Ficha nº 9 André Rocha 1-Qual é a importância dos grupos nas relações interpessoais? Vivemos no interior de vários grupos sociais onde mantemos relações com os outros. Se pensarmos um pouco num dos grupos a que pertencemos, apercebemo-nos que as pessoas com quem interagimos não me são indiferentes e não têm para mim a mesma importância, o mesmo valor afectivo. As relações no interior do grupo estão marcadas por sentimentos diferentes e até contraditórios: sentimo-nos atraídos por algumas pessoas, estabelecemos relações de intimidade com outras, temos também experiência de relações marcadas pela agressividade. 2 -Define atracção interpessoal. Podemos definir atracção interpessoal como a avaliação cognitiva e afectiva que fazemos dos outros e que nos leva a procurar a sua companhia. Manifestase pela preferência que temos por determinadas pessoas que nos levam a gostar de estar com elas, a partilhar confortavelmente a sua presença. 3 -Quais são os factores que influenciam a atracção interpessoal? Os factores que influenciam a atracção interpessoal são a proximidade, a atracção física, as semelhanças interpessoais, a complementaridade, as qualidades positivas e a reciprocidade 4 Define agressão. Embora os termos de agressão e agressividade possam ser utilizados em vários sentidos, vamos utilizar o conceito segundo a seguinte definição: a agressão é um comportamento que visa causar danos físicos ou psicológicos a uma ou pessoas que reflecte intenção de destruir. 5 Distingue a agressão quanto à intenção do sujeito, ao alvo e à forma de expressão. Geralmente, distinguem-se dois tipos de agressão quanto à intenção do sujeito: Agressão hostil: é um tipo de agressão emocional e geralmente impulsiva. É um comportamento que visa causar danos ao outro, independentemente de qualquer vantagem que se possa obter. Estamos face a uma agressão hostil quando, por exemplo, um condutor bate propositadamente na traseira do automóvel que o ultrapassou e a Agressão instrumental: é um tipo de agressão que visa um objectivo, que tem por fim conseguir algo independentemente do dano que possa causar. É, frequentemente, planeada e, portanto, não impulsiva. Podemos apontar como por exemplo de agressão instrumental o assalto a um banco: pode ocorrer no decurso da acção uma agressão, mas não é esse o objectivo. O seu fim é conseguir o dinheiro, a agressão que possa surgir é um subproduto da acção. A complexidade da agressão manifesta-se nas formas como se exprime, no alvo a que se dirige, no modo como se organiza. Na agressão quanto ao alvo podemos distinguir: a Agressão directa: o comportamento agressivo dirige-se à pessoa ou ao objecto que justifica a agressão. Exemplo: a criança agride o colega que lhe tirou o brinquedo. Agressão deslocada: o sujeito dirige a agressão a um alvo que não é responsável pela causa que lhe deu origem. Exemplo: como a educadora está presente e a criança não pode agredir directamente o colega que lhe tirou o brinquedo, dá um pontapé na parede. Auto-agressão: o sujeito desloca a agressão a si próprio. Exemplo: os pais recusam um brinquedo ao filho e este não almoça. Agressão aberta: este tipo de agressão, que se pode manifestar pela violência física ou psicológica, é explícita, isto é, concretiza-se, por exemplo, em espancamentos, ataques à auto-estima, humilhações. Agressão dissimulada: este tipo de agressão recorre a meios não abertos para agredir. O sarcasmo e o cinismo são formas de agressão que visam provocar o outro, ferilo na sua auto-estima, gerando ansiedade. Agressão inibida: como o próprio termo indica, o sujeito não manifesta agressão para com o outro, mas dirige-a contra si próprio. O sentimento de rancor é um exemplo desta forma de expressão da agressão. 6 Apresenta algumas teorias explicativas da agressão. Tal como a sexualidade, a agressividade faz parte, segundo Freud, da matriz do nosso organismo. A nossa vida psíquica, o nosso desenvolvimento seriam orientados por pulsões. O fundador da psicanálise distingue dois grandes tipos de pulsões: a pulsão de vida, Eros, e a pulsão de morte, Thánatos. As pulsões da vida integram a ideia de manutenção do indivíduo e as pulsões sexuais. Seriam as pulsões de morte, que são autodestrutivas, que explicariam os comportamentos agressivos. Segundo Freud: “A agressividade constitui uma disposição instintiva primitiva e autónoma do ser humano”. A agressividade teria, assim, uma origem biológica, seria uma energia que tem de ser descarregada. Uma das principais funções da socialização e das regras de organização social é tentar reprimir esta pulsão destrutiva. O ascendo do fascismo e do nazismo na Europa coloca-lhe reservas relativamente a esta possibilidade. A concepção de Lorenz: Para este autor e para outros etólogos, a agressão é inerente a todos os organismos. Na sua obra, Lorenz defende que a energia agressiva faz parte integrante da natureza humana. Seria um impulso específico que, face a um dado contexto, conduziria à agressão. A agressividade era encarada como um comportamento inscrito geneticamente sob a forma de um programa que era desencadeado em determinadas situações face a estímulos adequados. Teria um valor de sobrevivência para a espécie humana, sendo fundamental para a sua preservação. Diferentemente dos outros animais, o ser hum ano não possuía mecanismos reguladores eficazes no controlo da agressividade. A concepção de Dollard: Nos finais da década de 60, John Dollard e Neil Miller propuseram a hipótese fustraçãoagressão. Explicavam a agressão pelo facto de um sujeito ter sido frustrado, isto é, existiria uma ligação inata entre um estímulo – a frustração – e o comportamento de agressão. A agressão funcionaria como um meio de afastar tudo o que impedisse o sujeito de atingir os seus objectivos. Episódios do diaa-dia parecem fundamentar esta explicação: a pessoa que perdeu um autocarro, o jogador que foi expulso de um jogo podem manifestar comportamentos agressivos. Muitas críticas foram colocadas a esta teoria, porque nem todas as pessoas reagem à frustração através de comportamentos agressivos. Por outro lado, podem ocorrer agressões sem ter havido previamente uma frustração. Por exemplo, uma brincadeira de mau gosto pode originar uma agressão. Para alguns autores, como, por exemplo, para Berkowitz, a frustração, para originar a agressão, tem de produzir um estado de excitação como a cólera e a ira. Outros sentimentos provocados pela frustração, como a depressão, não conduzem a comportamentos agressivos. A concepção de Bandura: É no contexto da sua teoria da aprendizagem social ou modelagem que Bandura defende que o comportamento agressivo resulta de um processo de aprendizagem que se baseia na observação e na imitação de comportamentos, no caso, agressivos. Assim, seria no processo de socialização que a criança observaria e imitaria comportamentos agressivos em modelos como os pais, os educadores e outras crianças. Passo a descrever uma experiência com crianças conduzida por Bandura e 32 raparigas, entre os 3 e os 6 anos, foram divididas por três salas, com três situações distintas: com um adulto (modelo) que gritava, batia com um martelo e pontapeava um boneco insuflável do tamanho do adulto; com um adulto/modelo que agia normalmente, sem qualquer agressividade; sem qualquer modelo. Os experimentadores asseguram-se que os três grupos tinham o mesmo número de crianças agressivas (esta avaliação é feita a partir dos testemunhos dos professores). O seu comportamento foi observado através de um espelho de via única, durante 20minutos. Foram quantificados os comportamentos agressivos que se manifestavam em pontapés, gritos, murros, insultos, etc. Chegou-se às seguintes conclusões: 1. As crianças que faziam parte do grupo em que ocorriam as agressões ao boneco imitavam exactamente os comportamentos que tinham observado; 2. As crianças que faziam parte do grupo em que o modelo não agredia o boneco não apresentavam qualquer modificação no seu comportamento. Esta e outras experiências levaram-no a concluir que os comportamentos agressivos se aprendem por observação e imitação, no contexto do processo de socialização. 7 Qual é a importância da aprendizagem social nos comportamentos agressivos. É no contexto da sua teoria da aprendizagem social ou modelagem que Bandura defende que o comportamento agressivo resulta de um processo de aprendizagem que se baseia na observação e na imitação de comportamentos, no caso, agressivos. Assim, seria no processo de socialização que a criança observaria e imitaria comportamentos agressivos em modelos como os pais, os educadores e outras crianças. Passo a descrever uma experiência com crianças conduzida por Bandura e 32 raparigas, entre os 3 e os 6 anos, foram divididas por três salas, com três situações distintas: com um adulto (modelo) que gritava, batia com um martelo e pontapeava um boneco insuflável do tamanho do adulto; com um adulto/modelo que agia normalmente, sem qualquer agressividade; sem qualquer modelo. Os experimentadores asseguram-se que os três grupos tinham o mesmo número de crianças agressivas (esta avaliação é feita a partir dos testemunhos dos professores). O seu comportamento foi observado através de um espelho de via única, durante 20minutos. Foram quantificados os comportamentos agressivos que se manifestavam em pontapés, gritos, murros, insultos, etc. Chegou-se às seguintes conclusões: 1. As crianças que faziam parte do grupo em que ocorriam as agressões ao boneco imitavam exactamente os comportamentos que tinham observado; 2. As crianças que faziam parte do grupo em que o modelo não agredia o boneco não apresentavam qualquer modificação no seu comportamento. Esta e outras experiências levaram-no a concluir que os comportamentos agressivos se aprendem por observação e imitação, no contexto do processo de socialização. 8 Quais os principais factores que se relacionam com a agressão. Existem mecanismos biológicos que intervêm nos comportamentos agressivos, mas tal não nos permite afirmar que a agressividade é transmitida por hereditariedade. Sabe-se que há hormonas e outras substâncias que, circulando no sangue, afectam o sistema nervoso activando e inibindo a expressão da agressividade. Um exemplo disso, é o álcool, dado que desencadeia respostas mais agressivas às provocações. Várias pesquisas desenvolvidas em diferentes países mostram que existe uma relação entre a embriaguez e os comportamentos violentos. No entanto, o nível de agressividade varia de cultura para cultura. Mas compreende-se que, numa sociedade em que a agressividade é valorizada, os indivíduos tendam a ser mais agressivos. A familiaridade com que se exibem armas, as notícias frequentes sobre violência, a falta de realismo ao retratar o sofrimento das vítimas, os filmes e as séries em que a agressividade é o centro da acção, as características agressivas dos heróis, favorecem comportamentos agressivos. Porém, podemos afirmar que, para além dos factores que enunciamos anteriormente, em que se verifica uma predisposição para a agressividade, há factores que advém de situações que provocam experiências agressivas. A frustração é também um exemplo, que sendo geradora de cólera, pode desencadear comportamentos agressivos. Mais do que a frustração são as provocações, os insultos e as humilhações que, afectando a auto-estima, motivam condutas agressivas. 9 A intimidade é uma expressão particular da interacção social. Explica. A intimidade é uma experiência que implica uma forte vivência, um grande envolvimento e uma comunicação profunda. Define-se ainda como a partilha de sentimentos, pensamentos e experiencias numa relação de abertura, sinceridade e confiança. Estes termos, são de facto, as condições de uma relação de intimidade. Podemos distinguir então diferentes dimensões da intimidade, tais como: a intimidade social, sexual, emocional, intelectual e lúdica. 10 Identifica algumas componentes das interacções íntimas. As interacções íntimas apresentam três componentes. São elas: interacções verbais, não verbais e contexto social. Numa relação íntima, a comunicação entre parceiros, é antes de mais, uma condição indispensável para a existência da própria relação. Deste modo, a comunicação verbal dos nossos pensamentos e emoções, é de facto, um elemento fundamental da interacção íntima. É através da conversa que partilhamos com o outro as nossas emoções, sentimentos e pensamentos mais íntimos e confidências. Aquele que ouve é também o elemento essencial da interacção, até porque os papéis invertem-se. Para além desta forma de comunicação que tem a palavra como instrumento da interacção, há as interacções não verbais, que em muitos casos, manifestam de forma mais verdadeira os nossos sentimentos e emoções, e portanto, as nossas relações de intimidade, tais como: tocar e acariciar, são elementos importantes de manifestação de intimidade. A forma como surge a cumplicidade entre olhares, os gestos e os sorrisos, são outra forma de expressão e comunicação entre íntimos. As interacções não verbais são emitidas e interpretadas por cada um deles. Um outro aspecto que tem sido objecto de estudo é o papel do contexto social na compreensão da intimidade. A forma como se exprimem e exercitam as relações íntimas varia com o tempo e o lugar. Por exemplo, a constante mudança do papel da mulher nas sociedades tem produzido grandes alterações nas interacções sociais em geral bem como na intimidade em particular. Em jeito de conclusão podemos afirmar que as relações de intimidade, sendo inerentes à própria condição humana, estão marcadas pelas convenções sociais. 11 Mostra que a amizade e o amor são manifestações de intimidade. Como todos temos muitos amigos, procuramos fazer uma lista de características que distinguem de outro tipo de interacções sociais. A amizade envolve alguns elementos fundamentais para a sua definição. Assim, uma relação de amizade é uma relação: pessoal, informal, voluntária, que implica reciprocidade, que envolve atracção pessoal, que facilita os objectivos que os envolvidos querem atingir, positiva, de longa duração, entre outros. É claro que são diferentes os tipos de graus de intimidade, de afecto, de partilha e de apoio mútuo. Por isso, é que falamos do nosso melhor amigo distinguindo o grau de amizade: faz parte das amizades desenvolvidas que se distinguem das amizades superficiais. Neste caso, são relações que se mantêm porque são, de algum modo, compensadoras vantajosas para ambas as partes. Reconhecemos que há um conjunto de características que consideramos essenciais numa relação de amizade. Não existe, no entanto, um padrão único, válido para todos, como se compreende facilmente. Para a maior parte das pessoas as qualidades que privilegiam numa relação de amizade são a confiança, lealdade, carinho e apoio. Estas qualidades envolvem reciprocidade: há expectativas relativamente aos amigos que, se foram defraudadas, podem pôr em causa a relação de amizade. Entre várias temáticas, Michael Argyle estudou as expectativas em vários contextos, entre elas as que estão subjacentes às relações de amizade. Seleccionou então, defender o amigo quando está ausente, partilhar com ele os acontecimentos e as ocorrências relevantes, apoiá-lo emocionalmente sempre que precise, confiar no outro e ser verdadeiro e apoiar o outro de forma espontânea e voluntária, sempre que necessário. Assim como reconhecemos que as relações de amizade correspondem a um importante suporte psicológico, a sua ruptura é um factor de grande perturbação. O significado de uma ruptura não tem sempre o mesmo significado, porque as amizades soa diferentes umas das outras e variam de importância ao longo da vida. 12 Distingue diferentes tipos de amor. Pode-se dizer que se ama a namorada, o pai, o amigo, o filho e até mesmo um animal de estimação. Também se fala de amor à liberdade, ao próximo, à verdade, à arte, etc. É evidente que o significado não é o mesmo em todos os casos. Existe o amor apaixonado, romântico, a que correspondem os termos proximidade, fascinação, exclusividade, desejo sexual, preocupação intensa, fantasia um sobre o outro, oscilação de emoções relativamente rápidas… É um estado de envolvimento muito intenso com outra pessoa, em que intervêm uma excitação fisiológica, um desejo sexual. O amor apaixonado é objecto da maior curiosidade e interesse. O amor companheiro é um forte aspecto que sentimos por um conjunto de pessoas com quem temos relações fortes: os nossos pais e outros familiares, os amigos íntimos, e outras pessoas muito próximas. O amor é, habitualmente, estudado no contexto de relações. O amor sexual ou apaixonado, o sentimento intenso e frequentemente repentino de se “amar”, envolve atracção sexual, um desejo de amor mútuo e proximidade física, e o medo de que a relação acabe. O amor companheiro é marcado por uma amizade muito íntima, ternura mútua, cuidado, respeito e atracção. 13 Define estereótipo social. O termo estereótipo tem origem nos processos de tipografia: imagem que, a partir de um conjunto de caracteres fixos, permite repetir a impressão de m texto, de um livro. Remete, portanto, para a simplificação de um processo, para a fixidez, para a repetição. Estereótipo são crenças ou modos de pensar construções mentais – que generalizam ou atribuem a todos os indivíduos de um grupo com características que se podem encontrar somente em alguns. São crenças amplamente difundidas e partilhadas sobre as características, atitudes e comportamentos dos membros de diversos grupos. Os estereótipos são crenças a propósito de características, atributos e comportamentos dos membros de determinados grupos, são formas rígidas e esquemáticas de pensar que resultam de processos de simplificação e que se generalizam a todos os elementos do grupo a que se referem. São sistemas de crenças que se atribuem aos membros de grupos simplesmente pelo facto de pertencerem a esses grupos. Consideram que, em virtude da sua pertença ao mesmo grupo, os seus membros são todos iguais. 14 Relaciona estereótipo com categorização social. Na base dos estereótipos está também um processo de categorização: colocamos os indivíduos que nos rodeiam em “gavetas”, o que nos permite, de uma forma rápida e económica, orientarmo-nos na vida social. Uma vez interiorizado, o estereótipo é aplicado de uma maneira quase mecânica. O contudo dos estereótipos é uma construção social e não meras construções individuais. Dizemos que uma categoria é estereotipada quando os elementos de um mesmo grupo partilham a convicção de que um ou mais traços particulares caracterizam as pessoas dessa categoria. Por exemplo, os alunos de economia podem considerar os estudantes de belas-artes irreverentes, imaginativos e contestatários. Os estereótipos, que existem em todas as sociedades, têm uma função de simplificação que permite a adopção de quadros de interpretação do mundo social em que se está integrado. Reflectem também as dinâmicas de posicionamento e de poder intergrupais e a manutenção e reprodução de formas de relação e de organização social. Ao adoptar-se o modo de ver, pensar e agir da família, do grupo, da cultura, da sociedade a que se pertence, está-se a assegurar a integração social. Quando nos comportamos de acordo com os estereótipos, obtemos a aceitação social, porque agimos de acordo com o que está estabelecido. 15 “Os estereótipos sociais têm um carácter positivo”. Explica esta afirmação. Os estereótipos têm uma função socio-cognitiva, uma vez que o categorizar a realidade social permite-nos encarar eficazmente o mundo em que nos encontramos inseridos, definindo o que esta bem e o que esta mal, o que é justo e injusto. Uma outra função dos estereótipos é de ordem socio-afectiva, que se relaciona com o sentimento de identidade social. Efectivamente, reconhecemo-nos enquanto pertencentes a grupos com os quais nos identificamos. Parte do que somos relaciona-se com o facto de pertencermos a determinados grupos sócias, o que nos leva a distinguirmo-nos dos outros que pertencem a outros grupos: desenvolvemos o sentimento de “nos” por oposição aos “outros”. Permite a um grupo definir-se, positiva ou negativamente, por relação a um outro. Os estereótipos, ao caracterizarem o grupo dos “ outros”, reforçam a identidade do nosso grupo. Ao desenvolver uma imagem negativa em dos outros grupos, os estereótipos contribuem para reforçar a identidade positiva do grupo a que pertence. Talvez devido a esta função se explique por que razão é que os estereótipos que se partilham depreciem os grupos a que não pertence. 16 Define preconceito social. É uma atitude que envolve um pré-julgamento e um pré-juízo, que na maior parte das vezes é negativo, relativamente a grupos sociais ou pessoas 17 Explica a origem do preconceito social. Os preconceitos são atitudes que envolvem um pré-juízo, um pré-julgamento, na maior parte das vezes negativo, relativamente a pessoas ou grupos sociais. Os preconceitos tal como os estereótipos, aprendem-se no processo de socialização nos grupos a que se pertence, família, comunicação social, etc. Nos preconceitos predominam a função socio-afectiva, assumindo, frequentemente posições radicais contra grupos sociais, na sua expressão mais activa podem conduzir a actos de discriminação. A discriminação – é o comportamento que decorre do preconceito, no limite pode conduzir à eliminação física do objecto de discriminação. Na base da discriminação está o preconceito que a fundamenta: - Racial, sexista, religioso, étnico, etc. 18 De que modo o preconceito social pode conduzir à discriminação. A discriminação designa o comportamento dirigido aos indivíduos visados pelo preconceito. Na base da discriminação está o preconceito, que, sendo uma atitude sem fundamento, injustificada, dirigida a grupos e aos seus membros, geralmente desfavorável, pode conduzir à discriminação. Não podemos confundir discriminação com preconceito: enquanto este e uma atitude, a discriminação é o comportamento que decorre do preconceito. O tipo de discriminação está ligado com o preconceito que lhe está subjacente: o preconceito racional que conduz geralmente à discriminação das pessoas por pertencerem a raças diferentes; um preconceito religioso leva á discriminação de pessoas que professam uma dada religião; o preconceito sexista conduz à discriminação das mulheres. Os comportamentos discriminatórios manifestamse com mais intensidade em períodos de crise económica e social: as pessoas, não podendo agir sobre as coisas da sua situação, dirigem os seus sentimentos negativos, a sua agressividade, contra grupos ou pessoas inocentes. Os chamados outsides, os elementos posicionados à margem ou fora do sistema social reconhecido, são também objecto de maior discriminação nos períodos em que se vivem crises económico – sociais. Podemos então definir discriminação com o comportamento dirigido contra as pessoas visadas pelo preconceito. 19 Define discriminação. A discriminação designa o comportamento dirigido aos indivíduos visados pelo preconceito. Na base da discriminação está o preconceito. 20 Há diferentes graus de hostilidade derivados da discriminação. Distingue-os. A descriminação divide-se em vários níveis, que podem ser desde comportamentos muito hostis e agressão até uma simples atitude de evitamento. 21 Define conflito. Podemos definir conflito como uma tensão que envolve pessoas ou grupos quando existem tendências ou interesses incompatíveis. 22 Há vários tipos de conflito. Registe-os. Os vários tipos de conflitos são os interpessoais, sociais e intergrupais. 23 Descreve a experiência de Sherif sobre o conflito intergrupal. 1ª Fase - Em 1958, Sherif e os seus colaboradores, organizaram experiências num campo de férias de Verão, em Oklahoma, com um grupo de rapazes de 11 e 12 anos, saudáveis e equilibrados, que não se conheciam. Foram divididos em dois grupos. A cada grupo foram atribuídas tarefas que implicavam a cooperação interna e levariam à coesão do grupo. 2ª Fase - Após assegurarem a coesão dentro de cada grupo passou ao confronto directo entre os dois grupos, com jogos, onde um seria o vencedor e outro o derrotado, proporcionando prémios e troféus à equipa vencedora e recompensas a cada elemento individualmente. O nível de competitividade foi crescendo e no final da segunda semana a rivalidade era forte e evidente. Os rapazes de cada equipa tornaram-se hostis em relação aos da outra, com agressões, assaltos, insultos. Cada grupo sobrevalorizava os seus resultados, ao mesmo tempo que subavaliavam os do outro grupo. Os rapazes mais agressivos tornaram-se líderes no seu grupo, onde não havia lugar a divergências. Entretanto, os investigadores adoptaram comportamentos que favoreciam um grupo em detrimento do outro. O grupo mais prejudicado reagia contra os rapazes do outro grupo e não contra os chefes do acampamento. O nível de coesão dentro de cada grupo aumentou ainda mais, respeitando rigorosamente as normas vigentes. 3ª Fase - Os investigadores terminaram com as actividades competitivas e procuraram a união dos dois grupos favorecendo o contacto entre eles: visualização de filmes em conjunto, etc. Mas o ambiente entre os dois grupos era tão hostil que a participação nessas actividades, ao invés de produzir cooperação, aumentou ainda mais o conflito, aprofundando-se os estereótipos negativos. Os investigadores introduziram aquilo a que chamaram objectivos super ordenados, ou seja, estabeleceram actividades essenciais para ambos os grupos, mas que só se podiam concretizar se houvesse colaboração mútua. Por exemplo, trabalharam em conjunto para reparar a avaria do veículo que distribuía a água pelo acampamento. A execução desta tarefa, em cooperação, essencial para ambos os grupos, alterou progressivamente a avaliação mútua. A hostilidade deu lugar ao desenvolvimento de novas amizades e, no fim das férias, os dois grupos formavam apenas um. Com esta experiência foi possível avaliar a formação de conflitos entre grupos e o papel da cooperação no processo de superação de relações hostis. 24 “Os conflitos correspondem a processos de desenvolvimento pessoal e grupal.” Explica esta afirmação. Durante muito tempo associou-se o conflito a termos mais duros do que os que acabei de citar, identificando-se o conflito com agressividade, conforto, violência, irritação, choque. Ao conflito associavam-se apenas comportamentos e sentimentos negativos e prejudiciais para as pessoas, grupos ou organizações envolvidos. Portanto, procurava-se, por todos os meios, evitar e, se não fosse possível, apaziguar os conflitos. Atribuindo-se, no contexto do grupo, a origem do conflito a uma pessoa, tentava-se neutralizar a sua influência através da autoridade, considerando-se que assim o conflito era superado. 25 Há meios para ultrapassar conflitos. Explicita-os. Os meios a que se recorre para se ultrapassarem conflitos são: a dominação, a submissão, a inacção, a mediação e a negociação. A dominação ocorre quando um grupo impõe unilateralmente a solução ao outro grupo. A submissão ocorre quando um grupo cede às exigências do outro grupo. A inacção ocorre quando os dois grupos, ou um deles, escolhem não agir, esperando que o passar do tempo resolva por si só o conflito. A mediação prevê o envolvimento de alguém que não está envolvido no conflito e que tem uma posição neutral. O mediador terá a distância para apreciar e ajudar a clarificar o conflito. O seu objectivo é promover a comunicação entre as partes em conflito. E por fim, a negociação que ocorre quando os grupos em conflito procuram construir um acordo no sentido de impedir o desenvolvimento da hostilidade para fases mais agudas. A negociação visa evitar a confrontação directa. A negociação implica cedências e exigências mútuas. Actualmente, dominam as soluções baseadas na cooperação, na mediação e na negociação.