Ano V - Número 87 Informativo quinzenal da Pontifícia Universidade Católica de Campinas 25 de maio a 7 de junho/2009 www.puc-campinas.edu.br Fotos: Ricardo Lima Desafios da Metrópole De maio a novembro, a PUC-Campinas realiza, por meio do Núcleo de Pesquisa e Extensão (Nupex) do Centro de Economia e Administração (CEA), o Ciclo de Debates: “Os Desafios da Metrópole: Políticas Públicas para a Região Metropolitana de Campinas”. Em pauta estarão seis temáticas: Geração de Trabalho e Renda, Questão Ambiental, Transporte Urbano, Habitação e Cidadania, Comércio Exterior e Gestão Pública. “Pensar nas soluções para os problemas das cidades é pensar no coletivo. E tudo isso afeta diretamente nossas vidas, quer seja como cidadãos ou como alunos da Universidade, pois seremos nós os principais responsáveis pela construção das soluções”, disse o diretor do CEA, Eduard Prancic. Página 08 Divulgação Privado X Público Prestar concurso e trabalhar para o governo ou apostar na carreira dentro de uma empresa privada ou no seu próprio negócio? O Jornal da PUCCampinas conversou com especialistas e profissionais para ajudar quem está prestes a ingressar no mercado de trabalho. Geraldo Fonseca de Barros e Lucila Takizawa (foto) são formados em Direito pela PUC-Campinas. Um optou pelo setor privado e o outro pelo público. Página 05 Pandemia iminente Os infectologistas Rogério Jesus Pedro, professor da Faculdade de Medicina da PUCCampinas, e Irene da Rocha Haber, do Hospital da PUC-Campinas e também docente do curso, esclarecem dúvidas em relação ao vírus Influenza A (H1N1), o da gripe suína, que pode causar a primeira grande pandemia gripal do século 21. Página 04 Entrevista Leia entrevista com o líder comunitário Itamar Silva, um ferrenho defensor da cultura da paz entre os moradores da favela e a população da cidade formal. Ele foi entrevistado pelos professores João Verde, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Vânia Maria Caio, de Serviço Social, André Pires, de Ciências Sociais, Luís Arlindo Feriani Filho, de Direito, e Maria de Fátima Franco dos Santos, da Psicologia. No dia 31 de maio, Silva ministra palestra no encontro de formação “Cultura da paz: mediação de conflitos e segurança pública”, organizado pela Pastoral Universitária da PUC-Campinas e entidades parceiras. Página 06 Artigo Jairo José da Silva, professor do Departamento de Matemática da Unesp “O progresso da ciência, às vezes, e com razão, assusta. Vivemos hoje a era dos organismos transgênicos, da manipulação genética, das máquinas de jogar xadrez (que vencem grandes campeões mundiais, como o Deep Blue venceu Kasparov), e somos então assombrados por Frankensteins e o eterno mito da criatura que se sobrepõe ao seu criador, voltando-se para o “mal”. Mas esse risco nós sempre corremos, desde quando aquele homem que inventou a machadinha resolveu quebrar a cabeça do seu rival em vez Página 03 de um fruto.” MURAL EDITOR CONVIDADO - Nesta edição, a professora da Faculdade de Nutrição da PUC-Campinas Semíramis Martins Álvares Domene traz dicas de filmes para alimentar a alma. Página 07 02 25 de maio a 7 de junho/2009 Jornal da PUC-Campinas Editorial Robô faz poesia. Poesia? Q uando lemos na mídia que as máquinas “produzirão” poesia, o primeiro sentimento é de perplexidade. Num segundo momento, brotam avaliações opostas: admiração pelo alto nível alcançado pela capacidade técnica; desolação e lamento pela perda do que há de mais humano, a criatividade lúdica, artística. Se a técnica libertou o homem do peso do trabalho, por outro lado aperfeiçoou, cada vez mais, as formas ocultas de sujeição e controle. Somos vigiados pelas mesmas câmaras que possibilitam os exames radiográficos que podem salvar nossas vidas. O mundo inteiro entra em nossa casa graças aos satélites que nos criam um mundo cotidiano sem limites geográficos. Já não há distância. Mais do que cair num moralismo, ou lamento panfletário à base de frases feitas, é preciso ter um olhar crítico. Ele pode ser definido por uma expressão muito feliz do teólogo Henri de Lubac. Face à constatação de que o iconoclasta Nietzsche via no escritor ortodoxo russo Dostoievsky, o único psicólogo de quem tinha algo a aprender, ele diz que os dois carregavam consigo o mesmo desdém por uma “civilização vivendo na superfície das coisas”. A racionalidade funcional da arquitetura definiu a casa como “máquina de morar”, proposta de Le Corbusier. No seu oposto, em termos de dignidade e beleza do “morar”, Leeds via e exaltava a funcionalidade das favelas. E defendia sua eficácia na solução de um problema humano no sentido mais exigente da palavra. O pessimismo de Cioran diria que “viver é cegar-se para com as próprias dimensões”. Mas aqui não se trata apenas da dimensão presente nas relações do homem com as exigências do mundo que o cerca. Essas são respostas humanas quando têm a marca da criatividade, da expressividade que vai além de rótulos e convenções. E isso vale para a moradia como uma forma de linguagem, um modo de dizer aos outros o que somos. E quando a própria subjetividade se plasma à imagem da máquina? No fazer poético, a interioridade da consciência “penetra” e revela, no tateio, e simultaneamente rigor, das palavras “combinadas”, a vida da matéria. Num certo sentido, a poesia desvenda à matéria sua realidade mais profunda, desvelando, em parte seu mistério. Por mais que a ciência explique, seu gesto é, ao mesmo tempo, um esconder. Tomemos a realidade relacional que somos – nosso corpo. A biologia desfaz, disseca, fragmenta o que só revela seu mistério no campo relacional. Torna-nos um conjunto de membros dotados de funções determinadas. No fazer humano, poiesis para os gregos (como lembrava no último editorial), o corpo se faz presente como totalidade com o mundo e para o mundo. Talvez, essas reflexões nos ajudem a entender o robô-poeta. Seu criador, Leonel Moura, fala da combinação do rigor matemático com a carga emocional. Sim, a poesia tem uma lógica férrea – a palavra fora de lugar destrói o poema – e, ao mesmo tempo, dela flui a exuberância de significado que habita o mundo humano como campo relacional. Mas, na lógica informacional, não estaremos destruindo a poesia? A linguagem do amor ignora a sintaxe. E – por que não? – a semântica. Elas se perdem numa totalidade misteriosa e intraduzível que as ultrapassa. E que precisa pouco para se tornar presente: um gesto, uma expressão facial, um olhar. Essa é a linguagem da poesia que enlaça o mundo: “Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas, /com ar afogado e bruscas tormentas de farinha: / amar é um combate de relâmpagos/ e dois corpos por um só mel derrotados.” (Neruda). Notas Padre Wilson Denadai Reitor da PUC-Campinas Agenda Educação Física recebe Vanderlei Cordeiro 22/05 a 11/06 A Faculdade de Educação Física da PUC-Campinas recebe, no dia 29 de maio, o atleta olímpico Vanderlei Cordeiro, que falará sobre atletismo. Segundo o diretor da faculdade, Vagner Roberto Bérgamo, o objetivo do evento é oferecer aos alunos a oportunidade de trocar informações e conhecer as experiências de grandes ídolos do esporte. A palestra ocorre às 10h, no Auditório Dom Gilberto. A entrada é gratuita e aberta ao público. 25/05 Eventos comemoram Dia do Geógrafo A Faculdade de Geografia vai comemorar o Dia do Geógrafo, celebrado no dia 29 de maio, com três dias de evento. No dia 28, uma mesa redonda vai reunir profissionais ex-alunos da Universidade. Já no dia 29, um debate vai discutir questões ambientais. Nesses dois dias, as atividades ocorrem na Sala 800, no prédio H-01, no Campus I, das 19h30 às 22h30. A comemoração termina no dia 30, com uma visita técnica ao Parque Estadual da Cantareira. Hospital da PUC-Campinas fará cirurgia cardíaca pediátrica O Hospital da PUC-Campinas foi credenciado pelo Ministério da Saúde para realizar cirurgia cardíaca pediátrica e neonatal pelo convênio do Sistema Único de Saúde (SUS). O Hospital poderá realizar, em média, dez procedimentos por mês. O repasse da verba do governo estadual será de cerca de R$ 100 mil mensais. O atendimento será realizado por meio de encaminhamento médico do próprio hospital, das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e de outras unidades de saúde. O Hospital da PUC-Campinas é credenciado para cirurgia cardíaca em adultos desde 2006. Mostra “Reminiscências”, da artista plástica coreana Yoon Jee Geem. Casa Azul, no Campus Central. Início do período para realização do processo de Intenção de Matrícula dos alunos dos cursos dos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu, pelo Site do Aluno. 25/05 a 27/05 4º Fórum “A Universidade Socializando a Diversidade”, organizado pelo Centro Interdisciplinar de Atenção ao Deficiente (CIAD). Informações: www.puc-campinas.edu.br. 25/05 a 29/05 12ª Jornada Farmacêutica – Novas Tecnologias Aplicadas a Ciências Farmacêuticas. Auditório Monsenhor Salim, no Campus II. Informações: (19) 3343-6817. 28/05 Reunião do CONSUN. Início da exposição “Gravuras da PUC do Peru”, que reúne 15 trabalhos de professores e alunos do curso de Artes, no Peru. Casa Azul, no Campus Central. 01/06 Início da mostra “Jovem-Gráfica Goiana”. Exposição formada por 21 gravuras, realizadas em várias técnicas, entre serigrafias, litografias, gravuras em metal e mistas. Na Casa Azul, no Campus Central da PUC-Campinas, das 13h às 17h. Entrada gratuita. 04/06 Reunião das câmaras e comissão do CONSUN. 05/06 18h – Cerimônia religiosa em comemoração aos 60 anos de fundação do curso de Odontologia da PUC-Campinas. Igreja Nossa Senhora da Esperança, no Campus II. Informações: (19) 3343-6826. Errata - Diferentemente do publicado no texto “É tempo de festa na Psicologia” (Edição 86, pág. 04), o nome correto da professora é Diana Tosello Laloni, que foi diretora da Faculdade de Psicologia da PUC-Campinas em dois períodos: de 1978 a 1986 e de 1998 a 2001. A foto do psicólogo José Roberto Domingues é de autoria de Leonardo Duart. Expediente Reitor- Padre Wilson Denadai; Vice-reitora - Angela de Mendonça Engelbrecht; Conselho Editorial - Wagner José de Mello, Rogério Bazi e Sílvia Regina Machado de Campos; Coordenador do Departamento de Comunicação Social - Wagner José de Mello; Editora - Raquel Lima (MTb. 48.963); Repórteres - Adriana Furtado, Ana Paula Moreira, Ciça Toledo e Henderson Arsênio; Estagiários - Camila Marcusso, Daniel Abdala e João Victor Barros; Revisão - Marly Teresa G. de Paiva; Fotografia Ricardo Lima; Tratamento de Fotos - Marcelo Adorno; Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica - Neo Arte; Impressão - Grafcorp; Redação - Campus I da PUC-Campinas, Rodovia D. Pedro I, km 136, Parque das Universidades. Telefones: (19) 3343-7147 e 3343-7674. E-mail: [email protected] Jornal da PUC-Campinas 25 de maio a 7 de junho/2009 03 Opinião Inteligência Artificial Jairo José da Silva É possível criar uma máquina que seja, em todos os aspectos, tão inteligente quanto um homem? Sim, é; qualquer um de nós, em princípio, pode fazer isso com poucos recursos, facilmente e, ainda, com algum prazer. Basta gerar, pelos métodos tradicionais, um novo homem. Afinal, um homem é uma máquina inteligente; isso é, um sistema físico capaz de realizar tarefas que usualmente consideramos inteligentes (além, é claro, de outras muito estúpidas). Por isso, esse ramo do conhecimento e da técnica que chamamos Inteligência Artificial (IA), que nasceu junto com a Ciência da Computação em meados do século XX, já há muito abandonou o objetivo de reproduzir a inteligência humana usando metais, plásticos e semicondutores em vez de carbono, oxigênio e água. Não é prático. A ideia de produzir um robô razoavelmente mais inteligente que o homem, mesmo que soubéssemos como – o que não sabemos – não é muito boa. Afinal, homens pensando juntos coordenadamente são muito mais inteligentes que qualquer homem. O caminho que a IA escolheu foi outro, produzir máquinas que possam realizar tarefas inteligentes específicas de modo muito, mas muito melhor que a melhor equipe de seres humanos, “A solução não está em tentar impedir, aferrados a velhos dogmas, o progresso do conhecimento, mas em buscar elevar nossa consciência moral.” mesmo que nós não realizemos essas tarefas de maneira parecida. Essa, porém, não é uma ideia nova; ela nasceu quando alguém, há muito tempo, fez uma machadinha de pedra lascada para melhor quebrar a casca dura de um fruto. Então, por que ela nos assusta tanto hoje? Se a invenção do ábaco ou do sistema GPS não nos pôs em polvorosa, por que a ideia de máquinas que compõem música e fazem poemas nos inquietam? A resposta é simples: porque muitos ainda acreditam que músicas e poemas brotam de uma parte imaterial de Galeria nós que alguns chamam alma. Descartes, por exemplo, opunha à substância material a substância pensante, que conferiria àquela a capacidade de pensar, querer, duvidar, planejar e compreender. Mas a hipótese da existência de uma substância imaterial não tem, por vários motivos, valor científico. Para a ciência, a dimensão anímica ou espiritual do homem emerge dos processos físicos do corpo, e está para esse como o processo digestivo está para o sistema digestivo. Por isso, ela não descarta a possibilidade que certas tarefas “espirituais” sejam realizáveis por sistemas físicos suficientemente complexos. As conquistas da IA mostram a robustez dessa possibilidade. O progresso da ciência, às vezes, e com razão, assusta. Vivemos hoje a era dos organismos transgênicos, da manipulação genética, das máquinas de jogar xadrez (que vencem grandes campeões mundiais, como o Deep Blue venceu Kasparov), e somos então assombrados por Frankensteins e o eterno mito da criatura que se sobrepõe ao seu criador, voltando-se para o “mal”. Mas esse risco nós sempre corremos, desde quando aquele homem que inventou a machadinha resolveu quebrar a cabeça do seu rival em vez de um fruto. Talvez, nós nunca consigamos, ou queiramos, produzir uma raça de robôs que chorem ao ouvir Mozart, corram muito mais rápidos do que nós, resolvam complicadíssimos problemas de engenharia em microssegundos, se autoreproduzam e sejam tentados a nos ver como seres inferiores (e dispensáveis). Mas, certamente, como tem ocorrido desde a aurora dos tempos, a simbiose entre homem e máquina crescerá; talvez seja possível um dia comprar um chip de memória para o nosso cérebro; talvez nossos computadores utilizem no futuro circuitos feitos de neurônios humanos em vez de substâncias inorgânicas. O admirável mundo novo bate às nossas portas; os riscos aumentarão proporcionalmente. Esse é o nosso destino. A solução não está em tentar impedir, aferrados a velhos dogmas, o progresso do conhecimento, mas em buscar elevar nossa consciência moral. Essa, porém, não é, nem deve ser tarefa da ciência. O que não quer dizer que não seja o maior desafio posto diante de nós, homens inteligentes. Arquivo pessoal Jairo José da Silva possui graduação em Física pela Unesp, mestrado em Matemática pela USP, curso de doutorado em Matemática pela University of California - Berkeley e doutorado em Filosofia (Lógica e Epistemologia) pela Unicamp. É também livre-docente em Lógica Matemática pela Unesp. Fotos: Ricardo Lima A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PODE SUPERAR A INTELIGÊNCIA HUMANA? POR QUÊ? “Não acho isso possível. A natureza é perfeita nos mínimos detalhes e o homem não conseguiria criar uma máquina que chegue perto dessa perfeição.” “São coisas completamente diferentes. A emoção humana e os sentimentos são únicos e impossíveis de serem copiados.” Isabela Corcioli – Aluna do 2º ano da Faculdade de Nutrição “Penso que isso não será possível. A capacidade da mente humana é ilimitada, enquanto nos computadores sempre terá um ponto final.” Ronan de Almeida – Aluno do 3º ano da Faculdade de Ciências Farmacêuticas “A inteligência artificial depende da criação humana, não vejo como algo criado pelo homem pode se sobrepor a ele.” Érika Barselli – Aluna do 3º ano da Faculdade de Nutrição André Villar – Aluno do 1º ano da Faculdade de Engenharia da Computação “As máquinas nunca terão as emoções que fazem parte do homem. Essas emoções são fundamentais para o impulso criativo humano.” “Atualmente, o processamento e desenvolvimento das máquinas são muito rápidos e, se continuar a evoluir, acredito que a inteligência artificial possa se desenvolver sozinha.” Gabriel Maccori – Aluno do 2º ano da Faculdade de Engenharia da Computação Vinicius Cremonesi – Aluno do 1º ano da Faculdade de Psicologia “A partir do momento em que o homem passar a entender perfeitamente como funciona o seu cérebro, poderá recriar isso na máquina e ela poderá evoluir de forma independente.” Daniel Martins – Aluno do 2º ano da Faculdade de Engenharia de Computação Imagem Fotos: Ricardo Lima NO AR - Uma parceria entre a PUC-Campinas e a Rádio CBN movimentou o Campus I, no último dia 21, quando foi lançado o Projeto Repórter Estudante, no qual alunos da Faculdade de Jornalismo da Universidade terão suas matérias de rádio veiculadas na programação da emissora, uma vez por semana (todas as quartas-feiras), durante a programação do CBN Campinas, às 9h30, e do CBN Total, às 14h. No lançamento, o estúdio móvel da CBN foi montado na Praça de Alimentação, de onde foi transmitida, ao vivo, a programação da emissora, no período da manhã. Além de toda a equipe da CBN, participaram do lançamento do projeto o reitor da PUC-Campinas, padre Wilson Denadai, o pró-reitor de Graduação, professor Germano Rigacci Júnior, o diretor do Centro de Linguagem e Comunicação, Wagner Geribello, e o diretor da Faculdade de Jornalismo, Rogério Bazi, e o Departamento de Comunicação Social da Universidade. “A mente humana tem uma capacidade de abstração tão grande que não vejo isso se tornar realidade. O homem é quem cria a máquina e não teria como criar algo melhor ou superior a ele.” Danielle Miranda Rodrigues – Aluna do 1º ano da Faculdade de Análise de Sistemas A inteligência “A ARTIFICIAL é O ESTUDO DE como fazer Os COMPUTADORES realizarem TAREFAS EM QUE, no momento, as pessoas são MELHORES.” Elaine Rich, doutora em Ciência da Computação e autora de publicações sobre Inteligência Artificial 04 25 de maio a 7 de junho/2009 Jornal da PUC-Campinas Saúde Gripe suína: quais os riscos? Fotos: Ricardo Lima Infectologistas da PUC-Campinas esclarecem dúvidas sobre o vírus A (H1N1), que pode causar a primeira grande pandemia gripal do século 21 JP – A Organização Mundial da Saúde (OMS) levantou a possibilidade de essa gripe dar três voltas ao mundo e, na terceira onda, se tornar muito mais forte e letal. Esse temor é procedente? Rogério de Jesus Pedro – É procedente. Estamos lidando com um patógeno (agente causador de doenças) o qual não sabemos como vai se comportar do ponto de vista epidemiológico. Mas, os tempos são outros, se compararmos com o período em que se deu a gripe espanhola, por exemplo, quando nem se conhecia o vírus causador. Em seis meses, acredito que já tenhamos vacinas para enfrentar esse vírus. Du Paulino [email protected] Desde que surgiram os primeiros casos e, consequentemente, as primeiras mortes causadas pela gripe do vírus Influenza A (H1N1), o mundo ficou com medo de uma pandemia (epidemia de proporção global). Para ajudar esclarecer algumas questões, o Jornal da PUC-Campinas conversou com os infectologistas Irene da Rocha Haber, do Hospital da PUC-Campinas e professora da Faculdade de Medicina da Universidade, e Rogério de Jesus Pedro, também docente da faculdade. Confira abaixo as respostas. JP - Como se caracteriza uma pandemia? Rogério de Jesus Pedro - Uma pandemia se dá quando começam a surgir casos de uma determinada doença em vários continentes havendo intensa transmissão local. Por isso, não é o caso, ainda, de se falar em pandemia em relação ao vírus Influenza A (H1N1). JP - Qual a diferença do vírus Influenza A (H1N1) para os outros tipos de gripe? Irene da Rocha Haber - Existe o influenza, que é o vírus causador da gripe, que se divide em A, B e C. O tipo A é o responsável pelas grandes epidemias, das pandemias, como a gripe espanhola e a gripe asiática. Essa gripe é um subtipo do influenza A. Existia um vírus de gripe suína, que dava só nos porcos, e que foi transferido para o ser humano. A partir daí, a disseminação passou a ser só entre os humanos. JP – Existe um temor de que o vírus H1N1 e o vírus da gripe sazonal se encontrem, por conta do começo do inverno no hemisfério sul. Se isso ocorrer, quais os riscos? Rogério de Jesus Pedro - É preciso separar bem as coisas. Eles não vão se fundir. O que vai Os infectologistas Irene da Rocha Haber e Rogério de Jesus Pedro acontecer são dois surtos paralelos de doenças com sintomas parecidos. Teremos alguma dificuldade de separar uma da outra por conta dos sintomas. Em relação ao H1N1, o que o diferencia da gripe sazonal é o fato de as pessoas que o contraíram terem vindo de lugares onde surgiu o surto ou terem estado em contato com pessoas que vieram de lá. Os sintomas, ao que parece, não são tão graves como se previa. No começo, se falava em 6% de morte e parece que não é realmente isso. JP - Por que quando surgem esses novos tipos de vírus acabam acontecendo mortes de maneira geral? Irene da Rocha Haber – A gripe comum, para a qual a gente vacina, também causa mortes. É que não existem levantamentos, porque elas já foram incorporadas dentro da normalida- O BRASIL ESTÁ PREPARADO PARA UMA PANDEMIA “Não vejo o país preparado para uma pandemia. A alta demanda já existente no sistema público de saúde, somada à falta de esclarecimento da população, sobrecarregaria ainda mais uma situação que já é complicada.” André Jerez – Aluno do 5º ano da Faculdade de Medicina “Acho que não está preparado, pois o sistema de saúde já não atende como deveria a população. Em casos como esse, acho que iria piorar ainda mais a situação.” Sarina Porcari – Aluna do 2º ano da Faculdade de Enfermagem de. Esse novo subtipo não causa mais mortes que a gripe comum. Ele está chamando atenção porque é novo e as mortes acabam impactando. Programa ‘O Assunto é Pandemia’ Na TV PUC-Campinas (canal 10 da NET): >Terça-feira (26/05) – 14h (02/06) – 14h30 > Quarta-feira (27/05) – 19h (03/06) – 19h30 > Sexta-feira (29/05) – 0h (05/06) – 0h30 > Sábado (30/05) – 19h (06/06) – 19h30 Domingo (31/05) – 13h (07/06) – 19h30 > No Youtube (A PARTIR DE 26/05) www.youtube.com. br/tvpuccampinas JP - Quando se fala na gripe suína, a gente logo se lembra da gripe espanhola que matou cerca de 50 milhões de pessoas em menos de dois anos. Corremos o risco de vivenciar uma nova gripe espanhola? Irene da Rocha Haber - A gripe espanhola também foi uma influenza proveniente do suíno, mas não tinha a mesma estrutura que essa. Hoje é uma época em que, embora a gente tenha mais probabilidade de transmitir, a gente tem recursos de tratamento, exames mais modernos para diagnosticar. Não dá pra pensar que vamos ter uma nova gripe espanhola. Claro que não é possível dizer como tudo isso vai caminhar, porque ainda estamos no meio do furacão. JP – Uma epidemia em grandes proporções como essa pode ser prevista pelos órgãos de saúde pública? Irene da Rocha Haber – É possível prever por conta do ciclo do vírus influenza. Ele passa por períodos de calma, em que se tem o controle, depois tem o período em que aumenta seu potencial de infectividade. A isso, se soma o fato de vivermos numa era globalizada em que as pessoas viajam muito e, em questão de horas, levam consigo um vírus para o outro lado do mundo. Essa gripe era esperada por fazer parte da característica do influenza. Todos que lidam com saúde pública estavam nessa expectativa. Historicamente, se percebe que as grandes pandemias causadas pelo influenza acontecem periodicamente. ? “Não está, porque não investe em infraestrutura e na produção de medicamentos. Em casos de pandemia podem faltar remédios e a mutação do vírus dificulta ainda mais o controle.” Edwirges de Lima – Aluna do 3º ano da Faculdade de Ciências Farmacêuticas “Considero o sistema básico de saúde brasileiro eficiente e preparado para uma possível pandemia. Mas, lugares isolados e fora dos centros urbanos devem ter muitas dificuldades.” Virginia Reis – Aluna do 2º ano da Faculdade de Medicina “Temos uma vigilância sanitária bem estruturada e homogênea. Além disso, recentemente, houve um investimento grande na saúde pública do país, mas acredito que é impossível estar preparado para uma pandemia.” Gustavo Magaldi – Médico do Hospital da PUC-Campinas “Sim, a medicina no Brasil é bastante avançada e no caso da gripe suína, por exemplo, o vírus demorou a chegar aqui. Isso possibilitou ao país se preparar bem.” Willian Mendonça – Técnico de Enfermagem do Hospital da PUC-Campinas “Acredito, sim, que está preparado, mas em lugares mais distantes pode haver um grande problema de fazer o diagnóstico correto da doença. É importante ter cuidado especial com as crianças e idosos.” Wilson Zerbinatti – Médico Residente do Hospital da PUC-Campinas Jornal da PUC-Campinas 25 de maio a 7 de junho/2009 05 Mercado de trabalho Entre o PÚBLICO e o PRIVADO Fotos: Ricardo Lima Vários fatores devem ser levados em conta na hora de decidir entre ser funcionário do governo ou de uma empresa privada Ana Paula Moreira [email protected] Raquel Lima [email protected] Dentre as diversas decisões que devem ser tomadas durante a trajetória da vida profissional está a de optar entre trabalhar no setor público ou no privado. Nessa hora, é preciso pesar os prós e contras de cada um e ter bem definidos os planos para a carreira. “Há boas oportunidades de desenvolvimento pessoal nas duas áreas. O serviço público pode oferecer ambiente de maior estabilidade funcional; o setor privado, remuneração mais elevada, em geral”, disse Paulo de Martino Jannuzzi, coordenador acadêmico do curso de especialização em Gestão Pública da PUC-Campinas. Os concursos públicos estão em alta e atraindo, cada vez mais, candidatos de todas as áreas do conhecimento e com nível superior. De acordo com a Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), em 2008 houve 7 milhões de inscritos. A previsão para esse ano é um aumento de 40% nas inscrições. “Há um movimento de forte contratação para recomposição de quadros técni- D cos das secretarias e órgãos públicos, em função da não realização de concursos nos anos passados, aposentadoria de pessoal técnico que ingressou nos anos 70 e as dificuldades de contratação de novos funcionários a partir do segundo semestre de 2010 pelas restrições impostas pelo calendário eleitoral”, explicou Jannuzzi. José Luis Balbeta, diretor de Recursos Humanos da Central de Concursos (escola preparatória), define a carreira pública como um projeto de vida. “Ao escolher a vida pública é preciso pensar na necessidade e na felicidade. Não adianta você ter uma carreira pública, se não existe felicidade, assim como não adianta ser mal remunerado na profis- Setor privado Geraldo Fonseca de Barros, formado em Direito pela PUC-Campinas “Eu nunca quis trabalhar no setor público, porque priorizo a liberdade que a minha profissão me proporciona. No setor público não encontraria uma surpresa a cada dia. A vantagem em trabalhar no setor privado é que não existe um teto salarial, então, com meu esforço, posso tirar um salário melhor do que se eu estivesse no setor público. Se você se dedicar será bem recompensado. Pode ser que em um mês você tire pouco dinheiro, mas o mês seguinte pode ser bem melhor. Conheço gente que está no setor público apenas pela parte financeira. Não são felizes no que fazem, mas, em compensação, têm toda estabilidade. No setor privado não existe estabilidade, mas, existe satisfação profissional.” O professor da Faculdade de Administração e coordenador do curso de pós-graduação em Gestão Empresarial, Celso Pedroso são”, afirmou o diretor. O professor da Faculdade de Administração e coordenador do curso de pós-graduação em Gestão Empresarial da PUC-Campinas, Celso Pedroso, aponta quatro fatores básicos que o profissional deve levar em consideração no momento de definir entre trabalhar para o setor público ou privado. “Se os quatro fatores básicos não estiverem bem desenvolvidos, o profissional não conseguirá optar”, argumentou o professor. O primeiro fator levantado por Pedroso é o autoconhecimento. Nesse ponto, algumas perguntas precisam ser feitas: “Está bem claro para mim o que gosto de fazer?” “Quero um emprego mais estável ou tenho um espírito empreendedor?” “Gostaria de ter negócio próprio?”. Em seguida, vem o fator conhecimento de mercado. “Conheço minimamente as opções de emprego?” “Entendo perfeitamente a diferença em trabalhar no serviço público versus empresas privadas?” O conhecimento da profissão é o terceiro fator citado pelo professor. “Sei quais são as áreas de atuação que minha formação acadêmica/profissional/pessoal permite?” e “Sei avaliar as chances de sucesso?” são alguns dos questionamentos sugeridos pelo docente. O último fator a ser avaliado é a formação profissional e pessoal. “Estou aprendendo continuamente?” “Tenho iniciativa?” “Sou líder?” “Como está minha formação complementar (idiomas, tecnologias, cursos complementares, cultura geral)?” Setor público Lucila Takizawa, formada em Direito pela PUC-Campinas “Sempre trabalhei no setor público e nunca pensei em construir uma carreira no setor privado. Atualmente, sou Analista Judiciário na Justiça Federal e, durante a faculdade, trabalhei na Caixa Econômica Federal. A principal razão por optar pela carreira pública foi a estabilidade profissional. Ela permite ao servidor púbico um melhor planejamento de sua vida pessoal e profissional. A principal desvantagem de se trabalhar no setor público está na estagnação profissional. Além disso, para o funcionário concursado não há Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Outra desvantagem é a falta de realização profissional, se o cargo exercido pelo concursado não tiver relação com sua área de formação”. X DICAS PARA QUEM QUER PRESTAR CONCURSO PÚBLICO > Conheça a área em que quer trabalhar. Converse com funcionários que já trabalham no local para saber como é a rotina, a infraestrutura e se aquele órgão incentiva os funcionários no desenvolvimento profissional; > Estude com antecedência. Use a internet como ferramenta, leia as apostilas, livros e, se possível, frequente um curso preparatório. Com 15 horas semanais de estudo, o candidato está preparado para cerca de 80% a 90% das provas de concurso público; > A média de tempo para um candidato ser aprovado na área pública é de um ano e meio a 3 anos. A pessoa não deve desistir, deve estudar até passar; > Não deixe o emprego para se dedicar, exclusivamente, às provas de concurso. Concilie trabalho, estudo e família. Fonte: José Luis Balbeta, diretor de Recursos Humanos da Central de Concursos 06 25 de maio a 7 de junho/2009 Jornal da PUC-Campinas Entrevista “Ainda estamos aprendendo a lidar com a democracia” Fotos: Ricardo Lima Líder comunitário Itamar Silva, coordenador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), discute a cultura da paz Da Redação [email protected] O O líder comunitário Itamar Silva conhece de perto a vida na favela. Nascido e criado no morro Santa Marta, na zona sul do Rio de Janeiro, ele é um ferrenho defensor da cultura da paz entre os moradores da favela e a população da cidade formal. Crítico de alguns projetos do governo do Estado, como o de construir muros em torno de favelas como forma de conter a sua expansão, proteger as áreas verdes e combater o "crime organizado”, Itamar encontrou uma maneira de defender sua ideologia: atuar como um dos coordenadores do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), que oferece apoio técnico e estrutural à população. Para debater suas ideias, ele participa, no dia 31 de maio, do encontro de formação “Cultura da paz: mediação de conflitos e segurança pública”, organizado pela Pastoral Universitária da PUC-Campinas e entidades parceiras. Nesta entrevista, Itamar responde às perguntas de cinco docentes da Universidade. VÂNIA MARIA CAIO FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL ANDRÉ PIRES FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS PROGRAMA: ‘Campinas – Os Desafios da Metrópole’ TEMA: Fraternidade e Segurança Pública Na TV PUC-Campinas (canal 10 da NET): > Quarta-feira (27/05) – 23h > Quinta-feira (28/05) – 17h > Sexta-feira (29/05) – 23h > Sábado (30/05) – 20h > Domingo (31/05) – 23h > No Youtube www.youtube.com. br/tvpuccampinas Há algumas décadas, a mobilização popular no país tem sido inexpressiva frente às situações de exploração e exclusão social sofridas pela população, em decorrência da ausência do Estado em desenvolver ações efetivas na direção de melhoria das condições de vida da população. Como você analisa a passividade e a submissão da população diante dessa situação? Itamar Silva: Acho até que temos algumas iniciativas, por exemplo, no campo da luta pela moradia digna (áreas urbanas) e o tensionamento pela reforma agrária. Mas concordo que há fragilidade na organização popular para enfrentar novos e velhos acontecimentos. O movimento de favelas do Rio teve um protagonismo importante na década de 80 para reagir à política de remoção e conquistar outro patamar de relacionamento com o poder público. A partir desse momento, passou-se a se falar explicitamente em urbanização de favelas. Essa mesma organização não conseguiu ocupar um lugar de destaque nos anos 90, quando o tema da violência ocupou as primeiras páginas. Acho que ainda estamos aprendendo a lidar com a democracia. A decisão do governo do Rio de Janeiro de construir muros em favelas reaqueceu a discussão sobre a relação entre as favelas e a sociedade do asfalto. É possível ter paz erguendo-se muros nas favelas? Itamar Silva - Essa decisão do governo do Estado vai na contra-mão de qualquer processo de construção de paz. Essa política reafirma e sublinha as desigualdades e o aparteamento na cidade. O muro demarca dois lados e estabelece trincheiras. A contradição fica explícita. A cidade que quer sediar os Jogos Olímpicos e para isso constrói uma imagem de solidariedade e congraçamento entre seus habitantes é a mesma que tem medo da pobreza e opta por elevar muros entre um e outro. JOÃO VERDE FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO LUÍS ARLINDO FERIANI FILHO FACULDADE DE DIREITO Um problema nas favelas do Rio de Janeiro é a mobilidade das pessoas e as dificuldades de transporte e acesso, principalmente às áreas mais altas dos morros. Qual a sua opinião sobre as obras preconizadas nesse sentido pelo PAC e sobre a instalação dos teleféricos nas favelas? Itamar Silva: O Rio se caracteriza por ter uma boa parte de suas favelas em morros. Durante décadas essa população subiu e desceu escadas, quase nunca bem construídas, pagando um tributo pelo fato de ter encontrado nesses locais sua alternativa de moradia. A solução de teleféricos e planos inclinados já é utilizada em outras cidades da América Latina. No Rio, tivemos uma experiência, no início dos anos 80, quando da intervenção urbanística do Estado nas favelas do Pavão-pavãozinho e Cantagalo. Essa política não teve continuidade. No entanto, as obras do PAC retomam essa possibilidade, no que eu considero importante e necessária para levar melhor qualidade de vida para os moradores daquelas favelas. Serviço Encontro de formação “Cultura da Paz: Mediação de Conflitos e Segurança Pública” Dia: 31 de maio Horário: das 8h30 às 17h Local: Auditório Monsenhor Salim, no Campus II Objetivo: Discutir problemas ligados aos diversos tipos de violência enfrentados pelos agentes de pastoral na região do Campo Belo, periferia de Campinas Como participar: O evento é gratuito e direcionado a agentes de pastoral da região do Campo Grande, da Arquidiocese de Campinas e público interessado. As vagas são limitadas e serão preenchidas por ordem de chegada Informações: [email protected] Em uma sociedade já acostumada com as desigualdades e conflitos sociais, como despertar o interesse e a consciência do cidadão da importância e benefícios da cultura da paz e dos meios extrajudiciais de solução dos conflitos? Itamar Silva: Acho que o Estado tem o papel indutivo de ampliar espaços de diálogo na sociedade. Pouco adianta a sociedade civil falar em cultura de paz e, no seu limite, criar iniciativa, se a política de segurança pública implementada pelo Estado segue estimulando o confronto e provocando mortes nas favelas. MARIA DE FÁTIMA FRANCO DOS SANTOS FACULDADE DE PSICOLOGIA Qual a importância que o senhor atribui à educação familiar na gênese da violência e criminalidade? Itamar Silva - Acho que as famílias pobres já carregam um peso exagerado quando se analisam os descaminhos de seus filhos. Acredito que a violência e a criminalidade são consequências sociais de múltiplas e diversificadas origens. Teríamos que analisar cada caso e, neles, os variados aspectos. Mas acho que uma boa referência na convivência familiar é importante e contribui para o enfrentamento e superação de algumas dificuldades. Jornal da PUC-Campinas MURAL EDITOR 25 de maio a 7 de junho/2009 07 Ricardo Lima CONVIDADO O Jornal da PUC-Campinas convidou a professora da Faculdade de Nutrição Semíramis Martins Álvares Domene para apresentar, aqui, algumas dicas culturais que ela considera imperdíveis. Ela lista filmes para aguçar o paladar e um lugar em Campinas para comer bem e curtir a música popular brasileira. Filmes para alimentar a alma Circo Nacional da China se apresenta em Campinas O Circo Nacional da China se apresenta em Campinas, entre os dias 28 e 31 de maio, no ginásio do Colégio Liceu Salesiano. O espetáculo “Piratas” envolve os mistérios, encantamentos do mundo e as aventuras dos piratas em alto mar. Unindo técnicas circenses, acrobacias, efeitos visuais e sonoridade, os jovens atores, com idades entre 13 e 20 anos, presenteiam o público com a tradição de mais de 50 anos da trupe. Nos dias 28 e 29, as apresentações ocorrem às 20h, e nos dias 30 e 31, às 16h e 20h. O ingresso custa entre R$ 80 e R$ 120. O Colégio Liceu Salesiano fica na Rua Baronesa Geraldo de Rezende, 330, no bairro Guanabara. Divulgação Envie suas dicas e seus contatos para: ção Fotos: Reprodu [email protected] ta como a arte e a habilidade na confeitaria pode ser mostrada em uma comédia leve e “desopilante”. Vianne desafia os padrões de uma vila francesa dos anos 60, e irrita a “autoridade” local com seu atrevido talento de encantar pelo sabor. Para rir com dois irmãos italianos (um é primo, feito por Tony Shalhoub) que abrem uma cantina na “América”, Campbell Scott (Bob) e Stanley Tucci (que atua como Secondo, o outro irmão) fizeram A grande noite, em que os sócios prometem arrasar com um cardápio especial. O filme ainda tem Isabella Rosselini e Ian Holm. A lista é imensa, mas termino com mais duas sugestões; a primeira, Simplesmente Martha, da alemã Sandra Nettelbeck, que trata da confusão instalada na vida dessa chef perfeccionista (Martina Gedeck) quando recebe sua sobrinha órfã Lina, que, para desafiar as convicções da tia, resiste a comer; e a leve animação Ratatouille, sobre o exímio chef Remy, um simpático ratinho que encontra em um aliado humano a chance de exercer, anonimamente, seu talento culinário em um restaurante de Paris. Depois de assistir a uma dessas sugestões, pense duas vezes em ir (de novo) ao mesmo restaurante e pedir (de novo) o mesmo prato. Para ensaiar uma ótima pedida, tente as especialidades culinárias da Casa São Jorge, regadas à boa MPB. Se essas experiências forem inspiradoras, quem sabe até convide um amigo para ser piloto de prova de uma receita preparada por você. Afinal, amigo é para essas coisas...” QUER PARTICIPAR ? “Quando pensa em assistir a um bom filme, você prefere um gênero em especial ou gosta de experimentar? E quando sai para comer, vai aos mesmos restaurantes ou está sempre buscando uma novidade? Para quem gosta de cultuar estes dois prazeres – cinema e comida – , recomendo uma seleção de filmes que propõem ao espectador uma viagem em torno do tema alimentação e as mais diversas emoções que ela pode provocar. Começo pelo inevitável Festa de Babete, um filme dinamarquês dos anos 80. Duas irmãs que vivem uma rotina austera em um vilarejo são presenteadas com um jantar magnífico, preparado por sua empregada Babete, que gasta nesse projeto cada centavo do que ganhou em uma loteria. Repare nas cores ao longo do tempo. A história do chef François Vatel, criador de uma espumante sobremesa com aroma de baunilha para que seu patrão, morador do Castelo de Chantilly (quem arrisca o nome do creme?), recebesse o rei Luis XIV para jantar – foi protagonizada por Gerard Depardieu em Vatel, de Roland Joffé–, que tem Uma Thurman no elenco e uma cenografia deslumbrante. Para se comover, brindar a vida e compreender um pouco melhor as relações humanas entre turcos e gregos, O Tempero da Vida mostra mais uma entre as inúmeras formas em que o amor de um avô pode se manifestar para orientar a vida do neto. Para os amantes da chocolateria, Chocolate, de Lasse Hallström, com Johnny Depp e Juliette Binoche como a doceira Vianne, con- Obra de Shakespeare é encenada em Paulínia O Theatro Municipal de Paulínia apresenta, nos dias 29, 30 e 31 de maio, a peça “A Comédia dos Erros”, de Willian Shakespeare, com direção de Carlos Milani. O espetáculo busca revisitar a obra de Shakespeare, considerado o maior dramaturgo da língua inglesa, com uma montagem delicada e divertida contendo todos os ingredientes que compõem uma boa comédia. A peça, que é considerada pelos pesquisadores como o primeiro texto de Shakespeare a estrear nos palcos, traz no elenco desta versão brasileira nomes como Monique Alfradique, Bruno Garcia, Marcelo Laham e Eduardo Muniz. Informações: www.compreingressos.com ou (19) 4062 - 0121 25 de maio a 7 de junho/2009 08 Jornal da PUC-Campinas Debate RMC sob o olhar da UNIVERSIDADE Debates promovidos pelo CEA apontarão propostas para seis temáticas na Região Metropolitana de Campinas 29 de maio Ana Paula Moreira [email protected] Raquel Lima [email protected] Debater os principais problemas da Região Metropolitana de Campinas (RMC) e buscar caminhos para o desenvolvimento. Essa é a proposta do Ciclo de Debates: “Os Desafios da Metrópole: Políticas Públicas para a RMC”. O evento foi lançado no dia 22 de maio e organizado pelo Núcleo de Pesquisa e Extensão (Nupex) do Centro de Economia e Administração (CEA). Os debates serão realizados de maio até novembro. Cada debate será formado por um grupo de professores da PUC-Campinas e representantes de entidades públicas e privadas. “Pensar nas soluções para os problemas das cidades é pensar no coletivo. E tudo isso afeta diretamente nossas vidas, quer seja como cidadãos ou como alunos da Universidade, pois seremos nós os principais responsáveis pela construção das soluções”, disse o diretor do CEA, Eduard Prancic. Confira as temáticas. D TEMA> Geração de Trabalho e Renda Fotos: Ricardo Lima Discutir os novos desafios que a crise tem trazido ao cenário atual do mercado de trabalho na RMC. Esse é o tema do painel “Geração de trabalho e renda”. O debate terá a presença do Secretário de Trabalho e Renda da Prefeitura Municipal de Campinas, Sebastião Arcanjo, do diretor do Banco Popular da Mulher, Paulo Paixão, e do representante do Centro de Referência de Cooperativismo e Associativismo de Campinas, José Ronaldo Salles Fernandes. Segundo a professora da Faculdade de Ciências Econômicas Eliane Navarro Rosandiski, a escolha do tema se deve pelo fato de a RMC sofrer, atualmente, uma retração do emprego formal e perdas salariais. “Tal fato coloca um desafio enorme para o poder público, dados os custos necessários à manutenção de políticas compensatórias para os desempregados”, explicou a professora. De acordo com ela, o ciclo de debates é importante para diagnosticar os problemas da RMC e como o CEA pode contribuir para políticas públicas. “Os estudantes, em especial os que tiverem interesse na gestão pública e em instituições afins, ampliarão muito sua compreensão sobre os problemas e os caminhos para construção das soluções conjuntas”, afirmou. 30 de setembro TEMA> Habitação e Cidadania De acordo com a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e coordenadora da mesa, Maria Amélia Devitte Ferreira D'Azevedo Leite, essa temática tem como objetivo discutir o plano de habitação da RMC encomendado pela Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S/A (Emplasa); os investimentos públicos e privados em habitação na região, com ênfase na habitação de interesse social; interfaces sócioambientais da habitação de interesse social. 29 de outubro TEMA> Comércio Exterior 22 de junho TEMA> Questão Ambiental Traçar um panorama dos resíduos sólidos urbanos nas bacias dos rios Piracicaba, Jundiaí e Capivari. Essa é a proposta do painel “A questão ambiental dos resíduos sólidos urbanos”. De acordo com o professor responsável pela mesa, Ernesto Dimas Paulella, a temática foi escolhida em razão do aumento populacional da RMC e dos problemas de destinação dos resíduos sólidos urbanos. “Inevitavelmente, os resíduos impactam o meio ambiente e representam um custo de 5% do orçamento de qualquer município, onerando sobremaneira as finanças públicas”, explicou o professor. Entre os debatedores estão o ex-secretário do Estado do Meio Ambiente e membro do Greenpeace Fábio Feldmann; o prefeito de Hortolândia e presidente do consórcio das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, Ângelo Perugine, o engenheiro da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) Fernando Carbonari, e o diretor da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública (ABRELP), Maurício Sturlini Bisordi. COMO PARTICIPAR 25 de agosto TEMA> Transporte Urbano O crescimento urbano das cidades da RMC trouxe um aumento no transporte de pessoas e cargas. Com isso, é necessário pensar em perspectivas de criação de corredores metropolitanos. O painel “Transporte Urbano” pretende discutir a mobilidade dentro das cidades da RMC. De acordo com o professor da Faculdade de Ciências Econômicas Dimas Alcides Gonçalves, o transporte urbano precisa ser pensado com uma perspectiva metropolitana. “Cerca de 750 mil pessoas transitam, diariamente, entre os municípios. Elas vão trabalhar em outras cidades, frequentam o comércio, entre outras atividades. É preciso debater a mobilidade do cidadão”, explicou o professor. Entre os palestrantes do evento está o secretário de Transportes de Campinas, Gerson Bittencourt, e um representante da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU). Essa temática pretende discutir o tipo de inserção que a RMC possui no mercado internacional, quantificando e qualificando essa participação no comércio mundial. “O comércio externo é um elemento importante para o desenvolvimento de uma região. Cabe debatê-lo, diagnosticando problemas e elaborando propostas de ações concretas para aprimorá-lo no sentido exposto”, disse o professor da Faculdade de Ciências Econômicas Adauto Roberto Ribeiro. “Com os conhecimentos acumulados na Universidade, podemos discutir com o poder público local/regional e com as empresas, como melhorar a participação dos produtos gerados na região no mercado mundial, no sentido de buscarmos uma inserção mais rica, com maior valor agregado nos produtos e, com isso, com uma maior valorização do trabalho local”, completou Ribeiro. 27 de novembro TEMA> : Gestão Pública Discutir os problemas relacionados à implementação e avaliação dos problemas sociais da RMC. Essa é a proposta do tema “Gestão Pública”. De acordo com o professor da Faculdade de Ciências Econômicas Paulo Jannuzzi, a principal problemática do tema está na qualificação profissional da população que recebe ajuda de programas assistenciais. Para debater o assunto, serão convidados representantes da área de assistência social de Campinas e representantes da área do trabalho. Os debates ocorrerão na sala 800 do Prédio H01, Campus I da PUC-Campinas, sempre às 8h30. O evento é aberto ao público. Os interessados devem se inscrever, gratuitamente, pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (19) 3343-6776.