli L.
Jucá
Caesalpinia
Ferrea Mart.
Erva cidreira
Melissa
OfficinalisL.
Cordão de
frade
Leonotis
nepetifolia
(L.) R. Br.
Cana do
brejo
Costus
spicatus(Jac
q.) Sw.
Melão de
são Caetano
Momordica
charantia L.
Quebrapedra
Phyllanthus
niruri L.
Acão Analgésica e
antiflamatória, eficaz
no tratamento de
Artrose e é Inseticida.
Ação anti helmintica
e anti reumatica.
Não verificada ação
antidiabética. (não
sendo eficaz nesse
tratamento).
Não verificado
açãoanticancerígena,
podendo ter efeito
contrário e promover
o desenvolvimento de
tumores.
Não verificada ação
antiflamatória,
analgésica e
antipirética.
Ação virustática. Não
verificada ação
hipinótica,
ansiolítica. Tóxica.
Eficaz no tratamento
de Asma brônquica,
Ação antimicrobiana.
Ação analgésica,
Anti dermatogênese
(afecções de
pele),antiespasmódic
a(diminui espasmos
no estômago).
Antidiabética,
antiviral e eficaz no
tratamento do câncer
(anti tumoral).
Ação antilitiásica
(eficaz no tratamento
de cálculo renal).
Reumatismo e ação
antiviral na hepatite
B.
75
ANEXOS
76
77
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CAMPUS DE PATOS
TERMO DE COMPROMISSO
CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO COMO SUJEITO DA PESQUISA
Eu,_____________________________________, RG ______________________________,
abaixo assinado, concordo em participar do estudo ETNOBOTÂNICA DE PLANTAS
MEDICINAIS NO ENSINO DE BIOLOGIA: UMA CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA
PÚBLICA RUMO AO RESGATE DO CONHECIMENTO POPULAR, como sujeito.
Fui devidamente informado (a) e esclarecido (a) pela pesquisadora: CRISTIANE JOARA DE
SOUSA NOBRE sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os
possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso
retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade.
Local e data:________________________________________________
Nome e Assinatura do sujeito: ____________________________________
78
MODO DE PREPARO DOS FITOTERÁPICOS E MEDICAMENTOS
ALTERNATIVOS (PRODUÇÃO CASEIRA)
Infusão: A água fervente é despejada sobre as plantas, e o recipiente tampado durante 10 a 15 minutos, e
depois filtrar. Ideal para flores e folhas. É o modo tradicional de preparar o chá. A quantidade da erva varia
segundo a espécie.
Decocção: A planta é fervida por algum tempo em recipiente tampado. Depois permanece em repouso por
alguns minutos. Esta forma é mais apropriada para raízes, cascas e sementes, porém estas devem ser
cortadas em pequenos pedaços ou esmagadas antes de serem utilizadas.
Compressa: Embebe-se um pano com uma decocção forte concentrada e aplica-se na região afetada. Os
chás quentes têm efeito sedativo sobre inchaços, nevralgias, contusões, reumatismo, gota, etc.
Shampoo de babosa: Materiais: duas colheres de sopa de babosa, 200 g de sabão de coco e 1 litro de água
filtrada ou mineral.
Modo de fazer: coloca 1 litro de água filtrada ou mineral no fogo com as duas colheres de babosa. Deixa
ferver por vinte minutos. Depois coloca o sabão de coco ralado bem fino na panela que já está no fogo, e
fica mexendo por 10 minutos. Retira do fogo, espera esfriar e coloca num recipiente. Conserva na
geladeira.
Condicionador de babosa: Materiais: meia colher de sopa de babosa, 1 litro de água, uma colher de sopa
de vinagre de maça (para cabelos pretos) ou uma colher de sopa de limão (para cabelos claros) e cinco
colheres de sopa de creme de massagem.
Modo de fazer: ferve a babosa por 20 minutos, depois côa e em seguida bate no liquidificador babosa +
creme + vinagre ou limão.
Sabonete de aroeira: Materiais: 200 g de casca de aroeira, 500 ml de água filtrada ou fervida e 1 Kg de
sabão de coco.
Modo de fazer: Cozinha 200 g de casca de aroeira em 500 ml de água filtrada ou fervida por 10 minutos.
Em seguida derrete um quilo de sabão de coco em banho-maria, depois que o sabão estiver derretido
adiciona ao mesmo o extrato de aroeira coado. Então despeja o preparado em um cano de PVC ou em uma
forma quadrada, e espera endurecer por um ou dois dias. Indicação: Espinha, limpeza de pele (Lavar o
rosto uma vez ao dia ao acordar.) e secreções e inflamações vaginais.
Bala de canela: Materiais: um quilo de açúcar, suco de dois limões, 200 g da casca da canela, 500 ml de
água filtrada, pó de canela a gosto e 20 g de manteiga.
Modo de fazer: coloca as 200 g da casca da canela juntamente com a água em uma panela para ferver por
10 a 20 minutos, até ficar concentrado, após fervido, côa e mistura com o açúcar e o suco do limão. Leve
toda a mistura ao fogo baixo, acrescentando o pó aos poucos e mexendo bem para não deixar queimar. Em
seguida despeja a bala em uma forma untada com manteiga, deixa esfriar e embala. Indicação: doenças
respiratórias.
Bala de hortelã da folha grossa: Materiais: um quilo de açúcar, suco de dois limões, 200 g de
folhas de hortelã da folha grossa e 20 g de manteiga.
Modo de fazer: lava e corta as folhas de hortelã e tritura no liquidificador. Depois mistura o
preparado com o açúcar e o suco do limão. Leve toda a mistura ao fogo baixo, mexendo bem para
não deixar queimar. Em seguida despeja a bala em uma forma untada com manteiga, deixa esfriar
e embala. Indicação: doenças respiratórias.
Fonte: GUEDES, A. F; MEDEIROS, J.X; MARINHO, M.G.V. Potencial das Plantas Medicinais e Remédios
Caseiros: Projeto Integrado De Plantas Medicinais Da Ufcg/Cstr Campus De Patos-Pb, 2009.
Download