cintra_tcf_me_jabo.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE
JABOTICABAL
ULTRASSONOGRAFIA TRANSCRANIANA EM CÃES
ADULTOS HÍGIDOS: PADRONIZAÇÃO DA TÉCNICA, ASPECTOS
ANATÔMICOS E BIOMÉTRICOS
Thassila Caccia Feragi Cintra
Orientador: Prof. Dr. Júlio Carlos Canola
Coorientadora: Profa Dra Cibele Figueira Carvalho
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias – Unesp, Câmpus de
Jaboticabal, como parte das exigências para
a
obtenção do título de Mestre em Cirurgia Veterinária.
JABOTICABAL – SÃO PAULO - BRASIL
Abril de 2011
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
THASSILA CACCIA FERAGI CINTRA – nascida na cidade de São Paulo, SP,
aos trinta e um de janeiro de 1982, ingressou no curso de Medicina Veterinária na
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista
(UNESP) – Câmpus de Jaboticabal - SP em 2002. Concluiu o curso de Medicina
Veterinária em 2006. Ingressou no programa de Aprimoramento em Diagnóstico por
imagens em Fevereiro de 2007 e concluiu o programa em Janeiro de 2009. Ingressou
no curso de Mestrado do Programa de Pós-graduação em Cirurgia Veterinária da
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) da Universidade Estatual
Paulista (UNESP) – Câmpus de Jabotical em 2009 sob orientação do Prof. Dr. Julio
Carlos Canola, com bolsa de estudo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo (FAPESP).
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Julio Carlos Canola por toda a orientação recebida, não só durante a
realização deste trabalho, como também durante toda a minha formação acadêmica e
aprendizado na rotina médico-hospitalar. A prof. Dra. Cibele Figueira Carvalho, não só
pela orientação, como também pela participação ativa, por todo o conhecimento, idéias
e incentivo que me foram passados, permitindo a realização e conclusão deste trabalho.
Que fique aqui registrado a minha admiração, respeito e carinho por esses professores.
Ao Prof. Dr. Alvimar José da Costa por permitir a utilização dos cães
provenientes do Centro de Pesquisa em Sanidade Animal (CPPar) da Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus de Jaboticabal – SP, para a
realização deste trabalho.
Ao Centro de Controle de Zoonoses da cidade de Ribeirão Preto - SP pelo
fornecimento dos cadáveres de cães utilizados nesse estudo.
À Médica Veterinária Carla Marconato por permitir a utilização do equipamento
de ultrassom da Clínica Veterinária Animale, na cidade de Jaboticabal – SP, para
realização deste trabalho.
À Prof. Dra Rosângela Zacarias Machado e ao Prof. Dr. Gervásio Henrique Bechara por
permitirem a utilização das dependências e dos equipamentos do Departamento de
Patologia Veterinária da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho –
campus de Jaboticabal – SP, para a realização do congelamento das cabeças dos
cadáveres utilizados neste experimento.
Ao Narciso Batista Tel, funcionário do Departamento de Patologia Veterinária da
Universidade Estadual paulista Júlio de Mesquita Filho, campus de Jaboticabal – SP,
pelo auxílio durante a realização dos cortes anatômicos nas cabeças dos cadáveres.
2
À Prof. Dra Márcia Rita Fernandez Machado e a prof. Dra Irvênia Luiza de Santis
Prada pela grande ajuda na interpretação e identificação das estruturas encefálicas nos
cortes anatômicos.
Ao Prof. Dr José Carlos Barbosa pela realização dos cálculos estatísticos.
Ao prof. Dr. José Wanderley Catellan e a prof. Dra. Márcia Rita Fernandez
Machado pelas correções e sugestões durante a banca de qualificação.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) pelo
auxílio financeiro que possibilitou a minha estadia em Jaboticabal durante todo o
período de realização deste trabalho.
Ao Sérgio Netto Vitaliano pelas sugestões, auxílio e incentivo na confecção deste
trabalho e pela dedicação e cumplicidade na vida diária.
À Thiciene C. Feragi Cintra pela confecção do resumo em Inglês e por todo o
incentivo durante a realização deste trabalho e pelo apoio e amizade de todos os dias.
À Rose Meire Feragi por todo o amor, incentivo e apoio financeiro e psicológico
recebido, não só durante o período do curso de mestrado, mas durante toda a minha
vida.
As amigas Vanessa Páfaro, Anelise Carvalho Nepomuceno, Rosana Zanatta,
Marina Suzuki Cursino e Fernanda Maria de Carvalho pela amizade e troca de
experiências que nos fizeram crescer juntas profissional e pessoalmente, apesar da
distância sei que são pessoas com as quais sempre poderei contar.
i
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS.............................................................................
iii
LISTA DE FIGURAS..............................................................................
iv
RESUMO...............................................................................................
xiii
ABSTRACT...........................................................................................
xiv
I. INTRODUÇÃO...................................................................................
1
II. REVISÃO DE LITERATURA.............................................................
4
2.1 Anatomia do crânio e encéfalo......................................................
4
2.2 Exame ultrassonográfico do encéfalo...........................................
8
III. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................
16
3.1 Animais..........................................................................................
16
3.2 Padronização da técnica...............................................................
16
3.2.1 Equipamento........................................................................
16
3.2.2 Exame ultrassonográfico transcraniano.............................
17
3.3 Padronização dos planos de corte anatômicos..........................
20
3.4 Processamento das imagens e denominação das estruturas......
21
3.5 Padronização das medidas dos ventrículos laterais, sulco
marginal, sulco coronal e região cerebelar...........................................
22
3.6
Análise estatística.....................................................................
23
IV. RESULTADOS.................................................................................
24
4.1 Exame ultrassonográfico transcraniano realizado com o
transdutor posicionado perpendicularmente ao osso temporal.....
24
4.2 Exame ultrassonográfico transcraniano realizado pela janela
temporal com o transdutor rotacionado em sentido horário, em
aproximadamente 45° de seu eixo central....................................
27
4.3 Exame ultrassonográfico transcraniano realizado pela janela
temporal com o transdutor rotacionado em sentido anti-horário,
40
ii
em aproximadamente 45° de seu eixo central..............................
4.4 Exame ultrassonográfico transcraniano realizado pela janela
occipital..........................................................................................
58
4.5 Padronização das medidas da largura dos ventrículos laterais,
manto encefálico, espessura do sulco marginal, espessura do
sulco coronal e dimensões da região cerebelar............................
65
V. DISCUSSÃO.....................................................................................
73
VI. CONCLUSÕES................................................................................
82
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................
83
iii
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 3
Tabela 4
Denominação dos planos de corte ultrassonográficos, ângulos
de rotação e inclinação do transdutor para obtenção de cada
plano de corte e estruturas encefálicas visibilizadas em cada
plano de corte obtido por meio de exame ultrassonográfico
realizado pela janela temporal nos 7 cadáveres e 30 animais
in vivo. UNESP – Jaboticabal/ 2010..........................................
56
Denominação dos planos de corte ultrassonográficos, ângulos
de rotação e inclinação do transdutor para obtenção de cada
plano de corte e estruturas encefálicas visibilizadas em cada
plano de corte obtido por meio de exame ultrassonográfico
realizado através pela occipital nos 7 cadáveres e 30 animais
in vivo. UNESP – Jaboticabal/ 2010...........................................
65
Médias, desvios padrão ( ) e valores mínimos e máximos (Min
- Máx) das medidas das estruturas encefálicas mensuradas
por meio do exame realizado nos 30 animais in vivo. UNESP –
Jaboticabal/ 2010........................................................................
68
Médias e desvios padrão ( ) das medidas do sulco marginal,
sulco coronal e cerebelo, obtidas por meio do exame realizado
pela janela temporal direita em comparação com os valores
de médias e desvios padrão (±) das medidas das mesmas
estruturas obtidas por meio de exame realizado pela janela
temporal contralateral nos 30 animais in vivo. UNESP –
Jaboticabal/2010........................................................................
72
iv
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Imagem e desenho esquemático ilustrando o posicionamento
do transdutor para varredura ultrassonográfica do encéfalo em
plano dorsal..................................................................................
18
Imagem e desenho esquemático ilustrando o posicionamento
do transdutor após movimento de rotação de 45° em sentido
horário para a varredura ultrassonográfica do encéfalo nos
planos dorsais oblíquos caudais..................................................
18
Imagem e desenho esquemático ilustrando o posicionamento
do transdutor após movimento de rotação de 90° (em relação à
figura 2) em sentido anti-horário para a varredura
ultrassonográfica do encéfalo nos planos dorsais oblíquos
craniais.........................................................................................
18
Imagem ilustrando o posicionamento do transdutor para
varredura ultrassonográfica do encéfalo através da janela
occipital. A, Posicionamento do transdutor perpendicular ao
forme magno para obtenção de imagem em plano longitudinal.
B, Posicionamento do transdutor após rotação de 90° (em
relação à figura A) em sentido anti-horário para varredura
eletrônica do encéfalo nos planos dorsal e dorsal
oblíquo..........................................................................................
19
A, Peça metálica confeccionada para auxiliar na realização dos
cortes anatômicos. B, Posicionamento e fixação da cabeça de
cadáver de cão congelada na porção articulada da peça
metálica, imediatamente antes da realização dos cortes
anatômicos. 1, porção articulada da peça; 2,transferidor para
mensuração do ângulo de rotação da cabeça; 3, base da peça;
4, fixadores para cabeça; 5, cabeça de cadáver de cão
congelada.....................................................................................
21
Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal em
correspondência ao corte ultrassonográfico da Figura7..............
25
Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal mediano, com o transdutor posicionado
v
perpendicularmente em relação ao osso temporal. O desenho
esquemático no canto inferior direito indica a topografia do
corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca:
caudal...........................................................................................
25
Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 7. LE: lado esquerdo; LD:
lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal..............................................
26
Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua
caudal em correspondência ao corte ultrassonográfico da figura
10..................................................................................................
28
Figura 10 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal oblíquo caudal pela janela temporal, com
o transdutor rotacionado 45° em sentido horário. O desenho
esquemático no canto inferior direito indica a topografia do
corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca:
caudal...........................................................................................
28
Figura 11 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 10. LE: lado esquerdo; LD:
lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal..............................................
29
Figura 12 Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua
caudal em correspondência ao corte ultrassonográfico da figura
13..................................................................................................
30
Figura 13 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal oblíquo caudal pela janela temporal, com
o transdutor rotacionado 45° em sentido horário e 10° em
sentido dorsal. O desenho esquemático no canto inferior direito
indica a topografia do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito;
Cr: cranial; Ca: caudal..................................................................
30
Figura 14 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 13. LE: lado esquerdo; LD:
lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal..............................................
31
Figura 8
Figura 9
Figura 15 Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua
caudal em correspondência ao corte ultrassonográfico da figura
vi
16..................................................................................................
32
Figura 16 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal oblíquo caudal pela janela temporal, com
o transdutor rotacionado 45° em sentido horário e 20° em
sentido dorsal. O desenho esquemático no canto inferior direito
indica a topografia do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito;
Cr: cranial; Ca: caudal..................................................................
32
Figura 17 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 16. LE: lado esquerdo; LD:
lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal..............................................
33
Figura 18 Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíquo
caudal em correspondência ao corte ultrassonográfico da figura
19..................................................................................................
34
Figura 19 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal oblíquo caudal pela janela temporal, com
o transdutor rotacionado 45° em sentido horário e 30° em
sentido dorsal. O desenho esquemático no canto inferior direito
indica a topografia do corte. LE: lado esquerdo; D: Dorsal; Cr:
cranial; Ca: caudal........................................................................
34
Figura 20 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 19. LE: lado esquerdo; D:
dorsal; Cr: cranial; Ca: caudal......................................................
35
Figura 21 Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua
caudal em correspondência ao corte ultrassonográfico da figura
22..................................................................................................
36
Figura 22 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal oblíquo caudal pela janela temporal, com
o transdutor rotacionado 45° em sentido horário e 10° em
sentido ventral. O desenho esquemático no canto inferior
direito indica a topografia do corte. V: ventral; LD: lado direito;
Cr: cranial; Ca: caudal..................................................................
36
Figura 23 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 22. V: Ventral; LD: lado
vii
direito; Cr: cranial; Ca: caudal......................................................
37
Figura 24 Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua
caudal em correspondência ao corte ultrassonográfico da figura
25..................................................................................................
38
Figura 25 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal oblíquo caudal pela janela temporal, com
o transdutor rotacionado 45° em sentido horário e 20° em
sentido ventral. O desenho esquemático no canto inferior
direito indica a topografia do corte. V: Ventral; LD: lado direito;
Cr: cranial; Ca: caudal..................................................................
38
Figura 26 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 25. V: Ventral; LD: lado
direito; Cr: cranial; Ca: caudal......................................................
39
Figura 27 Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua
cranial em correspondência ao corte ultrassonográfico da figura
28..................................................................................................
41
Figura 28 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal oblíquo cranial pela janela temporal, com
o transdutor rotacionado 45° em sentido anti-horário. O
desenho esquemático no canto inferior direito indica a
topografia do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr:
cranial; Ca: caudal........................................................................
41
Figura 29 Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua
cranial em correspondência ao corte ultrassonográfico da figura
30..................................................................................................
42
Figura 30 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal oblíquo cranial pela janela temporal, com
o transdutor rotacionado 45° em sentido anti-horário. O
desenho esquemático no canto inferior direito indica a
topografia do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr:
cranial; Ca: caudal........................................................................
42
Figura 31 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 30. LE: lado esquerdo; LD:
43
viii
lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal..............................................
Figura 32 Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua
cranial em correspondência ao corte ultrassonográfico da figura
33..................................................................................................
44
Figura 33 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal oblíquo cranial pela janela temporal, com
o transdutor rotacionado 45° em sentido anti-horário e 10° em
sentido dorsal. O desenho esquemático no canto inferior direito
indica a topografia do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito;
Cr: cranial; Ca: caudal..................................................................
44
Figura 34 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 33. LE: lado esquerdo; LD:
lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal..............................................
45
Figura 35 Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua
cranial em correspondência ao corte ultrassonográfico da figura
36..................................................................................................
46
Figura 36 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal oblíquo cranial pela janela temporal, com
o transdutor rotacionado 45° em sentido anti-horário e 20° em
sentido dorsal. O desenho esquemático no canto inferior direito
indica a topografia do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito;
Cr: cranial; Ca: caudal..................................................................
46
Figura 37 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 36. LE: lado esquerdo; LD:
lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal..............................................
47
Figura 38 Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua
cranial em correspondência ao corte ultrassonográfico da figura
39..................................................................................................
48
Figura 39 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal oblíquo cranial pela janela temporal, com
o transdutor rotacionado 45° em sentido anti-horário e 30° em
sentido dorsal. O desenho esquemático no canto inferior direito
indica a topografia do corte. LE: lado esquerdo; D: dorsal; Cr:
48
ix
cranial; Ca: caudal........................................................................
Figura 40 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 39. D: dorsal; LD: lado direito;
Cr: cranial; Ca: caudal..................................................................
49
Figura 41 Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua
cranial em correspondência ao corte ultrassonográfico da figura
42..................................................................................................
50
Figura 42 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal oblíquo cranial pela janela temporal, com
o transdutor rotacionado 45° em sentido anti-horário e 10° em
sentido ventral. O desenho esquemático no canto inferior
direito indica a topografia do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado
direito; Cr: cranial; Ca: caudal......................................................
50
Figura43
Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua
cranial em correspondência ao corte ultrassonográfico da
figura44.........................................................................................
51
Figura 44 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal oblíquo cranial pela janela temporal, com
o transdutor rotacionado 45° em sentido anti-horário e 10° em
sentido ventral. O desenho esquemático no canto inferior
direito indica a topografia do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado
direito; Cr: cranial; Ca: caudal......................................................
51
Figura 45 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 44. LE: lado esquerdo; LD:
lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal..............................................
52
Figura 46 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 44. LE: lado esquerdo; LD:
lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal..............................................
52
Figura 47 Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua
cranial em correspondência ao corte ultrassonográfico da figura
48.................................................................................................
53
Figura 48 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal oblíquo cranial pela janela temporal, com
53
x
o transdutor rotacionado 45° em sentido anti-horário e 20° em
sentido ventral. O desenho esquemático no canto inferior
direito indica a topografia do corte. V: ventral; LD: lado direito;
Cr: cranial; Ca: caudal..................................................................
Figura 49 Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua
cranial em correspondência ao corte ultrassonográfico da figura
50..................................................................................................
54
Figura 50 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal oblíquo cranial pela janela temporal, com
o transdutor rotacionado 45° em sentido anti-horário e 20° em
sentido ventral. O desenho esquemático no canto inferior
direito indica a topografia do corte. V: ventral; LD: lado direito;
Cr: cranial; Ca: caudal..................................................................
54
Figura 51 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 50. V: ventral; LD: lado direito;
Cr: cranial; Ca: caudal..................................................................
55
Figura 52 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 50. LE: lado esquerdo; V:
ventral; Cr: cranial; Ca: caudal.....................................................
55
Figura 53 Peça anatômica da cabeça de cão em secção longitudinal em
correspondência ao corte ultrassonográfico da figura 54.............
59
Figura 54 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte longitudinal pela janela occipital, com o
transdutor posicionado perpendicularmente ao forme magno. V:
ventral; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal...........................
59
Figura 55 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 54. V: ventral; Cr: cranial; Ca:
caudal...........................................................................................
60
Figura 56 Peça anatômica da cabeça de cão em secção longitudinal em
correspondência ao corte ultrassonográfico da figura 57.............
61
Figura 57 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal pela janela occipital, com o transdutor
posicionado perpendicularmente ao forme magno e
61
xi
rotacionado em 90º no sentido anti-horário em relação ao plano
anterior. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca:
caudal...........................................................................................
Figura 58 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 57. LE: lateral esquerda; LD:
lateral direita; Cr: cranial; Ca: caudal...........................................
62
Figura 59 Peça anatômica da cabeça de cão em secção longitudinal em
correspondência ao corte ultrassonográfico da figura 60.............
63
Figura 60 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal pela janela occipital, com o transdutor
rotacionado em 90º no sentido anti-horário e 10º em sentido
caudal. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca:
caudal...........................................................................................
63
Figura 61 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo
plano de corte ilustrado na figura 60. LE: lateral esquerda; LD:
lateral direita; Cr: cranial; Ca: caudal...........................................
64
Figura 62 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal mediano, com o transdutor posicionado
perpendicularmente em relação ao osso temporal. A, cursor
posicionado sobre o septo pelúcido e o outro posicionado sobre
a parede lateral do ventrículo direito, ilustrando as dimensões
do ventrículo lateral direito. B, cursor posicionado sobre a
parede lateral do ventrículo esquerdo, demonstrando as
dimensões do ventrículo lateral esquerdo. LE: lado esquerdo;
LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal........................................
66
Figura 63 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal mediano, com o transdutor posicionado
perpendicularmente em relação ao osso temporal.
Posicionamento dos cursores demonstrando a medida do
manto encefálico: Cursor posicionado no centro da imagem
sobre a linha hiperecogênica que representa a parede lateral
do ventrículo esquerdo e o outro posicionado em região mais
superficial, adjacente à linha arqueada hiperecogênica que
representa o contorno da calota craniana. LE: lado esquerdo;
67
xii
LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal........................................
Figura 64 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão pela
janela temporal, em plano de corte dorsal oblíquo caudal, com
o transdutor rotacionado 45º em sentido horário e inclinado 30º
em sentido dorsal. A linha hiperecogênica no centro da imagem
representa o sulco marginal e o posicionamento dos cursores
ilustra a medida da sua espessura. LE: lado esquerdo; D:
dorsal; Cr: Cranial; Ca: caudal.....................................................
69
Figura 65 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão pela
janela temporal, em plano de corte dorsal oblíquo cranial, com
o transdutor rotacionado 45º em sentido anti-horário e inclinado
30º em sentido dorsal. A linha hiperecogênica no centro da
imagem representa o sulco coronal e o posicionamento dos
cursores ilustra a medida da sua espessura. LE: lado esquerdo;
D: dorsal; Cr: cranial; Ca: caudal..................................................
70
Figura 66 Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão pela
janela temporal, em plano de corte dorsal oblíquo cranial, com
o transdutor rotacionado 45º em sentido anti-horário e inclinado
20º em sentido ventral. A imagem central ecogênica de formato
arredondado, circundada por um halo hiperecogênico
representa a região de cerebelo, parte do tálamo e
mesencéfalo, circundada pelo tentório ósseo do cerebelo e
pelo osso basoesfenoidal. O posicionamento dos cursores
referentes à distância 1 ilustra a medida do diâmetro ventrolateral, os cursores referentes à distância 2 ilustra a medida do
diâmetro caudo-cranial. LD: lado direito; V: ventral; Cr: cranial;
Ca: caudal....................................................................................
71
xiii
ULTRASSONOGRAFIA TRANSCRANIANA EM CÃES ADULTOS HÍGIDOS:
PADRONIZAÇÃO DA TÉCNICA, ASPECTOS ANATÔMICOS E BIOMÉTRICOS
RESUMO - Com este trabalho objetivou-se correlacionar a ultrassonografia
transcraniana com a anatomia encefálica, confeccionar um atlas com cortes anatômicos
do encéfalo, à similitude dos planos de varredura ultrassonográficos, identificando e
mensurando nas imagens as estruturas encefálicas visibilizadas, para padronizar
dimensões em cães mesaticéfalos. Foram utilizados 37 cães adultos, hígidos, sem raça
definida, sendo 30 in vivo e sete cadáveres. Nos cadáveres, após varredura, as
cabeças foram removidas e seccionadas em planos anatômicos à similitude dos planos
ultrassonográficos. Nos animais in vivo a identificação e as mensurações das estruturas
encefálicas foram comparadas entre si para avaliar a repetibilidade da varredura
eletrônica. No encefálo foram realizados cortes ultrassonográficos em planos dorsais e
dorsais oblíquos pela janelas temporal e occipital, sendo passível visibilizar regiões dos
lobos frontal, temporal e occipital, ventrículos laterais, septo pelúcido, fissura
longitudinal do cérebro, sulcos suprasilviano, marginal e coronal, cerebelo, tentório
ósseo do cerebelo, vermes do cerebelo, e medula oblonga. As médias e os desvios
padrão das estruturas encefálicas nos 30 cães in vivo não variaram (p>0,05) em função
das janelas temporais e foram 0,277cm ± 0,030 e 0,281cm ± 0,024; 1,643cm ± 0,115;
0,161 ± 0,021 e 0,157 ± 0,016; 2,248 ± 0,166 e 2,368 ± 0,212, respectivamente para
largura dos ventrículos laterais direito e esquerdo; manto encefálico; espessura dos
sulcos marginal e coronal; diâmetros ventro-lateral e crânio-caudal da região cerebelar.
Palavras-Chave: cães, encéfalo, ultrassonografia
xiv
TRANSCRANIAL ULTRASONOGRAPHY IN HEALTHY ADULT DOGS: TECHNICAL
STANDARDIZATION, ANATOMICAL AND BIOMETRIC ASPECTS
ABSTRACT – the goals o this study were to correlate transcranial
ultrasonography with brain anatomy, to make an atlas with anatomical cuts of the brain
that were similar to the ultrasound plane images, to identify and to measure the brain
structures visualized, in order to standardize their dimensions in mesaticephalic dogs. In
this experiment, 37 adult, healthy mongrel dogs were used – 30 alive and 7 corpses.
After the ultrasound procedure the head of the corpse was removed and cut in
anatomical planes as the ultrasound plane images. In the live animals, the brain
structures identification and measurements were compared to each other to assess the
reprodutibility of the ultrasound procedure. Ultrasound scans in dorsal and dorsal
oblique planes were performed in the brain through the temporal and occipital window,
with visualization of the frontal, temporal and occipital lobe, lateral ventricles, septum
pellucidum, the longitudinal fissure of the brain, suprasylvian, marginal and coronal
sulcus, cerebellum, the osseous tentorium of the cerebellum, the vermis of the
cerebellum and the medulla oblongata. The average and the standard deviation of the
brain structures of the 30 live dogs did not vary (p>0,05) in both temporal window and
were 0,277cm ± 0,030 e 0,281cm ± 0,024; 1,643cm ± 0,115; 0,161 ± 0,021 e 0,157 ±
0,016; 2,248 ± 0,166 e 2,368 ± 0,212, respectively for width of the right and left lateral
ventricles and cerebral mantle, thickness of the marginal and coronal sulcus, and ventrolateral and canio-caudal cerebellar diameter.
Key Words: dogs, brain, ultrasonography
1
I. INTRODUÇÃO
O interesse pelo estudo do sistema nervoso central vem crescendo na medicina
veterinária à medida que novas modalidades diagnósticas por imagem têm se tornado
realidade (LORIGADOS, 2008).
A ultrassonografia foi o primeiro método de diagnóstico por imagem utilizada na
investigação do encéfalo, sendo empregada inicialmente em seres humanos por
LEKSELL (1956) em modo A (modulação de amplitude), em que a amplitude dos ecos
detectados eram processados e apresentados em forma de gráficos em função da
profundidade em que eram gerados. Embora esse método não possibilitasse obter
imagens anatômicas do encéfalo, foi utilizado durante algum tempo para avaliar
modificações intracranianas, como alterações na diferenciação entre o tecido normal e
o tecido tumoral a partir dos ecos gerados (TANAKA et al., 1965).
O emprego da ultrassonografia em modo B (modulação do brilho) no crânio
humano foi, inicialmente, relatado por VLIEGER et al. (1963) que utilizaram técnicas de
exame por contato. A técnica do exame transcraniano era difícil em razão da superfície
curva do crânio que causava acentuada descontinuidade de contato dos transdutores,
gerando artefatos em campo proximal, com consequente degradação da imagem. Após
1973, concomitante ao desenvolvimento dos equipamentos, os autores empenharam-se
em melhorar o emprego e o papel da ultrassonografia na avaliação neurológica
(ABRÃO et al., 1998).
Somente em 1980, com a disponibilidade da imagem em tempo real e a
popularização da fontanela anterior como janela acústica, a neurossonografia começou
a ser utilizada extensivamente em neonatos, sendo considerada como um dos métodos
de avaliação do encéfalo (BEN-ORA et al., 1980; LONDON, et al., 1980; BABCOCK &
HAN, 1981; COHEN & HALLER, 1994; WANG et al., 2002). A partir desse período,
muitos outros autores descreveram suas experiências com a ultrassonografia em modo
B realizadas pela fontanela anterior e outras janelas, além das suturas dos ossos
cranianos, tornando a ultrassonografia transcraniana reconhecida como método
diagnóstico de desordens cerebrovasculares em seres humanos (BERG et al., 2008).
2
Na medicina veterinária, a neurossonografia também teve aplicação desde o
início. Em 1972 a ultrassonografia em modo A foi utilizada para investigar lesões
provocadas em encéfalos de cães. A partir de 1990, a ultrassonografia em modo B foi
empregada para avaliar o encéfalo de filhotes de cães com menos de um mês de idade
e de pequeno porte (CARVALHO & NEVES, 1996). A utilização desse método para
exame do encéfalo de outras espécies também foi relatada (HUDSON et al., 1991,
1998).
Na medicina humana, com o desenvolvimento da tomografia computadorizada
(TC), a utilização da ultrassonografia para o encéfalo foi praticamente abandonada. O
interesse foi desviado para métodos de diagnósticos mais complexos, como a
ressonância magnética (RM) e a tomografia por emissão de pósitrons (PET).
Entretanto, a introdução dessas técnicas implicou em altos custos de produção,
desenvolvimento, manutenção e de operação, e como consequência o difícil acesso e a
viabilidade desses exames, especialmente na medicina veterinária (ABRÃO et al., 1998;
LORIGADOS, 2008).
A ultrassonografia transcraniana tem a vantagem de ser um método não invasivo
e de grande valor diagnóstico, sobretudo pela rapidez e o baixo custo com que pode ser
realizada, sem a necessidade de anestesiar o paciente e pela ampla popularização da
utilização de equipamentos de ultrassom (SCHELLINGER et al., 1985; VACHON &
MIKITY, 1987). Com relação à acurácia, o exame ultrassonográfico transcraniano pode
complementar os resultados de outros métodos de neuroimagem como a tomografia
computadorizada e a ressonância magnética, em razão dos diferentes princípios de
formação da imagem (reflexão de ondas ultrassonográficas nas interfaces com diferente
impedância acústica), sendo, em alguns casos, considerada até superior à tomografia
computadorizada (HUDSON et. al., 1989; SPAULDING et. al., 1990; BERG et al., 2008).
Atualmente, tem sido descrito, na medicina veterinária, o uso da ultrassonografia
para o diagnóstico da hidrocefalia em cães pela fontanela persistente (CARVALHO &
ANDRADE NETO, 2005; PRYNN & REDDING, 1968). Em estudo realizado por SAITO
et al. (2001), um dos cães não tinha fontanela persistente, porém o diagnóstico foi
3
realizado via janela temporal, mostrando que a ausência da fontanela não impede o uso
da ultrassonografia transcraniana em pequenos animais.
Em suma, a obtenção de uma imagem de boa resolução tem sido um desafio
desde os primórdios da ultrassonografia transcraniana para a avaliação de estruturas
cerebrais. Porém a melhoria na tecnologia dos transdutores e os avanços no
processamento do sinal têm refinado a resolução da imagem. Dessa forma, tem se
tornado mais acessível o estudo ultrassonográfico realizado através da tábua óssea
íntegra com equipamentos modernos e de alta resolução, os quais permitem o
detalhamento
anatômico
de
estruturas
normais
e
a
localização
de
lesões,
complementando a TC e a RM, a custos inferiores (BERG et al., 2008; LORIGADOS,
2008). No entanto, há na literatura uma lacuna referente à padronização da técnica
ultrassonográfica transcraniana em cães como método diagnóstico na rotina médico
hospitalar. Assim sendo, este trabalho teve como objetivos:
- Correlacionar as imagens ultrassonográficas obtidas pelas janelas temporal e
occipital com a anatomia do encéfalo em cães mesaticéfalicos adultos, a fim de
determinar o padrão de normalidade dos planos de varredura obtidos no exame
ultrassonográfico.
- Confeccionar um atlas com imagens ultrassonográficas de cortes anatômicos
oblíquos do encéfalo, correlacionando e identificando nas imagens ecográficas e
macroscópicas as estruturas encefálicas.
-
Mensurar
as
estruturas
ultrassonográficas
encefálicas
passíveis
visibilização, a fim de padronizar suas dimensões na população estudada.
de
4
II. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 ANATOMIA DO CRÂNIO E ENCÉFALO
O sistema nervoso central é formado por células oriundas do tubo neural,
denominadas de neuroepitélio, as quais se diferenciam em neuroblastos e glioblastos,
dando origem mais tarde aos neurônios, astrócitos e oligodendrócitos. A partir dos
glioblastos se formam as células ependimárias, responsáveis pelo revestimento interno
dos ventrículos. O mesênquima que envolve o tubo neural se condensa formando a
membrana denominada meninge. A camada mais externa se espessa formando a duramáter e a camada mais interna permanece delgada, formando a aracnóide e a piamáter, constituindo a leptomeninge (MOORE & PERSAUD, 2004).
O encéfalo está contido em uma cavidade no interior do crânio, cujo limite rostral
é formado por uma placa óssea do etmóide, a lâmina cribriforme, e o limite caudal pelo
osso occipital. Lateralmente, a cavidade é limitada pelos ossos temporal, parietal e
frontal, sendo o teto (calvária) da cavidade uma composição única formado pelo frontal
e parietal. As partes caudal, dorsal e lateral de toda a cavidade craniana encaixam-se
em harmonia. Sua característica interna mais proeminente é o tentório ósseo do
cerebelo, uma grande projeção na junção das paredes dorsal e caudal (EVANS, 1993;
MOLENAAR, 1997).
A base da cavidade craniana pode ser dividida em três fossas: a rostral, a média
e a caudal. A fossa rostral, formada pelos ossos etmóide e pré-esfenóide, se estende
até a abertura dos canais ópticos. Nessa região localiza-se o bulbo olfatório e parte
rostral dos hemisférios cerebrais. A fossa média, formada pelo osso basisfenóide,
prolonga-se dos canais ópticos às cristas petrosas da porção petrosa do osso temporal.
Nessa região se situa o lobo parietal e temporal dos hemisférios cerebrais, além da
fossa hipofisária na qual se encontra a hipófise. A fossa caudal se estende do limite
caudal da fossa hipofisária ao forame magno. A fossa caudal aloja ventralmente o
encéfalo médio, a ponte e a medula oblonga e, dorsalmente, o cerebelo (LORIGADOS,
2008).
5
As diferentes raças de cães apresentam grandes variações no formato e no
tamanho do crânio. Cães que possuem um crânio longo e estreito são designados
dolicocefálicos (Greyhound, Collie). Aqueles que possuem crânios muito largos e curtos
são
denominados
braquicefálicos
(Bulldog).
Formatos
intermediários
são
mesaticefálicos (Fox-terrier) (SISSON, 1986).
Durante o desenvolvimento fetal, são observadas suturas fibrosas entre os ossos
do crânio. Essas suturas estendem-se a uma intersecção também chamada de
fontanela. O cão possui uma fontanela mediana mais evidente na junção da sutura
frontoparietal, região denominada bregma. Nas raças toys e condrodistróficas a
fontanela bregmática é relativamente grande e pode permanecer aberta por três meses
ou até por toda a vida (EVANS, 1993; CARVALHO & ANDRADE NETO, 2005).
O encéfalo é um órgão irregular, circundado por três membranas contínuas ou
meninges denominadas dura-máter, aracnóide e pia-máter, cuja forma adapta-se muito
aproximadamente à cavidade craniana em que fica alojado (MOLENAAR, 1997).
A membrana mais externa, a dura-máter, funde-se com o periósteo mais interno
dos ossos do crânio; separa-se deste na margem do forame magno, formando um tubo
livre separado da parede do canal vertebral por um espaço epidural. A dura-máter
craniana forma determinadas pregas que se projetam para dentro e limitam os
movimentos oscilatórios do encéfalo. A aracnóide é a primeira das duas membranas
internas. A parte mais externa da aracnóide forma uma membrana contínua moldada
em oposição ao envoltório da dura-máter. Sua superfície mais interna é ligada à piamáter por inúmeras trabéculas e filamentos. A pia-máter está fixada diretamente ao
encéfalo e à medula, e acompanha cada mudança em seus contornos. O espaço
subaracnóide, entre a
pia-máter
e
a aracnóide
é
preenchido pelo
líquido
cerebroespinhal, cuja maior parte é produzida nos ventrículos laterais, no terceiro e
quarto ventrículos por tufos capilares derivados do epêndima, denominados de plexo
coróide (DE LAHUNTA, 1983; MOLENAAR, 1997; DYCE & SACK, 2004).
O encéfalo é dividido em segmentos, da direção rostral para caudal em
telencéfalo – com dois hemisférios cerebrais; diencéfalo – com epitálamo, tálamo e
hipotálamo; mesencéfalo – com a lâmina tectal (ou quadrigeminal) e o pedúnculo
6
cerebral; metencéfalo – com o cerebelo e a ponte; mielencéfalo – com a medula
oblonga (SCHALLER, 1999; CARVALHO & ANDRADE NETO, 2005). O tronco
encefálico, por sua vez, compreende o metencéfalo ventral (ponte), o mielencéfalo, o
mesencéfalo e o diencéfalo (BEITZ & FLETCHER, 1993).
Os hemisférios cerebrais semi-ovais estão divididos um do outro por uma fissura
longitudinal profunda e do cerebelo por uma fissura transversal e interligados por três
vias comissurais: a comissura rostral, a comissura hipocampal caudalmente e o corpo
caloso que é a maior delas. Cada hemisfério é moldado para exibir um padrão de
elevações (giros) e depressões (sulcos) (BABCOCK & HAN, 1981; MOLENAAR, 1997;
KONIG et al., 2004).
Os hemisférios podem ser divididos em lobos denominados pela porção óssea
correspondente que os recobre. O lobo frontal é a porção mais rostral, limitado
caudalmente pelo sulco cruzado. O lobo parietal é caudal ao sulco cruzado e dorsal ao
giro Silviano e se estende caudalmente até o terço caudal do hemisfério cerebral. O
lobo occipital inclui o terço caudal do hemisfério cerebral. O lobo temporal é composto
pelos giros e sulcos da porção ventro-lateral dos hemisférios cerebrais, parte dos giros
silvianos estão localizados nessa região (DYCE & SACK, 2004)
Os ventrículos I e II estão localizados em região paramediana nos hemisférios
cerebrais como ventrículos laterais. O septo pelúcido forma a parte medial dos
ventrículos laterais. O ventrículo III situa-se dentro do diencéfalo e comunica-se com os
ventrículos laterais através do forâmen interventricular. O ventrículo IV tem forma de
diamante e tem sua parte maior na junção entre a ponte e a medula, comunicando-se
rostralmente
com
o
terceiro
ventrículo
através
do
aqueduto
mesencefálico
(MOLENAAR, 1997; CARVALHO & ANDRADE NETO, 2005). No interior dos
ventrículos estão localizados tufos de capilares, denominados plexos coróides,
responsáveis pela produção do fluido cérebroespinhal ou cefalorraquidiano (DE LA
HUNTA, 1983).
O núcleo caudato possui a forma geral de uma vírgula, com uma grande cabeça
fazendo saliência no assoalho da parte principal do ventrículo lateral, um corpo
seguindo a curvatura caudal da cavidade e uma cauda relacionada com o teto de sua
7
extensão ventral. O diencéfalo forma a parte mais rostral do tronco encefálico. Sua
parte mais ventral, o hipotálamo, compreende três partes: epitálamo, tálamo e
hipotálamo, que se desenvolvem com relação ao teto, às paredes e ao assoalho do
ventrículo III, respectivamente. O mesencéfalo aparece como duas colunas divergentes,
os pedúnculos cerebrais, que compreendem tratos fibrosos localizados na passagem
entre o telencéfalo e a parte caudal do tronco encefálico. Estes estão separados pela
fossa interpeduncular (MOLENAAR, 1997)
O cerebelo é uma massa multifissurada, grosseiramente globular, localizada
acima da ponte e da medula oblonga e ligada ao tronco encefálico por três pedúnculos
de cada lado. Fica separado dos hemisférios cerebrais pela fissura transversa ocupada
pelo tentório membranoso do cerebelo. O cerebelo consiste em grandes hemisférios
laterais e uma saliência mediana estreita denominada verme (BEITZ & FLETCHER,
1993; DYCE & SACK, 2004).
A face ventral do encéfalo é completamente achatada e revela claramente as
subdivisões do encéfalo. A parte caudal é composta pela medula oblonga, que se
expande quando seguida à frente, até que termine atrás de uma proeminência
transversal, a ponte, que pode ser delineada sobre a face lateral para unir-se ao
cérebro. (MOLENAAR, 1997).
A medula espinhal é uma estrutura alongada, mais ou menos cilíndrica, mas com
um achatamento dorsoventral e determinadas variações regionais de forma e
dimensões. Um corte transversal da medula demonstra uma massa central de
substância cinzenta perfurada na linha média por um pequeno canal central, o resíduo
do lúmen do tubo neural embrionário. A substância cinzenta, que possui semelhança
grosseira com o formato de uma borboleta, é comumente descrita por apresentar
cornos ou colunas dorsais e ventrais. O corno dorsal corresponde à placa alar e o
ventral à placa basal. Os neurônios dentro de cada corno estão especificamente
agrupados de acordo com suas associações funcionais e tópicas, mas isto não é
macroscopicamente discernível (MOLENAAR, 1997).
A substância branca que envolve a cinzenta divide-se em três funículos de cada
lado, compostos por fibras nervosas ascendentes e descendentes, muitas agrupadas
8
em feixes de origem, destino e função comuns. O funículo dorsal está contido entre um
sulco dorsal raso e a linha de origem das raízes dorsais dos nervos espinhais. O
funículo lateral está contido entre as linhas das raízes dorsal e ventral. O funículo
ventral está contido entre a linha das raízes ventrais e uma fissura ventral que penetra
profundamente na substância branca (MOLENAAR, 1997).
2.2 EXAME ULTRASSONOGRÁFICO DO ENCÉFALO
Na suspeita da presença de alguma alteração craniana, a radiografia
convencional é geralmente o método de primeira escolha na rotina veterinária, embora
não contribua significativamente como meio diagnóstico. A alta qualidade na radiografia
pode mostrar detalhes na maioria das estruturas ósseas do crânio, mas é insensível
para os tecidos moles. Consequentemente, achados radiográficos normais podem
ocorrer em animais com lesão significante no sistema nervoso central. Por essa razão,
métodos de imagem adicionais são necessários para o acesso acurado de muitas
afecções que afetam o cérebro (CARVALHO et al., 2007a).
Técnicas como a cintilografia, tomografia computadorizada, ressonância
magnética e ultrassonografia, são técnicas novas de imagem cuja maior vantagem
consiste no fato de serem métodos não invasivos, que não requer cateterização,
intervenção operatória ou injeção intratecal, promovendo diagnóstico com aumento da
acurácia e redução do risco. Por outro lado, a maior desvantagem do avanço da
tecnologia de imagem é o alto custo da compra e a manutenção dos equipamentos.
Esse fator tem limitado a aplicação da tomografia computadorizada, ressonância
magnética e cintigrafia na medicina veterinária (BRAWNER, 1993; LORIGADOS, 2008).
Atualmente, como rotina na veterinária, a ultrassonografia transcraniana é
realizada em animais neonatos (HUDSON et al 1989; 1991).
EDWARDS et al. (1981) realizaram exame ultrassonográfico transcraniano
utilizando a fontanela anterior como janela acústica em 56 neonatos. Comparando as
imagens sonográficas com as obtidas por tomografia computadorizada, esses autores
9
mostraram que a ultrassonografia transcraniana pode substituir a tomografia
computadorizada como método de triagem para investigação do tamanho ventricular.
CARVALHO et al. (2007a), realizaram ultrassonografias transcranianas em 55
cães com sinais clínicos de afecções neurológicas de origem central e observaram que
a sensibilidade e a especificidade do método na detecção de lesões focais foram 83% e
93% respectivamente.
Apesar da afirmativa de que o osso não permite a transmissão das ondas
sonoras, refletindo 100% do feixe ultrassônico, RUBENSTEIN et al, (1984); BERLAND
et al, (1988); BAILEY (1990) e KODAIRA (1995) realizaram trabalhos sobre a utilização
da ultrassonografia transcraniana em seres humanos adultos. Interesse semelhante
pela aplicabilidade dessa técnica na medicina veterinária, até então, não tinha sido
observado.
A grande diferença de impedância acústica em uma interface de tecidos moles
com uma superfície óssea gera artefatos de reflexão, em razão da diferença de
velocidade do feixe ultrassônico nos meios. A absorção do feixe acústico depende
também da espessura óssea, sendo a energia transmitida nunca superior a 35% da
emitida. Por outro lado, uma camada de osso esponjoso, denominada díploe, é
encontrada em alguns ossos do crânio, como no frontal e na porção dorsal do parietal.
Composta por espículas ósseas dispostas em varias direções, esta camada esponjosa
é responsável pela atenuação do feixe sônico. Já, ossos compactos possuem efeito de
refração mais importante do que de atenuação. Assim sendo, em virtude da fina
estrutura e por ser compacto, o osso temporal tem sido utilizado como janela acústica
viável na realização da ultrassonografia transcraniana em seres humanos (WHITE et
al., 1978; BERLAND et al., 1988; KODAIRA, 1995; NYLAND et al., 2002).
WANG et al. (2002) estudaram a viabilidade da ultrassonografia transcraniana
para avaliação de crianças com dores de cabeça. Utilizaram como janela acústica a
área temporal, convexidade parietal, área supra-orbital e forame magno. Observaram
que todas as janelas acústicas são viáveis para a avaliação ultrassonográfica
transcraniana, com especificidade de 99,8% e sensibilidade de 75% na detecção de
tumores encefálicos, hematomas, cistos aracnóides e hidrocefalia.
10
Na medicina Veterinária, cães com menos de 1 mês de idade podem ser
avaliados pela fontanela bregmática (HUDSON et al., 1991). O transdutor posicionado
sobre a fontanela permite a obtenção de imagem oblíqua transversa por meio de
movimentos de varredura com esta sendo deslocada no sentido rostral para o caudal, e
posteriomente no sentido inverso, o que lembra o movimento de um “limpador de párabrisa”. Ato contínuo, o transdutor é rotacionado em 90° para a obtenção de imagens em
planos parasagitais por meio de movimentos de varredura em leque com este sendo
deslocado no sentido laterolateral do lado direito para o esquerdo e, posteriormente, no
sentido contrário (HUDSON et al., 1998).
Alguns autores relataram a utilização do osso temporal como janela acústica.
Segundo HUDSON et al. (1998) e CARVALHO et al. (2007a), a abordagem
transcraniana pode ser realizada com sucesso em alguns cães com a fontanela
fechada. Nestes animais a calota craniana é suficientemente fina, de modo a permitir o
acesso ultrassonográfico transcraniano através do osso temporal. LORIGADOS (2008)
utilizou o osso temporal e a porção lateral do osso parietal como janelas acústicas em
cães adultos, realizando varredura encefálica no sentido rostrocaudal (por meio de
cortes transversais) e dorsoventral (por meio de cortes dorsais ou coronais), os quais
foram correlacionados com cortes anatômicos e com imagens obtidas em tomografia
computadorizada.
Em seres humanos, ABRÃO et al. (1998) observaram que o transdutor
posicionado em janela temporal com angulação um pouco oblíqua e posterior permite a
obtenção de imagem dos cornos anteriores dos ventrículos laterais, do terceiro
ventrículo e dos cornos temporais e hemisférios cerebelares.
A utilização de transdutores setoriais ou convexos é mais indicada, uma vez que
a janela acústica é pequena. A superfície de contato dos transdutores deve ser curta e
pequena. A frequência ideal do transdutor varia de acordo com a janela acústica
utilizada na realização do exame. A ultrassonografia transcraniana em seres humanos
depende de transdutores de baixa frequência (2 ou 3 MHz) para penetrar a porção
escamosa do osso temporal após o fechamento da fontanela. Em cães com a fontanela
rostral aberta, utilizada como janela acústica, recomenda-se o uso de transdutor de alta
11
freqüência (7 a 12 MHz). Para avaliação encefálica através do osso temporal, é
indicado transdutores de baixa frequência (5 MHz ou menos), para possibilitar a
penetração do feixe sonoro através da estrutura óssea (SEIBERT et al., 1990;
HUDSON et al., 1998; CARVALHO et al., 2007b; LORIGADOS, 2008).
Segundo ABRÃO et al. (1998), através da varredura encefálica pela janela
temporal em seres humanos, são passíveis de visibilização a cisterna basal, fissura
longitudinal do cérebro, lobos frontais temporais e occipitais, substâncias branca e
cinzenta, ventrículos laterais, sulcos caloso e esplenial, pedúnculos cerebrais.
Sonograficamente, as estruturas encefálicas visibilizadas em cães apresentam
aspectos semelhantes aos descritos para os seres humanos. Nos planos transversais e
sagitais, realizados pela fontanela bregmática, os contornos da caixa craniana podem
ser identificados como uma linha hiperecogênica, a fissura longitudinal como uma linha
hiperecogênica no centro da imagem, os sulcos caloso e esplenial identificados como
linhas hiperecogênicas que auxiliam a orientação do examinador e a matéria cerebral
cinza e branca aparece hipoecóica, tendendo a moderada ecogenicidade. Em plano
transversal mediano é possível visibilizar os ventrículos laterais normais como áreas
anecogênicas, bilateralmente simétricas na região mediana central do encéfalo, com a
presença de uma linha hiperecogênica em seu assoalho, representada pelo plexo
coróide (composto por vasos), sobrepondo o tálamo (HUDSON et al., 1990;
SPAULDING et al., 1990; CARVALHO & ANDRADE NETO, 2005).
HUDSON et al. (1989) observaram que, em planos transversos mais caudais,
realizados com o transdutor posicionado na fontanela bregmática, o ventrículo III pode
ser visibilizado como uma região mediana hiperecogênica em decorrência da presença
do plexo coróide hiperecogênico. Caudalmente à adesão intertalâmica, a porção dorsal
do hipocampo aparece como uma estrutura oval hipoecogênica formando as paredes
ventral e medial da porção dorsal do ventrículo lateral.
Segundo HUDSON et al. (1998), existem algumas diferenças entre o encéfalo
neonatal e o de animais adultos. O tentório do cerebelo é cartilaginoso permitindo sua
visibilização por meio do acesso através da linha média dorsal em filhotes, mas não em
adultos. Os sulcos e giros do encéfalo de animais neonatais são menos desenvolvidos
12
do que em animais adultos. O hipocampo é uma estrutura proeminente no encéfalo de
animais adultos, porém não é visibilizado claramente no encéfalo de neonatos.
LORIGADOS (2008) descreveu a visibilização ultrassonográfica do vermis do
cerebelo como linhas paralelas hiperecogênicas em cães adultos, utilizando o forame
magno como janela acústica.
Existem poucos trabalhos sobre medidas das dimensões dos ventrículos laterais.
HUDSON et al. (1990) realizaram ultrassonografia transcraniana, pela fontanela
bregmática persistente, ou por meio de craniotomia cirúrgica em 23 cães. Em oito cães
apresentando exame neurológico normal, utilizando planos transversos ao nível da
adesão intertalâmica, observaram que a medida da altura dos ventrículos laterais foram
cerca de 0,04 a 0,35 cm com uma média de 0,15 cm. A espessura do manto encefálico
acima de cada ventrículo variou de 1,24 a 2,15 cm com uma média de 1,75 cm.
SPAULDING et al. (1990) avaliaram a aplicabilidade do ultrassom na avaliação
dos ventrículos laterais de 28 cães com fontanela aberta. As medidas dos ventrículos
laterais foram realizadas em plano de corte transversal, ao nível da fossa pituitária,
obtidos por meio da utilização da fontanela bregmática como janela acústica. A
porcentagem do cérebro ocupada pelos ventrículos laterais foi calculada comparando a
medida dorsoventral do cérebro com a dorsoventral dos ventrículos laterais. Os valores
obtidos foram categorizados em três grupos: normal (0 – 14% e ventrículos de 0 –
4mm); ventriculomegalia moderada (15 – 25% e ventrículos de 5 – 9mm);
ventriculomegalia severa (mais de 25% e ventrículos com 10mm ou mais). Concluiram
que ultrassonografia pela fontanela é viável para determinar o tamanho ventricular e a
anatomia encefálica.
O exame ultrassonográfico transcraniano é indicado para animais que
apresentam sinais clínicos de distúrbio neurológico central, como diminuição do reflexo
e tônus muscular, déficit de reação postural em membros, movimentação ou postura
anormal, paralisia de membros, nistagmo, déficit de reação de nervos cranianos,
agressividade ou alterações comportamentais, alteração do estado mental e crises
convulsivas (BRAUND, 2003).
13
A aplicação mais comum da ultrassonografia do encéfalo é na determinação do
tamanho dos ventrículos laterais em cães de raças pequenas com suspeita de
hidrocefalia, onde comumente a fontanela encontra-se aberta (HUDSON et al., 1998).
A hidrocefalia, definida como acúmulo patológico de líquido cefalorraquidiano no
sistema ventricular, pode ser ultrassonograficamente observada pelo aumento das
dimensões dos ventrículos que passam a apresentar-se repletos por líquido
anecogênico e homogêneo. Com o aumento severo, os sulcos cerebrais ficam
achatados e difíceis de serem identificados (HUDSON et al., 1990; SPAULDING et al.,
1990; CARVALHO & ANDRADE NETO, 2005).
Vale ressaltar que ventrículos laterais dilatados podem representar um achado
incidental comum em cães pequenos das raças toy e braquicefálicas, sem a presença
de sinais clínicos associados. No entanto, em alguns casos, a falha na drenagem do
líquido cefalorraquidiano causa
dilatação ventricular progressiva, produzindo um
s
aumento na pressão intracraniana, que causa diminuição na perfusão cereberal e
destruição tecidual, podendo levar ao défecit neurológico severo. Existe, portanto, uma
pobre correlação entre a severidade dos sinais clínicos e o grau de hidrocefalia (SAITO
et al., 2003).
A segunda aplicação mais freqüente da ultrassonografia transcraniana é a
investigação do encéfalo de animais com suspeita de neoplasia, em que o tamanho da
massa pode ser monitorado por meio do defeito craniano resultante de lise óssea
patológica ou de investigação cirúrgica prévia (HUDSON et al., 1998).
O aspecto sonográfico das massas depende da sua composição tecidual, assim
como do nível de desmielinização das células nervosas, a quantidade de tecido
necrótico e de tecido fibroso no local da lesão. Muitas neoplasias, em seres humanos e
em animais, aparecem como lesões hiperecogênicas, porém quanto maior a quantidade
de necrose tecidual, menor a ecogenicidade da lesão (CARVALHO & ANDRADE
NETO, 2005; DINIZ, 2007).
GALLAGHER et al. (1995) estudaram a avaliação ultrassonográfica intraoperatória para detecção de massa encefálica em cães e gatos, observando que as
14
massas cerebrais apresentavam ecogenicidade elevada em comparação com o tecido
cerebral normal e foram facilmente localizadas.
A ultrassonografia pode ser utilizada ainda para avaliar a integridade dos
contornos da caixa craniana e do próprio cérebro, bem como para determinar a
presença de hemorragia subaracnóidea ou intraparenquimal, quando houver fratura
craniana em consequência de trauma (HUDSON et al., 1998; CARVALHO & ANDRADE
NETO, 2005).
Poucos relatos são encontrados na literatura veterinária sobre a utilização da
ultrassonografia no diagnóstico de outras afecções encefálicas tais como cistos (SAITO
et al., 2001), abscessos (ENZMANN et al., 1982), processos inflamatórios (DZYBAN;
TIDWELL, 1996), processos hemorrágicos ou isquêmicos (LILLEHEI et al., 1984;
HUDSON et al., 1998; FUKUSHIMA et al., 2000), malformações congênitas, edema e
ventriculites (CARVALHO & ANDRADE NETO, 2005).
SAITO et al. (2001) descreveram o aspecto ultrassonográfico de cistos
aracnóides na cisterna quadrigerminal como áreas anecogênicas, de formato triangular
e contornos bem definidos, localizadas na porção caudal entre os lobos occipitais,
dorsal ao mesencéfalo e rostral ao cerebelo na cisterna quadrigerminal (corte realizado
pela da fontanela) e entre os dois ventrículos laterais (corte realizado pela janela
temporal)
Abscessos encefálicos podem ser visibilizados como lesões pobremente
definidas e hiperecogênicas em função do conteúdo de alta celularidade. Para
diagnóstico definitivo entre hematoma e abscesso, é necessária biópsia por aspiração
realizada com agulha fina (CARVALHO & ANDRADE NETO, 2005).
A hemorragia intracraniana pode produzir áreas hipo ou hiperecogênicas,
dependendo do tempo de evolução, sendo o aspecto inicial hipoecogênico, mas
rapidamente se torna hiperecogênico com a agregação de eritrócitos (HUDSON et al.,
1998; NYKAMP et al., 2001).
A lissencefalia, que ocorre a partir de defeitos na migração neural, durante o
desenvolvimento fetal, é uma anormalidade do desenvolvimento que exibe ausência ou
número
limitado
de
circunvoluções
cerebrais,
caracterizando-se,
15
ultrassonograficamente, pela ausência das imagens dos sulcos cerebrais, normalmente
observadas em campo proximal da tela (GREENE & BRAUND, 1992).
SMITH et al. (1985) descreveram o aspecto ultrassonográfico do edema cerebral
relacionado à presença de massa encefálica. Segundo esses autores, o edema cerebral
pode apresentar aparência hiperecogênica variável, as áreas hiperecogênicas do
cérebro próximas a massas cerebrais não são necessariamente hemorragia e o edema
ecogênico pode interferir na acurácia do mapeamento de lesões cerebrais extensas de
moderada ecogenicidade.
16
III. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 ANIMAIS
Foram utilizados, para a varredura ultrassonográfica transcraniana 30 cães
adultos, sem raça definida, 8 machos e 22 fêmeas, entre 2 e 10 kg, sendo 14
provenientes do Centro de Pesquisa em Sanidade Animal (CPPAR) e 16 da rotina do
Hospital Veterinário Governador Laudo Natel, ambos setores da Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho - câmpus de Jaboticabal - SP. Estes animais foram
previamente submetidos ao exame clínico, com avaliação de parâmetros como
temperatura corpórea, auscultação cardíaca e pulmonar, palpação abdominal e exame
neurológico, com a finalidade de determinar o estado de saúde geral. Animais que
apresentaram alterações em qualquer um destes parâmetros foram descartados do
experimento.
Para
a
secção
do
encéfalo,
à
similitude
dos
planos
de
varredura
ultrassonográficos transcranianos, foram utilizados sete cadáveres de cães adultos, 4
machos e 3 fêmeas, submetidos à eutanásia, não apresentando sinais clínicos de
desordem neurológica, sob indicação clínica do Setor de Clínica Médica ou Cirúrgica do
Hospital Veterinário Governador Laudo Natel – FCAV/UNESP – campus de Jaboticabal
e do Centro de Controle de Zoonoses da cidade de Ribeirão Preto - SP. Quanto à
conformação craniana, foram utilizados cães classificados fenotipicamente como
mesaticefálicos.
3.2 PADRONIZAÇÃO DA TÉCNICA
3.2.1 EQUIPAMENTO
A avaliação ultrassonográfica do encéfalo foi realizada em um equipamento
Sonoscape modelo SSI – 1000V, equipado com transdutor convexo multifrequencial
modelo 5P1 phased array, com frequência variando de 4 a 7MHz.
17
3.2.2 EXAME ULTRASSONOGRÁFICO TRANSCRANIANO
Para a realização do exame ultrassonográfico transcraniano do encéfalo em
modo B, foram utilizados como janelas acústicas o osso temporal e o forame magno, a
técnica de varredura utilizada foi adaptada às técnicas descritas por Abraão et al.
(1998) em crianças. Para padronização dos exames ultrassonográficos, os animais
foram posicionados em decúbito lateral esquerdo, para o acesso pela janela temporal
do lado direito da cabeça, e em decúbito lateral direito para o acesso do lado esquerdo
da cabeça. O acesso pelo forame magno foi realizado com o animal posicionado em
decúbito lateral direito, com a cabeça flexionada ventralmente, formando um ângulo de
aproximadamente 30º entre a mandíbula e o pescoço. Foi realizada tricotomia bilateral
nas regiões temporais e na região occipital, seguindo-se aplicação de gel condutor
acústico entre o transdutor e a pele do animal.
O transdutor foi posicionado, inicialmente, perpendicular ao osso temporal (plano
frontal), cranialmente à orelha, paralelo e dorsalmente ao processo zigomático,
obtendo-se um plano de secção dorsal (Figura 1). Ato contínuo, o transdutor foi
rotacionado em sentido horário, em aproximadamente em 45°de seu eixo central,
seguindo-se a realização de cortes, de aproximadamente de 10° em 10°, em planos
frontais longitudinais oblíquos, obtidos com movimento em leque do transdutor, no
sentido ventrodorsal (Figura 2). Terminada a varredura do encéfalo com o transdutor
nesta posição, o mesmo foi rotacionado, agora, no sentido anti-horário, em
aproximadamente 90°. Planos de cortes, com o transdutor reposicionado foram
realizados a semelhança dos planos anteriores (Figura 3).
18
Figura 1. Imagem e desenho esquemático ilustrando o
posicionamento do transdutor perpendicular ao
osso temporal para a varredura ultrassonográfica
do encéfalo em plano dorsal
Figura 2. Imagem e desenho esquemático ilustrando o
posicionamento do transdutor após movimento de
rotação de 45° em sentido horário para a varredura
ultrassonográfica do encéfalo nos planos dorsais
oblíquos caudais
Figura 3. Imagem e desenho esquemático ilustrando o
posicionamento do transdutor após movimento de
rotação de 90° (em relação à figura 2) em sentido
anti-horário para a varredura ultrassonográfica do
encéfalo nos planos dorsais oblíquos craniais
19
Para avaliação ultrassonográfica do encéfalo utilizando o forame magno como
janela acústica, o transdutor foi posicionado, inicialmente, perpendicular ao mesmo
(plano sagital), caudalmente à crista do occipital e cranialmente às primeiras vértebras
cervicais (Figura 4A). Ato contínuo, o transdutor foi rotacionado em sentido anti-horário,
em aproximadamente em 90°de seu eixo central, seguindo-se a realização de dois
planos de corte: um corte dorsal, com o transdutor posicionado perpendicularmente ao
forme Magno (Figura 4B) e um corte dorsal oblíquo, com o transdutor inclinado
caudalmente em aproximadamente de 10° em relação ao plano anterior.
A
B
Figura 4. Imagem ilustrando o posicionamento do transdutor para
varredura ultrassonográfica do encéfalo através da janela
occipital. A, Posicionamento do transdutor perpendicular ao
forme magno para obtenção de imagem em plano longitudinal.
B, Posicionamento do transdutor após rotação de 90° (em
relação à figura A) em sentido anti-horário para varredura
ultrassonográfica do encéfalo nos planos dorsal e dorsal
oblíquo.
Nos sete cadáveres de cães, animais recém eutanasiados, foi realizada
avaliação ultrassonográfica seguindo a técnica acima descrita. Durante esta avaliação
foram realizadas marcações na cabeça do animal, em topografia correspondente aos
cortes sonográficos, utilizando para isto uma caneta tipo pincel atômico, para referendar
a secção dos planos de cortes anatômicos correspondentes aos planos de varredura
ultrassonográficos.
20
3.3 PADRONIZAÇÃO DOS PLANOS DE CORTES ANATÔMICOS
Após avaliações ultrassonográficas, as cabeças dos cadáveres foram removidas,
congeladas inicialmente a -30°C durante 48h e posteriormente a -70°C durante uma
semana, segundo técnica descrita por RODRIGUEZ et al. (2007).
Após congelamento, imediatamente antes da secção, as cabeças foram fixadas,
uma de cada vez, numa peça de metal confeccionada exclusivamente para a realização
deste trabalho (figura 5). A peça, constituída de uma base de metal acoplada a uma
porção articulada na qual foram fixadas as cabeças, permitiu rotacionar a cabeça ao
redor do seu próprio eixo e mensurar os ângulos de rotação (10º em 10º), facilitando
assim a realização dos cortes anatômicos na mesma angulação dos planos de corte
ultrassonográficos.
Após fixação na peça metálica e com auxílio de serra elétrica fixa em fita, as
cabeças foram seccionadas nas marcações realizadas previamente. A cabeça do
cadáver de número 1 foi seccionada na marcação realizada para o corte
ultrassonográfico em plano dorsal. As cabeças dos cadáveres de números 2 e 3 foram
seccionadas nas marcações para os cortes oblíquos correspondentes aos planos
obtidos com transdutor rotacionado a 45° no sentido horário em relação ao plano dorsal
inicial (planos dorsais oblíquos caudais). Os cadáveres de números 4 e 5 tiveram as
respectivas
cabeças
seccionadas
nas
marcações
para
os
cortes
oblíquos
correspondentes aos planos obtidos com o transdutor rotacionado 45º no sentido antihorário em relação ao plano dorsal inicial (planos dorsais oblíquos craniais). A cabeça
do cadáver de número 6 foi seccionada na marcação para o corte ultrassonográfico em
plano sagital realizado pela janela occipital. Finalmente, o cadáver de número 7 teve a
cabeça seccionada nas marcações para os cortes dorsal e dorsal oblíquo caudal,
realizados através da janela occipital. Dentre o material obtido por meio da secção das
cabeças dos cadáveres de números 2 e 3, bem como dos cadáveres de números 4 e 5,
foram selecionados os melhores cortes anatômicos para a obtenção de imagens
fotográficas.
21
A
B
Figura 5 – A, Peça metálica confeccionada para auxiliar na realização dos cortes
anatômicos do encéfalo. B, Posicionamento e fixação da cabeça de
cadáver de cão congelada na porção articulada da peça metálica,
imediatamente antes da realização dos cortes anatômicos. 1, porção
articulada da peça; 2,transferidor para mensuração do ângulo de rotação
da cabeça; 3, base da peça; 4, fixadores para cabeça; 5, cabeça de
cadáver de cão congelada.
3.4 PROCESSAMENTO DAS IMAGENS E DENOMINAÇÃO DAS ESTRUTURAS
Cada plano de corte anatômico foi fotografado com câmera digital em 8,1 mega
pixels. As imagens foram, posteriormente, trabalhadas em programa de imagem Adobe
Photoshop e Power Point, sendo definidas e nomeadas as respectivas regiões
encefálicas. As estruturas anatômicas relacionadas às secções dos encéfalos foram
identificadas com base na Nomenclatura Anatômica Veterinária Ilustrada (SCHALLER,
1999) e a terminologia utilizada segundo o International Committee on Veterinary Gross
Anatomical Nomenclature (2005). Para identificação dos sulcos, fez-se uso das
designações empregadas por (BEITZ & FLETCHER, 1993; FLETCHER, 1993;
KITCHELL, 1993), em razão da presença de desenhos esquemáticos que facilitaram a
identificação e a localização dos sulcos encefálicos.
22
As imagens obtidas foram transportadas do aparelho ultrassonográfico para um
computador DELL modelo D520, utilizando um dispositivo USB da marca pqi de 4GB,
documentadas e arquivadas para posterior análise.
As imagens dos planos de varredura ultrassonográficos obtidos nos cadáveres
foram correlacionadas com as imagens dos cortes anatômicos, para identificação das
regiões e estruturas encefálicas.
As imagens ultrassonográficas in vivo dos 30 cães, foram comparadas entre si,
plano a plano, e posteriormente comparadas com as imagens ultrassonográficas dos
encéfalos dos cadáveres e com os respectivos planos anatômicos.
3.5 PADRONIZAÇÃO DAS MEDIDAS DOS VENTRÍCULOS LATERAIS, SULCO
MARGINAL, SULCO CORONAL E REGIÃO CEREBELAR
Durante a avaliação ultrassonográfica in vivo nos 30 cães, foram mensurados os
ventrículos laterais direito e esquerdo, o sulco marginal dos hemisférios cerebrais direito
e esquerdo, o sulco coronal dos hemisférios cerebrais direito e esquerdo e a área
correspondente à região do mesencéfalo, tálamo e cerebelo - estruturas encefálicas
previamente identificadas por meio da comparação entre os cortes anatômicos e as
imagens dos planos de varredura ultrassonográficos obtidos nos cadáveres - com a
finalidade de padronizar as medidas das dimensões destas estruturas em condições
normais.
Os ventrículos laterais direito e esquerdo foram mensurados por meio do plano
de corte dorsal, realizado com o animal em decúbito lateral direito e o transdutor
posicionado perpendicularmente ao osso temporal esquerdo (Figura1).
A mensuração do sulco marginal foi realizada em plano de corte dorsal oblíquo
caudal (Figura 2), com o transdutor angulado 30° em sentido dorsal.
O sulco coronal foi mensurado em plano de corte dorsal oblíquo cranial (Figura
3), com o transdutor angulado 30° em sentido dorsal. Primeiramente o animal foi
posicionado em decúbito lateral direito para mensuração do sulco coronal presente no
23
hemisfério cerebral esquerdo e, posteriormente, em decúbito lateral esquerdo para
mensuração do sulco coronal contralateral.
Finalmente, foi realizada a mensuração da área correspondente às regiões de
tálamo, mesencéfalo e cerebelo, bilateralmente, inicialmente com o animal em decúbito
lateral direito e posteriormente com o animal em decúbito lateral esquerdo, em plano de
corte dorsal oblíquo cranial (Figura 3), com o transdutor angulado 20° em sentido
ventral.
3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os valores relativos às medidas dos ventrículos laterais, manto encefálico, sulco
marginal, sulco coronal, diâmetro ventro-lateral e diâmetro crânio-caudal do cerebelo,
mensuradas em cada cão in vivo, foram apresentadas sob a forma de médias,
acompanhadas dos respectivos desvios padrão. A média das medidas do sulco
marginal, obtidas por meio do exame realizado pela janela temporal direita, foram
comparadas com a média das medidas da mesma estrutura, obtidas por meio do
exame realizado pela janela contralateral, utilizando o teste Tukey ao nível de 5% de
probabilidade. O mesmo foi realizado para as médias das medidas do sulco coronal,
diâmetros ventro-lateral e crânio caudal da região cerebelar.
As análises citadas foram realizadas com o auxílio do software estatístico
AgroEstat (BARBOSA & MALDONADO, 2010).
24
IV. RESULTADOS
4.1 EXAME ULTRASSONOGRÁFICO TRANSCRANIANO REALIZADO COM O
TRANSDUTOR POSICIONADO PERPENDICULARMENTE AO OSSO TEMPORAL
Nesta etapa foi estabelecido um único corte ultrassonográfico em plano dorsal. A
identificação ultrassonográfica das estruturas encefálicas foi realizada com o auxílio da
secção anatômica da cabeça na topografia do corte ultrassonográfico (Figura 6). O
exame ultrassonográfico transcraniano neste plano, realizado pela janela temporal
direita e esquerda, possibilitou, tanto no animal in vivo quanto no post mortem, a
visibilização do osso temporal como uma linha hiperecogênica arqueada no topo da
imagem, o tecido cerebral hipoecogênico, o sulco suprasilviano como uma estrutura
linear hiperecogênica, os ventrículos laterais anecogênicos, o septo pelúcido como uma
fina linha hiperecogênica que separa os dois ventrículos laterais e a fissura longitudinal
do cérebro como uma linha hiperecogênica no centro da imagem. Os lobos frontal,
temporal e occipital foram identificados de acordo com a topografia da realização do
corte (Figuras 7 e 8) (Tabela 1).
25
1- Osso temporal
2- Lobo frontal
3- Lobo temporal
4- Lobo occipital
5- Sulco suprasilviano
6- Bulbo olfatório
7- Hipocampo
8- Fissura longitudinal do
cérebro
9- Septo pelúcido
10- Plexo corióideo do
ventrículo lateral
11- Ventrículo lateral
Figura 6. Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal em correspondência ao corte
ultrassonográfico da Figura 7.
1- Osso temporal
2- Lobo frontal
3- Lobo temporal
4- Lobo occipital
5- Sulco suprasilviano
6- Ventrículo lateral
7- Septo pelúcido
8- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 7. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal
mediano, com o transdutor posicionado perpendicularmente em relação ao osso
temporal. O desenho esquemático no canto inferior direito da imagem indica a
topografia do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
26
1- Osso temporal
2- Lobo frontal
3- Lobo temporal
4- Lobo occipital
5- Sulco suprasilviano
6- Ventrículo lateral
7- Septo pelúcido
8- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 8. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte
ilustrado na figura 7. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
27
4.2
EXAME
ULTRASSONOGRÁFICO
TRANSCRANIANO
REALIZADO
PELA
JANELA TEMPORAL COM O TRANSDUTOR ROTACIONADO EM SENTIDO
HORÁRIO, EM APROXIMADAMENTE 45°DE SEU EIXO CENTRAL.
Neste exame foram realizados seis cortes ultrassonográficos em plano dorsal
oblíquo caudal. Um corte em região mediana (Figuras 10 e 11), três cortes com o
transdutor angulado dorsalmente, sendo o primeiro em 10° (Figuras 13 e 14), o
segundo em 20° (Figuras 16 e 17) e o terceiro 30º (Figuras 19 e 20), em relação ao
plano de corte em região mediana e, finalmente, dois outros cortes, um com o
transdutor angulado ventralmente em 10° (Figuras 22 e 23) e o outro em 20º (Figuras
25 e 26) respectivamente, em relação ao plano mediano. A identificação sonográfica
das estruturas encefálicas foi realizada com o auxílio da secção anatômica da cabeça
na topografia dos cortes ultrassonográficos (Figuras 9, 12, 15, 18, 21 e 24). A
ultrassonografia transcraniana em plano dorsal oblíquo caudal pela janela temporal
direita e esquerda possibilitou, in vivo e no post mortem, a visibilização dos ossos
temporal e parietal como linhas hiperecogênica arqueada no topo da imagem, do tecido
cerebral hipoecogênico, dos sulcos cerebrais como uma estrutura linear hiperecogênica
destacando-se do parênquima hipoecogênico, do tentório ósseo do cerebelo como uma
linha hiperecogênica em região caudal da imagem e da fissura longitudinal do cérebro
como uma linha hiperecogênica no centro da imagem. Os lobos frontal, temporal,
parietal e occipital, bem como o cerebelo e o mesencéfalo foram identificados de acordo
com a topografia da realização do corte (Tabela 1).
28
1- Seio frontal
2- Osso temporal
3- Lobo frontal
4- Lobo temporal
5- Sulco ectosilviano
6- Fissura pseudosilviana
7- Sulco suprasilviano
8- Ventrículo lateral
9- Hipocampo
10- Fissura longitudinal do
cérebro
11- Tentório ósseo do
cerebelo
12- Cerebelo
Figura 9. Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua caudal em correspondência ao
corte ultrassonográfico da figura 10
1- Osso temporal
2- Lobo frontal
3- Lobo temporal
4- Sulco ectosilviano
5- Fissura longitudinal do cérebro
6- Cerebelo
Figura 10. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal
oblíquo caudal pela janela temporal, com o transdutor rotacionado 45° em sentido
horário. O desenho esquemático no canto inferior direito da imagem indica a topografia
do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
29
1- Osso temporal
2- Lobo frontal
3- Lobo temporal
4- Sulco ectosilviano
5- Fissura longitudinal do
cérebro
6- Tentório ósseo do cerebelo
7- Cerebelo
Figura 11. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte ilustrado
na figura 10. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
30
1- Seio frontal
2- Osso temporal
3- Lobo frontal
4- Lobo temporal
5- Lobo occipital
6- Sulco suprasilviano
7- Sulco esplenial
8- Fissura longitudinal do
cérebro
9- Tentório ósseo do cerebelo
Figura 12. Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua caudal em correspondência
ao corte ultrassonográfico da figura 13
1- Osso temporal
2- Lobo frontal
3- Lobo temporal
4- Lobo occipital
5- Sulco suprasilviano
6- Sulco esplenial
7- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 13. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal oblíquo
caudal pela janela temporal, com o transdutor rotacionado 45° em sentido horário e 10°
em sentido dorsal. O desenho esquemático no canto inferior direito da imagem indica a
topografia do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
31
1- Osso temporal
2- Lobo frontal
3- Lobo temporal
4- Lobo occipital
5- Sulco suprasilviano
6- Sulco esplenial
7- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 14. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte ilustrado
na figura 13. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
32
1- Osso parietal
2- Osso occipital
3- Lobo parietal
4- Sulco Marginal
5- Fissura longitudinal do
cérebro
Figura 15. Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua caudal em correspondência ao
corte ultrassonográfico da figura 16.
1- Osso parietal
2- Lobo parietal
3- Sulco marginal
4- Fissura longitudinal do
cérebro
Figura 16. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal oblíquo
caudal pela janela temporal, com o transdutor rotacionado 45° em sentido horário e 20°
em sentido dorsal. O desenho esquemático no canto inferior direito da imagem indica a
topografia do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
33
1- Osso parietal
2- Lobo parietal
3- Sulco marginal
4- Fissura longitudinal do
cérebro
Figura 17. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte ilustrado na
figura 16. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
34
1- Osso parietal
2- Osso occipital
3- Lobo parietal
4- Sulco marginal
5- Fissura longitudinal do
cérebro
Figura 18. Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua caudal em correspondência
ao corte ultrassonográfico da figura 19
1- Osso parietal
2- Lobo parietal
3- Sulco marginal
4- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 19. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal oblíquo
caudal pela janela temporal, com o transdutor rotacionado 45° em sentido horário e 30° em
sentido dorsal. O desenho esquemático no canto inferior direito da imagem indica a
topografia do corte. LE: lado esquerdo; D: Dorsal; Cr: cranial; Ca: caudal.
35
1- Osso parietal
2- Lobo parietal
3- Sulco marginal
4- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 20. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte ilustrado na
figura 19. LE: lado esquerdo; D: dorsal; Cr: cranial; Ca: caudal.
36
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Sulco presilviano
4- Bulbo olfatório
5- Tentório ósseo do cerebelo
6- Cerebelo
7- Fissura longitudinal do
cérebro
8- Mesencéfalo
9- Osso etmóide
10- Nervo óptico
Figura 21. Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua caudal em correspondência
ao corte ultrassonográfico da figura 22.
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Sulco presilviano
4- Tentório ósseo do cerebelo
5- Cerebelo
6- Fissura longitudinal do
cérebro
7- Mesencéfalo
8- Osso etmóide
Figura 22. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal
oblíquo caudal pela janela temporal, com o transdutor rotacionado 45° em sentido
horário e 10° em sentido ventral. O desenho esquemático no canto inferior direito da
imagem indica a topografia do corte. V: ventral; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
37
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Tentório ósseo do cerebelo
4- Cerebelo
5- Fissura longitudinal do cérebro
6- Mesencéfalo
7- Osso etmóide
Figura 23. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte ilustrado
na figura 22. V: Ventral; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
38
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Sulco presilviano
4- Bulbo olfatório
5- Fissura longitudinal do
cérebro
6- Osso etmóide
7- Osso esfenóide
Figura 24. Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua caudal em correspondência
ao corte ultrassonográfico da figura 25.
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Fissura longitudinal do cérebro
4- Osso etmóide
Figura 25. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal oblíquo
caudal pela janela temporal, com o transdutor rotacionado 45° em sentido horário e 20°
em sentido ventral. O desenho esquemático no canto inferior direito da iamgem indica a
topografia do corte. V: Ventral; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
39
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Osso etmóide
4- Osso esfenóide
Figura 26. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte
ilustrado na figura 25. V: Ventral; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
40
4.3
EXAME
ULTRASSONOGRÁFICO
TRANSCRANIANO
REALIZADO
PELA
JANELA TEMPORAL COM O TRANSDUTOR ROTACIONADO EM SENTIDO ANTIHORÁRIO, EM APROXIMADAMENTE 45°DE SEU EIXO CENTRAL.
Neste exame foram realizados cortes ultrassonográficos em plano dorsal oblíquo
cranial, um corte em região mediana (Figuras 28, 30 e 31), três cortes com o transdutor
angulado dorsalmente, sendo o primeiro em 10° (Figuras 33 e 34), o segundo em 20°
(Figuras 36 e 37) e o terceiro em 30º (Figuras 39 e 40), em relação ao plano de corte
em região mediana e, finalmente, dois outros cortes, um com transdutor angulado
ventralmente em 10° (Figuras 42, 44, 45 e 46) e o outro em 20º (Figuras 48, 50, 51 e
52) em relação ao plano mediano. A identificação sonográfica das estruturas
encefálicas foi realizada com o auxílio da secção anatômica da cabeça na topografia
dos cortes ultrassonográficos (Figuras 27, 29, 32, 35, 38, 41, 43, 47 e 49). O exame
ultrassonográfico transcraniano em plano dorsal oblíquo cranial, realizado pela janela
temporal direita e esquerda possibilitou, in vivo e no post mortem, a visibilização dos
ossos temporal e parietal como linhas hiperecogênicas arqueadas no topo da imagem,
do tecido cerebral hipoecogênico, dos ventrículos laterais anecogênicos, septo pelúcido
como uma fina linha hiperecogênica que separa os dois ventrículos laterais, sulcos
cerebrais como estruturas lineares hiperecogênicas destacando-se do parênquima
hipoecogênico, tentório ósseo de cerebelo como uma linha hiperecogênica em região
caudal da imagem e da fissura longitudinal do cérebro como uma linha hiperecogênica
no centro da imagem. O mesencéfalo, telencéfalo e diencéfalo foram visibilizados como
área de ecogenicidade discretamente reduzida em relação ao restante do parênquima
encefálico e identificados de acordo com a topografia da realização do corte. Os lobos
frontal, temporal, parietal e occipital, bem como o cerebelo foram identificados de
acordo com a topografia da realização do corte (Tabela 1).
41
1- Osso temporal
2- Osso occipital
3- Lobo temporal
4- Lobo occipital
5- Sulco suprasilviano
6- Ventrículo lateral
7- Hipocampo
8- Corpo caloso
9- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 27. Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua cranial em
correspondência ao corte ultrassonográfico da figura 28.
1- Osso temporal
2-Lobo temporal
3- Lobo occipital
4- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 28. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal
oblíquo cranial pela janela temporal, com o transdutor rotacionado 45° em sentido
anti-horário. O desenho esquemático no canto inferior direito da imagem indica a
topografia do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
42
1- Osso temporal
2- Osso occipital
3- Lobo temporal
4- Lobo occipital
5- Sulco presilviano
6- Sulco suprasilviano
7- Hipocampo
8- Ventrículo lateral
9- Corpo caloso
10- Septo pelúcido
11- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 29. Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua cranial em correspondência
ao corte ultrassonográfico da figura 30.
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Lobo occipital
4- Sulco presilviano
5- Ventrículo lateral
6- Fissura longitudinal do
cérebro
Figura 30. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal
oblíquo cranial pela janela temporal, com o transdutor rotacionado 45° em sentido
anti-horário. O desenho esquemático no canto inferior direito da imagem indica a
topografia do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
43
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Lobo occipital
4- Sulco presilviano
5- Ventrículo lateral
6- Septo pelúcido
7- Fissura longitudinal do
cérebro
Figura 31. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte ilustrado na
figura 30. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
44
1- Osso temporal
2- Osso occipital
3- Lobo frontal
4- Lobo temporal
5- Lobo occipital
6- Sulco presilviano
7- Sulco suprasilviano
8- Sulco marginal
9- Bulbo olfatório
10- Núcleo caudado
11- Fissura longitudinal do
cérebro
Figura 32. Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua cranial em correspondência
ao corte ultrassonográfico da figura 33
1- Osso temporal
2- Lobo frontal
3- Lobo temporal
4- Lobo occipital
5- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 33. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal
oblíquo cranial pela janela temporal, com o transdutor rotacionado 45° em sentido
anti-horário e 10° em sentido dorsal. O desenho esquemático no canto inferior direito
da imagem indica a topografia do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr:
cranial; Ca: caudal.
45
1- Osso temporal
2- Lobo frontal
3- Lobo temporal
4- Lobo occipital
5- Sulco presilviano
6- Sulco suprasilviano
7- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 34. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte ilustrado
na figura 33. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
46
1- Osso temporal
2- Lobo frontal
3- Lobo parietal
4- Sulco coronal
5- Sulco ectomarginal
6- Sulco marginal
7- Bulbo olfatório
8- Fissura longitudinal do
cérebro
Figura 35. Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua cranial em correspondência
ao corte ultrassonográfico da figura 36
1- Osso temporal
2- Lobo frontal
3- Lobo parietal
4- Sulco ectomarginal
5- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 36. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal oblíquo
cranial pela janela temporal, com o transdutor rotacionado 45° em sentido anti-horário e
20° em sentido dorsal. O desenho esquemático no canto inferior direito da imagem indica
a topografia do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
47
1- Osso temporal
2- Lobo frontal
3- Lobo parietal
4- Sulco ectomarginal
5- Sulco marginal
6- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 37. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte ilustrado na
figura 36. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
48
1- Osso parietal
2- Lobo frontal
3- Lobo parietal
4- Sulco coronal
5- Bulbo olfatório
6- Fissura longitudinal do
cérebro
Figura 38. Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua cranial em correspondência
ao corte ultrassonográfico da figura 39
1- Osso parietal
2- Lobo frontal
3- Lobo parietal
4- Sulco coronal
5- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 39. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal
oblíquo cranial pela janela temporal, com o transdutor rotacionado 45° em sentido
anti-horário e 30° em sentido dorsal. O desenho esquemático no canto inferior direito
da imagem indica a topografia do corte. LE: lado esquerdo; D: dorsal; Cr: cranial; Ca:
caudal.
49
1- Osso parietal
2- Lobo frontal
3- Lobo parietal
4- Sulco coronal
5- Fissura longitudinal do
cérebro
Figura 40. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte ilustrado na
figura 39. D: dorsal; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
50
1- Osso temporal
2- Osso occipital
3- Lobo temporal
4- Fissura pseudosilviana
5- Sulco suprasilviano
6- Diencéfalo
7- Hipocampo
8- Tentório ósseo do cerebelo
9- Fissura longitudinal do cérebro
10- Cerebelo
Figura 41. Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua cranial em correspondência
ao corte ultrassonográfico da figura 42
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Fissura pseudosilviana
4- Diencéfalo
5- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 42. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal
oblíquo cranial pela janela temporal, com o transdutor rotacionado 45° em sentido
anti-horário e 10° em sentido ventral. O desenho esquemático no canto inferior
direito da imagem indica a topografia do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito;
Cr: cranial; Ca: caudal.
51
1- Osso temporal
2- Osso occipital
3- Lobo temporal
4- Fissura pseudosilviana
5- Sulco suprasilviano
6- Diencéfalo
7- Hipocampo
8- Tentório ósseo do cerebelo
9- Fissura longitudinal do cérebro
10- Cerebelo
Figura 43. Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua cranial em correspondência
ao corte ultrassonográfico da figura 44
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Fissura pseudosilviana
4- Diencéfalo
5- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 44. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal
oblíquo cranial pela janela temporal, com o transdutor rotacionado 45° em sentido antihorário e 10° em sentido ventral. O desenho esquemático no canto inferior direito da
imagem indica a topografia do corte. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial;
Ca: caudal.
52
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Fissura pseudosilviana
4- Diencéfalo
5- Tentório ósseo do cerebelo
6- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 45. Imagem ultrassongráfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte ilustrado
na figura 44. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Fissura pseudosilviana
4- Diencéfalo
5- Fissura longitudinal do cérebro
Figura 46. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte
ilustrado na figura 44. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
53
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Fissura pseudosilviana
4- Hipocampo
5- Tentório ósseo do cerebelo
6- Tálamo
7- Mesencéfalo
8- Cerebelo
9- Ponte
10- Pedúnculo cerebelar médio
11- Osso basoesfenoidal
Figura 47. Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua cranial em correspondência
ao corte ultrassonográfico da figura 48.
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Tentório ósseo do cerebelo
4- Região de tálamo, mesencéfalo
e cerebelo
5- Osso basoesfenoidal
Figura 48. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal oblíquo
cranial pela janela temporal, com o transdutor rotacionado 45° em sentido anti-horário e
20° em sentido ventral. O desenho esquemático no canto inferior direito da imagem indica
a topografia do corte. V: ventral; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
54
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Fissura pseudosilviana
4- Hipocampo
5- Tentório ósseo do cerebelo
6- Tálamo
7- Mesencéfalo
8- Cerebel0
9- Osso basoesfenoidal
Figura 49. Peça anatômica da cabeça de cão em secção dorsal oblíqua cranial em correspondência
ao corte ultrassonográfico da figura 50.
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Tentório ósseo do cerebelo
4- Região de tálamo, mesencéfalo
e cerebelo.
5- Osso basoesfenoidal
Figura 50. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal
oblíquo cranial pela janela temporal, com o transdutor rotacionado 45° em sentido antihorário e 20° em sentido ventral. O desenho esquemático no canto inferior direito da
imagem indica a topografia do corte. V: ventral; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
55
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Tentório ósseo do cerebelo
4- Região de tálamo e
mesencéfalo
5- Região de cerebelo
6- Osso basoesfenoidal
Figura 51. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte ilustrado
na figura 50. V: ventral; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
1- Osso temporal
2- Lobo temporal
3- Tentório ósseo do cerebelo
4- Região de tálamo e
mesencéfalo
5- Região de cerebelo
6- Osso basoesfenoidal
Figura 52. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte ilustrado
na figura 50. LE: lado esquerdo; V: ventral; Cr: cranial; Ca: caudal.
56
Em algumas imagens ultrassonográficas obtidas em planos dorsal (Figura 7),
dorsal oblíquo caudal (Figuras 10 e 11) e dorsal oblíquo cranial (Figuras 28, 30, 31 e
34) pela janela temporal, foi possível observar uma área hiperecogênica linear
arqueada em campo proximal da imagem, com contornos pouco definidos e
frequentemente acompanhada pela presença de artefato de reverberação. Nos cortes
anatômicos não foram observadas estruturas anatômicas em correspondência à
imagem supracitada.
Em todas as imagens obtidas por meio do exame realizado pela janela temporal
observou-se melhor definição das estruturas em campo proximal da imagem e perda da
definição das mesmas em campo distal.
Tabela 1. Denominação dos planos de corte ultrassonográficos, ângulos de rotação e inclinação do
transdutor para obtenção de cada plano de corte e estruturas encefálicas visibilizadas em
cada plano de corte obtido por meio de exame ultrassonográfico realizado pela janela
temporal nos 7 cadáveres e 30 animais in vivo. UNESP – Jaboticabal/ 2010.
Plano de corte
ultrassonográfico
Dorsal
Dorsais oblíquos
caudais
Angulação do transdutor
Ângulo de
Ângulo de
rotação
inclinação
0º
Perpendicular ao
osso temporal
45º em sentido
horário em
relação ao plano
dorsal
Estruturas encefálicas visibilizadas
Osso temporal, lobos frontal, temporal
e occipital, sulco suprasilviano,
ventrículos laterais, septo pelúcido,
fissura longitudinal do cérebro
Perpendicular ao
osso temporal (corte
em região mediana
do encéfalo)
Osso temporal, lobos frontal e
temporal, sulco ectosilviano, fissura
longitudinal do cérebro, cerebelo,
tentório ósseo do cerebelo
10º em sentido
dorsal (em relação
ao corte mediano)
Osso temporal, lobos frontal, temporal
e occipital, sulco suprasilviano, sulco
esplenial, fissura longitudinal do
cérebro
20º em sentido
dorsal (em relação
ao corte mediano)
Osso parietal, lobo parietal, sulco
marginal, fissura longitudinal do
cérebro
57
Dorsais oblíquos
craniais
45º em sentido
anti-horário em
relação ao plano
dorsal
30º em sentido
dorsal (em relação
ao corte mediano)
Osso parietal, lobo parietal, sulco
marginal, fissura longitudinal do
cérebro
10º em sentido
ventral (em relação
ao corte mediano)
Osso temporal, lobo temporal, sulco
presilviano, tentório ósseo do
cerebelo, cerebelo, Fissura
longitudinal do cérebro, mesencéfalo,
osso etmóide
20º em sentido
ventral (em relação
ao corte mediano)
Osso temporal, lobo temporal, osso
etmóide, osso esfenóide, fissura
longitudinal do cérebro
Perpendicular ao
osso temporal (corte
em região mediana
do encéfalo)
Osso temporal, lobo temporal, lobo
occipital, fissura longitudinal do
cérebro, sulco présilviano, ventrículo
lateral, septo pelúcido
10º em sentido
dorsal (em relação
ao corte mediano)
Osso temporal, lobo frontal, lobo
temporal, lobo occipital, Fissura
longitudinal do cérebro, sulco
presilviano, sulco suprasilviano
20º em sentido
dorsal (em relação
ao corte mediano)
Osso temporal, lobo frontal, lobo
parietal, sulco ectomarginal, fissura
longitudinal do cérebro, sulco marginal
30º em sentido
dorsal (em relação
ao corte mediano)
Osso parietal, lobo frontal, lobo
parietal, sulco coronal, fissura
longitudinal do cérebro
10º em sentido
ventral (em relação
ao corte mediano)
Osso temporal, lobo temporal, fissura
pseudosilviana, diencéfalo, fissura
longitudinal do cérebro
20º em sentido
ventral (em relação
ao corte mediano)
Osso temporal, lobo temporal, tentório
ósseo do cerebelo, região de tálamo,
mesencéfalo e cerebelo, osso
basoesfenoidal
58
4.4
EXAME
ULTRASSONOGRÁFICO
TRANSCRANIANO
REALIZADO
PELA
JANELA OCCIPITAL
Neste exame, foram obtidos três cortes ultrassonográficos: o primeiro em plano
longitudinal, obtido com o transdutor posicionado perpendicularmente ao forme magno
(Figura 54 e 55); o segundo em plano dorsal, obtido com o posicionamento do
transdutor após rotação de 90° em sentido anti-horário em relação à posição inicial
(Figura 57 e 58); e o terceiro em plano dorsal oblíquo, obtido com o transdutor inclinado
caudalmente em aproximadamente de 10° em relação ao plano anterior (Figura 60 e
61). A identificação sonográfica das estruturas encefálicas foi realizada com o auxílio da
secção anatômica da cabeça na topografia dos cortes ultrassonográficos (Figuras 53,
56 e 59). O exame ultrassonográfico transcraniano em plano longitudinal, realizado pela
janela occipital, possibilitou, tanto no animal in vivo quanto no post mortem a
visibilização do cerebelo como uma estrutura hipoecogênica arredondada, e dos
vermes do cerebelo como linhas paralelas hiperecogênicas, da medula oblonga como
uma estrutura alongada, hipoecogênica, localizada ventralmente à imagem do cerebelo.
As interfaces entre a substância branca e a cinzenta puderam ser visibilizadas como
duas linhas hiperecogênicas na região da medula oblonga. A ponte foi visibilizada como
uma área hipoecogênica em região adjacente à medula oblonga e identificada de
acordo com a topografia do corte. No plano de corte dorsal, foi possível identificar o
tentório ósseo do cerebelo como uma linha arqueada hiperecogênica na região ventral
da imagem e os vermes do cerebelo como linhas paralelas hiperecogênicas no centro
da imagem. Finalmente, no plano dorsal oblíquo foi possível visibilizar a medula
espinhal como uma área circular hipoecogênica no centro da imagem, o espaço
subaracnóideo como uma área anecogênica circundando a medula, o canal central da
medula como um ponto hiperecogênico no centro da imagem e os cornos dorsal e
ventral da medula como um tecido ecogênico em região adjacente ao canal central
(Tabela 2).
59
1- Osso frontal
2- Osso parietal
3- Osso occipital
4-Lobo frontal
5- Lobo parietal
6- Lobo occipital
7- Corpo caloso
8- Ventrículo lateral
9- Hipocampo
10- Bulbo olfatório
11- Núcleo caudado
12- Diencéfalo
13- Mesencéfalo
14- Ponte
15- Medula oblonga
16- Cerebelo
17- Vermes do cerebelo
18- Substância branca
19- Substância cinzenta
20- Nervo óptico
21- Nervo óculomotor
Figura 53. Peça anatômica da cabeça de cão em secção longitudinal em correspondência ao
corte ultrassonográfico da figura 54.
1- Medula oblonga
2- Cerebelo
3- Vermes do cerebelo
Figura 54. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte
longitudinal pela janela occipital, com o transdutor posicionado perpendicularmente
ao forme magno. V: ventral; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
60
1- Ponte
2- Medula oblonga
3- Cerebelo
4- Vermes do cerebelo
5- Interface entre
substância branca e
substância cinzenta.
Figura 55. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte ilustrado na
figura 54. V: ventral; Cr: cranial; Ca: caudal.
61
1- Osso occipital
2- Lobo occipital
3- Tentório ósseo do cerebelo
4- Cerebelo
5- Vermes do cerebelo
Figura 56. Peça anatômica da cabeça de cão em secção longitudinal em correspondência ao corte
ultrassonográfico da figura 57.
1- Osso occipital
2- Tentório ósseo do cerebelo
3- Cerebelo
4- Vermes do cerebelo
Figura 57. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal
através pela occipital, com o transdutor posicionado perpendicularmente ao forme magno
e rotacionado em 90º no sentido anti-horário em relação ao plano anterior. LE: lado
esquerdo; LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
62
1- Osso occipital
2- Tentório ósseo do cerebelo
3- Cerebelo
4- Vermes do cerebelo
Figura 58. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte ilustrado
na figura 57. LE: lateral esquerda; LD: lateral direita; Cr: cranial; Ca: caudal
63
1- Arco dorsal do atlas
2- Espaço subaracnóideo
3- Funículo dorsal
4- Funículo lateral
5- Funículo ventral
6- Corno dorsal
7- Substância intermédia lateral
8- Corno ventral
9- Canal central
10- Corpo do atlas
Figura 59. Peça anatômica da cabeça de cão em secção longitudinal em correspondência
ao corte ultrassonográfico da figura 60.
1-Espaço subaracnóideo
2- Medula
3- Canal central
4- Corpo do atlas
Figura 60. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte
dorsal pela janela occipital, com o transdutor rotacionado em 90º no sentido
anti-horário e 10º em sentido caudal. LE: lado esquerdo; LD: lado direito; Cr:
cranial; Ca: caudal.
64
1-Espaço subaracnóideo
2- Corno dorsal
3- Corno ventral
4- Canal central
5- Corpo do atlas
Figura 61. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cão in vivo no mesmo plano de corte ilustrado
na figura 60. LE: lateral esquerda; LD: lateral direita; Cr: cranial; Ca: caudal.
65
Tabela 2. Denominação dos planos de corte ultrassonográficos, ângulos de rotação e inclinação do
transdutor para obtenção de cada plano de corte e estruturas encefálicas visibilizadas em
cada plano de corte obtido por meio de exame ultrassonográfico realizado através pela
occipital nos 7 cadáveres e 30 animais in vivo. UNESP – Jaboticabal/ 2010.
Plano de corte
ultrassonográfico
Angulação do transdutor
Estruturas encefálicas visibilizadas
Ângulo de
Ângulo de
rotação
inclinação
0º
Perpendicular ao
Medula oblonga, cerebelo, vermes do
forame magno
cerebelo, interface entra a substância
Longitudinal
branca e a cinzenta
Dorsal
90º em relação
Perpendicular ao
Osso occipital, tentório ósseo do
ao plano
forame magno
cerebelo, cerebelo, vermes do
cerebelo
longitudinal
Dorsal oblíquo
4.5
PADRONIZAÇÃO
LATERAIS,
MANTO
DAS
10º em sentido
Espaço subaracnóideo, medula, canal
caudal em relação
central, corno dorsal da medula, corno
ao plano longitudinal
ventral da medula, corpo do Atlas
MEDIDAS
ENCEFÁLICO,
DA LARGURA
ESPESSURA
DO
DOS
VENTRÍCULOS
SULCO
MARGINAL,
ESPESSURA DO SULCO CORONAL E DIMENSÕES DA REGIÃO CEREBELAR.
A mensuração de ambos os ventrículos laterais do cérebro, e do manto
encefálico foi realizada por meio do plano de corte dorsal com o transdutor posicionado
perpendicularmente ao osso temporal esquerdo. A medida da largura de cada
ventrículo foi determinada por meio da distância entre a parede lateral do ventrículo e o
septo pelúcido (Figura 62). A medida do manto encefálico foi determinada pela distância
entre a parede lateral do ventrículo esquerdo e a superfície lateral do encéfalo (Figura
63). A média e o desvio padrão para as medidas da largura dos ventrículos laterais
direito e esquerdo e para a medida do manto encefálico, obtidas por meio do exame
66
ultrassonográfico realizado nos 30 cães in vivo, foram, respectivamente 0,277cm ±
0,030; 0,281cm ± 0,024 e 1,643cm ± 0,115, não havendo diferença na correlação entre
as médias (tabela 3).
Figura 62. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em plano de corte dorsal
mediano, com o transdutor posicionado perpendicularmente em relação ao osso
temporal. A, cursor posicionado sobre o septo pelúcido e o outro posicionado sobre a
parede lateral do ventrículo direito, ilustrando as dimensões do ventrículo lateral
direito. B, cursor posicionado sobre a parede lateral do ventrículo esquerdo,
demonstrando as dimensões do ventrículo lateral esquerdo. LE: lado esquerdo; LD:
lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
67
Figura 63. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão em
plano de corte dorsal mediano, com o transdutor posicionado
perpendicularmente em relação ao osso temporal.
Posicionamento dos cursores demonstrando a medida do
manto encefálico: Cursor posicionado no centro da imagem
sobre a linha hiperecogênica que representa a parede lateral
do ventrículo esquerdo e o outro posicionado em região mais
superficial, adjacente à linha arqueada hiperecogênica que
representa o contorno da calota craniana. LE: lado esquerdo;
LD: lado direito; Cr: cranial; Ca: caudal.
68
Tabela 3. Médias, desvios padrão ( ) e valores mínimos e máximos (Min - Máx) das
medidas das estruturas encefálicas mensuradas por meio do exame realizado
nos 30 animais in vivo. UNESP – Jaboticabal/ 2010.
Estrutura encefálica
Média (cm)
Desvio Padrão
Mín – Máx (cm)
Ventrículo direito
0,277
0,030
0,167 – 0,356
Ventrículo esquerdo
0,281
0,024
0,203 – 0,315
Manto encefálico
1,643
0,115
1,377 – 1,900
Sulco Marginal
0,161
0,021
0,134 – 0,352
Sulco coronal
0,157
0,016
0,124 – 0,218
Região cerebelar –
diâmetro ventro-lateral
2,248
0,166
1,872 – 2,758
Região cerebelar –
diâmetro crânio-caudal
2,368
0,212
1,780 – 3,005
Não foram observadas diferenças na correlação entre as médias
As medidas de espessura do sulco marginal foram obtidas em corte dorsal
oblíquo caudal, com o transdutor inclinado 30º em sentido dorsal. O sulco marginal foi
visibilizado como uma linha hiperecogênica no centro da imagem (Figura 64). A média e
o desvio padrão para as medidas da espessura do sulco marginal obtidas pela janela
temporal foram 0,161cm ± 0,021, não havendo diferença na correlação entre as medias
dos 30 cães in vivo (Tabela 3).
69
Figura 64. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver de cão pela
janela temporal, em plano de corte dorsal oblíquo caudal, com
o transdutor rotacionado 45º em sentido horário e inclinado 30º
em sentido dorsal. A linha hiperecogênica no centro da imagem
representa o sulco marginal e o posicionamento dos cursores
ilustra a medida da sua espessura. LE: lado esquerdo; D:
dorsal; Cr: Cranial; Ca: caudal.
O sulco coronal foi visibilizado como uma linha hiperecogênica, localizada no
centro da imagem obtida em corte dorsal oblíquo cranial, com o transdutor inclinado 30º
em sentido dorsal (Figura 65). A espessura do sulco coronal foi mensurada neste plano
de corte nos 30 cães in vivo obtendo-se como média e desvio padrão respectivamente
0,157cm ± 0,016 , não havendo diferença na correlação entre as medidas obtidas nos
30 cães in vivo (Tabela 3).
70
Figura 65. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de cadáver
de cão pela janela temporal, em plano de corte
dorsal oblíquo cranial, com o transdutor
rotacionado 45º em sentido anti-horário e inclinado
30º em sentido dorsal. A linha hiperecogênica no
centro da imagem representa o sulco coronal e o
posicionamento dos cursores ilustra a medida da
sua espessura. LE: lado esquerdo; D: dorsal; Cr:
cranial; Ca: caudal.
As dimensões da região cerebelar foram mensuradas nas imagens obtidas em
plano de corte dorsal oblíquo cranial, com o transdutor inclinado 20º em sentido ventral.
Os valores obtidos foram relativos à área circular visibilizada em porção caudo-ventral
da imagem, correspondente à região ocupada pelo cerebelo, parte do tálamo e
mesencéfalo e delimitada por uma linha hiperecogênica correspondente ao tentório
ósseo do cerebelo e osso basoesfenoidal. O diâmetro ventro-lateral foi determinado
pela distância entre a porção lateral do tentório ósseo do cerebelo e a porção ventral do
osso basoesfenoidal (distância 1- Figura 66) e o diâmetro caudo-cranial pela distância
entre a porção cranial do osso basoesfenoidal e a porção caudal do cerebelo (distância
2- figura 66). A média e o desvio padrão das dimensões da região cerebelar, obtidos
por meio do exame ultrassonográfico realizado pela janela temporal nos 30 cães in vivo,
foram respectivamente 2,248 ± 0,166 para o diâmetro ventro-lateral e 2,368 ± 0,212
71
para o diâmetro crânio caudal (Tabela 3), não havendo diferença na correlação entre as
medidas dos 30 cães in vivo.
2
1
Figura 66. Imagem ultrassonográfica do encéfalo de
cadáver de cão pela janela temporal, em plano
de corte dorsal oblíquo cranial, com o transdutor
rotacionado 45º em sentido anti-horário e
inclinado 20º em sentido ventral. A imagem
central ecogênica de formato arredondado,
circundada por um halo hiperecogênico
representa a região de cerebelo, parte do
tálamo e mesencéfalo, circundada pelo tentório
ósseo do cerebelo e pelo osso basoesfenoidal.
O posicionamento dos cursores referentes à
distância 1 ilustra a medida do diâmetro ventrolateral, os cursores referentes à distância 2
ilustra a medida do diâmetro caudo-cranial. LD:
lado direito; V: ventral; Cr: cranial; Ca: caudal.
72
As médias e os desvios padrão das medidas das estruturas encefálicas obtidas
pela janela temporal esquerda foram 0,163 ± 0,039; 0,159 ±0,023; 2,260 ± 0,242 e
2,367 ± 0,149 respectivamente para sulco marginal, sulco coronal, diâmetros ventrolateral e crânio-caudal da região cerebelar. Para as estruturas encefálicas realizada
pela janela temporal direita, as médias e os desvios padrão foram 0,158 ± 0,015 e 0,156
± 0,017 para as medidas dos sulcos marginal e coronal; 2,236 ± 0,225 e 2,369 ± 0,149
para as medidas dos diâmetros ventro-lateral e crânio-caudal da região cerebelar
(Tabela 4).
Finalmente, as médias das medidas de espessura dos sulcos marginal e coronal
obtidas por meio do exame realizado pela janela temporal direita, quando comparadas
com as médias das medidas dos sulcos contralaterais obtidas por meio do exame
realizado pela janela temporal esquerda nos 30 animais in vivo, não apresentaram
diferença (p>0,05). Do mesmo modo, não houve diferença (p>0,05) entre as médias da
dimensão da região cerebelar, obtidos pela janela temporal direita, com os valores
médios da mesma região obtidos pela janela contralateral (Tabela 4).
Tabela 4. Médias e desvios padrão ( ) das medidas do sulco marginal, sulco coronal e cerebelo, obtidas
por meio do exame realizado pela janela temporal direita em comparação com os valores de
médias e desvios padrão (±) das medidas das mesmas estruturas obtidas por meio de exame
realizado pela janela temporal contralateral nos 30 animais in vivo. UNESP – Jaboticabal/2010
Geral
Janela temporal
esquerda
Janela temporal
drireita
Média
(cm)
Desvio
padrão
Média
(cm)
Desvio
padrão
Média
(cm)
Desvio
Padrão
Sulco Marginal
0,161
±0,021
0,163
a
±0,039
0,158
a
±0,015
Sulco Coronal
0,157
±0,016
0,159
a
±0,023
0,156
a
±0,017
Região cerebelo
diâmetro ventro-lateral
2,248
±0,166
2,260
a
±0,242
2,236
a
±0,225
Região cerebelar
diâmetro crânio-caudal
2,368
±0,212
2,367
a
±0,149
2,369
a
±0,149
Médias seguidas de mesma letra na linha não diferiram pelo teste de Tukey (p>0,05)
73
V. DISCUSSÃO
A neurologia tem se beneficiado ultimamente em decorrência dos avanços
tecnológicos dispensados ao diagnóstico por imagem. A ultrassonografia foi o primeiro
método de diagnóstico por imagem utilizada na investigação do encéfalo (LEKSELL,
1956) e, a partir daí, o crescente interesse pelo conhecimento do conteúdo craniano
assim como a investigação de doenças que acometem o sistema nervoso central
levaram ao desenvolvimento de técnicas como a tomografia computadorizada (TC) e a
ressonância magnética (RM). Porém, o alto custo de produção, manutenção e o difícil
acesso a esses meios, limitaram a utilização das duas últimas técnicas na medicina
veterinária (LORIGADOS, 2008). Por outro lado, o ultrassonograma tem a vantagem de
ser um método rápido, de baixo custo, sem a necessidade de anestesiar o paciente.
Além disso, alguns estudos mostraram que as imagens ultrassonográficas apresentam
correlação significativa quando comparadas com as obtidas pela tomografia
computadorizada (ABRÃO et al., 1998; HUDSON et al., 1990).
As vantagens da ultrassonografia transcraniana foram observadas na realização
deste trabalho, o que comprova a veracidade líterocientífico (SCHELLINGER et al.,
1985; VACHON & MIKITY, 1987; SAITO, 2001; CARVALHO & ANDRADE NETO, 2005;
BERG et al., 2008). Os 30 animais in vivo utilizados neste estudo não ofereceram
nenhuma resistência à contenção para avaliação ultrassonográfica pela janela temporal
e à flexão ventral do pescoço para avaliação pela janela occipital, o que permitiu a
utilização do ultrassonograma sem a necessidade de anestesia prévia. Além disso, foi
possível constatar a rapidez do método, uma vez que o tempo despendido, por um
observador treinado, para a avaliação ultrassonográfica completa do encéfalo foi de 15
minutos para cada animal.
A interpretação adequada de um exame ultrassonográfico, assim como o de
qualquer outro exame de diagnóstico por imagem, depende primeiramente do
conhecimento anatômico da região a ser avaliada. Encontra-se atualmente, na medicina
veterinária vasta literatura sobre a anatomia encefálica de cães (DE LAHUNTA, 1983;
BEITZ & FLETCHER, 1993; EVANS, 1993; SCHALLER, 1999; MOLENAAR, 1997;
74
DYCE & SACK, 2004; KONIG et al., 2004). Todavia, há escassez de trabalhos relativos,
especificamente, à anatomia ultrassonográfica desta região anatômica (HUDSON et al.,
1989; CARVALHO & ANDRADE NETO, 2005; LORIGADOS, 2008) e também ausência
de relatos que a caracteriza em cortes dorsais oblíquos obtidos através da região
temporal como janela acústica, um dos objetivos deste modelo experimental.
Existem,
na
literatura
veterinária,
muitos
estudos
sobre
avaliação
ultrassonográfica transcraniana, nos quais os autores fizeram uso de fontanelas e
defeitos cranianos criados experimentalmente como janelas acústicas (HUDSON et al.,
1989; HUDSON et al., 1990; SPAULDING et al., 1990; HUDSON et al., 1991;
GALLAGHER et al., 1995; HOMCO, 1996; HUDSON et al., 1998; CARVALHO &
ANDRADE NETO, 2005). Porém, a presença de fontanela ou de defeitos na calota
craniana são fatores limitantes à realização do exame, uma vez que a ultrassonografia
fica restrita a cães neonatos (com idade inferior a um mês) e aqueles que sofreram
fratura na calota craniana em decorrência de processo traumático.
Existe certa controvérsia na literatura veterinária a respeito da utilização da
janela temporal como janela acústica para avaliação ultrassonográfica transcraniana em
animais adultos.
Alguns autores (BAILEY, 1990; HOMCO, 1996; SPAULDING et al., 1990; BERG
et al., 2008) destacam a impossibilidade de formação de imagem ultrassonográfica por
meio da tábua óssea íntegra, em decorrência de artefatos de reflexão gerados pela
excessiva diferença de impedância acústica na interface de tecidos moles com a
superfície óssea do crânio. Contrariamente ao que afirmam esses autores, neste
trabalho foi possível obter imagens do encéfalo de 37 cães, pela janela temporal, nas
quais se constatou a correlação positiva entre as estruturas identificadas em cortes
anatômicos com as visibilizadas em ultrassonogramas. Este estudo corrobora os relatos
de BERLAND et al. (1988); KODAIRA (1995); SAITO et al. (2001); LORIGADOS (2008)
e ratifica que o osso temporal, por ser um osso compacto e por sua fina espessura,
pode ser utilizado como janela acústica na realização de exames ultrassonográficos
transcranianos em cães adultos de pequeno porte.
75
O forame magno como janela acústica, em todos os cães avaliados neste
trabalho, permitiu a obtenção de imagens com boa definição e riqueza de detalhes, uma
vez que não houve interposição óssea nesta região anatômica. Por meio desta janela
acústica, tal como descrito por SAITO et al. (2001) e LORIGADOS (2008), vale ressaltar
que foi possível observar apenas a porção caudal do encéfalo (cerebelo, medula
oblonga e porção rostral da medula espinhal). Corroborando com esses autores, para
uma varredura encefálica completa, faz-se necessário o uso da janela occipital em
associação com outras janelas acústicas (janela temporal ou fontanelas).
Ainda com relação à janela occipital, observou-se neste trabalho, assim como
SAITO et al. (2001), a necessidade de flexionar ventralmente o pescoço dos animais
para tornar possível o acesso ao forame magno. Essa manobra deve ser realizada com
cautela em determinadas raças de cães de pequeno porte por apresentarem anomalias
congênitas na região occipitoatlanto-axial. É racional, mediante essa suspeita clínica,
que o exame radiográfico da coluna cervical seja realizado antes da ultrassonografia
transcraniana.
Apesar da viabilidade da avaliação ultrassonográfica transcraniana, existem,
segundo alguns autores, limitações que devem ser consideradas. A primeira está
relacionada ao porte do animal em questão e à espessura óssea do crânio. Quanto
menor o porte do animal, mais fina é a região temporal, o que facilita a penetração do
feixe ultrassônico e, consequentemente, permite obtenção de imagens de melhor
resolução (SAITO et al., 2001; WANG et al., 2002; CARVALHO & ANDRADE NETO,
2005). Para minimizar estes fatores, neste trabalho foram utilizados cães de pequeno
porte, com peso corporal entre 2 e 10kg, todos mesaticefálicos.
LORIGADOS (2008) observou perda significativa da definição e de detalhe em
imagens obtidas pela janela temporal em comparação com aquelas realizadas sem a
interposição óssea, após craniotomia frontoparietal. As imagens ultrassonográficas
obtidas pela janela temporal, neste trabalho, foram consideradas de boa resolução e as
estruturas visibilizadas apresentaram correlação positiva com as imagens identificadas
nos cortes anatômicos realizados nos cadáveres. Provavelmente os achados deste
trabalho foram superiores porque os animais deste trabalho eram de porte inferior (peso
76
corporal variando entre 2 a 10kg) aos utilizados por esse autor, os quais apresentavam
peso corporal variando entre 15 a 20 Kg , comprovando que realmente existe uma
limitação do exame quando realizado através da tábua óssea íntegra em relação ao
peso do animal. Cães com peso corporal superior a 10 Kg podem apresentar o osso
temporal mais espesso, o que dificultaria a passagem do feixe sonoro, com redução da
definição da imagem e conseqüente qualidade do exame.
A este respeito, foi observada diferença entre as imagens em função dos pesos
corporais dos cães neste trabalho. Nos animais menores, pesando entre 2 a 4Kg, foi
possível evidenciar maior detalhe das estruturas anatômicas encefálicas em razão das
imagens melhor definidas em comparação com as obtidas nos animais de maior peso
(9 e 10kg). Nos animais menores, a região do diencéfalo foi visibilizada como uma área
em formato de borboleta, com contornos bem definidos, discretamente hipoecogênica
em relação ao restante do parênquima encefálico, enquanto nos animais maiores foi
dificilmente identificada, por apresentar-se como área de contornos parcialmente ou
pouco definidos.
A segunda limitação está relacionada à qualidade técnica do aparelho de
ultrassom e à frequência do transdutor utilizado. Sistemas de baixo padrão de imagem
em modo-B não são recomendados para a ultrassonografia transcraniana (CARVALHO
& ANDRADE NETO, 2005). Desta forma, neste trabalho o emprego de um aparelho
ultrassonográfico de alto padrão tecnológico possibilitou a aquisição de imagens de
melhor qualidade, que permitiram detalhar e definir um número maior de estruturas
encefálicas (como por exemplo: maior número de sulcos cerebrais, tronco encefálico,
região do diencéfalo) do que se acredita serem possíveis de visibilização ao fazer uso
de um equipamento de baixa resolução.
Para avaliação encefálica transcraniana através da tábua óssea íntegra são
indicados na medicina veterinária transdutores de 2 a 5MHz (LORIGADOS, 2008) e
7MHz (SAITO et al., 2001). A literatura médica humana sugere a utilização de 2MHz
(WANG et al., 2002). Neste trabalho o exame ultrassonográfico transcraniano pela
região temporal e occipital foi realizada com transdutor convexo multifrequencial,
variando em torno de 4 a 7MHz, o que permitiu a obtenção de imagens com boa
77
resolução, detalhamento e definição das estruturas encefálicas, concordando com os
relatos da literatura veterinária (SAITO et al., 2001; LORIGADOS, 2008).
De acordo com LORIGADOS (2008), neste trabalho também foi notado que para
uma varredura adequada do encéfalo, pela janela temporal, é necessária a realização
do exame tanto do lado direito quanto do esquerdo, uma vez que artefatos de
reverberação dificultam a avaliação do lado contralateral ao examinado. Acredita-se
ainda que estes artefatos tenham relação com a observação de área hiperecogênica
linear em campo proximal acompanhada de artefato de reverberação, presente em
apenas algumas das imagens obtidas neste trabalho, uma vez que não foram
encontradas, nos cortes anatômicos, estruturas em correspondência à imagem
supracitada.
Ao contrário da metodologia utilizada por LORIGADOS (2008), no presente
trabalho, o exame ultrassonográfico transcraniano consistiu da realização de planos de
cortes dorsal e dorsais oblíquos. Esta metodologia proposta se justifica em razão da
disposição do encéfalo dentro da caixa craniana, a fim de permitir a realização de
varredura completa do encéfalo.
O aspecto ultrassonográfico das estruturas encefálicas visibilizadas em cada
plano de imagem realizado pela janela temporal, neste trabalho, seguiu o padrão
descrito na literatura. Os ventrículos laterais foram visibilizados como áreas
anecogênicas de cada lado da linha média, e sua parede como uma linha
hiperecogênica destacada pelo plexo corióideo (BABCOCK & HAN, 1981; HUDSON et
al., 1989; LORIGADOS, 2008). Os sulcos encefálicos foram localizados como linhas
hiperecogênicas onduladas cuja ecogenicidade elevada deve-se à interface criada pela
parede dos vasos e piamáter (HUDSON et al., 1989). O parênquima encefálico
hipoecogênico impediu a diferenciação entre a massa branca e a cinzenta
(GALLAGHER et al., 1995), a região do diencéfalo destacou-se como uma área
hipoecogênica em formato de borboleta (BERG et al., 2008; LORIGADOS, 2008) e a
fissura longitudinal como uma linha hiperecogênica no centro da imagem (LORIGADOS,
2008).
78
Diferentemente do observado por BABCOCK & HAN (1981), HUDSON et al.
(1989), HUDSON et al. (1990), LORIGADOS (2008) em exames ultrassonográficos
realizados pela fontanela e defeitos na calota craniana, neste trabalho, pela janela
temporal, não foram passíveis de visibilização: pedúnculo cerebral, sulco caloso, corpo
caloso, núcleo caudato e hipocampo. Estas estruturas apareceram nas imagens com a
mesma ecogenicidade do restante do parênquima encefálico, o que impossibilitou sua
diferenciação e identificação. Acredita-se que a perda da definição dessas estruturas
deve-se ao grau de atenuação sofrido pelo feixe sonoro ao atravessar a interface de
tecidos moles com superfície óssea do crânio.
Assim como o relatado na literatura para exame ultrassonográfico realizado pela
fontanela bregmática, sem a interposição óssea (BABCOCK & HAN, 1981; HUDSON et
al., 1989; SAPULDING et al., 1990; GALLAGHER et al., 1995; LORIGADOS, 2008), no
presente trabalho, realizado pela janela temporal, também foram passíveis de
visibilização: septo pelúcido, ventrículos laterais, plexo corióideo, tentório ósseo do
cerebelo, sulcos cerebrais, fissura longitudinal do cérebro e diencéfalo. Este feito ratifica
a possibilidade de visibilização de grande quantidade de estruturas encefálicas por meio
do exame realizado através da tábua óssea íntegra.
A abordagem ultrassonográfica pelo forame magno, assim como na literatura
estudada (HUDSON et al., 1989; GALLAGHER et al., 1995; SAITO et al., 2001;
LORIGADOS, 2008), permitiu a visibilização do cerebelo, dos vermes do cerebelo como
linhas hiperecogênicas paralelas, medula oblonga hipoecogênica, a porção rostral da
medula espinhal hipoecogênica, o canal central da medula como um ponto
hiperecogênico e o espaço subaracnóideo como uma área anecogênica, caracterizada
pela presença do líquido cefalorraquidiano.
Segundo a literatura, a hidrocefalia é uma patologia congênita relativamente
comum em cães (SPAULDING et al., 1990). Desta forma, a ultrassonografia encefálica
transfontanela é indicada para determinação do tamanho dos ventrículos laterais em
cães de raças pequenas com a suspeita dessa anomalia (HUDSON et al., 1990).
Todavia, em alguns casos, pelo fato da fontanela encontrar-se fechada, esse
diagnóstico é dificultado.
79
Em cães adultos, a hidrocefalia pode ser decorrente de outras alterações
encefálicas, como neoplasias e processos inflamatórios, que induzem a obstrução no
fluxo do líquido cefalorraquidiano (GREENE & BRAUND 1992; CARVALHO &
ANDRADE NETO, 2005). Assim, os valores normais da largura dos ventrículos laterais
e a espessura do manto encefálico foram mensurados, pela janela temporal, a fim de
padronizar suas dimensões em cães mesaticefálicos adultos hígidos. Ao minimizar as
limitações do exame ultrassonográfico transcraniano, com estes resultados, sua
utilização na rotina médico-hospitalar será mais bem proveitosa, aplicando a técnica
como método de triagem e, em alguns casos, dispensando o uso de processos técnicos
mais onerosos como a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética.
Neste trabalho, os valores da largura do ventrículo lateral direito variaram entre
0,16cm e 0,35cm com uma média de 0,27cm e os valores da largura do ventrículo
lateral esquerdo variaram entre 0,20cm e 0,31cm, com uma média de 0,28cm. Os
valores mínimos encontrados para a largura dos ventrículos laterais foram
discretamente superiores aos encontrados por HUDSON et al (1990) para altura dos
ventrículos laterais, porém os
valores máximos foram semelhantes, o que pode
caracterizar a presença de dilatação ventricular quando a largura e/ou altura do
ventrículo lateral for maior que 0,35cm.
Com relação à espessura do manto encefálico, os valores das medidas
encontradas (variando entre 1,37cm e 1,90cm com média de 1,64cm) foram muito
próximos aos valores encontrados por HUDSON et al (1990), sendo a variação da
medida do manto encefálico diretamente proporcional à variação das dimensões dos
ventrículos laterais.
A identificação anatômica dos sulcos encefálicos nos cortes ultrassonográficos,
bem como a padronização das medidas da espessura destes pode ser importante para
o diagnóstico de algumas afecções encefálicas, especialmente da lissencefalia – que se
caracteriza ultrassonograficamente pela ausência das imagens dos sulcos cerebrais
(GREENE & BRAUND, 1992; CARVALHO & ANDRADE NETO, 2005). Assim sendo, os
sulcos marginal e coronal foram identificados e posteriormente mensurados. A
espessura do sulco marginal variou entre 0,13cm e 0,35cm com média de 0,16cm e a
80
do sulco coronal entre 0,12cm e 0,21cm com média de 0,15cm. Não foi encontrado na
literatura relatos sobre a identificação desses dois sulcos, tampouco da padronização
de suas medidas, o que evidencia a importância dos dados deste trabalho para o
enriquecimento literário-científico da ultrassonografia transcraniana.
Dentre as moléstias que acometem o cerebelo, destacam-se a hipoplasia
cerebelar, caracterizada pela redução do tamanho do cerebelo decorrente do
desenvolvimento anormal em consequência de moléstias infecciosas congênitas e
anormalidades genéticas (GREENE & BRAUND, 1992; HUDSON & COX, 2008). Para o
diagnóstico ultrassonográfico dessa afecção, faz-se necessário o conhecimento dos
valores das dimensões do cerebelo em condições normais, porém estes dados, até
então, não haviam sido relatados na literatura veterinária. Neste trabalho os valores
encontrados para o diâmetro ventro-lateral da região cerebelar variaram entre 1,87cm e
2,75cm com média de 2,24cm e para o diâmetro crânio-caudal da região cerebelar
variaram entre 1,78cm e 3,00cm com média de 2,36cm.
Os valores médios ultrassonográficos dos sulcos marginal e coronal e da região
cerebelar, obtidos pela janela temporal direita, comparados com as médias dos valores
dos sulcos contralaterais e da região cerebelar, mensurados pela janela temporal
esquerda, não apresentaram diferença (p>0,05). Este resultado caracteriza a simetria
entre as estruturas dos diferentes hemisférios cerebrais e a confiabilidade da
mensuração de cada uma delas, independentemente do lado em que se realiza a
varredura ultrassonográfica. Porém, vale salientar, a importância da realização do
exame bilateralmente a fim de minimizar possíveis falhas diagnósticas em decorrência
da perda da definição das estruturas em campo distal da imagem.
Finalmente, que os resultados deste trabalho possam servir como base para
padronização da técnica de exame ultrassonográfico transcraniano, bem como para o
conhecimento da anatomia ultrassonogáfica encefálica em cães. Igualmente, que os
dados inéditos aqui obtidos possam gerar novos questionamentos, estimular a
realização de novos trabalhos a fim de aprimorar o conhecimento do médico veterinário
no diagnóstico ultrassonográfico das afecções encefálicas e consagrar a utilização
81
dessa modalidade de exame por imagem como método diagnóstico na rotina médicohospitalar de pequenos animais.
82
VI. CONCLUSÕES
Mediante a técnica utilizada e os resultados obtidos neste estudo, julga-se que:
- A ultrassonografia transcraniana, quando realizada com equipamento da alta
resolução equipado com transdutor convexo de 4 a 7MHz, é um método diagnóstico
viável pra avaliação do encéfalo de cães de pequeno porte, com peso corporal até
10Kg, sem a necessidade de anestesiar o paciente.
- Para a varredura completa do encéfalo, a técnica ultrassonográfica deve consistir de
planos dorsal e dorsais oblíquos pelas janelas temporais direita e esquerda e de planos
longitudinais, dorsal e dorsal oblíquo pela janela occipital.
- A janela temporal pode ser utilizada na ultrassonografia do encéfalo de cães com peso
corporal até 10kg.
- O forame magno pode ser utilizado como janela acústica para complementar a
avaliação ultrassonográfica do encéfalo em cães adultos, permitindo apenas uma
avaliação restrita do encéfalo por meio da visibilização do cerebelo, medula oblonga e
porção cranial da medula espinhal.
- A largura do ventrículos laterais em condições normais pode variar entre 0,16cm e
0,35cm.
- A medida do manto encefálico em condições normais pode variar entre 1,3cm e
1,9cm.
- Em condições normais, a espessura do sulco marginal em pode variar entre 0,13cm e
0,35cm e a do sulco coronal entre 0,12cm e 0,21cm.
- As dimensões da região cerebelar, em condições normais, podem variar entre 1,8cm e
2,7cm para o diâmetro ventro-lateral e entre 1,7cm e 3,0cm para o diâmetro crâniocaudal.
83
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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