Linguagens fronteiricas de Portugal e Hespanha

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p oq 5a'aQ2LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS
DE
D
PORTUGAL E HESPANHA
PELO
Dr. J. Leite de Vasconcellos
Coijervador da Bibtiotheca National de Lioboa
Professor do Curou de Bibliotlioeario-Archivieta
(Separata do
REVISTA LUSITANA,
Document
111111 Ii I! III 11111111 1111! III!
0000005513260
vol. vu )
LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS
DE PORTUGAL E HESPANHA
Percorrendo-se as fronteiras portuguesas, tanto a. oriental como
•a septentrional, descobrem-se do lado de c& certos faliares que participam dos caracteres hespanhoes MU gallegos, conforme as regiSes,
e do lado de l outros fallares que participam dos caracteres portugueses, ou pertencem mesmo totalmente 30 dominio linguistico de
Portugal.
No concelho de BA]uuxcos, que coustitue o extremo mais oriental do Alemtejo, e penetra na Hespanha, ha uma linguagem muito
partictilar, cm que o portuguès e o hespanhol se encontrain nui coin
o outro, e cujo estudo surnmàrio fiz na minha Esquisse d'une diaiectoogie portugaise, Paris 1901, p. 151-153. Ao Norte d'este concelbo,
cm OLIVENÇA. jâ em terras de Hespanha, falla-se unia variedade do
português-aletntejano, como mostrei na Revista Lusitana. n, 347-349.
Em ALAMEtJIIJLA, aldeia hespanhola da provincia de Salamanca, a
gmas duas legoas do nosso Villar-Formoso (Beira-Baixa), e portante
ainda junto da fronteira oriental, consta-nie que se falla português, polo que os hespanhoes chamam mestizos aos habitantes de ht. Ao
Norte, na Beira-]3aixa, e no longe de Viflar-.F'ormoso, demora na
linha raiana VAL-DE-IJA-MULA, que nô la do seu nome revela uni caracter da grarninatica hespanhola, o que dâ •a entender que ahi se fa!loti hespanhol cm algum tempo, embora hoje, segundo penso, M se
falle portugnês. Na fronteira oriental da provincia. de Tras-os-Montes
temos O SItNDLNÊS, Ô ufltANDÉs e o cuADE1unLIts, idiomas intermedios
entre portuguès e asturicù-leonês, sobre os quaes se veja o que escre- vi nos Estudos de plÉilologia mwandesa, ix, 43-77 e 331-340, e na F9•quisse d'une dialectologie, p- 198-202.
Passemos agora à fronteira septentrional. Lâ encontramos, no
conceiho de Bragança, o iumoitÉs, que està nas mesmas circumstancias que os tres idioinas precedentemente mencionados, C 30 quaI
tauibein me refiro nos citados Estudos e Esquisse. \Tizinho do conceiho
de Bragança, mas na provincia hespanhola de Çamora, fica o povo de
ERMISENDE, cujos habitantes fallam mua variedade do portuguès-trasmontano. Ein Lonios, no Su! da 6-alliza, e eiii PJUtADA DO Mowu, no
-extremo Norte do Minho, ha tambem linguagens que contéin phonomenos communs ao português, uma, e phenomenos communs ao gal.
logo, a outra.
D'estas tres ultimas linguagens inc vôu occupar no rresente trabaiho. Teinos assim: phenomenos gallegos num faflar português; pile-
4'LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE PORTUGAL E BESPANHA
nomenos portugueses min fallar gallego; Iinguagem portuguesa cm
Çamora. Os assuntos relacionam-se pois entre si, e justificain o titulo
que eu don ao trabaiho.
A existencia de tantos fallares fronteiriços tem varias causas:
assim. cm Olivença, o portugus provém da epoeha cm que a cidade
foi nossa; o mirandês ha todas as razôes para crêr que se desenvolveu, mini recanto do antigo reino de Leào, parallelamente aos idiomas viziuhos. O contacto de Portugal com a Hespanha, que é bastante intimo en varias pontos da raia, contribue tambem para que
entre os respectivos idiomas se produza uma especie de osmose, que,
se se manifesta sobretudo effl rèlaçâo ao vocabulario, se estende por
vezes, mais ou menos, a toda a grammatica.
A rapida indicaçilo que fica feita serâ talvez novidade para muitos leitores. Nâo é por dia ser curta, que deixei de passar grandes
fadigas para a poder fazer. O que se condensa cru uma pagina custa
s vezes aiinosde trabaiho: sabem-no todos os que escrevem; nias os
que lêem, nom sempre meditam nisso!
Como fui eu o prirneiro que assignalei e estudei esses fallares, e
teuho sida depois quasi o unico u occupar-me d'elles, relevar-se-nie-ha
que no que vou dizer en seja breve. Sempre absorvido por muitos
trabalbos, niïo posso dedicar a cada uni o tempo que dedicaria se me
occupasse de un sô. En Portugal ha porém to pouca gente que se
consagre u investigaçêes scientificas, que, quando alguem se sente con
îtuimo para chas, precisa de dirigir a actividade por mais de un campa, no sô para supprir a deficiencia de braços que ahi se nota, como
porque, para a seqiiencia niethodica do sen estudo, se vê obrigado a
obtet pelos esforços proprios os resultados que cm puises de major
adeautamento obteria da conjugaç.o dos esforços de outros investigadores. Fique ao menas conhecida, con relaçâo ao assunto de que se
trata, a boa vontade que houve de esclarecer a nossageographia linguistica.
LÏNGUAGEM DU PnADÂ DO MONTE
Parada-do-Monte ê freguesia do conceiho de Melgaço. En 1875
tinha 180 fogos, segundo o Portugal antigo e vzoderno de Pinho Leal,
vi, 455-456, onde se diz que uma das riquezas dos habitantes d'ella
so os gados.
En Agosto de 1902 estive na villa de Melgaço, e, coino ahi se
nie proporcionou ensejo de fahlar con varias pessoas de Parada, coihi
os materiaes que adeante vou estudar.
LINGUAOItNS 1'RONTEIRIQAS DE POEnJOAL E JIESPANHA
A. Phonologia.
1. Existem dons especies de e, mn ahertb e eutro fechade. ex.
préqo e tébo steve». O mesmo succede coin relaçâo se o. ex. prôbe ou
pôbve e pôço. Tanto o é corne o é soam como en portugnês; nâo tem
o valor do e e o hespanhoes, que ficam respectivarnente entre os nos.sos é-d e d-ô. Factos dignos de nota siïo: p y' «porco», que tem o o
aberto, corne o do feminino 'p6rca); ôUie «Ôlhel (imperativo de oihcn-);
bôb?T «bebem»; anél «snob', mas nopi. anéis; dêç «dez». E' frequente
dizer-se tambem en muitos pontos de Portugal, por exemple na Beira,
pdrco, dbo, ôsso.
2. 0 e é fechado cm -élho<1. -ic'lu-, por eLjo&ho, ordiha; en
-eja, ex. igréja. séja: e -cm -enlia. ex. lénlia, que no p(de rirnar con
munténlia. O 'e atono alterna coin -j.
3. 0 e nasal atono é surdo, quer no fim de palavra, quer rie in
terior. ex. pdd7. diz, ira balh g. meirlir (i.é inantir,) onde sôa como o e
de pdcle. mas nasal, O primeiro facto é caracteristico da raia; o segundo encontra-se no resto do Minho. Temos pois, -Efl e -xx- latinos atonos a darem seinpre cm. Phenomenos senjeihantes acontecem
0011) -1/NT e ;0N. que dâo respectivarnente il (-un-. -uin-), ex. Iraba1hér, dixérft, forZ muntânha, o que tamberu se observa no resto
de i\iioho. Lat -ANT atono tornou-se -â: trabdil2à, dndâ, stabâ, corne
cm português archaico. Em sylla tonica temos: stâ<stant, câ<
eau e-, irmd<germana- e andarâ, j . ê andctrasn(futuro) 1.0 a nasal
tonico é aberto, ex. findâ; oc nasal tonico é aberto ou semi-aberto, ex.
Q, bint (I. é téni ou tèm. e hintém et' lentèm), bénça ou bànça'. O -cm
é fechado. ex. sôm, carbôm. pôm o que estahelece grande differonça
coin o resto do Miplio. onde se diz -u (ditongo); temos pois -oNE>
-cm, conservaço da fôrma archaica.
4 0 digrapho -oa sôa -ôa e nâo -oua. corne cm grande parte do
pais, ex. béa. Lisbda. Euf tic tanibem ha un digrapho: tic. èomo na
Jingua litteraria (en alguns pontos do pais diz-se tin). O preterito da
3. conj. termina do mesmo modo: mentie, no meniju.
5. 0 ditongo ou sôa Lin, como, coin mais• ou monos intensidade,
no resto do Minho 0 no N. de Tras-os-Montes, ex. tru'e ou tr5uxi,
flÔU!CO3 7ÔhJC0.
6. 0 s distingue-se de ç, como cm toda a raia do Norte e na
beirâ. ex. çinco-seis, o que, corno é sabide, estâ de accOrde cern n orthographia antiga. O inesmo succede coin f ou -s- (j. O s intervocalico) e z. —Em tres chapeus, o s de Ires distingue-se autos do cli, que
sOn expinsivo (quasi ix). - No fim de palavra: tuç duz».
B. Morphologia.
7. Na formaçae do plural dos nornes lia alguns factos interessantes que notar. A palan-a dl faz no plural câs (segundo a pron(ineia
5cm ter eleinentos para poder forniular regras, cito estes exemplos eoraçâ de Maria (proclise), amante coraçâo (pnsa); e ,,â sinhor a par de nE sinhor.
LINGUAGENS FRONTEIHIÇA5 DE POILTUGAL E HESPANHA
de uns) e cents = ca-n-s (ségirndo a pronûncia de outras), e igualmente pd faz e pa-n-s, innfl (que é mase. '( germanu-- e ferninino
<germana-, cf. § 3) faz irm&s e irtna-n-s; de carbô,n sô ouvi o pi.
cabons, j . é carbo.ws. Importa observar que cm gallego a palavra ccitt,
que sea cil, faz no plural, s par de cds. tambem ceins (i. catn. $) e ciifls
(com n guttural); na Carmin envi frequentemente maris (= ma-n-s),
a par de nids, corne pi de mcm (que sôa m4 e pans (= pa-n-s) coiuo
pi. de pan (que sôa pll). — Eut Parada o plural de carac&l é camacôis, e
o de anal. é anéjs (havendo tanibeut anéles. porque coin attêl ceeciste
anéli=andl-e no sing.). Ulibes «eurives» tanto é singular cerito plural.
8. Quanto à distincçto de generos, ternes abô no inasculino e ahé
no ferninino, - cento cm português. Note estas palavras, poisque é
facil, nas ra j as, estabelecer-se confusâo de uma com a outra: cf. § 1.
9. Verbes. — A phenetica imprime ses verbes fôrmas 'especiaes:
3." pI. -, .d, -t ( 3), ex. did, cdnW., dixér: 3.' sing. .ê (=-érn)
cm t. Os factos mais dignes de nota na conjugaào se es seguintes:
os preteritos fortes terjuinain cm o na 33 sing., nas mesinas candiçôes eut que assim teriflinam em gallego, niirandês e hesparihal ,
ex. disso «disse», çjuifo aqnis, fez-o «fczn, têbo ateve», trVuço «trouxe»,
stôbo «euteve»; na r pessea do sing. de todos os preteritos ternes
-clic (ou -clii) correspondente a lat. -sn, came cm gailego, ex. fochi
«foste n, trkic,echi «trouxesteh, trabalhdche « trahalbaste», ernbora con
esta fôrnia coexista a férma eut -etc ou -sti, ex. fosti, Ira ba.lhastc (n
fôrma cm -clic é sobretudo usada pelas veihos, 1. é, é autiga). Exeniple do verbes conjugados:
trUnce
fui
trahalhei
trabaihaclie ( e -ste)fochi (e foste) troucechi
trôuço
trabaihôn-foi
troucemos
rctba1/i dines font os
trahaih estes fastes-- trouccstcs
trouccru
fôri'
trabalhâ,i
Factos avùlses: sont «sou, sentes, sein «sâo» (cm gallego tainbeui
son=sô é sing. O pi.); 23." do sing. e do p]., ex. «as galinhas
p û ébo» (o mesmo cm gallego: sing. e p1. pon, que sôa pô); biste-te
«veste-te»; eu-ré-niez-te «arranja-te", fizi e fiç «fiz»; caber faz no preterite eu cab4 elle caibeit; e imperative. de dis-ev é di. corne em gallego
(que nesse idioma coexiste cern dite); impessoalmente-diz-se bai «ha,
facto muito frequente no sb nas raies, mas ainda -en certes pontes
do interior do pais; o verbe vii-, i. é, bi,-, peisque y = b, faz no preterito binlieche «vieste», b gu «vein' (cm gali. viii eche e veu).
C. Vocabulos e oançôes.
10. Vocabules curiosos: arbre (que coexiste coin ciibre) «ancre',
• (if. Escudos de philologia mirandcsc&,j, 393.
LINGUAGENS ERONTEIRIÇAS DE PORTUGAL E HESPANIXA
auga «agoa», iranjiar «veranearD (P), c/n%bia echuvas (usado tambem
em Soajo etc.), i4gre-na «Jagrima», sum»ntcirçt «sementeira».
11. Amostra do cncioneiro:
0' luar da .meia-noite,
Sinhora da Peneda 1,
Da Peneda, Penedinha, No sêjas meu enemigo:
Obamai-me boss' afilliada,Stu â porta do aujor,
Qu'eu bos dbamarci madrinha.Mi posso intrar cuntigO.
Os caracteres &este diaiecto, que Ihe do certa pliysionomia,
<-ÂNE C -An', -C< 'Efl, -& < -ONE, -U<VNT, segundo
o que se disse no § 3; s-ç, [z, segundo o § 6; preteritos cm -o na
3G sing. e cm -che na 2. sing., segundo o § 9. 0 ftltimo phenorneno,
que•é ag ara notado pela primeira vez num fallar de Portugal, constitue.o mais importante de todos os caracteres, ficanda-ihe
immediato cm importancia o -o dos preteritos. Por estes caracteres &
linguagem de Parada occupa logar espedial no quadro da nossa dialectologia, pois, embora fallada cm territorio ptuguês, e portuguesa
no seu conjuncto, apresenta phenomenos caracteristicos do gailego,
2,
sendo um exciusivo d'elle, quai é o citado -cite < - STI. nos preteritos
II
LINOEULGEM DE SAN Mi&tini DE
Lonios
San Miguel de Lobios é freguesia da provincia de Orense, e
capital de ayuntamiento. Fica num vaile fertil, situada â direita do
ria Lima. Esta repartida par acte logares; em 1847 tinha 132 fogos,
segundo Madoz. Diceio,wrio geograpliico de Espa4a, x, 319.
Os materiaes ut,ilizados no presente estudo foram coihidas por
mim cm Orense, cm Setembro dc 1902, ouvindo fallar um rapaz natural de Lobios.
A. Phonologia.
.1. .0 lut. -Afl tornou-se . âu (ditongo), ex. man <manu-, irmati <germa nu-, bran < veranu-, palavras que riinaru coin pau <
pal u-. Noutros pontos da Galliza eneontra se nas mesinas condii3es:
1 Santuario célebre no Alto-Minijo (conc&ho dos Ateos).
Postoque cm gallego ao pronome purtugnCs tej (dativo) corresponda c/te,
este ultime pronoms nâo existe no fallar de Parada: T âo pouco ahi existe -ss- por
-J'- intervocatico, e x por j, que .sâo phenomenos proprios do gallego moderno.
LINGUAGENS FRONTE[I1IQA5 DE PORTUGAL E flESPANHA
-no (dissyl.) e - à (escrito pelas Gallegos -an I), ex. mao e irmao no condado de Ortigucira. mà e innâ (cm ambas estas palavras o -â é aberto) na cidade da Corufia—O lat. -ÂNE tornou-se -à, ex. cà (â aberto),
escrito cati cm gallego; no plural porém cds. - Em témpo e jnlnte o e
(nasal) é fechado. No fini das palavras - é aberto: b (sôa Mm). sat-têtn
(sôa sarlém).
2: 0 lat. -IOLÂ don -êlha cm ôrêlJ?a; o lat. -ESLv don -êja ein
igrja. Em lôije<longe temos o ditongo ri (coin o fechado), coma
em portugus; o, mesmo ditongo se ouve cm lâixe na Oorufia: a existencia d'este ditongo cm gallego é agora assignalada pela primeira vez.
3. Existein. no fallar dc Lobios certos sons que ainda tarnbem
no foram assignalados cm gallego: O -r sôa -n-. ex. florr, i-aiseiorr
(mas no P I - -ores,),---o que observei igualmente noutros pontas da
Galliza. Ouve-se o ç portugus de Tras -os-Montes (= ç do Porto) cm
cinco. coraç. cntç, paç, luç; corresponde-Ihe como consoante sonora o
soin z de Tras-os-Montes (=z do Porto), ex. c,-uzes, azeite, e nào o
z hespanhol. 0uv-se of de Trac-os-Montes, do Minho e da Boira cm
coufa, cafa, i-ofa, j. é, entre vogacs 2. a este som corresponde s de
Tras-os-Montes (pouco mais ou menas o $ casteihano), e scie, sol.
Em jardï, Jancit-o, j4. ouve-se j português, embora pronunciado um
pouco mais adeante do • que no nosso idioma, mas é j e uâo x, que
existe cm tacs coudiçécs no resto ou na maior parte da 0-afliza.
'4. No fin das palavras, cm syllaba atona, ouvi -ô, coma en go-rai na Galliza, peio monos quando lia certa emphase, ex. corpo (na
pronuucia port. é co'-pu). Em v,-açô;n o primeiro o (atone) sôa u; oui
nzelû o e sûa é. Em il nŒo mivi t gutttiralizado (sôa i19.
B- Morpho1ogia
5. Prononies pessoacs: eu, tu (nâo 19, il. éla, nôs (nâo nosoutros,?,
bée (no vosoutrosj iles. (Jomo complemonto dos vcrbos: matei-o (nao
-no,), mas matou-na; é possivel poi-én que a regra seja uniforme. Pronome dative cM, ex. ilci-che. Pronomc demonstrativo este (assim envi,
e nâo iste,). Posscssivos: meu, nosso, o que nada apresenta especial.
6. Plural dos naines: coraçâ— coraçôs, carbû carbôs. tnelô mclôs; jard—jardis; sat-t—sa,-tés, b—bés; pà—pds, cà—câs; caracal —éaracoles; foi-r —foi-es; cru ç— ci-uzes.
7. 0 verbo fuguir «l'agir» conjuga-se assim: fugo, fdgucs, fôguc,
(cola g,), fujimos, fujides. fofi (con] j port.), ao passa que no gallego
normal este verbo tem a fOrma fuxir ou ftxir; ha-de admittir-se, segundo croie, que no lat. vulg. se disse *f?rgo par fugio. e que a fOr' Em gailego existc-m nasses como 0m portognês. Jst.o û ponta assente. Os
Ballegos, porém, influe,jciados pela orthographia eastelhana. eserevein -an, -en, -in,
0m vez de
2 Tacs palavras ,pto somun pois coussc', cossa, rasni, como nO gallego normal, inca 80cm eorno no Norte de Portugal e isa Beira.
LINOUAGK&S FRONTEIRIÇÂS DE PORTUGAL E IIESPANUA
ma do pres. indic, no singular e a do infinitive se regularam por ahi.
Outro verbo: digo,. dis, di, dezernos, dezedes, dt (no gallego normal
difiérem as duas primeiras pessoas do plural, que silo: dicimos, dicides). Ao verbo português «fazer» corresponde cm Lobios faguer, que
tambem se encontra noutros pontos da Galliza; faguer presuppôe na
l. pessoa do indic. fago (que porêm nâo ouvi), que se explica por
s *faco . tendo-se fortnado d'elle o infinitivo, como de fugo se formou
fuguir.
8. Nos.adverbios notei ni como férma tonica, isto ê, cm pausa,
e n, corne fôrma atona, 1. ê, cm prôclise.
A linguagem de Lobios, apesar de fallada cm territorio gallego,
e de ser gallega pelo sou conjunto, tein aiguns caracteres importantes, guaes silo f, z, ç e j, que pertenceni no portugnês, e actualmente
sô a elle, - pelo que deve occupar logar especial no quadro da dia
lectologia gallecù-portuguesa.
III
LINGIJAGEM D ERM1SENDt
A aldeia de Ermiende (ou E?-) esende; taiubem se escreve Her,nisende.) fica na provincia de Qaniora, partido juridico de Puebla de
Sanabria. - na fronteira portuguesa. En 1847 tiuha 559 aImas 2, Em
1S84 estive là. e. como falici con diversas pe.soas, colhi os elementos que servem de base n este artigo. Jà nos meus Ifs &udos dc philolobia. ,ni-randesa, n. 56-57, indiquci alguns caracteres da linguagem
de Ermisende; aqai, poréin, publico todos os materiaes que actualmente possuo a respeito d'efla.
A. Textos populares.
Os textos que s sefle-m silo contes populares. Transcrevo-os
phoueticamente, nos limites da orthographia portuguea:
I. Era fla pôrca, ê tiuha sete ou ôito bâcoros, ê staba no
ê d'um rnoinlxo, ê despous foi um lobo pôr ah ê dixo4e que l'iba
a couler 05 .bàcoros.
- Fous agora nu' m'es comas, sim os bautizar.
Despous dixo-le que se l'oas' él é fôndo da calhêiha, que là
l'os tria botando pela calhêllia a baixo. I adespous botou-l'a-i-auga
I Cf. Estudos de philol. mi,'andpsa, ,, 37G.
2 Madoz, Dico. Geogr. de E.'poFsa, xx, 503.
10LINGUAGItNS FRONTEIRIÇAS DZ PORTUGAL E IISPANIIA
é moinho, j atrougo o lobo 6 redér, astâque c pôfo tônto, ê monfres jft nôm scapoif a pôrca c'os bâcoros. Despous quedou o lôbo
dezêndo que seu pai nunca fôra bautizador de Mcoros.
10 Despous foi mais a baixo i ancontrou c'iia-i-egua, ê dixo-le
q'ib' hcomê-la, j cia dixo-le que nu' na comêsse, que staba desferrada, que le botésse fla ferradura autos di a corner. T. afoi a
botà' la ferradura i adou-P uni couce nos dentes, ê botou-o de
patas 6 aire. Despous quedou o. lôbo dezeudo que sen pai que
15 nunca fôra ferrador, mentre jâ nom scapou-se a-i-egna.
Foi mais a baixo, I êneontron dons carileiros, e dixo-le qu'os
ib'k corner, ê dixérom le que tinhâ pirineiro que partir aquél
prado donde stabà paceudo. Adixérom-le que se pufesse él no
inédio, ê despous fôrom. mn d'fla punta, j outro da outra, j adé20 rum-l'ûa rubada, î arreientéruin-no iobo, î adespous os carneiros scaperum î ô lôbo quedou dezendo que l'era hé feito aquêlo,
que scu pai nunca fôra partidor de prados.
II. Er' ûa rapofa, fezo-se morta rnitn carninlio. Passou pot
ah um sardinheiro c'ùa carga de sardirihas, j achou-a, j atirou-a
25 é riba da carga, I cIa despous corneu-i'as sardinhas, 1 âs que
nom pôdo corner tirou-i'as ô châo, I ôdespous achou & rapofa
mênos; j adespous foi â mirer (= a amirar? cfr. adeante, § 5) a
carga, I achou as sardiuhas menas, i adespou' la rapofa êncontrou
o labo, j adixo-l'o lôbo:
30- Ai! coftadie! Mi farta bêt ùstêde que corneu?
- Ai! o dern'o iébe. coinpadre! Parece tonto! Bi birum sar-dinheiro c'ûa carga de sardinbàs; despous fi-z-nie mort no caminho. tirou-in' entr' as canastras, i êu corni-i' as sardin)ias, i agora
bél como bênho farta. I adespous dixo-l'o lobo:
35—I eu... corna ici-de fazer eu para rue fartar en tamé?
I adixo-l'a rapofa:
• - Bâia por fôra do caniinho, I apûnha-se de diante d'éI, iafaga-se môrto, q'indale ïiuedérum sardinhas no fonda da canastra.
Despous foi o arriciro e sfolou-i'a harriga ô loba, j atîrou-o
40 riba' da carga, i ô loba foi-le comendo. as sardinhas, mâs coma
tinha a barriga rcsgada. todas 1' ibâ caiendo ô dhâo, I à rpofa
iba de trâs cornendo-l'as outra bez. Despous bôibeu-s'a pôr de
diante do lôbo, j adixo-le:
- Ai! compadre, Dixe-le q' hibia de bit farto, i ùstêde nom
45 bé farta; soi que nom fez ô que leu mandei.
[ êl dixo-le:
- Eu, ma' sim fiz, mâs foi o arrieiro, arrasgou-m'a barriga,
I conform' iba.comendo as sardinhas, ibji-me caiendo po'lo butaco. I agora, corna bamos a fazer p'ra curâ' l'a barriga?
50I dixo-Fa rapofa:
- Pois té que s'ir a meter -ah a baixo àquel poço c'ô corpo
debaïxo da-i-auga, j à cabeça féra.
LINGOAGENS FR(Û4TEIRIÇAS 0E PORTUGAL E HESPAxIIA 11
I afoi 1-â Pela manb a rapof-a, i adixo-le:
- Ai! coinpadre! Ét que tal bai esse balor? El bai sâo, ou
55 que tal bai êsso?
—Eu agora jA bon indo boni, mas é qu' os carajubélos sf6gA- me.
- Logo. que 1' bernas fazer, couipadre?
I adixo-l'o labo:
GO
—Mir'comadrel h-âia ô lugar,
-I atraga as p-aneas j ôs inartelos
P'i-a quebrar os carambelos!
B. Phonologia.
1; mas ordinariamente existe nas
1. 0 o é aberto em inért.o. 38
mesnias condiçses que cm portaaûês: lôbo etc. Go atono media! sôa
u, coino cm portugués: corner e botar pronunciam se cumer e buter;
do niesrno modo o atono flua). Note-se todavia que =.o que, àstede
= hesp. us-tcd. O e atono antes de vogal sôa ï, iuesnio na conjuncçâo
de, ex. di ci corne;, I 3; se a eonjuneçiio e se tores ï antes de vogal,
coma na nossa lingoa con-ente. pronuncia-se £ antes de consoante
(50m que cita tem ainda hQje cm gallego e que certamente teve en
portugués antigo), ex. ï airçugo, 7, ê dxo, ii. Os dissyllahos e1ho
e -enho soani respectivamente 61ko e -énho, ex. calhêihc e bênho.
. O )at. -AXE tornou se -E, ex. cE e pi1. O lat. .pjç'j tornou-se -â,
ïbE.
O lut. -Afl tornou-se -âo cm rn&o. O lat. -ENR tornou-se -éem
cx.
b, tarnê (que se pronuncia con é nasal, e no con ditongo. corno cm
portugués corrente); igualmente se diz hê «rein» de venit (' reflet),
«cnn de in. O lut. -Ex-r tornou-se -cm (i. ée surdo nasal): ex. fassam. O ht. -ANT tornou-Se -uni, que alterna con a forma mn pouco
niais arcliaica . ôi;; ou 6m. corno se ré en an-ebenténe.ni, addrum, a par
de dixérom, fôrom, caiérorn, onde -ont sôa 6;u ou -in;. No melo das
palavras ha -cm- (-on-) e nâo -un- (un:-), ex. conqjadre, conforme, lui. cialinente ternos unis vez LH?contrcn-, coin an-, como ciii iiiirandês;
mas varias vezes énconh-dr.
3. Pelo que toca As consoantes, temos 1 gutturalizado, ex. aquel;
b por u. o que é corrente ûo Norte de Tuas-os-Montes; eh, coino no
portugués popular. Existem ç-z do Porto e s-f de Tras-os-Montes, a
par dos sons hespanhoes z (ce, ci): é assiin que ouvi, por cx-, bautitador, fîz, fazer, bêz, couce, facendo, cabeza, pozo ( poço) COIn a sibilante hespaubola. e ao iiiesrno tempo dezendo etc., coin z do Porto;
entre vogaes é f, ex. rapojh, pouf agora (= pous agora), mas tainbem
se diz rapossa, con ss=s hespanliol. 4. En baixo existe o ditongo português di O ditongo ou é proy ard que se pronuucie inc. mas nada posso dizer ao certo.
5. No prilicipia de palavras teinos s impuro, ex .star,scapar,
sfolar. En ev' ûa, 1, mii-' comad;-e,temos syncope syntactica do a.
Os nuineros ,-efercrn-se ,s hiihas dos textes.
12LINGUAGaNS FRONTETEIÇAS DE PORTUGAL E HESPANHA
Ha notavel prothese dc a nos verbos: at;ougo, atraqa, q oi, adou,
adixérom. adérum. afaga .se. an-asgai-. O hiato annulla-se com -i-, como
no Norto e centro de Portugal: a-i equa. Em e,cr.rambélo = caramelo
«gela» temos epenthese de -h- (L calamellus). férma .semi-litteraria,
como oui certos dialectos nas palavras primbo, cimba, etc., pot primo,
cima. Em tam g por tamh houve assimila$o do b A nasal precedente,
o que succede tambein em Portugal.
O. Morpho1ogi.
6. Nas flex6es dos nmnes sô posso notar que o plural de pé é
péis, como cm berciano. onde alterna com pés: vid. Eusaio poetico cm
diaiecia brrciano de Oubi y Solei-, Leôn i861. p- 377; peis tambem
existe cm Castromil de-Castella, povo cm que se falla gallego
7. J?ronomes. artigos e intiueraes. - Citarci: todo «tudo», ésso,
agnela «aquilloD, aquél. di. le «Hie» e «lhesi' , hotoie-o, achou-a, arrebenténus-no, sen. O art. definido sOa ô antes de consoante. pot vexes
(vid. § 1); mas cm gci-al onvi n, corna cm portugiiês, polo menos antes de vogal, ex. o an'ieiro = u anicint; 6 = ao ; polo (sôa pub,);
boki' la ferradura, o despou' la rapo/a, 13, coin assimilaflo; e' ô corjw
= coin o corpo. O artigo indefinido é ilo, e tanibein ana, coin n guttural. Nos numeraes sé inerece a pen ,a citar 611o, coin 6f. Coma cm gerai no Norte e centra rie Portufll (no Su] dix-se ôito; o ordinal pirmeio é eniprogado adç'erhialinente (vid. o Glossario).
S. Ferbos - Como pretoritos rcgiilares e sens derivalos temos:
béndi, bêndiste, benden, bendi mas, hendistèis. bendêruin ; corri. corriste,
con-eu, co--imos, corristèis, co,-rêruni ; qr&edon; ouclérum, a?-?-ebentàrum,
scapériun; botésse; toguùsse. toquésscis, toquéssain. Estas férmas so ehracteristicas do N. de Tras-os-Moutes: cf. a nimba Esquisse d'une dialectoloqie portugaise, Paris 190!, p- 132-137.— Vcrbos irregulares:
a) Gaier 'caliir» : dàio, céis, eéi ,- coi, eoiiste, coMte, coiiinos, coustes, caidro»n. CÙ hesp. e gal!. coer. O infinitivo caiei assenta na 1,a
pess do preh. indic.
b) Dur: dci, déste. don 'adou,), dénias, désteis, dd,-ieni adé'-nm). A
fôrma don é corrcnte cm Tras-os-Montes.
e) Dezci-: dito (àdixo,), dixé,-oni (adixérom,), dezendo.
é) Estar, j. é star: stoba, stdbâis. stdba.
e) Fozer: forci, farcis, fora: fît (1 pess.), fezo (3! pess. do pret.);
ofaqa-se (3.' pesi do conj.: cf. § 5)
f) Haver, i. é lut ber: hemo.s, liaija (coin j port.).
g) ir: bon-, beits. Mi. homos, idèii, bdi tVào; iba «la».
h) Poder: pôdo (3P pcss. sing. do pret.) (pûde».
i) Pôr: pônho, pus. pôiii, pûmes, pôndùis, pài: pofo «p55»; aponha-se. prof. da conj. -(cf. § 5). 0f. gal!. pôs. pain; bore. pou (3.' sing.)
e pois (s.' p].).
j) Se,': sôm, és, é, sOmas, sûndôis, sOin; êràis, é;û; fui, Rste, fat,
VÎd. Estndos de piniologia ,ni,-ondeso. n, 57-53.
LINGUAGENS FR0NTEIRIQAS DE PORTU(4AL E HESPANHA 13
fumos, 1steis, )'orum e fôrom; .serei, ser6., ,se;d, serémos, sercis, serâ;
fossnn.CI sondes ciii Castrornil-de Castella.
k) Ter: ténho, téis, tî, témos, téndeis, téi.;n; tinha. Cf. berc. tais
(2." sing.), tein (3." pI.).
1) Trazer: trago. trdis. trdi. traiénios, tràcis, tn'i;n ; atrougo (3.'
pess. do pret.). Cf. gail. tras, frai, traemos, trdn.
In) Vér, j. é ber: bai « y o. Cf. liesp. ant, vei, berelano vei.
n) J/ir, j. ê bi,: bêizho, béis, b, bémos, bindàis, béini; bdia «vA».
Cf. gail. Des, sen.
9. l'articulas.
a) Como adverbios e loeuçôes adverbiaes: pirmeiro «prirneiramente', jc. tôdôdia, despous, adespous, 5despous (= ao despous), inen
tre e menfres jd nom, eutre tanto», donde «onde ' . acé, dit, l, b, tam,
9i0m (afltCS de nasal : nu', ex. nu' na, 12, nu' m'os comas 4), mi, mci
(cm proelise, ex. vii farta, 3'O); masim, 47, que signiflca «sim» ont
contraposiçao a nom phrase cm que entre nom, o que corresponde
quanto ao sentido ao francês si ern casos semeihantes.
b) Conio conjuncç3es: inés aillas»; asW que «até que». 8. (cf Saco
Arec, Orant. goUega, p. 128); 5W4 «sem». A respeito de é, i, vid. § 1.
D. Syntaxe.
1.0. Citarci vari'os factos:
a) O verbo encontrar pôde construir-se coin a preÏ;osiço coin,
11. coma em port. ant. (por ex. «hUa vez htiu afuo encontrou con»
hfln porco ' , num ms. port. do sec. xv) e cm hesp. ant. (por ex.
num romance do seculo x]:v: «Pot Guadalguibir atriba - e! buen rey
don Juan camina—enconbara con un moro - que Albenamar se decia», cm WoIf & Hofmann, Prirnavera, n.° 78, u. 2). 0 verbo iv construc-se coin a preposiçAo o, 11, 51, o que ê frequente cm Tras-os
Nontes. O termo do movimento com (a)tirar exprime-se com , 25, 40.
b) O verbo haver construe-se sein dc. 58 (cf. berciano ha se;).
c) FusŒo da preposiço a empliatica: i 6 labo (sujeito), 40, i à raposa (sujeito), 42; cm casa oblique do corpo de baixo da-i-nuga î à
cabeça flira, 52, as pancas î és ,nartelos, 61; igualmente: eu î a tu,
tu î a nôs, que ouvi avulsainente; mas tambem eu î ela.
d) Accusativo pleonastico: j ds que nom podo corner, tirou-l'as 6
clido, 26; sujeito pleonastico: cl que tal bai esse bab y, 54, e cf. 35;
dativo pleonastico: sfoioul'a barriga 6 lobo, 39; conj. que pleonastica,
15. Diz-se como en hespanhol tem queI7, 51, pot «tem det.
e) Avulsamente ouvi ond'ô labo = ond'ao lobo, expressAo que tambern se usa no Minho e en gallego.
f) Achar menas pot 'dat por falta de», 27, que se encontra ignalmente en Tras-os-Montes (vid. G. Vianna in 13cv. Lnsit., i, 203) '; cf.
No romance popular de Valdevinos, que corre elu l3ragança, dis-se:
No o achastes vôs menas
A' cela nem aojantar?
14LINGUÀGENS FRONTEIIIIÇAS DE PORTUGAL E IUtSPANIIA
tambem D. Carolina Micha%1is, in Bey. Lusit., n, 79, que cita exemplos
antigos, tante portugueses, coino hespanhoes. Iloje diz-se achar de menas, como mostrei ibidem., n, 80, nota.
g) Notavel é a expressAo menties (mentie) jâ nom scapon, 7, e, com
desloca:nento do pronorne i-efiexo, ,néntres jd nom scapou-se, 15, onde
,nentres jd non significa «entre tanto, como cm berciano montras e'
non (cm Cabi y Saler, Ensaio, p. 376) .
E. Vocabulario.
Os vocabulos que vale a pena citar sic os seguintes
2:
gallego. Do lat. ftmn dus, cujo
n era brove: cf. fr. fond, pros'.
fonds, heap. fondo.
juez (com j e z hesp.), juiz. 11espanhol.
ma'sim, ami (cern emphase): § 9.
médjo, nieio. Hesp.
nienos na phrase ac/tar menas
ga r.
asta que, até que: . 9.
§ 10.
neutre, neutres: snentres jd
auga, agoa, 6.
nom «outre tante)): §9-a e 10-g.
bautizador, batizador, 9.
Cf. hesp. mientre e arc. mienbautizar, batizar. Cf. port. ariras; port. ant. in entres (e menchaico.
tes,), prov. montre etc.
b, beni: § 2.
borber, volver. Alterna coin bol- mi, miii: § 9.
mirar, cHier, 27. Cf. hesp.
ber.
nom, nie. Cf. port. arch. e gal!;
CL cio: § 2.
caier, caliir: § 8-a.
ô, o.
calhêlha, viella, 5, 6. Do hesp. Ôdcspois, depois.
ôstede, usted (hcsp): § I.
calte, coni o suif'. demie. -élba.
p, pie: § 2.
carambélo, gélo: § 5.
chacha, « muchacha - Hespanhol. pacer, pascer.
chacho, «niucbacho». Hespanhol. .pancas, alavanca, 61.
perd onar, perdoar. Hespanhol.
desifous, depois, 2, 5.
Tambem em berc: perdonar.
dezer, dizer, 14.
donde, onde, 18. Cf. hespa- pirmeiro, primeirarnente, 17.
punta, p'onta, 19. Corne en! gali.
nhol.
e en hespauhol.
é, e, 1, 2.
quedar, ficar, 21 ete;Cf. hespael, elle, 19.
nhol.
ensefiar, ensinar. Hespanhol.
resgar, rasgar, 41. Do ht.
ésso, isso, 55.
re-secare. Fôrma corrente na
•fondo, fundo, 5 38. Coino cm
aca, eâ.
adespous = despons,. (3
aire, ar, 14. Cf. hespanhol.
ancontrar, eucontrar: § 2.
aquel, aquelle 17.
aquèlo, aquillo, 21.
arrasgar, rasgar: § 5. Vid. res-
I
Quanto no modo enujo se forruaram estas Ioeuçôes, efr. n portoguesa vai
nnâo quondo, que, apesar da negaço que nella entra, tersi scutido nffir,nativo.
Os numeros que 'iâo tein izidicaçâo de § sào os das flubas dos textos.
LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE PORTUGAL E JIESPANUA15
Extremadura portuguesa. - Nos
textos alterna coin an'asgar (47),
segundo o § 5.
rubada, turra, 20. De de-rrubar.
siin, sem: Cf. Est, de pliilol. mir.,
i. 447.
tain€, tambern: § 2 e 5. Cf. bere.
Lamén.
tirar, atirar, 26, 33. Alterna com
atirar (24, 39). 0f. liesp. tirar.
O estudo precedente inostra que a liugoagem de Hermisende é
fundarnentairnente portuguesa; sé apresenta varios phenornenos que
tambem se eneontrâm nos fallares trasmontanos do Nortè, como p2,
b, fôrom 2), esso, aquelo ( 7), preteritos en -é, e -érum ( 8), e,
corno em berciauo, peis ( 6),poin ( 7-i), teis ( 7-k), teim (ib). Pois
que Herinisende fica na Hespanha, o idioma hespanhol faz-se sentir
na fana de lâ, e isso tanto na phonetica ( 3), corno no lexico (diachu, chacho, ensciuzr, jit&s, medio, àstede = V&, perdonar). Este conjunto de phenornenos dâ â lingoagem de Hermisende caracter especial.
J. Lnin DE VAsco>WELL05.
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