Informativo mensal nº19 Maio/2015 AMÉRICA/EUROPA OCIDENTAL NOVOS CONFLITOS ENTRE FARC E GOVERNO COLOMBIANO O cessar-fogo unilateral das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (FARC) anunciado em março chegou ao fim. A medida foi anunciada após cerca de 40 guerrilheiros serem mortos em uma operação militar nas regiões de Cauca, Antioquia e Choca. A operação militar colombiana foi uma reposta à morte de 11 militares pelas mãos dos insurgentes no mês de abril. A morte dos militares aconteceu enquanto o cessar-fogo unilateral estava ainda em efeito. As negociações de paz em Havana, Cuba, entre governo e guerrilha continuam mesmo em meio às tensões. ÁSIA/LESTE EUROPEU INTENSIFICAÇÃO DE ATIVIDADES NAVAIS COLOCAM IRÃ EM FOCO O Irã tem sido um dos principais atores no cenário de conflitos que envolvem o setor naval. Recentemente, o país realizou embargos a navios mercantes desencadeando insatisfações de países que comercializam no Estreito de Hormuz. Navios iranianos tentaram interceptar um navio com a bandeira de Cingapura, que pediu asilo nos Emirados Árabes Unidos e um navio cargueiro com bandeira do Irã se encaminhou para o Iêmen, na iminência de um conflito regional com a Arábia Saudita e seus aliados sunitas. A ONU solicitou que o navio parasse no Djibuti para inspeção o que foi atendido pelo Irã. CESSAR-FOGO SE TORNA INEFICAZ E AFEGANISTÃO SOFRE BAIXAS COM ATENTADOS TALIBÃS O Afeganistão trabalhou na negociação de um cessar-fogo com o Talibã, o que rapidamente caiu em descrença devido a um ataque do grupo. Mais atentados Talibãs, em sua maioria suicidas, ocorreram, assolando o Afeganistão e aumentando a baixa de civis no país. ORIENTE MÉDIO OFENSIVAS DO ESTADO ISLÂMICO A cidade histórica síria de Palmyra está sobre o controle do Estado Islâmico, mesmo após tentativa de resistência por parte de tropas de Bashar al-Assad. Dados indicam que mortes já passam da casa dos milhares. Apesar da conquista do território de Ramadi pelo EI as forças iraquianas, com ajuda externa, atacaram e retomaram regiões a cerca de 10 km a leste de Ramadi. Combatentes curdos expulsaram jihadistas do EI de 14 cidades que haviam sido tomadas pelos extremistas e a cidade estratégica Mabruk, onde havia um quartel general do EI, foi retomada. CONFLITO NO IÊMEN Um acordo humanitário de cessar-fogo de cinco dias foi assinado no Iêmen e partiu das preocupações lançadas pela ONU acerca das mortes de civis durante o conflito. Ataques aéreos das forças aliadas dos sauditas foram suspensos após assinatura do cessar-fogo. Contudo, a coligação internacional retomou ataques aéreos após um intervalo de cinco dias. Fonte diplomática ocidental relatou que as forças sauditas concluíram que os rebeldes xiitas hutis utilizaram da trégua para posicionar artilharia pesada em zonas próximas da fronteira com a Arábia Saudita. Aviões de guerra da coalizão bombardearam um acampamento das forças especiais na capital do Iêmen, Sanaa, matando pelo menos 36 pessoas. A unidade de comando atacada está aliada com os rebeldes hutis. ÁFRICA AVANÇOS E REVESES MARCAM O COMBATE AO BOKO HARAM NA NIGÉRIA Ocorreram diversos avanços na luta contra o grupo extremista Boko Haram na Nigéria. A floresta de Sambisa foi invadida por forças nigerianas, numa operação conjunta com os exércitos do Chade, Níger e Camarões. No local, o exército resgatou 200 meninas e 93 mulheres sequestradas pelo grupo. As ações militares contra os insurgentes têm sido mais fortes devido ao apoio dos países vizinhos. Sendo assim, o Chade estendeu indefinidamente o mandato das tropas regionais que ajudam no combate ao Boko Haram até que a missão esteja completa. Entretanto, os militantes conseguiram tomar o controle de Marte, uma importante cidade, e mais de 40 pessoas foram mortas num ataque em Gubio, no estado de Borno. Estes ataques foram chamados de “reveses”, pois a crença era de que, com as ações realizadas, o Boko Haram haveria sido varrido desse estado por completo. QUESTÕES RELIGIOSAS CONTINUAM A CAUSAR COFLITOS NA ÁFRICA Cinco jornalistas de uma rede de televisão da Líbia, desaparecidos desde 2013, foram assassinados por membros do Estado Islâmico (EI). O governo oficial líbio comandou ataques aéreos contra eles na cidade de Derna. Devido ao aumento dos conflitos na Líbia e no Mali, a Argélia decidiu focar suas ações na segurança nas fronteiras onde ocorrem contrabandos que dão suporte aos terroristas. As Forças de Segurança argelinas também conseguiram matar ao menos 22 terroristas vinculados ao EI. Na Somália, os militantes islâmicos do Al Shabaab entraram em conflito com as forças do governo. A Missão da União Africana para a Somália (AMISOM), juntamente com os soldados do governo, têm conseguido contê-los de certa forma. Ainda assim, eles continuam a atuar, realizando ataques inclusive na capital do país. Os militantes também atacaram duas patrulhas da polícia queniana em uma zona rural do Quênia. Os ataques a este país têm o objetivo de pressionar o governo a retirar suas tropas da Somália. Em Angola, o partido de oposição anunciou que mais de mil civis foram mortos durante um confronto entre a polícia angolana e uma seita cristã considerada ilegal no país. Treze membros da seita Luz do Mundo foram mortos na ocasião e seu líder foi capturado e permanece sob custódia policial. ACORDO REALIZADO COM MILÍCIAS DA REPÚBLICA CENTRO AFRICANA PREVÊ MUDANÇAS NO PAÍS Foi assinado um acordo entre dez grupos armados rivais e o Ministério da Defesa na República Centro Africana, visando o desarmamento das milícias atuantes no território e levar à justiça os que cometeram crimes de guerra durante os dois anos de conflito. O acordo também abarca a libertação de crianças soldados, escravas sexuais e trabalhadoras braçais que são utilizados pelos militantes. Com isso, se inicia o processo de Desarmamento, Desmobilização, Reinserção e Repatriação (DDRR) que inclui a inserção de membros das milícias no Exército do país. O fórum da paz que resultou no acordo contou com a participação do governo, parceiros internacionais e líderes religiosos e civis. Foi solicitada, também, a criação de uma corte penal especial para julgar os participantes de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, os quais não terão anistia. As forças militares da França e da União Europeia já iniciaram sua retirada do local. ELEIÇÕES EM BURUNDI E PROTESTOS NO CONGO Houve uma tentativa de golpe de Estado contra o Presidente do Burundi, Nkurunziza, resultado dos protestos contra a sua intenção de obter um terceiro mandato, considerado inconstitucional. Os soldados que o apoiam impediram a concretização do golpe. O Conselho de Segurança da ONU e o Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA) condenaram a tentativa. O Presidente adiou as eleições parlamentares e municipais, após pedidos da oposição e da comunidade internacional, mas a eleição presidencial não sofreu alterações. Com a morte do líder oposicionista Zedi Feruzi, as negociações de paz que estavam se iniciando entre o governo e opositores no Burundi foram interrompidas. A oposição quer que o governo permita protestos pacíficos, que a polícia pare de matar manifestantes e que presos sejam liberados. No Congo, um ataque de supostos rebeldes ugandeses gerou o protesto de centenas de pessoas. O grupo acusado pelo governo e pelos ativistas como autores da ofensiva são as Forças Aliadas Democráticas (ADF), grupo islâmico criado para lutar contra o governo de Uganda nos anos 90 e que agora atua na fronteira. Entretanto, a missão da ONU instalada no país preferiu não culpá-lo oficialmente. ONU ONU ENFRENTA ACUSAÇÕES, ATAQUES E EXPULSÃO DE FUNCIONÁRIO, ENQUANTO CONFLITOS NO MALI, SUDÃO DO SUL E IÊMEN SE INTENSIFICAM Maio foi um mês de muitas dificuldades para as atividades de paz e de ajuda humanitária realizadas pela ONU. Entre as questões relacionadas à refugiados, novos deslocamentos de pessoas preocuparam a organização, após tentativa de golpe no Burundi e no Iraque, decorrente de ataques do Estado Islâmico. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) se preocupa também com a contínua degradação de patrimônio histórico e cultural mundiais, que vem sendo realizada pelo grupo extremista. Quanto à entrega de ajuda humanitária, a falta de recursos forçará a ONU a interromper subsídio de habitação para refugiados palestinos no Líbano. A Organização também teve diversos entraves no Iêmen, decorrentes de ações da coalizão saudita no país. O Conselho de Segurança da ONU (CSNU) recebeu uma carta do Iêmen pedindo por intervenção terrestre para salvar o país, que passou pelo mês mais letal desde o início do conflito. A carta também indicou a preocupação com violações dos Direitos Humanos, que foi um assunto igualmente preocupante no que diz respeito a novos relatórios entregues no mês de maio que apontam violações também na Síria e na Ucrânia. A ONU declarou a importância de punição não apenas nos casos apresentados por esses relatórios, mas também aos relativos a ações realizadas por militantes do Boko Haram. Além do Iêmen, o Mali e o Sudão do Sul tiveram aumento importante de violência. No Mali, a onda de brutalidades incluiu ataques à complexos da ONU e a morte de um peacekeeper. No Sudão do Sul, ações violentas forçaram a ONU a retirar suas equipes de ajuda humanitária do país, onde a Organização está tendo de lidar também com problemas com o próprio governo, que expulsou seu coordenador humanitário. O mês de maio também foi marcado por duas acusações contra a ONU. O Sudão acusou a missão da ONU em Darfur de realizar execuções de forma arbitrária e violar os Direitos Humanos e Israel trouxe em reunião sua insatisfação quanto a cessão de status de ONG a uma organização que o país acusa de ser ligada ao Hamas.