Linha temática: promoção Ações intersetoriais e o estudo e o controle da Dengue Alzira Batista Cecilio1 A dengue é uma doença potencialmente fatal, cuja disseminação rápida atraiu a atenção das autoridades públicas brasileiras na década de 1990. Atualmente, circulam no país os sorotipos DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. A presença simultânea de dois ou mais sorotipos do Dengue vírus (DENV) na mesma área aumenta o risco de complicação da doença, tais como a febre hemorrágica da dengue (FHD) e a síndrome do choque da dengue (SCD), provocadas pela exacerbação de mecanismos imunológicos do indivíduo. As condições socioambientais do Brasil são favoráveis à dispersão dos vetores Aedes aegypti e Aedes albopictus. A transmissão transovariana ou transmissão vertical do vírus foi detectada nesse vetor, tendo sido identificada através de larvas coletadas na natureza. Armadilhas para a coleta de ovos do vetor da dengue foram recolhidas durante o período de maio de 2011 a maio de 2012 pelos agentes do controle de doenças endêmicas. A presença de DENV foi observada em 8 dos 344 pools de larvas analisados. Entre as amostras positivas, foram detectados 2 pools com DENV-1, 5 pools com DENV-2, 3 com DENV-3 e 9 com DENV-4. A taxa mínima de infecção foi 1:1099, que, embora baixa, corrobora com outros estudos descritos na literatura. A maior positividade de pools de larvas com DENV-4 (9 dos 12 pools eram positivos para DENV-4) está de acordo com resultados recentes (quarto trimestre de 2011) de amostras clínicas provenientes do município de Sete Lagoas, positivas para DENV-4 e negativas para IgM/ IgG. Os resultados sorológicos negativos para as amostras clínicas sugerem infecção primária por DENV, o que poderia explicar a ausência de casos graves da doença nos indivíduos infectados, alertando, no entanto, para a possibilidade de quadros graves nas próximas epidemias. Os levantamentos de índice (LI) realizados nos períodos chuvosos têm demonstrado infestação predial do Aedes aegypti maior que 1%. A maior importância da promoção da saúde reside na diversidade de ações possíveis para preservar e aumentar o potencial individual e social, sendo a integralidade do cuidado, a construção de políticas públicas favoráveis à vida, mediante articulação intersetorial, parte essencial da promoção à saúde. A intervenção em municípios da microrregião de Sete Lagoas, especialmente ações intersetoriais, vem sendo incrementada em 2009. Um dos grandes problemas das doenças transmitidas por vetores é conseguir a participação efetiva da população no seu controle. Tendo como base a ideia de que a aquisição de informação não significa necessariamente mudança de hábitos, GERAIS: Revista de Saúde Pública do SUS/MG Volume 1 • N˚ 1 111 1 Fundação Ezequiel Dias – Funed alzira.cecilio@funed. mg.gov.br esta pesquisa foi realizada com o objetivo de verificar o alcance das medidas que envolvem participação de diversos setores do poder público e de outras instituições, bem como o trabalho educativo realizado na região de Sete Lagoas, Minas Gerais, medindo a relação existente entre conhecimentos e práticas da população local e os resultados relativos à pesquisa e aos fatores associados à ocorrência das doenças. No caso específico da dengue, como a maioria dos criadouros de Aedes aegypti e/ou Aedes albopictus encontra-se nas residências ou em suas imediações, essa questão torna-se vital para a eficácia das medidas de controle e o estudo da circulação do vírus no vetor. A detecção dos quatro sorotipos em formas imaturas do vetor aponta para maiores riscos de quadros graves da dengue nos próximos períodos epidêmicos do município de Sete Lagoas/MG. Entretanto, o número de casos vem diminuindo em relação aos anos anteriores, evidenciando 112 que as ações intersetoriais têm repercutido positivamente. As atividades relatadas neste trabalho, desenvolvidas na comunidade, possibilitaram maior integração e assimilação de conhecimento a respeito da dengue, como pôde ser constatado na reaplicação de questionários. Houve aquisição de conhecimento sobre a dengue pelos alunos e pelos membros das comunidades participantes deste projeto. As atividades executadas foram extremamente envolventes, indicando que essa ferramenta de ensino é eficiente em tais medidas interventivas. Os resultados reforçam a ação positiva de envolvimento das comunidades no combate ao vetor, sendo a própria comunidade a força motriz para a execução da eliminação de criadouros. As ações intersetoriais contribuíram de forma positiva para a aquisição de conhecimento pela comunidade a respeito da dengue e seu mosquito vetor, podendo ser replicadas e aplicadas no sistema público das Prefeituras e das Secretarias de Saúde do Estado.