A Mãe não Vai Fazer Quimio LAURA BOND A Mãe não Vai Fazer Quimio Histórias de pacientes e conselhos de especialistas sobre terapias alternativas e métodos naturais de cura Tradução de: Tiago Tavares Pergaminho CAPÍTULO 1 Aceite o Diagnóstico, não o Prognóstico As palavras podem tornar-se espadas e curar ou matar tal como um bisturi. DR. BERNIE SIEGEL, autor de Paz, Amor e Cura Março de 2011. Acabei de fazer vinte e oito e estou de volta à Austrália depois de cinco anos em Londres. A conversa, a mesma que irei ter uma e outra vez, é qualquer coisa como isto: – O que é que fazes de volta a Perth? – A minha mãe teve um susto de saúde – digo eu, paralisada. Depois, retirando a pessoa desta angústia, acrescento: – Acabámos de descobrir que tem um cancro no útero e nos ovários. – Está a fazer quimio? – perguntam, com a esperança a crescer na voz. – Não, ela não vai mesmo fazer quimio. Pausa. – Uau, ela é valente – dizem eles. Mas o que estão a pensar é: “Ela é doida.” Parece que a única coisa mais chocante do que contar a alguém que a minha mãe tem cancro é revelar que ela não vai fazer quimioterapia. No entanto, pergunte a um grupo de oncologistas (médicos que se especializam no tratamento do cancro) o que fariam se lhes fosse feito o diagnóstico e a sua resposta pode surpreendê-lo. Em 1986, num inquérito conduzido pelo McGill Cancer Centre do Canadá, entre 79 médicos, 64 (são 81%) disseram no questionário confidencial que não se submeteriam a um medicamento comum de quimioterapia, a cisplatina, e 58 desses 79 achavam que todas as A Mãe não Vai Fazer Quimio | 21 terapias propostas não eram aceitáveis para eles ou para os seus familiares.1 Porquê? Muitos achavam que os medicamentos de quimioterapia eram ineficazes e traziam um grau inaceitável de toxicidade. Uma sondagem mais recente do Los Angeles Times chegou a uma conclusão semelhante. Nesse inquérito, 75% dos oncologistas afirmaram que a quimioterapia e a radiação eram inaceitáveis como tratamentos para eles próprios e para os seus familiares.2 Esta falta de fé nos medicamentos oncológicos está espelhada noutro lugar: Phillip Day, um investigador de saúde a trabalhar no Reino Unido e autor de Cancer: Why we’re still dying to know the truth, fala regularmente com oncologistas de todo o mundo e a maioria deles admite que não faria o seu próprio tratamento. “São bastante francos em relação a isto”, afirma Day. No momento em que escrevo, sei de dois oncologistas australianos com cancro na próstata, e ambos estão a ser tratados exclusivamente por um médico holístico. Imagine se os seus pacientes soubessem! Como é que os médicos podem recomendar uma terapia que eles próprios recusariam? A resposta é simples. Ao proporem aos pacientes que saiam da caixa e experimentem tratamentos alternativos para o cancro, os oncologistas arriscam-se a perder as suas licenças para exercer e o seu sustento. “Hoje em dia, na Austrália e nos Estados Unidos, os médicos podem ser expulsos e mandados para a prisão por ‘prejudicar o direito à vida dos seus pacientes’ se recorrerem a alterações na alimentação e no estilo de vida, e não à quimioterapia, para tratar o cancro”, afirma Day. Mas como pacientes de cancro, aí já têm muito a perder. A sua vida está em jogo. Fazer o Seu Próprio Caminho Ao início, quando a mãe foi diagnosticada, achou que devia ter havido um erro. Todos achámos. Não parecia ser possível que alguém que tinha passado décadas a fazer uma alimentação saudável, a praticar ioga e à boleia das terapias alternativas “malucas” da época – equilíbrio dos chacras, cinesiologia, terapia sacrocraniana – pudesse ter cancro. Não ajudava que os seus sintomas exteriores fossem impiedosamente subtis – não é à toa que o cancro nos ovários é 22 | Laura Bond chamado o “assassino silencioso”. A mãe tinha andado a sentir uma dor fraca, mas persistente, no abdómen inferior, os seus períodos acabavam e voltavam a começar, e estava a sentir-se inchada. Foi ao médico de família e pediu-lhe para fazer a análise do CA-125 e uma ecografia transvaginal. Ela tinha lido, muitos anos antes, que estes dois testes fornecem a melhor indicação sobre o cancro nos ovários. De facto, num estudo em curso com 200 mil mulheres, os médicos britânicos descobriram que, usando os testes em conjunto, detetaram 90% dos casos de cancro nos ovários.3 Mas, mesmo depois destes dois testes terem regressado positivos, a mãe estava convencida de que o tumor, ou o que quer que fosse a massa escura que a ecografia tinha revelado, não era nada para se preocupar. Isto até à noite a seguir à sua histerectomia. O cirurgião, que tinha passado a noite debruçado sobre o relatório patológico da mãe, revelou o diagnóstico: ela tinha um cancro no ovário, que já estava também no seu útero. A mãe rompeu em lágrimas. Diagnóstico da Mãe: os Pormenores Segundo o relatório patológico, a mãe tinha cancro num ovário e já se tinha espalhado para o útero. O patologista não foi capaz de confirmar se o cancro era de grau 1 ou grau 3, uma vez que isso dependia de ambos os tumores serem primários e síncronos (terem-se desenvolvido ao mesmo tempo) ou de o cancro no ovário se ter metastizado para o útero. O cancro também apareceu na lavagem pélvica da mãe (em que a cavidade pélvica é “lavada” para verificar se há células cancerígenas que se tenham movimentado para lá do ponto de origem do cancro), mas não nos seus nódulos linfáticos. Quando a mãe fez a histerectomia total, uma semana após a ecografia ameaçadora, insistiu em fazer uma cirurgia guiada, porque entendeu que isso minimizaria o risco de o cancro se espalhar. Imediatamente após a cirurgia, a mãe começou com uma dose de vitamina C intravenosa, o que, segundo os especialistas, pode “limpar” quaisquer células cancerígenas marotas que fiquem depois de uma operação (ver Capítulo 4). A Mãe não Vai Fazer Quimio | 23 Quando a mãe foi diagnosticada inicialmente, em março de 2011, o seu CA-125 (uma proteína encontrada em níveis elevadas nas pessoas com cancro nos ovários – ver Capítulo 10) era de 224. O intervalo normal é 0–21. Seis meses depois, o resultado do seu CA-125 era 8, e dois anos mais tarde uma ressonância magnética confirmou que não resta qualquer cancro no corpo da mãe. O seu CA-125 continua normal. “É uma forma muito agressiva de cancro, e aconselho-a vivamente a fazer quimio”, disse o cirurgião. Entre as lágrimas, a mãe conseguiu deixar escapar: “Eu não vou fazer quimio.” Ora, uma coisa é uma pessoa dizer para si mesma que nunca irá fazer quimioterapia, outra coisa bem diferente é, quando a sua vida está em jogo e se está preso a uma dose de morfina, dizer a um oncologista ginecológico de topo que não vai seguir o seu conselho. A mãe passou as duas primeiras semanas a atormentar-se com a possibilidade de estar a ser estupidamente presunçosa. Não ajudou que quase toda a gente – os melhores amigos, os médicos chineses e ocidentais por igual – abanasse a cabeça em desespero. E nós, os filhos? Nós apoiámos a mãe desde o início. Tendo crescido numa casa onde as vitaminas e a respiração ujjayi eram usadas para tratar tudo, desde dores de garganta a corações partidos – e onde era normal encontrar a mãe de cabeça para baixo numa máquina de exercício invertido ou a vigiar a acupunctura do cão –, nós sabíamos que a via natural era o único caminho para a mãe. Depois de anos de revirar de olhos e ceticismo, os meus irmãos, a minha irmã e eu tínhamos acabado por confiar na opinião não convencional da mãe. Tínhamos dissolvido com relutância comprimidos homeopáticos debaixo das nossas línguas, e visto as picadas de mosquito desaparecer; esfregávamos o tónico herbal Swedish bitters nas nossas testas, demasiado ressacados para discutir, e sentimos as enxaquecas a passar; a contragosto, acedíamos a tomar “cocktails de vitaminas” para repelir a gripe, quando todos à nossa volta adoeciam… Nós acreditávamos que a medicina alternativa podia funcionar. 24 | Laura Bond A Verdade Sobre as Suas Escolhas O conhecimento da mãe sobre medicina natural proporcionou um vislumbre de esperança naquelas horas negras no hospital. Ela sabia dos médicos que derrotavam o cancro com vitamina C e peróxido de hidrogénio, e tinha ouvido falar dos pacientes de cancro em fase terminal que tinham viajado até clínicas alternativas no México e na Alemanha e voltado livres de tumores. Ela nunca esperou, nem nos seus piores pesadelos, vir a precisar da informação, mas naqueles dias sombrios após o seu diagnóstico, ficou contente por saber disso. Havia opções. Infelizmente, para a maioria dos pacientes de cancro só existem três opções: cortar, envenenar ou queimar. As estatísticas revelam que 67% dos pacientes de cancro são submetidos a cirurgia, 80% fazem quimioterapia e 60% fazem radioterapia.4 E, no entanto, com exceção da doença de Hodgkin, da leucemia linfoblástica aguda e do cancro nos testículos, bem como de alguns cancros raros,5 a quimioterapia não faz grande diferença na sobrevivência a longo prazo (ou seja, pelo menos cinco anos depois do diagnóstico da doença primária). Um grande estudo, publicado na Scientific American em 1985, revelou que a quimioterapia era “algo eficaz” em apenas 2-3% dos pacientes de cancro.6 Mas, pior que isso, a quimioterapia pode matar. Um estudo britânico de 2008, levado a cabo pelo Inquérito Nacional Confidencial aos Resultados e Mortes de Pacientes, constatou que a quimioterapia contribui efetivamente para um quarto das mortes por cancro.7 Além disso, o falecido Dr. Hardin B. Jones, um dos maiores peritos em estatística do mundo, conduziu um estudo de vinte e cinco anos que revelou que “as vítimas de cancro não tratadas vivem até quatro vezes mais tempo do que os indivíduos tratados”.8 Longe de ser uma conspiração marginal, a ineficácia da quimioterapia é reconhecida por algumas das mentes mais populares e brilhantes de hoje. No best-seller SuperFreakonomics, Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner referem que um regime típico de quimioterapia do cancro do pulmão de células não pequenas custa mais de 40 mil dólares, mas ajuda a prolongar a vida do paciente em apenas dois meses, em média. Eles escrevem: “…é fácil imaginar um ponto no futuro, talvez daqui a cinquenta anos, em que coletivamente vamos A Mãe não Vai Fazer Quimio | 25 olhar para trás, para os tratamentos de ponta para o cancro, e pensarmos: o que é que dávamos aos nossos pacientes?”9 Mesmo aqueles que estão no centro da medicina convencional reconhecem as limitações dos medicamentos contra o cancro. Em abril de 2012, o Dr. Otis Brawley, diretor médico e científico da Sociedade Americana do Cancro (ACS), criticou os tratamentos tradicionais do cancro. Num discurso para jornalistas da área da saúde, ele admitiu que os médicos mentem com frequência sobre as taxas de sucesso dos rastreios e tratamentos – incluindo os testes de PSA para o cancro da próstata, os transplantes de medula óssea e a quimioterapia10 – chamando ao sistema atual “uma forma subtil de corrupção”. Mas onde é que estavam as manchetes de primeira página? Infelizmente, o outro lado da história raramente é notícia. Em vez disso, é-nos dito que a cura para o cancro está “ali ao virar da esquina” e que as taxas de sobrevivência estão a melhorar. Em novembro de 2011, a Macmillan Cancer Support lançou um documento em que afirma: “O tempo médio de sobrevivência para todos os tipos de cancro há quarenta anos era de apenas um ano, e agora prevê-se que seja de quase seis anos.”11 Então devemos aplaudir o progresso aparente, ou devemos, tal como Phillip Day, encarar as estatísticas com uma pitada de sal? “Torturem os dados durante o tempo suficiente e talvez eles acabem por confessar alguma coisa” – ironiza Day. Números Adulterados Certos fatores dão aos números oficiais um brilho mais forte: estamos agora a apanhar o cancro numa fase mais precoce, o que significa que os pacientes não estão necessariamente a viver mais tempo depois de terem cancro, mas sim que estão a viver mais tempo depois de lhes ser diagnosticada a doença; os cancros não-invasivos, como o carcinoma ductal in situ (CDIS) – também conhecido como “cancro de grau zero”12 – são incluídos nas estatísticas; e a palavra “sobreviver” tem sido redefinida, para passar a significar apenas cinco anos. “A minha tia – que fez toda a quimio que lhe propuseram – ficou imortalizada para sempre como ‘sobrevivente’ do cancro da mama”, conta Day. “Ela sobreviveu os cinco anos, mas morreu seis meses depois. Por isso ela está ‘curada’ e morta.” 26 | Laura Bond Há vinte e cinco anos, Day embarcou numa investigação por todo o mundo para encontrar a “resposta” ao cancro. O resultado? Ele descobriu que as clínicas que estão a obter os melhores resultados estavam a concentrar-se na alimentação, na gestão do stresse e nas alterações dos hábitos de vida. “Elas não estavam a fazer quimioterapia e radioterapia. Isso surpreendeu-me”, confessa Day. “A Quimio Salvou a Minha Vida” Escusado será dizer que o tratamento convencional funciona para algumas pessoas. Todos temos amigos ou entes queridos, e sabemos de celebridades que escolheram o caminho convencional e estão bem. Quando foi diagnosticado um cancro da mama a Olivia Newton-John, ela optou pela cirurgia e por oito meses de quimioterapia. Hoje, mais de vinte anos depois, ela continua a embelezar as capas das revistas, tendo não só derrotado o seu diagnóstico, mas também, segundo parece, os estragos do envelhecimento. Mas a quimioterapia raramente é a história toda: “A quimioterapia pode ter diminuído o tumor até ao estado em que o paciente é mandado para casa, mas aquilo que nunca é registado é se o paciente, tendo tido uma enorme chamada de alerta sobre os seus hábitos, melhora a sua dieta, começa a fazer exercício e cuida melhor de si próprio”, conjetura Phillip Day. O Tumor não é o Problema Se um médico lhe dissesse “Este medicamento tem uma taxa de resposta de 90%”, você sentir-se-ia bastante tranquilizado, certo? Para quê olhar para outras opções, tendo uma probabilidade tão animadora? Mas vale a pena verificar se você está na mesma onda do seu oncologista. Quando lhe dizem que um medicamento de quimioterapia tem uma taxa de resposta de 90%, estão simplesmente a falar da probabilidade de o tumor diminuir de tamanho. E o que lhe vai acontecer a si? Isso é completamente outro assunto. A Mãe não Vai Fazer Quimio | 27 O famoso investigador médico Ralph W. Moss descobriu que a quimioterapia pode levar a um significativo prolongamento da vida em cerca de dez formas diferentes de cancro. No entanto, a maioria destes cancros é rara. Para os tumores sólidos comuns (como os cancros da mama, dos ovários e da próstata – que são responsáveis por 90% de todas as mortes por cancro), a quimioterapia não é eficaz.13 O seu tumor pode responder, mas você pode morrer. “As pessoas convencionais põem-me doido”, queixa-se o importante especialista em cancro, Dr. Nicholas Gonzalez. “Elas abordam o cancro como uma guerra nuclear, como se tivessem de ‘bombardear cada célula’, e acabam por matar também o paciente.” O Dr. Gonzalez tem pacientes que já estão consigo há quinze anos e continuam a ter tumores. “Eles (os tumores) estão sossegados; podiam estar mortos, mas não estão a incomodar ninguém, desde que o paciente tome as suas enzimas, estão bem.” (Ver mais sobre enzimas no Capítulo 4.) Qual é o ponto de partida? A redução do tamanho do tumor não deve ser a principal prioridade: “O foco deve estar na sobrevivência e na qualidade de vida. Concentrar-se em fazer o tumor diminuir com quimio/radioterapia é um jogo de tolos”, defende o Dr. Garry Gordon, cofundador da Faculdade Americana para o Avanço da Medicina (ACAM). Uma das leitoras do meu blogue, Lee Gefen, uma mulher de trinta e cinco anos da Austrália, escolheu encarar o seu (inoperável) tumor no cérebro como uma necessidade de mudança: “Eu já não sinto que o tumor me está a ameaçar, ou a invadir-me, ou que tenho de o combater. Estou a aprender a viver com ele em paz, enquanto faço tudo o que posso para tratar aquilo que inicialmente o causou.” (Ver mais histórias inspiradoras no Capítulo 12.) 28 | Laura Bond Quando confrontados com o cancro, a maioria dos pacientes quer fazer os possíveis e impossíveis, o que cada vez mais significa passar pelo terapeuta de reiki ou médico chinês e tomar suplementos potentes. Um estudo recente do MD Anderson Cancer Center revelou que uns impressionantes 83% dos pacientes recorriam à medicina alternativa, juntamente com os tratamentos convencionais.14 No entanto, estes extras nunca são considerados nas estatísticas do cancro. Na verdade, o “progresso” é associado exclusivamente aos avanços médicos e não à iniciativa do paciente. Para Newton-John, a meditação, a homeopatia, a acupunctura e as técnicas de relaxamento foram apenas algumas das terapias curativas para as quais ela se voltou após o tratamento convencional.15 Também se diz que ela toma diariamente enzimas digestivas e vitamina D (ver Capítulo 4) e que é apaixonada pela alimentação saudável e comida orgânica. Embora Newton-John tenha conseguido recuperar da quimioterapia, muitos não o conseguem. Segundo Ciaran Devane, CEO do Macmillan Cancer Support: “O tratamento do cancro é a luta mais dura que muita gente vai enfrentar, e os pacientes ficam muitas vezes com problemas emocionais e de saúde a longo prazo, muito depois de terem terminado o tratamento.” A leucemia, a insuficiência cardíaca e a infertilidade são apenas uma parte da lista de efeitos secundários da doxorrubicina, um fármaco comum usado na quimioterapia, enquanto o 5-FU, outro fármaco, é tão tóxico que alguns médicos se referem a ele como “Debaixo da Terra”.16 Embora estejamos constantemente a ler sobre “novos tratamentos inovadores”, a realidade é que são dados a muitos pacientes medicamentos que já têm décadas. Uma das minhas leitoras do Reino Unido, Jayne Brown, ficou chocada ao descobrir que o mesmo medicamento de quimioterapia que tinha sido usado sem sucesso no seu falecido companheiro, em 1993, foi administrado na sua amiga em 2007: “Não posso crer que, com mais doze anos de investigação, o cocktail de quimioterapia que foi dado ao meu companheiro ainda faça parte da medicina tradicional.” É importante ter em mente que se crê que cerca de três quartos da investigação publicada atualmente sobre fármacos na literatura médica sejam escritos por empresas de relações públicas, contratadas A Mãe não Vai Fazer Quimio | 29 pelas farmacêuticas.17 O facto de o cancro ser lucrativo para tantos – são gastos mais de 40 mil milhões de dólares por ano em medicamentos para o cancro em todo o mundo18 – é uma verdade que não pode ser ignorada. “A quimioterapia é certamente boa para os balanços das empresas farmacêuticas. Constrói carreiras. Pode até dar esperança aos pacientes e às suas famílias, em tempos de desespero. Mas não é uma arma eficaz contra a vasta maioria de carcinomas sólidos em adultos”, segundo o aclamado jornalista médico Ralph Moss.19 Mas a maioria de nós não faz perguntas: “Os pacientes estão muitas vezes vulneráveis, assustados e não compreendem totalmente a sua doença”, afirma Kathryn Alexander, naturopata, especialista em desintoxicação e autora de Dietary Healing: The Complete Detox Program. “Quando pergunto aos pacientes porque é que escolheram determinados tratamentos, muitas vezes dizem-me: ‘O médico parecia tão bom’. Embora seja obviamente melhor ter um especialista simpático do que um que seja áspero e rude, ser simpático não conta como tratamento, e o conselho dado precisa de ser devidamente avaliado.” Uma visão limitada pode tomar conta de si depois de receber o diagnóstico. Os pensamentos voltam-se para os amigos ou entes queridos que perderam a batalha e o desespero instala-se como o salitre; quaisquer reservas sobre o tratamento convencional desaparecem e toma posse o medo. De repente, qualquer opção parece ser boa, mesmo se ele tiver a morte como “efeito secundário”. Radioterapia? Venha de lá! Cirurgia? Ponha-me na lista. Substâncias químicas causadoras de cancro? Tudo bem. “Todos os dias recebemos dezenas de telefonemas de gente de todo o mundo”, conta o médico Dr. Nicholas Gonzalez, sediado em Nova Iorque. “Estas pessoas fizeram todas as coisas ‘certas’ – a cirurgia, a quimio – e agora o cancro está-lhes no cérebro e nos pulmões e no fígado. Estão assustadas e começaram a procurar alternativas.” 30 | Laura Bond Porque é Que o Cancro Volta Um estudo de 2012 mostra que a quimioterapia danifica células saudáveis, fazendo com que segreguem uma proteína que acelera o crescimento dos tumores cancerosos.20 Esta proteína, chamada “WNT16B”, faz com que eles “cresçam, invadam e, o que é importante, resistam a terapias posteriores”, segundo Peter Nelson do Centro de Investigação do Cancro Fred Hutchinson, em Seattle. Nelson é coautor do estudo que observou este fenómeno, publicado na Nature Medicine.21 A radioterapia tem sido relacionada há muito tempo com cancros secundários. Está agora bem documentado que uma mulher cuja mama seja tratada com radiações é mais propensa a desenvolver cancro do pulmão.22 Se isso não fosse suficientemente mau, a radioterapia pode, em última análise, gerar um tipo de cancro mais agressivo. “Tem-se provado que a radioterapia aumenta até trinta vezes a sobrevivência e a capacidade de autorregeneração das células do cancro da mama”, afirma Sayer Ji, fundador e diretor da GreenMedInfo.com e coautor do livro The Cancer Killers: The Cause Is The Cure. “Isto significa que, embora o tratamento por radiação possa inicialmente fazer retroceder o volume/a massa de um tumor, pode realmente estar a selecionar a subpopulação das células do tumor que seja mais agressiva e resistente à radiação, o que depois vai levar a uma maior malignidade.”23 A investigação mais recente sugere que a quimioterapia e a radioterapia não são capazes de tratar as “células-tronco” do cancro de crescimento lento (o tipo mais mortal de célula num tumor). Na verdade, a quimioterapia e a radioterapia podem bem conduzir a um aumento do seu grau.24 Felizmente, existem promissores tratamentos naturais – como o Haelan (ver Capítulo 8) – que são capazes de demolir as células-tronco do cancro, segundo a investigação preliminar. A Mãe não Vai Fazer Quimio | 31 Abraçar a Saúde vs. Combater a Doença Nós comprámos coletivamente a ideia de que os danos causados pela cura são uma parte inevitável da “batalha” contra o cancro. Mas não tem de ser assim. Nos últimos vinte e cinco anos, o Dr. Gonzalez tem tratado pacientes de cancro com dietas individualizadas, enzimas e enemas de café – com um sucesso fenomenal. “Tenho pacientes que estão hoje nos noventas e que estão comigo há vinte anos”, conta o Dr. Gonzalez. “Tenho uma senhora com cancro no pâncreas que vive no Texas. Já não a vejo há oito anos, mas ela manda-me sempre um cartão de Natal.” Porque é Que Temos Cancro: Pensamento Antigo vs. Pensamento Novo Pensamento antigo: fraqueza genética Pensamento novo: alterações epigenéticas Pensamento antigo: torrar ao sol Pensamento novo: vitamina D insuficiente Pensamento antigo: não fazer mamografias Pensamento novo: fazer mamografias Pensamento antigo: dieta rica em gorduras Pensamento novo: comida altamente processada Pensamento antigo: o stresse não interessa Pensamento novo: o stresse está na raiz da causa Pensamento antigo: a cura são os medicamentos Pensamento novo: a cura é o sistema imunitário Quando a mãe decidiu desviar-se do caminho convencional, achava que seria uma viagem solitária. Como estava enganada! Rapidamente descobrimos que a comunidade alternativa do cancro é uma população em crescimento, que está a impulsionar a procura de profissionais holísticos em todo o mundo. Na verdade, segundo uma 32 | Laura Bond investigação publicada no Australian Family Physician, na Austrália os doentes visitam agora profissionais alternativos quase tão frequentemente como o seu médico de família. O professor Ian Brighthope, reputado médico e cirurgião, tem assistido a uma mudança dramática na opinião pública nos últimos trinta e cinco anos: “Tem sido interessante ver como, por exemplo, as altas doses de vitamina C – em tempos vistas como pura charlatanice – se têm tornado numa tendência generalizada”, conta. Em todo o mundo, o movimento da saúde natural está a ganhar força rapidamente. Os britânicos gastam atualmente 450 milhões de libras por ano na medicina alternativa e complementar (MAC), e nos Estados Unidos as vendas de alimentos e bebidas orgânicas cresceu de mil milhões de dólares em 1990 para 26,7 mil milhões em 2010.25 As pessoas têm fome de alimentos verdadeiros e não processados, tal como de informações não adulteradas sobre as suas opções de saúde. Felizmente, existe agora investigação de confiança, disponível através de fontes noticiosas predominantes como o Natural News.com e o Mercola.com. Com milhões de leitores, estes sites conseguem divulgar notícias de saúde inovadoras a uma velocidade vertiginosa. Com cada vez mais informação disponível, os pacientes estão a chegar às consultas com impressões e uma lista de perguntas a fazer, em vez de levarem apenas um conjunto de sintomas para tratar. Tomar decisões médicas importantes pode ser excecionalmente stressante e, por vezes, incrivelmente solitário, mas este livro vai ajudá-lo a navegar na escuridão. Vai encontrar pormenores de tratamentos alternativos de ponta – como a hipertermia e a ozonoterapia (ver Capítulos 7 e 9) – que inverteram inúmeros casos de cancros “terminais”. Vou também tocar no emocionante campo da oncologia molecular e referir uma técnica inovadora que permite aos médicos identificar as células cancerosas anos antes dos testes comuns com marcadores (ver Capítulo 10). No final do livro encontrará uma útil secção de Recursos, com bastante informação sobre os testes, tratamentos, clínicas e especialistas referidos no texto. Pode ficar surpreendido ao saber que, quando uma pessoa é diagnosticada com cancro, geralmente já está a viver com a doença há sete anos, em média. Certamente que isto contraria a crença comum A Mãe não Vai Fazer Quimio | 33 de que o tumor é uma bomba-relógio que exige remoção imediata. “É uma doença de evolução muito lenta, e os pacientes devem ser pacientes”, avisa o médico e nutricionista americano, Dr. John A. McDougall. O Dr. Patrick Kingsley, especialista britânico em cancro e autor de The New Medicine, dá um conselho semelhante: “Se acabou de receber um diagnóstico de cancro, sente-se e pense no que quer fazer. Não vai fazer a mais pequena diferença se não fizer nada na primeira semana ou duas, mas isso dá-lhe a oportunidade de pensar se quer seguir o conselho que o seu médico lhe está a dar, procurar uma segunda opinião ou seguir a sua própria maneira de fazer as coisas.” No capítulo 12 deste livro, entre outras histórias, vai conhecer o caso de uma mulher australiana que se livrou de um tumor usando apenas uma pomada preta, de um alemão que tratou um cancro no pâncreas com homeopatia e de uma inglesa que optou pelos caroços de alperce em vez da quimioterapia. Tive o privilégio de falar com muitos pacientes de cancro que desafiaram a sentença de morte e agora acreditam firmemente que onde há esperança, existe uma cura. Em Take Control of Your Cancer, o Dr. James Forsythe escreve: “Eu tento sempre errar por excesso de otimismo com os pacientes. Tive pacientes que vieram ter comigo porque os seus médicos lhes tinham dito para não começarem um novo romance ou uma nova telenovela porque não viveriam o suficiente para saber o final.” Os prognósticos baseiam-se em estatísticas, mas existem sempre exceções. Em pacientes com cancros “terminais” – com metástases nos ossos, pulmões e fígado – tem-se sabido de quem recupere totalmente, há tumores no pâncreas que desapareceram e pessoas que foram mandadas para casa para morrer que continuam a viver. Então o que deve fazer se um médico lhe disser “Não há mais nada que possamos fazer”? O Dr. Keith Scott-Mumby, autor de Cancer Research Secrets, sugere o seguinte: “Se um médico lhe disser essas palavras, traduza-as da seguinte forma: ‘Eu não sei o que estou a dizer e não sei o que estou a fazer. Aconselho-o a procurar um médico natural e a seguir um caminho espiritual e de hábitos de vida para a cura.’” 34 | Laura Bond