De maio a novembro, a PUC-Campinas realiza, por meio do Núcleo

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Ano V - Número 87
Informativo quinzenal da Pontifícia Universidade Católica de Campinas
25 de maio a 7 de junho/2009
www.puc-campinas.edu.br
Fotos: Ricardo Lima
Desafios da Metrópole
De maio a novembro, a PUC-Campinas realiza, por meio do Núcleo de Pesquisa
e Extensão (Nupex) do Centro de Economia e Administração (CEA), o Ciclo
de Debates: “Os Desafios da Metrópole: Políticas Públicas para a Região
Metropolitana de Campinas”. Em pauta estarão seis temáticas: Geração de
Trabalho e Renda, Questão Ambiental, Transporte Urbano, Habitação e
Cidadania, Comércio Exterior e Gestão Pública. “Pensar nas soluções para os
problemas das cidades é pensar no coletivo. E tudo isso afeta diretamente nossas vidas, quer seja como cidadãos ou como alunos da Universidade, pois seremos nós os principais responsáveis pela construção das soluções”, disse o diretor do CEA, Eduard Prancic.
Página 08
Divulgação
Privado X Público
Prestar concurso e trabalhar para o
governo ou apostar na carreira dentro
de uma empresa privada ou no seu próprio negócio? O Jornal da PUCCampinas conversou com especialistas e profissionais para ajudar quem está
prestes a ingressar no mercado de trabalho. Geraldo Fonseca de Barros e
Lucila Takizawa (foto) são formados em
Direito pela PUC-Campinas. Um
optou pelo setor privado e o outro pelo
público.
Página 05
Pandemia iminente
Os infectologistas Rogério Jesus Pedro, professor da Faculdade de Medicina da PUCCampinas, e Irene da Rocha Haber, do Hospital da PUC-Campinas e também docente do curso, esclarecem dúvidas em relação ao vírus Influenza A (H1N1), o da gripe
suína, que pode causar a primeira grande pandemia gripal do século 21. Página 04
Entrevista
Leia entrevista com o líder comunitário Itamar
Silva, um ferrenho defensor da cultura da paz
entre os moradores da favela e a população da
cidade formal. Ele foi entrevistado pelos professores João Verde, da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo, Vânia Maria Caio, de Serviço Social,
André Pires, de Ciências Sociais, Luís Arlindo
Feriani Filho, de Direito, e Maria de Fátima Franco dos Santos, da Psicologia.
No dia 31 de maio, Silva ministra palestra no encontro de formação “Cultura
da paz: mediação de conflitos e segurança pública”, organizado pela Pastoral
Universitária da PUC-Campinas e entidades parceiras.
Página 06
Artigo
Jairo José da Silva, professor do Departamento de Matemática da Unesp
“O progresso da ciência, às vezes, e com razão, assusta. Vivemos hoje a
era dos organismos transgênicos, da manipulação genética, das máquinas
de jogar xadrez (que vencem grandes campeões mundiais, como o Deep
Blue venceu Kasparov), e somos então assombrados por Frankensteins e
o eterno mito da criatura que se sobrepõe ao seu criador, voltando-se para
o “mal”. Mas esse risco nós sempre corremos, desde quando aquele homem
que inventou a machadinha resolveu quebrar a cabeça do seu rival em vez
Página 03
de um fruto.”
MURAL
EDITOR CONVIDADO - Nesta
edição, a professora da Faculdade de
Nutrição da PUC-Campinas Semíramis
Martins Álvares Domene traz dicas de filmes
para alimentar a alma.
Página 07
02
25 de maio a 7 de junho/2009
Jornal da PUC-Campinas
Editorial
Robô faz poesia. Poesia?
Q
uando lemos na mídia que as máquinas “produzirão” poesia, o
primeiro sentimento é de perplexidade. Num segundo momento, brotam avaliações opostas: admiração pelo alto nível alcançado pela capacidade técnica; desolação e lamento pela perda do que
há de mais humano, a criatividade lúdica, artística. Se a técnica libertou o
homem do peso do trabalho, por outro lado aperfeiçoou, cada vez mais, as
formas ocultas de sujeição e controle. Somos vigiados pelas mesmas câmaras que possibilitam os exames radiográficos que podem salvar nossas vidas.
O mundo inteiro entra em nossa casa graças aos satélites que nos criam um
mundo cotidiano sem limites geográficos. Já não há distância.
Mais do que cair num moralismo, ou lamento panfletário à base de
frases feitas, é preciso ter um olhar crítico. Ele pode ser definido por uma
expressão muito feliz do teólogo Henri de Lubac. Face à constatação de
que o iconoclasta Nietzsche via no escritor ortodoxo russo Dostoievsky,
o único psicólogo de quem tinha algo a aprender, ele diz que os dois carregavam consigo o mesmo desdém por uma “civilização vivendo na
superfície das coisas”.
A racionalidade funcional da arquitetura definiu a casa como “máquina
de morar”, proposta de Le Corbusier. No seu oposto, em termos de dignidade e beleza do “morar”, Leeds via e exaltava a funcionalidade das favelas. E
defendia sua eficácia na solução de um problema humano no sentido mais
exigente da palavra.
O pessimismo de Cioran diria que “viver é cegar-se para com as
próprias dimensões”. Mas aqui não se trata apenas da dimensão presente nas relações do homem com as exigências do mundo que o cerca.
Essas são respostas humanas quando têm a marca da criatividade, da
expressividade que vai além de rótulos e convenções. E isso vale para a
moradia como uma forma de linguagem, um modo de dizer aos outros
o que somos.
E quando a própria subjetividade se plasma à imagem da máquina? No
fazer poético, a interioridade da consciência “penetra” e revela, no tateio, e
simultaneamente rigor, das palavras “combinadas”, a vida da matéria. Num
certo sentido, a poesia desvenda à matéria sua realidade mais profunda, desvelando, em parte seu mistério. Por mais que a ciência explique, seu gesto é,
ao mesmo tempo, um esconder. Tomemos a realidade relacional que somos
– nosso corpo. A biologia desfaz, disseca, fragmenta o que só revela seu mistério no campo relacional. Torna-nos um conjunto de membros dotados de
funções determinadas. No fazer humano, poiesis para os gregos (como
lembrava no último editorial), o corpo se faz presente como totalidade com o
mundo e para o mundo.
Talvez, essas reflexões nos ajudem a entender o robô-poeta. Seu criador, Leonel Moura, fala da combinação do rigor matemático com a carga
emocional. Sim, a poesia tem uma lógica férrea – a palavra fora de lugar
destrói o poema – e, ao mesmo tempo, dela flui a exuberância de significado que habita o mundo humano como campo relacional. Mas, na lógica informacional, não estaremos destruindo a poesia? A linguagem do
amor ignora a sintaxe. E – por que não? – a semântica. Elas se perdem
numa totalidade misteriosa e intraduzível que as ultrapassa. E que precisa pouco para se tornar presente: um gesto, uma expressão facial, um olhar.
Essa é a linguagem da poesia que enlaça o mundo: “Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas, /com ar afogado e bruscas tormentas de farinha: / amar é um combate de relâmpagos/ e dois corpos por um só mel derrotados.” (Neruda).
Notas
Padre Wilson Denadai
Reitor da PUC-Campinas
Agenda
Educação Física recebe
Vanderlei Cordeiro
22/05 a 11/06
A Faculdade de Educação Física da PUC-Campinas recebe,
no dia 29 de maio, o atleta olímpico Vanderlei Cordeiro, que
falará sobre atletismo. Segundo o diretor da faculdade, Vagner
Roberto Bérgamo, o objetivo do evento é oferecer aos alunos
a oportunidade de trocar informações e conhecer as
experiências de grandes ídolos do esporte. A palestra ocorre
às 10h, no Auditório Dom Gilberto. A entrada é gratuita e
aberta ao público.
25/05
Eventos comemoram
Dia do Geógrafo
A Faculdade de Geografia vai comemorar o Dia do
Geógrafo, celebrado no dia 29 de maio, com três dias de
evento. No dia 28, uma mesa redonda vai reunir
profissionais ex-alunos da Universidade. Já no dia 29,
um debate vai discutir questões ambientais. Nesses dois
dias, as atividades ocorrem na Sala 800, no prédio H-01,
no Campus I, das 19h30 às 22h30. A comemoração
termina no dia 30, com uma visita técnica ao Parque
Estadual da Cantareira.
Hospital da PUC-Campinas fará
cirurgia cardíaca pediátrica
O Hospital da PUC-Campinas foi credenciado pelo Ministério
da Saúde para realizar cirurgia cardíaca pediátrica e neonatal pelo
convênio do Sistema Único de Saúde (SUS). O Hospital poderá realizar, em média, dez procedimentos por mês. O repasse da
verba do governo estadual será de cerca de R$ 100 mil mensais.
O atendimento será realizado por meio de encaminhamento
médico do próprio hospital, das Unidades Básicas de Saúde (UBS)
e de outras unidades de saúde. O Hospital da PUC-Campinas é
credenciado para cirurgia cardíaca em adultos desde 2006.
Mostra “Reminiscências”, da artista plástica
coreana Yoon Jee Geem. Casa Azul, no Campus
Central.
Início do período para realização do processo de
Intenção de Matrícula dos alunos dos cursos dos
Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu, pelo
Site do Aluno.
25/05 a 27/05
4º Fórum “A Universidade Socializando a
Diversidade”, organizado pelo Centro
Interdisciplinar de Atenção ao Deficiente (CIAD).
Informações: www.puc-campinas.edu.br.
25/05 a 29/05
12ª Jornada Farmacêutica – Novas Tecnologias
Aplicadas a Ciências Farmacêuticas. Auditório
Monsenhor Salim, no Campus II. Informações:
(19) 3343-6817.
28/05
Reunião do CONSUN.
Início da exposição “Gravuras da PUC do Peru”,
que reúne 15 trabalhos de professores e alunos
do curso de Artes, no Peru. Casa Azul, no
Campus Central.
01/06
Início da mostra “Jovem-Gráfica Goiana”.
Exposição formada por 21 gravuras, realizadas
em várias técnicas, entre serigrafias,
litografias, gravuras em metal e mistas. Na Casa
Azul, no Campus Central da PUC-Campinas, das
13h às 17h. Entrada gratuita.
04/06
Reunião das câmaras e comissão do CONSUN.
05/06
18h – Cerimônia religiosa em comemoração aos
60 anos de fundação do curso de Odontologia da
PUC-Campinas. Igreja Nossa Senhora da
Esperança, no Campus II. Informações: (19)
3343-6826.
Errata - Diferentemente do publicado no
texto “É tempo de festa na Psicologia” (Edição 86,
pág. 04), o nome correto da professora é Diana
Tosello Laloni, que foi diretora da Faculdade de
Psicologia da PUC-Campinas em dois períodos:
de 1978 a 1986 e de 1998 a 2001.
A foto do psicólogo José Roberto Domingues
é de autoria de Leonardo Duart.
Expediente
Reitor- Padre Wilson Denadai; Vice-reitora - Angela de Mendonça Engelbrecht; Conselho Editorial - Wagner José de Mello, Rogério Bazi e Sílvia Regina Machado de
Campos; Coordenador do Departamento de Comunicação Social - Wagner José de Mello; Editora - Raquel Lima (MTb. 48.963); Repórteres - Adriana Furtado, Ana
Paula Moreira, Ciça Toledo e Henderson Arsênio; Estagiários - Camila Marcusso, Daniel Abdala e João Victor Barros; Revisão - Marly Teresa G. de Paiva; Fotografia Ricardo Lima; Tratamento de Fotos - Marcelo Adorno; Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica - Neo Arte; Impressão - Grafcorp; Redação - Campus I da PUC-Campinas,
Rodovia D. Pedro I, km 136, Parque das Universidades. Telefones: (19) 3343-7147 e 3343-7674. E-mail: [email protected]
Jornal da PUC-Campinas
25 de maio a 7 de junho/2009
03
Opinião
Inteligência Artificial
Jairo José da Silva
É
possível criar uma máquina que seja,
em todos os aspectos, tão inteligente
quanto um homem? Sim, é; qualquer
um de nós, em princípio, pode fazer isso com poucos recursos, facilmente e, ainda, com algum prazer. Basta gerar, pelos métodos tradicionais, um
novo homem. Afinal, um homem é uma máquina inteligente; isso é, um sistema físico capaz de
realizar tarefas que usualmente consideramos inteligentes (além, é claro, de outras muito estúpidas).
Por isso, esse ramo do conhecimento e da
técnica que chamamos Inteligência Artificial (IA),
que nasceu junto com a Ciência da Computação
em meados do século XX, já há muito abandonou o objetivo de reproduzir a inteligência humana usando metais, plásticos e semicondutores
em vez de carbono, oxigênio e água. Não é prático. A ideia de produzir um robô razoavelmente mais inteligente que o homem, mesmo que
soubéssemos como – o que não sabemos – não
é muito boa. Afinal, homens pensando juntos
coordenadamente são muito mais inteligentes
que qualquer homem.
O caminho que a IA escolheu foi outro, produzir máquinas que possam realizar tarefas inteligentes específicas de modo muito, mas muito
melhor que a melhor equipe de seres humanos,
“A solução não está
em tentar impedir,
aferrados a velhos
dogmas, o progresso
do conhecimento,
mas em buscar
elevar nossa
consciência moral.”
mesmo que nós não realizemos essas tarefas de
maneira parecida. Essa, porém, não é uma ideia nova;
ela nasceu quando alguém, há muito tempo, fez uma
machadinha de pedra lascada para melhor quebrar
a casca dura de um fruto.
Então, por que ela nos assusta tanto hoje? Se a
invenção do ábaco ou do sistema GPS não nos pôs
em polvorosa, por que a ideia de máquinas que compõem música e fazem poemas nos inquietam? A resposta é simples: porque muitos ainda acreditam que
músicas e poemas brotam de uma parte imaterial de
Galeria
nós que alguns chamam alma. Descartes, por exemplo, opunha à substância material a substância pensante, que conferiria àquela a capacidade de pensar,
querer, duvidar, planejar e compreender.
Mas a hipótese da existência de uma substância imaterial não tem, por vários motivos, valor científico. Para a ciência, a dimensão anímica ou espiritual do homem emerge dos processos físicos do
corpo, e está para esse como o processo digestivo
está para o sistema digestivo. Por isso, ela não descarta a possibilidade que certas tarefas “espirituais”
sejam realizáveis por sistemas físicos suficientemente complexos. As conquistas da IA mostram a robustez dessa possibilidade.
O progresso da ciência, às vezes, e com razão,
assusta. Vivemos hoje a era dos organismos transgênicos, da manipulação genética, das máquinas de
jogar xadrez (que vencem grandes campeões mundiais, como o Deep Blue venceu Kasparov), e somos
então assombrados por Frankensteins e o eterno mito
da criatura que se sobrepõe ao seu criador, voltando-se para o “mal”. Mas esse risco nós sempre corremos, desde quando aquele homem que inventou a machadinha resolveu quebrar a cabeça do seu
rival em vez de um fruto.
Talvez, nós nunca consigamos, ou queiramos,
produzir uma raça de robôs que chorem ao ouvir
Mozart, corram muito mais rápidos do que nós, resolvam complicadíssimos problemas de engenharia em
microssegundos, se autoreproduzam e sejam tentados a nos ver como seres inferiores (e dispensáveis). Mas, certamente, como tem ocorrido desde a aurora dos tempos, a simbiose entre homem
e máquina crescerá; talvez seja possível um dia
comprar um chip de memória para o nosso cérebro; talvez nossos computadores utilizem no futuro circuitos feitos de neurônios humanos em vez
de substâncias inorgânicas. O admirável mundo
novo bate às nossas portas; os riscos aumentarão
proporcionalmente. Esse é o nosso destino. A solução não está em tentar impedir, aferrados a velhos
dogmas, o progresso do conhecimento, mas em
buscar elevar nossa consciência moral. Essa, porém,
não é, nem deve ser tarefa da ciência. O que não
quer dizer que não seja o maior desafio posto diante de nós, homens inteligentes.
Arquivo pessoal
Jairo José da Silva
possui graduação em Física
pela Unesp, mestrado em
Matemática pela USP, curso
de doutorado em
Matemática pela University
of California - Berkeley e
doutorado em Filosofia
(Lógica e Epistemologia)
pela Unicamp. É também
livre-docente em Lógica
Matemática pela Unesp.
Fotos: Ricardo Lima
A INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL PODE
SUPERAR A
INTELIGÊNCIA
HUMANA? POR QUÊ?
“Não acho isso
possível. A natureza é
perfeita nos mínimos
detalhes e o homem
não conseguiria criar
uma máquina que
chegue perto dessa
perfeição.”
“São coisas completamente
diferentes. A emoção humana
e os sentimentos são únicos e
impossíveis de serem copiados.”
Isabela Corcioli –
Aluna do 2º ano da
Faculdade de Nutrição
“Penso que isso não será possível. A
capacidade da mente humana é ilimitada,
enquanto nos computadores sempre
terá um ponto final.”
Ronan de Almeida – Aluno do 3º ano da
Faculdade de Ciências Farmacêuticas
“A inteligência artificial depende
da criação humana, não vejo
como algo criado pelo homem
pode se sobrepor a ele.”
Érika Barselli –
Aluna do 3º ano da
Faculdade de Nutrição
André Villar – Aluno
do 1º ano da Faculdade de
Engenharia da Computação
“As máquinas nunca
terão as emoções que
fazem parte do homem.
Essas emoções são
fundamentais para o
impulso criativo
humano.”
“Atualmente, o processamento e desenvolvimento
das máquinas são muito rápidos e, se continuar a
evoluir, acredito que a inteligência artificial possa se
desenvolver sozinha.”
Gabriel Maccori – Aluno do 2º ano da Faculdade
de Engenharia da Computação
Vinicius Cremonesi –
Aluno do 1º ano da
Faculdade de Psicologia
“A partir do momento em que o
homem passar a entender
perfeitamente como funciona
o seu cérebro, poderá recriar isso
na máquina e ela poderá evoluir
de forma independente.”
Daniel Martins – Aluno do
2º ano da Faculdade de Engenharia
de Computação
Imagem
Fotos: Ricardo Lima
NO AR - Uma parceria entre a PUC-Campinas e a
Rádio CBN movimentou o Campus I, no último dia 21,
quando foi lançado o Projeto Repórter Estudante, no qual
alunos da Faculdade de Jornalismo da Universidade terão
suas matérias de rádio veiculadas na programação da emissora, uma vez por semana (todas as quartas-feiras), durante
a programação do CBN Campinas, às 9h30, e do CBN Total, às 14h. No lançamento, o estúdio móvel da CBN foi montado na Praça de Alimentação, de onde
foi transmitida, ao vivo, a programação da emissora, no período da manhã. Além
de toda a equipe da CBN, participaram do lançamento do projeto o reitor da
PUC-Campinas, padre Wilson Denadai, o pró-reitor de Graduação, professor
Germano Rigacci Júnior, o diretor do Centro de Linguagem e Comunicação,
Wagner Geribello, e o diretor da Faculdade de Jornalismo, Rogério Bazi, e o
Departamento de Comunicação Social da Universidade.
“A mente humana tem
uma capacidade de
abstração tão grande
que não vejo isso se
tornar realidade. O
homem é quem cria a
máquina e não teria
como criar algo melhor
ou superior a ele.”
Danielle Miranda Rodrigues
– Aluna do 1º ano da
Faculdade de
Análise de Sistemas
A inteligência
“A
ARTIFICIAL é O
ESTUDO DE como fazer
Os COMPUTADORES
realizarem
TAREFAS EM QUE,
no momento, as
pessoas são
MELHORES.”
Elaine Rich, doutora em Ciência da
Computação e autora de publicações sobre
Inteligência Artificial
04
25 de maio a 7 de junho/2009
Jornal da PUC-Campinas
Saúde
Gripe suína: quais os riscos?
Fotos: Ricardo Lima
Infectologistas da
PUC-Campinas
esclarecem dúvidas
sobre o vírus A (H1N1),
que pode causar a
primeira grande
pandemia gripal do
século 21
JP – A Organização Mundial da Saúde (OMS)
levantou a possibilidade de essa gripe dar três voltas ao mundo e, na terceira onda, se tornar muito mais forte e letal. Esse temor é procedente?
Rogério de Jesus Pedro – É procedente. Estamos
lidando com um patógeno (agente causador
de doenças) o qual não sabemos como vai se
comportar do ponto de vista epidemiológico.
Mas, os tempos são outros, se compararmos
com o período em que se deu a gripe espanhola, por exemplo, quando nem se conhecia o vírus causador. Em seis meses, acredito
que já tenhamos vacinas para enfrentar esse
vírus.
Du Paulino
[email protected]
Desde que surgiram os primeiros casos e,
consequentemente, as primeiras mortes causadas pela gripe do vírus Influenza A (H1N1),
o mundo ficou com medo de uma pandemia
(epidemia de proporção global). Para ajudar
esclarecer algumas questões, o Jornal da
PUC-Campinas conversou com os infectologistas Irene da Rocha Haber, do Hospital
da PUC-Campinas e professora da Faculdade
de Medicina da Universidade, e Rogério de
Jesus Pedro, também docente da faculdade.
Confira abaixo as respostas.
JP - Como se caracteriza uma pandemia?
Rogério de Jesus Pedro - Uma pandemia se dá
quando começam a surgir casos de uma determinada doença em vários continentes havendo intensa transmissão local. Por isso, não é o
caso, ainda, de se falar em pandemia em relação ao vírus Influenza A (H1N1).
JP - Qual a diferença do vírus Influenza A
(H1N1) para os outros tipos de gripe?
Irene da Rocha Haber - Existe o influenza,
que é o vírus causador da gripe, que se divide em A, B e C. O tipo A é o responsável
pelas grandes epidemias, das pandemias,
como a gripe espanhola e a gripe asiática. Essa
gripe é um subtipo do influenza A. Existia um
vírus de gripe suína, que dava só nos porcos,
e que foi transferido para o ser humano. A
partir daí, a disseminação passou a ser só entre
os humanos.
JP – Existe um temor de que o vírus H1N1 e o
vírus da gripe sazonal se encontrem, por conta
do começo do inverno no hemisfério sul. Se isso
ocorrer, quais os riscos?
Rogério de Jesus Pedro - É preciso separar bem
as coisas. Eles não vão se fundir. O que vai
Os infectologistas Irene da Rocha Haber e Rogério de Jesus Pedro
acontecer são dois surtos paralelos de doenças com sintomas parecidos. Teremos alguma dificuldade de separar uma da outra por
conta dos sintomas. Em relação ao H1N1, o
que o diferencia da gripe sazonal é o fato de
as pessoas que o contraíram terem vindo de
lugares onde surgiu o surto ou terem estado
em contato com pessoas que vieram de lá. Os
sintomas, ao que parece, não são tão graves
como se previa. No começo, se falava em 6%
de morte e parece que não é realmente isso.
JP - Por que quando surgem esses novos tipos
de vírus acabam acontecendo mortes de maneira geral?
Irene da Rocha Haber – A gripe comum, para
a qual a gente vacina, também causa mortes.
É que não existem levantamentos, porque elas
já foram incorporadas dentro da normalida-
O BRASIL ESTÁ PREPARADO PARA UMA PANDEMIA
“Não vejo o país
preparado para uma
pandemia. A alta demanda
já existente no sistema
público de saúde, somada
à falta de esclarecimento
da população,
sobrecarregaria ainda
mais uma situação que
já é complicada.”
André Jerez –
Aluno do 5º ano
da Faculdade
de Medicina
“Acho que não está
preparado, pois o
sistema de saúde
já não atende como
deveria a população.
Em casos como esse,
acho que iria piorar
ainda mais a situação.”
Sarina Porcari –
Aluna do 2º ano
da Faculdade de
Enfermagem
de. Esse novo subtipo não causa mais mortes
que a gripe comum. Ele está chamando atenção porque é novo e as mortes acabam impactando.
Programa
‘O Assunto é Pandemia’
Na TV PUC-Campinas
(canal 10 da NET):
>Terça-feira
(26/05) – 14h
(02/06) – 14h30
> Quarta-feira
(27/05) – 19h
(03/06) – 19h30
> Sexta-feira
(29/05) – 0h
(05/06) – 0h30
> Sábado
(30/05) – 19h
(06/06) – 19h30
Domingo
(31/05) – 13h
(07/06) – 19h30
> No Youtube
(A PARTIR DE 26/05)
www.youtube.com.
br/tvpuccampinas
JP - Quando se fala na gripe suína, a gente logo
se lembra da gripe espanhola que matou cerca
de 50 milhões de pessoas em menos de dois anos.
Corremos o risco de vivenciar uma nova gripe
espanhola?
Irene da Rocha Haber - A gripe espanhola também foi uma influenza proveniente do suíno, mas não tinha a mesma estrutura que essa.
Hoje é uma época em que, embora a gente
tenha mais probabilidade de transmitir, a gente tem recursos de tratamento, exames mais
modernos para diagnosticar. Não dá pra pensar que vamos ter uma nova gripe espanhola.
Claro que não é possível dizer como tudo isso
vai caminhar, porque ainda estamos no meio
do furacão.
JP – Uma epidemia em grandes proporções
como essa pode ser prevista pelos órgãos de saúde pública?
Irene da Rocha Haber – É possível prever por
conta do ciclo do vírus influenza. Ele passa
por períodos de calma, em que se tem o controle, depois tem o período em que aumenta
seu potencial de infectividade. A isso, se soma
o fato de vivermos numa era globalizada em
que as pessoas viajam muito e, em questão de
horas, levam consigo um vírus para o outro
lado do mundo. Essa gripe era esperada por
fazer parte da característica do influenza. Todos
que lidam com saúde pública estavam nessa
expectativa. Historicamente, se percebe que
as grandes pandemias causadas pelo influenza acontecem periodicamente.
?
“Não está, porque
não investe em
infraestrutura e na
produção de
medicamentos. Em casos
de pandemia podem faltar
remédios e a mutação
do vírus dificulta ainda
mais o controle.”
Edwirges de Lima –
Aluna do 3º ano
da Faculdade de
Ciências Farmacêuticas
“Considero o sistema
básico de saúde brasileiro
eficiente e preparado
para uma possível
pandemia. Mas, lugares
isolados e fora dos
centros urbanos devem
ter muitas dificuldades.”
Virginia Reis –
Aluna do 2º ano
da Faculdade de
Medicina
“Temos uma vigilância
sanitária bem estruturada
e homogênea. Além disso,
recentemente, houve um
investimento grande
na saúde pública do país,
mas acredito que é
impossível estar
preparado para uma
pandemia.”
Gustavo Magaldi –
Médico do Hospital
da PUC-Campinas
“Sim, a medicina no Brasil
é bastante avançada e no
caso da gripe suína, por
exemplo, o vírus demorou
a chegar aqui. Isso
possibilitou ao país se
preparar bem.”
Willian Mendonça –
Técnico de
Enfermagem
do Hospital da
PUC-Campinas
“Acredito, sim, que está
preparado, mas em
lugares mais distantes
pode haver um grande
problema de fazer o
diagnóstico correto da
doença. É importante ter
cuidado especial com as
crianças e idosos.”
Wilson Zerbinatti –
Médico Residente
do Hospital da
PUC-Campinas
Jornal da PUC-Campinas
25 de maio a 7 de junho/2009
05
Mercado de trabalho
Entre o
PÚBLICO e o PRIVADO
Fotos: Ricardo Lima
Vários fatores devem
ser levados em conta na
hora de decidir entre
ser funcionário do
governo ou de uma
empresa privada
Ana Paula Moreira
[email protected]
Raquel Lima
[email protected]
Dentre as diversas decisões que devem ser
tomadas durante a trajetória da vida profissional está a de optar entre trabalhar no setor
público ou no privado. Nessa hora, é preciso
pesar os prós e contras de cada um e ter bem
definidos os planos para a carreira. “Há boas
oportunidades de desenvolvimento pessoal
nas duas áreas. O serviço público pode oferecer ambiente de maior estabilidade funcional;
o setor privado, remuneração mais elevada,
em geral”, disse Paulo de Martino Jannuzzi,
coordenador acadêmico do curso de especialização em Gestão Pública da PUC-Campinas.
Os concursos públicos estão em alta e
atraindo, cada vez mais, candidatos de todas
as áreas do conhecimento e com nível superior. De acordo com a Associação Nacional
de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac),
em 2008 houve 7 milhões de inscritos. A previsão para esse ano é um aumento de 40% nas
inscrições. “Há um movimento de forte contratação para recomposição de quadros técni-
D
cos das secretarias e órgãos públicos, em função da não realização de concursos nos anos
passados, aposentadoria de pessoal técnico que
ingressou nos anos 70 e as dificuldades de contratação de novos funcionários a partir do
segundo semestre de 2010 pelas restrições
impostas pelo calendário eleitoral”, explicou
Jannuzzi.
José Luis Balbeta, diretor de Recursos
Humanos da Central de Concursos (escola
preparatória), define a carreira pública como
um projeto de vida. “Ao escolher a vida pública é preciso pensar na necessidade e na felicidade. Não adianta você ter uma carreira
pública, se não existe felicidade, assim como
não adianta ser mal remunerado na profis-
Setor privado
Geraldo Fonseca de Barros,
formado em Direito
pela PUC-Campinas
“Eu nunca quis trabalhar no
setor público, porque priorizo a liberdade que a
minha profissão me proporciona. No setor público não
encontraria uma surpresa a
cada dia. A vantagem em
trabalhar no setor privado é
que não existe um teto salarial, então, com meu esforço, posso tirar um salário
melhor do que se eu estivesse no setor público. Se
você se dedicar será bem
recompensado. Pode ser
que em um mês você tire
pouco dinheiro, mas o mês
seguinte pode ser bem
melhor. Conheço gente que
está no setor público apenas pela parte financeira.
Não são felizes no que
fazem, mas, em compensação, têm toda estabilidade.
No setor privado não existe
estabilidade, mas, existe
satisfação profissional.”
O professor da
Faculdade de
Administração
e coordenador
do curso de
pós-graduação
em Gestão
Empresarial,
Celso Pedroso
são”, afirmou o diretor.
O professor da Faculdade de Administração
e coordenador do curso de pós-graduação em
Gestão Empresarial da PUC-Campinas, Celso
Pedroso, aponta quatro fatores básicos que o
profissional deve levar em consideração no
momento de definir entre trabalhar para o
setor público ou privado. “Se os quatro fatores básicos não estiverem bem desenvolvidos,
o profissional não conseguirá optar”, argumentou o professor.
O primeiro fator levantado por Pedroso é
o autoconhecimento. Nesse ponto, algumas
perguntas precisam ser feitas: “Está bem claro para mim o que gosto de fazer?” “Quero
um emprego mais estável ou tenho um espírito empreendedor?” “Gostaria de ter negócio próprio?”. Em seguida, vem o fator conhecimento de mercado. “Conheço minimamente as opções de emprego?” “Entendo perfeitamente a diferença em trabalhar no serviço público versus empresas privadas?”
O conhecimento da profissão é o terceiro
fator citado pelo professor. “Sei quais são as
áreas de atuação que minha formação acadêmica/profissional/pessoal permite?” e “Sei avaliar as chances de sucesso?” são alguns dos
questionamentos sugeridos pelo docente.
O último fator a ser avaliado é a formação
profissional e pessoal. “Estou aprendendo continuamente?” “Tenho iniciativa?” “Sou líder?”
“Como está minha formação complementar
(idiomas, tecnologias, cursos complementares, cultura geral)?”
Setor público
Lucila Takizawa,
formada em Direito
pela PUC-Campinas
“Sempre trabalhei no setor
público e nunca pensei em
construir uma carreira no
setor privado. Atualmente,
sou Analista Judiciário na
Justiça Federal e, durante a
faculdade, trabalhei na
Caixa Econômica Federal. A
principal razão por optar
pela carreira pública foi a
estabilidade profissional. Ela
permite ao servidor púbico
um melhor planejamento
de sua vida pessoal e profissional. A principal desvantagem de se trabalhar no
setor público está na estagnação profissional. Além
disso, para o funcionário
concursado não há Fundo
de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS). Outra
desvantagem é a falta de
realização profissional, se o
cargo exercido pelo concursado não tiver relação
com sua área de formação”.
X
DICAS PARA QUEM QUER PRESTAR CONCURSO PÚBLICO
>
Conheça a área em que quer
trabalhar. Converse com
funcionários que já trabalham no
local para saber como é a rotina, a
infraestrutura e se aquele órgão
incentiva os funcionários no
desenvolvimento profissional;
>
Estude com antecedência. Use a internet
como ferramenta, leia as apostilas, livros e,
se possível, frequente um curso
preparatório. Com 15 horas semanais de
estudo, o candidato está preparado para
cerca de 80% a 90% das provas de
concurso público;
>
A média de tempo para um candidato
ser aprovado na área pública é de um
ano e meio a 3 anos. A pessoa não
deve desistir, deve estudar até passar;
>
Não deixe o emprego para se
dedicar, exclusivamente, às provas
de concurso. Concilie trabalho,
estudo e família.
Fonte: José Luis Balbeta, diretor de Recursos Humanos da Central de Concursos
06
25 de maio a 7 de junho/2009
Jornal da PUC-Campinas
Entrevista
“Ainda estamos aprendendo
a lidar com a democracia”
Fotos: Ricardo Lima
Líder comunitário Itamar Silva, coordenador
do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas (Ibase), discute a cultura da paz
Da Redação
[email protected]
O
O líder comunitário Itamar Silva conhece de perto a vida na
favela. Nascido e criado no morro Santa Marta, na zona sul do
Rio de Janeiro, ele é um ferrenho defensor da cultura da paz
entre os moradores da favela e a população da cidade formal.
Crítico de alguns projetos do governo do Estado, como o de
construir muros em torno de favelas como forma de conter a
sua expansão, proteger as áreas verdes e combater o "crime
organizado”, Itamar encontrou uma maneira de defender sua
ideologia: atuar como um dos coordenadores do Instituto
Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), que oferece
apoio técnico e estrutural à população. Para debater suas ideias,
ele participa, no dia 31 de maio, do encontro de formação
“Cultura da paz: mediação de conflitos e segurança pública”,
organizado pela Pastoral Universitária da PUC-Campinas e
entidades parceiras. Nesta entrevista, Itamar responde às
perguntas de cinco docentes da Universidade.
VÂNIA MARIA CAIO
FACULDADE DE
SERVIÇO SOCIAL
ANDRÉ PIRES
FACULDADE DE
CIÊNCIAS SOCIAIS
PROGRAMA: ‘Campinas –
Os Desafios da Metrópole’
TEMA: Fraternidade e
Segurança Pública
Na TV PUC-Campinas
(canal 10 da NET):
> Quarta-feira
(27/05) – 23h
> Quinta-feira
(28/05) – 17h
> Sexta-feira
(29/05) – 23h
> Sábado
(30/05) – 20h
> Domingo
(31/05) – 23h
> No Youtube
www.youtube.com.
br/tvpuccampinas
Há algumas décadas, a mobilização popular no país tem sido inexpressiva
frente às situações de exploração e exclusão social sofridas pela população,
em decorrência da ausência do Estado em desenvolver ações efetivas na direção de melhoria das condições de vida da população. Como você analisa a
passividade e a submissão da população diante dessa situação?
Itamar Silva: Acho até que temos algumas iniciativas, por exemplo, no
campo da luta pela moradia digna (áreas urbanas) e o tensionamento pela
reforma agrária. Mas concordo que há fragilidade na organização popular para enfrentar novos e velhos acontecimentos. O movimento de favelas do Rio teve um protagonismo importante na década de 80 para reagir à política de remoção e conquistar outro patamar de relacionamento
com o poder público. A partir desse momento, passou-se a se falar explicitamente em urbanização de favelas. Essa mesma organização não conseguiu ocupar um lugar de destaque nos anos 90, quando o tema da violência ocupou as primeiras páginas. Acho que ainda estamos aprendendo a lidar com a democracia.
A decisão do governo do Rio de Janeiro de construir muros em favelas reaqueceu a discussão
sobre a relação entre as favelas e a sociedade do
asfalto. É possível ter paz erguendo-se muros nas
favelas?
Itamar Silva - Essa decisão do governo do
Estado vai na contra-mão de qualquer processo de construção de paz. Essa política reafirma e sublinha as desigualdades e o aparteamento na cidade. O muro demarca dois
lados e estabelece trincheiras. A contradição
fica explícita. A cidade que quer sediar os
Jogos Olímpicos e para isso constrói uma
imagem de solidariedade e congraçamento
entre seus habitantes é a mesma que tem
medo da pobreza e opta por elevar muros
entre um e outro.
JOÃO VERDE
FACULDADE DE
ARQUITETURA E
URBANISMO
LUÍS ARLINDO
FERIANI FILHO
FACULDADE DE DIREITO
Um problema nas favelas do Rio de Janeiro é a mobilidade das pessoas e as
dificuldades de transporte e acesso, principalmente às áreas mais altas dos
morros. Qual a sua opinião sobre as obras preconizadas nesse sentido pelo
PAC e sobre a instalação dos teleféricos nas favelas?
Itamar Silva: O Rio se caracteriza por ter uma boa parte de suas favelas
em morros. Durante décadas essa população subiu e desceu escadas,
quase nunca bem construídas, pagando um tributo pelo fato de ter
encontrado nesses locais sua alternativa de moradia. A solução de teleféricos e planos inclinados já é utilizada em outras cidades da América
Latina. No Rio, tivemos uma experiência, no início dos anos 80, quando da intervenção urbanística do Estado nas favelas do Pavão-pavãozinho e Cantagalo. Essa política não teve continuidade. No entanto, as
obras do PAC retomam essa possibilidade, no que eu considero importante e necessária para levar melhor qualidade de vida para os moradores daquelas favelas.
Serviço
Encontro de formação “Cultura da Paz: Mediação de Conflitos
e Segurança Pública”
Dia: 31 de maio
Horário: das 8h30 às 17h
Local: Auditório Monsenhor Salim, no Campus II
Objetivo: Discutir problemas ligados aos diversos tipos de violência enfrentados
pelos agentes de pastoral na região do Campo Belo, periferia de Campinas
Como participar: O evento é gratuito e direcionado a agentes de pastoral
da região do Campo Grande, da Arquidiocese de Campinas e público interessado.
As vagas são limitadas e serão preenchidas por ordem de chegada
Informações: [email protected]
Em uma sociedade já acostumada com as desigualdades e conflitos sociais, como despertar o interesse e a consciência do cidadão da importância e
benefícios da cultura da paz e dos meios extrajudiciais de solução dos conflitos?
Itamar Silva: Acho que o Estado tem o papel indutivo de ampliar espaços de diálogo na sociedade.
Pouco adianta a sociedade civil falar em cultura
de paz e, no seu limite, criar iniciativa, se a política de segurança pública implementada pelo
Estado segue estimulando o confronto e provocando mortes nas favelas.
MARIA DE FÁTIMA
FRANCO DOS SANTOS
FACULDADE DE PSICOLOGIA
Qual a importância que o senhor atribui à educação familiar na gênese da violência e criminalidade?
Itamar Silva - Acho que as famílias pobres já carregam um peso exagerado quando se analisam
os descaminhos de seus filhos. Acredito que a
violência e a criminalidade são consequências
sociais de múltiplas e diversificadas origens.
Teríamos que analisar cada caso e, neles, os variados aspectos. Mas acho que uma boa referência na convivência familiar é importante e contribui para o enfrentamento e superação de algumas dificuldades.
Jornal da PUC-Campinas
MURAL
EDITOR
25 de maio a 7 de junho/2009
07
Ricardo Lima
CONVIDADO
O Jornal da
PUC-Campinas
convidou a professora
da Faculdade de
Nutrição Semíramis
Martins Álvares
Domene para
apresentar, aqui,
algumas dicas culturais
que ela considera
imperdíveis. Ela lista
filmes para aguçar o
paladar e um lugar em
Campinas para comer
bem e curtir a
música popular
brasileira.
Filmes para alimentar a alma
Circo Nacional da China
se apresenta em Campinas
O Circo Nacional da China se apresenta em Campinas, entre os dias
28 e 31 de maio, no ginásio do Colégio Liceu Salesiano. O
espetáculo “Piratas” envolve os mistérios, encantamentos do mundo
e as aventuras dos piratas em alto mar. Unindo técnicas circenses,
acrobacias, efeitos visuais e sonoridade, os jovens atores, com idades
entre 13 e 20 anos, presenteiam o público com a tradição de mais de
50 anos da trupe. Nos dias 28 e 29, as apresentações ocorrem às 20h,
e nos dias 30 e 31, às 16h e 20h. O ingresso custa entre R$ 80 e R$
120. O Colégio Liceu Salesiano fica na Rua Baronesa Geraldo de
Rezende, 330, no bairro Guanabara.
Divulgação
Envie suas dicas e seus contatos para:
ção
Fotos: Reprodu
[email protected]
ta como a arte e a habilidade na confeitaria
pode ser mostrada em uma comédia leve e
“desopilante”. Vianne desafia os padrões de
uma vila francesa dos anos 60, e irrita a “autoridade” local com seu atrevido talento de encantar pelo sabor.
Para rir com dois irmãos italianos (um é
primo, feito por Tony Shalhoub) que abrem
uma cantina na “América”, Campbell Scott
(Bob) e Stanley Tucci (que atua como Secondo,
o outro irmão) fizeram A grande noite, em que
os sócios prometem arrasar com um cardápio
especial. O filme ainda tem Isabella Rosselini
e Ian Holm.
A lista é imensa, mas termino com mais
duas sugestões; a primeira, Simplesmente Martha,
da alemã Sandra Nettelbeck, que trata da confusão instalada na vida dessa chef perfeccionista (Martina Gedeck) quando recebe sua
sobrinha órfã Lina, que, para desafiar as convicções da tia, resiste a comer; e a leve animação Ratatouille, sobre o exímio chef Remy, um
simpático ratinho que encontra em um aliado humano a chance de exercer, anonimamente, seu talento culinário em um restaurante
de Paris.
Depois de assistir a uma dessas sugestões,
pense duas vezes em ir (de novo) ao mesmo
restaurante e pedir (de novo) o mesmo prato. Para ensaiar uma ótima pedida, tente as
especialidades culinárias da Casa São Jorge,
regadas à boa MPB. Se essas experiências forem
inspiradoras, quem sabe até convide um amigo para ser piloto de prova de uma receita preparada por você. Afinal, amigo é para essas
coisas...”
QUER PARTICIPAR ?
“Quando pensa em assistir a um bom filme, você prefere um gênero em especial ou
gosta de experimentar? E quando sai para
comer, vai aos mesmos restaurantes ou está
sempre buscando uma novidade?
Para quem gosta de cultuar estes dois prazeres – cinema e comida – , recomendo uma
seleção de filmes que propõem ao espectador
uma viagem em torno do tema alimentação e
as mais diversas emoções que ela pode provocar.
Começo pelo inevitável Festa de Babete, um
filme dinamarquês dos anos 80. Duas irmãs
que vivem uma rotina austera em um vilarejo são presenteadas com um jantar magnífico, preparado por sua empregada Babete, que
gasta nesse projeto cada centavo do que ganhou
em uma loteria. Repare nas cores ao longo do
tempo.
A história do chef François Vatel, criador de
uma espumante sobremesa com aroma de baunilha para que seu patrão, morador do Castelo
de Chantilly (quem arrisca o nome do creme?), recebesse o rei Luis XIV para jantar – foi
protagonizada por Gerard Depardieu em Vatel,
de Roland Joffé–, que tem Uma Thurman no
elenco e uma cenografia deslumbrante.
Para se comover, brindar a vida e compreender um pouco melhor as relações humanas entre turcos e gregos, O Tempero da Vida
mostra mais uma entre as inúmeras formas
em que o amor de um avô pode se manifestar para orientar a vida do neto.
Para os amantes da chocolateria, Chocolate,
de Lasse Hallström, com Johnny Depp e
Juliette Binoche como a doceira Vianne, con-
Obra de Shakespeare é
encenada em Paulínia
O Theatro Municipal de Paulínia apresenta, nos dias 29, 30 e 31 de
maio, a peça “A Comédia dos Erros”, de Willian Shakespeare, com
direção de Carlos Milani. O espetáculo busca revisitar a obra de
Shakespeare, considerado o maior dramaturgo da língua inglesa, com
uma montagem delicada e divertida contendo todos os ingredientes
que compõem uma boa comédia. A peça, que é considerada pelos
pesquisadores como o primeiro texto de Shakespeare a estrear nos
palcos, traz no elenco desta versão brasileira nomes como Monique
Alfradique, Bruno Garcia, Marcelo Laham e Eduardo Muniz.
Informações: www.compreingressos.com ou (19) 4062 - 0121
25 de maio a 7 de junho/2009
08
Jornal da PUC-Campinas
Debate
RMC sob o olhar da
UNIVERSIDADE
Debates
promovidos pelo
CEA apontarão
propostas para
seis temáticas
na Região
Metropolitana
de Campinas
29 de maio
Ana Paula Moreira
[email protected]
Raquel Lima
[email protected]
Debater os principais problemas da Região Metropolitana de Campinas (RMC) e buscar caminhos para o desenvolvimento. Essa é a proposta do Ciclo de Debates: “Os Desafios da Metrópole:
Políticas Públicas para a RMC”. O evento foi lançado no dia 22 de maio e organizado pelo Núcleo
de Pesquisa e Extensão (Nupex) do Centro de Economia e Administração (CEA). Os debates
serão realizados de maio até novembro. Cada debate será formado por um grupo de professores
da PUC-Campinas e representantes de entidades públicas e privadas. “Pensar nas soluções para
os problemas das cidades é pensar no coletivo. E tudo isso afeta diretamente nossas vidas, quer seja
como cidadãos ou como alunos da Universidade, pois seremos nós os principais responsáveis pela
construção das soluções”, disse o diretor do CEA, Eduard Prancic. Confira as temáticas.
D
TEMA> Geração de Trabalho e Renda
Fotos: Ricardo Lima
Discutir os novos desafios que a crise tem trazido ao cenário atual do mercado de trabalho na RMC. Esse é o
tema do painel “Geração de trabalho e renda”. O debate terá a presença do Secretário de Trabalho e Renda da
Prefeitura Municipal de Campinas, Sebastião Arcanjo,
do diretor do Banco Popular da Mulher, Paulo Paixão,
e do representante do Centro de Referência de
Cooperativismo e Associativismo de Campinas, José
Ronaldo Salles Fernandes. Segundo a professora da
Faculdade de Ciências Econômicas Eliane Navarro
Rosandiski, a escolha do tema se deve pelo fato de a
RMC sofrer, atualmente, uma retração do emprego
formal e perdas salariais. “Tal fato coloca um desafio
enorme para o poder público, dados os custos necessários à manutenção de políticas compensatórias para
os desempregados”, explicou a professora. De acordo
com ela, o ciclo de debates é importante para diagnosticar os problemas da RMC e como o CEA pode contribuir para políticas públicas. “Os estudantes, em especial os que tiverem interesse na gestão pública e em instituições afins, ampliarão muito sua compreensão sobre
os problemas e os caminhos para construção das soluções conjuntas”, afirmou.
30 de setembro
TEMA> Habitação e Cidadania
De acordo com a professora da Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo e coordenadora da mesa, Maria Amélia
Devitte Ferreira D'Azevedo Leite, essa temática tem
como objetivo discutir o plano de habitação da RMC
encomendado pela Empresa Paulista de Planejamento
Metropolitano S/A (Emplasa); os investimentos públicos e privados em habitação na região, com ênfase na habitação de interesse social; interfaces sócioambientais da
habitação de interesse social.
29 de outubro
TEMA> Comércio Exterior
22 de junho
TEMA> Questão Ambiental
Traçar um panorama dos resíduos sólidos urbanos nas
bacias dos rios Piracicaba, Jundiaí e Capivari. Essa é a
proposta do painel “A questão ambiental dos resíduos
sólidos urbanos”. De acordo com o professor responsável pela mesa, Ernesto Dimas Paulella, a temática foi
escolhida em razão do aumento populacional da RMC
e dos problemas de destinação dos resíduos sólidos
urbanos. “Inevitavelmente, os resíduos impactam o
meio ambiente e representam um custo de 5% do orçamento de qualquer município, onerando sobremaneira as finanças públicas”, explicou o professor. Entre os
debatedores estão o ex-secretário do Estado do Meio
Ambiente e membro do Greenpeace Fábio Feldmann;
o prefeito de Hortolândia e presidente do consórcio
das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, Ângelo Perugine, o engenheiro da Companhia de Tecnologia
de Saneamento Ambiental (CETESB) Fernando
Carbonari, e o diretor da Associação Brasileira das
Empresas de Limpeza Pública (ABRELP), Maurício
Sturlini Bisordi.
COMO PARTICIPAR
25 de agosto
TEMA> Transporte Urbano
O crescimento urbano das cidades da RMC trouxe um aumento no transporte de
pessoas e cargas. Com isso, é necessário pensar em perspectivas de criação de corredores metropolitanos. O painel “Transporte Urbano” pretende discutir a mobilidade dentro das cidades da RMC. De acordo com o professor da Faculdade de Ciências
Econômicas Dimas Alcides Gonçalves, o transporte urbano precisa ser pensado com
uma perspectiva metropolitana. “Cerca de 750 mil pessoas transitam, diariamente,
entre os municípios. Elas vão trabalhar em outras cidades, frequentam o comércio,
entre outras atividades. É preciso debater a mobilidade do cidadão”, explicou o professor. Entre os palestrantes do evento está o secretário de Transportes de Campinas,
Gerson Bittencourt, e um representante da Empresa Metropolitana de Transportes
Urbanos (EMTU).
Essa temática pretende discutir o tipo de inserção que a
RMC possui no mercado internacional, quantificando
e qualificando essa participação no comércio mundial.
“O comércio externo é um elemento importante para
o desenvolvimento de uma região. Cabe debatê-lo, diagnosticando problemas e elaborando propostas de ações
concretas para aprimorá-lo no sentido exposto”, disse o
professor da Faculdade de Ciências Econômicas Adauto
Roberto Ribeiro. “Com os conhecimentos acumulados na Universidade, podemos discutir com o poder
público local/regional e com as empresas, como melhorar a participação dos produtos gerados na região no
mercado mundial, no sentido de buscarmos uma inserção mais rica, com maior valor agregado nos produtos
e, com isso, com uma maior valorização do trabalho
local”, completou Ribeiro.
27 de novembro
TEMA> : Gestão Pública
Discutir os problemas relacionados à implementação
e avaliação dos problemas sociais da RMC. Essa é a proposta do tema “Gestão Pública”. De acordo com o professor da Faculdade de Ciências Econômicas Paulo
Jannuzzi, a principal problemática do tema está na qualificação profissional da população que recebe ajuda de
programas assistenciais. Para debater o assunto, serão
convidados representantes da área de assistência social
de Campinas e representantes da área do trabalho.
Os debates ocorrerão na sala 800 do Prédio H01, Campus I da PUC-Campinas, sempre às 8h30. O evento é aberto ao público.
Os interessados devem se inscrever, gratuitamente, pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (19) 3343-6776.
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