educação em diabetes

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EDUCAÇÃO EM DIABETES
MIRANDA, Silvio Cesar
Universidade Paulista (UNIP)
Faculdade Municipal “Prof. Franco Montoro” (FMPFM)
Faculdades Integradas Maria Imaculada (FIMI)
[email protected]
OLIVEIRA, Daniela Soares
Faculdade Municipal “Prof. Franco Montoro” (FMPFM)
[email protected]
RESUMO: O Diabetes Mellitus tipo I (DM1) é uma doença crônica caracterizada pela destruição parcial
ou total das células beta das ilhotas de Langerhans pancreáticas, resultando na incapacidade progressiva em produzir insulina. Esse processo pode levar meses ou anos, mas só aparece clinicamente
quando já houve a destruição de pelo menos 80% da massa de ilhotas. Há inúmeros fatores, genéticos
e ambientais que contribuem para que haja ativação imunológica desencadeando esse processo destrutivo. O Diabetes Mellitus tipo II (DM2) é a forma presente em 90%-95% dos casos e caracteriza- se
por defeitos na ação e na secreção da insulina. Em geral ambos os defeitos estão presentes quando a
hiperglicemia se manifesta, porém pode haver predomínio de um deles. O DM2 pode ocorrer em qualquer idade, mas é geralmente diagnosticado após os 40 anos. Os pacientes não são dependentes de
insulina exógena para sobrevivência, porém podem necessitar de tratamento com insulina para a obtenção de um controle metabólico adequado. Diferentemente do DM1 auto-imune não há indicadores
específicos para o DM2. Existem provavelmente diferentes mecanismos que resultam nessa forma de
DM, e com a identificação futura de processos patogênicos específicos ou defeitos genéticos, o número
de pessoas com essa forma de DM irá diminuir à custa de uma mudança para uma classificação mais
definitiva em outros tipos específicos de DM. O número de indivíduos diabéticos está aumentando devido ao crescimento e ao envelhecimento populacional, à maior urbanização, à crescente prevalência
de obesidade e sedentarismo, bem como à maior sobrevida do paciente com DM. Quantificar a prevalência de DM e o número de pessoas diabéticas, no presente e no futuro, é importante para permitir
uma forma racional de planejamento e alocação de recursos e ações educacionais, para a construção
de um comportamento saudável de pacientes diabéticos.
PALAVRAS-CHAVE: Diabetes Mellitus; insulina; ações educacionais.
ABSTRACT: Diabetes Mellitus type I (T1DM) is a chronic disease that is characterized by partial or
total destruction of the Beta Cells of the Langerhan’s pancreatic islets which results in the progressive
inability to produce insulin. This process may take months or years, but it only occurs clinically when the
body’s immune system attacks and destroys at least 80% of the pancreatic islet cells. There are numerous genetic and environmental factors that contribute to this destructive process. Diabetes Mellitus
type II (T2DM) present in 90% – 95% of the cases is characterized by the disability in producing and
secreting insulin. Both disabilities are presented when hyperglycaemic reactions manifest themselves,
but there may be preponderance of one of them. The T2DM may occur at any age but it is normally
diagnosed in adults over 40. Patients are not dependent on exogenous insulin for survival, but they may
need treatment with insulin in order to obtain an adequate metabolic control. There is no specific indicator for T2DM. There are probably different mechanisms that result in this type of DM, and with the future
identification of specific pathogenic processes or genetic disabilities, the number of people with T2DM
will decrease due to a conclusive classification of the other specific types of DM. The number of diabetics is increasing because of the growth and the ageing of the population, the stress, the obesity, the
sedentary habits as well the increase of their survival rate. To quantify the prevalence and the number of
the cases of DM nowadays and in the future is Important in order to allow a rational planning, resources
and educational activities to build a healthy behaviour for diabetic patients.
KEYWORDS: Diabetes Mellitus; insulin; educational activities.
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MIRANDA, S. C.; OLIVEIRA, D. S.
1. INTRODUÇÃO
O Diabetes Mellitus configura-se
hoje como uma epidemia mundial, e um
grande desafio para os sistemas de saúde de todo o mundo. O envelhecimento
da população, a urbanização crescente e
a adoção de estilos de vida pouco saudáveis como sedentarismo, dieta inadequada
e obesidade são os grandes responsáveis
pelo aumento da incidência e prevalência
do diabetes em todo o mundo. Segundo
estimativas da Organização Mundial de
Saúde, o número de portadores da doença
em todo o mundo era de 177 milhões em
2000, com expectativa de alcançar 350 milhões de pessoas em 2025. Um indicador
macroeconômico a ser considerado é que
o diabetes cresce mais rapidamente em países pobres e em desenvolvimento e isso
impacta de forma muito negativa devido à
morbimortalidade precoce que atinge pessoas ainda em plena vida produtiva, onera
a previdência social e contribui para a continuidade do ciclo vicioso da pobreza e da
exclusão social (MONTENEGRO, 2003).
O diabetes pode ser ocasionado
por carência de insulina, pela resistência
a esse hormônio ou pelas duas razões. No
processo normal a refeição, usada pelo corpo como energia, é transformada em glicose
que é uma fonte de combustível para o corpo e entra na circulação sanguínea. A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas
para controlar a glicose sanguínea, ou seja,
transporta a glicose da corrente sanguínea
até as células dos músculos, de gordura e
do fígado, onde esse açúcar é usado como
combustível. (COLLET-SOLBERG, 2001).
As pessoas com diabetes possuem muita glicose no sangue. Isto se deve
ao fato do pâncreas não produzir insulina
suficiente para as células dos músculos, de
gordura e do fígado (COLLET-SOLBERG,
2001).
O diabetes é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por
hiperglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários
órgãos,especialmente olhos, rins, nervos,
cérebro, coração e vasos sanguíneos. Pode
resultar de defeitos de secreção e/ou ação
da insulina envolvendo processos patogê-
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nicos específicos, por exemplo, destruição
das células beta do pâncreas (produtoras
de insulina), resistência à ação da insulina,
distúrbios da secreção da insulina, entre outros (KUMAR,2008).
Há duas formas atuais para classificar o diabetes, definidos de acordo com
defeitos ou processos específicos, e a classificação em estágios de desenvolvimento,
incluindo estágios pré-clínicos e clínicos
(KUMAR, 2008).
O sucesso de tratamento e controle do diabetes caminha em conjunto com
uma educação para o diabetes. Desta forma torna-se fundamental fazer uma breve
reflexão sobre o comportamento alimentar
e a assimilação de informações pertinentes
à patologia do diabetes.
A educação é uma forma de socialização, ou seja, uma ferramenta para incluir o indivíduo na sociedade (BRANDÃO,
2007).
Atualmente existe uma obsessão
pela boa mesa e pela forma física, amplamente divulgado pelos meios de comunicação, nem sempre contribuindo para um
comportamento alimentar adequado e preventivo à inúmeras patologias, entre elas
o diabetes. Observa-se uma necessidade
de uma política educacional voltada para
a educação alimentar dos indivíduos já na
fase escolar, possibilitando a construção de
um conhecimento e comportamento na vida
adulta para à saúde.
2. Metodologia
A metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho foi uma revisão
bibliográfica, em obras de cunho acadêmico
nacional e internacional. A pesquisa bibliográfica é considerada o primeiro passo de
toda a pesquisa científica (LAKATOS,1996).
Por se tratar de um trabalho acadêmico, portanto um saber organizado e sistemático faz-se necessário argumentar sobre
o conhecimento e metodologia.
O conhecimento classifica-se em
vulgar, a alcance de todos, da massa; esse
tipo de conhecimento na maioria das vezes
apresenta-se soluções rápidas e simples.
Científico, foge do alcance da massa, preocupa-se não só com os problemas, bem
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Educação em diabetes
como, com as soluções nascidas de observação sistemática e análise do interrelacionamento das partes no conjunto e na compreensão do todo (CASTRO,2000).
Para o desenvolvimento do presente trabalho utilizamos o método acima
citado, compreendendo que o mesmo contribuiria para evidenciar a interface entre
educação e diabetes.
3. Tipos de Diabetes - classificação etiológica
Os tipos de diabetes mais frequentes são o diabetes tipo I, anteriormente conhecido como diabetes juvenil, que compreende cerca de 10% do total de casos, e
o diabetes tipo II, anteriormente conhecido
como diabetes do adulto, que compreende
cerca de 90% do total de casos. Outro tipo
de diabetes encontrado com maior frequência e cuja etiologia ainda não está esclarecida é o diabetes gestacional, que em geral,
é um estágio pré-clínico de diabetes, detectado no rastreamento pré-natal (NAVES et
al.,2003).
Outros tipos específicos de diabetes menos frequentes podem resultar de
defeitos genéticos da função das células
beta, defeitos genéticos da ação da insulina, doenças do pâncreas exócrino, endocrinopatias, efeito colateral de medicamentos,
infecções e outras síndromes genéticas associadas ao diabetes (NAVES et al.,2003).
3.1. Diabetes tipo
O termo tipo I indica destruição
das células beta que eventualmente leva
ao estágio de deficiência absoluta de insulina, quando a administração de insulina
é necessária para prevenir cetoacidose,
coma e morte. A destruição das células
beta é geralmente causada por processo
auto-imune, que pode se detectado por
auto-anticorpos circulantes como anti-descarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD),
anti-ilhotas e anti-insulina, e, algumas vezes, está associado a outras doenças auto-imunes como a tireoidite de Hashimoto,
a doença de Addison e a miastenia grave.
Em menor proporção, a causa da destruição das células beta é desconhecida (tipo 1
idiopático).O desenvolvimento do diabetes
tipo I pode ocorrer de forma rapidamente
progressiva,principalmente, em crianças e
adolescentes (pico de incidência entre 10 e
14 anos), ou deforma lentamente progressiva, geralmente em adultos, (LADA - Latent Autoimmune Diabetesin Adults). Esse
último tipo de diabetes, embora assemelhando-se clinicamente ao diabetes tipo I
auto-imune, muitas vezes é erroneamente
classificado como tipo II pelo seu aparecimento tardio. Estima-se que 5% à 10% dos
pacientes inicialmente considerados como
tendo diabetes tipo II podem, de fato, ter
LADA (ALBERTI,1999).
3.2.
Diabetes tipo II
O termo tipo II é usado para designar uma deficiência relativa de insulina. A administração de insulina nesses
casos, quando efetuada, não visa evitar
cetoacidose,mas alcançar controle do quadro hiperglicêmico. A cetoacidose é rara e,
quando presente, é acompanhada de infecção ou estresse muito grave. A maioria
dos casos apresenta excesso de peso ou
deposição central de gordura. Em geral,
mostram evidências de resistência à ação
da insulina e defeito na secreção de insulina, manifesta-se pela incapacidade de
compensar essa resistência. Em alguns
indivíduos, no entanto, a ação da insulina
é normal, e o defeito secretor mais intenso
(ALBERTI,1999).
3.3. Diabetes gestacional
É a hiperglicemia diagnosticada na
gravidez, de intensidade variada, geralmente se resolvendo no período pós-parto, mas
retornando anos depois em grande parte
dos casos. A OMS (Organização Mundial de
saúde) recomenda detectá-lo com os mesmos procedimentos diagnósticos empregados fora da gravidez, considerando como
diabetes gestacional valores referidos fora
da gravidez, como indicativos de diabetes
ou de tolerância à glicose diminuída (KUMAR, 2008).
Cerca de 80% dos casos de diabetes tipo II podem ser atendidos predominantemente na atenção básica, enquanto que
os casos de diabetes tipo I requerem maior
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MIRANDA, S. C.; OLIVEIRA, D. S.
colaboração com especialistas em função
da complexidade de seu acompanhamento. Em ambos os casos, a coordenação do
cuidado dentro e fora do sistema de saúde
é responsabilidade da equipe de atenção
básica à saúde (KUMAR, 2008).
4. Diagnóstico
O diagnóstico do diabetes é estabelecido quando o indivíduo apresenta
uma concentração sérica alta de glicose.
Frequentemente, a concentração sérica de
glicose (glicemia) é verificada durante um
exame anual de rotina, no exame pré-admissional ou no exame para liberar um indivíduo para a prática esportiva. Além disso, o
médico pode verificar a concentração sérica
de glicose para descobrir a possível causa
de sintomas como o aumento da sede, da
micção ou do apetite, ou quando o indivíduo
apresenta fatores de risco típicos como, por
exemplo, uma história familiar de diabetes,
obesidade, infecções frequentes ou qualquer uma das complicações associadas ao
diabetes. Para dosar a concentração sérica
de glicose, uma amostra de sangue é comumente coletada após o indivíduo realizar um jejum de aproximadamente 8 horas.
Porém, a amostra pode ser coletada após
uma refeição. Uma certa elevação da concentração sérica de glicose após comer é
normal, mas assim mesmo ela não deve
atingir valores muito elevados. Nos indivíduos com mais de 65 anos de idade, o melhor é realizar o exame após um período de
jejum, uma vez que os idosos apresentam
um maior aumento da concentração de glicose no sangue após comer. Um outro tipo
de exame de sangue, o teste de tolerância
à glicose oral, pode ser realizado em determinadas situações, como por exemplo,
quando o médico suspeita que uma gestante apresenta diabetes gestacional. Neste
teste, o indivíduo jejua durante um período,
uma amostra de sangue é coletada para a
dosagem da concentração sérica de glicose
de jejum e, em seguida, o indivíduo ingere
uma solução especial contendo uma quantidade padronizada de glicose. Outras amostras serão coletadas num período entre 2 e
3 horas seguintes, após a coleta da primeira
amostra (COLLET, 2001).
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5. Tratamento
O principal objetivo do tratamento
do diabetes é manter o máximo possível a
concentração sérica de glicose dentro dos
limites de normalidade. A manutenção da
concentração de glicose completamente
normal é difícil, mas quanto mais ela for
mantida dentro da faixa de normalidade,
menos provável será a ocorrência de complicações temporárias ou de longo prazo.
O principal problema ao se tentar manter
um controle rígido da concentração sérica
de glicose é a maior chance de se produzir
uma redução exagerada da mesma (hipoglicemia). O tratamento do diabetes requer
atenção ao controle do peso, à atividade física e à dieta (ALBERTI, 1999).
Indivíduos obesos com diabetes
tipo II não necessitariam de medicação,
caso perdessem peso e mantivessem uma
atividade física regular. Contudo, a redução
de peso e o aumento do exercício físico,
são para a maioria dos indivíduos diabéticos é difícil. Por essa razão, a terapia de reposição de insulina ou com medicamentos
hipoglicemiantes orais é frequentemente
necessária. O exercício reduz diretamente
a concentração sérica de glicose e, também, a quantidade de insulina necessária
(ALBERTI, 1999).
A dieta é muito importante, geralmente, os indivíduos diabéticos não devem
consumir alimentos doces em excesso e
devem alimentar-se dentro de um esquema regular. No entanto, o consumo de um
lanche no momento de deitar ou no final da
tarde frequentemente previne a hipoglicemia em indivíduos que auto-aplicam uma
insulina de ação intermediária pela manhã
ou à noite. Como os indivíduos diabéticos
apresentam uma tendência a apresentar
concentrações altas de colesterol, os nutricionistas normalmente recomendam a limitação da quantidade de gorduras saturadas
na dieta. No entanto, a melhor maneira de
se reduzir a concentração de colesterol é
controlar a concentração sérica de glicose
e o peso corpóreo. A maioria dos diabéticos beneficia-se com o fornecimento de informações sobre a doença, e sobre o que
eles podem fazer para controlá-la. Essa
orientação é mais adequadamente provida
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Educação em diabetes
por uma equipe multidisciplinar, preparada
em educação sobre diabetes (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DIABETES, 2000).
Todos os diabéticos devem compreender como a dieta e o exercício físico,
afetam a concentração sérica de açúcar e
devem estar conscientes de como evitar as
complicações como, por exemplo, examinar
a pele em busca de ulcerações. Também
devem tomar um cuidado especial para evitar infecções nos pés, podendo ser benéfico lançar mão de um podólogo para o corte
das unhas dos pés (Figura 1). É essencial a
realização anual de um exame oftalmológico para se investigar alterações dos vasos
sangüíneos que podem levar à cegueira
(retinopatia diabética). Os indivíduos diabéticos sempre devem carregar consigo um
cartão ou uma pulseira de alerta médico,
que identifique a patologia na eventualidade de sofrerem uma lesão ou apresentarem
uma concentração sérica alta ou baixa de
glicose. Alertar os profissionais da saúde
para a presença do diabetes permite que
eles instituam rapidamente um procedimento adequado ao portador de diabetes,
fundamental para salvar a vida do indivíduo
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES,
2000).
Figura 1: Lesão dos vasos sanguíneos dos pés.
Fonte: <http://saude.ig.org.br>
5.1. Terapia de Reposição da Insulina
No diabetes tipo I, o pâncreas não
consegue produzir insulina e, por essa razão, ela deve ser reposta. A reposição pode
ser realizada somente através de injeção.
Como a insulina é destruída no estômago,
ela não pode ser administrada pela via oral.
A insulina é injetada sob a pele, na camada de gordura, normalmente no membro
superior, na coxa ou na parede abdominal.
O uso de seringas pequenas com agulhas
muito finas torna as injeções praticamente
indolores. Um dispositivo de bomba de ar
que injeta a insulina sob a pele pode ser
utilizado nos indivíduos que não suportam
agulhas. Uma caneta de insulina, a qual
contém um cartucho com insulina e é fechada como uma caneta grande, é um modo
conveniente para o transporte da insulina,
especialmente para aqueles que administram várias injeções diárias longe de casa.
Outro dispositivo é a bomba de insulina, a
qual bombeia a insulina continuamente de
um reservatório através de pequena agulha
que é mantida na pele (NAVES, 2003).
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Doses adicionais de insulina podem ser programadas ou disparadas de
modo que a bomba simule o máximo possível a maneira como ela é normalmente produzida pelo organismo. Para alguns indivíduos, a bomba oferece um maior grau de
controle, enquanto outros consideram o seu
uso desconfortável ou apresentam feridas
no local de inserção da agulha. A insulina
encontra-se disponível sob três formas básicas, cada qual com velocidade e duração
da ação diferente. A insulina de ação rápida,
como a insulina regular, é a que possui a
ação mais rápida e curta. Este tipo de insulina frequentemente começa a diminuir a
concentração sérica de glicose em 20 minutos, atinge a atividade máxima em 2 a 4 horas e sua ação dura 6 a 8 horas. A insulina
de ação rápida é comumente utilizada por
indivíduos que tomam várias injeções diárias e é injetada de 15 à 20 minutos antes
das refeições. A insulina de ação intermediária, como a insulina zinco em suspensão
ou a insulina isofano em suspensão, começa a agir em 1 à 3 horas, atinge a atividade
máxima em 6 à 10 horas e a sua ação dura
de18 à 26 horas (NAVES, 2003).
Este tipo de insulina pode ser utilizado pela manhã, para dar cobertura durante a primeira parte do dia, ou ao entardecer,
para prover a quantidade necessária durante a noite. A insulina de ação prolongada,
como a insulina zinco em suspensão de
ação prolongada, tem um efeito muito reduzido durante as 6 primeiras horas (NAVES,
2003).
5.2. Controle do Tratamento
O controle da concentração sérica de glicose é uma parte essencial do
tratamento do diabetes. Embora possa ser
verificada a presença de glicose na urina,
o exame de urina não é uma boa maneira para se controlar o tratamento ou para
se realizar ajustes da terapia. Atualmente a
concentração sérica de glicose pode ser facilmente aferida em casa. Uma gota de sangue é obtida através da punção da ponta do
dedo, com uma pequena lanceta. A lanceta
pode puncionar o dedo ou pode ser colocada em um dispositivo com uma mola que
perfura a pele rápida e facilmente (Figura
2). Quase todos os diabéticos consideram
a perfuração praticamente indolor. A seguir,
uma gota de sangue é colocada sobre uma
tira reagente. Na presença de glicose, a tira
reagente muda de cor ou apresenta alguma
outra alteração química (OLIVEIRA, 2001).
Existem vários aparelhos disponíveis, e eles usam apenas uma gota de sangue. A automonitoração indica se a dieta, a
medicação e os exercícios físicos combinados e sob orientações de uma equipe multidisciplinar, estão sendo eficazes para controlar o diabetes. (DUNCAN, et al., 1993).
Figura 2: Autoteste de Glicemia Capilar.
Fonte: :<http://saude.ig.org.br>
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Educação em diabetes
Algumas tiras mudam de cor o bastante para permitir a leitura da concentração
sérica de glicose através da sua comparação com as cores impressas em um gráfico. Outro sistema possível e mais preciso
consiste no uso de um aparelho que lê as
alterações da tira de teste e apresenta o
resultado em um monitor digital. A maioria
desses aparelhos cronometra a reação e lê
o resultado automaticamente. Os aparelhos
são pequenos, possuindo um tamanho que
varia do tamanho de uma caneta ao de um
maço de cigarros. Os indivíduos diabéticos
devem anotar os valores de suas concentrações séricas de glicose e informá-los ao
médico ou ao enfermeiro para orientação
sobre o ajuste da dose de insulina ou de
um hipoglicemiante oral. Em alguns casos
e durante as visitas sucessivas do paciente,
o médico ou o enfermeiro podem ensiná-lo
como ajustar a dose da insulina (DUNCAN,
1993).
Os profissionais da área da saúde
utilizam um exame de sangue denominado
hemoglobina glicosilada (ou hemoglobina
A1C) para controlar o tratamento. Quando
a concentração sérica de glicose encontra-se elevada, ocorrem alterações na hemoglobina, a substância que transporta o
oxigênio no sangue. Essas alterações são
diretamente proporcionais à concentração
sérica de glicose durante um longo período. Portanto, ao contrário da dosagem da
concentração de açúcar no sangue, a qual
revela o nível em um determinado momento, a dosagem da hemoglobina glicosilada
revela o grau de controle da concentração
sérica de açúcar nas últimas semanas. A
concentração normal da hemoglobina glicosilada é inferior a 7%. Os indivíduos diabéticos raramente atingem esses níveis, mas o
objetivo do controle rigoroso é aproximar-se
deles. A concentração superior a 9% revelam um mau controle e a superior a 12% revela um controle muito ruim. A maioria dos
profissionais especializados no tratamento
do diabetes recomendam a dosagem da hemoglobina glicosilada no período de 3 à 6
meses (KUMAR, 2008).
Um nutricionista pode ajudar no
planejamento das suas necessidades dietéticas. Diabéticos tipo I devem comer nos
mesmos horários todos os dias e tentar ser
consistentes com os tipos de alimentos selecionados. Isso ajuda a impedir que o nível
glicêmico fique extremamente alto ou baixo.
Diabéticos tipo II devem seguir uma dieta
bem balanceada com pouca gordura (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES,
2000).
A medicação para tratar o diabetes consiste em insulina e comprimidos
que reduzem o nível de glicose no sangue,
chamados de drogas hipoglicêmicas. Diabéticos tipo I não conseguem produzir sua
própria insulina. Por isso, eles precisam de
injeções de insulina. A insulina não é apresentada em comprimidos. Geralmente, são
necessárias de uma a quatro injeções por
dia. Algumas pessoas usam uma bomba de
insulina. Ela é usada o tempo todo e secreta um fluxo constante de insulina durante o
dia (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2000).
Diferentemente do tipo I, o diabetes tipo II responde a um tratamento com
exercícios físicos, dieta e medicamentos
orais. Existem diversos tipos de remédios
usados para reduzir a glicose sanguínea no
diabetes tipo II (KUMAR, 2008).
Durante a gravidez e a amamentação, os medicamentos podem ser trocados
pela insulina. A diabetes gestacional pode
ser tratada com exercícios físicos e mudanças na dieta (DUNCAN et al., 1993)
A prática regular de exercícios físicos é muito importante para os diabéticos.
Ela ajuda no controle da glicemia, do peso
e da hipertensão. Diabéticos que praticam
exercícios têm menor probabilidade de sofrerem um ataque cardíaco ou AVC (Acidente Vascular Cerebral), em comparação
àqueles que não praticam exercícios regularmente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
DIABETES, 2000).
Com um bom controle da glicose
e da pressão arterial, muitas das complicações do diabetes podem ser evitadas.
Estudos mostram que o controle rígido dos
níveis de glicemia, de colesterol e de pressão arterial nos diabéticos ajuda a minimizar o risco de doença hepática, ocular, do
sistema nervoso, ataque cardíaco e AVC
(ALBERTI, 1999).
Manter o peso ideal e um estilo de
vida ativo pode evitar o diabetes tipo II. AtuInterciência
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MIRANDA, S. C.; OLIVEIRA, D. S.
almente, não existe nenhuma maneira de
prevenir o diabetes tipo I. Não existem exames de triagem eficazes para o diabetes do
tipo I em pessoas que não apresentam os
sintomas. A realização de exames de triagem para o diabetes tipo II em pessoas que
não apresentam os sintomas é recomendado para: crianças acima do peso que apresentam outros fatores de risco para o diabetes (começando aos 10 anos de idade e
repetindo a cada 2 anos), adultos acima do
peso (com índice de massa corporal acima
de 25) que apresentam outros fatores de
risco, adultos acima dos 45 anos (repetindo
a cada 3 anos) (SOCIEDADE BRASILEIRA
DE DIABETES,2000).
6. Educação
Após ampla pesquisa e discussão sobre a patologia do diabetes, com os
alunos do sexto semestre do Curso de Nutrição, da Faculdade Municipal Professor
Franco Montoro, localizada no município de
Mogi Guaçu, estado de São Paulo, consideramos de fundamental importância, para
a construção do conhecimento, fazermos
uma breve reflexão sobre o papel da educação no controle e acompanhamento do
diabetes.
O controle da doença perpassa
pela educação alimentar, desta forma as
unidades de ensino em seu trabalho pedagógico constituem um importante elemento
na orientação sobre a patologia.
Com um perfil inovador os Parâmetros Curriculares Nacionais- PCNs, constituem a orientação curricular oficial para a
Educação Básica (educação infantil, ensino
fundamental I e II, ensino médio). Trazendo
as disciplinas tradicionais com os seis temas transversais: ética, pluralidade cultural,
meio ambiente, saúde, orientação sexual e
trabalho-consumo. Devendo ter um lugar de
destaque nas escolas, e, por isso a educação nutricional deve estar inserida no universo escolar.
Como o controle do diabetes está
diretamente ligado ao comportamento alimentar, e a criança, o adolescente na sua
fase escolar devem ser alvo de orientação.
A implantação da educação nutricional no
ensino fundamental é uma questão política
92
(HABERMAS,1990).
A implantação da educação alimentar nas unidades de ensino receberiam
críticas por desafiar o modelo vigente. Convivemos com uma cultura alimentar onde
encontramos os excessos ou exageros
gastronômicos, amplamente divulgados pelos compêndios médicos, artigos científicos
e pelos meios de comunicação de massa
(HABERMAS, 1990).
Para a educação em relação ao
diabetes, seria necessário uma construção
coletiva do conhecimento mediante planejamento didático participativo de todo o corpo
docente das unidades de ensino, sociedade, equipes de saúde, escola, a criança e
a família, e tendo como meta o comportamento adulto saudável, no que se refere a
alimentação, atividades físicas e exames
médicos preventivos.
Diante de tais reflexões e pesquisas, verificou-se a necessidade de uma palestra orientativa junto às unidades de ensino, da rede Estadual e Municipal de ensino.
Com uma postura e procedimento educativo, observamos uma variada rede de informações sobre o diabetes, porém nem
sempre compatível e coerente aos procedimento corretos e profiláticos do diabetes.
Confirma-se a concepção que a
educação determina o indivíduo, e a sociedade determina a educação (FERREIRA,
2000).
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos que a insulina é um
hormônio produzido pelo pâncreas, que é
necessário para as células utilizar o açúcar
no sangue, e que os indivíduos com diabetes possuem uma alta taxa de açúcar no
sangue, devido ao fato de que o pâncreas
não produz insulina suficiente para as células dos músculos, de gordura e do fígado. É
uma doença que pode ser controlada com
dieta e medicamentos específicos, porém
quando não tratada pode causar perda de
visão, ulcerações na pele e problemas cardíacos e renais. Os sintomas apresentados,
geralmente é vontade frequente de urinar,
sede exagerada, cansaço constante, infecções urinárias ou de pele, visão turva, coceira, perda de peso, eventuais feridas que
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Educação em diabetes
demoram a cicatrizar. O diabetes apresenta
dois grupos: diabetes Mellitus tipo I - ocasionado pela destruição da célula beta do pâncreas, em geral por decorrência de doença
auto-imune, levando a deficiência absoluta
de insulina, e, diabetes Mellitus tipo II - provocado predominantemente por um estado
de resistência à ação da insulina associado a uma relativa deficiência de sua secreção. Outro tipo de diabetes encontrado com
maior frequência é o diabetes gestacional,
detectado no rastreamento pré-natal. Outros tipos específicos de diabetes menos
frequentes podem resultar de defeitos genéticos da função das células beta, defeitos
genéticos da ação da insulina, doenças do
pâncreas exócrino, endocrinopatias, efeito colateral de medicamentos, infecções e
outras síndromes genéticas associadas ao
diabetes.
De acordo com a importância da
patologia diabetes, a educação e a informação se fazem necessário, para evitar
perdas da função biológica e consequência
econômicas.
Educação em saúde possibilita
capacitação e ações transformadoras que
favorecem mudança de pensamentos e
ações, se aplicando bem às doenças crônicas, dentre as quais, destaca-se o diabetes.
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Silvio Cesar Miranda, possui graduação em Medicina Veterinária pela Faculdade Professor Antônio Secundino de
São José (1993) e Mestrado em Educação pelo Centro Universitário Monte Serrat (2003). Atualmente é Docente
na Faculdade Professor Franco Montoro – Mogi Guaçu/SP, Docente titular na Universidade Paulista - UNIP – Campus Swift – Campinas/SP e Docente na Faculdades Integradas Maria Imaculada – Mogi Guaçu/SP.
Daniela Soares de Oliveira, possui graduação em Nutrição (2000) e Especialização em Nutrição Clínica (2001)
pela Universidade Metodista de Piracicaba, Mestranda em Hospitalidade pela Universidade Anhembi Morumbi.
Atualmente é coordenadora do curso de Nutrição e Docente na Faculdade Municipal Professor Franco Montoro.
Interciência
& Sociedade
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