FACULDADES IBMEC P PR RO OG GR RA AM MA AD DE EP PÓ ÓS S--G GR RA AD DU UA AÇ ÇÃ ÃO OE EP PE ES SQ QU UIIS SA AE EM M ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ECONOMIA Barreiras à Entrada nos Países em Desenvolvimento Fábio Bianchini Macacchero Orientador: Prof. Dr. Alexandre Cunha Co-orientador: Prof. Dr. Arilton Teixeira Rio de Janeiro, 22 de setembro de 2005 1 Barreiras à Entrada nos Países em Desenvolvimento 1. Introdução Existe uma enorme diferença no padrão de vida atual entre países. A renda per capita dos países mais ricos é muitas vezes maior que a renda per capita observada em inúmeros países em desenvolvimento, inclusive países populosos como China, Índia ou Brasil. Para utilizar esses exemplos, a renda per capita nos EUA no ano 2000 foi, aproximadamente, treze vezes maior que a renda per capita da Índia, nove vezes maior que a da China e cinco vezes maior que a do Brasil1. Estes são poucos exemplos que revelam um abismo entre o nível de riqueza que podemos observar entre os países. Explicar porque alguns países são tão mais ricos do que outros é uma das questões mais importantes e desafiadoras para os economistas na atualidade. A Figura 1 mostra o PIB per capita por regiões nos últimos 50 anos, medido em preços internacionais2: Figura 1: PIB per capita por Regiões 35000,000 30000,000 25000,000 20000,000 15000,000 10000,000 5000,000 A. Latina 1 2 Europa Asia EUA Dados da Penn World Table, medidos em preços internacionais. Os países selecionados na Figura 1 estão enumerados na parte final do texto, em notas. 19 98 19 95 19 92 19 89 19 86 19 83 19 80 19 77 19 74 19 71 19 68 19 65 19 62 19 59 19 56 19 53 19 50 0,000 2 O processo de desenvolvimento econômico é definido como o processo de aproximação do nível de renda dos países mais ricos. Os países que conseguem reduzir a diferença de seu nível de renda em relação ao nível de renda dos países mais ricos são considerados sucessos de desenvolvimento. E aqueles que não conseguem diminuir essa diferença são fracassos de desenvolvimento. Portanto a Figura 1 mostra o processo de desenvolvimento econômico das diferentes regiões. Considerando os EUA como uma boa aproximação do nível de renda dos países mais ricos, podemos observar que a região asiática apresenta sinais de desenvolvimento nos últimos 50 anos, enquanto que a região da América Latina apresenta estagnação nesse período. Mas quais as razões que determinam o fracasso ou sucesso de desenvolvimento? Nesse trabalho vamos estudar o poder de explicação de barreiras à entrada para as enormes diferenças de renda entre os países que podem ser observadas nos dados. Exploramos o fato da existência de barreiras à entrada nos países em desenvolvimento aumentarem o preço relativo dos bens de capital em relação ao preço dos bens de serviço, diminuírem a produtividade do trabalhador e dos níveis da “Produtividade Total dos Fatores” (TFP) 3. Para definir a TFP, como iremos mostrar no Capítulo 2, utilizamos a função que representa a produção de uma economia nos modelos econômicos. A produção final de uma economia é proveniente de três variáveis: capital, trabalho e a produtividade total dos fatores (TFP). Na produtividade total dos fatores está contabilizado tudo aquilo que não pertence ao capital nem ao trabalho. Portanto a TFP corresponde a eficiência da produção de uma economia, do progresso tecnológico ou da adoção das tecnologias mais produtivas existentes e aos fatores para os quais não temos teoria e não estão incluídos nas relações do capital e do trabalho. A relação produto por trabalhador nos países mais ricos chega a ser vinte vezes maior que nos países mais pobres. Ou seja, o trabalhador de um país rico é muitas vezes mais produtivo que o trabalhador de um país pobre. Existem duas variáveis que determinam a produtividade do trabalhador de um país: a TFP e a taxa de capital por trabalhador. Contudo, a taxa capital por trabalhador também é afetada pela TFP. Portanto a TFP 3 Utilizarei o termo TFP – em inglês – para Produtividade Total dos Fatores nesse texto para facilitar, já que o termo é comumente usado nos modelos econômicos. 3 determina a produtividade do trabalhador de forma direta e também de forma indireta, através de sua influência sobre a taxa capital por trabalhador. As evidências, como vamos mostrar, atribuem a TFP a maior parte das diferenças observadas entre a produtividade dos trabalhadores dos países mais ricos e dos países mais pobres. Diferenças na taxa capital por trabalhador correspondem apenas a uma pequena parte das diferenças observadas na relação produto por trabalhador. Ou seja, os trabalhadores nos países mais ricos são mais produtivos porque a TFP dos países mais ricos é maior. Ao estudar barreiras à entrada, devemos ter em mente suas implicações mais importantes. O principal fator para o crescimento da TFP das economias é a melhoria das tecnologias utilizadas na produção e do “conhecimento utilizável”, como definido por Kuznets (1996). A boa utilização desse conhecimento pode explicar o crescimento da TFP de um país e, conseqüentemente, de sua produtividade, mas não explica porque os países mais ricos possuem um valor para TFP muitas vezes maior que países mais pobres. Os custos de adoção, assim como as especificidades necessárias para utilização das novas tecnologias, não são capazes de explicar tamanhas diferenças de produtividades. A conclusão é que esse conhecimento utilizável e as mais novas e produtivas tecnologias não são explorados nos países em desenvolvimento tão bem quanto nos países mais ricos. A razão que impossibilita uma boa exploração de uma economia em desenvolvimento do conhecimento utilizável e a adoção de novas tecnologias é a existência de restrições à competição. A existência de uma resistência impede a adoção de novas e mais produtivas tecnologias e melhor aplicação e exploração do conhecimento utilizável para as nações em desenvolvimento se tornarem mais produtivas e mais ricas. Para estudar os efeitos de barreiras à entrada, vamos utilizar um modelo com dois setores4. Assumimos a existência de barreiras à entrada no primeiro setor e a existência de membros organizados em uma coalizão que impedem os demais produtores de adotarem novas tecnologias. A presença de barreiras à entrada concede poder de monopólio para esses membros da coalizão, que tem o poder de bloquear tecnologias mais novas e mais produtivas e podem extrair renda desse poder de monopólio. Apenas um setor dessa economia está sujeito a barreiras à entrada e ao poder de monopólio, o setor de 4 O modelo que esse texto segue corresponde ao modelo do texto “Barriers to Entry and Development”, de Herrendorf e Teixeira (2005). 4 manufaturas. Assumimos que o segundo setor, o de serviços, possui liberdade à entrada. Portanto a tecnologia utilizada na produção dos bens de uma economia que possui barreiras à entrada é determinada pelos membros da coalizão, que podem extrair renda deste poder de monopólio escolhendo baixos valores de TFP. Depois de mostrar o ambiente da economia utilizado no modelo, passamos a analisar as implicações causadas por barreiras à entrada que podemos observar nos dados. Encontramos evidências de altos valores de barreiras à entrada para os países mais pobres. Mostramos, através do nosso modelo, que barreiras à entrada aumentam o preço relativo do capital em relação ao preço do serviço e, por fim, mostramos que os altos preços relativos dos bens de capital nos países mais pobres diminuem o nível de renda desses países através de uma correlação significativa entre os preços relativos do capital e os níveis de renda dos países em desenvolvimento. Entretanto, para explicar as grandes diferenças de produtividade entre os países, existe uma abordagem diferente. Assim como a TFP, a taxa capital por trabalhador também possui influência na produtividade do trabalhador. Os países mais pobres possuem taxas de capital por trabalhador mais baixas que os países mais ricos, e este é um fato que leva muitos economistas a concluir que diferenças em capital - físico e humano - tornam os países mais produtivos e mais ricos. Nesse contexto, a perda de investimento gerada pela taxação do capital seria responsável pela perda de produtividade das economias dos países em desenvolvimento. A incidência de impostos sobre o capital reduziria o investimento, reduzindo também a capacidade produtiva. Os impostos fariam com que as economias mais pobres as economias mais pobres apresentassem menor taxa de capital por trabalhador e menor produto por trabalhador. Dessa forma a razão capital por trabalhador apresentaria um papel importante para explicar diferenças na produtividade do trabalhador5. Esse texto segue as evidências de que este não é o caso, ou seja, o principal fator que explica as diferenças na produtividade dos trabalhadores entre os países é a TFP. Nicoletti e Scarpetta (2003) encontraram que barreiras à entrada reduzem a TFP. Djankov (2002) encontrou que o nível de barreiras à entrada nos países mais pobres é muitas vezes maior que nos países desenvolvidos. Prescott (1997) concluiu que a TFP explica a maior 5 Esta discussão está apresentada na Seção 2.3. 5 parte das diferenças de produtividade. Cole et al. (2005) mostraram evidências que a TFP possui grande poder de explicação na estagnação da América Latina, e encontraram ainda em barreiras à competição um grande potencial para explicar as enormes diferenças nos níveis da TFP e da produtividade dos trabalhadores observados nos países da América Latina em relação aos EUA. Para mostrar os impactos de barreiras à entrada no nível de renda dos países, primeiro apresentaremos no Capítulo 2 o Modelo Neoclássico de Crescimento, na forma mais simples, sem a introdução do governo e capital humano. Utilizaremos esse modelo para mostrar quais as variáveis que permitem diferenças de renda entre os países. Verificamos ainda nesse capítulo se podemos observar nos dados as possibilidades da teoria econômica para gerar essas diferenças de renda. No Capítulo 3, vamos utilizar um modelo econômico no qual a existência de uma coalizão concede aos seus membros poder de monopólio para extrair renda, obtida através da escolha de baixos valores de TFP. Isto faz com que os produtos desta economia não sejam produzidos com a máxima eficiência e a existência de barreiras à entrada torna os preços relativos do capital mais altos em relação ao preço dos bens de serviço. No Capítulo 4 vamos levar o modelo utilizado no Capítulo 3 aos dados, e vamos mostrar que, segundo nosso modelo, os países em desenvolvimento apresentam altos níveis de barreiras à entrada. Calculamos, através de nosso modelo, a diferença do nível de renda de cada país em relação aos EUA que é determinada pela existência de barreiras à entrada e encontramos que grande parte das diferenças de renda observadas entre os países são determinadas por barreiras à entrada. Ainda no Capítulo 4, mostramos que a correlação dos preços relativos do capital com o nível de renda nos países em desenvolvimento é significativa, e possui um valor alto (coeficiente da regressão igual a 2.41). Mostramos ainda que a correlação dos preços relativos do capital nesses mesmos países com o nível de renda determinado por barreiras à entrada, calculado segundo nosso modelo, é significativa, mas com um valor muito menor, (coeficiente da regressão igual a 1.32). Indicando que barreiras à entrada não possuem um efeito linear sobre os níveis de renda e que os preços relativos possuem correlação tanto com a renda determinada por barreiras à entrada quanto com o nível de renda efetivamente 6 observado nos países em desenvolvimento. No Capítulo 5 concluímos o que foi estudado e os resultados obtidos. 2. Modelo Neoclássico de Crescimento 2.1 Estrutura Para apresentar os principais aspectos da teoria econômica, vamos utilizar o modelo neoclássico de crescimento para uma economia fechada. Neste modelo o consumidor representativo do país i segue a seguinte equação: (1) max ∑βt{ui(Cit, Lit)} onde βt é a variável de desconto intertemporal, ui é a função utilidade que representa as preferências entre consumo Cit e trabalho Lit no país i. A função de produção que determina a renda dos consumidores é a Cobb-Douglas que gera produção para consumo e investimento: (2) AitKitθLit1−θ ≥ Cit + Xit onde Cit é o consumo, Xit é o investimento, Kit é o estoque de capital, Lit é o trabalho e Ait é a TFP. A acumulação do capital é determinada pela equação: (3) Kt+1 = Xit + (1 − δ)Kt, 7 onde Ki0 é o capital inicial dado, a partir do qual ocorre a acumulação de capital. Esta equação diz apenas que o capital no período t é igual ao capital no período t - 1, mais o investimento no período t menos a depreciação. E o processo de Ait segue a fórmula: (4) Ait = ηitAt, 0 < ηit ≤ 1 onde At é a fronteira de tecnologia mundial e ηit é eficiência do país i usando a tecnologia disponível, e inclui as possibilidades de absorção dessa tecnologia. Consideramos a TFP dos EUA como uma aproximação para a fronteira de tecnologia mundial. E o crescimento da população segue: (5) Nit = (1 + ni)t onde ni é a taxa constante que determina o crescimento da população. A estrutura deste modelo pode gerar diferenças na renda, no longo prazo, de duas formas: (a) através de diferenças na relação capital por trabalhador, que neste modelo é determinado por diferenças nas preferências de cada país, e (b) pela variável de eficiência na absorção de tecnologia η. Neste modelo o capital é determinado pelo investimento e o investimento depende do nível de poupança. Assim a primeira opção indicaria que diferenças no nível de renda dos países seriam determinadas pela proporção da renda que é poupada pelos trabalhadores. Diminuindo a propensão ao consumo e aumentando a proporção da renda que é poupada pelos consumidores, o resultado na economia seria maior investimento e maior produção nos períodos posteriores. A segunda forma para gerar diferenças em renda é através da TFP. A TFP dos países mais ricos é determinada pelo progresso técnico gerado pelo setor produtivo desses países. Dessa forma a TFP dos países mais pobres é determinada pelo grau de eficiência desses países em desenvolvimento na absorção das tecnologias mais produtivas existentes nos países mais ricos. Ou seja, diferenças na capacidade de um país em utilizar de forma 8 mais eficiente as tecnologias e as práticas mais produtivas dos países mais ricos gera diferenças em seus níveis de renda. 2.2 Implicações Nesse modelo neoclássico que apresentamos, o nível de renda no estado estacionário (steady state), estado no qual as variáveis crescem a uma taxa constante, é determinado pelo nível de poupança, que também determina o nível de investimento. Este nível pode mudar de acordo com algumas políticas, como o sistema tributário. Contudo existem poucas evidências de que os países ricos são ricos por poupar uma parte maior de sua renda. Medindo em preços domésticos, os países mais ricos tiveram maiores taxas de investimento de seu produto em alguns períodos, e investiram menos em outros. O Fundo Monetário Internacional (FMI) mostra que, no período 1960-1992, a taxa média de investimento do produto foi em torno de 20% tanto para os países mais ricos quanto para os mais pobres. Embora, no período 1960-1974, os países mais ricos tenham investido uma fração maior de sua renda, essas diferenças na fração do produto investidas pelos países não resultaram em diferenças na renda per capita. No período de 1975-1992, os países mais ricos investiram uma parcela menor do seu produto total. Portanto existem poucas evidências de que os países mais ricos são ricos porque investem uma parte maior de sua renda. Uma outra questão importante sobre o modelo neoclássico de crescimento que apresentamos é que este supõe que o preço dos bens de capital em relação aos bens de consumo é constante entre os países, com exceção para distorções como a incidência de impostos quando introduzimos o sistema de governo no modelo. Entretanto, este é um fato que, conhecidamente não ocorre na realidade. Os dados que apresentamos nesse texto não correspondem a esta suposição. Summers e Heston (1988) e Easterly (1993) mostram que, de fato, isto não ocorre e mostram também que os preços dos bens de capital em relação aos bens de serviço são significativamente mais altos nos países mais pobres. 9 Desse fato, poderia se concluir que a taxa capital em relação ao produto é menor nos países mais pobres devido ao menor investimento e isto seria responsável pelas diferenças na taxa de produto por trabalhador e, portanto, diferenças no nível de renda dos países. Prescott (1997) mostra que as evidências são contrárias a esta afirmação. Segundo seu estudo, diferenças na produtividade do trabalhador correspondem muito pouco (apenas 11%) devido a diferenças na taxa de investimento do produto total enquanto a maior parte (89%) ocorrem devido a diferenças no produtividade total dos fatores. Diferenças na taxa de investimento em relação ao produto total determinam uma pequena parte das diferenças observadas na relação produto por trabalhador. O fator determinante que explica as diferenças observadas na produtividade do trabalhador entre os países é a produtividade total dos fatores. Portanto a primeira hipótese do modelo neoclássico apresentado para diferenças do nível de renda nos países é o nível de poupança e investimento. Existe pouca evidência de que diferenças na fração da renda que é investida pelos países possa explicar as diferenças no nível de renda observados entre os países. Neste texto, focamos nossa atenção para a segunda hipótese, diferenças na TFP. 2.3 Produtividade e TFP Em nosso modelo neoclássico, a produtividade por trabalhador de um país é afetada por duas variáveis: a TFP e a razão capital por trabalhador. Entretanto, a TFP afeta a produtividade do trabalhador direta e indiretamente, pois a TFP também afeta a razão capital produto. Para entender melhor a influência da TFP na produtividade observamos as equações seguintes, que mostram a relação direta da TFP com a produtividade do trabalhador: θ Yit Kit (6) At Lit Lit Yit Kit (7) ηitAt Lit Lit θ 10 A equação 6 descreve a influência direta da TFP na produtividade dos trabalhadores dos países mais ricos, aqueles que estão próximos da fronteira tecnológica mundial. Ou seja, os países que utilizam as práticas, o conhecimento e as tecnologias mais produtivas existentes. E a equação 7 descreve a influência direta da TFP e da eficiência na absorção dessas tecnologias e estruturas produtivas na produtividade do trabalhador nos países em desenvolvimento. No modelo que vamos estudar no Capítulo 3, a existência de barreiras à entrada gera perda de produtividade através de uma resistência na adoção das novas tecnologias que são geradas constantemente nos países mais ricos. Cada país i possui seu nível de eficiência, a variável ηi que descreve a eficiência do país i na adoção dessas tecnologias. Podemos observar pela equação 4 do modelo neoclássico de crescimento que a TFP dos países mais pobres é mais baixa devido existência de uma ineficiência desses países em utilizar as tecnologias mais produtivas dos países mais ricos. O efeito da variável η representa os efeitos nas economias mais pobres da perda de eficiência gerada por restrições a competição que estudaremos no Capítulo 3. Contudo, a TFP possui ainda uma influência indireta na produtividade do trabalhador, pois a TFP afeta também a razão capital por trabalhador. Como esta razão capital por trabalhador também afeta a produtividade, como podemos ver nas equações 6 e 7, a TFP também possui uma influência indireta na produtividade do trabalhador. A equação estacionária que descreve a acumulação de capital no modelo neoclássico é representada pela equação: 1/ θ1 Kt 1 (1 γ)(1 n)/β (1 δ) (8) Lt 1 θηA Onde γ é a taxa de crescimento da TFP, n é a taxa de crescimento da população, β é o desconto intertemporal e δ é a taxa de depreciação do capital. Essa equação mostra que a razão capital por trabalhador é afetada pelo nível da TFP e eficiência na adoção de tecnologias além do valor dos outros parâmetros incluídos na equação. Nesta equação podemos ver a TFP também possui efeito sobre a razão capital por trabalhador. Portanto a TFP afeta a produtividade do trabalhador diretamente, como vimos 11 nas equações 6 e 7, e também indiretamente através de seu efeito na razão capital por trabalhador, como podemos ver na equação 8. A razão produto por trabalhador, a TFP e a razão capital-trabalho são três relações que apresentam grandes diferenças nos dados entre os países mais pobres e os países mais ricos. A razão produto por trabalhador é muitas vezes maior em países mais ricos e desenvolvidos que em países em desenvolvimento. Da mesma forma, a razão capital por trabalhador também é maior nos países mais ricos e é uma importante razão porque os trabalhadores nos países mais ricos são mais produtivos e, portanto, mais ricos. Entretanto, as grandes diferenças encontradas no produto por trabalhador não podem ser contabilizadas por diferenças na razão capital por trabalhador. Pelo menos não de forma majoritária. A maior parte da diferença encontrada na produtividade dos trabalhadores é decorrente da TFP. O impacto líquido da TFP sobre a produtividade deve ser calculado pela sua influência direta e indireta. Esse resultado total é que mostra que a TFP possui influência determinante nas diferenças de produtividade do trabalhador. Prescott (1997)6 encontrou que, mesmo com a inclusão de capital intangível, os resultados continuam os mesmos. A TFP continua explicando a maior parte das diferenças de produtividade entre os países mais ricos e os países mais pobres. Cole et al. (2004) em sua análise da estagnação da América Latina concluiu que a TFP é o fator dominante para a distância de produtividade entre os trabalhadores da América Latina em relação aos EUA. A maneira que estes estudos calcularam esse efeito foi diferente, mas ambos chegaram a conclusões semelhantes, a TFP é determinante nas diferenças observadas na produtividade do trabalhador entre os países mais ricos e os países mais pobres. 3. Modelo Econômico O modelo utilizado nesse trabalho segue o modelo de Herrendorf e Teixeira (2005). Esse modelo possui dois bens de consumo: serviço (s) e manufaturados (m). O novo capital investido corresponde a (x). A existência de barreiras à entrada concede poder de 6 Para um estudo mais aprofundado destes resultados ver “Needed: A Theory of Total Factor Productivity”, Edward Prescott (1997). 12 monopólio para um grupo de membros que formam uma coalizão e podem bloquear a adoção de novas tecnologias pelos outros produtores. A existência de barreiras ocorre apenas no setor de manufaturas. Nesse texto, não vamos resolver o modelo. Para melhor análise dos resultados das implicações e da resolução do modelo, ver Herrendorf e Teixeira (2005). 3.1 Condições As preferências dos consumidores são representadas pela seguinte função de utilidade: (9) ∑ β u(st, mt), t s u(s , m ) t t α t 1ρ m1tα 1 1 ρ onde, β є (0,1) é o fator de desconto intertemporal, α є (0,1) é a parte gasta com bens de serviços, ρ є (0,1) é a elasticidade intertemporal de substituição inversa do consumidor entre manufaturas e os bens de serviço. O estoque de capital é dado pela mesma equação (2) do modelo neoclássico: (10) kt+1 = (1 - δ)kt + xt onde δ є (0,1) é a taxa de depreciação e k0 é o capital inicial. Os bens são produzidos nos setores finais e intermediários. Em todos os setores, a produção possui retornos constantes de escala. Os setores finais dos bens são: o setor de manufaturados que produz bens de consumo e o novo capital x, e o setor de serviço que produz bens de serviço. Os setores intermediários são de i tipos, onde i є (0,1): o setor i produz o bem zi. A tecnologia do setor de serviço é representada por: 13 1 (11) st < A(kst)θ(γtlst)1- θ , lst lsot lsitdi 0 onde kst é o capital alocado no setor de serviço, lst é o trabalho total alocado no setor de serviço, lsit é o trabalhador monopolista do tipo i alocado no setor de serviço e lsot é o trabalhador fora do monopólio alocado no setor de serviço. A > 0 é a TFP do setor de serviço, θ є (0,1) é a participação do capital na produção, γ - 1 є [0, ∞) é a taxa de crescimento exógena do progresso tecnológico do trabalho. No setor de serviços o trabalhador monopolista é um substituto perfeito do trabalhador fora do monopólio. A tecnologia no setor manufaturado é representada por: 1 1 1 (12) mt xt zit di 0 onde μ > 0 é uma constante que determina a quantidade de mt e representa a relação entre manufaturas e o capital. Em equilíbrio, μ terá um valor constante e corresponderá ao preço relativo das manufaturas (mt) em relação ao preço do capital (x), zit é a quantidade do produto intermediário do setor i, σ é a elasticidade de substituição entre bens intermediários diferentes. Para terminar o modelo, existe ainda a tecnologia do setor intermediário i. Assumimos que membros do tipo j ≠ i não oferecem trabalho a este setor intermediário. Isto simplifica a notação e não gera perda de generalidade porque estaremos buscando o equilíbrio simétrico com respeito a diferentes tipos de membros e setores diferentes. A produção total dos bens dessa economia possuirá duas tecnologias diferentes: a tecnologia dos membros da coalizão que detêm o poder de monopólio e a tecnologia daqueles que não pertencem à coalizão: (13) zt bit kzit γ t lzit θ 1θ 1 ωkzot γ t lzot θ 1θ 14 onde zt é a quantidade total do bem intermediário produzido na economia, lzit e kzit são o trabalho e o capital alocados na tecnologia dos monopolistas. lzit e kzot são análogos para a tecnologia dos produtores que não fazem parte da coalizão, bit representa o grau de ineficiência dos membros da coalizão e ω representa o nível de barreiras à entrada que os produtores que não fazem parte da coalizão se deparam quando decidem entrar no setor i. O caso onde não há qualquer barreira à entrada é bit = 1 e ω = 0. Nesse caso, as tecnologias são idênticas e o modelo se torna o modelo padrão de dois setores. A existência de barreiras à entrada corresponde ao caso onde ω < 1 e bit endógeno. Interpretamos esse caso como as restrições institucionais que aqueles que não fazem parte do monopólio se deparam quando tentam entrar no setor intermediário i. Essas restrições são expressas como parte do produto perdido caso haja a produção do bem intermediário com a tecnologia fora do monopólio. Os membros da coalizão podem extrair renda explorando o poder de monopólio resultante das barreiras à entrada no setor intermediário. No período t - 1 os membros do setor intermediário i escolhem, coletivamente, sua TFP do período t (que corresponde ao valor de bit). A escolha é simultânea a todas as outras escolhas do período t - 1. Essa especificação é consistente com baixos níveis de TFP resultante do uso de tecnologias ineficientes ou uso ineficiente de uma dada tecnologia. Os países em desenvolvimento apresentam valores de TFP e da produtividade do trabalhador muito inferiores aos valores dos países mais ricos. A fronteira tecnológica ou as regras e práticas de trabalho mais eficientes estão disponíveis uma vez que as inovações foram geradas nos países mais ricos e tornadas bens públicos. Os outros países podem adotar essas inovações e não possuem os custos para gerá-las. A hipótese da ausência de custo pode simplificar, mas não é o motor dos nossos resultados pelo fato dos membros da coalizão, mesmo podendo escolher o valor máximo da TFP sem custo adicional, optarem por níveis mais baixos de TFP e poderem extrair renda desta escolha. 15 3.2 Equilíbrio e Análise Teórica O equilíbrio sem barreiras à entrada ocorre quando ω = 0 e bt = 1, Ps = A-1, e o estoque de capital e o produto de todos os setores crescem a taxa γ – 1. Um aumento em ω corresponde a um aumento nas barreiras à entrada e do poder de monopólio dos membros da coalizão. O equilíbrio na presença de barreiras à entrada ocorre quando ω є [0,1), bt є (ω,1), Ps = (1 - ω)A-1, e o estoque de capital e o produto de todos os setores crescem a taxa γ – 1. Como resultado temos que o nível de renda em equilíbrio na presença de barreiras à entrada é menor que no equilíbrio com livre entrada, assim como a taxa de investimento medida em preços internacionais, a TFP no setor de bens intermediários e a TFP agregada. Na presença de barreiras à entrada o preço dos bens de capital em relação ao preço dos bens de serviço é maior. As taxas de crescimento das variáveis reais e da taxa de investimento medida em preços domésticos são independentes da existência de barreiras à entrada. Portanto barreiras à entrada reduzem a TFP e aumentam o preço do bem intermediário em relação ao preço dos bens de serviço. Os membros da coalizão não podem aumentar diretamente o preço relativo do bem intermediário, este é determinado em perfeita competição. Mas os preços podem ser escolhidos indiretamente através da escolha de um baixo valor para TFP. Dada a demanda inelástica por bens intermediários, isto aumenta a renda real dos membros já que aumenta o preço relativo mais do que diminui seu produto marginal. O poder de monopólio dos membros é limitado pela possibilidade da entrada de não-membros no setor de bens intermediários. Caso haja a entrada, o preço relativo deve ser tal que o produto marginal dos produtores fora da coalizão no setor intermediário seja igual ao do setor de serviço. Assim, a escolha ótima dos membros da coalizão sobre a tecnologia faz com que aqueles que não são membros se tornem indiferentes com relação a entrar ou não entrar no setor de bens intermediários. Alguns resultados são fatos bem conhecidos na literatura de desenvolvimento econômico. O fato de economias mais pobres terem uma taxa menor de capital-produto é mostrado por Summers e Heston (1996). O fato de países mais pobres possuírem preços relativos dos bens de capital mais alto é mostrado Easterly (1993) e Jones (1994). Os níveis 16 mais baixos de TFP apresentados pelos países mais pobres tem sido discutidos mais recentemente, como mostram Prescott (1998), Hall e Jones (1999), Cole, Ohanian, Riascos e Schimitz (2004) para a América Latina, Hsieh e Klenow (2003) e Casseli e Coleman (2003). Nicoletti e Scarpetta (2003) mostram uma correlação negativa entre regulação do mercado e a TFP, e mostram ainda que a existência de barreiras à entrada é o principal elemento da regulação do mercado. Alesia et al (2003) mostra um resultado parecido, através de uma relação negativa entre investimento e regulação do mercado. 4. Análise dos dados Vamos levar agora nosso modelo aos dados para verificar as implicações da presença de restrições à competição em uma economia segundo nosso modelo. 4.1 Definição dos Parâmetros A calibragem dos valores dos parâmetros também segue Herrendorf e Teixeira (2005). Assume-se que os países mais ricos, aqueles com maior renda per capita possuem livre entrada. Os dados utilizados são da Penn World Tables, estudo de 1996. Dos 115 países da PWT96 foram excluídos aqueles com menos de um milhão de habitantes, restando 98 países. Considerando que os dez por cento dos países mais ricos possuem liberdade à entrada, com 98 países esse valor corresponde aos dez países mais ricos. Portanto os valores dos parâmetros foram calculados de forma a representar os valores dos parâmetros de uma economia com liberdade à entrada. Esses valores são apresentados na seguinte tabela: 17 Tabela 1: Valor dos Parâmetros γ = 1.0156 ρ=1 β = 0.947 θ = 0.4 δ = 0.06 α = 0.62 A = 1.1 μ = 0.52 ω, σ є (0,1) Para γ, ρ, β e θ os valores usados foram os valores padrão dos EUA de Prescott e Cooley (1995) por dois motivos. O primeiro é que a economia dos EUA é a maior economia que possui os dados com valores confiáveis e com as melhores fontes, e segundo porque esses valores não são críticos para o resultado final do modelo. O resultado apresentado na Tabela 1 mostra os valores para os parâmetros que utilizaremos no modelo apresentado no Capítulo 3. Os valores de δ, α, A, e μ foram calibrados como a média estatística dos 10 países mais ricos. Para relembrar a definição dessas variáveis, α é a parte gasta com bens de serviços, ρ é a elasticidade intertemporal de substituição inversa do consumidor, β é o fator de desconto intertemporal, A é a TFP do setor de serviço, θ é a participação do capital na produção, γ - 1 é a taxa de crescimento exógena do progresso tecnológico do trabalho, δ é a depreciação do capital, μ determina o preço dos bens manufaturados em relação ao preço dos bens de capital e ω corresponde ao valor de barreiras à entrada. Na próxima seção vamos mostrar como determinamos o valor de ω para os diferentes países. 4.2 Definindo o Valor de Barreiras à Entrada (ω) Para descobrir os possíveis efeitos de barreiras à entrada na economia, temos que descobrir o valor de ω para cada país. Para isso, primeiro dividimos o preço relativo do capital nos países mais pobres pelo preço relativo do capital nos países mais ricos, obtendo: 18 PkP /PsP PsR PR P PR R PkR /PsR PsP onde PRP é o valor do preço relativo do capital no país pobre, ou seja, o preço dos bens de capital divido pelo preço dos bens de serviços no país pobre, PkP é o preço do capital no país pobre, PsP é o preço do serviço no país pobre, e PRR, PkR e PsR são análogos para o país rico. A relação entre o preço relativo do capital no país pobre dividido pelo preço relativo do capital no país rico pode ser observada através dos dados. Definimos o preço relativo do bem de capital no país rico como o preço relativo do capital nos EUA, que assumimos possuir liberdade à entrada, e assim podemos calcular essa relação entre o preço relativo do capital no país pobre e o preço relativo do capital no país rico para todos os países da nossa amostra. Pelo nosso modelo, o preço do serviço é definido como: Ps = (1 - ω)A-1. Maiores valores de barreiras à entrada geram um poder de monopólio maior aos membros da coalizão aumentando o preço relativo do capital e estes podem extrair maiores rendas. Dessa forma, temos o preço relativo do capital no país pobre dividido pelo preço relativo do capital nos país rico da seguinte maneira: PR P PsR 1/A P R 1 ωA PR Ps Que podemos obter: (14) ω 1 1 PR /PR R P Como consideramos os EUA como possuindo ω = 0, calculamos as médias estatísticas dos níveis de barreiras à entrada para os países mais pobres: 19 Tabela 2: Valores de Barreiras à Entrada (Médias) A. Latina ω = 0.70 (21 países) Outros ω = 0.81 (61 países) Total ω = 0.78 (82 países) Esses valores calculados, ω = 0.78 na média total, sugerem que o nível de barreiras à entrada nos países mais pobres é grande. Possivelmente esse valor se deve ao fato de atribuirmos, através da fórmula dos preços relativos do nosso modelo, que toda a diferença de preços relativos está associada a ω. Isto ocorre devido a uma grande evidência da existência de enormes barreiras à entrada nos países mais pobres e que nosso modelo determina diferenças nos preços relativos a fatores da TFP, já que atribuir diferenças nos preços relativos a fatores não relacionados a TFP levaria a implicações contra-factuais. Djankov et al. (2002) mostra evidências para esta afirmação e Hsieh e Kleonow (2003) e Herrendorf e Valentinyi (2004) apresentam evidências de que países mais pobres possuem maiores níveis de barreiras à entrada. Apesar dessas fortes evidências, tomamos dois cuidados ao analisar esses valores do nosso modelo. O primeiro é que ω representa todos os custos de entrada do modelo que utilizamos já que as firmas não estão modeladas. Isto revela que devemos ter cuidado ao comparar os custos de entrada apresentados em outros estudos ao ω do nosso modelo. E segundo, a função utilidade Cobb-Douglas implica que a taxa de serviços no consumo é representada por α, existindo ou não barreiras à entrada. O valor de α para os países mais ricos é 0.62, entretanto os países mais pobres possuem valores mais baixos para essa valor de α. E como o setor de serviços não possui distorções, isto se torna um ponto fraco do nosso modelo. 20 4.3 Resultados do Modelo Podemos explorar o modelo que utilizamos para gerar o valor da renda dos países supondo que não há barreiras à entrada nestes países. Primeiro, consideramos a economia dos EUA como uma economia com liberdade à entrada, ou seja, ω = 0, e depois com os parâmetros que calculamos das economias mais ricas na seção anterior, medimos o impacto de barreiras à entrada nas economias dos países mais pobres. O primeiro valor da tabela corresponde à média do valor que efetivamente observamos nos dados nos 82 países em desenvolvimento incluídos nesse estudo. O segundo valor corresponde à média da renda gerada pelo modelo que utilizamos para os 82 países: Tabela 3: Níveis de Renda (Médias) (PIBEUA/PIBP) N Valor observado nos dados 10.39 82 Valor gerado pelo modelo 7.72 82 Lembramos que a renda no nosso modelo é PIBR/PIBP. Ou seja, a primeira linha mostra que a renda dos EUA é 10.39 vezes maior, em média, que a renda dos países em desenvolvimento. O cálculo feito pelo modelo é utilizar os parâmetros das economias dos países mais ricos, mostrados na calibragem da Seção 4.1, e utilizar também os valores encontrados de barreiras à entrada, apresentados na Seção 4.2 e calcular o impacto na renda de cada país da existência de barreiras à entrada. O cálculo do modelo gera que, o impacto de barreiras à entrada na economia dos países em desenvolvimento é de 7.72 em média. Ou seja, segundo nosso modelo, grande parte da diferença de renda entre os EUA e os países mais pobres é gerada pelos altos níveis de barreiras à entrada observado nesses países. Quando supomos ausência de barreiras à entrada nos EUA, ou ω = 0, calculamos que esse valor para os países mais pobres é um valor alto, ω = 0.78 em média. Como vimos na Seção 3.2, o nível 21 de barreiras à entrada que os produtores encontram no setor em que decidem produzir determina os preços relativos do capital em relação ao preço de serviços. Na próxima seção vamos ver comprovar essa estrita relação dos preços relativos com a renda dos países e de que maneira podemos ver esse impacto de barreiras à entrada no nível de renda dos países em desenvolvimento. 4.4 Preços Relativos e Renda No modelo que utilizamos os preços relativos do capital são determinados por barreiras à entrada. Vamos analisar agora a correlação dos preços relativos do capital com o nível de renda dos países. Lembrando que a variável renda, que queremos explicar, está definida como a razão entre renda do país rico dividida pela renda do país pobre. Ou seja, quantas vezes os EUA é mais rico que os países mais pobres. Podemos ver a relação através da seguinte figura: Figura 2: Renda x Preços Relativos P 40 Renda = PIB /PIB 50 EUA 60 30 20 10 0 0 5 10 Preços Relativos do Capital 15 20 22 A Figura 2 mostra a razão do PIB per capita dos Estados Unidos, dividido pelo PIB per capita dos países em desenvolvimento no eixo (y) e a relação do preço relativo do capital nos países em desenvolvimento dividido pelo preço relativo do capital nos Estados Unidos no eixo (x). Podemos notar que existe uma linha de tendência que revela a existência de uma relação estrita entre os preços relativos do capital de o nível de renda dos países em desenvolvimento. Na Figura 3, repetimos o eixo (x) e colocamos o nível de renda gerado pelo modelo no eixo (y), ou seja, o nível de renda determinado pela existência de barreiras à entrada nos países, calculado pelo nosso modelo: Figura 3: Renda Gerada pelo Modelo x Preços Relativos P 40 Renda = PIB /PIB 50 EUA 60 30 20 10 0 0 5 10 15 20 Preços Relativos do Capital Como estes gráficos foram gerados dentro da mesma escala, podemos notar que a linha de tendência é mais inclinada na Figura 2. Ou seja, o impacto dos preços relativos do capital é maior na renda total dos países do que na renda que é determinada pela existência de barreiras à entrada. Na Figura 3, podemos notar ainda que o efeito dos preços relativos sobre a renda determinada por barreiras à entrada não é linear. Os efeitos de alterações nos 23 preços relativos do capital na renda gerada pelo modelo são maiores quando os valores dos preços relativos forem menores, ou seja, na parte inicial da curva. O primeiro fato que notamos pelas Figuras 2 e 3 pode ser comprovado pelas regressões apresentadas nas Tabelas 4 e 5. A Tabela 4 abaixo mostra o resultado das regressões que fizemos tomando a renda per capita dos países, como definida anteriormente, como variável dependente e preços relativos como variável explicativa, como representamos na Figura 2: Tabela 4: Regressões Renda e Preços Relativos (PIBEUA/PIBP) = C1 + C2 (PRP /PREUA) R2 - aj. n 0.27 0.48 82 0.74 0.35 0.02 21 7.09 0.35 0.45 61 Países Coeficiente (C2) Estatística-t Desvio Padrão Todos 2.41 8.76 A. Latina 0.26 Outros 2.47 Na primeira coluna temos os países incluídos na regressão e na segunda o valor do coeficiente da variável explicativa. Podemos verificar se esse coeficiente é significativamente diferente de zero pela terceira e quarta coluna, através da estatística-t e do desvio padrão. Na quinta coluna temos o R2 ajustado da regressão e na sexta o número de observações de cada regressão. O coeficiente da regressão contento todas as observações mostra como a variável dependente, renda, é afetada pela variável explicativa, preços relativos. Ou seja, o aumento do preço relativo do capital em uma unidade aumentaria a proporção da renda dos EUA em comparação com a dos países mais pobres em 2.41. Pelo valor da estatística-t vemos que esse coeficiente é significativamente diferente de zero, e que uma boa parte da estrutura da renda é capturada pelo modelo contento apenas uma variável, preços relativos do capital. 24 Apenas na regressão para a América Latina não tivemos um modelo com poder explicativo sobre a variável dependente e valor do coeficiente significativamente diferente de zero. Utilizando nível de significância de 95%, não rejeitamos a hipótese de que o coeficiente seja igual a zero apenas nessa regressão. Uma das razões para este falha do modelo pode ser o baixo número de observações, pois este dificulta a confiabilidade dos resultados. A presença de poucos “outliers” (observações distantes da linha de tendência que representa a correlação das variáveis) pode afetar bastante o resultado da regressão, especialmente quando temos poucas observações. Contudo, antes de ver o que aconteceu com a regressão para a América Latina, vamos mostrar a Tabela 5 na qual fizemos uma segunda regressão. Utilizamos a renda gerada por nosso modelo, que corresponde ao impacto na renda dos paises mais pobres dos níveis de barreiras à entrada encontrados nos dados, e observamos o nível de correlação encontrado entre essa renda gerada pelo modelo e o nível de renda existente: Tabela 5: Regressões Renda e Renda Gerada pelo Modelo (PIBEUA/PIBP) = C1 + C2 (PIBMP /PIBMEUA) R2 - aj. n 0.2 0.47 82 0.77 0.24 0.02 21 6.95 0.26 0.44 61 Países Coeficiente (C2) Estatística-t Desvio Padrão Todos 1.79 8.5 A. Latina 0.18 Outros 1.86 Podemos analisar os resultados da Tabela 5 de forma análoga à tabela 4. O coeficiente da regressão incluindo todos os países é novamente significativo. Existe uma correlação entre a renda dos países e a renda calculada pelo nosso modelo determinada por barreiras à entrada, mostrando que nosso modelo consegue capturar uma boa parte das diferenças de renda dos países. Novamente o coeficiente para os países da América Latina 25 não é estatisticamente diferente de zero indicando que nosso modelo se mostra inadequado para a América Latina. A diferença da regressão de preços relativos e da renda gerada pelo modelo como variável explicativa para o nível de renda observado é o coeficiente. Relembramos que o impacto dos preços relativos nos níveis de renda determinados pelo modelo não é linear, como pudemos ver na Figura 3 e que o nível de barreiras à entrada encontrado nos países em desenvolvimento foi de ω = 0.78, e encontramos na primeira regressão o valor do coeficiente da regressão igual a 2.41. Na segunda regressão vimos o impacto na renda que é determinado pela existência de barreiras à entrada e encontramos o valor do coeficiente igual a 1.79. Dessas duas regressões, podemos entender que uma boa parte das diferenças de renda capturadas pelo modelo é resultado de barreiras à entrada. Tanto os preços relativos, quanto a renda determinada por barreiras à entrada são correlacionadas com os níveis de renda dos países em desenvolvimento. Podemos ainda fazer uma terceira regressão para mostrar como os preços relativos determinam o nível de renda que é calculado pelo modelo para a existência de barreiras à entrada: Tabela 6: Regressões Renda Gerada pelo Modelo e Preços Relativos (PIBMP /PIBMEUA) = C1 + C2 (PRP /PREUA) Países Coeficiente (C2) Estatística-t Desvio Padrão R2 - aj. n Todos 1.32 160 0.008 0,99 82 Na regressão com todos os países da Tabela 6 encontramos o valor de 1.32 para o coeficiente dos preços relativos. Relembrando que encontramos, na primeira regressão o valor do coeficiente igual a 2.41, apresentado na Tabela 4, mostrando que o impacto dos preços relativos sobre é maior na renda efetivamente observada nos dados do que na renda do nosso modelo que é determinada pela existência de barreiras à entrada. Pudemos observar esse fato quando comparamos as Figuras 2 e 3. A linha de tendência na Figura 2 é 26 mais inclinada que na Figura 3, ou seja, o impacto dos preços relativos na renda observada é maior que o impacto dos preços relativos na renda gerada pelo modelo para a existência de barreiras à entrada. Como o nível de barreiras à entrada determina diretamente o valor da renda gerada pelo modelo, os outros valores apresentados na Tabela 6 são esperados. No nosso modelo, os preços relativos são causados por barreiras à entrada, assim como a ineficiência na produção. Liberdade à entrada significa no nosso modelo que o setor intermediário pode acessar completamente as tecnologias e se tornar mais produtivo. A existência de restrições à competição torna o preço relativo do capital mais alto e gera perda de produtividade da economia. Portanto podemos retirar das regressões que fizemos duas conclusões importantes. Primeiro, o nível de renda observado nos países é correlacionado tanto com preços relativos do capital quanto com a renda gerada pelo modelo. Estas regressões mostram que nosso modelo consegue capturar diferenças de renda entre os países e que boa parte dessas diferenças na renda observada é resultado da existência de barreiras à entrada nos países em desenvolvimento. Segundo, os preços relativos do capital possuem correlação com a renda determinada por barreiras à entrada e também com a renda efetivamente observada pelos países. Ou seja, países que apresentam preços relativos do capital elevados possuem menores níveis de renda. Como os preços do capital são determinados por barreiras à entrada podemos concluir que países que apresentam restrições à competição possuem perdas significativas de renda. Mas por que nosso modelo não pode ser aplicado na América Latina? Na próxima seção vamos tentar explicar os problemas encontrados com as regressões para os países da América Latina. 4.5 Preços Relativos e Renda na América Latina Agora, vamos procurar responder porque não tivemos os mesmos resultados para os países da América Latina que tivemos para os outros países incluídos na análise. No primeiro momento, parece que a América Latina não apresenta a mesma relação entre os preços relativos do capital e o nível de renda que encontramos nos outros países. A Figura 4 27 mostra a mesma relação dessas variáveis para os vinte e um países da América Latina, incluídos na amostra: Figura 4: América Latina - Renda x Preços Relativos P 20 Renda = PIB /PIB 25 USA 30 15 10 5 0 0 2 4 6 8 10 Preços Relativos do Capital Apenas aproximando a figura e procurando manter a escala, não conseguimos identificar a presença de possíveis “outliers” anulando a correlação entre as variáveis. Entretanto podemos dividir as observações que temos para os países da América Latina entre os países da América Central e os países da América do Sul. Relembramos que o número de países na América Latina é igual a vinte e um: doze na América Central e nove na América do Sul. Como o número de observações é bastante reduzido devemos ter maior cuidado com as conclusões, entretanto a Figura 5 apresenta a relação das variáveis apenas para os países da América Central: 28 Figura 5: América Central - Renda x Preços Relativos P 20 Renda = PIB /PIB 25 USA 30 15 10 5 0 0 2 4 6 8 10 Preços Relativos do Capital Assim como na Figura 4, não observamos nenhuma relação entre as variáveis que estamos analisando. A Figura 6 representa a relação das variáveis apenas para os países da América do Sul: Figura 6: América do Sul - Renda x Preços Relativos P 20 Renda = PIB /PIB 25 USA 30 15 10 5 0 0 2 4 6 Preços Relativos do Capital 8 10 29 Podemos observar nesta figura que os países da América do Sul apresentam uma relação parecida com aquela que observamos na Figura 2. Esses dados nos indicam que o problema não parece ser a América do Sul. Quando olhamos para a Figura 5, sem a ajuda da linha de tendência, pouco se percebe a relação entre as variáveis. Na Figura 6 essa relação entre as variáveis pode ser claramente observada. A Tabela 7 apresenta os resultados encontrados nas regressões dividindo a América Latina entre os países da América Central e da América do Sul como representado na Figura 5 e Figura 6 respectivamente: Tabela 7: Regressões Renda e Preços Relativos – América Latina (PIBEUA/PIBP) = C1 + C2 (PRP /PREUA) R2 - aj. n 0.35 0.02 21 1.23 0.33 0.05 12 2.73 1.04 0.48 9 Países Coeficiente (C2) Estatística-t Desvio Padrão A. Latina 0.26 0.74 A. Central 0.41 A. do Sul 2.21 Encontramos o valor do coeficiente da regressão para os países da América do Sul igual a 2.21. Relembrando que o coeficiente na regressão incluindo os 82 países, apresentado na Tabela 4, foi igual a 2.41. Um valor bem próximo ao encontrado na regressão da América Latina. O valor do R2 ajustado também é muito próximo ao encontrado na regressão incluindo todos os países. Apesar do baixo número de observações o resultado da regressão da América do Sul é de fato muito parecido com o resultado que tivemos no modelo completo. Portanto as evidências mostram que os países da América do Sul se encaixam no nosso modelo. Os países da América Central é que não possuem correlação significativa entre seus níveis de renda e do preço relativo dos bens de capital em relação ao preço dos bens de serviço. 30 Quando analisamos a amostra total, com os 82 países, e utilizamos a linha de tendência sobre os países da América Central notamos que cinco países se distanciam dessa linha. Quando olhamos mais de perto esses países da América Central, inadequados ao nosso modelo, podemos notar que todos eles são pequenas ilhas situadas na região do Caribe. Os cinco países que se distanciam da linha de tendência da amostra completa são: São Cristóvão e Névis, Dominica, Antigua e Barbuda, São Vicente e Granadinas, Santa Lucia e Barbados. Todos eles estão incluídos no estudo na PWT96. Por ordem decrescente, São Cristóvão e Nevis é o país mais distante da linha de tendência e Barbados o menos distante dentre eles. Os resultados que encontramos nesse trabalho levantam duas questões. A primeira, por que alguns países da América Central não se encaixam em nosso modelo? Para responder essa primeira questão, seria necessária uma análise mais profunda da economia desses países, já que não encontramos evidência de correlação entre os preços relativos do capital e os níveis de renda dos 12 países da América Central que usamos na análise, onde cinco deles se mostram distantes da linha que estabelece a relação entre as variáveis da amostra completa na qual incluímos os 82 países. Contudo essas pequenas ilhas situadas na região da América Central certamente possuem reduzida importância de suas economias e capacidade limitada de apresentar características comuns à maioria das economias em desenvolvimento que procuramos estudar. Entretanto, não apresentamos nesse trabalho maiores características dessas economias que nos permitiriam tirar maiores conclusões. Nesse capítulo concluímos que as barreiras à entrada apresentadas pelos países em desenvolvimento geram valores mais altos dos preços relativos do capital e níveis mais baixos de renda. Isso nos leva a segunda questão, por que as economias em desenvolvimento toleram barreiras à entrada e perdas sistemáticas de renda? Um dos motivos que se encontra na literatura é que a existência de uma resistência à adoção de novas tecnologias depende de arranjos políticos e de custos para se criar essas barreiras. Como esses arranjos afetam a TFP e permitem que se criem barreiras à adoção de novas tecnologias é uma questão ainda difícil de responder. Contudo, podemos identificar que as forças que se opõem ao progresso tecnológico nos países mais pobres tem sido maiores que as forças que o promovem. Isto tem gerado uma ineficiência dos países em 31 desenvolvimento em absorver a tecnologia disponível, se tornarem mais produtivos e reduzirem a diferença entre seus níveis de renda e dos países mais ricos. 5. Conclusão Nesse texto, estudamos os efeitos de barreiras à entrada nos países em desenvolvimento. Utilizamos um modelo econômico de dois setores no qual a existência de uma coalizão concede aos seus membros um poder de monopólio para extrair rendas bloqueando a adoção de tecnologias mais produtivas e escolhendo baixos níveis de TFP. A existência desse poder de monopólio torna o preço relativo dos bens de capital mais caros em relação ao preço dos bens de serviço. Os dados mostram que um trabalhador em um país rico é muito mais produtivo e muito mais rico que um trabalhador em um país pobre. O principal fator que determina essa diferença de produtividade é a TFP. Em nosso modelo, barreiras à entrada geram altos preços relativos do capital bloqueio à adoção de novas tecnologias, baixo nível de TFP na economia e baixa produtividade do trabalhador. Nesse estudo mostramos evidência da existência de barreiras à entrada com altos valores nas economias dos países mais pobres. Mostramos ainda a existência de uma correlação entre os preços relativos do capital e a renda apresentada pelos países em desenvolvimento. Isto é, nosso modelo é consistente com as evidências de que países mais pobres possuem valores mais baixos para TFP e preços relativos do capital mais altos. O modelo utilizado nesse texto para os 82 países em desenvolvimento que analisamos foi capaz de explicar uma boa parte das diferenças no nível de renda desses países. Entretanto esse modelo mostrou-se inadequado quando analisamos os países da América Latina. Encontramos evidência de que o modelo é inadequado apenas alguns pequenos países da América Central. Os países da América do Sul apresentaram valores similares aos demais países da amostra. Para responder o porquê desse fato observado seria necessário maior estudo das economias desses pequenos países, contudo as maiores e mais importantes economias da América Latina apresentaram as mesmas características dos outros 70 países em desenvolvimento analisados. 32 Portanto, concluímos que os altos valores de barreiras à entrada encontrados nos países mais pobres geram perdas significativas de renda para os países em desenvolvimento e a existência de uma resistência à adoção de novas tecnologias e práticas mais produtivas impedem esses países de aumentar a produtividade de seus trabalhadores e reduzir a distância que separa o nível de renda das suas economias para o nível de renda dos países mais ricos. 33 Notas: Figura 1 - Os países incluídos nesse gráfico são: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela para a América Latina; Hong Kong, Japão, Coréia do Sul, Malásia, Singapura, Taiwan, Tailandia, Índia e China para a Ásia e Áustria, Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Noruega, Portugal, Espanha, Reino Unido, Holanda, Suécia, Suíça e Dinamarca para Europa. Os países incluídos nas análises do modelo em todo o capítulo 4 pertencem aos 115 do estudo da PWT96, com exceção dos países: Hong Kong, Coréia do Sul, Cingapura, Tailândia, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Canadá, Israel, Eslováquia, Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Finlândia, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Portugal, Espanha, Reino Unido, Finlândia, Noruega, Polônia, Suíça, República Tcheca, Hungria e Turquia. São 82 países em desenvolvimento mais os EUA, totalizando 83 países incluídos na análise. 34 Referências Bibliográficas: ALESINA, A.; ARDAGNA, S.; NICOLETTI, G.; SCHIANTARELLI, F.. Regulation and Investment. National Bureau of Economic Research, Working Paper 9560, 2003. BERGOING, R.; KEHOE, P.; KEHOE, T.; SOTO, R. A Decade Lost and Found: Mexico and Chile in the 1980s. Federal Reserve Bank of Minneapolis, Research Department Staff Report 292, 2001. CASELLI, F.; COLEMAN, W. The World Technology Frontier. Harvard University and Duke University, Manuscript, 2003. COLE, H.; OHANIAN, L.; Riascos, A.; Schmitz, J. Latin America in the Rear View Mirror. University of California, Los Angeles, Department of Economics, Research Memo, 2004. DJANKOV, S.; LA PORTA, R.; SILANES, F. L.; SHLEIFER, A. The Regulation of Entry. Quarterly Journal of Economics, 117, 1-37, 2002. EASTERLY, W. How Much Do Distortions Affect Growth? Journal of Monetary Economics Review, 38 (431-452), 1993. EASTERLY, W.; KREMER, M.; PRITCHETT, L.; SUMMERS, L., Good Police or Good Luck? Country growth performance and temporary shocks, Journal of Monetary Economics 32, 459-483, 1993. EASTERLY, W.; REBELO, S.; Fiscal Policy and Economic Growth. An empirical investigation, Journal of Monetary Economics 32, 417-458, 1993. 35 HALL, R.; JONES, C. Why do Some Countries Produce So Much Output per Worker Than Others? Quarterly Journal of Economics, 114, 93-116, 1999. HERRENDORF, B.; TEIXEIRA, A. Barriers to Entry and Development. Fundação Capixaba de Pesquisa, Manuscript, 2005. HERRENDORF, B.; VALENTINYI, Á., How Relative Prices Differ Across Countries, and Why. Arizona State University and University of Southampton, Manuscript, 2004. HSIEH, C.; KLENOW, P. T., Relative Prices and Relative Prosperity. National Bureau of Economic Research, Discussion Paper, 2003. JONES, C., Economic Growth and the Relative Price of Capital, Journal of Monetary Economics 34, 359-382, 1994. KUZNETS, S. Economic Growth and Structure: Selected Essays by Simon Kuznets. London Heinmann, 1996. MUENDLER, M. Trade and Growth: The Case of Brazil. University of California, San Diego, Mimeograph, 2003. NICOLETTI, G.; SCARPETA, S. Regulation, Productivity, and Growth, Economic Policy, 18 (issue 36), 11-53, 2003. PARENTE, S.; PRESCOTT, E. Monopoly Rights: a Barrier to Riches. American Economic Review, 89, 1216-33, 1999. PRESCOTT, E. Needed: A Theory of Total Factor Productivity. International Economic Review, 39, 525-52, 1997. 36 PRESCOTT, E. Prosperity and Depression. Federal Reserve Bank of Minneapolis, Research Department, Richard T. Ely Lecture , Working Paper 618, 2002. RODRICK, D. Growth Strategies. Harvard University, John F. Kennedy School of Government, Discussion Paper, 2004. SUMMERS R.; Heston A. International Price and Quantity Comparisons: Potentials and Pitfalls. American Economic Review 86, 20-24, 1996. TEIXEIRA, A. Effects of Trade Policy on Technology Adoption. PhD dissertation University of Minnesota, 1999.