1 Uni- ANHANGUERA – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS CURSO DE AGRONOMIA PRINCIPAIS PRAGAS DO MILHO (Zea mays) NO BRASIL THIAGO AMTHAUER TAVARES GOIÂNIA Junho/2012 2 THIAGO AMTHAUER TAVARES PRINCIPAIS PRAGAS DO MILHO (Zea mays) NO BRASIL Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Agronomia do Centro Universitário de Goiás, Uni-ANHANGUERA, sob orientação Profa. Dra. Cristiane R. B. A. Ramos, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Agronomia. GOIÂNIA Junho/2012 3 TERMO DE APROVAÇÃO Thiago Amthauer Tavares PRINCIPAIS PRAGAS DO MILHO NO BRASIL Trabalho de conclusão de curso apresentado à banca examinadora como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Agronomia do Centro Universitário de Goiás – UniANHANGUERA, defendido e aprovado em ............. de ..................................... de 2012 pela banca examinadora constituída por: ____________________________________________ Prof°. Dr. Cristiane R. B. A. Ramos (Orientador) ____________________________________________ Profa. Msc. Lino Carlos Borges (Membro) _________________________________________ Profa. Ms. Leandra Regina Semensato (Membro) GOIÂNIA Junho/2012 4 Este trabalho é dedicado aos meu pais, Antônio de Paula Tavares Neto e Gisele Amthauer Tavares e aos meus amigos de Faculdade que contribuíram significativamente para o meu desenvolvimento intelectual, pessoal e profissional, e a todos que contribuíram diretamente e indiretamente no desenvolvimento deste trabalho. 5 Resumo À medida que o nível tecnológico e a extensão territorial de uma cultura aumentam, ou seja, quando sua exploração é intensiva e em sistema de monocultura, normalmente tem-se um aumento dos problemas entomológicos, ou seja, o aumento das pragas.O aumento destas pragas podem ocasionar diversos danos a cultura do milho, o que diminui a produção tanto em aspecto de grãos como para silagem. Acarreta também diminuição no aspecto econômico devido a estas redução de produção. Para o controle destas pragas é emprego diversas formas de manejo, controle químico e biológico. O uso de produtos químicos de maneira abusiva e inadequada, em vez de controlar eficientemente uma determinada praga, pode ocasionar resíduos nos produtos e a eliminação dos inimigos naturais. Devido a esse aspecto de os produtos químicos afetarem os insetos que ajudam no controle biológico, deve-se fazer o uso de agrotóxicos mais específicos a determinada praga, evitando o combate de insetos benéficos. Vários trabalhos de revisão sobre diferentes aspectos biológicos das pragas de milho já foram realizados no Brasil, sendo destacados quatro grupos bem definidos: pragas iniciais, pragas da parte aérea, pragas do colmo e pragas das espigas. Será retratado neste trabalho as principais pragas que atuam no brasil, demonstrando assim sua morfologia, seus danos e os métodos de controle para um melhor conhecimento destas principais pragas. Então conclui-se que as pragas é um importante aspecto de conhecimento para uma boa qualidade de produção de milho e garantir uma maior renda. PALAVRAS-CHAVE: Zea mays L. Morfologia. Métodos de controle. 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 8 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 10 2.1 Características da cultura do milho 10 2.2 Insetos e pragas 11 2.2.1 Pragas subterrâneas 12 2.2.1.1 Lagartas Elasmo - Elasmopalpus lignosellus 13 2.2.1.1.1 Morfologia 13 2.2.1.1.2 Sintomas de danos 14 2.2.1.1.3 Métodos de controle 14 2.2.1.2 Lagarta-rosca - Agrotis ipsilon 15 2.2.1.2.1 Morfologia 15 2.2.1.2.2 Sintomas de danos 16 2.2.1.2.3 Métodos de controle 16 2.2.2 Pragas da parte aérea 16 2.2.2.1 Lagarta-do-cartucho – Spodoptera frugiperda 16 2.2.2.1.1 Morfologia 17 2.2.2.1.2 Sintomas de danos 17 2.2.2.1.3 Métodos de controle 18 2.2.2.2 Curuquerê-dos-capinzais – Mocis latipes 19 2.2.2.2.1 Morfologia 19 2.2.2.2.2 Sintomas de Danos 20 2.2.2.2.3 Métodos de Controle 20 2.2.2.3 Cigarrinha-do-milho -Dalbulus maidis 21 2.2.2.3.1 Morfologia 21 2.2.2.3.2 Sintomas de danos 22 2.2.2.3.3 Métodos de controle 22 2.2.2.4 Pulgão-do-milho – Rhopalosiphum maidis 23 2.2.2.4.1 Morfologia 23 2.2.2.4.2 Sintomas de danos 24 2.2.2.4.3 Métodos de controle 24 2.2.3 Pragas do colmo 24 7 2.2.3.1 Broca da cana-de-açúcar – Diatraea saccharalis 24 2.2.3.1.1 Morfologia 25 2.2.3.1.2 Sintomas de danos 25 2.2.3.1.3 Métodos de controle 25 2.2.4 Pragas da espiga 26 2.2.4.1 Lagarta-da-espiga – Helicoverpa zea 26 2.2.4.1.1 Morfologia 26 2.2.4.1.2 Sintomas de danos 27 2.2.4.1.3 Métodos de controle 27 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 28 REFERÊNCIAS 39 8 1 INTRODUÇÃO O milho (Zea mays L.) representa um dos principais cereais cultivados em todo o mundo, fornecendo produtos amplamente utilizados para a alimentação humana, animal e matérias-primas para a indústria, principalmente em função da quantidade e da natureza das reservas acumuladas nos grãos. (DOURADO NETO; FANCELLI, 2000). No Brasil, a evolução da cultura do milho nas últimas décadas foi marcante, saindo de uma condição de lavoura, principalmente de subsistência, para a atividade comercial de relevância econômica no agronegócio. Para isso, foram realizados investimentos expressivos em tecnologia, como o uso de corretivos, adubação, mecanização, cultivares melhoradas e um melhor manejo cultural. Práticas como o plantio direto, a irrigação e o cultivo da safrinha levaram a alterações significativas no agro-ecossistema brasileiro. (WAQUIL, 2009). No âmbito nacional, a cultura do milho pode ser considerada de elevada importância, tanto sob o aspecto econômico como no social. No econômico, destaca-se por ocupar a segunda maior área cultivada e ser a responsável pela segunda maior produção de grãos no País. (FORNASIERI FILHO, 2007). A produção brasileira de milho tem aumentado muito nos últimos anos e deverá aumentar ainda mais devido ao estímulo do seu uso para a produção de álcool. O milho também tem importante papel na rotação de culturas com a soja, especialmente em áreas sob plantio direto. Além disso, o milho constitui cultura básica da agricultura brasileira, pois envolve um contingente significativo de mão-de-obra rural no processo produtivo. (FORNASIERI, 1992). São diversos os fatores responsáveis por essa baixa produtividade, mas sem dúvida, as pragas têm um bom percentual de participação, principalmente nos últimos anos com o cultivo de milho "safrinha", que oferece condições para a continuidade e desenvolvimento das pragas devido à permanência da planta de milho na área, praticamente durante todo ano. (FARIAS et al., 2001). A cultura é atacada por um grande número de insetos, sendo que as pragas de campo chegam a provocar uma queda de até 30% em sua produtividade (GALLO et al., 2002), o que corresponde a uma perda muito alta para ser desprezada. Mais de uma centena de espécies de insetos e de outros animais pode desenvolver-se e atingir o nível de praga em milho. Estas pragas podem ser agrupadas em dependentes e em independentes da cultura. As espécies 9 dependentes são especializadas e desenvolvem-se após a emergência das plantas, sendo que neste grupo destacam-se a larva alfinete, a lagarta-do-cartucho, a lagarta-da-espiga, a moscada-espiga e os pulgões. As pragas independentes da cultura desenvolvem-se nas plantas cultivadas que precedem o milho, podendo ocorrer esporadicamente. Neste grupo destacam-se as formigas, a larva-arame, os cupins, os corós, a broca-do-azevém, a lagarta elasmo, a lagarta-da-aveia, a lagarta rosca, os grilos, os percevejos e as cigarrinhas. (GASSEN, 1996). Este trabalho tem como objetivo retratar as pragas da cultura do milho demonstrando seus efeitos sobre a cultura, visando assim um melhor conhecimento das formas de manejálas, reconhecimento da praga na cultura, suas formas de controle e seu nível de dano. 10 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Características da cultura do milho O milho (Zea mays) é uma gramínea anual, pertence ao grupo de plantas com metabolismo C-4 e com grande adaptação a diferentes ambientes. Botanicamente, o grão destas espécies é um fruto, denominado cariopse, em que o pericarpo está fundido com o tegumento da semente propriamente dito. (EMBRAPA MILHO E SORGO, 2009). De acordo com Fornasieri Filho (2007), o milho pertence à família da Poaceas, onde é a única espécie cultivada do gênero. Outras espécies do gênero Zea, que são chamadas teosinto, e as espécies do gênero Tripisacum são formas selvagens parentes de Zea mays. No Brasil, a cultura do milho pode ser considerada de elevada importância, tanto em aspecto econômico quanto no social. No aspécto econômico, é destacada por ocupar a segunda maior área cultivada e ser a responsável pela segunda maior produção de grãos no País (FORNASIERI FILHO, 2007). Segundo Fornasieri Filho (2007), sua importância social baseia-se basicamente, em três evidências. A primeira, por ser componente básico da dieta da população, principalmente entre a camada pobre da população; a segunda, por ser produto cultivado de pequenos produtores rurais; a terceira, por ser um dos principais componentes da ração animal (representa cerca de 60 a 70% do custo da ração tanto de suínos como o de aves). O milho já é uma planta que está completamente domesticada, pois não cresce em forma selvagem e não pode sobreviver na natureza, sendo inteiramente dependente dos cuidados do homem. Sua domesticação vem desde 4 mil anos atrás, a partir do teosinte, uma planta aparentemente insignificante das terras altas mexicanas. (GALINAT, 1988). Dentre os cereais que são cultivados no Brasil, o milho é o mais expressivo, com cerca de 161.535 milhões de toneladas de grãos produzidos, em uma área de aproximadamente 49.646,5 milhões de hectares que são referentes a duas safras, normal e safrinha (CONAB, 2011). O Brasil é o terceiro maior produtor de milho, que só é superado pelos Estados Unidos e pela China. (FORNASIERI FILHO, 2007). A cultura do milho no Brasil, nestes últimos anos, vem sofrendo muitas transformações tecnológicas importantes, decorrentes em incrementos expressivos em produtividade e produção. Entre as tecnologias adotadas, destacam-se a utilização de 11 sementes de cultivares melhoradas (variedades e híbridos), alterações no espaçamento e na densidade de semeadura baseando se nas características da cultivar, além da conscientização dos produtores da necessidade de melhoria na qualidade dos solos, visando uma maior produção. Acontece ainda, importantes mudanças no sistema de produção, destacando-se o aumento do cultivo de milho “safrinha” e a expansão do sistema de semeadura direta. (FORNASIERI FILHO, 2007). De acordo com o Ministério da Agricultura (2009), existem várias cultivares de milho adaptadas para as condições do nosso pais. Entretanto, a escolha de uma cultivar para um determinado local, deve resultar da conjugação das características desse local, da variedade, tais como: condições climáticas, características do solo, disponibilidade de água, data provável da sementeira e da colheita, destino da cultura para grão ou forragem. Devido a suas características fisiológicas a cultura do milho tem alto potencial produtivo, já tendo sido obtida produtividade superior a 16 t.ha-1, em concursos de produtividade conduzidos por órgãos de assistência técnica e extensão rural e por empresas produtoras de semente. Entretanto, o nível médio brasileiro de produtividade é muito inferior, cerca de 4.311 kg/ha, demonstrando que os diferentes sistemas de produção de milho deverão ser ainda bastante aprimorados para se obter aumento na produtividade e na renda do produtor que a cultura pode proporcionar. (EMBRAPA, 2011). Segundo Farias et al. (2001), os fatores responsáveis por essa baixa produtividade são diversos, mas sem dúvida, as pragas têm uma boa participação para que ocorra esse baixo potencial, principalmente nos últimos anos com o cultivo de milho "safrinha", que oferece condições para a continuidade e desenvolvimento das pragas devido à permanência da planta de milho na área, praticamente durante todo ano. 2.2 Insetos e pragas Os insetos são considerados praga quando chegam a um nível populacional onde são capazes de causar danos e de reduzir o rendimento de grãos ou diminuir a qualidade do produto. (EMBRAPA MILHO E SORGO, 2009). Segundo Gullan e Cranston (2007), os insetos podem se tornar pragas por várias razões. Alguns insetos previamente inofensivos se tornaram pragas depois de sua aparição não intencional em áreas fora de sua cogitação, ou seja, se instalarem onde podem escapar de seus 12 inimigos naturais como exemplo uma plantação de milho. Com essa distribuição se permite que os insetos fitófagos previamente inóculos tornarem-se pragas, em geral seguindo a propagação deliberada de suas plantas hospedeiras por meio do cultivo. Um inseto pode ser inofensivo até que ele se torne o vetor de um patógeno vegetal ou animal (incluindo humano). Os insetos nativos podem se tornar pragas a partir do momento que eles migrarem de plantas nativas passando para as plantas introduzidas, como é a caso do cultivo do milho, essa troca de hospedeiro é comum para insetos polífagos e oligófagos. Depois se serem considerados pragas, os seus níveis populacionais para o ataque da cultura como exemplo a do milho variam de acordo com as condições climáticas e fatores bióticos de cada região decorrente do desequilíbrio biológico através de aplicações de inseticidas de amplo espectro de ação, que eliminam os seus inimigos naturais, especialmente as vespas do gênero Trichogramma. Vários insetos atacam as sementes, raízes e plântulas do milho após a semeadura. O tipo de ataque reduz o número de plantas na área cultivada e o potencial produtivo da lavoura. Esses insetos são de hábito subterrâneo ou superficiais e a maioria das vezes passam despercebidos pelo agricultor, dificultando o emprego de medidas para o seu controle. A importância desses insetos variam de acordo com o local, ano e sistema de cultivo. As principais espécies, sua importância para a cultura, sintomas de danos e métodos de controle disponíveis são descritos a seguir. (CRUZ et al., 2005). 2.2.1 Pragas subterrâneas De acordo com Cruz et al. (1995), existem diversos insetos apontados na literatura como pragas subterrâneas que se alimentam de diferentes hospedeiros, incluindo o milho, como os cupins (diversas espécies distribuídas nos gêneros Heterotermes , Cornitermes e Procornitermes) , percevejo-castanho (Scaptocoris castaneum) , larva-alfinete (Diabrotica speciosa e provavelmente outras vaquinhas) , larva-angorá (Astylus spp.) , bicho-bolo ou coró (Phlyllophaga sp., Cyclocephala sp.) , larva-arame (Melanotus sp. e outros gêneros) , entre outros. Algumas delas, quando não matam a planta devido a destruição da semente, ocasionam o seu enfraquecimento, causando sua morte posteriormente, por não ter condições de competir com as demais plantas da cultura ou com as plantas daninhas. Cavando-se o solo próximo às falhas, no início da germinação, deve-se encontrar a semente e/ou a praga. Recomenda-se o controle cultural sempre que possível, utilizando-se rotação de cultura, 13 controle de plantas daninhas e aração após a colheita. O controle químico mais eficiente é o preventivo. 2.2.1.1 Lagartas Elasmo - Elasmopalpus lignosellus A lagarta-elasmo vem tornando-se, juntamente com a lagarta-do-cartucho, uma das principais pragas da cultura do milho de acordo com as condições de campo. É uma praga que tem grande capacidade de destruição em um curto intervalo de tempo. Seus danos aparecem logo após a emergência das plantas, sendo que atrasa o desenvolvimento da planta, aumenta a susceptibilidade, favorecendo a explosão populacional de lagartas na lavoura. Os maiores danos são causados em solos leves e bem drenados, sendo sua incidência menor sob plantio direto. (CRUZ et al., 2005). Também tem sido problemática para culturas em solos sob vegetação de cerrado, sobretudo no primeiro ano de cultivo. 2.2.1.1.1 Morfologia De acordo com EMBRAPA MILHO E SORGO (2010), a mariposa tem cerca de 20 mm de envergadura, com as asas anteriores escuras nas fêmeas, e claras na parte central, circundada por margens escuras nos machos. As fêmeas depositam em média de 100 a 120 ovos durante o seu período de vida. O ovo inicialmente é claro, depois passa para uma coloração avermelhada próximo à eclosão da lagarta. A postura é feita nas folhas, bainhas, hastes das plantas hospedeiras ou no próprio solo, onde ocorre a eclosão das lagartas, em um período de tempo variado de acordo com as condições climáticas. As lagartas completamente desenvolvidas medem cerca de 15 mm de comprimento e têm coloração verde-azulada, com estrias transversais marrons, purpúreas ou pardo-escuras. Na média de 21 dias acorre o final do seu ciclo larval onde as lagartas transformam-se em crisálidas, no solo, próximo da haste da planta e, após aproximadamente oito dias, emergem os adultos. (CRUZ et al., 1995). 14 2.2.1.1.2 Sintomas e danos Os maiores prejuízos da lagarta-elasmo para a cultura do milho são causados nos primeiros 30 dias após a germinação. Então, para a identificação da presença da lagartaelasmo no campo, deve-se proceder a um levantamento considerando aquele período de tempo. (CRUZ et al., 1995). De acordo com Cruz et al. (2005), as lagartas recém eclodidas iniciam raspando as folhas e se dirigem para a região do coleto da planta, onde cava uma galeria na vertical. Na planta atacada ocorre a morte das folhas centrais, cujo sintoma é denominado "coração morto". As quais quando puxadas com a mão, se soltam facilmente. Depois, ocorre o perfilhamento ou a morte da planta. Junto ao orifício de entrada na base da planta, a lagarta constrói um túnel com teia, terra e detritos vegetais dentro do qual se abriga. Uma característica dessa praga é que as lagartas são bastantes ativas e saltam quando tocadas. 2.2.1.1.3 Métodos de controle De acordo com Cruz et al. (2005), como os inseticidas aplicados logo após o aparecimento da praga não têm gerado um bom controle, tem-se recomendado o controle preventivo com inseticidas sistêmicos à base de tiodicarb, carbofuran ou imidacloprid, misturados à semente. Sob condições de estresse hídrico mesmo esse tratamento não é efetivo, recomendando-se a aplicação de um inseticida de ação de contato e profundidade como os a base de clorpirifós. A alta umidade do solo contribui para reduzir os problemas causados pela lagarta-elasmo no milho. O controle preventivo, em muitos casos, é viável, devido ao baixo valor do nível de controle, que é em torno de 3% ou menos de plantas atacadas, para produtividades acima de 4 t/ha. Culturas instaladas em solos arenosos, ou após o plantio de outro hospedeiro, como o arroz ou trigo, ou mesmo em cultivos sucessivos de milho e em períodos secos após as primeiras chuvas, terão maiores riscos de ataque da praga. A utilização de medidas químicas de controle por ocasião do plantio, principalmente no caso de inseticidas sistêmicos, representa várias vantagens em relação ao sistema 15 convencional. Como o inseticida fica agregado à semente e no solo, o risco de contaminação ambiental é menor, inclusive diminui muito o perigo de ser consumido inadvertidamente por animais silvestres, domésticos ou mesmo pelo ser humano. Além do mais, a sua ação por contato sobre os inimigos naturais é mínima. E, como são formulações para pronto uso, dispensa água, que em muitos casos onde principalmente ocorre em grandes áreas, limita o controle químico. (CRUZ et al., 1995). 2.2.1.2 Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon) Predomina em áreas de solos pesados e mal cultivados (áreas sujas). Os danos resultam da redução da população de plantas produtivas cujos prejuízos são de acordo com a taxa de infestação. (CRUZ et al., 2005). Várias espécies de lagarta-rosca atacam a cultura de milho; porém, a espécie Agrotis ipsilon tem sido a mais comum. As plantas atacadas por essa lagarta são totalmente improdutivas. Em cada ano agrícola aumenta a infestação dessa praga em áreas cultivadas com milho. Como são várias espécies envolvidas, o controle químico é difícil. Pode-se considerar esse grupo de pragas como séria ameaça ao bom "stand" da cultura do milho. (CRUZ et al., 1995). 2.2.1.2.1 Morfologia As lagartas que estão completamente desenvolvidas medem cerca de 40 mm, são robustas, cilíndricas, lisas e apresentam coloração variável, onde predomina a cor cinzaescuro. A fase larval dura cerca de 25 a 30 dias, onde tranforma-se em pupa no próprio solo, de onde, após duas ou três semanas, emergem os adultos. (CRUZ et al., 1995). 16 2.2.1.2.2 Sintomas e danos O milho dificilmente é atacado após os seus 50 cm de altura, sendo atacado antes de atingir essa altura. (CRUZ et al., 1995). De acordo com Cruz et al. (2005), as larvas atacam a região do coleto, cortando as plantas na base o que provoca morte ou perfilhamento. Em áreas de grande infestação da praga, nota-se muitas plantas cortadas, mas os insetos não são facilmente visíveis já que têm atividade preferencialmente noturna. As lagartas abrigam-se no solo em volta das plantas recém-atacadas, numa faixa lateral de 10 cm e numa profundidade em torno de 7 cm. 2.2.1.2.3 Métodos de controle Os métodos culturais envolvem a antecipação da eliminação de plantas daninhas principalmente via dessecante o que pode reduzir a infestação, pois as mariposas preferem ovipositar em plantas ou restos culturais ainda verdes. O tratamento de sementes também é indicado em áreas onde existe grandes infestações. Em áreas menores é recomendado também a distribuição de iscas preparadas a base de farelo, melaço e um inseticida sem odor como o trichlorfon. (CRUZ et al., 2005). 2.2.2 Pragas da parte aérea 2.2.2.1 Lagarta-do-cartucho – Spodoptera frugiperda A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), é uma das principais pragas da cultura do milho no Brasil. A praga é distribuída em todas as regiões onde se cultiva esse cereal e o seu ataque pode reduzir a produção em até 38,7%. (WILLIAMS; DAVIS, 1990, CRUZ et al., 1996). 17 A lagarta-do-cartucho atacando plantas mais jovens de milho pode levar a sua morte, especialmente quando a cultura é plantada após a dessecação no sistema de plantio direto. Com essas condições, a lagarta já está presente na área e quando o milho emerge as lagartas podem causar danos nas plantas ainda jovens, onde ocorre um aumento significante na sua importância no estabelecimento da população de plantas ideal na lavoura. (CRUZ et al., 2005). 2.2.2.1.1 Morfologia Segundo Cruz et al. (1995), o inseto adulto é uma mariposa com cerca de 35 mm de envergadura, de coloração pardo-escura nas asas anteriores e branco-acinzentada nas posteriores. As posturas são feitas em massa, com uma média de 150 ovos. O período de incubação dos ovos é de aproximadamente três dias. As lagartas recém-eclodidas alimentamse de sua própria casca do ovo. Depois da primeira alimentação, elas permanecem em repouso por um período variável de duas a dez horas. A lagarta completamente desenvolvida mede cerca de 40 mm, com coloração variável de pardo-escura, verde a até quase preta e com um Y invertido na parte frontal da cabeça. A temperatura influencia muito no seu período larval, sendo que, nas condições brasileiras, dura em torno de 15 dias. No término deste período, a lagarta geralmente vai para o solo, onde se empupa. O período pupal varia de 10 a 12 dias nas épocas mais quentes do ano. (CRUZ et al., 1995). 2.2.2.1.2 Sintomas e danos De acordo com Cruz et al. (1995), a lagarta-do-cartuxo ataca a planta desde sua emergência até a formação de espigas. Quando essa praga ataca plantas de até 30 dias, pode ser levada até a morte e reduzir o estande inicial e, em plantas maiores, pode comprometer a produtividade ao alimentar se do parênquima das folhas, do broto central da planta (cartuchodo-milho) e dos grãos da espiga. (CRUZ ; TURPIN, 1983; CRUZ, et al., 1999). Embora esta espécie ataque tipicamente o cartucho da planta, o que pode ocorrer desde 18 a emergência até o pendoamento, quando o ataque ocorre no início de desenvolvimento da cultura, a lagarta pode perfurar a base da planta, atingindo o ponto de crescimento e provocar o sintoma de "coração morto", típico da elasmo. (CRUZ et al., 2005). Quando encontram hospedeiros adequados, elas começam a alimentar-se dos tecidos verdes, geralmente começando pelas áreas mais tenras, deixando apenas a epiderme membranosa, provocando o sintoma conhecido como “folhas raspadas”. À medida que as larvas crescem, começam a fazer orifícios nas folhas, podendo destruir completamente as plantas mais novas. O ataque pode ocorrer desde os 10 dias após a emergência até a formação das espigas. A lagarta ataca o cartucho do milho, chegando a destruí-lo completamente; nesse caso, chama à atenção a quantidade de excreções existentes na planta. As lagartas novas começam raspando as folhas, mas, depois de desenvolvidas, elas conseguem fazer furos, e até danificálas completamente, fazendo com que ocorra a destruição do cartucho (GALLO et al., 2002). De acordo com Cruz (2008), os locais de ataque bem como o tipo de dano provocado pela lagarta-do-cartucho em milho, têm variado muito nos últimos anos. 2.2.2.1.3 Métodos de controle Desde 1988 a Embrapa Milho e Sorgo vem procurando novas alternativas de controle para a lagarta-do-cartucho. Na própria natureza foram identificados insetos que, além de não prejudicarem as lavouras, alimentam-se de ovos e larvas dessa praga, constituindo-se em seus inimigos naturais, realizando o que se denomina controle biológico. (CRUZ et al., 1999). O tratamento de sementes tem sido o método mais recomendado para controle das pragas iniciais do milho. Os inseticidas sistêmicos dão controle de até 17 dias após o plantio sob condições satisfatórias de suprimento de água. Quando ocorre stress hídrico os tratamentos de semente não apresentam a mesma eficiência e devem ser suplementados por pulverizações dirigidas para o sitio de ataque do inseto. (CRUZ et al., 2005). O controle é feito através do monitoramento da cultura na qual define a aplicação de produto químico quando constatadas 20% de plantas atacadas, que é o nível de dano econômico do milho. Inseticidas do grupo dos carbamatos, organofosforados, inibidores da síntese de quitina e espinosinas são algumas das opções para o controle. Segundo GULLAN e CRANSTON (2007), os inseticidas químicos podem ser 19 produtos sintéticos ou naturais. Produtos naturais derivados de plantas, geralmente chamados de inseticidas botânicos, incluem: alcalóides, incluindo a nicotina do tabaco; rotenona e outros rotenóides das raízes de leguminosas; piretrinas, derivadas de flores de Tanacetum cinerariifolium e nim, isto é, extratos da árvore Azadirachta indica. O controle da lagarta-do-cartucho com inseticidas é o método mais utilizado no Brasil; mas devido a ocorrência da praga em praticamente todas as fases de desenvolvimento da cultura do milho, devem ser utilizadas diferente estratégias de manejo químico. (FORNASIERI FILHO, 2007). Então se recomenda efetuar o controle logo que surjam os primeiros ataques ao cartucho, aplicando-se fosforados, clorofosforados, carbamatos, piretróides ou reguladores de crescimento em pulverização, com bico em leque, para deposição dos inseticidas no local de ataque da praga (cartucho). O inseticida clopirifós tem sido aplicado também com pivô central (“insetigação”). A isca tóxica também pode ser empregada (GALLO et al., 2002). 2.2.2.2 Curuquerê-dos-capinzais – Mocis latipes De acordo com Cruz et al. (1995), os maiores prejuízos causados por esse inseto ocorrem nas pastagens. Mas o que se observa é que cada vez mais ela aumenta no milho, aparecendo em grande quantidade, arrasando a cultura. 2.2.2.2.1 Morfologia De acordo com Gallo et al. (2002), apresenta coloração amarelada com estrias longitudinais castanha escuras. A cabeça é globosa com estrias longitudinais amarelas. A crisálida é de cor parda clara e tem a duração de 14 dias, a mariposa mede 42 mm de envergadura, apresentando asas de coloração pardo acinzentada. Apresenta uma linha transversal nas asas anteriores podendo ser confundida com Anficarsia gemmatalis, lagarta da soja. As lagartas são do tipo "mede-palmo". 20 2.2.2.2.2 Sintomas e Danos Em infestações intensas destroem toda a folha, e as vezes culturas inteiras. Essa praga é de importância secundária para a cultura do milho. Porém, em determinados locais pode ocorrer alta infestação da praga, demandando controle imediato para evitar elevada perda no rendimento de grãos. A lagarta alimenta das folhas do milho deixando somente a nervura central. A infestação geralmente desenvolve em gramíneas ao redor da lavoura e quando ocorre competição por alimento, as lagartas emigram para o milho. Para evitar danos, é necessário realizar vistorias frequentes na fase vegetativa da lavoura, principalmente em áreas vizinhas às pastagens. (GALLO et al., 2002). 2.2.2.2.3 Métodos de Controle O método químico é o mais utilizado e eficiente para o controle dessa lagarta. Mas, nem sempre é preciso aplicar o inseticida em toda área, sendo que a infestação inicia pelas bordas da cultura e a pulverização localizada sobre a área infestada é bastante eficiente. A aplicação do inseticida pode ser realizada tanto por pulverização convencional ou via água de irrigação por aspersão. Um produto à base de Bacillus thuringiensis, aplicado em alto volume, 1 kg por ha, sendo seletivo para lagartas também podem ser utilizados. (CRUZ et al., 2010). 21 2.2.2.3 Cigarrinha-do-milho -Dalbulus maidis De acordo com Cruz et al. (2005), os danos diretos causados pela sucção de seiva dos adultos e ninfas pode reduzir principalmente o desenvolvimento do sistema radicular, mas os principais prejuízos causados por essa espécie é devido a transmissão de fitopatógenos como o vírus do rayado fino e dois milicutes Spiroplasma kunkelli (enfezamento pálido) e fitoplasma (enfezamento vermelho). Os prejuizos causados por essas doenças pode chegar a mais de 80% dependendo do patógeno, dos fatores ambientais e da sensibilidade dos híbridos cultivados. A incidência da doença está associada à alta densidade populacional de insetos infectivos o que ocorre no final do verão (plantios tardios). 2.2.2.3.1 Morfologia De acordo com Waquil (1995), em áreas infestadas, os adultos podem ser facilmente observados alimentando-se, preferencialmente, no cartucho do milho. Os adultos medem cerca de 4 mm de comprimento por menos de 1 mm de largura. Embora a coloração predominante seja palha, no abdômen observam-se manchas negras, que podem ser maiores nos indivíduos desenvolvidos em climas com temperaturas amenas. Na cabeça, destacam- se duas manchas negras com o dobro do diâmetro dos ocelos. Uma das características da família desse inseto é a presença de duas fileiras de espinhos nas tíbias posteriores. Os ovos de D. maidis são de coloração esbranquiçada, de córion transparente, medem 1,3 mm de comprimento e apresentam a região do opérculo mais fina que o extremo posterior. (MARÍN, 1987). O período embrionário é de oito dias e a temperatura ótima para incubação é de 26,5°C (WAQUIL, 1998). As ninfas, que passam por cinco mudas, são de coloração palha, com manchas escuras no abdômen e olhos negros. Elas tendem a permanecer estáticas, alimentando-se na folha, e só se movem se forem incomodadas. 22 2.2.2.3.2 Sintomas e danos A cigarrinha do milho, Dalbulus maidis (DeLong & Wolcott), é a principal espécie transmissora dos agentes etiológicos das doenças conhecidas como o enfezamento e a virose da risca, provocando, indiretamente, altas perdas na produção do milho cultivado em várias regiões tropicais da América Latina. (HRUSKA; PERALTA 1997). A presença do inseto pode ser constatada diretamente pelo exame do cartucho das plantas ou através de amostragem com rede entomológica passada no topo das plantas. A incidência das doenças só é confirmada depois do aparecimento dos sintomas: Rayado fino folhas com riscas amareladas (paralelas às nervuras) com aparência pontilhada, Enfezamento pálido - no início, plantas podem apresentar folhas com deformações e posteriormente iniciase pela descoloração (clorose) das bordas da base das folhas que pode progredir para toda a planta, nanismo acentuado com os últimos internódios pouco desenvolvido dando à planta a aparência de uma palmeira o que é facilmente confundido com plantas "dominadas". Enfezamento vermelho - dependendo do estádio de infecção das plantas pode não se observar o nanismo, mas geralmente ele está presente, com últimos internódios pouco desenvolvidos e folhas com avermelhamento generalizado. Na fase reprodutiva, nota-se manchas descoloridas nos grãos incompletamente cheios o que dá à espiga certa flexibilidade ao ser torcida nas mãos. (CRUZ et al., 2005). 2.2.2.3.3 Métodos de controle De acordo com Cruz et al. (1995), os métodos de controle mais eficientes são os culturais evitando-se a multiplicação do vetor em plantios sucessivos, erradicação de plantas voluntárias na área antes do plantio e uso de cultivares menos suscetíveis aos patógenos. Evitar o plantio de milho pipoca e milho doce em áreas com histórico recente de alta incidência dos enfezamentos dado à alta susceptibilidade da maioria dessas cultivares. Finalmente pode também ser utilizado o tratamento de semente com inseticidas sistêmicos. 23 2.2.2.4 Pulgão-do-milho – Rhopalosiphum maidis Este é a espécie de inseto de ocorrência mais endêmica no milho, mas raramente constitui problema para a cultura pela ação eficiente dos inimigos naturais (predadores e parasitóide). Ele ataca as partes jovens da planta, preferencialmente o cartucho, mas pode infestar também o pendão e gemas florais. Seus danos diretos ocorrem somente quando a densidade populacional é muito alta e a planta estiver sob estresse hídrico. Os maiores danos ocorrem sob condições favoráveis para transmissão do vírus do mosaico. Neste caso, mesmo sob densidades muitas vezes não detectáveis podem ocorrer perdas significativas, pois o principal vetor é a forma alada e o vírus é de transmissão estiletar, ou seja, transmite de plantas doentes para sadias simplesmente por via mecânica, através da picada de prova. (CRUZ et al., 2005). 2.2.2.4.1 Morfologia De acordo com Gassen (1996), o pulgão-do-milho, Rhopalosiphum maidis, possui corpo alongado de coloração amarelo-esverdeada ou azulesverdeada, com manchas negras na área ao redor dos sifúnculos; tamanho variando de 0,9 a 2,6 mm de comprimento; pernas e antenas de coloração negra; tubérculos antenais pouco desenvolvidos; antenas curtas, com seis segmentos, e processo terminal do segmento VI com 2 a 2,3 vezes o comprimento da base; sifúnculos com base mais larga que ápice, de coloração negra e com constrição apical; cauda de coloração negra com dois pares de cerdas laterais. 24 2.2.2.4.2 Sintomas e danos Sob altas populações é visível a colônias sobre as plantas e sob estresse hídrico as folhas mostram-se murchas e com bordas necrosadas. O sintoma da doença aparece no limbo foliar na forma de um mosaico de coloração verde claro num fundo verde escuro. 2.2.2.4.3 Métodos de controle Para o controle da doença, os métodos culturais, na forma de eliminação dos hospedeiros nativos do patógeno e do vetor (gramíneas em geral), têm sido os mais eficientes. No inicio de desenvolvimento das plantas, o tratamento de sementes oferece proteção. Durante o ciclo da planta os inimigos naturais têm ação primordial na manutenção do equilíbrio. Raramente tem sido necessário tomar outras medidas de controle. O controle biológico natural tem sido eficiente. Em picos populacionais, quando se justificar o controle, deve-se dar preferência a produtos químicos de baixa toxicidade e seletivos pois, assim, pode-se baixar a população da praga e permitir um novo equilíbrio biológico, mantendo a praga em níveis não econômicos. (CRUZ et al., 1995). 2.2.3 Pragas do colmo 2.2.3.1 Broca da cana-de-açúcar – Diatraea saccharalis De acordo com Viana (1994), essa praga tem constituído um problema sério para a cultura do milho no Brasil Central. Em altas infestações, o ataque desse inseto pode causar perdas de até 21% na produção. 25 2.2.3.1.1 Morfologia De acordo com Cruz (1995), o inseto adulto de D. saccharalis é uma pequena mariposa de coloração amarelo-palha, com aproximadamente 20 mm de envergadura. A mariposa fêmea coloca os ovos com aspecto de escamas nas folhas do milho e, com um intervalo de quatro a nove dias, ocorre a eclosão das lagartas, que inicialmente alimentam-se da folha. Posteriormente, dirigem-se para a bainha e penetram no colmo, fazendo galerias ascendentes. O período larval médio é de 69 dias. As lagartas apresentam a cabeça marrom e o corpo esbranquiçado, com inúmeros pontos escuros. Quando atingem o completo desenvolvimento, as lagartas constroem uma câmara, alargando a própria galeria até o colmo, onde cortam uma seção circular, que fica presa com fios de seda e serragem, e transformam-se em pupas, permanecendo nesse estádio por um período variável de 9 a 14 dias, até emergir o adulto. 2.2.3.1.2 Sintomas e danos De acordo com Waquil et al. (1986), essa praga tem causado danos diretos e indiretos, afetando o enchimento dos grãos, bem como provocando o quebramento do colmo devido a infecção por microorganismos e ao próprio dano causado pela broca na haste da planta. Quando o ataque é intenso, a planta pode secar precocemente e se tornar improdutiva. 2.2.3.1.3 Métodos de controle Na cultura da cana-de-açúcar, o controle desse inseto tem sido realizado com sucesso através de inimigos naturais. Os principais parasitóides são o Metagonistylum minense e o Trichogramma spp., podendo o parasitismo da lagarta chegar a atingir 20%. Para regiões onde o milho é plantado na safra e na safrinha, e onde várias outras culturas hospedeiras da broca são cultivadas durante quase todo o ano, aumenta a importância desse método de controle. 26 Experimentalmente, os inseticidas lufenuron (15 g i.a./ha) e neocotinóide (750 g i.a./ha) aplicados antes de a broca penetrar no colmo, possibilita um controle eficiente da praga. Eliminação de restos culturais de plantas hospedeiras ajuda a reduzir a infestação na próxima safra. (CRUZ et al., 2010). 2.2.4 Pragas da espiga 2.2.4.1 Lagarta-da-espiga – Helicoverpa zea Tipicamente o inseto coloca seus ovos nos estilos-estigmas, local onde as lagartas recém-nascidas iniciam os seus danos, podendo ocasionar falhas na produção de grãos. Á medida que a larva desenvolve, ela dirige-se para a ponta da espiga para alimentar-se dos grãos em formação. Os prejuízos estimados para essa praga é cerca de 8% nos rendimentos. (WAQUIL, 1998). 2.2.4.1.1 Morfologia De acordo com Cruz et al. (2005), o ovo da lagarta-da-espiga mede cerca de 1 mm de diâmetro, possui forma hemisférica, apresenta saliências laterais e pode ser visualizado através de um exame minucioso do "tufo de cabelos", com uma lupa ou mesmo a olho nu. Após a eclosão, as lagartas penetram nas espigas, deixando um orifício bem visível de saída. Na fase de milho verde, geralmente se encontra uma lagarta no interior da espiga infestada, normalmente na ponta da mesma. 27 2.2.4.1.2 Sintomas e danos A lagarta-da-espiga Helicoverpa zea é referida prejudicando a cultura de três formas: atacando os estigmas, impedindo a fertilização e, em consequência, ocasionando falhas nas mesmas; alimentando-se de grãos leitosos, os destruindo e; finalmente, os orifícios deixados pelas lagartas nas espigas, por ocasião da fase de pupa, facilitam a penetração de microrganismos que podem causar podridões. (GASSEN, 1996). 2.2.4.1.3 Métodos de controle O controle de H. zea se faz quase que exclusivamente mediante emprego de inseticidas, sendo a eficiência deste método, muito baixa. Isto se deve ao fato das lagartas, encontrarem-se protegidas no interior das espigas. Além disso, provoca um efeito negativo no equilíbrio biológico existente entre o inseto-praga e seus inimigos naturais, e o mau uso dos químicos acabam também por forçar a seleção de populações resistentes aos pesticidas. (CRUZ, 2002). 28 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nos últimos anos, a cultura do milho no Brasil, vem passando por importantes mudanças tecnológicas, resultando em aumentos significativos da produtividade e produção. Entre as tecnologias adotadas, destacam-se a utilização de sementes de cultivares melhoradas (variedades e híbridos), alterações no espaçamento e densidade de semeadura de acordo com as características das cultivares, além da conscientização dos produtores da necessidade de melhoria na qualidade de aplicação dos defensivos. Todos esses aspectos ajudam na produção do milho em relação as pragas, melhorando no combate e tendo uma melhor produção. Hoje em dia uma grande vantagem de controle destas pragas é a grande quantidade de inseticidas para seu combate, e o uso do controle biológico que também vem sendo cada vez mais empregado. Considera-se então que as pragas do milho é uma grande barreira para uma boa produção de milho, tanto em aspecto de milho para silagem como para grão.Então este trabalho retrata todos os aspectos das principais pragas do milho no Brasil, para que possamos ter um melhor conhecimento sobre estas pragas. Sabendo assim sua identificação na lavoura, os danos causados e suas formas de controle. 29 REFERÊNCIAS CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. 2011 < http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/11_08_09_11_44_03_boletim_agosto2011..pdf >. Acessoem: 05 2012 CRUZ, I. A lagarta-do-cartucho na cultura do milho. Sete Lagoas: EMBRAPA-CNPMS, 1995. 45p. (EMBRAPA-CNPMS.Circular Técnica, 21). CRUZ, I.; VIANA, P.A.; WAQUIL, J.M. Manejo das pragas iniciais de milho mediante o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos. Sete Lagoas: EMBRAPA-CNPMS, 1999. 39p. (EMBRAPA-CNPMS.Circular Técnica, 31) CRUZ, J. C. No plantio direto o milho é o melhor. Cultivar, Pelotas, v.1, n.8, p. 28-29, 1999. CRUZ, J. C.; PEREIRA FILHO, I. A. Hora da escolha. Cultivar; Grandes Culturas, Pelotas, v. 7, n. 77, set. 2005. Milho. Caderno Técnico Cultivar, Pelotas, n. 77, p. 4-11, set. 2005. Encarte. CRUZ, J. C. Manejo de solos em sucessão de culturas. In: SEMINÁRIO SOBRE A CULTURA DO MILHO "SAFRINHA". 5., 1999, Barretos, SP. Anais... Campinas: IAC, 1999. p.39-49. CRUZ, I., L. J. OLIVEIRA, A. C. OLIVEIRA & C. A. VASCONCELOS. Efeito do nível de saturação de alumínio em solo ácido sobre os danos de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) em milho. An. Soc. Entomol. Brasil 25:293-297. 1996. CRUZ, I.; FIGUEIREDO, M.L.C.; OLIVEIRA, A.C.; VASCONCELOS, C.A. Danos de Spodoptera frugiperda (Smith) em diferentes genótipos de milho cultivado em solo sob três níveis de saturação de alumínio. International Journal of Pest Management, v.45, p.293-296, 1999. CRUZ, I.; TURPIN, F.T. Rendimento e impacto da infestação larval da lagarta do cartucho Spodoptera frugiperda (JE Smith) até meados de whorl fase de crescimento do milho. Journal of Economic Entomology, v.76, p.1052-1054, 1983. CRUZ, I. Resistência de Spodoptera a inseticidas. Revista Cultivar, Pelotas, v. 37, p.12-14, 2002. 30 DOURADO NETO, D. ., FANCELLI, A. L. Produção de milho. –Guaíba. Editora Agropecuária, 2000. Embrapa Milho e Sorgo. Circular Técnica, 91. Controle Biológico de Pragas na Cultura de Milho para Produção de Conservas (Minimilho), por Meio de Parasitóides e Predadores. Ago/2007. Disponível em: www.cnpms.embrapa.br/publicacoes/publica/2007/circular/Circ_91.pdf. Acesso em 19 out. 2009. EMBRAPA MILHO E SORGO.. Disponível http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/p_co49.htm. Acesso em: 16 outubro 2009. em EMBRAPA MILHO E SORGO. Versão Eletrônica 7ª edição Set./2011. Disponível em http://www.cnpms.embrapa.br/publicacoes/milho_7_ed/economia.htm. Acesso em: 17 maio 2012. EMBRAPA TRIGO. Comunicado técnico Online N 49. Disponível http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/p_co49.htm. Acesso em: 21 outubro 2009. em FARIAS, P.R.S.; BARBOSA, J.C.;BUSOLI, A.C. Amostragem seqüencial com base na lei de Taylor para levantamento de Spodoptera frugiperda na cultura do milho. Scientia Agrícola. v.58, n.2 . p. 7- 19, 2001. FORNASIERI FILHO. Manual da Cultura do Milho. Funep, Jaboticabal SP, 2007. 576p. FORNASIERI, D.F. A cultura do milho. Jaboticabal: FUNEP, 1992. 273p. GALINAT, W. C. A origem do milho. In: SPRAGUE, G. F.; DUDLEY, J. W. (ed) Milho e Melhoria do milho, 3 ed.. Madison: American Society of Agronomy, 1988. p. 1-31. GALLO, D. Manual de Entomologia Agrícola. São Paulo, Fealq, 2002. 920p. GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.; BAPTISTA, G.C. de; BERTI FILHO, E.; PARRA, J.R.P.; ZUCCHI, R.A.; ALVES,S.B.; VENDRAMIM, J.D.; MARCHINI, L.C.; LOPES, J.R.S.; OMOTO, C. Entomologia agrícola. Piracicaba, Fealq, 2002, 920p. GASSEN, D. N. Manejo de pragas associadas à cultura do milho. Passo Fundo: Aldeia Norte, 1996. 134 p. GULLAN, P. J.; CRANSTON , P. S. Os insetos; um resumo de entomologia. 3 ed., Roca, São Paulo, 2007. p.440. HRUSKA, A.J. & M.G. Peralta. A resposta do milho a cigarrinha (Homoptera: 31 Cicadellidae) e infestação da doença achaparramiento. J. Econ. Entomol. 1997. 90:604610. LEWIS, T. A comparison of water traps, cylindrical sticky traps and suction traps for sampling thysanopteran populations at different levels. Entomologia Experimentalis ET Aplicata, Dordrecht, v. 2, p. 204-215, 1959. MARÍN, R. Biologia e comportamento de Dalbulus maidis (Homoptera: Cicadellidae). Rev. Per. Entomol.1987. 30: 113-117. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Disponível em http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons. acesso em 22 de outubro de 2009. VIANA, P.A. Instigação. In: COSTA, E.F.; VIEIRA, R.F.; VIANA, P.A.(Ed.) Quimigacao: aplicação de produtos químicos e biológicos via irrigação. Sete Lagoas: EMBRAPA-CNPMS / Brasília: EMBRAPA-SPI, 1994. p.249-268. WAQUIL, J. M. Cigarrinhas, pulgões e diabrótica na cultura do Milho. In:SEMINÁRIO SOBRE A CULTURA DO MILHO “SAFRINHA”, 3.,1995, Assis. Resumos... Assis: IAC, 1995. p. 29-38 WAQUIL, J.M.; CRUZ, I.; VIANA, P.A. Pragas do sorgo. Informe Agropecuario, Belo Horizonte, v.12, n.144, p.46-51, 1986. WAQUIL, J. M. Milho Leafhopers como vetor de patógenos de milho no Brasil. In: Casela, C. R., B. Renfro & A. F. Krattiger (ed.), Diagnosing maize diseases in Latin America. Ithaca, NY, ISAAA/Embrapa, 1998. 61p. WAQUIL, J. M. Introdução dos híbrido Bt: uma revolução no Manejo Integrado de Pragas na cultura do milho. Grão em Grão, Sete Lagoas, ano 3 , n.14 , mai. 2009. Disponível em:<http://www.cnpms.Embrapa.br/grao/14_edicao/grao_em_grao_artigo_01.htm >. Acesso em: 06 jul. 2009. WILLIAMS, W. P. & F. M. Davis. Resposta do milho à infestação artificial com lagartas e larvas da broca do milho soutwestern. Southwest. Entomol. 1990. 15:163-166. 32 DECLARAÇÃO E AUTORIZAÇÃO Eu, Thiago Amthauer Tavares, declaro, para os devidos fins e sob pela da lei, que o Trabalho de Conclusão de Curso:Principais pragas do milho no Brasil, é de minha exclusiva autoria. Autorizo o Centro Universitário de Goiás, Uni- ANHANGUERA a disponibilização do texto integral deste trabalho na biblioteca (consulta e divulgação pela Internet, estando vedadas apenas a reprodução parcial ou total, sob pena de ressarcimento dos direitos autorais e penas cominadas na lei. (Thiago Amthauer Tavares) Goiânia (GO), 15 de junho de 2012