O Turismo enquanto atividade propulsora do

Propaganda
O Turismo enquanto atividade
propulsora do Desenvolvimento
Socioeconômico do Litoral Norte do RS
Carlos Águedo Paiva
FACOS – Osório
04 de Março de 2015
O Papel Estratégico do Litoral Norte no
interior da Economia Gaúcha (1)
• A dinâmica econômica de qualquer Unidade da
Federação no Brasil é função precípua de duas
variáveis:
• 1) a dinâmica econômica do Brasil como um todo
• 2) os ganhos de produtividade e competitividade dos
setores/cadeias propulsivas (exportadoras) da UF
• Para entender o argumento, podemos fazer uma
analogia da UF com uma empresa. O crescimento da
mesma depende: a) do crescimento do mercado; e/ou
b) de sua capacidade de ganhar fatias de mercado das
concorrentes
O Papel Estratégico do Litoral Norte no
interior da Economia Gaúcha (2)
• A situação da Economia Brasileira não é boa e os
prognósticos de curto e médio prazo não são nada
alvissareiros. O que significa dizer que o RS não poderá
crescer “a reboque” do BR nos próximos anos
• Quais as chances do RS alavancar sua competitividade e
crescer acima da média nacional pela conquista de fatias de
mercado hoje ocupados por outras Ufs? … Mínimas! Pq?
• 1) Pq a economia gaúcha é altamente dependente das
cadeias agroindustriais. Mas nossa produtividade
agroindustrial está próxima da fronteira do conhecimento
acumulado. E temos um amplo conjunto de desvantagens
estruturais no plano edafoclimático!
O Papel Estratégico do Litoral Norte no
interior da Economia Gaúcha (3)
• 2) A reconversão produtiva de um território é
altamente dependente de estímulos e investimentos
governamentais. Mas o Estado gaúcho encontra-se em
séria e estrutural crise fisca. Uma crise que advém da
antiguidade e complexidade do Estado gaúcho: quase
50% de suas receitas livres (descontados os recursos
comprometidos com o pagamento dos financimantos
federais e externos) estão comprometidas com
pensões e aposentadorias. O que resta tem alocação
constitucional pré-estabelecida (educação e saúde).
Não há recursos para investimento!
O Papel Estratégico do Litoral Norte no
interior da Economia Gaúcha (4)
• O quadro apresentado está longe de ser alvissareiro.
Mas é real e temos de lidar com isto. Quando se olha o
problema de frente, alcançamos ver as janelas de
oportunidade que toda a crise abre. Janelas
particularmente relevante e promissoras para o Litoral
Norte. Senão vejamos.
• Qual a melhor estratégia de jogo quando
reconhecemos que o adversário é melhor que nós? …
Blindar a defesa! Se não podemos ganhar, vamos, pelo
menos, impedir a derrota.
• Traduzindo para a economia regional: se não podemos
ganhar fatias de mercado dos outros, então vamos
lutar para não perder as fatias conquistadas até aqui.
O Papel Estratégico do Litoral Norte no
interior da Economia Gaúcha (5)
• O Estado gaúcho foi constituído precocemente, foi
altamente empregador e, hoje, sustenta uma população
expressiva de aposentados. E estes aposentados são uma
fonte expressiva de mercado. Um mercado que o RS não
pode se dar ao luxo de “exportar”.
• Por particularidades geo-culturais a economia do litoral
norte se assentou sobre o turismo de veraneio.
• Este, por sua vez, se organizou sobre a forma de
investimentos familiares na aquisição de terrenos e
contruções de residências particulares no litoral. Como
resultado, parcela não desprezível da classe média da
grande Porto Alegre e da região serrana (hoje, a mais
dinâmica região econômica do RS) passou a contar com
casas na praia para além da residência no município de
domicílio.
O Papel do Litoral Norte no interior da
Economia Gaúcha (6)
• Com o crescimento do número de veranistas, e o fluxo
pendular durante os meses de verão, impôs a melhoria
e diversificação do sistema logístico rodoviário unindo
litoral e RMPA (Free-Way) e litoral-Serra (Rota do Sol)
• Simultaneamente, com a mudança da pirâmide etária,
o crescimento do número de aposentados, a
deterioração das condições de segurança e da
qualidade de vida nos maiores centros urbanos (em
especial na Grande Porto Alegre), o Litoral Norte
passou a atrair um número crescente de “turistas
permanentes”.
• Este movimento fica evidente na disparidade das taxas
de crescimento da população e da renda pessoal
litorâneas vis-à-vis as taxas de crescimento médio da
população e da renda pessoal no RS.
O Papel Estratégico do Litoral Norte no
interior da Economia Gaúcha (7)
• A mudança do perfil do usuário dos equipamentos urbanos
do Litoral Norte e da ampliação do turismo permanente se
encontra enraizado nas peculiaridades do turismo de
veraneio no RS; em especial na propriedade de residências
no território.
• Mas não há só positividade nestas raízes. Elas emprestaram
peculiaridade ao padrão de ocupação do solo urbano
litorâneo. As “cidades” do litoral norte NÃO foram
estruturadas, nem para a atração de turistas eventuais,
nem para a atração de turistas permanentes.
• A crescente importância do turismo enquanto atividade
econômica propulsiva ao longo do século XX se traduziu na
multiplicação da literatura sobre o tema. Hoje, sabemos
que as diversas formas de turismo apresentam conflitos
superáveis. Mas a superação dos mesmos pressupõe
planejamento.
O Papel Estratégico do Litoral Norte no
interior da Economia Gaúcha (8)
• Um planejamento que não houve nos primórdios da
construção do sistema turístico do território. E que foi
complexifidado pelo desdobramento da emergência do
turismo permanente: a divisão do território em diversas
municipalidades independentes, que constroem Planos
Diretores de forma independente e planejam o
desenvolvimento local de forma independente.
• A falta de planejamento original e a falta de solidariedade
atual se resolveu num quadro de ocupação do espaço
urbano que está próximo do “caótico”. E que já começa a
induzir a uma perda de atratividade do território e à
desqualificação relativa do turista eventual e veranista
atraído pelo Litoral Norte.
O Papel Estratégico do Litoral Norte no
interior da Economia Gaúcha (9 )
• A despeito dos sinais ainda não serem perceptíveis nos
dados estatísticos disponíveis, é possível projetar uma
inflexão da taxa de crescimento de veranistas, turistas
eventuais e turistas permanentes para o território.
• Em especial na medida em que o veranista-turistaaposentado gaúcho conta com alternativas particularmente
atrativas de exercício do turismo-praia ao norte (litoral de
Santa Catarina, em especial na faixa entre Laguna e a Ilha) e
ao Sul (litoral Uruguaio, em especial na faixa entre Piriápolis
e Punta del Este).
• Alternativas tão mais atraentes quanto menores os tempos
e custos de transporte (duplicação das BRs, difusão e
barateamento do transporte aeroviário, vantagens cambiais
e de segurança, etc.), que se agregam às vantagens naturais
das recortadas praias catarinenses e uruguaias vis-à-vis o
perfil algo “monótono” das nossas.
O Papel Estratégico do Litoral Norte no
interior da Economia Gaúcha (Conc )
• Caso o litoral norte do RS perca a capacidade de atrair
o veranista gaúcho de alta renda e o turista
permanente (aposentado), a economia gaúcha sofrerá
um baque nada desprezível em termos de
internalização e multiplicação interna da renda
pessoal.
• Se esta perda estivesse restrita ao período de férias, ela
já seria expressiva, mas superável. Mas se houver
“expulsão” do turista permanente, ela envolverá a
sangria continuada dos cofres públicos, cujos recursos
aplicados no pagamento de aposentadorias e pensões
serão externalizados durante todo o ano, sem qualquer
perspectiva de retorno.
O que fazer para enfrentar este quadro?
• O primeiro passo é reconhecer sua gravidade. A
estratégia da avestruz é absolutamente ineficaz.
Nosso litoral NÃO foi planejado, não é
naturalmente atraente, e evoluiu do veraneio ao
turismo permanente de uma forma incompatível
com a sustentação da atratividade do turista
eventual.
• Se ainda há dúvidas com relação a isto, o melhor
a fazer é comparar o tipo de oferta turística que
nossas praias oferecem e o tipo de oferta turística
de praias concorrentes, sejam da proximidade,
sejam de outras regiões do Brasil e do mundo.
O Que fazer? (2)
• O problema maior de nossas praias não é o mar
chocolate, a ausência de recortes, o vento
nordeste, a falta de coqueiros e vegetação.
• O problema principal é a péssima qualidade e
atratividade dos quiosques, a ausência de uma
avenida beira-mar atraente, a privatização da
área pública por condomínios fechados que
invadem praias e dunas, a ausência de uma
avenida beira-mar atraente, a má qualidade de
bares e restaurantes, a ausência (ou má
qualidade) de eventos-atrativos turísticos para
além do próprio sol-mar-areia.
O Que fazer? (3)
• Além disso, as praias não se articulam com vistas a oferecer
“diversidade”. Só somos “informados” se o registro
fotográfico se deu em Xangri-lá, Atlândida Sul ou Capão da
Canoa pelo número do observatório dos salva-vidas. Ainda
não descobrimos a estratégia das “cabanas” que
caracterizam Porto Seguro, Arraial D’Ajuda, Trancoso e
tantas praias do nordeste.
• Nem, tampouco, conseguimos projetar integração do
turismo de mar com o turismo gastronômico e de
aventuras, hoje tão difundido nas praias de Santa Catarina.
• O que falar, então, da divisão do trabalho entre distintos
padrões turísticos de Miami-Ford Laudedale, com todo o
conjunto de serviços para o turista permanente (que requer
atendimento médico de alta qualidade), do turista eventual
(que solicita uma noite diversificada e baladeira) e do
turista de veraneio (em busca de descanso e segurança).
O Que fazer? (4)
• O ponto de partida tem de ser o chamamento das instituições civis
e políticas com responsabilidade pelo planejamento do
desenvolvimento territorial pelo Corede e pelas prefeituras
municipais com vistas ao planejamento do desenvolvimento da
longa, complexa e diversificada cadeia de serviços turísticos do
litoral.Esta estratégia deve conter, pelo menos, os seguintes passos:
• 1) articulação, esclarecimento e pressão junto ao governo do
Estado para a realização de investimentos capazes de preservar e
ampliar a atratividade turística do litoral norte.
• 2) contratação de uma consultoria efetivamente qualificada para o
planejamento conjunto do turismo praieiro, seja ele eventual, de
veraneio e permanente
• 3) Estruturação de um projeto de desenvolvimento do turismo nãopraieiro (aventura, rural, etc) e de fornecimento do conjunto dos
serviços necessários à consolidação do turismo permanente com
base no município de Osório, que é o polo logístico e o maior
centro regional de serviços.
Download